Você está na página 1de 10

Introdução

No presente trabalho de investigação, pretendemos falar dos partidos políticos em Moçambique,


seu surgimento características, origem. Vamos ainda citar alguns partidos políticos que existem
em solo Moçambicano.
Partidos Políticos

São partidos políticos as organizações de cidadãos constituídas com objectivo fundamental de


participar democraticamente na vida política do país. Partidos políticos têm a finalidade de
concorrer de acordo com a Constituição da República e as leis, para a formação e expressão da
vontade política dos cidadãos. Partidos políticos intervêm, nomeadamente, no processo eleitoral,
mediante apresentação ou patrocínio de candidatura (art. 1º da Lei n.º 7/91 de 23 de Janeiro).

A entrada em um partido político não é obrigatória. É sempre voluntária e provém da liberdade


dos cidadãos se associarem em torno dos mesmos ideais políticos. Cada pessoa pode entrar
apenas num partido, podendo mudar de partido se quiser a qualquer momento. Basta a pessoa
não estar contente com a política do partido filiado, isto é, se, por exemplo, o nosso partido não
cumpriu com as promessas eleitorais. Concorrem para as eleições todos os partidos políticos,
isoladamente ou em coligação com outros partidos.

Dessas eleições surgem deputados que vão representar a vontade do povo na Assembleia da
República. Os partidos políticos expressam o pluralismo político, concorrem para a formação e
manifestação da vontade popular e são um instrumento fundamental para a participação
democrática dos cidadãos na governação do país (art. 74º n.º 1 da Constituição da República de
Moçambique).

Sistema Partidário Moçambicano

Origens e desenvolvimentos políticos antes da mudança de regime

Moçambique ganhou a independência em 1975, no seguimento dos Acordos de Lusaka assinados


entre o governo de transição português e a Frelimo a 7 de Setembro de 1974. A Frelimo foi a
única força política moçambicana que participou nas negociações2 ; não houve consulta pública
ou eleições (Krennerich 1999a; Brito 2009) ao contrário do que aconteceu, por exemplo, nas
ilhas de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde.

Nesta sequência, Joaquim Chissano foi nomeado primeiro-ministro, a constituição da


independência foi proclamada pelo Comité Central do partido a 25 Junho de 1975 e Samora
Machel tornou-se o primeiro Presidente da República de Moçambique. Logo depois a Frelimo
instalou um regime de partido único socialista, em que o presidente do partido era
automaticamente declarado presidente da república e o corpo legislativo supremo – a Assembleia
Nacional Popular – era indiretamente eleito através de plebiscitos organizados por todo o país (.

No seu III Congresso, ocorrido em Fevereiro de 1977, a Frelimo assumiu, pelo menos do ponto
de vista discursivo e dos seus conteúdos programáticos, uma orientação marxista-leninista
vanguardista; bem como a sua missão de liderar, organizar e educar as massas, e de combater o
capitalismo. Este congresso também marcou a evolução da Frelimo de “frente de libertação” para
partido político e o subsequente desenvolvimento de organizações democráticas de massas para
assegurar o controlo do partido sobre o território e a socie dade.

Estas medidas implicaram o desaparecimento dos Grupos Dinamizadores, que eram as estruturas
mais próximas dos cidadãos5. Paralelamente, a Frelimo levou a cabo reformas políticas
profundas que incluíram nacionalização, aldeamento forçado, implementação de campos de
reeducação e de medidas políticas com vista a limitar a influência da igreja e da oposição política
na sociedade Neste sentido, o projeto de construção de um Estado-nação independente moderno
implicava a dissolução das clivagens regionais, religiosas e étnicas, a legitimação da Frelimo
enquanto partido único, a exclusão de habitantes rurais e de chefes tradicionais (régulos) e o
desmantelamento dos sistemas tradicionais de poder, por sua vez conotados com o indirect rule
português.

Apesar da centralização do poder, o governo da Frelimo enfrentou várias frentes de


destabilização cujas origens são anteriores à independência. Ainda durante os anos 60,
Moçambique foi um ator importante na luta de libertação dos chamados Estados da Linha de
Frente6 e acolheu ainda movimentos insurgentes que ameaçavam o poder de Ian Smith na
Rodésia e o regime do Apartheid na África do Sul. Esta posição levou a que os rodesianos e as
forças especiais da África do Sul e do Malawi se unissem para formar e dar apoio material à
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que em 1977 iniciou atividades armadas contra o
governo da Frelimo;

Ainda que formada fora do território moçambicano, a Renamo conquistou apoio interno, durante
os anos da guerra, apelando ao apoio dos líderes tradicionais e dos habitantes das áreas rurais que
haviam sido marginalizados pelo projeto de modernização autoritária implementada pela
Frelimo. Estas incursões territoriais forjaram divisões artificiais entre as zonas controladas pelo
governo (no sul, Maputo e Gaza) e as controladas pela Renamo (no centro, Manica, Sofala,
Zambézia, Tete e, no norte, Nampula), que se foram cristalizando durante a guerra civil. O
desfecho deste conflito começou a ser ensaiado a partir dos finais dos anos 80 e seria
influenciado por fatores externos (internacionais e regionais) e internos. No plano externo, o fim
da Guerra Fria significou a retirada de apoio internacional aos beligerantes já que durante a
guerra civil a Frelimo contou com apoio militar e financeiro da União Soviética, Cuba e outros
países comunistas, enquanto a Renamo foi apoiada pela Administração norte-americana de
Reagan.

A nível regional os padrões de apoio também se alteraram quando o Zimbabué, um dos mais
importantes aliados do governo de Moçambique, conseguiu a independência em 1980 e os
acordos de Nkomati foram assinados com a África do Sul em 1984.

Estes acordos formalizaram um pacto de não-agressão entre os dois países, e a retirada de apoio
às atividades de guerrilha da Renamo por parte da África do Sul. Internamente, causas naturais,
nomeadamente a seca e a fome no início dos anos 80, a exaustão das tropas, o agravamento das
condições económicas e os apelos dos líderes religiosos para um fim negociado da guerra foram
determinantes para o começo das negociações de paz a partir de finais da década de 1980. Neste
mesmo período a Renamo organizou o seu primeiro congresso na Gorongosa entre 7 e 9 de
Junho de 1989, no qual Dhlakama se apresentou preparado para efetivamente negociar o fim do
conflito com a Frelimo, com apoio da comunidade internacional. O líder da Renamo reafirmou
ainda o seu compromisso com a democracia multipartidária e a economia de mercado, que, de
resto já fazia parte dos documentos do partido desde 1981.

As negociações de Nairobi entre a Frelimo e a Renamo (em Dezembro 1989) foram as mais
significativas durante este período, na medida em que inauguraram uma série de encontros que
levariam à assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) a 4 de Outubro de 1992. Ao longo dos seus
sete protocolos, o AGP incluiu medidas autorizando a Operação das Nações Unidas em
Moçambique (ONUMOZ) e o reconhecimento da Renamo enquanto partido político com plenos
direitos de participar na vida política do país. As primeiras eleições multipartidárias foram
inicialmente agendadas para Outubro de 1993, no entanto devido a problemas técnicos foram
adiadas para Outubro de 1994.
Lista dos partidos políticos de Moçambique

Partido Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique); Renamo - União Eleitoral (Coligação);


Resistência Nacional Moçambicana (Renamo); Frente Democrática Unida (FDU); Frente de
Acção Patriótica (FAP); Partido para o Progresso do Povo de Moçambique (PPPM); Partido de
Unidade Nacional (PUN); Frente Unida de Moçambique/Partido de Convergência Democrática
(FUMO/PCD); Movimento Nacionalista Moçambicano/Partido Social Democrata
(MONAMO/PSD); Partido da Convenção Nacional (PCN); Aliança Independente de
Moçambique (ALIMO); Partido Ecologista de Moçambique (PEMO); Partido de Reconciliação
Democrática (PAREDE); Partido Independente de Moçambique (PIMO); Partido Liberal e
Democrático de Moçambique (PALMO); Partido Democrático para a Reconciliação em
Moçambique (PAMOMO); Partido do Congresso Democrático (PACODE); Partido Trabalhista
(PT); Partido Popular de Moçambique (PPM); Partido Democrático de Moçambique
(PADEMO); Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD); Partido Social-Liberal e
Democrático (SOL); Partido Democrático para a Libertação de Moçambique (PADELIMO);
Partido Nacional Democrático (PANADE); Partido de Ampliação Social de Moçambique
(PASOMO); Partido Nacional de Moçambique (PANAMO); Partido Nacional dos Operários e
dos Camponeses (PANAOC); Partido Ecologista - Movimento da Terra (PEC -MT); Partido
Renovador Democrático (PRD); Congresso dos Democratas Unidos (CDU); União Nacional
Moçambicana (UNAMO); Partido Africano Conservador (PAC); Frente Liberal (FL); Partido
União para Mudança (UM); Partido Livre Democratico de Moçambique (PLDM); Partido para a
Liberdade e Solidariedade (PAZS); Partido de Reconciliação Nacional (PARENA); Partido dos
Verdes de Moçambique (PVM); Partido para Todos os Nacionalistas de Moçambicanos
(PARTONAMO); Partido Social Democrático de Moçambique (PSDM); Partido da Aliança
Democrática e Renovação Social (PADRES); Partido Socialisa de Moçambique (PSM); Partido
Social Democrata Independente (PASDI); Partido Popular Democrático de Moçambique (PPD);
Partido do Progresso Liberal de Moçambique (PPLM); União Moçambicana da Oposição
(UMO); Movimento Juvenil para a Restauração da Democracia (MJRD)
Instituições políticas

Moçambique é um país de sistema político presidencialista, sendo o poder político dividido entre
os poderes executivo e legislativo. No tocante ao poder executivo, o Presidente da República
exerce os cargos de chefe de Estado e chefe de Governo (Constituição, arts. 146, no.s1-3 e 201,
no.1). Como chefe de Estado, ele preside o Conselho de Estado e é por este assessorado. Como
chefe de Governo, o Presidente da República preside ex oficio o Conselho de Ministros, que é,
nos termos da Constituição, responsável por governar Moçambique (art. 200). O poder
legislativo é representado pelos deputados eleitos e reunidos na Assembleia da República;
porém, como se discutirá mais adiante, o poder de legislar tem sido amplamente partilhado entre
os dois poderes.

Ao abrigo da Constituição vigente, o Presidente da República e os parlamentares que compõe a


Assembleia da República são eleitos simultaneamente (eleições gerais) por sufrágio universal,
directo, igual, secreto, pessoal e periódico (arts. 135, 147 e 170), para um mandato de cinco anos
(arts. 147, 171 e 184). A eleição para Presidente da República é maioritária art. 148), ao passo
que as eleições parlamentares são proporcionais.

No exercício de suas funções como chefe de Governo, o Presidente da República pode nomear,
exonerar ou demitir os integrantes do seu governo (ministros e primeiro-ministro) ad nutum
(Constituição, art. 160, no. 1, alínea b, no. 2, alínea a). A própria Assembleia da República pode
ser dissolvida pelo Presidente da República se aquela rejeitar o programa do Governo
(Constituição, art. 188).13 Enquanto chefe de Estado, os poderes presidenciais incluem, para
além dos já acima referidos: a) nomear, exonerar e demitir os altos comandos das Forças de
Defesa e Segurança, b) decidir pela realização de referendos, c) convocar eleições, d) nomear os
Presidentes do Conselho Constitucional, do Tribunal Supremo e do Tribunal Administrativo, o
Procurador-geral da República, os Reitores das Universidades Públicas, o Governador e Vice-
Governador do Banco Central, e) declarar a guerra, o estado de sítio e de emergência, f) celebrar
tratados de guerra e paz, celebrar tratados internacionais e usar o poder de veto sobre leis
aprovadas pela Assembleia da República (Constituição, arts. 159 a 163).
A arquitectura constitucional faz do Presidente da República a figura central da vida política
nacional. O Conselho de Ministros tem sua composição definida pelo Presidente da República, o
qual escolhe o Primeiro-ministro e os Ministros (Constituição, art. 201, no.1).

A função do Conselho de Ministros é assegurar a administração do país, garantir a integridade


territorial, velar pela ordem pública e pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promover o
desenvolvimento económico, implementar a acção social do Estado, desenvolver e consolidar a
legalidade e realizar a política externa do país (Constituição, art. 203). Embora a figura do
Primeiro-ministro esteja constitucionalizada, este não têm nenhuma autonomia funcional e de
poder, aparecendo somente como auxiliar e conselheiro do Presidente da República na direcção
do Governo (Constituição, art. 205, no. 1).

A Assembleia da República é definida pela Constituição como sendo representativa de todos os


cidadãos e, nesta medida, cada um dos seus membros (deputados) representa todos os
moçambicanos, e não apenas o círculo eleitoral pelo qual foi eleito (Constituição, art. 168). A
Assembleia da República constitui-se no mais alto órgão legislativo do país, determinando as
normas que regem o funcionamento do Estado e a vida económica e social através de leis e
deliberações de carácter geral (Constituição, art. 169, no.s 1 e 2). Composta por 250 deputados.
Conclusão

Moçambique é um país democrático baseado num sistema político multipartidário. A


Constituição da República consagra, entre outros, o princípio da liberdade de associação e
organização política dos cidadãos, o princípio da separação dos poderes legislativo, executivo e
judiciário, e a realização de eleições livres.

A Frelimo, Frente de Libertação de Moçambique, foi o movimento que dirigiu a luta de


libertação nacional que culminou com a independência nacional em 25 de Junho de 1975. Desde
então que esse movimento político ou os seus sucessores dirigem a política nacional. Em 1978, a
Frente tornou-se num partido político marxista-leninista, denominado Partido Frelimo, e Samora
Machel ocupou a presidência do país, num regime de partido único, desde a independência até à
sua morte em 1986.

Em 1990, foi aprovada uma nova constituição que transformou o estado numa democracia multi-


partidária. O Partido Frelimo permaneceu no poder, tendo ganho por cinco vezes as eleições
legislativas e presidenciais realizadas em 1994, 1999, 2004, 2009 e 2014. A Renamo é o
principal partido da oposição.

De acordo com a constituição em vigor, o regime político em Moçambique é presidencialista:


o chefe de Estado é igualmente chefe do governo. No entanto, existe desde 1985 o cargo
de Primeiro Ministro, que tem o papel de coordenador e pode dirigir as sessões do Conselho de
Ministros na ausência do presidente
Bibliografia

 1998. “«Dhlakama É Maningue Nice!” An Atypical Former Guerrilla in the Mozambican


Electoral Campaign.” Transformation 35: 1–48.
 Chichava, Sérgio. 2008a. «Uma Província ‘Rebelde’. O Significado do Voto Zambeziano
a Favor da Renamo.” In Cidadania e Governação em Moçambique, eds. Luis de Brito,
Carlos Castel Branco, Sérgio Chichava, and António Francisco. Maputo: IESE, 15–48
 2010a. «Movimento Democrático de Moçambique: Uma Nova Força Política na
Democracia Moçambicana ?» Cadernos IESE No. 2.
 Sande, Zaqueo. 2011. “‘7 Milhões’ Revisão Do Debate E DEsafios Para a 83
Diversificação Da Base Produtiva.” In Desafios Para Moçambique 2010, edited by Luís
de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, and António Francisco, 207–28.
Maputo: IESE.
 CRM (2004)

Você também pode gostar