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O presente trabalho visa abordar o regime jurídico das empresas públicas estatais em
moçambique, tema este atribuído na cadeira de Direito Economico.
Acreditamos que o tema do presente trabalho vai ser um alicerce para aquilo que é o escopo do
grupo dos estudantes que aceitou o desafio de trabalhar em volta deste assunto, com o intuito
de alcançar o tao almejado conhecimento em volta do funcionamento das empresas estatais e
públicas no seu ponto de vista legal.
Dado o pontapé de saída para aquilo que vai o presente trabalho cingir-se, desejamo-nos bom
trabalho e não sorte, pois estamos convictos de que os bons não carecem de sorte, mas sim de
paciência, esforço e dedicação.
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REGIME JURIDICO DE EMPRESAS PUBLICAS E ESTATAIS
Escusamos neste capítulo de falar de empresas mistas, resguardando uma intervenção para uma
próxima oportunidade, importa-nos do momento falar do regime das empresas públicas e deste
modo falar também de empresas estatais.
Segundo a lei 2/81 de 10 de Setembro, pelo artº 1º (definição) “são empresas estatais as
unidades socioeconómicas, propriedade do Estado que as cria, dirige e afecta os recursos
materiais, financeiros e humanos adequados à aplicação do seu processo de reprodução no
cumprimento do plano, no sentido de consolidar e aumentar um sector estatal que domine e
determine a economia nacional” (…) “As empresas estatais realizam a sua actividade no quadro
do cumprimento do plano”.
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A empresa pública é autónoma face ao Estado. Dispõe de personalidade própria. A
Personalidade jurídica autónoma, face ao Estado, é a condição indispensável para que a
actividade empresarial se constitua como a actividade principal da empresa e assim se constitua
o seu regime jurídico.
A sua capacidade jurídica não diverge da capacidade das pessoas colectivas previstas no art.º
160 do Código Civil. Também para as empresas públicas vigora o princípio da especialidade,
nos termos do qual, não podem praticar actos contrários as seus fins. Para A interpretação deste
artigo n. 2 da Lei N. 17/91 podemos referir que objecto da empresa pública é sempre definido
pela lei e constitui um limite à sua competência, sendo nulos todos os actos e contratos
praticados e celebrados pela empresa, os quais contrariem ou transcendam o seu objecto.
Para a prática de actos só indiretamente relacionados com o objecto da empresa, é
Necessária a autorização do Governo ou o parecer dos órgãos da empresa, consoante os casos,
e de acordo com os estatutos.
A capacidade jurídica de direito público é aquela que a lei lhes concede ao determinar a sua
competência.
O orçamento não faz parte integrante do Orçamento de Estado nem incide sobre ele qualquer
acto de aprovação parlamentar.
A fiscalização da execução do orçamento compete ao Conselho Fiscal (lei 17/91, artº 14º/
alínea c).
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Para poderem ter um orçamento próprio, as empresas públicas têm competência para cobrar
receitas provenientes das suas actividades ou que lhes sejam facultadas nos termos dos estatutos
ou da lei, bem como realizar as despesas inerentes à prossecução do seu objecto (lei 17/91, artº
19º).
O património da empresa pública é o limite da garantia dos credores. Esta não pode exercer-se
sobre os bens do domínio público administrados pelas empresas, bens esses cuja titularidade é
do Estado ou de outras pessoas colectivas públicas. É o caso dos portos, aeroportos, linhas
férreas, minas, etc.
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É ao órgão criador das empresas estatais (o conselho de Ministros) que compete ordenar a sua
extinção e liquidação, por via de decreto que precise os aspectos inerentes, alguns dos quais
constam do art. 7.
Nos termos do n.º 1 do art. 3 da Lei 17/91 de 3 de agosto (vide lei n.º 6/2012 artigo 3 n.º 1) a
criação de empresas publicas é competência Central do Estado designadamente o conselho de
Ministros e fá-lo por via de decreto que por sinal é um acto administrativo, e impugnável no
Tribunal Administrativo.
A extinção de empresas públicas não se difere de empresas estatais, ou seja elas obedecem o
mesmo princípio de que quem criou é igualmente competente para extinguir. Nos termos da lei
anterior nomeadamente a lei n.17/91 no seu artigo 30, estão previstas as 3 formas de extinção
de uma empresa pública designadamente a fusão, a cisão e liquidação.
Qualquer destas três formas de extinção é da competência do órgão que criou a empresa em
questão, mediante o competente diploma legal (artº 31º).
No que tange as empresas estatais, da interpretação conjugada dos arts 15 a 19 da Lei n º 2/81,
de 30 de Setembro, resulta que são órgãos destas o Director-geral, um ou mais Directores
(consoante a dimensão da empresa e a importância de funções) e os Colecctivos de trabalho.
O Director-geral, que é nomeado , exonerado ou demitido por despacho do dirigente do órgão
central do aparelho do estado que superintende o ramo ou sector de actividade (n º 1 do art. 17)
tem o mais vasto conjunto de poderes de decisão no que concirna a actos e operações que visem
a realização das atribuições da empresa.
Os Directores, que são os executivos imediatos do Director-geral, são nomeados, mandados
cessar funções e demitidos por despacho do dirigente do órgão central do aparelho do Estado
que superentende no ramo ou sector de actividade, sob proposta do director-geral. Eles
executam, além das funções que forem definidas no regulamento interno, as decisões do
Director-geral, com o que se justifica a aludida competência de proposta
No que se refere aos colectivos de trabalhado, a Lei manda que existam na empresa tantos
colectivos quantos os níveis de dirigente de modo a assegurar-se a participação activa dos
trabalhadores na direcção e organização da empresa.
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Os órgãos obrigatórios das empresas públicas segundo a lei vigente no seu N. 1 do art.º. 11 são:
Conselho de Administração – 5 a 7 elementos, incluindo um representante do Ministério das
Finanças ou da Comissão Nacional do Plano e um representante eleito pelos trabalhadores. O
seu Presidente é nomeado e exonerado pelo Conselho de Ministros; os restantes membros são
nomeados e exonerados pelo ministro da respectiva área de subordinação. Os mandatos são de
três anos, renováveis.
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Intervenção do conselho de Ministros
No que respeita as empresas estatais, a Lei n º 2/81, no seu art.7, n º, aponta para relações de
informação, coordenação e nunca de subordinação hierárquica entre empresas estatais de
âmbito nacional e os órgãos do aparelho do Estado a nível da provincia e distrito onde se
situam. É ao conselho de Ministros que compete criar, determinar o órgão central de
subordinação e extinguir as empresas estatais de âmbito nacional, igual cmpetencia certos
elementos seus no que se refere as empresas estatais de âmbito local.
No que se refere as empresas públicas, o estatuto de autonomia das empresas públicas impede
um controlo de ordem hierárquica.
O controlo governamental exerce-se através da tutela e superintendência, figuras compatíveis
com a autonomia da entidade controlada. Os poderes são os da intervenção e da fiscalização
(mas não em poderes de orientação da entidade controlada).
Os poderes de tutela e superintendência são só os que estão previstos na lei, não se presumindo.
Na relação hierárquica, pelo contrário, o Estado pode intervir com todos os poderes que
decorrem de uma relação especial de sujeição (era o caso das empresas estatais – Lei 2/81, artº
1º / 1 “Estado que as cria, dirige e afecta os seus recursos materiais…”).
A tutela assim com a intervenção governamentais na vida da empresa tem em vista evitar
ocorrência de resultados negativos decorrentes da eventual ma condução da empresa dado que
isso determinara sempre a intervenção do Estado convista a reparar os danos, o que requer
maiores sacrifícios a este.
Este regime da tutela consolida-se, em particular, através da presença, no Conselho de
Administração, do representante do Ministério das Finanças ou da Comissão Nacional do
Plano, garantindo-se, assim a prossecução das finalidades gerais da política económica
constante do planeamento.
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Princípios de gestão patrimonial e financeira
O art. 21 da Lei n º 2/81, no n º 1, deixa claro que os princípios pelos quais se orientam as
empresas estatais são da rentabilidade, da independência económica e operativa, da
responsabilidade material pelos compromissos, do controlo monetário da actividade das
empresas e o do interesse dos trabalhadores da empresa na actividade. Adite-se a estes o
principio de planeamento (art. 13). Trata-se de postulados que enformam todo o conteúdo
normativo da própria Lei, bem assim dos regulamentos, estatutos e outros acros normativos
ligados as empresas estatais, ao mesmo tempo que neles aparecem traduzidos.
A lei base das empresas públicas debruça-se sobre alguns princípios que vão delinear aquilo e
a gestão de empresas públicas nomeadamente o princípio da economicidade, eficiência e
planeamento.
a) Princípio da economicidade
b) Princípio da eficiência
c) Princípio de Planeamento
Este princípio visa a perspetivação racional da gestão da empresa anual e a médio prazo.
Pretende-se que os seus órgãos se habituem a calcular racionalmente as suas decisões de acordo
com a conjuntura económica nacional e internacional. Requer-se, assim, uma capacidade de
estabelecer estratégias de gestão (artº 22º, alínea b).
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O Direito Aplicável as Empresas Publicas
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A lei 17/91 de 3 de Agosto recentemente revogado foi ate 2012 a lei base de toda a organização
e funcionamento das empresas públicas. O Artigo 45 autoriza o Conselho de Ministros a
determinar, no prazo de 90 dias apos a publicação da Lei, a transformação de empresas estatais
para empresas públicas, mas que segundo Teodoro Waty não se pode inferir que todas as
empresas estatais foram transformadas em públicas.
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CONCLUSÃO
Em gesto de conclusão podemos extrair o seguinte: não existe dúvida nenhuma que as empresas
são pessoas jurídicas, isto suscetíveis de direitos e obrigações no nosso ordenamento jurídico.
Mas, entretanto, é importante saber se são do direito público ou privado, esta qualificação tem
uma enorme importância pratica. Por exemplo é relevante esta distinção para sabermos se o
direito aplicável a estas é público ou privado para se ter uma noção de que regime por exemplo
serão obrigados os seus trabalhadores e em que tribunais podem litigiar em caso de conflitos.
Mas pelo que se viu quase todos os critérios doutrinários apresentados confirmam a
característica dominante de serem as empresas públicas pessoas colectivas de direito público,
alias Teodoro waty refere que no nosso ordenamento jurídico o regime jurídico básico das
empresas públicas faz parte do direito público concretamente do direito administrativo, e só
subsidiariamente remete-se ao direito privado, ou seja, somente o direito privado vai regular
os casos omissos. Não sendo este ultimo a base dos respectivos estatutos que vão estabelecer
as bases do seu regime jurídico.
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BIBLIOGRAFIA
WATY, Teodoro Andrade, Direito económico, 2011
http://leoiuris.blogspot.com/2006/02/as-empresas-pblicas-moambicanas-so.html
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