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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO

INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

PLANO CURRICULAR DO

ENSINO SECUNDÁRIO

(PCES)

Documento Orientador

Objectivos, Política, Estrutura, Plano de Estudo e Estratégia de Implementação

Maputo, Março 2021

INDE
INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
INDICE
LISTA DAS ABREVIATURAS

UP – Universidade Pedagógica. 3

VBG – Violência Baseada no Género 3

II. INTRODUÇÃO 1

II. CONTEXTO 2

2.2 Sócio-Cultural e Educativo 4

3. Perspectivas do Ensino Secundário 5

III. POLÍTICA GERAL 8

3.1 Objectivos do Sistema Nacional de Educação (SNE) 8


aft
Dr

2.2 Princípios orientadores do Currículo do Ensino Secundário (ES) 9

2.2.1 Educação inclusiva 9

2.2.2 Aprendizagem centrada no aluno 10

2.2.3 Ensino-aprendizagem orientado para o desenvolvimento de competências


para a vida 10

2.2.4 Ensino Secundário Integrado 11

2.2.5 Ensino-aprendizagem em espiral12

4. Objectivos do Ensino Secundário 14

4.1 Objectivos do 1º Ciclo do ES 14

3.2 Objectivos do 2º Ciclo do ES 15

4. Perfil do graduado do ES 16

IV. INOVAÇÕES NO ENSINO SECUNDÁRIO 19

4.1 Escolaridade Obrigatória 19

4.2 Integração disciplinar20

4.2 Ciclo de Aprendizagem no 1º Ciclo 20


V. ÁREAS CURRICULARES 21

5.1 Áreas Curriculares do 1º ciclo (ES1) 21

5.1.2 Área de Matemática e Ciências Naturais 25

5.1.3 Área de Actividades Práticas e Tecnológicas 27

5.2.2 Área de Comunicação e Ciências Sociais 34

5.2.3 Área de Matemática e Ciências Naturais 35

5.2.4 Área de Artes Visuais 37

5.2.5 Área de Actividades Práticas e Tecnológicas. 37

6.1 Plano de Estudo do 1º Ciclo 40

6.2 Plano de Estudo do 2º Ciclo 42


aft
Dr

6.3 Distribuição das disciplinas por classes 45

6.4 Carga Horária 45

VII. SISTEMA DE AVALIAÇÃO 50

VIII. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO 52

IX. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PROGRAMAS DO ENSINO


SECUNDÁRIO 53

Referências Bibliograficas 56
Lista das abreviaturas

BIE – Bureau Internacional da Educação


CALE – Conselho de Avaliação do Livro Escolar
CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
DINEG – Direcção Nacional de Educação Geral
EB – Ensino Básico
ES – Ensino Secundário
ES1 – Ensino Secundário do 1º ciclo
S2 – Ensino Secundário do 2º ciclo
ETPVV – Ensino Técnico-Profissional e Vocacional
INDE – Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação
INE – Instituto Nacional de Estatística
ITS – Infecções de Transmissão Sexual
L2 – Língua Segunda
MCTESTP – Ministério de Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional
MINEDH – Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano
aft
Dr

MMCAS – Ministério da Mulher e da Coordenação da Acção Social


MISAU – Ministério da Saúde
ONG – Organização Não Governamental
OTEO – Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias
PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
PARPA – Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
PCEB – Plano Curricular do Ensino Básico
PCESG – Plano Curricular do Ensino Secundário Geral
PEBIMO – Projecto de Escolarização Bilingue em Moçambique
PEE – Plano Estratégico da Educação
PIB – Produto Interno Bruto
PRE(S) – Programa de Reabilitação Económica (e Social)
SADC – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
SNE – Sistema Nacional de Educação
TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
UEM – Universidade Eduardo Mondlane
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura.
UP – Universidade Pedagógica.
VBG – Violência Baseada no Género
1

I. INTRODUÇÃO

A Educação é um instrumento fundamental para o desenvolvimento do capital humano,


condição necessária para a redução da pobreza no país. É um processo dinâmico, através do
qual a sociedade prepara as novas gerações para enfrentarem com sucesso, as constantes
mudanças que ocorrem ao nível global.

Em Moçambique, a Constituição da República preconiza a Educação como um direito e


dever de todos os moçambicanos, um instrumento para a melhoria das condições de vida do
cidadão. Neste contexto, o Plano Estratégico da Educação (PEE) 2020-2029 estabelece que a
educação deve formar cidadãos com conhecimentos, habilidades, valores morais e cívicos,
capazes de contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade coesa e adaptada ao mundo
em constante mudança. Para o efeito, o sector deve implementar um sistema nacional
inclusivo, equitativo, eficiente e inovador, capaz de garantir uma aprendizagem de qualidade
e ao longo da vida que promova a sustentabildade.

A Lei n° 18/2018, de 28 de Dezembro, do Sistema Nacional de Educação (SNE), preconiza


um Ensino Secundário (ES) com dois ciclos de aprendizagem, sendo, o primeiro, de 7ª à 9ª
classe e o segundo, de 10ª à 12ª classe. A escolaridade obrigatória é de 1ª à 9ª classe. Neste
sentido, a educação básica de 9 classes vai aumentar a demanda no 1º ciclo do Ensino
Secundário o que vai implicar a necessidade de aumento impetuoso de mais salas de aula,
formação de mais professores, o que se afigura difícil em curto espaço de tempo. Assim, o
Ensino à Distância (EaD) poderá representar uma alternativa para a democratização do
Ensino Secundário.

O 1º ciclo do ES faz parte do Ensino Básico, continuando a filosofia de integração disciplinar


e abordagem espiral dos conteúdos, tendo como principal inovação as disciplinas de Ciências
Sociais e Ciências Naturais.

A integração disciplinar é o pilar para a construção do pensamento crítico e auxilia na


formação de cidadãos bem informados e empáticos. Permite explorar as melhores
metodologias de abordagem de conhecimentos de vários ramos do saber, ampliando a
capacidade reflexiva do aluno no campo das ciências e enriquecendo a sua visão do mundo,
adequando ao seu desenvolvimento cognitivo à faixa etária.

O PCES é o resultado de um amplo trabalho de consulta a diferentes intervenientes do


2

processo educativo que envolveu organizações sociais e profissionais, líderes comunitários,


académicos, alunos, professores e técnicos da educação. A construção deste documento
considerou as pesquisas, contribuições, princípios e resoluções publicados em vários
documentos produzidos pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano
(MINEDH), Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), instituições de
ensino superior e de organizações nacionais e internacionais.

O presente documento está estruturado da seguinte forma: I. Introdução; II. Contexto


(Político e Económico, Sócio-Cultural e Educativo, Perspectivas do Ensino Secundário); III.
Política Geral, que aborda Objectivos do Sistema Nacional de Educação (SNE), Princípios
Orientadores do Currículo do Ensino Secundário (ES), Objectivos Estratégicos para o ES,
Objectivos Gerais do 1º e 2º Ciclos do ES; IV. Inovações no Ensino Secundário; V. Áreas
Curriculares; VI. Plano de Estudo do Ensino Secundário; VII. Sistema de Avaliação e VIII.
Estratégias de Implementação.

II. CONTEXTO

A construção de um currículo é um processo dinâmico que se deve ajustar às contínuas


transformações da sociedade. Assim, passa-se a descrever os contextos político, económico,
sócio-cultural e educativo do país e as perspectivas do ensino secundário.

2.1 Político e Económico

Moçambique é um país com uma democracia multipartidária, de acordo com a Constituição


de 1990. O cidadão, a partir dos dezoito anos, tem o direito de eleger e de ser eleito para
qualquer cargo de governação. O Poder Executivo compreende um Presidente da República,
um Primeiro-Ministro e Conselho de Ministros. O Legislativo é constituído por uma
Assembleia da República, Assembleias Provinciais e Municipais. O Poder Judiciário
compreende um Tribunal Supremo e Tribunais Superior de Recurso, Tribunais Judiciais
Provinciais, Distritais. As eleições gerais para a escolha do Presidente e da Assembleia da
República realizam-se de cinco em cinco anos.

Moçambique registou um crescimento significativo da população nas últimas cinco décadas,


de 7,5 milhões de habitantes em 1960 para 28,8 milhões em 2017 - um aumento estimado de
388 por cento -Instituto Nacional de Estatística (INE). Com uma taxa média anual de
crescimento de cerca de 2,7 por cento. O ritmo de crescimento da população moçambicana é
superior à média africana (2,58%) e 2.3 vezes superior à média mundial (1,2%). O rácio da
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população total por sexo era de 0,950 (950 homens por 1 000 mulheres), sendo menor que o
rácio da população por sexo em África estimada em (1 016 homens para 1 000 mulheres a
partir de 2015). A densidade populacional actual é de cerca de 34 pessoas por quilómetro
quadrado. Em 2017, cerca de 68.56 por cento da população vivia em áreas rurais, enquanto
31.44 por cento estão em áreas urbanas. Espera-se que a população moçambicana cresça
rapidamente, embora com uma taxa de aumento progressivamente reduzida; o actual
crescimento anual de 2,7% deverá diminuir para cerca de 2.2% nos meados da década de
2030. A população jovem (crianças menores de 15 anos), que representa actualmente 45% da
população total, continuará a crescer a um ritmo menor, e responderá apenas por 38% até
2035. Mesmo diminuindo, a taxa de dependência infantil continuará a aumentar,
permanecendo alto, ilustrando o enorme desafio de providenciar serviços de educação a todas
as crianças. Contudo, esta tendência decrescente pode ter um efeito positivo no encargo
financeiro. Em 2035, 100 adultos teriam que cuidar de 64 crianças (menores de 15 anos), em
comparação com 85. Moçambique tem ainda um dos níveis mais elevados de população
jovem e adulta não alfabetizada, cerca de 39,0% (sendo 49,4 de mulheres) em 2017. Estima-
se que 2,1 milhões pessoas viviam com HIV/SIDA no país em 2018. Em 2016, o número de
mortes por HIV / AIDS entre a população economicamente activa foi 62 mil pessoas. O nível
de desnutrição é alto e a malária ainda é a maior causa de morte, com 35% da mortalidade
infantil.

A economia moçambicana registou, de 2000 a 2014, um crescimento de cerca de 7% (Banco


Mundial, 2014), mas debateu-se com um peso excessivo da dívida externa cujo serviço
absorveu cerca de 30% do orçamento anual do estado. Este facto fez com que o país
continuasse vulnerável à crise financeira global e económica, necessitando, deste modo, de
medidas de mitigação para assegurar que o crescimento macroeconómico e estabilidade
pudessem beneficiar todos os moçambicanos, sem qualquer discriminação, através da criação
e expansão de oportunidades de emprego, geração de rendimentos e acesso a alimentos,
educação e cuidados de saúde.

O país vem se afirmando em diversas áreas, tais como agricultura mecanizada, saúde e
energias renováveis, mineração, as quais exigem técnicos altamente qualificados, o que
constitui um grande desafio para o nosso sistema educativo.

A Agenda 2030 preconiza erradicar a pobreza e a fome em todos os lugares; combater as


desigualdades dentro e entre os países; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas;
proteger os direitos humanos e promover a igualdade de género e o empoderamento das
4

mulheres e raparigas; assegurar a protecção duradoura do planeta e dos seus recursos


naturais; criar condições para um crescimento inclusivo e economicamente sustentável.

De igual modo, a Agenda do Desenvolvimento Sustentável, no seu Objectivo 4 (ODS4),


assegura a educação inclusiva e equitativa e de qualidade e promove oportunidades de
aprendizagem para todos ao longo da vida, permitindo que:

 todos, raparigas e rapazes, completem o Ensino Primário e Secundário, equitativo e de


qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes;

 substancialmente, o número de jovens e adultos com habilidades relevantes, inclusive


competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e
empreendedorismo;

 todos, raparigas e rapazes, tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na


primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles estejam aptos
para o ensino primário;

 haja a construção e melhoramento instalações físicas para educação, apropriadas para


crianças e sensíveis às pessoas com deficiência e ao género e que proporcionem
ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos;

 se eliminem as disparidades de género na educação e garantir a igualdade de acesso a


todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis,
incluindo as pessoas com deficiência e Necessidades Educativas Especiais;

 se assegure a igualdade de acesso para todos, raparigas e rapazes, à educação técnica,


profissional e superior de qualidade.

2.2 Sócio-Cultural e Educativo

Moçambique é um país multilingue e multicultural habitado por diferentes grupos


etnolinguísticos, com maior predominância para os de origem Bantu.

Em 1983, introduziu-se, em Moçambique, o SNE através da Lei 4/83, de 23 de Março, revista


pela Lei 6/92, de 6 de Maio. Tratou-se de uma alteração total da estrutura educacional até
então vigente. Havendo necessidade de se proceder à revisão desta lei, ao abrigo do disposto
no número 1, do artigo 178 da Constituição da República, surge a lei 18/2018, de 28 de
Dezembro que estabelece o novo regime jurídico do SNE, aplicado a todas as instituições de
ensino públicas, comunitárias, cooperativas e privadas. Esta lei visa promover a
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democratização do ensino, garantindo o direito a uma justa e efectiva igualdade de


oportunidades no acesso e sucesso escolar dos cidadãos.

Por seu turno, o Plano Estratégico da Educação (2020-2029), considera como uma das
prioridades expandir o acesso equitativo ao Ensino Secundário e garantir a retenção e
conclusão para o aluno/aluna dos seus estudos para se inserir na vida social e no mercado
de trabalho.

O currículo do ESG, introduzido em 2008, contemplava disciplinas profissionalizantes, as


quais pressionaram o currículo então vigente em termos de carga horária. No entanto, a sua
leccionação, em grande parte das escolas, segundo o Relatório da Caracterização do Corpo
Docente, INDE (2020) e o Relatório da consulta às Universidades, DPEDH, SDEJT,
Professores e Encarregados de Educação, INDE (2020) não foi efectiva, por falta de
professores especializados e exiguidade de meios.

3. Perspectivas do Ensino Secundário

No âmbito da Agenda 2025, a visão estratégica, no que concerne ao desenvolvimento do


capital humano, está orientada a uma formação integral do Homem moçambicano assente em
quatro pilares: Saber Ser, Saber Conhecer, Saber Fazer, Saber Viver Juntos e com os outros
(Agenda 2025, 129).

As opções estratégicas, em relação à educação, destacam a massificação de um ensino


secundário de qualidade que garanta competências essenciais aos jovens e adultos para a
continuação de estudos, inserção no mercado de trabalho e na sociedade. Esta visão está
alinhada com o PEE. A sua concretização implica garantir o acesso equitativo, inclusivo e a
conclusão do Ensino Secundário, dando atenção especial às raparigas, adolescentes e jovens
com deficiência e/ou com necessidades educativas especiais, priorizando a obrigatoriedade
do Ensino Secundário do 1º Ciclo (ES1) por meio dos seguintes indicadores:
a) alargar a rede escolar pública com base na carta escolar e introduzir soluções
diversificadas;
b) expandir o Ensino Secundário à Distância de forma sustentável;
c) adoptar medidas para a redução do absentismo e abandono escolar, em particular o
combate à Violência Baseada no Género (VBG) – violência sexual, uniões
prematuras, uniões forçadas e gravidezes precoces;
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d) assegurar uma educação de qualidade de modo que os alunos concluam o Ensino


Secundário e estejam preparados para continuar os seus estudos e aceder ao mercado
de trabalho;
e) adoptar medidas para melhorar a aprendizagem no Ensino Secundário;
f) realizar uma transformação curricular, à luz da Lei 18/2018, do SNE e implementar o
currículo do ES;
g) realizar a avaliação de desempenho dos alunos no final do ES1;
h) assegurar a governação e a liderança eficiente e eficaz do ES, a todos os níveis para:
 garantir a gestão eficiente e participativa da escola;
 desenvolver parcerias público-privadas.

No que diz respeito às estratégias de implementação do ES, destacam-se as seguintes:

a) diversificar as ofertas educativas e temáticas através de actividades extra-curriculares,


criação de grupos/círculos de interesse, mocidade (associações de jovens) e outros;

b) reforçar o nível de domínio de línguas moçambicanas (portuguesa e as de origem


bantu);

c) desenvolver o domínio das línguas inglesa e francesa para facilitar a pesquisa


científica nas escolas;

d) dar oportunidade de aprender línguas nacionais e outras línguas estrangeiras;

e) incrementar o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino;

f) incrementar o ensino das disciplinas de Science Technology Enginering and Maths -


Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM).

Dos grandes desafios do sector da educação, destacam-se ainda o apetrechamento das


escolas, a qualificação dos professores, a expansão das oportunidades de acesso a uma
educação de qualidade (com envolvimento de parceiros da sociedade civil, incluindo
instituições religiosas e o sector privado) e a introdução do ensino à distância.

O novo contexto político, económico e sócio-cultural, a nível nacional e mundial remete para
uma nova visão do Ensino Secundário (ES), pois as tendências actuais do ES a nível da
região Austral, do continente Africano e do mundo apontam quase todas para a melhoria do
acesso, da equidade e da qualidade de ensino através de um currículo realista e relevante.

A nível da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC),


Moçambique subscreveu, em 1997, um protocolo sobre Educação e Formação no qual se
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compromete, entre outros aspectos, a desenvolver o subsistema do Ensino Secundário,


estabelecendo comparações e trocas de experiência com os países da região, de modo a
harmonizar os diferentes currículos, tanto para a formação do aluno, como a do professor. O
protocolo realça a componente prática da formação a nível do ES 1, como essencial para a
integração do jovem no sector laboral.

A nível mundial, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO) definiu estratégias que assentam sobre algumas directrizes emanadas da
"Estratégia a médio prazo da UNESCO (2002-2008)", do "Relatório Internacional sobre a
Educação no século XXI" (Relatório Delors), do "Quadro de Acção para o Fórum Mundial de
Dakar (objectivos 3, 5 e 6)" e do "Seminário Internacional de Especialistas do Ensino
Secundário2, no seu objectivo 4". Estas estratégias visam o enquadramento das reformas do
ES a nível mundial e a criação de sinergias entre os diferentes parceiros internacionais. Para
esse efeito, a UNESCO definiu orientações estratégicas para o ES3, à atenção dos Estados
membros, das quais se destacam as seguintes:

a) rever a estrutura dos programas, de modo a torná-la mais flexível na organização dos
conhecimentos, integrando habilidades necessárias para a vida e a componente
prática, oferecendo diversas opções de programas (áreas vocacionais) e reforçando o
elo com o sector laboral;

b) desenvolver estratégias inovadoras que permitam a leccionação de Actividades


Práticas e Tecnológicas (APT) no ES;

c) proporcionar ao jovem adolescente uma educação apropriada que lhe permita a


adopção de atitudes e comportamentos responsáveis e positivos, face à problemática
do HIV/SIDA, do consumo de drogas e da violência;

d) promover o desenvolvimento de valores e competências necessárias para a vida;

e) garantir a qualidade da formação inicial e em exercício do professor;

f) desenvolver métodos de ensino, estruturas e serviços escolares inovadores, adaptados


ao ensino das habilidades e competências necessárias para a vida e para a educação
comportamental;

1
Protocolo on Education and Training, Setembro de 1997.
2
Beijing, Républica Popular da China, 21-25 de Maio de 2001.
3
Secção do Ensino Secundário Geral, UNESCO, Paris, Dezembro de 2001.
8

g) promover uma abordagem multi-sectorial para o desenvolvimento de competências


necessárias para a vida, envolvendo diferentes Ministérios, sector laboral,
organizações não-governamentais (ONG), pais e encarregados de educação e
comunidades locais.

Os desafios que se colocam para o ES em Moçambique enquadram-se dentro das


perspectivas do mesmo ensino, a nível da região e do mundo, cujas tendências apontam para
um currículo dinâmico e flexível, com abordagens transversais de conteúdos, com integração
temática, multidisciplinar que concorrem para o desenvolvimento de competências
necessárias para a vida.

Nesta conformidade, é necessário que o ES confira ao jovem um nível de conhecimentos


relevantes e o saber fazer, necessário para a sua integração social.

III. POLÍTICA GERAL

3.1 Objectivos do Sistema Nacional de Educação (SNE)

De acordo com a Lei no 18/2018, de 28 de Dezembro, os objectivos gerais do Sistema


Nacional de Educação traduzem-se em:
a) erradicar o analfabetismo de modo a proporcionar a todo moçambicano o acesso ao
conhecimento científico e tecnológico, bem como o desenvolvimento pleno das suas
capacidades e a sua participação em vários domínios da vida do país;
b) garantir a educação básica e inclusiva a todo cidadão de acordo com o
desenvolvimento do país, através da introdução progressiva da escolaridade
obrigatória;
c) assegurar a todo cidadão o acesso à educação e à formação profissional;
d) garantir elevados padrões de qualidade de ensino e aprendizagem;
e) formar o cidadão com uma sólida preparação científica, técnica, cultural e física e
elevada educação moral, ética, cívica e patriótica;
f) promover o uso das tecnologias de informação e comunicação;
g) formar o professor como educador e profissional consciente com profunda formação
científica, pedagógica, ética e moral, capaz de educar a criança, o jovem e o adulto
com valores da moçambicanidade;
9

h) criar condições para formar cientistas e especialistas devidamente qualificados que


possam permitir o desenvolvimento tecnológico e investigação científica;
i) desenvolver a sensibilidade técnica e capacidade artística da criança, do jovem e do
adulto, educando-os no amor pelas artes e gosto pelo belo;
j) valorizar as línguas, cultura e história moçambicanas com o objectivo de preservar e
desenvolver o património cultural da nação;
k) desenvolver as línguas nacionais e a Língua de Sinais de Moçambique, promovendo a
sua introdução progressiva na educação do cidadão, visando a sua transformação em
língua de acesso ao conhecimento científico e técnico, à informação bem como de
participação nos processos de desenvolvimento do país;
l) desenvolver o conhecimento da Língua Portuguesa como língua oficial e meio de
acesso ao conhecimento científico e técnico, bem como de comunicação entre os
moçambicanos e com o mundo;
m) promover o acesso à educação e retenção da rapariga, salvaguardando o princípio de
equidade de género e igualdade de oportunidades para todos.

2.2 Princípios orientadores do Currículo do Ensino Secundário (ES)

Os princípios orientadores do Currículo do ES referem-se aos pressupostos teóricos que o


norteiam. Estes explicitam o modo como se conceptualizam e se organizam os elementos que
constituem o processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto, são indicados os seguintes
princípios orientadores deste currículo:

2.2.1 Educação inclusiva

A educação é um direito de todo o cidadão. O currículo do ES pauta por uma educação


inclusiva que se consubstancia na igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.

No que concerne à equidade de género, destacam-se as acções que promovem o ingresso da


rapariga e o desenvolvimento de estratégias para a sua retenção na escola. Estas incluem a
criação de um ambiente seguro, a existência de professoras e a realização de actividades que
atraiam as raparigas para a escola.

Relativamente aos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), é importante


referir que, segundo o Censo 2017, existe em Moçambique aproximadamente 27.620
10

pessoas com deficiência e deste número, encontramos alunos com deficiência e/ou com
NEE. Assim, deverão ser criadas condições para que estes alunos se sintam livres de
qualquer forma de discriminação, através da promoção de atitudes e valores como: a
solidariedade, o respeito às diferenças individuais, o amor ao próximo, entre outros
aspectos. Os alunos com deficiência auditiva enfrentam ainda a barreira da comunicação que
deverá ser quebrada através do uso da Língua de Sinais, utilização de meios áudio-visuais e
celulares. Os alunos com deficiência visual deverão ter a oportunidade de ler e escrever
através do Sistema de Grafia Braille. Os alunos com dificuldades de aprendizagem e com
autismo, o professor deverá diagnosticar a necessidade educativa e desenvolver estratégias
de acompanhamento e remediação, tendo em conta o nível e tipo de défice.

A educação inclusiva tornar-se-á efectiva se estiver enraizada na prática educativa, na vida da


escola e da comunidade. Deste modo, a escola, para além de desenvolver competências
relevantes para a vida, deverá, por si, constituir-se num espaço de prática e de exercício dos
Direitos Universais do Homem, isto é, na forma como a escola se organiza, na maneira como
os diferentes actores interagem no processo educativo e no trabalho pedagógico, dentro e fora
da sala de aula.

2.2.2 Aprendizagem centrada no aluno

O currículo do ES coloca o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem, actuando


como sujeito activo na busca de conhecimento e na construção da sua visão do mundo.

Nesta concepção de ensino, o professor actua como facilitador a quem cabe criar
oportunidades educativas diversificadas que permitam o aluno desenvolver as suas
potencialidades. Neste processo, o aluno é o factor condicionante do ensino e a instituição o
canal de expressão onde o conhecimento é compartilhado.

2.2.3 Ensino-aprendizagem orientado para o desenvolvimento de competências para a


vida

A sobrevivência no mundo actual exige que as pessoas sejam capazes de resolver problemas
complexos, adaptar-se a mudanças rápidas e saber viver com os outros. Nesta perspectiva, o
currículo do ES pretende preparar o cidadão para a vida, ou seja, com vista a aplicar os seus
conhecimentos na resolução de problemas e para continuar a aprender ao longo da vida.
11

O desenvolvimento de competências relevantes para a vida tem um carácter transversal que


ultrapassa os limites da escola. Neste sentido, todos os momentos da vida, dentro e fora da
escola, deverão constituir oportunidades de aprendizagem efectiva, através da prática e
procura de soluções variadas para problemas complexos, com base na concepção de que o
sucesso do processo de ensino-aprendizagem depende, também da utilidade do que se
aprende para a vida.

Neste contexto, a abordagem de ensino deverá estar orientada para a solução dos problemas
da comunidade, através da ligação entre os conteúdos veiculados pelo currículo e a sua
aplicação em situações concretas da vida.

2.2.4 Ensino Secundário Integrado

Segundo Rogers & Deketele (2004, p.18), integração é "uma operação pela qual diferentes
elementos inicialmente dissociados se tornam interdependentes, para fazê-los funcionar de
uma maneira articulada, em função de um determinado objectivo".
Assim, o ES Integrado caracteriza-se por fornecer ferramentas ao aluno para desenvolver um
conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, de forma articulada, com todas as
áreas de aprendizagem, que compõem o currículo, conjugados com as actividades práticas e
apoiado por um sistema de avaliação, predominantemente formativo. Com o auxílio das TIC,
a concretização deste objectivo permite levar os alunos a analisarem os fenómenos sob
diferentes perspectivas, relacionando várias áreas de conhecimento com a abordagem de
conteúdos das diversas disciplinas na perspectiva STEM4.

Os programas de ensino, os materiais escolares, sobretudo o livro do aluno e o manual do


professor são instrumentos que facilitam o trabalho do professor, ajudando e mostrando as
possibilidades de abordagem integrada das diferentes unidades temáticas.

O desenvolvimento de projectos comuns potencia a integração, através do envolvimento de


professores e alunos na busca metódica de informação em diferentes fontes e na sua
sistematização com a qualidade e o rigor requeridos neste nível de ensino. Assim, a
integração permite, por um lado, que a partir de um mesmo projecto o aluno possa exercitar
vários aspectos específicos das disciplinas e questões transversais e por outro lado, os

4
Science Technology Enginering and Maths: Nova abordagem didáctica associada a uso de tecnologias tais
como quadros interativos, tablets, celulares, robótica, inteligência artificial, etc.
12

professores das diferentes disciplinas poderão, em conjunto, fazer um acompanhamento do


progresso do aluno, para obter uma imagem do desempenho do mesmo, através deste
instrumento.

A integração acontece na escola, na sala de aula ou fora dela, através do trabalho do


professor, da direcção e dos demais intervenientes, na organização e realização de actividades
práticas. A escola deverá fazer um aproveitamento de todas as possibilidades que os meio
escolares e circunvizinhos oferecem, para uma formação integral do aluno.
2.2.5 Ensino-aprendizagem em espiral

A construção do conhecimento é entendida como um processo em que se vão acomodando as


novas aprendizagens, retomando e valorizando as experiências já adquiridas.

Nesta perspectiva, os conteúdos e as aprendizagens são retomados em diferentes momentos


do processo de ensino-aprendizagem, isto é, nos programas, os temas sucedem-se de forma
cíclica e gradativa de maneira a que estejam interligados, de um estágio para o outro.
A abordagem em espiral, por um lado, permite ao aluno estabelecer relações entre a
informação nova e a anterior num processo contínuo de construção da sua visão do mundo e,
por outro lado, torna o currículo mais coerente no que diz respeito à sua relação com o meio
natural e social caracterizado por uma interdependência entre o Homem e o meio que o
rodeia.
3. Temas Transversais
Os temas transversais traduzem um conjunto de questões que preocupam a sociedade que,
pela sua natureza social, não pertencem a uma área ou disciplina. Por isso, não é definido ao
nível do currículo um tempo específico. A transversalidade corresponde, por um lado, a
forma como os temas são incorporados no currículo no que diz respeito à sequência,
continuidade e aprofundamento e, por outro lado, à maneira como são tratados do ponto de
vista didáctico, por forma a estabelecer uma ligação com a vida real. Os temas foram
seleccionados pela sua pertinência e abrangência e a sua integração no currículo visa
desenvolver um conjunto de competências que permitem ao aluno reflectir, problematizar,
intervir e transformar a realidade. Neste contexto, foram elencados os seguintes temas, entre
outros:
 Cultura de paz, direitos humanos e democracia;
 Género e equidade;
 Educação Sexual Abrangente;
13

 Saúde e Nutrição;
 Prevenção e combate ao consumo do álcool, tabaco e outras drogas;
 Educação para o desenvolvimento sustentável;
 Segurança rodoviária;
 Preservação do património cultural;
 Identidade cultural e moçambicanidade.
 Educação Financeira.
A abordagem destes temas pressupõe um trabalho de planificação conjunta entre os
professores, na sala de aula e nas actividades co-curriculares. A realização de projectos
destaca-se entre as formas de concretização deste tipo de abordagem, pois mobiliza
professores de várias disciplinas, alunos de uma turma ou mais, permite desenvolver um
leque variado de competências e faz convergir várias áreas de conhecimento em torno de uma
ideia e projectos comuns. O tratamento dos temas acima referidos mobiliza toda a
comunidade escolar, instituições ou organizações ligadas aos temas acima referidos e a
comunidade em geral a comprometerem-se colectivamente na formação dos jovens. A
leccionação destes temas exige ainda que se faça uma reflexão conjunta dos conteúdos a
serem leccionados em cada um dos temas e as respectivas estratégias. Estas deverão
privilegiar a discussão, a possibilidade de confrontar, argumentar e propor mudanças. O
estudo dos conteúdos referentes a cada um dos temas não se esgota no ambiente de sala de
aula, devendo ser extensivo a outros espaços menos formais tais como os círculos de
interesse, encontros juvenis, clubes, entre outros agrupamentos.

3.1. Actividades co-curriculares


Esta secção aborda um conjunto de actividades complementares ao currículo, ou seja extra-
curriculares, que visam promover hábitos de estudo individual e em grupo, o associativismo,
desenvolver habilidades de organização e liderança e o espírito de iniciativa. É um espaço
para aprofundar, experimentar e aplicar os conhecimentos. Como parte integrante da sua
formação, é importante que os alunos conheçam o objectivo destas actividades para que não
sejam entendidas como um mero exercício de ocupação de tempo. Estas actividades deverão
ser desenvolvidas fora do tempo lectivo, isto é, no período oposto às aulas ou aos sábados,
devendo, para o efeito, ser parte integrante do programa da escola.
Os círculos de interesse são um complemento prático do processo de ensino-aprendizagem
onde os alunos desenvolvem uma actividade de acordo com a sua preferência ou vocação,
estabelecendo uma ligação entre as disciplinas e as actividades das comunidades. O
documento sobre Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias (OTEO´s) estabelece um
conjunto de círculos de interesse e actividades a desenvolver, no domínio da preservação do
património cultural, nomeadamente: fotografia e cinema, Artesanato, Artes Plásticas,
14

Literatura, Escultura, Música e Dança. As OTEO´s referem-se ainda à possibilidade de se


organizar círculos de interesse nos domínios de filatelia, culinária; costura e bordados,
colecção de minerais e de conchas e jogos diversos (ciclismo, atletismo, futebol, etc). Assim,
os alunos deverão ser encorajados a aderir aos círculos de interesse, a desenhar os seus
projectos que, uma vez concluídos, a Direcção Pedagógica de cada escola deverá submetê-los
à comunidade escolar e ao conselho de escola, para a discussão e análise da sua pertinência.
Destes projectos deverão ser escolhidos aqueles que pela sua importância, relevância,
coerência e exequibilidade possam ser úteis para a comunidade escolar. Tal como se
recomenda nas OTEO´s os círculos de interesse deverão ser orientados pelos professores,
podendo ser considerada a possibilidade de envolver os alunos como monitores, convidar
pintores, escultores, músicos e outros artistas.
4. Objectivos do Ensino Secundário

De acordo com a Lei 18/2018, de 28 de Dezembro, o Ensino Secundário é o nível pós-


primário em que se ampliam e aprofundam os conhecimentos, as habilidades, os valores e as
atitudes para o aluno continuar os seus estudos, inserir-se na vida social e no mercado do
trabalho.
Assim, são definidos para o ES os seguintes objectivos:
 Desenvolver a aprendizagem do aluno nas áreas de comunicação, Ciências Sociais,
Ciências Naturais, Matemática e Actividades Práticas e Tecnológicas;
 Desenvolver o pensamento lógico, abstracto e a capacidade de avaliar a aplicação de
métodos científicos na resolução de problemas da vida real.
 Levar o aluno a assumir a posição de agente transformador do mundo, da sociedade e
do pensamento.
4.1 Objectivos do 1º Ciclo do ES

O 1º Ciclo do ES visa aprofundar as competências adquiridas no Ensino Primário, preparar os


alunos a fim de continuar os estudos no 2º Ciclo e para a sua inserção no mercado de trabalho
e auto-emprego.

No final do 1º Ciclo do ES, o aluno deve ser capaz de:


a) comunicar fluentemente, oral e por escrito, em língua portuguesa e línguas
moçambicanas, de forma clara, adequando as línguas às diferentes situações de
comunicação;
15

b) comunicar, oral e por escrito, em língua Inglesa e Francesa ou em outras línguas


estrangeiras;
c) comunicar em Língua de Sinais de Moçambique com pessoas com deficiência
auditiva;
d) utilizar as diversas linguagens simbólicas, relacionando-as com o contexto;
e) desenvolver trabalhos de pesquisa e apresentar os relatórios numa linguagem clara,
coerente e objectiva;
f) usar estratégias de aprendizagem adequadas nas diferentes áreas de estudo;
g) ser empreendedor, criativo, crítico e auto-confiante ao desenvolver tarefas ou resolver
problemas, no ambiente escolar e fora deste;
h) aplicar os conhecimentos adquiridos e as tecnologias a eles associados na solução de
problemas da sua família e da comunidade, contribuindo assim, para a melhoria da
qualidade da sua vida e da sua família;
i) reconhecer a diversidade cultural do país (os grupos etno-linguísticos, as crenças
religiosas, as tradições e costumes, o modelo de organização familiar e política),
desenvolvendo acções concretas que visem o respeito e a preservação do património
cultural;
j) manifestar empatia, solidariedade, honestidade e humildade para com o próximo;
k) comportar-se de forma responsável em relação à sua sexualidade e saúde reprodutiva;
l) prestar os primeiros socorros e agir correctamente em situações de perigo, acidentes e
calamidades naturais.
3.2 Objectivos do 2º Ciclo do ES

O 2º ciclo tem como objectivo preparar o aluno para a vida, integração no mercado de
trabalho e a continuação dos estudos no ensino superior.

Deste modo, no final do 2º ciclo, para além de consolidar conhecimentos, habilidades,


atitudes e valores desenvolvidos no 1º ciclo, o aluno deve ser capaz de:
a) comunicar fluentemente, oral e por escrito, em língua portuguesa e línguas
moçambicanas, de forma clara, adequando as línguas às diferentes situações de
comunicação;
b) comunicar, oral e por escrito, em língua Inglesa e Francesa ou em outras línguas
estrangeiras;
16

c) comunicar em Língua de Sinais de Moçambique com pessoas com deficiência


auditiva;
d) aplicar os conhecimentos, habilidades e atitudes da sua área de opção;
e) elaborar projectos de pesquisa na sua área de opção;
f) reconhecer a diversidade cultural do país (os grupos etno-linguísticos, as crenças
religiosas, as tradições e costumes, o modelo de organização familiar e política),
desenvolvendo acções concretas que visem o respeito e a preservação do património
cultural;
g) comportar-se, de forma responsável, em relação à sua sexualidade e saúde
reprodutiva;
h) prestar os primeiros socorros e agir correctamente em situações de perigo, acidentes e
calamidades naturais;
i) desenvolver competências úteis para a vida social e profissional como o
empreendedorismo, o trabalho em equipa, o espírito crítico e as estratégias de
aprendizagem ao longo da vida.
4. Perfil do graduado do ES

O perfil do graduado corresponde ao conjunto de competências que este deve desenvolver


nos domínios do Aprender: Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a ser e
Aprender a viver com os outros.

Aprender a conhecer: é quando tornamos prazeroso o acto de compreender, descobrir ou


construir o conhecimento. É o interesse nas informações, libertação da ignorância. Sendo
assim, o aprender a conhecer exercita a atenção, a memória e o pensamento.

Aprender a fazer: é ir além do conhecimento teórico e entrar no sector prático. Aprender a


fazer, faz com que o ser humano passe a saber lidar com situações de emprego, trabalho em
equipa e valores necessários para cada trabalho. Este pilar é essencial, para que vivamos em
sociedades assalariadas e que, frequentemente, o trabalho humano é trocado pelas máquinas,
o que exige uma realização de tarefas mais intelectuais e mentais.

Aprender a ser: é preparar o Homem moçambicano no sentido estético, espiritual e crítico,


de modo que possa ser capaz de elaborar pensamentos autónomos, críticos e formular os seus
próprios juízos de valor que estarão na base das decisões individuais que tiver de tomar, em
diversas circunstâncias da sua vida.
17

Aprender a viver com os outros: essencial à vida humana, e que, muitas vezes, se torna um
empecilho para a convivência em uma sociedade interactiva. É preciso aprender a
compreender o próximo, desenvolver uma percepção, estar pronto para gerir crises e
participar de projectos comuns. Descobrir que o outro é diferente e saber encarar essas
diversidades, fazem parte da elevação educacional de cada um.

Deste modo, o graduado do ES deve:


a) ter amor próprio, amor pela vida, pela verdade, respeitar e amar o próximo;
b) respeitar os símbolos nacionais e os órgãos de soberania;
c) ter orgulho e respeito pela tradição e cultura moçambicana;
d) adoptar comportamentos responsáveis em relação à sua saúde, da comunidade bem
como à saúde sexual e reprodutiva;
e) comunicar fluentemente, oralmente e por escrito, em língua portuguesa e línguas
moçambicanas em diferentes situações de comunicação;
f) comunicar em língua inglesa, francesa e outras línguas estrangeiras;
g) utilizar as TIC para resolver os problemas do quotidiano;
h) aplicar os conhecimentos e tecnologias para melhorar a sua qualidade de vida;
i) ser responsável e flexível na resolução de problemas pessoais, da família, da
comunidade e na vida laboral, participando com eficácia e qualidade nos processos
produtivos;
j) ser capaz de trabalhar em equipa;
k) ter uma atitude empreendedora no desenvolvimento de actividades que contribuam
para a melhoria da qualidade de vida;
l) respeitar o seu trabalho e o dos outros;
m) utilizar de forma racional e sustentável os recursos naturais;
n) reconhecer a diversidade cultural do país, manifestando atitudes de respeito, de
tolerância, honestidade e solidariedade em relação aos membros dos diferentes
grupos;
o) participar, activamente na vida política, económica e social do país, contribuindo
desta forma para a consolidação da Paz, Democracia, Unidade Nacional e respeito
pelos Direitos Humanos, em particular da mulher, da criança, dos idosos e de pessoas
com deficiência.
18

Para que o graduado tenha o perfil acima definido, deverá desenvolver ao longo do ES, um
conjunto de competências que lhe permitam uma integração e participação efectiva na vida
do país.

5. Competências a desenvolver no Ensino Secundário


Competência - é o que permite a cada um realizar correctamente uma tarefa complexa. A
capacidade de mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes para realizar uma tarefa ou
função. Uma aptidão para cumprir com sucesso alguma tarefa ou função.
O Currículo do ES proporciona aos jovens e adultos um conjunto de competências para
enfrentar com sucesso exigências complexas ou a realização de tarefas, na vida quotidiana.
Assim, o desenvolvimento de competências é um exercício que deverá estar presente em
todos os momentos da vida do aluno, quer na sala de aula, quer fora dela.
Para o ES foram definidas competências consideradas cruciais para o bem-estar do indivíduo
no mundo actual, designadamente:
a) comunicação nas línguas portuguesa, moçambicanas, inglesa, francesa e outras;
b) desenvolvimento da autonomia pessoal e auto-estima (dentro das estratégias de
aprendizagem) busca metódica de informação em diferentes meios e uso responsável
das TIC;
c) desenvolvimento do juízo crítico, rigor, persistência e qualidade na realização e
apresentação dos trabalhos;
d) resolução de problemas que reflectem situações quotidianas da vida económica e
social do país, da região e do mundo;
e) desenvolvimento do espírito de tolerância e cooperação para se relacionar bem com os
outros;
f) uso de leis na gestão e resolução de conflitos;
g) desenvolvimento do civismo e cidadania responsáveis;
h) adopção de comportamentos responsáveis em relação à sua saúde e da comunidade,
bem como em relação ao álcool, tabaco e outras drogas;
i) capacidade de lidar com situações complexas da vida, diversidade e mudança;
j) desenvolvimento de projectos e estratégias de implementação, individualmente ou em
grupo;
k) adopção de atitudes positivas em relação às pessoas com doenças, deficiência e/ou
com NEE, sobretudo de crianças e idosos.
19

6. Valores a desenvolver no ES

As aspirações da sociedade estão enraizadas nas tradições moçambicana, africana e universal


cujo ideal é educar os jovens e adultos para saber ser e saber estar (conviver com os outros),
num ambiente de paz e tolerância, reconhecendo e aceitando a diversidade cultural,
linguística, religiosa, racial, política e social.

A educação baseia-se, assim, no respeito pelo património cultural moçambicano, na cultura


de paz, proporcionando aos jovens e adultos o desenvolvimento da sua identidade nacional,
que equacionados com os valores universais da modernidade, permitirão a sua integração na
aldeia global.

Neste contexto, constituem valores a desenvolver: igualdade, liberdade, justiça, solidariedade,


humildade, honestidade, tolerância, responsabilidade, perseverança, respeito e amor à pátria.
O ES dará continuidade a uma educação para os direitos humanos e democracia, já iniciada
no Ensino Primário.

IV. INOVAÇÕES NO ENSINO SECUNDÁRIO

Neste capítulo, apresentam-se os aspectos que constituem inovações, numa perspectiva de


continuidade do currículo do Ensino Primário, introduzido no país em 2017. Este apresenta as
seguintes mudanças:
 Escolaridade Obrigatória de 9 classes;
 Introdução da Língua de Sinais
 Sistema Braille
 Disciplinas Integradas;
 Ciclo de Aprendizagem no 1º Ciclo, com modelo de avaliação idêntico ao do Ensino
Primário.

4.1 Escolaridade Obrigatória

A Lei nº18/2018, de 28 de Dezembro, estabelece um ensino básico obrigatório de 9 classes,


nomeadamente:
 1ª a 6ª classe, Ensino Primário;
 7ª a 9ª classe, 1º ciclo do Ensino Secundário.
20

A educação constitui um veículo importante para o desenvolvimento de um país e,


Moçambique estabeleceu a escolaridade obrigatória a fim de garantir que todos os alunos
concluam o primeiro ciclo do Ensino Secundário, fornecendo-lhes assim, ferramentas
importantes para progredirem para outros níveis de ensino, bem como, para uma integração
plena na sociedade.

Para o Ministério que superintende o sector da Educação, um dos objectivos da escolaridade


obrigatória é garantir que todas as crianças tenham acesso à Educação Básica. Por outro lado,
o presente modelo, visa harmonizar a política educativa do país com as práticas
internacionais. Para a materialização desta directriz, o governo estabeleceu a gratuitidade das
matrículas do Ensino Básico.

4.2 Integração disciplinar


O desafio de tornar o Ensino Secundário do 1º Ciclo (ES1) obrigatório pressupõe mudanças
estruturais do currículo, nomeadamente a redução do número de disciplinas, o que implica a
redução do número de professores, alocados a uma escola.

A redução do número de disciplinas no 1º ciclo do ES materializar-se-á pela introdução de


duas disciplinas integradas: Ciências Sociais e Ciências Naturais.
A disciplina de Ciências Sociais integra conteúdos das áreas de conhecimento de História,
Geografia e outras; e a de Ciências Naturais que agrega conteúdos de Biologia, Física,
Química e outras áreas afins.

4.2 Ciclo de Aprendizagem no 1º Ciclo

As pesquisas5 mais recentes nesta área indicam que os ciclos de aprendizagem devem
corresponder a blocos de aprendizagem cujos objectivos devem ser avaliados globalmente no
fim do ciclo. Esta perspectiva não exclui avaliações por trimestre ou por ano a título
indicativo para que o professor, os pais e encarregados de educação assim como os próprios
alunos tenham uma ideia da situação dos alunos ao longo do ciclo. Através destas avaliações
o professor poderá tomar algumas medidas com vista à superação das dificuldades de alguns
alunos. A nova abordagem de ciclo requer também um trabalho conjunto dos professores, ao
longo do ano. A reflexão sobre o desempenho de cada aluno deverá envolver todos os

5
Philippe Perrenoud (2004). Os ciclos de Aprendizagem. Um caminho para combater o fracasso escolar. Porto
Alegre: Artmed Editora 2004.
21

professores que com ele trabalham, ao longo do ano e não se limitar ao somatório feito nos
conselhos de notas, no final de cada trimestre. Desta forma, as dificuldades seriam
ultrapassadas em tempo útil, através de estratégias articuladas e controladas por todos os
professores, contribuindo assim para a redução das taxas de reprovação neste nível.

V. ÁREAS CURRICULARES

As áreas curriculares do ES representam um conjunto de saberes, valores e atitudes inter-


relacionados. Estas integram um conjunto de disciplinas orientadas para domínios de
conhecimentos específicos.

O ES1 dá continuidade às áreas de conhecimento iniciadas no EP, nomeadamente,


Comunicação e Ciências Sociais; Matemática e Ciências Naturais e Actividades Práticas e
Tecnológicas (APT).

As áreas curriculares do ES do 2º Ciclo (ES2) e as respectivas disciplinas estão organizadas


de acordo com as áreas de especialização no Ensino Superior. Assim, este ciclo compreende:
(i) um Tronco Comum constituído por disciplinas obrigatórias;
(ii) áreas específicas nomeadamente: Comunicação e Ciências Sociais, Matemática e
Ciências Naturais, Artes Visuais e Cénicas e Actividades Práticas e Tecnológicas.

5.1 Áreas Curriculares do 1º ciclo (ES1)


Nesta secção descrevem-se as áreas curriculares e as competências a serem desenvolvidas em
cada disciplina, tais como o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, resolução de
problemas, juízo crítico, habilidades para lidar com situações complexas da vida, diversidade
e capacidade de trabalhar em grupo. Os valores preconizados para o ES e os temas
transversais deverão estar presentes na prática educativa.
22

5.1.1 Área de Comunicação e Ciências Sociais


A área de Comunicação e Ciências Sociais visa desenvolver a capacidade de comunicar,
oralmente e por escrito, de se situar e se relacionar com o mundo, bem como o
desenvolvimento de atitudes correctas. São, ainda, desenvolvidas competências de carácter
transversal, tais como o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, resolução de
problemas, o juízo crítico e habilidades para lidar com as situações complexas da vida.

Esta área integra as disciplinas de Ciências Sociais, Língua Portuguesa, Línguas


Moçambicanas, línguas estrangeiras como Inglês, Francês, entre outras.

a) Língua Portuguesa

O Português é a língua oficial e de ensino que visa desenvolver competências (Linguística e


Comunicativa) que permitam ao aluno uma integração plena na vida social, cultural,
económica e política do país e do mundo.

A nível do ES, a disciplina de Língua Portuguesa tem como objectivos:


 usar o Português de forma interactiva, de modo a ter uma participação activa,
reflexiva, moral e civicamente correcta em contextos sócio-cultural, político e
económico do país e do mundo;
 comunicar fluentemente, oralmente e por escrito, em vários contextos relevantes da
vida, tais como na família, na escola, na comunidade e no emprego;
 utilizar o Português como instrumento de compreensão da realidade, de acesso ao
conhecimento e à informação, explorando as novas formas de interacção
proporcionadas pelas TIC;
 utilizar o Português como instrumento de unificação e de consolidação da unidade e
consciência nacional e de manifestação de amor patriótico e orgulho de ser
moçambicano;
 desenvolver o hábito e o gosto pela leitura de obras especialmente de autores
moçambicanos, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Neste ciclo, particular atenção será dada à valorização da literatura moçambicana,


contribuindo assim para a preservação do património cultural, e para a construção da
identidade nacional.
23

b) Línguas Moçambicanas

Neste ciclo, o ensino de Línguas Moçambicanas visa promover nos alunos a consciência do
valor das línguas e cultura moçambicanas, no contexto multilingue e multicultural,
contribuindo para a sua melhor inserção na sociedade.

O uso das línguas moçambicanas no ensino tem fundamento na Constituição da República


(2004), que no seu artigo 9, sobre as línguas nacionais, refere que “o Estado valoriza as
línguas nacionais como património cultural e educacional e promove o seu desenvolvimento
e utilização crescente como línguas veiculares da nossa identidade”, não obstante o seu artigo
10, sobre a língua oficial referir que “na República de Moçambique a língua portuguesa é a
língua oficial.”
A Lei 18/2018, de 28 de Dezembro, no seu artigo 5, sobre os (objectivos gerais) destaca o
seguinte: “j) valorizar as línguas, cultura e história moçambicanas com o objectivo de
preservar e desenvolver o património cultural da nação;” e “k) desenvolver as línguas
nacionais e a língua de sinais, promovendo a sua introdução progressiva na educação dos
cidadãos, visando a sua transformação em língua de acesso ao conhecimento científico e
técnico, à informação bem como de participação nos processos de desenvolvimento do país”.

Neste âmbito, a disciplina tem como objectivos:


 desenvolver a capacidade de análise crítica e objectiva em relação à cultura
moçambicana;
 promover habilidades comunicativas para aumentar a eficácia da comunicação num
contexto multilingue, contribuindo para o reforço da unidade nacional na diversidade
linguístico-cultural;
 aplicar os conhecimentos da Língua Moçambicana na sua vertente escrita;
 comunicar em línguas moçambicanas, oralmente e por escrito, em diferentes situações
de comunicação.

c) Línguas estrangeiras

Moçambique situa-se na África Austral e encontra-se rodeado por países de Língua Oficial
Inglesa. É membro da SADC e da Commonwealth, organizações que têm o Inglês como
principal língua de trabalho.
24

O Inglês é a língua de comunicação internacional mais usada nos domínios científico,


interacções sociais, transacções comerciais, entre outras, o que torna imprescindível o seu
domínio nesta era da globalização.

Entretato, a globalização e a movimentação livre de cidadãos no mundo obriga a interacção


de vários grupos linguísticos. Neste contexto, não é vedada a aprendizagem de outras línguas
estrangeiras.

Assim, a aprendizagem de línguas estrangeiras tem como objectivos:

 utilizar os recursos de que as línguas dispõem na interacção comunicativa, oral ou


escrita com os outros, para a satisfação das suas necessidades;
 desenvolver a competência linguística e comunicativa necessárias para o acesso às
TIC;
 promover a utilização das línguas como instrumento para uma participação efectiva
na vida, isto é, no mercado de trabalho, nos pequenos negócios e nas actividades
turísticas e no contexto familiar.

d) Ciências Sociais

Esta disciplina compreende os conteúdos das disciplinas de História, Geografia e Educação


Moral e Cívica. No Ensino Secundário procura desenvolver competências que permitem
reconhecer o passado, compreender o processo histórico, situar os acontecimentos no espaço
e no tempo; conhecer e localizar os aspectos físico-geográficos e económicos do país, do
continente e do mundo; conhecer os seus direitos e deveres; respeitar os direitos e crenças dos
outros e manifestar atitudes de tolerância e de solidariedade.

No ES, procura aprofundar, consolidar e ampliar as competências desenvolvidas no Ensino


Primário; alargar as capacidades e convicções para compreender melhor a integração de
Moçambique e do Continente Africano no contexto da História mundial.
A aprendizagem desta disciplina tem como objectivos:
 desenvolver habilidades de análise dos processos históricos e uma melhor compreensão
da natureza das sociedades multiculturais e multiraciais, contra quaisquer formas de
preconceitos;
 fornecer instrumentos que possibilitem o acesso à memória colectiva nacional;
25

 promover o amor pela pátria e a consciência de fazer parte de uma sociedade;


 reconstruir o passado e prepará-lo para o exercício da cidadania;
 contribuir para uma crescente consciência acerca das oportunidades e constrangimentos
que afectam os povos tendo em conta diferentes condições naturais, sócio-económicas e
políticas em cada lugar;
 desenvolver um vasto leque de capacidades e competências necessárias e aplicáveis
noutros contextos;
 estimular a compreensão dos processos que deram origem à diversidade dos padrões
espaciais da superfície terrestre e o modo como estes influenciam o desenvolvimento das
sociedades.

Os conteúdos desta disciplina, embora reflictam processos históricos universais, a sua


abordagem neste nível orienta-se para processos africanos e moçambicanos, através da sua
análise e interpretação, estabelecendo relações e conexões com os processos mundiais.

5.1.2 Área de Matemática e Ciências Naturais

A Área de Matemática e Ciências Naturais visa desenvolver competências orientadas para o


conhecimento do mundo e para o desenvolvimento do raciocínio lógico. Nesta área serão
desenvolvidas competências que permitirão ao aluno compreender os conceitos básicos das
ciências, desenvolver habilidades, estratégias, hábitos de pesquisa e comunicação, bem como
relacionar a ciência com a tecnologia, sociedade e ambiente. Assim, esta área é constituída
pelas disciplinas de Matemática e de Ciências Naturais.
a) Matemática

A aprendizagem da Matemática tem como objectivos desenvolver:


 o raciocínio lógico ao operar com conceitos e procedimentos, usando métodos
apropriados;
 a capacidade de se comunicar, ao enunciar propriedades e definições, assim como ao
transcrever mensagens matemáticas da linguagem simbólica (fórmulas, símbolos,
tabelas, gráficos) para a linguagem corrente e vice-versa;
 habilidades tais como: classificar, ordenar, relacionar, reunir, representar, analisar,
sintetizar, deduzir, provar e julgar.
26

Os alunos terão a oportunidade de desenvolver os hábitos de rigor, precisão, ordem, clareza,


criatividade, crítica, persistência, cooperação e uso correcto da linguagem matemática.

b) Ciências Naturais

A disciplina de Ciências Naturais integra conteúdos das disciplinas de Biologia, Química e


Física. No ES, aprofundam-se e consolidam-se as competências desenvolvidas no EP, com
vista a:
 contribuir para a compreensão científica do mundo através da utilização dos
conhecimentos biológicos na explicação da unidade e diversidade da matéria viva;
 desenvolver habilidades que permitam ao aluno aplicar os conhecimentos na
resolução de problemas específicos, quer da disciplina, quer da vida prática social,
mediante observações, realização de experiências, excursões, manuseamento de
instrumentos, aplicação de teorias, leis e princípios no estudo de fenómenos
biológicos;
 promover comportamento responsável perante a sexualidade bem como com a saúde
individual e colectiva a partir dos conhecimentos e fundamentos da educação para a
saúde;
 criar nos alunos o amor pela natureza, estabelecendo relações afectivas com os
organismos;
 contribuir para a protecção, conservação e uso sustentável dos recursos naturais, em
especial da diversidade biológica do nosso país, em benefício da sociedade actual e
futura;
 desenvolver, nos alunos, a capacidade de interpretar cientificamente o mundo;
 proporcionar aos alunos conhecimentos sólidos e de máximo rigor científico sobre
teorias e leis fundamentais, da classificação de fenómenos e substâncias, mostrando a
sua diversidade;
 capacitar os alunos para a correcta utilização das teorias e leis na resolução dos
problemas do quotidiano e na explicação dos fenómenos que ocorrem na natureza;
 descrever fenómenos naturais em linguagem científica, relacionando-os às descrições
na linguagem corrente;
 emitir juízos de valor em relação a situações sociais que envolvam aspectos físicos e
tecnológicos relevantes;
 utilizar a linguagem física adequada e elementos da sua representação simbólica;
27

 realizar uma experiência, descrever o procedimento e explicar os resultados,


utilizando conhecimentos físicos de forma adequada;
 resolver problemas do quotidiano relacionados com fenómenos naturais ou com a
tecnologia, usando criativamente leis, princípios e conceitos físicos.

A apropriação dos conhecimentos científicos e o desenvolvimento das capacidades


intelectuais e manuais dos alunos devem caracterizar-se por um alto grau de participação
destes no processo de ensino-aprendizagem, nesta disciplina, através do trabalho prático
experimental e com recurso a diferentes meios de ensino.

5.1.3 Área de Actividades Práticas e Tecnológicas

A área de Actividades Práticas e Tecnológicas compreende as disciplinas de: Educação


Visual, Educação Física, Tecnologias de Informação e Comunicação, Agro-Pecuária e
Empreendedorismo.

Esta área pretende desenvolver competências orientadas para a actividade prática relacionada
com habilidades psicomotoras e estéticas numa perspectiva de desenvolvimento sustentável e
integral do Homem.

a) Educação Visual

A disciplina de Educação Visual no 1º ciclo, integra vários aspectos, desde o desenho como
forma de expressão e comunicação, ao desenvolvimento de várias técnicas de expressão
como, a pintura, a impressão/estampagem, a gravura, desenho geométrico, entre outras. Com
efeito, esta disciplina orienta o aluno para uma interpretação dos factos, análise crítica e a
intervenção nos projectos gerados a partir de necessidades sociais no sentido da melhoria
estética do ambiente, dando ênfase à criatividade, expressão pessoal e ao respeito pela
individualidade.

A aprendizagem desta disciplina tem como objectivos:


 distinguir os diferentes tipos de projecção e os princípios básicos dos métodos de
representação diédrica e axonométrica;
 aplicar as construções geométricas na resolução de problemas de natureza estética e
utilitária;
28

 interagir com variedade de materiais naturais, recicláveis, convencionais e


multimédios, produzindo trabalhos de arte.

b) Educação Física

A Educação Física estabelece um quadro de relações com as outras disciplinas com as quais
partilha os contributos fundamentais para a formação integral do indivíduo. Ela tem como
referência o corpo e a actividade física, na sua vertente de construção individual e colectiva,
no relacionamento e integração na sociedade.
Estas relações devem incidir sobre uma progressiva integração de um conjunto de atitudes,
capacidades, conhecimentos e hábitos de vida activa, incluindo habilidades etnoculturais, que
contribuem para a melhoria da saúde e da qualidade de vida.

A disciplina de Educação Física é um vector importante na massificação do desporto nacional


e contribui para este propósito através de actividades e de jogos desportivos escolares, os
quais constituem a fonte para o desenvolvimento de talentos a serem integrados nos clubes.

A aprendizagem da Educação Física tem como objectivos:


 contribuir para a compreensão da importância do exercício físico para o bem-estar
físico, mental e social;
 promover a prática, individual e colectiva, da actividade física e do desporto;
 desenvolver hábitos de vida saudáveis, higiene individual e colectiva;
 familiarizar os alunos nos diversos exercícios e desportos que contribuem para a
manutenção da saúde, beleza e estética do corpo;
 promover o respeito pelas leis, religiões, culturas e o amor à pátria.

c) Tecnologias de Informação e Comunicação

A introdução desta disciplina inscreve-se na perspectiva do uso de tecnologias digitais para


auxílio na realização de tarefas pessoais ou colectivas. Assim, espera-se que sejam
explorados os recursos disponíveis tais como o computador, o telemóvel, a internet, a rádio, a
televisão, entre outros.
29

Neste sentido, o aluno será encorajado a usar as TIC para resolver problemas, tomar decisões,
assumir posições, criar iniciativas, traçar planos, definir pontos de partida e inventar novos
percursos. Em síntese, a escola usará as tecnologias digitais como meio e para o processo de
ensino-aprendizagem.

Nesta disciplina verifica-se, também, o caráter interdisciplinar do processo de abertura da


informação, ou seja, as informações que são disponibilizadas pelas tecnologias digitais,
embora ligadas a diferentes disciplinas, são colocadas em inter-relação para a produção do
conhecimento. Para tal, as TIC são introduzidas na 7ª Classe e continuadas até a 11ª Classe.
Assim, a formação de grupos de interesse em STEM pode auxiliar aos alunos nas áreas de
Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. O aluno deixa de ser mero utilizador,
passando a integrar as suas ideias na produção de protótipos com auxílio da robótica.

d) Agro-Pecuária

A introdução da disciplina de Agro-Pecuária no ES visa desenvolver competências práticas e


tecnológicas que permitam ao aluno contribuir para a redução da vulnerabilidade e dos
índices de pobreza no país, através da aplicação de novas técnicas de produção, conservação
dos produtos agro-pecuários, bem como a utilização racional de recursos disponíveis.

A aprendizagem da Agro-Pecuária tem como objectivos:


 desenvolver, no aluno, atitudes e hábitos positivos em relação ao trabalho,
contribuindo para a resolução de problemas, da família e da comunidade;
 desenvolver habilidades necessárias para a concepção de pequenos projectos de
produção;
 contribuir para a aplicação de novas técnicas de produção na família e na comunidade,
como forma de aumentar a produção e a produtividade, garantindo deste modo, a
segurança alimentar e nutricional.

No processo de ensino-aprendizagem da Agro-Pecuária deverá ser privilegiada a componente


prática. Esta pressupõe a existência de espaços apropriados e insumos dentro ou fora da
escola, para que os alunos possam experimentar, observar e fazer o acompanhamento das
técnicas aprendidas. As aulas práticas incluem simulações, participação em actividades
30

produtivas nas plantações, quintas e locais de criação de animais, no âmbito das actividades
de férias.

e) Empreendedorismo

Empreendedorismo é uma disciplina que procura criar no aluno uma nova atitude perante o
trabalho, através do desenvolvimento de competências relevantes para a inserção no mercado
de trabalho, geração do auto-emprego e continuação dos estudos, tais como o espírito
empreendedor e de iniciativa, contribuindo assim para a redução da pobreza. Esta disciplina
permite o desenvolvimento da criatividade e a autoconfiança do aluno, no exercício das suas
actividades assim como atitudes positivas em relação ao trabalho.

Esta disciplina tem como objectivos:


 desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes para a identificação de
oportunidades locais com vista à realização de actividades diversificadas;
 contribuir com conhecimentos, habilidades e atitudes para gerir adequadamente as
oportunidades identificadas;
 criar conhecimentos, habilidades e atitudes para o desenvolvimento de uma actividade
geradora de rendimento.

Nesta disciplina, o aluno terá a oportunidade de se familiarizar com questões relacionadas


com a dignidade no trabalho, processos de criação de pequenas e médias empresas, gestão
financeira, legislação comercial, impostos, impacto das empresas no ambiente, bem como,
com habilidades de comunicação e ética empresariais.

5.2 Áreas Curriculares do 2º Ciclo (ES2)

No 2º Ciclo do ES desenvolvem-se, em todas as disciplinas, as competências de resolução de


problemas, juízo crítico e habilidades para lidar com situações complexas da vida, numa
perspectiva de especialização, como preparação para o acesso ao ensino superior e para a
vida laboral.

O ES2 é constituído pelas seguintes áreas curriculares:


 Comunicação e Ciências Sociais;
 Ciências Naturais e Matemática;
31

Cada uma das áreas acima é constituída por disciplinas de tronco comum, específicas e
actividades práticas e tecnológicas.

Em cada uma das áreas específicas, o aluno escolhe as disciplinas em função da sua
orientação futura no Ensino Superior.

Para as Actividades Práticas e Tecnológicas, o aluno escolhe uma disciplina, consoante as


condições que a escola oferece.

5.2.1 Disciplinas de Tronco Comum

O Tronco Comum é constituído pelas disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Inglesa,


Filosofia, Matemática, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Educação Física.
32

a) Língua Portuguesa

O ensino da Língua Portuguesa visa estimular o desenvolvimento das seguintes


competências:
 comunicar com os outros;
 usar a Língua Portuguesa em várias situações de comunicação nos domínios familiar,
académico, comunitário e laboral;
 fazer uso da Língua Portuguesa como meio de comunicação com o mundo;
 utilizar a Língua Portuguesa como meio de intercâmbio de obras literárias de autores
moçambicanos, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e
Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).

b) Língua Inglesa

A aprendizagem desta língua visa essencialmente:


 desenvolver e consolidar a competência linguística e comunicativa adquirida no ES1;
 desenvolver a competência linguística e comunicativa orientada para as suas
necessidades, do emprego, comunicação com os outros e para fins académicos na sua
área de especialização e no Ensino Superior;
 criar bases linguísticas com recurso ao uso das TIC e preparar condições básicas para
a investigação.

c) Filosofia

Esta disciplina fornece ao aluno instrumentos para a construção da sua própria visão do
mundo, aplicando diferentes formas de acesso ao conhecimento e sua integração na
sociedade. Foi concebida com vista a alargar o quadro conceptual dos alunos dotando-os de
capacidades de abstracção e de critérios metodológicos de estudo.
A aprendizagem da Filosofia no 2º ciclo visa:
 desenvolver competências e habilidades que levem o aluno a reflectir sobre a realidade;
 relacionar e problematizar as diferentes formas de interpretar o mundo que o rodeia.

d) Matemática
33

A aprendizagem da Matemática no 2º ciclo visa:


 contribuir para o desenvolvimento das capacidades em utilizar a matemática como
instrumento que permite reconhecer, interpretar, intervir e resolver problemas do
quotidiano existentes nos diversos campos de actividade humana (social, económico e
cultural) e nas diversas áreas curriculares;
 desenvolver, no aluno, hábitos de trabalho, rigor, precisão, ordem, clareza,
criatividade, crítica, persistência, tolerância, cooperação, entre outros aspectos;
 promover conhecimentos e habilidades para o uso correcto da linguagem matemática.

e) Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

A leccionação da disciplina de TIC visa:


 aplicar os conhecimentos na resolução de problemas do dia-a-dia;
 desenvolver um conjunto de conhecimentos e técnicas de sistematização, tratamento
de informação, aplicações, pesquisa e a utilização interactiva das tecnologias de
informação e comunicação.

f) Educação Física

Neste ciclo, o ensino da Educação Física está orientado para a valorização de conhecimentos
relativos à construção de auto-estima e de identidade pessoal, ao cuidar do corpo, ao
aprimoramento motor, à valorização dos vínculos afectivos e à negociação de atitudes e todas
as implicações relativas à saúde individual e colectiva, na perspectiva da promoção de uma
qualidade de vida saudável.

A aprendizagem da Educação Física pretende:


 contribuir para o desenvolvimento das habilidades ocupacionais;
 promover atitudes positivas face à Educação Física e ao desporto como carreira que o
aluno pode prosseguir ou exercer como profissão;
 desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes para o seu envolvimento e
benefício em actividades sociais;
 contribuir com o conhecimento sobre o corpo humano e seu funcionamento face ao
exercício físico.
34

5.2.2 Área de Comunicação e Ciências Sociais

Neste ciclo, a área de Comunicação e Ciências Sociais está orientada para o desenvolvimento
de competências linguística e comunicativa nas Línguas Portuguesa, Inglesa, Francesa e
Moçambicanas e aprofunda os conhecimentos das áreas específicas. As competências a serem
desenvolvidas neste ciclo têm em vista a preparação do jovem para assumir responsabilidades
na família, no trabalho e na sociedade, bem como, desenvolver competências que o permitam
integrar-se com sucesso no mundo académico, no nível superior.

Esta área integra as disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Francesa,
Línguas Moçambicanas, História, Geografia e Filosofia.

a) Língua Francesa
A aprendizagem desta disciplina tem como objectivos:
 desenvolver competências de leitura e interpretação de documentos diversos;
 promover a capacidade de comunicar em situações específicas do quotidiano;
 alargar o universo de conhecimentos do aluno em termos sócio-culturais;
 incentivar a prática de redacção de diferentes textos.

b) Línguas Moçambicanas

A introdução das Línguas Moçambicanas terá um carácter opcional e estarão orientadas para
o desenvolvimento de competências comunicativas, aprofundamento do conhecimento de
aspectos ligados ao funcionamento da língua.

A aprendizagem das Línguas Moçambicanas tem como objectivos:


 desenvolver a capacidade de análise crítica e objectiva, visando a valorização da
cultura moçambicana;
 promover habilidades comunicativas para aumentar a eficácia da comunicação num
contexto multilingue, contribuindo para o reforço da unidade nacional na diversidade
linguístico-cultural;
 aplicar os conhecimentos da Língua Moçambicana na sua vertente escrita;
 comunicar em línguas moçambicanas, oralmente e por escrito, em diferentes situações
de comunicação.
35

c) História
A aprendizagem de História tem como objectivos:
 desenvolver a concepção científica da História do desenvolvimento da sociedade
humana;
 alargar o universo dos conhecimentos e instrumentos que possibilite o acesso à
memória colectiva nacional e internacional;
 promover o amor à Pátria e a construção de uma cidadania responsável;
 estabelecer a consciência de fazer parte de uma sociedade e as habilidades para agir
sobre ela, de forma participativa e crítica;
 contribuir para a construção de uma identidade individual e nacional;
 desenvolver habilidades de análise e interpretação da informação, sob diversas
perspectivas.

d) Geografia

A disciplina de Geografia no ES2 desenvolve e aprofunda conhecimentos sobre a Geografia


Física e Económica Geral e tem como objectivos:

 desenvolver a capacidade de analisar, criticamente, fenómenos globais, regionais e


locais por forma a propor alternativas de solução para os problemas a eles
relacionados, na perspectiva de um desenvolvimento sustentável;
 contribuir para a compreensão das relações de interdependência entre a natureza e a
actividade humana, tendo em conta a diversidade cultural e as mudanças no ambiente;
 promover habilidades que permitam utilizar os conhecimentos da Geografia para
compreender os factores que influenciam as mudanças climáticas;
 estabelecer atitudes positivas em relação ao desenvolvimento sustentável, respeitando
a diversidade cultural.

5.2.3 Área de Matemática e Ciências Naturais

A área de Matemática e Ciências Naturais, para além da disciplina de Matemática, é


constituída pelas disciplinas de Biologia, Química e Física, que no 1º ciclo são disciplinas
abordadas de forma integrada. No 2º ciclo, o ensino de Biologia, Química e Física continuará,
36

numa perspectiva de especialização. Esta área visa desenvolver competências orientadas para
o conhecimento do mundo natural e para o desenvolvimento do raciocínio lógico.

a) Biologia

A aprendizagem da Biologia tem como objectivos:


 valorizar a importância da protecção e conservação do ambiente escolar através da
responsabilidade individual e colectiva;
 divulgar e aplicar as técnicas de conservação do ambiente na comunidade;
 demonstrar hábitos correctos de convivência e conduta social responsável, perante a
saúde individual/colectiva e sexual reprodutiva;
 promover a importância dos avanços da ciência biológica e suas implicações na
sociedade;
 desenvolver habilidades, estratégias, hábitos de investigação científica e comunicação
no ramo da Biologia.

b) Química

A aprendizagem de Química tem como objectivos:


 desenvolver habilidades que lhe permitem aplicar os conhecimentos adquiridos nesta
disciplina para a solução de diferentes problemas da vida;
 desenvolver habilidades práticas de manipulação de instrumentos disponíveis durante
a realização de experiências químicas;
 valorizar a importância dos avanços da ciência química e suas implicações no
ambiente e na comunidade;
 valorizar o uso sustentável dos recursos disponíveis e a sua protecção.

c) Física

A aprendizagem da Física tem como objectivos:


 desenvolver a capacidade de investigar um problema, identificando a situação física e
generalizar uma situação para a outra;
 identificar as informações relevantes para solucionar problemas, envolvendo
diferentes dados de natureza física;
37

 articular o conhecimento físico com conhecimentos de outras áreas do saber


científico;
 construir modelos físicos e usá-los para analisar e explicar fenómenos naturais e
situações do dia-a-dia;
 examinar e ilustrar modelos físicos, usando tecnologias de informação e
comunicação;
 contribuir para o uso dos conhecimentos da Física para executar e avaliar intervenções
práticas em situações específicas, para além da escola.

5.2.4 Área de Artes Visuais

Com as Artes Visuais pretende-se desenvolver no aluno, a sensibilidade estética e artística,


tornando-o reflexivo, criativo e responsável. Esta área inclui as disciplinas de Educação
Visual, Desenho e Geometria Descritiva.

Os conteúdos destas disciplinas têm como objectivos:


 produzir obras artísticas, individuais ou colectivas, nas linguagens da arte (artes
visuais, música, dança e teatro);
 apreciar produtos de arte em suas várias linguagens, desenvolvendo a análise estética;
 analisar, reflectir, respeitar e preservar as diversas manifestações de arte utilizadas por
diferentes grupos sociais e étnicos, interagindo com o património nacional e
internacional.

a) Desenho e Geometria Descritiva

A disciplina de Geometria Descritiva visa o desenvolvimento de capacidades de ver,


perceber, organizar e catalogar o espaço envolvente.

Esta disciplina tem como objectivos:


 aplicar o vocabulário específico da geometria descritiva;
 desenvolver a capacidade de comunicar através de representações descritivas;
 promover a capacidade de interpretação e representações descritivas de formas
geométricas, usando a linguagem verbal.

5.2.5 Área de Actividades Práticas e Tecnológicas.


38

Esta área é constituída pelas disciplinas de Agro-Pecuária e Empreendedorismo.

a) Agro-Pecuária

O objectivo geral da introdução da disciplina de Agro-Pecuária, no ES2, é desenvolver no


aluno habilidades práticas e tecnológicas que lhe permitam aplicar técnicas de produção e
conservação de produtos agro-pecuários.

A aprendizagem da Agro-Pecuária tem como objectivos:


 promover a produção agro-pecuária para o desenvolvimento do país;
 desenvolver habilidades necessárias para a concepção de pequenos projectos de
produção e conservação de produtos agro-pecuários;
 desenvolver habilidades para a aplicação de novas técnicas de produção na família e
na comunidade para melhorar e garantir a segurança alimentar e nutricional.

b) Empreendedorismo

Esta disciplina desenvolve no aluno a criatividade e a autoconfiança no exercício das suas


actividades assim como atitudes positivas em relação ao trabalho.

A aprendizagem desta disciplina tem como objectivos:


 identificar oportunidades locais para o desenvolvimento de actividades diversificadas;
 gerir adequadamente as oportunidades identificadas;
 desenvolver uma actividade geradora de rendimento.
39

c) Artes Cénicas

As Artes Cénicas são introduzidas no ES como continuidade da disciplina de Educação


Musical introduzida no âmbito do novo currículo do Ensino Primário. As vantagens das
expressões artísticas na formação integral da personalidade humana são sobejamente
conhecidas. Por outro lado, o nosso país possui uma diversidade cultural de tradições
musicais, teatrais e de dança que devem ser aprendidas, pesquisadas e preservadas.

Assim, a aprendizagem das Artes Cénicas no ES, visa:


 desenvolver habilidades de compreensão da teoria musical de leitura e escrita da
música, discriminação auditiva dos sons.
 criar capacidades de interpretação vocal e instrumental da música e das diferentes
formas de representar através da dança e do teatro.

Esta disciplina é opcional. Contudo, a prática da arte de representar (dança e teatro) e da


música em conjunto vocal e instrumental, devem ser estimuladas através da organização de
círculos de interesses escolares, como grupos corais, teatrais e de dança, tal como
recomendam as OTEO.
40

VI. PLANO DE ESTUDO DO ENSINO SECUNDÁRIO

O Plano de Estudo do 1o e 2o Ciclos do ES está organizado por disciplinas a serem


leccionadas com vista a responder aos desafios sócio-económicos, políticos e culturais do
país, o qual poderá ser ajustado às condições e necessidades reais da escola.

Para tornar abrangente o sistema educativo, prestar-se-á atenção aos alunos com
Necessidades Educativas Especiais (NEE).

6.1 Plano de Estudo do 1º Ciclo

O Plano de Estudo do 1o Ciclo do ES apresenta as seguintes inovações:


 Na área de Comunicação e Ciências Sociais, introduziram-se as disciplinas de Língua
Moçambicana e de Ciências Sociais que integra os conteúdos das disciplinas de
Geografia, História, Educação Moral e Cívica;
 Para o ensino das línguas estrangeiras, privilegiam-se as línguas inglesa e francesa.
Entretanto, a escola poderá escolher outras línguas estrangeiras6;
 Na área de Ciências Naturais e Matemática, introduziu-se a disciplina de Ciências
Naturais que integra conteúdos das disciplinas de Biologia, Química e Física;
 As APT são constituídas pelas disciplinas de Tecnologias de Informação e
Comunicação, Agro-Pecuária e Empreendedorismo. Dependendo da localização da
escola, existência de professores e condições favoráveis para a prática das mesmas, a
escola poderá escolher uma disciplina para a sua leccionação, onde o aluno deverá
escolher apenas uma das opções feitas pela escola, podendo mudar de escolha ao
longo do Ciclo.

Disciplinas por áreas – 1º ciclo


Áreas Disciplinas
Português
Comunicação e Ciências Inglês
Sociais Francês

6
De acordo com as condições concretas de cada escola (disponibilidade de professores com formação
psicopedagógica e vontade da comunidade escolar), podem ser introduzidas outras línguas estrangeiras,
mediante a autorização do Ministério que superintende o sector de educação.
41

Áreas Disciplinas
Língua Moçambicana
Ciências Sociais
Ciências Naturais e Ciências Naturais
Matemática Matemática
Tecnologias de Informação e Comunicação
Actividades Práticas e Educação Visual
Tecnológicas Educação Física,
Agro-Pecuária, Empreendedorismo
42

Distribuição das disciplinas por classes - 1º Ciclo


1º Ciclo
Áreas
7 Classe a
8a Classe 9a Classe
Português Português Português
Inglês Inglês Inglês
Comunicação e Ciências Sociais Ciências Sociais Ciências Sociais
Ciências Sociais Língua Língua
Moçambicana Moçambicana
Disciplina Opcional: Francês
Ciências Naturais e Matemática Matemática Matemática
Matemática Ciências Naturais Ciências Naturais Ciências
Naturais
Educação Visual Educação Visual Educação Visual
Educação Física Educação Física Educação Física
TIC TIC
Actividades Práticas
Disciplinas Opcionais – O aluno escolhe
e Tecnológicas
uma das seguintes disciplinas:
Agro-Pecuária ou Agro-Pecuária ou
Empreendedorismo Empreendedorismo
As diciplinas opcionais serão ministradas de acordo com as condições objectivas da
escola. Nestas, o aluno opta entre Francês, Agro-Pecuária ou Empreendedorismo.

6.2 Plano de Estudo do 2º Ciclo

O Ciclo é composto por doze (12) disciplinas, assim distribuídas:


 Seis (6) disciplinas do tronco comum;
 Cinco (5) disciplinas específicas e;
 Uma (1) disciplina das Actividades Práticas e Tecnológicas (APT).

Área de Comunicação e Ciências Sociais

Disciplinas
Português
Inglês
Filosofia
Tronco Comum
Matemática
Educação Física
TIC
Disciplinas Específicas História
Geografia
43

Francês
Biologia
Língua Moçambicana
Actividades Práticas e Agro-Pecuária
Tecnológicas Empreendedorismo

Área de Ciências Naturais e Matemática e Artes Visuais


Disciplinas
Português
Inglês
Filosofia
Tronco Comum
Matemática
Educação Física
TIC
Química
Física
Biologia
Disciplinas Específicas
Educação Visual
Geometria Descritiva
Geografia
Actividades Práticas e Agro-Pecuária
Tecnológicas Empreendedorismo
NOTA: É importante referir que as disciplinas de Educação Física e Tecnologias de
Informação e Comunicação, apesar de serem actividades práticas e tecnológicas, fazem parte
do tronco comum, atendendo e considerando que elas são obrigatórias e não opcionais, visto
que as restantes disciplinas das APT são opcionais.

Em seguida, apresentam-se resumidamente os cursos actualmente oferecidos no Ensino


Superior e sua correlação com as áreas curriculares do ES2.

Cursos do Ensino Superior


Áreas
Cursos Superiores
Curriculares
Ensino de Línguas, Tradução e Interpretação, Linguística,
Comunicação
Literatura Moçambicana, História, Geografia, Sociologia,
e Ciências
Filosofia, Antropologia, Administração Pública, Psicologia,
Sociais
Economia, Gestão, Contabilidade e Auditoria, Turismo,
Jornalismo, Direito, Artes, entre outros.
Ciências Engenharia Agrónómica, Engenharia Florestal, Medicina,
44

Áreas
Cursos Superiores
Curriculares
Veterinária, Física Aplicada, Física Educacional, Química,
Informática, Matemática, Estatística, Engª Electrónica, Engenharia
Naturais e Eléctrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Civil, Educação
Matemática Visual, Design e Tecnologias das Artes Visuais, Engenharia
Química, Oceanografia, Ciências Geológicas, Meteorologia,
Arquitectura, entre outros.
45

6.3 Distribuição das disciplinas por classes

2º Ciclo
10ª Classe 11ª Classe 12ª Classe
Português Português Português
Inglês Inglês Inglês
Filosofia Filosofia Filosofia
Tronco Comum Matemática Matemática Matemática
Educação Física Educação Física Educação Física
TIC TIC TIC

Escolhe uma das seguintes


disciplinas: Agro-Pecuária ou
Empreendedorismo.
Actividades Práticas
Nota: Estas disciplinas serão
e Técnológicas (APT)
leccionadas de acordo com as
condições objectivas de cada
escola.
Geografia Geografia Geografia
História História História
Francês Francês Francês
Comunicação e Biologia Biologia Biologia
Ciências Sociais Artes Cénicas Artes Cénicas
Disciplina opcional: Língua Moçambicana

Química Química Química


Física Física Física
Ciências Naturais e
Biologia Biologia Biologia
Matemática e Artes
Geografia Geografia Geografia
Visuais
Educação Visual Geometria Geometria Descritiva
Geometria Descritiva Descritiva

6.4 Carga Horária


A carga horária refere-se ao número de tempos lectivos por semana para cada disciplina.
46

1º Ciclo
Classes
Disciplinas
7ª classe 8ª classe 9ª classe
Português 4 4 5
Inglês 3 3 4
Língua Moçambicana/Francês 2 2
Ciências Sociais 4 4 5
Matemática 4 4 5
Ciências Naturais 4 4 5
Educação Física 2 2 2
Educacão Visual 2 2 3
TIC 2 2
Agropecuária/Empreendedorismo 2 2
RT 1 1 1
Total 30 30 30
As aulas de língua Moçambicana serão ministradas quando as condições forem criadas.
47

2o Ciclo
Comunicação e Ciências Sociais
Classes
Disciplinas
10 a
11a 12a
Português 5 4 5
Inglês A 3 3 3
Filosofia A 2 2 2
Matemática 4 5 5
Educação Física 2 2 2
TIC 2 2
Geografia A 3 3 4
História 3 3 4
Francês/Língua
3 3 4
Moçambicana*/Biologia
Artes Cénicas (Opcional) 2 2 0
RT 1 1 1
  30 30 30
*Disciplina opcional: Língua Moçambicana

2o Ciclo
Ciências Naturais e Matemática

Classes
Disciplinas
10a 11a 12a21
Português 5 4 5
Inglês 2 2 2
Filosofia 2 2
Matemática 4 5 5
Educação Física 2 2 2
TIC 2 2
Química 3 3 4
Física 3 3 4
Biologia 3 3 4
Educação Visual 3
Geometria Descritiva/Geografia 3 3
RT 1 1 1
 Total 30 30 30

NOTA: Disciplinas sem exame (Inglês, Filosofia, APT, Educação Física, Língua
Moçambicana, Francês e Euducação Visual).
48

Plano de estudo para alunos com deficiência auditiva (surdez)

A Língua de Sinais de Moçambique (LSM) deverá ser o principal veículo de comunicação


entre alunos e entre professores e alunos, pois permitirá que todos estejam no mesmo nível de
aprendizagem. Para este grupo, o ensino de Língua Portuguesa deverá privilegiar a escrita.
1º. Ciclo
Classes
Disciplinas
7ª classe 8ª classe 9ª classe
Português (escrito) 5 5 6
Língua de Sinais de Moçambique (LSM) 3 3 3
Ciências Sociais 4 4 4
Matemática 5 5 6
Ciências Naturais 4 4 4
Educação Física 2 2 2
Educação Visual 2 2 4
TIC 2 2
Agropecuária ou Empreendedorismo 2 2
RT 1 1 1
Total 30 30 30

2º Ciclo
Comunicação e Ciências Sociais
Classes
Disciplinas
10a
11a 12a
Português (escrito) 6 6 6
LSM 4 4 4
Matemática 6 6 6
Tronco Comum
Educação Física 2 2 2
TIC 2 3 0
Agropecuária e Empreendedorismo 2 0 0
Geografia 3 3 5
Comunicação e Ciências Sociais
História ou Biologia 3 3 5
  RT 1 1 1
Total   29 28 29

2º Ciclo
Ciências Naturais e Matemática

Classes
Disciplinas
10a
11a 12a
Tronco Comum Português (escrito) 4 5 5
49

LSM 2 2 2
Matemática 4 5 5
Educação Física 2 2 2
TIC 2 2 0
Agropecuária ou
2 0 0
Empreendedorismo
Química 4 3 4
Física 3 4 4
Matemática, Ciências Naturais e
Biologia ou Geografia 3 3 4
Artes Visuais
Educação Visual 3 0 0
Geometria Descritiva 0 3 3
  RT 1 1 1
Total   30 30 30

Plano de estudo para alunos do PESD1

O presente plano de estudo aplica-se a todos alunos do PESD1, que inclui alunos
provenientes do turno Nocturno, que actualmente utilizam os módulos por Classes.
Os alunos que frequentam pela primeira vez a 7ª classe poderão frequentar o modelo por
ciclo de aprendizagem.
O aluno do PESD tem seu ritimo de aprendizagem e é orientado se o desejar por um Tutor
disponível no CAA, devendo realizar a prova de fim do módulo.

Plano de estudo para alunos do PESD1


7ª Classe 8 ª Classe 9 ª Classe 10 ª Classe
Módulo
Disciplina Módulo Módulo Módulo
Disciplina
por ciclo Disciplinar Disciplinar
r
Português 11 5 7 1
Inglês 3 4 3 1
Língua Moçambicana 1 2 2 1
Francês 1 1 2 1
Ciências Sociais 6 6 5 1
Matemática 9 6 15 1
Ciências Naturais 6 6 5 1
Educacão Visual 1 1 2 1
TIC’s 1 1 1 1
Agropecuária 1 2 1 1
Empreendedorismo 1 1 1 1

Plano de Estudo para PESD2


50

Disciplina 10a 11a 12a


Classe Class Class
e e
Módulo por ciclo
Português 5
Inglês 6
Francês 1
Geografia 9
História 9
Filosofia 6
Matemática 6
Biologia 7
Química 7
Física 6
Educacão Visual 3
TIC’s 1
DGD 4
Empreendedorismo 9

VII. SISTEMA DE AVALIAÇÃO

A avaliação é parte integrante do processo de ensino-aprendizagem e tem como função


recolher informações que permitam acompanhar o progresso dos alunos em relação aos
objectivos e competências definidos nos programas. Esta visa, particularmente, diagnosticar
problemas e insuficiências decorrentes da aprendizagem dos alunos, verificando assim a
necessidade ou não de alterar a sua planificação e acção didáctica. Ela deve servir de
mecanismo para a retro-alimentação do processo de ensino-aprendizagem e também para
fornecer informações relevantes aos professores, alunos, à direcção da escola e aos pais e/ou
encarregados de educação.

Neste contexto, a avaliação é um instrumento que faz o balanço entre o estado real das
aprendizagens do aluno e aquilo que era esperado, ajudando o professor a tomar decisões
ao nível da gestão do programa, sempre na perspectiva de uma melhoria da aprendizagem,
(Pontes, J.P, et al, s/d).

Assim, a avaliação, como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, deve estar


intimamente ligada aos programas de ensino, incidindo a sua acção, não só nos objectivos e
competências mas também na finalidade da educação.
51

A perspectiva da avaliação no ES deve ser contínua, dinâmica e predominantemente


formativa e abrangente. Deve ainda identificar as dificuldades dos alunos para melhorar a sua
aprendizagem, valorizando as suas experiências e o seu conhecimento no sentido de saber,
saber estar, saber fazer e saber ser.

A avaliação, no 1º ciclo, obedece a progressão dentro do ciclo de aprendizagem. Assim, o


aluno será submetido a exames apenas na última classe do ciclo (9ª Classe). O ciclo é a
unidade de aprendizagem com o objectivo de desenvolver habilidades e competências
específicas.

No 2º ciclo, a avaliação será por classe. No entanto, o exame será feito também na última classe do
ciclo (12ª Classe).

Para medir o progresso dos alunos, é importante usar uma diversidade de formas e
instrumentos de avaliação.

7.1 Formas de avaliação

A avaliação da aprendizagem exige a aplicação de diferentes estratégias de conhecimento e


preparação por parte do professor, incluindo a sua capacidade de observação de todo o
processo de ensino-aprendizagem. De entre os diferentes tipos de avaliação da aprendizagem
pode-se destacar as seguintes:

 A Avaliação diagnóstica, cuja função é identificar ou diagnosticar a existência ou não de


pré-requisitos para novas aprendizagens. Ajuda o professor a detectar as dificuldades de
aprendizagem dos alunos e a elaborar um plano de acção para a sua superação. Este tipo
de avaliação, normalmente, acontece no início do ano lectivo ou no início de uma unidade
temática.

 A Avaliação formativa consiste em identificar se a proposta didáctica do professor está


sendo integralmente cumprida pelos alunos, permitindo que os resultados orientem ao
professor na construção de novas estratégias. Esta avaliação pode ser materializada
52

através da verificação diária dos cadernos dos alunos, dos TPC, observação diária do
desempenho do aluno, entre outros aspectos.

 A Avaliação sumativa é usada como forma de classificar os resultados da aprendizagem


dos alunos. Esta avaliação é aplicada no final de uma unidade temática ou de um
trimestre/semestre ou ainda no final do ano; e tem o propósito de avaliar o quanto os
alunos estão desenvolvendo as competências previamente planificadas nos programas de
ensino de cada ciclo de aprendizagem.
De acordo com INDE (2007: 81), “Na avaliação formativa, nenhum instrumento poderá ser
considerado exclusivo. Neste sentido, os instrumentos a serem usados deverão ser
consistentes com a prática pedagógica diária, com as características dos alunos e com a
abordagem de ciclo como um bloco de aprendizagem (...)”.

É imprescindível que a avaliação use estratégias diversificadas, como trabalhos de pesquisa,


visitas de estudo, portfólios, relatórios, debates, entre outros instrumentos. Portanto, os dados
fornecidos pela avaliação devem constituir matéria de análise por forma a servirem de base
para a tomada de decisões para os problemas de aprendizagem em tempo útil e com visão no
futuro e nas novas aprendizagens.

No contexto do ensino em Moçambique, o acompanhamento dos alunos inclui a identificação


de estratégias para lidar com turmas numerosas e alunos com Necessidades Educativas
Especiais. Por esta via, é necessário que o professor tenha um conhecimento profundo da
realidade na qual vai actuar, para que o sistema de avaliação seja mais justo no processo de
ensino-aprendizagem.

VIII. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO

A implementação de um currículo consiste em pôr em prática as intenções dos documentos


curriculares. Neste contexto, o currículo torna-se realidade quando a escola compreende o
currículo escrito e o pratica, com o envolvimento de vários actores, nomeadamente, aluno,
professor, direcção da escola, família, comunidade, governo distrital, provincial, central e
parceiros da educação, entre outros intervenientes.
53

A introdução do currículo do ES deve ser acompanhada de um conjunto de medidas que


concorram para o sucesso da sua implementação, a destacar:
• adequação dos currículos de formação inicial de professores nas instituições de
ensino superior para responder às exigências da presente abordagem curricular;
• capacitação dos gestores das escolas e professores para a gestão do currículo;
• envolvimento da comunidade na vida da escola;
• desenvolvimento de parcerias com instituições do Estado, empresariado local,
ONG e outros actores;
• acompanhamento, monitoria e supervisão da implementação do currículo nas
escolas de modo a identificar os problemas e propor soluções concretas;
• definição de uma política de produção e distribuição dos programas de ensino e do
livro do aluno;
• melhoria das infra-estruturas e apetrechamento das escolas.

A estratégia de implementação do currículo assenta nos seguintes vectores:


• Disseminação do currículo;
• Capacitação de professores em exercício;
• Formação de professores;
• Melhoria das condições de ensino-aprendizagem;
• Monitoria, supervisão e avaliação;
• Envolvimento da comunidade e de outros parceiros da Educação.

8.1 Plano de Implementação

O presente currículo pretende preparar os alunos para o desenvolvimento de competências


relevantes para a continuação dos estudos nos níveis subsequentes e para a resolução de
problemas do dia-a-dia, integrando-se, deste modo, no mercado de trabalho.

Quadro resumo do Plano de Implementação 2022 - 2026


1ª fase
Actividade
2022 2023 2024 2025 2026
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Introdução do novo currículo 7ª e 10ª 8ª e 11ª 9ª e 12ª


Monitoria e supervisão X X X X
Avaliação do PCES X X X
Pesquisas de aferição da qualidade X X X
Capacitação de professores em
X X X X X
exercício
Formação inicial de professores X X X X X
Avaliação X X X

IX. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PROGRAMAS DO ENSINO SECUNDÁRIO

Os novos programas do ES apresentam um plano temático com a seguinte estrutura:

Unidade Objectivos Competências Carga Sugestões


Conteúdos
Temática Específicos Básicas Horária Metodológicas

i) Unidade temática

No novo programa, adoptam-se os termos “Unidade Temática” para designar o conjunto de


conteúdos. Assim, em cada Unidade Temática são apresentados os assuntos principais a
serem abordados em cada disciplina curricular.

ii) Objectivos específicos

Os objectivos específicos definem os resultados observáveis do processo de ensino-


aprendizagem, que denotam um conhecimento pontual, habilidade ou atitude específica. Eles
estão directamente ligados aos resultados de aprendizagem, a partir dos quais, o aluno
aprende a dominar um determinado conhecimento, habilidade ou a descrever uma atitude.
Estes objectivos são específicos de uma unidade temática ou de um domínio de estudos.

iii) Conteúdo
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É a informação que deve ser desenvolvida durante o processo de ensino-aprendizagem. Esta


informação é o meio para desenvolver as competências e alcançar os objectivos predefinidos.
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iv) Competências básicas

As competências básicas traduzem a capacidade de realizar uma tarefa concreta com sucesso
através dos conhecimentos, habilidades e atitudes desenvolvidas ao longo do processo de
ensino-aprendizagem.

v) Carga horária

A carga horária é o tempo necessário para a realização das actividades da aula, conteúdo ou
unidade temática. A distribuição da carga horária depende da extensão, profundidade e
complexidade dos conteúdos curriculares.

Na definição da carga horária, deve-se ter em conta o tempo estabelecido no plano de estudo
e no calendário escolar.

vi) Sugestões Metodológicas

As sugestões metodológicas são procedimentos a que o professor pode recorrer, para alcançar
com sucesso os objectivos da aula.

O propósito das sugestões metodológicas é estimular a criatividade do professor, de modo a


permitir que o processo de ensino-aprendizagem seja activo, dinâmico, diversificado,
reflexivo e cativante.
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Referências Bibliograficas
Baker, R. et al (1998). Fundamentos de Educação Bilingue e Bilinguismo. Madrid.
Comité de Conselheiros (2003). Agenda 2025: Visão e Estratégias da Nação. Maputo.
Elográfica.
INDE (2020). Relatório Diagnóstico do Ensino Secundário e Consulta as Universidades Inc.
INDE (2019). Caracterização do corpo Docente do Ensino Secundário. Inc.
INDE (2007). Plano Curricular do Ensino Secundário Geral (PCESG). Inc.
INDE/MINED (2003). Plano Curricular do Ensino Básico”. Maputo.
INE (2019). IV Recenseamento Geral Da População e Habitação 2017.
MINEDH (2015) Relatório Anual 2015. Maputo. Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano.
MINEDH (2020). Plano Estratégico da Educação 2020-2029 (2020) Maputo, Ministério da
Educação e Desenvolvimento Humano.
Perrenoud P. (2004). Os ciclos de Aprendizagem. Um caminho para combater o fracasso
escolar. Porto Alegre: Artmed Editora 2004.
Pontes, J.P. et al (s/data). Programa de Matemática do Ensino Básico. Dgidc. Ministério da
Educação. Disponível em: https://www.iped.com.br/materias/educacao-e-pedagogia/pilares-
educacao.html
SADC (1997). Protocol on Education and Training.
UNESCO (2001). Beijing, Républica Popular da China.2001. International Expert Meeting
on General Secundary Education: trends, challenges and priorities.
UPI (2019). Avaliação do Plano Estratégico da Educação 2019 – 2016/19. Maputo

Legislação
BR nº 3748, I série (2018). Lei 18/2018 de 28 de Dezembro: Sistema Nacional de Educação.
Maputo: Imprensa Nacional.
BR nº 115, I série (2018). Lei 1/2018 de 12 de Junho: Lei da Revisão Pontual da Constituição
da República. Maputo: Imprensa Nacional.
BR n° 19, série (1992). Lei 6/92 de 6 de Maio. Sistema Nacional de Educação. Maputo.
Imprensa Nacional.
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Glossário

APERFEIÇOAMENTO: O termo refere-se à formação das pessoas para desenvolver uma


determinada actividade profissional. No caso da actividade profissional docente, utiliza-se
como sinónimo de formação em exercício, diferenciando-se, assim, a capacitação anterior à
iniciação do exercício profissional. Nesse caso, usa-se o termo de formação inicial.

AVALIAÇÃO: O termo é utilizado para denominar as actividades de verificação de que um


processo teve lugar, de qual foi a sua qualidade e a dos produtos que resultaram desse
processo. Segundo a finalidade visada, existem muitos tipos de avaliação. Uma das
finalidades é melhorar o processo de formação dos alunos que decorre nesse momento. Nesse
caso, fala-se de avaliação formativa. Noutros casos, a finalidade é de atribuir um valor, uma
nota, aos resultados alcançados num momento do processo, para tê-la em conta em outros
resultados. Nesse caso, fala-se de avaliação sumativa.

CURRÍCULO: No sentido amplo, consiste na proposta educativa de uma sociedade. Até há


pouco tempo, considerava-se que essa proposta estava sempre escrita e o que acontecia na
vida quotidiana era idêntico ao que se escrevia, e o que acontecia na vida quotidiana era
idêntico ao que estava escrito. Por isso, também, se usava o termo currículo como sinónimo
do documento curricular oficial. Actualmente, considera-se que existe um currículo oficial,
prescrito ou oferecido aos professores, um currículo assumido pelos professores e um
curriculum real. O currículo oficial consiste naquilo que as autoridades decidem que é
necessário ensinar. Na actualidade, considera-se que o currículo oficial deve ser elaborado em
consulta à sociedade e aos professores, para que, verdadeiramente, represente os interesses e
necessidades educativas de toda a sociedade. O currículo assumido pelos professores é a
forma como estes se apropriam e põem em prática o currículo oficial. O currículo real é o
que, realmente, acontece nos processos de ensino-aprendizagem nas escolas.

DECISÃO EM MATÉRIA CURRICULAR: É a definição dos responsáveis dos processos de


transformação dos currícula sobre cada uma das questões que devem incluir-se no documento
curricular oficial e de cada uma das actividades a levar a cabo para que o documento
curricular oficial seja assumido pelos professores e contribua para aumentar a permanência
dos alunos nas escolas e melhorar a sua aprendizagem.
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DESENVOLVIMENTO CURRICULAR: No sentido estrito, é o processo de elaboração de


materiais curriculares partindo das orientações definidas no plano ou documento curricular
oficial. Portanto, essa elaboração não faz parte do plano ou documento curricular oficial, mas
é um dos aspectos da transformação curricular.

DISCIPLINAS PROFISSIONALIZANTES: Áreas ou conteúdos direccionados à iniciação do


desenvolvimento de competências práticas, orientadas para a resolução de problemas.

EFICIÊNCIA DO SISTEMA EDUCATIVO: É a capacidade do sistema educativo conseguir


que todas as crianças transitem pelas diferentes classes e/ou níveis de ensino na idade
correspondente e na quantidade de anos previstos.

ENSINO SECUNDÁRIO PROFISSIONALIZANTE: É um tipo de formação geral que visa


desenvolver nos jovens um leque amplo de competências que lhes permitam uma inserção no
mercado de trabalho, incluindo o auto emprego. Distingue-se do Ensino Técnico Profissional
por este último estar orientado para a formação numa área bem delimitada e específica, para
uma ocupação profissional.

FONTES OU REFERÊNCIAS BÁSICAS DO CURRÍCULO: É mais correcto explicitar as


fontes ou referências que se utilizam para a transformação, reforma ou desenvolvimento
curricular. O conceito é tirado da actividade científica. Faz referência a todos aqueles
aspectos, grupos de pessoas, documentos, investigações e fontes que devem e podem ser
consultadas para elaborar bons materiais curriculares e levar a cabo uma boa gestão do
currículo. Antigamente, para se elaborar o currículo considerava-se que a única fonte ou
referência eram as disciplinas académicas tal como as abordadas nas universidades.

GESTÃO CURRICULAR: É o conjunto de acções desenvolvidas por todas as pessoas no


processo de transformação curricular, especialmente as que se destinam a que as orientações
prescritas no plano curricular base ou documento curricular oficial, sejam assumidas pelos
professores e tenham impacto na melhoria da qualidade do ensino.

INDICADORES DE DESEMPENHO – Indícios observáveis da qualidade que se espera na


produção do aluno. Dão indicações precisas relativas a cada situação e ao contexto.
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INOVAÇÃO EM MATÉRIA DO CURRÍCULO: São mudanças parciais em alguns dos


componentes do currículo, por exemplo, nos objectivos ou conteúdos de uma matéria ou
disciplina de um grau ou classe, dentro de um nível de um sistema educativo.

MATERIAIS CURRICULARES: São todos os documentos escritos que dão orientações para
que o projecto educativo de uma sociedade se possa concretizar. O principal material
curricular é o documento ou plano curricular base. Os manuais para os professores e os livros
de texto para os alunos assim como outros materiais curriculares importantes.

PLANO: No campo educativo, o termo tem muitos sentidos, dependendo do termo a que
estiver associado. O "Plano Estratégico" faz referência à definição de um conjunto de
objectivos muito amplos, aos produtos e actividades que se definem, produzem e
desenvolvem para enfrentar um problema de grande complexidade como é a ampliação e
melhoria da educação. Um "Plano Estratégico" executa-se através de diferentes programas e
projectos que abordam aspectos ou dimensões desse problema de grande complexidade.

PLANO DE ESTUDOS: Antes de se inventar o conceito de currículo, os sistemas educativos


manejavam, principalmente, os documentos oficiais. Um desses documentos era o Plano de
Estudos, que definia que matérias ou disciplinas a ensinar em cada ano e quanto tempo se
devia dedicar a cada uma delas. A soma dos Planos de Estudo para todos os anos de um
mesmo nível do sistema educativo constituía o Plano de Estudos para esse nível, por
exemplo, para o Ensino Secundário, os Planos de Estudo definiam, muito globalmente, o que
e quando ensinar mas nada explicitavam em relação ao porquê, para quê, onde nem ao como
ensinar ou avaliar

PLANO CURRICULAR: É um documento oficial, onde constam os fundamentos, os


objectivos, os conteúdos, as orientações didáctico-pedagógicas, as características da escola e
das salas de aula e as propostas de avaliação de maneira a orientar a prática educativa, mas
prevendo, também, as variantes na sua aplicação. Indica o que deve ser comum ou
equivalente, mesmo que exista muita diversidade nas comunidades ou instituições em que
seja aplicado. O termo "Plano Curricular" assume que o plano ou documento curricular
oficial tem que ser flexível, devendo promover, nas escolas, a criatividade dos professores de
acordo com as necessidades e interesses das comunidades.
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PROGRAMA: Este termo tem muitos usos. Um deles é associado a "programas de estudo".
O outro uso refere-se ao conjunto de objectivos, produtos e actividades que se formulam,
produzem e desenvolvem para resolver uma parte do problema que se encara através de um
plano global ou estratégico

REFORMA CURRICULAR: É o conjunto de políticas e estratégias de um Ministério de


Educação para produzir um processo de transformação curricular. Embora os termos
transformação, desenvolvimento e reforma curricular se refiram a três aspectos,
analiticamente diferenciáveis, na prática, utilizam-se com frequência, como sinónimos, pois é
muito difícil que ocorra um processo de transformação curricular sem um processo de
desenvolvimento e de reforma curriculares e, também porque o propósito de toda reforma
curricular e de todo o processo de desenvolvimento curricular, é produzir uma transformação
curricular.

TRANSFORMAÇÃO CURRICULAR: É o processo de mudança de um currículo para outro.


Isto significa que é, ao mesmo tempo, o processo de mudança do documento curricular oficial
e de todos os outros documentos através dos quais se expressa a proposta educativa da
sociedade, da forma como os professores se apropriam dele e o põem em prática, e do
curriculum real ou daquilo que realmente acontece nas salas de aulas.

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