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1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................1
1.1 Para Que Servem As Eleições Em Moçambique ?.........................................................3
1.2 O papel Genérico das Eleições......................................................................................3
1.3 O Papel das Eleições no Caso Moçambicano................................................................4
2. O DILEMA DO SISTEMA ELEITORAL EM MOÇAMBIQUE.......................................................6
2.1 Alicerces do Sistema Eleitoral em Moçambique...........................................................6
2.2 Eleição da Assembleia da República.............................................................................6
2.3 Eleição do Presidente da República..............................................................................7
2.3.1 Porque Dilema?....................................................................................................7
2.4 OS PROBLEMAS DA REPRESENTAÇÃO EM MOÇAMBIQUE...........................................8
3. CONCLUSÃO.........................................................................................................................9
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................9
1. INTRODUÇÃO
Este artigo, tem como propósito discutir o que é eleger e para quê?, que segundo
(NGOENHA 2004; 2013; 2015), constitui uma das quatro questões colocadas na
Academia Filosófica (ACAFIL) na Matola em 1999. A escolha desta questão prende
pelo facto de, das quatro questões colocadas nomeadamente: 1. Qual é o tipo de
governação de que Moçambique precisa hoje para o seu bom funcionamento? 2. O que
eleger e para quê? 3. Qual é o papel da filosofia num país democrático? 4. Que leitura
podemos fazer com vista às segundas eleições gerais, legislativas e presidenciais?, ser a
única até então “não respondida”, visto que as restantes foram respondidas pelo autor
Severinho Ngoenha cujo aprofundamento levou à publicação das obras “os tempos da
filosofia (2004), como resposta da terceira questão; intercultura, alternativa à
governação biopolítica (2013), como resposta da primeira questão e a obra terceira
questão: que leitura se pode fazer das recentes eleições presidenciais e legislativas?
(2015), como resposta da quarta questão”.
Ao nível da Ciência Política, é de suma importância estudar eleições dado que, esta área
de saber, a “grosso modo” interessa-se em compreender as actividades que visam
conquistar, exercer e manter o poder, portanto, nos estados democráticos como
Moçambique, as eleições constituem o veículo para o alcance do poder político.
Em última instância, foi privilegiada uma pesquisa exploratória no que tange a função
das eleições num cômputo geral e posteriormente a questão da provisão de bens e
serviços em Moçambique para perceber se as famosas “vitórias retumbantes” nos
pleitos eleitorais por parte da Frelimo são fruto ou não duma boa governação. Dado o
propósito traçado que é o de compreender o papel das eleições em Moçambique, o
artigo tomará uma abordagem qualitativa.
Votar na base do programa significa que os eleitores votam no candidato ou partido que
apresenta um programa que melhor satisfaz os seus interesses. Ora, “qual poderia ser o
interesse próprio de muitos moçambicanos, tendo em consideração o fosso abismal
entre a sua vida diária e a formulação de políticas e tomada de decisões?” (MARC de
TOLLENAERE 2002, 235). Os autores BRENNAN e LOMASKY propuseram uma
explicação alternativa, defendendo que o eleitor não possui nenhum instrumento de
controlo dos resultados eleitorais, o que significa que as suas preferências estão
totalmente desligadas dos resultados eleitorais. Portanto, eles advogam que a votação é
nada mais e nada menos do que uma “expressão de um desejo sem nenhuma implicação
necessária para o resultado desejado” (BRENNAN e LOMASKY 1993, 33).
Este postulado é problemático dado que embora existam esses problemas, verifica-se
que o mesmo partido que governou o país no período pós-independência é o mesmo que
governa desde a introdução do multipartidarismo. Ou seja, é o mesmo partido (Frelimo)
que ganhou as eleições de 1994; 1999; 2004; 2009 e 2014 independentemente do
seu performance governativo. Este fenómeno não só é observável em Moçambique,
mas também noutros países africanos como constatado por WALL (2003), ao avançar
que um padrão marcante das transições africanas tem sido a ausência de alternância,
portanto, o ex partido único que conseguiu sobreviver à mudança para a política
multipartidária com seu poder intacto, foi capaz de usar todos os seus recursos para
marginalizar a oposição e reconsolidar o poder na segunda e terceira eleições
multipartidárias.
2. O DILEMA DO SISTEMA ELEITORAL EM MOÇAMBIQUE
Este capítulo avança em primeira instância com os alicerces do sistema eleitoral
moçambicano que procura descrever as origens do mesmo, em segundo plano descreve
os procedimentos da eleição da Assembleia da República bem como do Presidente da
República finalmente apresenta os dilemas deste sistema eleitoral.
Nas três primeiras eleições gerais (1992; 1999 e 2004) prevaleceu a barreira dos 5%
para a eleição de deputados na Assembleia da República que para NUVUNGA
(2007:59), “a utilização deste tipo de barreira tem como objectivo evitar a entrada no
parlamento de partidos com pequena representatividade e facilitar a formação de
maiorias parlamentares”. Uma das grandes críticas ancora no método de d’Hond que é
usado para a conversão de votos em assentos e que por si só é excludente. BRITO
(2005) apud (Nuvunga 2007, 60) mostrou que usando o método do “Quociente
Tradicional e Maiores Restos” haveria mais dispersão do poder na Assembleia da
República o que significa que alguns assentos passariam para alguns partidos
“pequenos”.
Segundo NUVUNGA et al (2008, 40), uma das lacunas no sistema eleitoral
moçambicano no apuramento eleitoral, tem a ver com o facto de a lei eleitoral não
prever a recontagem de votos em caso de perda e/ou dúvidas sobre a originalidade dos
editais;
A lei eleitoral moçambicana não assenta numa base estratégica, ficando vulnerável à
alterações circunstanciais na base de interesses dos dois “grandes partidos” e nas
constatações de cada eleição. Outro aspecto não menos importante relaciona-se com a
composição da Comissão Nacional de Eleições que tende cada vez mais a partidarizar-
se comprometendo a profissionalização da mesma. Uma outro dilema relaciona-se com
os círculos eleitorais que são muito grandes as vezes com uma densidade populacional
muito baixa. Exemplo de Niassa.
Outro elemento não menos importante é que o voto é dirigido ao partido e não ao
deputado, portanto, o sistema de listas fechadas para a escolha dos deputados, deixa o
eleitor sem poderes de exigir o deputado o que prometeu durante a campanha eleitoral.
Uma vez o concorrente eleito tenta no máximo satisfazer as exigências do partido para
garantir uma melhor posição na lista nas eleições vindouras. Portanto, cumpre-se mais
ao partido do que ao eleitor, sendo este apenas relembrado nas vésperas das novas
eleições.
3. CONCLUSÃO
Respondendo a questão qual é o papel das eleições em Moçambique, colocada na
Academia Filosófica (ACAFIL) na Matola em 1999, pode se dizer em viva voz que elas
nas servem para escolher boas políticas, nem para premiar ou sancionar os governante,
mas sim para intitular o regime de democrático e permitir aos oprimidos manter os
opressores.
Em Moçambique, a esmagadora maioria dos eleitores não vota para maximizar os seus
ganhos, pelo contrário, existe uma multiplicidade de factores que leva os moçambicanos
a votarem e que esses factores não são uniformes podendo variar de região para outra,
de etnia para outra, de grau de instrução dos indivíduos portanto pode variar de
indivíduo para outro, assim sendo, os determinantes do comportamento eleitoral em
Moçambique encontram suas raízes na paz, na guerra, na história local, na pobreza, no
analfabetismo, na etnia, no clientelismo, nas campanhas eleitorais, no desempenho
político de um partido, raras vezes no programa de um partido, no carisma do líder, etc.
o que significa que a geografia política é tão diversa e que o peso de cada factor parece
relativo e nenhum deles absolutamente é dominante.
Estas conclusões são preliminares dada a natureza da pesquisa que é exploratória, não
querendo dizer com isso que elas são falsas, mas sim, trata se duma forma de iniciar um
debate tão importante e que abre espaço para um aprofundamento mais exaustivo por
parte de qualquer um que possa se interessar do assunto.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIER, Pierre. 1989. “A representação política: elementos para uma teoria do
campo político.” In O Poder simbólico, translated by Fernando Tomaz, 162–203.
Lisboa: Difel.
BRENNAN, G., and L. LOMASKY. 1993. Democracy & Decision: The Pure Theory
of Electoral Preference. Cambridge: Cambridge University Press.
WALL, Nicolas van de. 2003. “Presidentialism and Clientelism in Africa’s Emerging
Party System.” Journal of Modern African Studies 2: 108–21.