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Índice

1. Introdução ..................................................................................................................... 3

1.1. Objectivos do Trabalho ............................................................................................. 3

1.1.1. Objectivo Geral ..................................................................................................... 3

1.1.2. Objectivos Específicos .......................................................................................... 3

1.2. Metodologias ............................................................................................................. 3

2. Debate Teórico .............................................................................................................. 4

2.1. Democracia em Moçambique.................................................................................... 4

2.1.1. Descentralização.................................................................................................... 4

2.1.2. Órgão do Poder Local ........................................................................................... 5

2.1.3. Autarquias Locais.................................................................................................. 5

2.2. Os Órgãos Representativos das Populações .............................................................. 6

2.2.1. Autarquias Locais em Moçambique ...................................................................... 7

2.2.2. As funções das Autarquias Locais......................................................................... 7

2.2.3. Funções de Prestação ............................................................................................ 8

3. Quadro das Atribuições ................................................................................................. 8

3.1. Os Órgãos das Autarquias Locais ............................................................................. 9

3.1.1. Os Órgãos Executivos da Autarquia Local ......................................................... 10

3.1.2. O Conselho Municipal ou de Povoação .............................................................. 10

3.1.3. O Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação........................................ 10

3.2. A Autonomia local .................................................................................................. 11

3.2.1. A Autonomia Administrativa .............................................................................. 11

3.2.2. A Autonomia Normativa ..................................................................................... 11

3.2.3. A Autonomia Organizacional.............................................................................. 11

4. Conclusão .................................................................................................................... 12

5. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 13


1. Introdução

A existência de interesses locais em determinada comunidades, diferentes dos


interesses gerais da colectividade nacional, justifica que ao lado do Estado cuja
organização cobre todo o território existam entidades especificamente locais, como é o
caso das autarquias locais, destinadas a tratar dos interesses locais.

Essas autarquias locais (AL’s) podem ser, de acordo com ALVES & COSSA
(1998), cidades e vilas sob a denominação de município ou sedes de postos
administrativos sob a designação de povoações.

Segundo MAZULA (1998), não pode haver descentralização sem que haja
transferência de competências importantes a favor dos municípios devendo, por isso, o
Estado abrir mão de algumas receitas.

1.1.Objectivos do Trabalho
1.1.1. Objectivo Geral
 Analisar o processo de autarquias locais em Moçambique.
1.1.2. Objectivos Específicos
 Conceituar o termo “autarquias locais”;
 Debruçar sobre a descentralização;
 Conceituar a governação local.
1.2.Metodologias

Segundo LAKATOS & MARCONI (1991, p.83), a metodologia “é o conjunto


da actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objectivo traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista.” Contribui para a solução do problema de maneira racional.

O presente estudo tem como proposta metodológica uma revisão da literatura.


Trata-se, portanto, de uma pesquisa exploratória de carácter descritivo. Acredita-se que
esta abordagem vai de encontro dos objectivos e necessidades do estudo proposto.

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2. Debate Teórico
2.1.Democracia em Moçambique

Moçambique foi uma colónia portuguesa que se tornou independente em 1975.


Após a proclamação da independência optou-se por um sistema de partido único com
uma economia centralmente planificada do tipo socialista onde estava eliminada
qualquer forma de pluralismo social ou político. Só com a revisão da Constituição em
1990 é que Moçambique se afirma como um país democrático. Isto é, a Constituição de
1990 é que introduz em Moçambique o pluralismo social e político.

De acordo com MEIJA (2002), a expressão democratização em Moçambique,


começa a revelar-se após as primeiras eleições multipartidárias em 1994,
particularmente através da liberdade de imprensa e do surgimento de organizações e
associações (económicas, culturais ou outras), que expressam diferentes formas de
conceber e de actuar sobre a realidade social.

Para BUENDIA (1995), a transição democrática em Moçambique está marcada


pelo conflito armado. Pois o processo de democratização em África enquadra-se já “na
construção de uma nova ordem internacional consequente ao desmoronamento do bloco
do leste”,assumindo certas especificações dos segmentos dos partidos únicos.

BUENDIA (Op. cit.), salienta que a transição democrática, em muitos países,


significou a abertura para que os partidos já existentes se reorganizassem num contexto
de liberdade fora da clandestinidade. Essas formações políticas, na sua maioria,
constituem expressão política e ideológica dos diferentes interesses económicos,
políticos e culturais dessas sociedades. No caso moçambicano a transição democrática
implicou a formação de novos partidos políticos que viriam posteriormente, a
bipolarizar-se em torno de duas grandes forças: a Frelimo e a Renamo.

2.1.1. Descentralização

CHIAVENATO (2000, p. 215), entende que “a descentralização significa a


dispersão do processo decisório para a base da organização”. No contexto do trabalho,
as bases na organização administrativa Moçambicana seriam as localidades e então a
descentralização será por conseguinte, para as instituições que tem por fim tomar
decisões sobre assuntos locais, tais como as Autarquias locais.

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A descentralização que acontece no caso das Autarquias locais é uma
descentralização territorial, a qual segundo SOUSA e MATOS (2006, p. 144), pode ser
entendida como existência de pessoas colectivas de base territorial e de população
diferentes do Estado.

FARIA e CHICHAVA (2004) citados por CISTAC et al. (2008, p. 180), tratam a
descentralização como organização das actividades da administração central fora do
aparelho do governo central, podendo ser através de medidas políticas que permitem a
atribuição pelo governo central, de poderes e recursos para as autoridades locais.
Segundo os autores, a descentralização é a criação de entidades autónomas distintas do
Estado, paralelas a ele.

No entanto no contexto Moçambicano, a descentralização é o processo através


do qual administração assegura a participação dos cidadãos na governação ao nível
local, no pressuposto de que trata-se de um poder de decisão mais próximo do cidadão,
o que torna possível a sua participação na solução dos problemas do desenvolvimento
económico, social e cultural da sua respectiva comunidade, (CISTAC et.al 2008, p. 58).

2.1.2. Órgão do Poder Local

De acordo com ZAVALE (2011. p34), Poder local é explicado pela necessidades
do habitantes de uma determinada parcela do território se organizarem em função das
relações de proximidades e dos interesses comuns próprios.

Órgão do poder local (OPL) são órgão com poder administrativo, que, em
Moçambique, de acordo com o número 3 do artigo 1 da lei nº 2/97, estes desenvolvem
suas actividades no quadro das actividades do Estado e organizam-se em pleno respeito
da unidade do poder político e do ordenamento jurídico nacional.

2.1.3. Autarquias Locais

De acordo com AMARAL (1997):

“Autarquias locais são “pessoas colectivas públicas de população e território,


correspondentes aos agregados de residentes em diversas circunscrições de
território nacional, e que asseguram a prossecução dos interesses comuns
resultantes da vizinhança mediante órgãos próprios, representativos dos
respectivos habitantes”, (AMARAL, 1997, p. 480).

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Na mesma linha, CAETANO (2007), autarquias locais refere a:

“Pessoa colectiva de direito público correspondente ao agregado


formado pelos residentes de certa circunscrição do território nacional
para que os interesses comuns resultantes da vizinhança sejam
prosseguidos por órgãos próprios dotados de autonomia dentro dos
limites da lei”, (CAETANO, 2007, p. 193).

Do conceito de Autarquia local é importante ter em consideração os seguintes


elementos: território, população, interesses comuns das populações e os órgãos
representativos das populações.

2.2.Os Órgãos Representativos das Populações

De acordo com CISTAC (2001):

“O elemento orgânico da autarquia local deve reflectir o facto de ela assegurar


a sua administração através de órgãos que lhes são próprios. Próprios no
sentido de serem da pertença e não serem do estado. Mas, e sobretudo, órgãos
próprios, na significação de representantes legitimas, estabelecidos por via
democrática, da própria população da Autarquia”, (CISTAC, 2001, p. 65).

Não há Autarquias locais quando ela não é administrada por órgãos


representativos das populações que a compõem. Nos regimes democráticos os órgãos
das Autarquias locais são eleitos em eleições livres pelas respectivas populações as
chamadas eleições locais e Autárquicas, só nessa medida se pode dizer que são as
próprias populações locais a administrarem-se a si mesmas, (AMARAL, 1997, p. 485).

Em Moçambique de acordo com os artigos 272 e 273 da Constituição da


República de Moçambique de 2004, as Autarquias locais são pessoas colectivas
públicas, dotadas de órgãos representativos próprios, que visam a prossecução dos
interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da
participação do Estado. Elas constituem uma forma de poder local que compreendem a
circunscrição territorial de cidades e vilas e, por outro lado, povoações que
compreendem circunscrição territorial da sede do posto administrativo.

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2.2.1. Autarquias Locais em Moçambique

As transformações políticas, económicas e sociais que se verificaram em


Moçambique, principalmente a partir da implantação do PRE e a aceleração do ritmo da
degradação das cidades, criaram a consciência da necessidade de se proceder a uma
mudança na organização da Administração Pública. Para o efeito, foi concebida e
progressivamente desenvolvida uma reforma administrativa, da qual, um dos principais
objectivos foi a aproximação da administração das urbes à sociedade civil. É nesta
esteira, que nos finais dos anos 80 começaram a fazer sentir-se os primeiros debates
relativos a descentralizaçãoadministrativa dos centros urbanos, (MAE, 2000).

Em 1994 é publicada a Lei-quadro dos distritos municipais (Lei 3/94). “Em


termos concretos, o disposto na Lei 3/94 significava uma democratização nos níveis
hierárquicos de Administração Estatal abrangidos pelo PROL. A referida
democratização ia se operacionalizar em dois sentidos: primeiro em relação ao processo
da eleição de titulares dos órgãos distritais, e em segundo diz respeito à abertura de
espaço para a participação e responsabilização dos titulares dos órgãos distritais pela
população, ou seja, significativa transformação dos distritos administrativos em
Municípios, tal como se configura hoje ”, (NUVUNGA, 2000:14).

Deste modo, foi feita a alteração pontual da Constituição de 1990, através da lei
nº9/96 de 22 de Novembro que introduziu princípios e disposições sobre o poder local
no contexto da lei fundamental, e efectuaram-se estudos a partir de 1995, que
culminaram com a promulgação do pacote legislativo autárquico em 1997. Na base
dessa legislação foram realizadas as primeiras eleições municipais em Julho de 1998 e
posteriormente empossados, em Agosto do mesmo ano os órgãos municipais nelas
eleitos, marcando assim o início do exercício da municipalização, (MAE, 2000).

As autarquias assim instituídas dispõem de órgãos representativos próprios, isto


é, têm seus dirigentes e a sua assembleia, têm autonomia administrativa, patrimonial e
financeira e tem o controlo quase total sobre a sua própria administração, planos,
orçamentos e instalações.

2.2.2. As funções das Autarquias Locais

Segundo CISTAC (2001, p.98), refere que “ na prática concreta das


competências atribuídas aos seus órgãos, a AL desempenha várias e numerosas
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funções” e, fazendo suas classificações, ele distingue duas funções centrais: função de
regulação e função de prestação. Perante estas funções abordar-se-ão as funções de
prestação que estão mais ligados ao o tema.

2.2.3. Funções de Prestação

As AL’s são fornecedoras de bens e serviços aos munícipes. Para tal, levam
avante 3 acções: Primeiro, “ implementam acções de assistência e de redistribuição que
correspondem as prestações de carácter financeiro para compensar dificuldades
individuais e garantir o acesso de todos aos serviços considerados indispensáveis”.

Segundo, oferecer aos munícipes serviços públicos, nos domínios da educação


(centros pré-escolares escolas primárias), das acções social e da saúde (unidade de
cuidados primários de saúde, programa de habitação social), da cultura (bibliotecas,
museus) do tempo livre e desportos (parques de campismo, instalações desportivas e
recreativas) e das infra-estruturas de comunicação (rodovias e passeios).

Terceiro, oferecer serviços e bens com contrapartidas financeiras, como de


higiene, (tratamento de lixo, abastecimento de água, esgoto), da energia, dos transportes
colectivos, da acção económica (feiras, matadouros), da habitação social e dos serviços
financeiros (participação da AL no capital de empresas privadas que prosseguem
interesse público local), (CISTAC, 2001, p.103 e 104).

3. Quadro das Atribuições

De acordo com a lei 02/97, as atribuições das Autarquias locais respeitam os


interesses próprios, comuns e específicos das respectivas populações, e essas mesmas
atribuições são feitas com recursos financeiros ao seu alcance e respeita a distribuição
de competências entre os órgãos autárquicos e os de outras pessoas colectivas de direito
publico, nomeadamente o Estado, determina pela presente Lei e por legislação
complementar. Estas atribuições dizem respeito ao desenvolvimento económico e
social, meio ambiente, saneamento básico e qualidade de vida, abastecimento publico,
saúde, educação, cultura, tempos livres e desporto, policia da autarquia, urbanização,
construção e habitação.

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3.1.Os Órgãos das Autarquias Locais

As autarquias assim instituídas dispõem de órgãos representativos próprios, isto


é, têm seus dirigentes e a sua assembleia, têm autonomia administrativa, patrimonial e
financeira e tem o controlo quase total sobre a sua própria administração, planos,
orçamentos e instalações. De acordo com ALVES & COSSA (1997), estes órgãos
caracterizam-se da seguinte forma:

Assembleia Municipal (AM) - É um órgão representativo com poderes


deliberativos cujos membros são eleitos democraticamente pelo eleitorado da respectiva
autarquia. O número de membros é calculado em função do número de eleitores da
respectiva autarquia que é dirigida por uma mesa da Assembleia, composta por um
presidente, um vice-presidente e um secretário eleitos pelos membros da respectiva
Assembleia através do voto secreto. Possui cinco sessões ordinárias por ano, convocadas
pelo seu presidente. A primeira deve ser para aprovação de contas do ano anterior e a
última para aprovação de planos de actividades e orçamento para o ano seguinte.
Podem existir também, sessões extraordinárias, onde apenas deve-se discutir assuntos
indicados na agenda apresentadosno acto de convocação.

O Presidente do Conselho Municipal (PCM) - É o órgão executivo singular


eleito democraticamente pelos cidadãos eleitores residentes na respectiva área
autárquica.

O Conselho Municipal (CM) é um órgão executivo que tem o poder de


executar as decisões e declarações da Assembleia Municipal. Este órgão é composto
pelo presidente do Conselho Municipal e por vereadores escolhidos e nomeados pelo
respectivo presidente, o número é proporcional ao número de habitantes da autarquia.
Os indivíduos que compõem o Conselho Municipal não podem exercer as funções de
membro de mesa da Assembleia de voto, do pessoal ou funcionário dirigente do
ministério de tutela, de agente ou funcionário de Município ou de serviços de povoação.

Alguns estudos já realizados mostram a existência de alguns problemas ao nível


da governação local democrática. Por exemplo, o estudo de LALA & OSTHEIMER
(2004), conclui que “se tomarmos em conta os resultados das primeiras eleições
autárquicas de 1998, os resultados práticos da descentralização em Moçambique
continuam a serem negligenciados.

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3.1.1. Os Órgãos Executivos da Autarquia Local

Os órgãos executivos das autarquias locais são constituídos pelo conselho


municipal ou de povoação e pelo presidente do conselho municipal ou de povoação.

3.1.2. O Conselho Municipal ou de Povoação

O conselho municipal ou de povoação é o órgão executivo colegial constituído


pelo presidente do conselho municipal ou de povoação e pelos vereadores por ele
escolhidos e nomeados. O número de vereadores é fixado pela assembleia da municipal
ou de povoação sob proposta do presidente do conselho municipal ou de povoação, de
acordo com parâmetros estabelecidos por lei33. Em especial, a lei opera uma distinção
entre duas categorias de vereadores: os vereadores em regime de permanência e os
vereadores em regime de tempo parcial. Cabe ao presidente do conselho municipal ou
de povoação de definir quais são os vereadores que exercem as funções em cada um dos
dois regimes. Os vereadores respondem perante o Presidente do Conselho Municipal ou
de Povoação e submetem-se às deliberações tomadas por este órgão, mesmo no que toca
às áreas funcionais por si superintendidas

3.1.3. O Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação

O presidente do conselho municipal ou de povoação dirige o conselho municipal


ou de povoação. O Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação é o órgão
executivo singular da respectiva autarquia local. Ele é eleito por cinco anos36, por
sufrágio universal, directo, igual, secreto e pessoal, por escrutínio maioritário
uninominal em dois sufrágios, dos cidadãos eleitores recenseados e residentes na
respectiva circunscrição territorial.

A lei vigente atribui numerosas competências ao presidente do conselho


municipal ou de povoação. Pode-se classificá-las em cinco grupos distintos: as
competências de direcção e de administração (por exemplo, a direcção e a coordenação
do funcionamento do conselho municipal ou povoação); as competências de
representação (por exemplo, o presidente do conselho municipal ou de povoação é o
representante legal da autarquia local); as competências de execução e de controlo (por
exemplo, o presidente do conselho municipal ou de povoação é o principal responsável
para a execução das deliberações da assembleia municipal ou de povoação);
competências em matéria de nomeação dos vereadores e do pessoal administrativo.
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3.2.A Autonomia local

A “autonomia local”, é ”o direito e a capacidade efectiva das autarquias locais


regulamentarem e gerirem, nos termos da lei, sob sua responsabilidade e no interesse
das respectivas populações, uma parte importante dos assuntos públicos”. A autonomia
local pressupõe, para além dos referidos direitos, o de participar na definição das
políticas públicas nacionais que afectam os interesses das respectivas populações locais;
o direito de compartilhar com o Estado o poder de decisão sobre as matérias de interesse
comum; o direito de regulamentar, na medida do possível, normas ou planos nacionais,
de maneira a melhor adaptá-las às realidades locais. O princípio da autonomia das
autarquias locais é consagrado pela Constituição (Artigo 8 e n° 3 do Artigo 276) e pela
lei50. Em especial, a lei consagra três tipos de autonomia: a autonomia administrativa
(a), a autonomia financeira (b) e a autonomia patrimonial (c) das autarquias locais.

3.2.1. A Autonomia Administrativa

A autonomia administrativa desdobra-se, por si própria, em dois tipos de


autonomia: a autonomia normativa e a autonomia organizacional.

3.2.2. A Autonomia Normativa

As autarquias locais dispõem de uma autonomia normativa que se exprime pela


sua aptidão em elaborar os regulamentos livremente aprovados no âmbito material dos
próprios interesses da comunidade. Têm um poder regulamentar e este poder
regulamentar é consagrado pela Constituição (Artigo 278 da Constituição). Por outros
termos, no domínio dos seus próprios interesses, as autarquias locais podem elaborar e
aprovar regulamentos cuja aprovação não está sujeita à autorização do legislador ou do
governo.

3.2.3. A Autonomia Organizacional

A autonomia organizacional ou auto-organização constitui uma das


componentes essenciais do princípio fundamental de livre administração das autarquias
locais que se concretizam, mais particularmente, pela criação e pela organização de
serviços públicos autárquicos, e pela autonomia de que dispõe a autarquias na sua
organização interna e a gestão do seu pessoal.

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4. Conclusão

Com este trabalho de pesquisa pode-se concluir que os governos locais em


Moçambique tenham sido reorganizados no momento em que o país levava a cabo o
processo de transição democrática como forma de aprofundamento da democracia,
eles ainda não estão a contribuir de forma efectiva para este fim. Pois, não há
efectivação de todos os critérios referentes ao processo democrático.

Alinhando-se com o modelo ideal de descentralização territorial que foi


imaginada no fim dos anos 90 em Moçambique foi introduzido numa realidade
“agressiva”: insuficiências de meios materiais e financeiros, exiguidade dos recursos
humanos, nomeadamente, do pessoal bem formado nas novas técnicas da
descentralização, infra-estruturas, a maior parte do tempo, degradadas e/ou em mau
estado de funcionamento e dos eleitores na expectativa de uma mudança radical na
gestão dos recursos locais.

Em síntese, por fim Contudo, as autarquias locais souberam fazer face a essas
dificuldades com mais ou menos sucesso e a imensa maioria dos cidadãos
moçambicanos reconhece a sua utilidade. A descentralização é, por natureza, um
processo e, como qualquer processo social, o elemento temporal desenvolve um
papel importante na estruturação progressiva da sua dinâmica. O processo de
descentralização é ainda jovem em Moçambique e terá ainda necessidade do apoio
do Estado. O Estado deve medir os efeitos da descentralização - processo que ele
próprio empreendeu e estar consciente do grande potencial criativo que este processo
pode gerar.

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5. Referências Bibliográficas

ALVES, A Teixeira & COSSA, Benedito Ruben (1997). Guião das Autarquias
Locais, Maputo: Guambe & Wiemer (editores).

ALVES, A.T; & COSSA, B. R. (1998). Guião das Autarquias Locais. Maputo.

AMARAL, D. F. do (1997), Curso do Direito Administrativo, 3ª edição, Vol I,


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BUENDIA, Miguel (1995), “Democracia, Cidadania e Escola”. In:


MoçambiqueEleições Democracia e Desenvolvimento, Maputo: Mazula (Ed.).

CAETANO, M. (2007), Manual de Direito Administrativo, 10ª edição, TOMO


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CISTAC, G. (2001), Manual de Direito das Autarquias Locais, Livraria


Universitária: Maputo.

CHIAVENATO, I. (2000). Iniciação a Administração Geral. Makron Books.


São Paulo.

FARIA, Fernanda & CHICHAVA, Ana (1999); Descentralização e


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LALA, Anícia & EOSTHEIMER, Andreia (2004), Do processo democrático?


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MAE (2002). Folha Informativa dos Municípios II. Maputo Julho de 20002:
MAE/DNDA (Ed.).

MAZULA, A., (1998). Autarquias Locais em Moçambique: Antecedentes e


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MEIJA, Margarita (2002), “Autarquias e Género”. In: A Cobertura


Jornalística do Processo de Descentralização. Maputo: Frederico Ebert Stiftung.

NUVUNGA, Adriano (2000); A Coabitação entre os Órgãos Locais do Estado


e do Poder Local: O Caso da Cidade de Chókwe-1998-2001. Maputo.

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ZAVALE, G.J.B. (2011). Municipalismo e Poder Local em Moçambique.
Maputo, Moçambique: escolar editora.

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