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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA
ESCOLA SUPERIOR ABERTA

MEIOS EXTRAJUDICIAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS


Arbitragem, Conciliação e Mediação

Discente Código
Ivone Gama Pereira 466881

Maputo, 29 de Outubro de 2022


Discente
IVONE GAMA PEREIRA

MEIOS EXTRAJUDICIAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Arbitragem, Conciliação e Mediação

Relatório Cientifico a ser apresentado, na Escola


Superior Aberta ao Curso de Licenciatura em Ciências
Jurídicas, como exigência parcial para obtenção de
nota na Cadeira Seminário Temático 2: Arbitragem,
conciliação e mediação. A ser classificado pela
Docente Dra. Virgínia Alice Joaquim Madeira

Maputo, 29 de Outubro de 2022

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Resumo

Em resposta às necessidades criadas pelo desenvolvimento do comércio internacional, o


governo de Moçambique tomou certas iniciativas. São elas de caráter legislativo a fim de
instituir os meios alternativos de solução de conflitos, aprovando assim a Lei de
Arbitragem n° 11/99 de 12 de julho de 1999.

Em seguida, a Constituição da República de Moçambique de 2004 reconheceu a


existência e legitimidade dos tribunais arbitrais. Além disso, outras leis também
reconheceram a arbitragem como meio de resolução de conflitos1. O presente relatório
apresenta um estudo sobre os meios alternativos de resolução de conflitos, arbitragem,
conciliação e mediação, que atendem ao princípio da celeridade processual. O trabalho
foca no estudo dos métodos de resolução da lide, assentando-se o estudo na noção,
contextualização e distinção desses métodos.

Palavra-chave: arbitragem, conciliação e mediação.

1
Tais como a Lei de Investimentos (n° 3/93), Lei de Petróleos (n°21/2014), Lei das parcerias público-
privadas, Lei do Trabalho de 1998, o Código da Propriedade Industrial de 1999 e a Lei sobre os Direitos
de Autor de 2001 e o próprio Código de Processo Civil a partir de sua atualização de 2005.

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Lista de Sigla

CNUDCI – Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional

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Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 6

2. Revisão da literatura .................................................................................................. 8

2.1 Noção e Evolução da arbitragem, conciliação e mediação ..................................... 8

2.1.1 Arbitragem ....................................................................................................... 9

2.1.2 Conciliação ..................................................................................................... 10

2.1.3 Mediação ........................................................................................................ 11

2.2 Distinção entre arbitragem, conciliação e mediação............................................. 11

3. Considerações finais ................................................................................................ 13

4. Referencias Bibliográficas ...................................................................................... 14

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1. Introdução
Ao analisar os métodos de solução de conflitos adotados pelas civilizações no curso da
história, pode-se notar uma grande evolução ao que diz respeito à humanização, eficácia
e acessibilidade. Em síntese, tem-se o Direito como a força reguladora das condutas
humanas, estando presente em muitos momentos da história como uma forma originada
da divindade, dos costumes, das leis, doutrinas e jurisprudências, como no caso do Código
de Hamurabi, as Leis de Manu, onde os temas principais versam sobre à religião e à moral,
e ao comportamento social, como forma de norma civil, o Alcorão, e um dos mais
conhecidos que até nos dias de hoje influencia o poder normativo e moral da sociedade,
o Pentateuco, contendo os cinco primeiros livros da Bíblia cristã (Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio) deram origem, conforme os escritos, à Lei de
Moisés, que dentre os dez mandamentos redigem preceitos sobre Direito de propriedade,
crimes, direito do trabalho, entre outros (CASTRO, 2001, p. 28).

Os métodos extrajudiciais de resolução de conflitos apresentaram grandes resultados


quando da célere resolução e principalmente, os seus efeitos no que diz respeito à
preservação das relações sociais, com a pandemia causada pela Covid-19, todo o cenário
mudou, o judiciário precisou reformular técnicas e procedimentos, para tanto, as
ferramentas de mediação e conciliação entraram no mundo digital, combinando facilidade
de acesso e o cumprimento das medidas de prevenção ao contágio pelo Novo Coronavírus
– Covid-19. A mediação e conciliação online se mostrou de grande potencial para mudar
a forma tradicional de solução de conflitos (PESSANHA, 2021, p. 190).

No presente relatório irei apresentar um estudo relativamente aos meios extrajudiciais de


resolução de litígios, a arbitragem, a conciliação e a mediação à margem da Lei nº 11/99
de 12 de Julho, para subsidiar os tópicos assentes a este tema de grande relevância. Assim
sucedeu-se na Lei n.º 11/99, que rege a arbitragem, a conciliação e a mediação como
meios de resolução de conflitos; mas também em diplomas legais sobre outras matérias,
como a Lei do Trabalho de 1998, o Código da Propriedade Industrial de 1999 e a Lei
sobre os Direitos de Autor de 2001, nos quais se prevê a resolução por via extrajudicial
de certas categorias específicas de litígios, que constituem objecto desses diplomas. Outro
tanto ocorreu com a revisão do Código de Processo Civil, levada a cabo em 2005. E é
ainda esse o caso da nova Constituição Moçambicana, de 2004, cujo artigo 223.º, n.º 2,
consagrou expressamente a possibilidade da existência de tribunais arbitrais, o que não
sucedia na anterior lei fundamental. Portanto o estudo será debruçado no enfoque a noção,

6
evolução e distinção da arbitragem, conciliação e medição, desempenhado estes um papel
do conciliador, como facilitador da comunicação entre as partes e os benefícios
empregados pela aplicação de tais métodos pelo Poder Judiciário.

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2. Revisão da literatura
2.1 Noção e Evolução da arbitragem, conciliação e mediação
Apesar de presente a humanização do Direito no curso da história e a constante
necessidade de aperfeiçoamento, pautados pela moral, eventos sociais e políticos,
considerados pelo homem subjetivamente válidos que orientem por ela a própria
conduta, seja para causas cíveis ou criminais, neste contexto, observa-se a
predominância do poder coercitivo do estado, pela qual Max Weber2 afirma que uma
ordem só poderá ter sucesso como tal, se garantido a possibilidade de coação, física ou
psicológica, que serão aplicadas por aqueles que forem autorizados a fazer cumprir
a ordem, com isso, o Direito seria dividido em dois princípios, ordem e coerção, deste
modo, a coerção pode ser considerada uma ferramenta cujo o objetivo é a
harmonização dos interesses e a garantia da estabilidade social (CASTRO, 2001, p.63).

Nas últimas décadas um importante movimento no sentido da celebração de convenções


internacionais em matéria de arbitragem, às quais os Estados têm aderido em número
significativo. Por exemplo, a Convenção de Nova Iorque de 1958 Sobre o
Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras – uma das mais
importantes neste domínio – encontra-se em vigor, presentemente, em 138 países.
Nenhuma outra convenção internacional no domínio do Direito Internacional Privado
logrou até hoje obter um número semelhante de adesões. De tal sorte que é actualmente
mais fácil obter o reconhecimento de uma sentença arbitral estrangeira do que de uma
sentença judicial estrangeira.

Esse movimento tem também passado pela reforma das legislações nacionais
sobre arbitragem. Assim, em 1985, a CNUDCI aprovou uma Lei-Modelo sobre a
arbitragem comercial internacional. Até hoje, mais de três dezenas de países adoptaram
leis sobre a arbitragem que incorporam maioritariamente as regras dessa Lei-Modelo.
Moçambique não ficou à margem desse movimento. A Lei n.º 11/99 instituiu um
novo e pormenorizado regime para a arbitragem, que acolhe em muitos aspectos as
soluções da Lei-Modelo da CNUDCI. E já anteriormente, em 11 de Junho de 1998, o País
aderira à Convenção de Nova Iorque sobre o reconhecimento de sentenças arbitrais
estrangeiras, tendo a Convenção entrado em vigor nele a 9 de Setembro do mesmo ano.

2
Segundo Lima (2003, p. 64) “Max Weber, o sociólogo e cientista político alemão (1864 – 1920), embora
profundamente fascinado pela complexidade do tema de poder, satisfez-se com uma definição próxima à
compreensão cotidiana: poder é “a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento
de outras pessoas”.

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Mas o instituto em apreço releva ainda noutro plano, que cumpre referir. É que ele põe
em evidência a importância actual do pluralismo jurídico e judiciário: a resolução de
conflitos nas sociedades contemporâneas não se faz apenas sujeitando-os ao Direito
estadual e aos órgãos estaduais de administração da justiça. Há outras fontes mormente
os usos e o costume, bem como outras instâncias jurisdicionais, emanadas da sociedade
civil, a que tais conflitos podem também ser submetidos. Esta é, aliás, uma matéria em
que o Direito Moçambicano se revela hoje um dos mais progressivos dos países africanos
de língua oficial portuguesa, pois a Constituição de 2004 dispõe, no artigo 4.º, sob a
epígrafe pluralismo jurídico, que: «O Estado reconhece os vários sistemas normativos e
de resolução de conflitos que coexistem na sociedade moçambicana, na medida em que
não contrariem os valores e princípios fundamentais da Constituição».

Semelhante reconhecimento corresponde a uma necessidade social inelutável.


Ele é conforme com o princípio da adequação, o qual constitui um corolário da finalidade
precípua a que se dirigem as regras jurídicas. Na medida, com efeito, em que estas visam
disciplinar a vida em sociedade segundo certa ordem de valores, importa que se adequem
ao sentimento de justiça dos seus destinatários, sob pena de serem rejeitadas pelo corpo
social que visam conformar o que, em última análise, conduz (como tantas vezes ocorre)
à sua ineficácia. A Lei n.º 11/99, ao consagrar nos artigos 34, n.º 4, e 54, n.º 4, a
aplicabilidade pelos árbitros, mesmo na arbitragem interna, dos usos e costumes
mercantis, acolhera já, antes da Constituição de 2004, a ideia de pluralismo jurídico.

2.1.1 Arbitragem
A generalidade dos autores dá maior relevância às estratégias da negociação e mediação
como principais alternativas da resolução de conflitos, uma vez que estas proporcionam
soluções mais construtivas do conflito.

Girard & Koch (1997) definem a arbitragem como uma participação solicitada pelos
intervenientes do conflito, ou voluntária, de uma terceira pessoa neutral. Essa pessoa tem
como função, em procedimento formal, ouvir os interesses, necessidades e posições das
partes envolvidas e, perante esses factos, definir um acordo vinculativo ou recomendado.
Para Brandoni (1999), a arbitragem consiste em sujeitar um conflito a um árbitro (terceira
pessoa) neutral e imparcial. Para o autor, a função do árbitro é escutar as partes e emitir
um juízo definitivo e vinculativo sobre a solução do conflito. Assim, este ouve as partes

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envolvidas, analisa toda a situação do conflito e estabelece quem tem razão e quem não
tem.

Tal como na mediação e conciliação, a arbitragem envolve uma terceira pessoa, apesar
de, neste caso, ser esta a tomar uma decisão acerca da solução do conflito, depois de ouvir
as perspectivas das partes envolvidas.

O árbitro difere de um mediador. O mediador é o facilitador do processo da resolução do


conflito, orientando as partes, para que a solução encontrada seja vantajosa para ambas
as partes. A grande preocupação do mediador é a obtenção de acordo entre as partes. No
caso da arbitragem, a solução é imposta pelo árbitro. Sander (1985) lembra que a
arbitragem é uma alternativa de resolução de conflitos muito utilizada nos Estados Unidos
da América. Um dos contextos em que é utilizada é quando o professor tenta mediar um
conflito e as partes envolvidas não chegam a um acordo aí, o professor passa de mediador
a árbitro, para que se encontre uma solução para o problema.

2.1.2 Conciliação
A conciliação é considerada um processo informal, onde uma terceira pessoa, neutral,
leva os intervenientes do conflito a chegarem a um acordo. Este processo é possível
através da comunicação entre os indivíduos, interpretação dos assuntos e exploração de
possíveis soluções.

Weir (1995) afirma que a conciliação é muito usada em conflitos inesperados e quando
os intervenientes no conflito não conseguem negociar.

Segundo Girard & Koch (1997), esta estratégia de resolução de conflitos, a conciliação,
é um procedimento informal, pois a resolução dos problemas é auxiliada por amigos,
colegas ou outros.

Sendo a conciliação uma estratégia cooperativa, então, tal como nas outras, subentende-
se que exista uma flexibilidade das partes, bem como uma redução nas exigências em
relação aos interesses de cada indivíduo. Para que se encontre uma solução, as partes
devem-se escutar atentamente, ter em conta o ponto de vista do outro, partilhar ideias e
elaborar um plano que respeite as necessidades e sentimentos de ambas as partes. Neste
tipo de estratégias, deve-se entender que o “eu” é tão importante como o “outro”.

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2.1.3 Mediação
Jares (2002) define mediação como um procedimento de resolução de conflito que
consiste na intervenção de uma terceira parte, o mediador, aceite pelos intervenientes e
sem qualquer poder de decisão sobre as partes envolvidas no conflito.

Tendo em conta Torrego (2003), o processo da mediação é visto como um processo


pacífico, em que as partes envolvidas aceitam voluntariamente a ajuda de uma terceira
pessoa, o mediador, neutral e imparcial, que as ajuda a superarem as suas diferenças e a
chegarem a um acordo aceitável para ambas as partes. Este processo, ainda segundo o
autor, é um processo construtivo, em que ambas as partes saem a ganhar.
Schrumpt et al. (1997) vê a mediação como um processo de comunicação onde os
intervenientes têm a possibilidade de reunir, sentando-se frente a frente, conversar, e
apresentar os seus pontos de vista sobre o conflito. Após identificarem as suas respectivas
percepções do problema, indicam opções de soluções para que ambas as partes ganhem.

Fernandez (1999) afirma que a mediação não serve para determinar o que está certo ou
errado, nem para acusar nenhuma das partes. O autor defende que o mediador não opina,
nem dá conselhos, apenas facilita as partes a encontrarem soluções proveitosas para
ambos.
Os autores Schrumpf et al. (1997) e Deutsch (2000) consideram que, para ambas as partes
saírem a ganhar, as pessoas e o mediador, devem manifestar conveniência apenas
em discutir os interesses e não devem fixar-se nas posições. O mediador é uma peça
fundamental no desenrolar do processo da mediação, pois a sua função é auxiliar os
intervenientes do conflito a superar os seus antagonismos e a contrariar a tendência
competitiva de ganhar-perder, Moore (1998).

Salienta-se que neste processo de resolução de conflitos as partes envolvidas estão mais
preocupadas com uma futura relação interpessoal do que em censurarem-se mutuamente.

2.2 Distinção entre arbitragem, conciliação e mediação


O conciliador ou mediador não julga o litígio; limita-se, quando muito, a propor uma
solução, que as partes aceitarão ou não, conforme entenderem. Diferentemente, o
processo arbitral culmina, no Direito moçambicano, numa decisão, que é susceptível de
ser executada coactivamente pelos tribunais judiciais nos termos do artigo 49, n.º 2; há,
pois, nesse processo uma heteroregulação de um litígio, que não se verifica na conciliação
ou mediação. A conciliação ou mediação baseia-se integralmente na vontade das partes.

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Qualquer das partes pode pôr-lhe termo unilateralmente, o que não é possível na
arbitragem. A conciliação ou mediação é, assim, um meio de auto-regulação de litígios.
Uma figura intermédia entre a arbitragem e a conciliação ou mediação é a decisão arbitral
por acordo das partes. Está prevista no artigo 38 da Lei n.º 11/99: as partes chegam a
acordo quanto à solução do litígio e os árbitros proferem uma decisão nos termos
acordados pelas partes. A decisão proferida nestes termos tem a mesma eficácia que a
decisão arbitral comum. Contudo, ela difere fundamentalmente dessa decisão, pois não
são os árbitros que decidem o litígio, antes são as partes que lhe põem termo mediante
um acordo se bem que o árbitro possa ter de apreciar a conformidade desse acordo com a
ordem pública.

Do árbitro distingue-se também o perito, a que alude o artigo 31 da Lei. Ambos podem,
é certo, dar o seu contributo à resolução de um litígio. Todavia, ao passo que o árbitro
exerce um poder jurisdicional, decidindo – não raro em termos definitivos – a causa que
lhe foi cometida, o perito limita-se, pelo menos quando designado por um tribunal, a
informar ou a dar o seu parecer acerca de determinado ponto de facto (ou de facto e de
Direito). Por outro lado, enquanto que a decisão arbitral vincula as partes e os tribunais,
assistindo-lhe força de caso julgado logo que não seja susceptível de recurso ordinário e
cabendo-lhe, como se disse acima, a mesma força executiva que a sentença do tribunal
judicial de primeira instância, a eficácia das conclusões dos peritos é livremente fixada
pelo tribunal, quando estes hajam sido chamados a coadjuvá-lo, ou pelas partes, nos
demais casos.

Na fronteira entre a arbitragem e a perícia encontram-se diversas situações em que a um


terceiro é cometida a resolução, em termos vinculativos, de questões que não se
reconduzem a verdadeiros litígios. Será esse o caso, por exemplo, da determinação da
prestação contratual por um terceiro, admitida pelo artigo 400.º, n.º 1, do Código Civil.
Também essas questões podem ser submetidas ex voluntate ao regime comum da
arbitragem, nos termos do artigo 4, n.º 3, da Lei.

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3. Considerações finais
Para o desenvolvimento de qualquer país são fundamentais o investimento estrangeiro e
as transferências de tecnologia. Ora, a efectivação destes depende largamente de se darem
às empresas e aos particulares estrangeiros garantias de resolução célere e justa dos
litígios de que porventura venham a ser partes. O amplo reconhecimento, nos artigos 4 e
5 da Lei n.º 11/99, da liberdade de as partes cometerem a árbitros a decisão dos seus
litígios, desde que os mesmos incidam sobre direitos disponíveis e não devam ser
submetidos exclusivamente a tribunal judicial, desempenha, pois, um papel de primordial
importância no desenvolvimento económico do País.

O presente relatório alude-se a propósito de dar a conhecer os, «meios alternativos» de


resolução de litígios. Esta ideia encontrou algum eco na própria lei moçambicana: é ver,
por exemplo, o artigo 1, onde se refere que «[a] presente Lei rege a Arbitragem, a
Conciliação e a Mediação, como meios alternativos de resolução de conflitos, que os
sujeitos jurídicos podem adoptar antes ou em alternativa a submeter os seus litígios ao
poder judicial». Mas, salvo melhor opinião, em rigor nenhuma alternatividade existe entre
as figuras de que a Lei trata e o recurso aos tribunais judiciais. Basta ter presente, a este
propósito, que nem todas as questões suscitadas perante o tribunal arbitral podem ser
resolvidas por ele. A intervenção dos tribunais judiciais no processo arbitral é, com
efeito, indispensável em certas situações – como, por exemplo, para suprir a falta de
acordo entre os litigantes quanto à constituição do tribunal arbitral (artigo 18, n.º 2), para
as diligências instrutórias que importem o exercício de poderes de autoridade
(artigo 32, n.º 2) ou para a decisão de certas questões prejudiciais (artigo 37, n.º 4). Melhor
se diria, pois, estarmos perante meios de resolução de litígios adicionais ao recurso às
jurisdições estaduais. Estas continuam, por isso, a ser imprescindíveis na
resolução dos litígios cometidos a árbitros ou conciliadores – quanto mais não seja como
jurisdições de apoio. Um ponto-chave da regulamentação legal da arbitragem e da
conciliação ou mediação é, por isso, a intervenção do tribunal judicial na arbitragem: um
regime excessivamente liberal pode deixar uma das partes à mercê da outra ou dos
árbitros; mas um regime demasiado intervencionista pode sufocar a arbitragem.
Essa intervenção tem, pois, de ser cuidadosamente ponderada pelo legislador,
sobretudo no que toca a duas questões: a determinação do objecto do litígio e a
impugnação judicial da sentença arbitral.

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4. Referencias Bibliográficas
OLIVEIRA, Raquel Alexandra Duarte. Resolução de Conflitos – Perspectiva dos
Alunos do 4º ano do concelho de arruda dos vinhos. Dissertação para obtenção do grau
de Mestre. Universidade aberta. 2007.

PORTO, Marcos Ítalo De Araújo. Mediação e Conciliação: da análise histórica e da


evolução normativa no Brasil. Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos
Santos – Uniceplac. 2021

VICENTE, Dário Moura. Arbitragem e Outros Meios De Resolução Extrajudicial De


Litígios No Direito Moçambicano. Faculdade de Direito da Universidade Eduardo
Mondlane. 2006.

ARBITRATION RULES, INTERNATIONAL ARBITRATION, MOÇAMBIQUE


ARBITRATION. 12/07/2019 BY ACERIS LAW LLC
- https://www.acerislaw.com/arbitragem-em-mocambique/. Acessado aos 20
de outubro de 2022 – Cidade de Maputo.

Legislação

Constituição da Republica de Moçambique de 2004.

Lei nº 11/1999, de 12 de Julho

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