Você está na página 1de 19

Índice

1.Introdução.......................................................................................................................2

1.1.Objectivos................................................................................................................2

1.1.2.Objectivos Específicos......................................................................................2

2.Conceito de Estado.........................................................................................................3

2.1. Origem do Estado...................................................................................................3

2.2. Formação do Estado................................................................................................3

2.3.Formação de Estado Moçambicano.........................................................................4

2.4. O Sistema eleitoral em Moçambique......................................................................4

2.4.1.O papel Genérico das Eleições..........................................................................5

2.4.2.O Papel das Eleições no Caso Moçambicano...................................................6

2.4.3.O Dilema do Sistema Eleitoral em Moçambique..............................................8

2.4.4.Alicerces do Sistema Eleitoral em Moçambique..............................................8

2.4.5.Eleição da Assembleia da República................................................................8

2.5. Sistemas de Governo............................................................................................11

2.5.1.Principais sistemas de governo.......................................................................11

2.6.Tipos de Estado......................................................................................................14

3.Conclusão.....................................................................................................................19

4.Referências Bibliográficas............................................................................................20
1. Introdução
O presente trabalho tem como objetivo central analisar o surgimento e a
formação do Estado Moçambicano, país de língua oficial portuguesa (PALOP),
localizado no sudeste da África. Por muito tempo, este imenso território que
comumente ousamos chamar de Moçambique, foi alvo de duras atrocidades,
protagonizadas pelo sistema colonial português, no qual esteve mergulhado, num
passado não muito distante. Queremos de uma forma minuciosa e abrangente saber
como e em que momento se deu o despertar da consciência do sentimento de
pertencer a um determinado território, neste caso Moçambique, que é o foco e objeto de
estudo deste trabalho.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Analisar o surgimento e a formação do Estado Moçambicano

1.1.2. Objectivos Específicos


 Explicar a teoria de Estado nacional;
 Analisar o sistema do governo nacional
 Conhecer a tipologia do Estado nacional
 Compreender o sistema eleitoral nacional

1
2. Conceito de Estado
É a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público/comum,
com governo próprio e território determinado.

2.1. Origem do Estado


Sob o aspecto da época do surgimento do Estado existem três posições fundamentais:

O Estado, assim como a própria sociedade, sempre existiu visto que o homem desde que
vive na terra está integrado numa organização social, dotada de poder e com autoridade
para determinar o comportamento social de todo o grupo;

Outros autores defendem que a sociedade existiu sem o Estado durante um certo
período e depois, por diversos motivos, foi se constituindo o Estado para atender às
necessidades dos grupos sociais;

Alguns autores somente admitem como Estado a sociedade política dotada de certas
características bem definidas, o que só ocorreu a partir do século XVII.

2.2. Formação do Estado

Existem duas teorias sobre a formação originária do Estado: a formação natural, que
afirma que o Estado se formou naturalmente e não por ato voluntário; a formação
contratual, afirmando que um acordo de vontades de alguns homens ou de todos que
levou à criação do Estado.

Quanto às causas determinantes do aparecimento do Estado existem as seguintes


teorias:

a) Origem familial ou patriarcal; cada família primitiva se ampliou e deu origem a


um Estado;

b) Origem em atos de força, de violência ou conquista; a superioridade de força de


um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado
dessa conjunção de dominantes e dominados;

c) Origem em causas econômicas ou patrimoniais; o acúmulo de riquezas


individuais deteriorou a convivência harmônica, surgindo assim a necessidade do
reconhecimento de novas formas de aquisição da propriedade, que se desenvolviam
umas sobre as outras, num acúmulo acelerado de riquezas que dividia a sociedade

2
em classes, sendo a classe possuidora exploradora da não-possuidora, dominandoa,
nascendo a instituição Estado;

d) Origem no desenvolvimento interno da sociedade; é o próprio desenvolvimento


espontâneo da sociedade que deu origem ao Estado.

2.3. Formação de Estado Moçambicano

Tal como os demais processos nacionalistas, o nacionalismo moçambicano se


caracterizou pela articulação do mito e pragmatismo. Em relação ao mito, destaca-se a
tese do Dr Eduardo Mondlane segundo a qual a “experiência colonial comum” , em
Moçambique, constitue a base histórica sobre a qual se deveria reconhecer a
legitimidade política do movimento nacionalista no país, representado pela Frelimo,
como também da luta de libertação nacional e da formação do estado independente. Na
essência, o mito deriva da concepção política adoptada pela FRELIMO segundo a qual,
com a sua fundação em 25 de Junho de 1962, na Tanzânia, ela se constituíra na única
autoridade política, cuja legitimidade na luta pela independência moçambicana e
formação do estado-nação, era justificada por ela ser a consagração contemporânea da
luta secular da qual se tornara herdeira:

A resistência histórica do nosso Povo à dominação estrangeira inicia-se com as


primeiras tentativas colonialistas de conquista e dominação dos Estados soberanos que
existiam na nossa Pátria. É na tradição da resistência multissecular que se enraiza o
espírito patriótico do nosso Povo, a linha patriótica da FRELIMO. Evocarmos, pois esta
dimensão é relembrar uma herança fundamental de que a FRELIMO se tornou a única e
legítima herdeira e continuadora.

2.4. O Sistema eleitoral em Moçambique


A eleição é “um dispositivo para preencher um cargo ou posto através de escolhas feitas
por um corpo designado de pessoas: o eleitorado” (Heywood 2002, 422). “No fundo, as
eleições são o mecanismo através do qual o povo soberano legitima o exercício do
poder legislativo, e – directa – ou indirectamente – do poder executivo para um tempo
determinado” (Universidade Católica de Angola, Faculdade de Direito 2002). Portanto,
pode se perceber nestas duas definições que as eleições constituem mecanismos de
delegação do poder, delegação essa, que é o acto pelo qual “uma pessoa dá poder, como
se diz, a outra pessoa, a transferência de poder pela qual um mandante autoriza um

3
mandatário a assinar em seu lugar, a agir em seu lugar, a falar em seu lugar, pela qual
lhe dá uma procuração […]” (Bourdieu 1987, 185).

Na concepção de Bourdieu, pode se perceber que o mandatário, o delegado ou o eleito

age em representação do mandante, do delegante ou do eleitor respectivamente, o que

significa que na impossibilidade de todo o povo governar, surge a alternativa de se

eleger representantes do povo, a chamada democracia representativa. Esta, numa

concepção marxista serviria apenas para camuflar a tomada do poder por certas classes

sociais, concretamente a classe burguesa, ou seja, as eleições são o mecanismo através

do qual se permite aos oprimidos manter ou alterar os opressores. É esta última

concepção das eleições que mais se adequa para compreender o papel das eleições em

Moçambique.

2.4.1. O papel Genérico das Eleições


Seguindo a linha de pensamento de Manin, Przeworski, e Stokes (2006), no ponto de

vista do mandato, as eleições servem para seleccionar boas políticas ou políticos que

sustentam determinadas políticas, portanto, os partidos ou os candidatos fazem

propostas políticas durante a campanha e explicam como essas propostas poderiam

afectar o bem-estar dos cidadãos, os quais escolhem as propostas que gostariam de vê-

las implementadas, bem como das pessoas que se encarregarão de as emplementá-las. É

esta lógica que leva o campo político a ser descrito como sendo

“o lugar em que se geram, na concorrência entre os agentes que nele se acham

envolvidos, produtos políticos, problemas, programas, análises, comentários, conceitos,

acontecimentos, entre os quais os cidadãos comuns, reduzidos ao estatuto de

«consumidores», devem escolher, com probabilidades de mal-entendido tanto maiores

quanto mais afastados estão do lugar de produção” (Bourdier 1989, 164).   

4
No ponto de vista de prestação de contas, as eleições servem para “manter o governo

responsável pelos resultados de suas acções passadas” (Manin, Przeworski, e Stokes

2006, 106), neta linha de pensamento, as eleições servem para sancionar (não votar no

mesmo candidato ou partido) os governantes que não satisfizeram os seus eleitores

durante o seu mandato, ou premiar (votando de novo no mesmo governo) os

governantes que tiveram bom desempenho durante o seu mandato. Seguindo esta linha

de pensamento os incumbents, bem como os eleitores são racionais. Portanto, uma vez

que os eleitores são racionais “ cada um deles concebe as eleições estritamente como

meios de selecção de governo que mais o beneficiará” (Downs 1957, 138).   

2.4.2. O Papel das Eleições no Caso Moçambicano


O primeiro postulado segundo o qual as eleições servem para seleccionar boas

políticas ou políticos que sustentam determinadas políticas, é problemático em

Moçambique, primeiro porque neste, está subjacente a ideia de que os eleitores recebem

os manifestos eleitorais dos diversos candidatos ou partidos políticos, analisam-nos e

finalmente escolhem o candidato ou partido político que apresenta o melhor manifesto,

este que posteriormente seria transformado num programa de governação.

Este postulado é problemático primeiro, porque no sentido radical, os partidos

moçambicanos não são programáticos, segundo, porque a maioria dos moçambicanos

não se interessa em analisar os programas políticos. No caso específico da campanha

para as eleições de 2014, nos distritos de Chibuto, Macia, Chókwè e Xai-Xai em Gaza,

as comitivas da Renamo foram fortemente dificultadas de fazer a sua campanha, o que

significa que a população local está tão formatada que nem tão pouco quer saber de um

outro partido, muito mais do seu programa de governação. 

Votar na base do programa significa que os eleitores votam no candidato ou partido que

apresenta um programa que melhor satisfaz os seus interesses. Ora, “qual poderia ser o

5
interesse próprio de muitos moçambicanos, tendo em consideração o fosso abismal

entre a sua vida diária e a formulação de políticas e tomada de decisões?” (Marc de

Tollenaere 2002, 235). Os autores Brennan e Lomasky propuseram uma explicação

alternativa, defendendo que o eleitor não possui nenhum instrumento de controlo dos

resultados eleitorais, o que significa que as suas preferências estão totalmente desligadas

dos resultados eleitorais. Portanto,  eles advogam que a votação é nada mais e nada

menos do que uma “expressão de um desejo sem nenhuma implicação necessária para o

resultado desejado” (Brennan e Lomasky 1993, 33).

No ponto de vista de prestação de contas, as eleições servem para “manter o governo

responsável pelos resultados de suas acções passadas, isto significa que os eleitores

fazem um voto retrospectivo. Portanto, este postulado não se encaixa no contexto

moçambicano onde até hoje (42 anos de independência), ainda existem crianças a

estudar em baixo das árvores e sem carteiras embora Moçambique seja exportador da

madeira, carência ou falta de transporte, sobretudo terrestre, morosidade na tramitação

de certos procedimentos administrativos, fraca cobertura da rede de abastecimento da

água potável e da corrente electiva, casos de corrupção que envolve funcionários

públicos em fim uma série de problemas que inclui o mau provimento de bens e

serviços básicos à população.

Este postulado é problemático dado que embora existam esses problemas, verifica-se

que o mesmo partido que governou o país no período pós-independência é o mesmo que

governa desde a introdução do multipartidarismo. Ou seja, é o mesmo partido (Frelimo)

que ganhou as eleições de 1994; 1999; 2004; 2009 e 2014 independentemente do

seu performance governativo. Este fenómeno não só é observável em Moçambique,

mas também noutros países africanos como constatado por Wall (2003), ao avançar que

um padrão marcante das transições africanas tem sido a ausência de alternância,

6
portanto, o ex partido único que conseguiu sobreviver à mudança para a política

multipartidária com seu poder intacto, foi capaz de usar todos os seus recursos para

marginalizar a oposição e reconsolidar o poder na segunda e terceira eleições

multipartidárias.

2.4.3. O Dilema do Sistema Eleitoral em Moçambique            


Este capítulo avança em primeira instância com os alicerces do sistema eleitoral

moçambicano que procura descrever as origens do mesmo, em segundo plano descreve

os procedimentos da eleição da Assembleia da República bem como do Presidente da

República finalmente apresenta os dilemas deste sistema eleitoral.

2.4.4. Alicerces do Sistema Eleitoral em Moçambique


O sistema eleitoral moçambicano, tem como sustentáculo  o Acordo Geral de Paz de

1992 . Este, sobretudo o protocolo III, traça os princípios que norteiam o processo

eleitoral. O protocolo advogava que a lei eleitoral estabelecerá um sistema eleitoral que

consagra os princípios de voto directo, igual, secreto e pessoal; as eleições da

Assembleia da República e do Presidente da República serão realizados

concomitantemente, onde as primeiras eleições teriam lugar em 1993. Segundo Brito et

al. (2010, 23), “as comissões mistas previstas naquele texto foram formadas

tardiamente, trabalharam com dificuldades, e as eleições previstas para o ano seguinte

(1993) só viriam a acontecer um ano depois, em Outubro de 1994”.

O direito a voto ficou reservado aos cidadãos moçambicanos maiores de 18 anos

excepto os incapacitados mentalmente ou dementes, bem como os detidos e condenados

à prisão por crimes dolosos. Este direito ficou condicionado à inscrição nas listas

eleitorais.

7
2.4.5. Eleição da Assembleia da República
No que concerne à eleição da Assembleia da República, o protocolo III do AGP, assiste

que as províncias do país constituirão os círculos eleitorais, cabendo à Comissão

Nacional de Eleições decidir o número de assentos de cada círculo com base na

densidade populacional de cada província; para a eleição da Assembleia, a lei eleitoral

estabeleceu um sistema eleitoral proporcional; são elegíveis a Assembleia os cidadãos

maiores de 18 anos. As partes acordaram que seria estabelecida uma percentagem (não

inferior a 5% ou superior a 20%) mínima dos votos expressos à escala nacional sem a

qual os partidos concorrentes não poderiam ter assentos na Assembleia. Brito sustenta

que “a proposta de estabelecer a barreira ao nível de 20% foi da Renamo, em total

contradição com o espírito do sistema de representação proporcional, ele próprio

adoptado em Roma sob proposta da Renamo” (Brito et al. 2010, 23), foi acordado

também que os representantes dos partidos em cada círculo eleitoral serão eleitos em

conformidade com a ordem da sua apresentação nas listas.    

2.4.6. Eleição do Presidente da República 

Segundo o protocolo III do AGP, o presidente da República é eleito por maioria

absoluta dos votos expressos, se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta,

proceder-se-á a um segundo escrutínio entre os dois candidatos mais votados no prazo

entre uma a duas semanas após a divulgação dos resultados; serão elegíveis a Presidente

da República os cidadão eleitores, maiores de 35 anos. As candidaturas para Presidente

da República devem ser apoiadas por um mínimo de 10000 assinaturas de cidadãos

moçambicanos maiores de 18 anos com capacidade eleitoral activa. De salientar que a

Constituição de  1990 previa um apoio de 5000 eleitores.   

Segundo Nuvunga, durante as negociações de Roma, a RENAMO, rejeitou a proposta

da FRELIMO dum sistema eleitoral maioritário para a eleição da Assembleia em favor

8
do sistema proporcional “aparentemente porque a estratégia do movimento rebelde nas

negociações de Roma era de rejeitar tudo o que fosse proposto pelo governo da

Frelimo” Nuvunga (2007, 59). Um dos defeitos deste tipo de sistema é a questão de não

garantir a prestação de contas dos deputados aos cidadãos dado que a eleição dos

deputados não é feita nominalmente, mas, através de listas partidárias fechadas. É nesta

linha de ideia que Brito citou um cidadão de Ancuabe, Cabo Delgado “Até hoje, não

conhecemos esses que elegemos!”  (Brito et al 2010).

Nas três primeiras eleições gerais (1992; 1999 e 2004) prevaleceu a barreira dos 5%

para a eleição de deputados na Assembleia da República que para Nuvunga (2007:59),

“a utilização deste tipo de barreira tem como objectivo evitar a entrada no parlamento

de partidos com pequena representatividade e facilitar a formação de maiorias

parlamentares”. Uma das grandes críticas ancora no método de d’Hond que é usado para

a conversão de votos em assentos e que por si só é excludente. Brito

(2005) apud (Nuvunga 2007, 60) mostrou que usando o método do “Quociente

Tradicional e Maiores Restos” haveria mais dispersão do poder na Assembleia da

República o que significa que alguns assentos passariam para alguns partidos

“pequenos”.

Segundo Nuvunga et al (2008, 40), uma das lacunas no sistema eleitoral moçambicano

no apuramento eleitoral, tem a ver com o facto de a lei eleitoral não prever a

recontagem de votos em caso de perda e/ou dúvidas sobre a originalidade dos editais;

A lei eleitoral moçambicana não assenta numa base estratégica, ficando vulnerável à

alterações circunstanciais na base de interesses dos dois “grandes partidos” e nas

constatações de cada eleição. Outro aspecto não menos importante relaciona-se com a

composição da Comissão Nacional de Eleições que tende cada vez mais a partidarizar-

se comprometendo a profissionalização da mesma. Uma outro dilema relaciona-se com


9
os círculos eleitorais que são muito grandes as vezes com uma densidade populacional

muito baixa. Exemplo de Niassa.

2.5. Sistemas de Governo

Em ciência política, o sistema de governo é o modo pelo qual os poderes se relacionam,

especialmente o executivo e o legislativo. O sistema de governo varia de acordo com o

grau de separação dos poderes, indo desde a separação estrita entre os

poderes legislativo e executivo (presidencialismo), de que é exemplo o sistema de

governo dos Estados Unidos, onde o chefe de governo também é chefe de Estado; até a

dependência completa do governo junto ao legislativo (parlamentarismo), onde o chefe

de governo e o chefe de Estado não se confundem, caso do sistema de governo do Reino

Unido. O sistema de governo adotado por um Estado não deve ser confundido com a

sua forma de Estado (Estado unitário ou federal) ou com a sua forma de

governo (monarquia, república etc.).

2.5.1. Principais sistemas de governo


Os sistemas de governo mais adotados no mundo são:

 Parlamentarismo

 Presidencialismo

 Semipresidencialismo

2.5.1.1. Parlamentarismo
 Sistema parlamentarista, sistema parlamentar ou simplesmente parlamentarismo é

um sistema de governo democrático, em que o poder executivo baseia a

sua legitimidade democrática a partir do poder legislativo (representado pelo parlamento

nacional); os poderes executivo e legislativo são, portanto, interligados neste sistema de

governo. Em um sistema parlamentarista, o chefe de Estado é normalmente uma pessoa

diferente do chefe de governo, em contraste ao sistema presidencial, onde o chefe de

10
Estado muitas vezes é também o chefe de governo e o poder executivo não deriva a sua

legitimidade democrática da legislatura.

Os países com sistemas parlamentares podem ser monarquias constitucionais, onde

um monarca é o chefe de Estado, enquanto o chefe de governo (primeiro-ministro) é

quase sempre um membro do parlamento (como no Reino Unido, Suécia e Japão), ou

uma república constitucional, onde normalmente o presidente da república, é o chefe de

Estado, enquanto o chefe de governo (primeiro-ministro) é regularmente membro do

parlamento (como na Irlanda, Alemanha, Índia e Itália). Em algumas repúblicas

constitucionais parlamentaristas, como Botsuana, África do Sul e Suriname, bem como

em estados alemães, o chefe de governo também é o chefe de Estado, mas é eleito pelo

parlamento e é responsável perante o poder legislativo.

2.5.1.2. Presidencialismo
Presidencialismo é um sistema de governo em que um chefe de governo também é o

chefe de Estado e lidera o poder executivo, que é separado do poder legislativo e do

poder judiciário. O executivo é eleito e muitas vezes intitulado "presidente" e não é

responsável pelo legislativo e não pode, em circunstâncias normais, dissolver o

parlamento. O legislador pode ter o direito, em casos extremos, de demitir o executivo,

muitas vezes através de um processo de impeachment. No entanto, essas demissões são

vistas como tão raras que não contradizem os princípios centrais deste tipo de sistema

político, que, em circunstâncias normais, significa que o legislador não pode demitir o

executivo.

Os sistemas presidencialistas são vários e diversos, mas seguem algumas características.

O executivo pode vetar atos legislativos e, por sua vez, uma maioria de legisladores

podem derrubar o veto, o que é derivado da tradição britânica de aprovação real, em que

uma lei do Parlamento só pode ser aprovada com o consentimento do monarca. O

11
presidente tem um mandato fixo e as eleições são realizadas em períodos regulares e

não podem ser desencadeadas por um voto de confiança ou por outros procedimentos

parlamentares. Embora em alguns países haja uma exceção, que prevê a remoção de um

presidente que comprovadamente quebrou a lei.

O poder executivo é unipessoal, ou seja, os membros do gabinete são nomeados a

critério do presidente e devem realizar as políticas do executivo e do legislativo. Os

ministros ou chefes de departamentos executivos não são membros do legislativo. No

entanto, os sistemas presidencialistas muitas vezes precisam da aprovação legislativa de

indicações do executivo para o gabinete, para o judiciário e para vários postos

governamentais inferiores. Um presidente geralmente pode direcionar membros do

gabinete, militares, ou qualquer funcionário ou empregado do executivo, mas não pode

dirigir ou destituir juízes. O presidente pode, muitas vezes perdoar ou comutar penas de

criminosos condenados.

O cargo de presidente não exclusivo de sistemas presidencialistas. Por exemplo, um

ditador, que pode ou não ter sido popularmente ou legitimamente eleito, pode ser e

muitas vezes chamado de presidente. Da mesma forma, os líderes de Estados

unipartidários são frequentemente chamados de presidentes. A maioria das repúblicas

parlamentares também têm presidentes, mas esta posição é em grande parte cerimonial;

exemplos notáveis incluem Alemanha, Índia, Irlanda, Israel e Itália. O título também é

usado em repúblicas parlamentaristas com uma presidência executiva e também em

sistemas semipresidenciais.

2.5.1.3. Semipresidencialismo
Semi presidencialismo é um sistema de governo em que o presidente partilha o poder

executivo com um primeiro-ministro e um gabinete, sendo os dois últimos responsáveis

perante a legislatura de um Estado. Ele difere de uma república parlamentar na medida

12
em que tem um chefe de Estado eleito diretamente pela população e que é mais do que

uma figura puramente cerimonial como no parlamentarismo. O sistema também difere

do presidencialismo no gabinete, que embora seja nomeado pelo presidente, é

responsável perante o legislador, o que pode obrigar o gabinete a demitir-se através de

uma moção de censura.

Enquanto a República de Weimar alemã (1919-1933) exemplificou o primeiro sistema

semi presidencial, o termo "semi presidencial" teve origem em 1978 através do trabalho

do cientista político Maurice Duverger para descrever a Quinta República

Francesa (criada em 1958), que Duverger apelidou de régime semi-présidentiel

2.6. Tipos de Estado


Nos dias atuais, estamos a todo momento em contato com algumas questões e

discussões políticas. Além do grande destaque dados pelos programas de televisão,

jornais e revistas, não é difícil estarmos no ônibus indo pra escola ou trabalho, ou até na

fila da padaria ou do supermercado, e ouvirmos pessoas conversando sobre política e

usando palavras como Estado, governo, democracia, ditadura, socialismo… Mas, afinal,

você sabe exatamente qual é a diferença entre estes conceitos e quais são os tipos de

Estados?

Um primeiro e importante ponto que é preciso ser destacado desde o começo é que falar

de Estado é, também, falar de poder. Tendo em vista que Estado e relações de poder são

ideias intimamente interligadas. Por outro lado, falar de poder não necessariamente

significa falar de Estado, pois as ideias e discussões acerca do poder são ainda mais

amplas.

Publicidade

13
As relações de poder são numerosas. Estão presentes em diversas instâncias da vida e

encontram-se difundidas por toda a sociedade. Seja na relação entre duas pessoas, como

em relações amorosas ou entre mãe e filho(a), ou em relações mais complexas como em

empresas, na escola, ou até mesmo numa cidade ou país, por exemplo.

As formas de exercício de poder podem ser legítimas ou não. São consideradas

legítimas aquelas em que a influência exercida é aceita por aqueles aos quais a decisão

ou ordenamento é direcionado. E são consideradas não legítimas aquelas em que o uso

da força é o único meio para a imposição de uma determinada vontade.

Conforme o sociólogo alemão Max Weber, o Estado é o único que detém legitimidade

para o uso da força num determinado território através de instituições como a polícia ou

as forças armadas, fontes legítimas de violência ao seu controle.

Estado

A forte relação existente entre Estado e poder fica ainda mais evidente quando

aprofundamos em sua definição: Estado é a denominação dada ao modo específico que

a maioria das sociedades modernas organiza-se em relação ao exercício do poder.

E, consequentemente, em relação ao modelo de organização de seu sistema político e,

logo, de sua organização social. Em suma, é considerado uma organização social

complexa cuja característica principal é a centralização do poder.

O chamado Estado moderno caracteriza-se pela racionalização da gestão do poder,

através de uma estrutura administrativa e burocrática composta por um corpo

qualificado de técnicos que operam conforme procedimentos preestabelecidos e

idealmente impessoais.

14
Geralmente, há uma forte confusão entre as definições de Estado e de governo. Ainda

que tais ideias tenham relação direta entre si, são categorias diferentes quando estamos

falando de política. Entende-se por governo a autoridade que administra o Estado.

Sendo que a forma de governo estabelecida no âmbito de um determinado Estado

refere-se ao modo como são constituídas as relações entre governantes e governados.

Ou seja, a forma de governo diz respeito às estruturas e relações de poder no domínio de

um determinado Estado.

A partir das diferentes formas de governo, portanto, encontramos diferentes regimes

políticos ou regimes de governo, sendo a monarquia e a república consideradas suas

formas mais básicas.

Monarquia

Por monarquia entende-se o governo do Estado por apenas um indivíduo, o rei, cujo

cargo é hereditário e vitalício. Nos dias atuais, as monarquias existentes são,

geralmente, constitucionais e limitadas. Consequentemente, o poder da realeza é restrito

e submete-se à existência de outros órgãos, como o Parlamento, por exemplo.

República

Já na república o governo do Estado é representado e chefiado pelo(s) indivíduo(s) que,

geralmente, são eleitos por períodos específicos, o que garante a alternância no poder e

igualdade formal entre seus cidadãos. Por este motivo, a república é considerada

idealmente uma conquista democrática, ainda que verifique-se a existência de

repúblicas marcadas por regimes autoritários, isto é, não-democráticas.

Neste sentido, importante ressaltar que os governos podem ser definidos pelo modo

como se exerce a autoridade do líder, podendo ser democráticos ou não-democráticos,

15
como é o caso de regimes ditatoriais. A diferença entre eles é o grau de liberdade e de

participação dos cidadãos e cidadãs na esfera política e na tomada de decisão.

Sendo assim, ao contrário dos Estados democráticos, em que os cidadãos e cidadãs

escolhem seus líderes, os Estados ditatoriais são aqueles em que o governo é

estabelecido de maneiras autoritárias e, muitas vezes, ilegítimas e cuja autoridade é tida

como ilimitada, imposta e mantida através da violência e da força.

Grande parte das vezes, ditadores chegam ao poder por meio de um golpe de Estado e

tendem a centralizar o poder em suas mãos e de seu grupo. As ditaduras são marcadas

também por ter pouca ou nenhuma abertura para o debate político, além da forte

regulação e controle – através das censuras – dos meios de comunicação e de

deliberação.

Estados socialistas

Por fim, os Estados socialistas, são aqueles que, baseando-se no princípio da igualdade e

partindo da ideia de que a sociedade é dividida entre duas classes fundamentais – a

burguesia e o proletariado -, questiona a propriedade privada e os meios de produção.

O socialismo tem como proposta a transformação das condições de produção para a

apropriação da riqueza da nação por parte de toda a sociedade e, consequentemente,

seus indivíduos. Para isso, propõe a substituição do sistema econômico capitalista (no

qual os meios de produção estão concentrados nas mãos de alguns) pelo sistema

econômico socialista (em que os meios de produção são coletivizados).

Ao longo da história, observamos alguns momentos históricos de implementação do

chamado socialismo real, como a experiência da Comuna de Paris, ocorrida em 1871 na

França, e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) iniciada na Rússia em

16
1917. Nos dias atuais, ainda que seja um assunto bastante controverso, alguns países

declaram-se socialistas, como é o caso de Cuba, China, Coreia do Norte e Vietnã.

Já social democracia, por sua vez, é uma variação do socialismo. No entanto, nos dias

atuais, sua configuração aceita o capitalismo, mas busca diminuir os efeitos desse

sistema através da política. Ou seja, através de intervenções econômicas e sociais que

promovem reformas parciais do sistema ao invés de substituí-lo por inteiro.

3. Conclusão
Respondendo a questão qual é o papel das eleições em Moçambique, colocada na

Academia Filosófica (ACAFIL) na Matola em 1999, pode se dizer em viva voz que elas

nas servem para escolher boas políticas, nem para premiar ou sancionar os governante,

mas sim para intitular o regime de democrático e permitir aos oprimidos manter os

opressores.

Em Moçambique, a esmagadora maioria dos eleitores não vota para maximizar os seus

ganhos, pelo contrário, existe uma multiplicidade de factores que leva os moçambicanos

a votarem e que esses factores não são uniformes podendo variar de região para outra,

de etnia para outra, de grau de instrução dos indivíduos portanto pode variar de

indivíduo para outro, assim sendo, os determinantes do comportamento eleitoral em

Moçambique encontram suas raízes na paz, na guerra, na historia local, na pobreza, no

analfabetismo, na etnia, no clientalismo, nas campanhas eleitorais, no desempenho

político de um partido, raras vezes no programa de um partido, no carisma do líder, etc.

o que significa que a geografia política é tão diversa e que o peso de cada factor parece

relativo e nenhum deles absolutamente é dominante.

17
Estas conclusões são preliminares dada a natureza da pesquisa que é exploratória, não

querendo dizer com isso que elas são falsas, mas sim, trata se duma forma de iniciar um

debate tão importante e que abre espaço para um aprofundamento mais exaustivo por

parte de qualquer um que possa se interessar do assunto.

4. Referências Bibliográficas
BOURDIER, Pierre. 1989. “A representação política: elementos para uma teoria do

campo político.” In O Poder simbólico, translated by Fernando Tomaz, 162–203.

Lisboa: Difel.

BRENNAN, G., and L. LOMASKY. 1993. Democracy & Decision: The Pure Theory

of Electoral Preference. Cambridge: Cambridge University Press.

MANIN, et. al., 2006. “Eleições e representação.” In Democracia, responsabilidade e

representação, 105–38. São Paulo.

TOLLENAERE, Marc de ed. 2002. “Democracia E Eleições Em Moçambique: Teoria E

Prática.” In Moçambique: 10 Anos de Paz, by Brazão Mazula, Miguel de Brito, Obede

Baloi, and Guilherme Mbilana, 227–51. Maputo: Imprensa Universitária – UEM.

MARCONI, Maria de Andrade, e Eva, Maria. 2012. Metodologia Do Trabalho

Científico: Procedimentos Lakatos Básicos, Pesquisa Bibliográfica, Projeto E

Relatório, Publicações E Trabalhos Científicos. 7a ed. São Paulo: Atlas.

NUVUNGA, Adriano, et. al, eds. 2008. Governação E Integridade Em Moçambique:

Problemas Práticos E Desafios Reais. Maputo: CIP.

República de Moçambique. 1990. Constituição  da República.

18

Você também pode gostar