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Índice
1 Introdução....................................................................................................................4
3 Considerações Finais..................................................................................................13
4 Referências Bibliográficas.........................................................................................14
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1 Introdução
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2 Poder Local em Moçambique
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tornar-se-á um lugar de conforto entre dos partidos com representatividade e assento nesta
assembleia (Fernandes, 1997, p. 93).
O objetivo final de todas as formas de descentralização acima mencionadas é poder
alcançar uma boa governação. Numa boa governação pressupõem-se existir um serviço
público eficiente, um sistema judicial independente e um quadro jurídico para fazer valer os
contratos; a responsável administração dos fundos públicos; um auditor público independente,
responsável por um representante legislativo; o respeito pela lei e pelos direitos humanos em
todos os níveis de governo; estrutura pluralista institucional, e uma imprensa livre.
Porém, boa governação não é apenas fornecer uma vasta gama de serviços locais, é
preciso também a preservação da vida e da liberdade dos residentes, criando espaço para a
participação democrática e o diálogo civil, na criação de programas que possam criar e
facilitar resultados que enriquecem a qualidade de vida dos residentes (Shah, 2006, p. 2).
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A transferência de poderes do governo central para os níveis mais baixos na hierarquia
política, administrativa e territorial tem sido visto como “forma de promover o
desenvolvimento […] e melhorar a eficiência, qualidade e democracia” (Colfer, 2012, p. 33).
Em todo o caso, todo o processo de descentralização pauta pela maior participação da
comunidade e pela melhor prestação de contas (Idem, p. 33).
Em 1975, Moçambique proclamou sua independência herdando um Estado moderno
de inspiração colonial débil em termos de capacidade para a provisão de serviços públicos e
gestão de expectativas. O Estado moçambicano pós-colonial era resultado de um projeto
externo, sem legitimidade africana, altamente centralizado e fraco em termos de presença real
em todo território, o que contribuía para a privação de funções estatais e prestação de serviços
públicos (Monteiro, 2006).
A seguir a independência, para a reversão do cenário, o regime de centralismo
democrático implantado pela Frelimo visava estabelecer uma ligação entre o Estado e as
comunidades sob sua administração. Contudo, o esforço empreendido para esse desiderato
não logrou sucesso, sobretudo, por conta da desintegração das funções administrativas e dupla
subordinação das instituições que incapacitaram o Estado na provisão de bens e prestação de
serviços públicos básicos, incluindo o aproveitamento da mão-de-obra e recursos disponíveis.
Este cenário levou à excessiva burocracia, fragmentação dos governos locais e perda de
legitimidade do governo central (Canhanga, 2008; Forquilha, 2008).
Moçambique, após a independência experimentou diversos modelos de governação,
como sejam o da centralização (1975-1986), o da liberalização (a partir de 1987) e o do
multipartidário (a partir de 1994) como resultado da assinatura dos acordos gerais de paz em
1992. A partir de 1996 foram aprovadas a lei a que regula a criação de autarquias locais e em
2003 a lei que estabelece os princípios e normas de organização, competências e
funcionamento dos órgãos locais do Estado, abrindo assim espaço para a devolução de
poderes para o nível local.
O processo de descentralização em Moçambique teve início a partir de 1987, aquando
das reformas políticas, económicas e sociais ocorridas neste período. Neste contexto, foi
lançado o Programa de Reabilitação Económica (PRE), que marcou de forma substancial a
orientação do Estado e da sociedade.
De acordo com Faria e Chichava (1999), Moçambique iniciou o programa de reforma
dos órgãos locais em 1990, um processo de descentralização de um conjunto de reformas
políticas, económicas e administrativas em curso desde os anos 80.
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Em termos práticos, a preocupação de organizar a participação dos cidadãos na
solução dos problemas próprios e desenvolvimento local inicia com as reformas políticas,
económicas e sociais, ocorridas a partir de 1987, no quadro da implementação do Programa
de Reabilitação Económica. Estas reformas mostraram-se fundamentais na redefinição das
relações de poder entre os níveis central e local, culminando com o processo da
descentralização, embora, sob ponto de vista histórico, o tópico de descentralização tenha
alguma génese na época colonial (Cistac, 2001; Rocha, 2015).
Mesmo não existindo um modelo único, desde o princípio, alguns autores
questionavam o tipo de descentralização aplicável para Moçambique (Cistac, 2001), o
governo acabaria por forjar uma descentralização baseada no equilíbrio entre as pressões
externas e a manutenção de seus objetivos de controlo a nível central, conduzindo o processo
exclusivamente pela “lógica dominantemente paternalista e clientelista, [impondo uma
estrutura em prol da] dinâmica do partido dominante” (Brito, 2013, p. 28).
Como resultado, “o modelo moçambicano de descentralização tornar-se-ia do tipo
bifurcado ou de duas velocidades, contemplando a coexistência entre órgãos locais do Estado
(província, distrito, posto administrativo e localidade); e órgãos do poder local (Autarquias
Locais)” (Forquilha, 2015, p. 133).
Por um lado, este modelo moçambicano de descentralização de duas saídas preserva
os interesses da hegemonia do principal proponente, a Frelimo; ameniza a expectativa
generalizada dos diferentes atores internos; e respeita o empenho e apoio dos parceiros
internacionais. Por outro, origina um misto de problemas de justiça e igualdade de tratamento
entre os cidadãos, tornando-se “excludente” (Chiziane, 2008, p. 145), na medida em que o seu
arranjo institucional conduz para um sistema fragmentado de governação e cria “duas classes
de cidadãos” (Brito, 2013, p. 27), sendo uma dos que participam da democracia de
representação local, e outra dos que continuam simplesmente como administrados do Estado,
aos níveis provinciais, distritais e subdistritais, acentuando a “divisão” entre centros urbanos,
ativos e dispondo de uma autonomia real de administração, e uma zona rural submetida à
vontade do poder central (Rosário, 2015, p. 143).
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constitucional introduziu o título “Poder Local”, que previa a existência de autarquias locais,
visando a participação dos cidadãos na solução dos problemas da sua comunidade, a
promoção do desenvolvimento local e o aprofundamento da democracia, no quadro da
unidade do Estado moçambicano (Trindade, 2003).
Em 2003, foram aprovados vários textos legislativos destinados a acelerar o processo
de consolidação dos municípios e, foram introduzidas alterações significativas à lei 2/1997, as
quais procuram designar as autarquias como poder local, em oposição ao poder central
desconcentrado.
A Constituição da República de Moçambique (revista em 2004) consagra, no seu título
XIV, a existência do “Poder local”. De acordo com o Artigo 271 da Lei fundamental:
“1. O Poder Local tem como objectivos organizar a participação dos cidadãos na
solução dos problemas próprios da sua comunidade e promover o desenvolvimento local, o
aprofundamento e a consolidação da democracia, no quadro da unidade do Estado
Moçambicano.
2. O Poder Local apoia-se na iniciativa e na capacidade das populações e actua em
estreita colaboração com as organizações de participação dos cidadãos”.
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Portanto, o gradualismo enquanto um princípio operacional da descentralização
política, falta-lhe conformidade e transparência metodológica, o que permite a excessiva
dependência pela iniciativa governamental na dispersão do poder político e,
consequentemente, captura da dinâmica descentralizadora pelo poder central. Não é por acaso
que passadas várias décadas depois do processo de descentralização política, até aqui, ainda
não se tem em vista alguma Autarquia de categoria de povoação.
A dinâmica do processo de descentralização territorial é orientada pelo princípio do
“gradualismo” que encontra a sua aplicação tanto ao nível do processo de criação das
autarquias locais como ao nível da transferência das competências do Estado para autarquias
locais.
Quanto ao nível de criação das autarquias locais, se em alguns países, todo o território
nacional encontra-se dividido em territórios autárquicos (Mae, 1998), isto não é, ainda, o caso
de Moçambique. Com efeito, o processo de “municipalização” do país, inicialmente, tomou
em conta apenas 33 autarquias locais (1997) (Lei n.° 3/2008).
Em 1997, o governo criou 33 municípios que incluíam as 11 capitais provinciais, as
restantes 12 cidades do país e 10 vilas selecionadas que se propunham ter condições para
assegurar que este modelo seguisse em frente, surgindo deste modo, como refere Fauré e
Rodrigues (2011, p. 44) duma “descentralização parcial (só nas áreas urbanas)”. Depois da
aprovação da legislação sobre a criação de municípios, surgiram ou foram aprovadas outras
leis de modo a segurar a boa implementação e o sucesso das novas autarquias e foi neste
sentido de análise que o governo verificando as condições dos outros distritos decidiu em
2009 criar mais 10 totalizando deste modo 43 municípios e todos localizados nas áreas
urbanas do país e em 2013 introduzindo 10 novos municípios. Em 2022, foram aprovadas e
introduzidas mais 12 autarquias, que se encontravam também em melhores condições de
continuar com o modelo, totalizando, deste modo, 65 autarquias e, como foi descrito acima e
obedecendo assim o princípio de gradualismo que foi a base da implementação dos
municípios no país.
As razões da escolha do gradualismo estão directamente ligadas à existência de
condições mínimas para poder gozar efectivamente da autonomia administrativa, financeira e
patrimonial. A reunião destas condições caracteriza o que foi baptizado de princípio do
gradualismo.
Assim, a escolha do princípio do gradualismo explica-se por razões directamente
ligadas à existência ou a suficiência de condições económicas e sociais necessárias e
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indispensáveis para o bom funcionamento da administração autárquica e isto, de forma
sustentável.
Contudo, alguns autores criticaram o “princípio do gradualismo” defendendo que
O princípio do gradualismo estabelecido pelo legislador limita
sem dúvida a afirmação, o desenvolvimento do princípio
constitucional do poder local, limita a participação de todos os
cidadãos na promoção democrática do desenvolvimento da
sua comunidade, bem como priva os cidadãos de terem as
mesmas oportunidades de aprofundamento e consolidação da
democracia, através da participação nas eleições autárquicas
(Chiziane, 2011, p. 54).
Quanto ao nível da transferência das competências do Estado para autarquias locais,
cabe ao Governo criar as condições para as transferências das competências exercidas por
órgãos locais do Estado para as autarquias locais. Esta transferência deve operar-se de “forma
gradual” e acompanhar-se, por um lado, da formação técnica dos agentes autárquicos e, por
outro lado, da consolidação dos necessários requisitos financeiros dos órgãos autárquicos
(Artigo 84 da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro). É o Decreto n.º 33/2006, de 30 de Agosto que
regula as modalidades da transferência de competências e institucionaliza, de facto, uma
verdadeira transferência “à escolha”.
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legislador afirma a forma gradual deste procedimento e estabelece uma relação substancial
com as condições materiais (técnicas, humanas e financeiras) necessárias para o seu sucesso
(Artigo 84 da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro).
O Decreto n.º 33/2006, de 30 de Agosto vem, paradoxalmente, posicionar as
autarquias locais no centro do processo de transferência de competências porque são, elas
mesmas, que devem reivindicar esta transferência nos domínios enumerados pelo referido
decreto. Vê-se, por conseguinte, desenhar uma transferência de competência “à escolha”, as
autarquias locais mais “agressivas” e, mais convincentes, beneficiarão de transferências de
competências enquanto as que são menos reactivas ou ambiciosas beneficiarão pouco ou não
de novas competências.
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3 Considerações Finais
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4 Referências Bibliográficas
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