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Índice

Introdução......................................................................................................................4

Objectivo:.......................................................................................................................4

Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique...................................5

A administração Pública Pós Independência Nacional..................................................5

A Administração Pública moçambicana a Luz da Constituição de 90..........................6

Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004......................7

Racionalização e Descentralização de Estruturas e Procedimentos de Prestação de....7

Democratização e o surgimento de governos locais: a partir de 1992...........................9

Conclusão.....................................................................................................................11

Referências bibliográficas............................................................................................12
Introdução

A Administração Pública de qualquer país e de qualquer época tem como finalidade


fundamental satisfazer, através dos seus órgãos e serviços, as necessidades colectivas
das respectivas populações.  

Vários são os estudiosos que se têm dedicado a concepção de um modelo de


administração que possibilita a prossecução daquele desiderato com o emprego de
menos recursos possíveis e com dispêndio de menor tempo possível, ou seja a satisfação
das necessidades colectivas com eficiência e eficácia.

A presente apresentação insere-se no âmbito dos seminários curriculares do curso de


licenciatura em Administração Pública na universidade católica de Moçambique,
Faculdade de Ciências Sociais e Políticas – Extensão de Gurué e tem como finalidade
identificar os principais problemas de organização e funcionamento da administração
pública moçambicana, especificamente a mesma pretende diagnosticar a função pública
moçambicana, analisar as disfunções funcional a partir da Estratégia Global da Reforma
do Sector Público e perspectivar uma administração pública que busca os seus
fundamentos no modelo gerências.

Objectivo:
geral:

Administração pública em Moçambique pós-independência


Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique

O processo evolutivo da Administração Pública moçambicana, busca os seus alicerces


nas várias fases da presença Portuguesa e do jugo colonial iniciada nos finais de século
XV (1498). Importa destacar a descoberta de Vasco da Gama e a sua posterior fixação
no litoral de Moçambique, inicialmente como mercadores (efectuando trocas
comerciais) e mais tarde como efectivos colonizadores.

Segundo Nyakada (2008) a lógica da Administração Pública apresenta-se disposta da


seguinte forma:
(i) no periodo colonial assistia-se a um sistema de administração com marcas
iminentemente patrimoniais,
(ii) no período após independência e antes da assinatura do Acordo Geral da
Paz, a Administração Publica era marcadamente burocrática,
(iii) Nos nossos dias, tem se visto o desencadear de uma série de reformas
convindo tornar a Administracao Pública menos onerosa e mais eficiente,
reformas estas que são uma marca da Nova Gestão Pública ou
Administração Gerencial.

A administração Pública Pós Independência Nacional


Com a proclamação da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, nasceu a
República Popular de Moçambique, e entrou em vigor a nova Constituição da República
Popular de Moçambique definindo como um Estado de Democracia Popular, onde o
Poder passou a pertencer aos operários e camponeses.

Para atingir novos objectivos, era necessário empreender uma profunda transformação
dos métodos de trabalho e de estruturação do aparelho do Estado, a fim de proporcionar
a criação de novos esquemas mentais e regras de funcionamento. A administração
pública devia ser um instrumento para a destruição de todos os vestígios do
colonialismo e do imperialismo, para a eliminação do sistema de “exploração do
homem pelo homem”, tanto para a edificação da base política, material, ideológica,
cultural e social da nova sociedade”.
Para isso, foi aprovado o primeiro instrumento normativo para organizar a
Administração Pública, o Decreto nº. 1/75 de 27 de Julho, que definia as principais
funções e tarefas do Aparelho de Estado Central.

Com base no Centralismo Democrático, os Órgãos Centrais do Aparelho de Estado


deveriam aplicar os seguintes princípios:

Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica e


Administrativa;
 Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;
 Observância permanente da legalidade;
 Participação nas tarefas de defesa, segurança e vigilância popular; e
 Participação organizada das massas nas tarefas estatais;

Com a proclamação da Independência Nacional em Moçambique, a Administração


Pública associou-se ao modelo socialista, para suprir a necessidade da máquina
administrativa, com a escassez de mão-de-obra qualificada e neste contexto foram
recrutados muitos moçambicanos para integrarem o Aparelho do Estado, outros para
gerirem empresas que haviam sido abandonadas pelos respectivos proprietários.

Um movimento similar de transformações seguiu-se nos anos 80, que culminou com a
realização do IV Congresso da Frelimo, em Abril de 1983, dando um marco importante
para a mudança do sistema político de governação e a substituição do modelo de
desenvolvimento com base na economia planificada para a economia de mercado em
Moçambique.

A Administração Pública moçambicana a Luz da Constituição de 90

A revisão da Constituição teve um marco importante, com a sua aprovação em 30 de


Novembro de 1990 o que terá trazido várias modificações no seio da Administração
Pública, porque foi nesse período em que o sistema de economia centralmente
planificado conheceu os seus últimos momentos, marcando nova era do pluralismo
político e da economia do mercado em Moçambique.

Após as primeiras eleições gerais e multipartidárias em 1994, o Governo saído vencedor


(Frelimo) deu iniciam ao processo de reconstrução nacional, face as consequências
funestas trazidas pela guerra civil que durou dezasseis anos, daí que as eleições
multipartidárias trouxeram uma mudança política significativa no contexto da
democratização em Moçambique, dando uma efectiva implantação de um Estado de
Direito.

Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004

A Constituição da República de Moçambique de 2004, passou a ser constituído pelo


Conselho de Ministros, da qual o Presidente da República é quem preside, seguido do
Primeiro-Ministro e outros Ministros. No entanto podem ser convocados para participar
em reuniões do Conselho de Ministros os Vice-Ministros e os Secretários de Estado e
que na sua actuação, o Conselho de Ministros observa as decisões do Presidente da
República e as deliberações da Assembleia da República.

Das tarefas encarregues ao conselho de Ministros destacam-se:


 Assegurar a Administração do País;
 Garantir a integridade territorial;
 Velar pela Ordem Pública, Segurança e estabilidade dos cidadãos;
 Promover o desenvolvimento económico e social;
 Desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país.

Racionalização e Descentralização de Estruturas e Procedimentos de Prestação de


Serviços

Nesta componente, a Análise Funcional e Reestruturação dos Ministérios é aprincipal


actividade. Este exercício, permitirá aos ministérios reflectirem sobrea sua missão e
objectivos estratégicos, suas funções e estruturas que melhorpossam permitir o
cumprimento da finalidade e razão da sua existência, e sobreo destino a dar às funções
actualmente existentes: se serão mantidas a nívelcentral ou provincial, se serão abolidas,
privatizadas ou transferidas para outrossectores incluindo agências ou ONG´s. A
Análise Funcional é umaoportunidade para os ministérios alocarem funções e recursos
de forma maisefectiva em prol da criação de uma capacidade maior de resposta às
demandasda sociedade. Ocorrendo isto, a reforma terá um impacto económico
evidente,porque permitirá ao Estado criar as condições necessárias para que os
agenteseconómicos tenham as suas iniciativas implementadas, de forma eficiente e
eficaz.

Antes da presença dos Portugueses a Moçambique, a maior partes dos povos bantos da
região austral de África, migravam para Moçambique na procura de condições de
sobrevivência. Estas comunidades eram nómadas e baseavam na caça e na recolecção.
Estes criavam fortes relações com os bantos de Moçambique, assim como os outros
imigrantes. Contudo, havia conflitos entre estes relacionados com a posse de terra, dos
recursos minerais, assim como o domínio da terra (Isaacman & Isaacman, 1983:13).

No período da ocupação efetiva, foram abolidas estas autonomias políticas dos


dirigentes africanos, limitados os movimentos migratórios e condicionou o pagamento
sistemático e compulsivo de impostos e mais contribuições regulamentares (Rita,
1980:2).

No período pós-independência, Moçambique sofreu transformações radicais ao adoptar


um sistema político e administrativo de mecanismos capazes de conferir maior
racionalidade, de funcionar como um catalisador das mudanças e do desenvolvimento
da sua sociedade. Essas mudanças iniciaram com a tentativa de implantação de um
Estado socialista que depois seguiram para a descentralização política.

Antes da presença dos europeus, “os estados coloniais estavam organizados em clãs, e
após a presença do estado colonial foram destruídos todos os níveis superiores das
estruturas políticas que aí existiam” e os líderes locais estavam pressionados a fornecer
mão-de-obra assalariada e culturas de rendimento para o mercado (Vieira, 2004, p. 82).
No período da chegada dos portugueses a região, estava ocorrer um processo de
transformação político e uma intensificação e expansão do comércio, fazendo com que
os moçambicanos conseguissem defender os seus próprios

Moçambique desempenhava um papel muito importante na região, visto que havia


interesse por todos os países da região em investir em infraestruturas do país, de modo a
facilitar o processo de escoamento dos seus produtos, enquanto os portugueses
concentravam as suas atenções na prestação de serviço e na produção em pequena
escala (Abrahamsson e Nilsson, 1994, p. 28).

No mesmo período, a política económica nacional assentava no forte “nacionalismo


político e económico” que surgiu como mecanismo de defesa e de proteção de modo a
não alienar recursos a outras potências mais desenvolvidas, aguardando pela
acumulação de capital e pela modernização da economia portuguesa (Mosca &
Oppenheimer, 2005, pp. 118-119).

Democratização e o surgimento de governos locais: a partir de 1992


A democratização em Moçambique iniciou logo após aos Acordos Gerais de Paz (AGP)
assinados em Roma, que dois anos depois, culminara com a realização das primeiras
eleições multipartidárias realizadas em 1994 que “marcaram formalmente o fim da
guerra civil e constituíram igualmente o passo inicial no caminho tortuoso rumo a uma
estabilidade política e à implementação de estruturas democráticas. O sistema
multipartidário implantado em Moçambique caracterizou-se, desde o início, pelo legado
do anterior conflito estrutural e pelo antagonismo existente entre a Frelimo e a Renamo”
(Lalá & Ostheimer, 2003, p. 8).

Contudo, podemos designar o processo de descentralização em Moçambique, como


refere Fauré e Rodrigues (2011, pp. 101-146) como “…parte integrante de um conjunto
de reformas e mudanças de natureza de natureza política, económica e administrativa
em curso desde os anos 80 face a contínua degradação da situação económica, social e
política do país”.

Esta transição do socialismo para o capitalismo trouxe consigo índices económicos


muito satisfatórios em detrimento dos países da região austral de África, dado que Entre
1997 e 1999, o país atingiu uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de
cerca de 10% (Lalá & Ostheimer, 2003, p. 50). Este crescimento da economia foi
acompanhado pelo aumento dos juros relativos 57 a divida interna que subiram de 270
para 692 biliões de meticais no período compreendido entre 2001 e 2002 (Lalá &
Ostheimer, 2003, p. 50).

O governo de Moçambique descentralizou o poder político e administrativo, através de


uma emenda constitucional introduzida na lei 9/96 e outras leis sobre autarquias locais
aprovadas posteriormente como são os casos da Lei dos órgãos locais do Estado –
Decreto 11/2005, de 10 de junho; do diploma ministerial 80/2004 de 14 de maio,
referente a articulação das autarquias locais com autoridades comunitárias.

Esta política de descentralização consistiu na valorização das comunidades locais e no


aperfeiçoamento dos mecanismos de participação na administração pública, permitindo
maior responsabilização dos governos eleito, através de mecanismos de controlo para o
efeito. Em todo o caso, foi reconhecido também o papel das autoridades tradicionais,
sustentados por visões patrimonialistas da sociedade, que também desempenham papel
importante na governação local (Nyakada, 2008)

Em Moçambique, o processo de descentralização de competências, recursos, funções ou


atribuições, como referiu-se anteriormente, resultam no reconhecimento de que as
instituições locais estão melhor preparadas para a escolha de um conjunto de
propriedades públicas que correspondam as necessidades das populações locais e deles
decidirem sobre o volume da oferta de certos bens e serviços públicos (N. d. J. V.
Canhanga, 2009).

pesquisa pode-se recomendar que as organizações públicas deveriam definir estratégias


sectoriais mais adequadas e de forma participativa para realização dos objectivos que se
propõem ou que devem realizar, de acordo com a sua missão, baseadas na Estratégia da
Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública (ERDAP) 2012-2025, que
constitui o documento orientador deste processo no País.

Por outro lado, as estratégias a adoptar pelas organizações públicas devem estar
alinhadas com as necessidades e prioridades do cidadão, assegurando ao mesmo tempo
a eficiência e eficácia no uso dos escassos recursos públicos postos à sua disposição.
Conclusão

Desta elaboração pode-se concluir que apesar de esforços e vontade política do Governo
de Moçambique, ainda persistem muitos problemas de organização e do funcionamento
da Administração Pública que constituem autênticos desafios de momento e para os
próximos 14 anos. Estes podem ser agrupados em problemas estruturais e funcionais.

Para fazer face a esta situação o Governo aprovou uma estratégia de longo prazo, a
Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025
(ERDAP), com objectivo fundamental de continuar com as reformas, de forma mais
integrada nas actividades do sector público
Referências bibliográficas

Amaral, DF. (2006). Curso de Direito administrativo. Volume I.3ª Ed. Coimbra,
Portugal.

República de Moçambique. 2001. Estratégia Global da Reforma do Sector Público.


Maputo, Moçambique.

Abrahamsson, Hans, & Nilsson, Anders. (1994). Moçambique em transição: um estudo


da história de desenvolvimento durante o período 1974-1992. Maputo:

ADAM, Yussuf. (1997). Evolução das estratégias para o desenvolvimento no


Moçambique pós-colonial. ed. Moçambique:

Alves, André Azevedo, & Moreira, José Manuel. (2004). O que é a Escolha Pública?
Para uma análise económica da política: Cascais: Principia. ANAMM, & World Bank.
(2009). Desenvolvimento Municipal em Moçambique: As Lições da Primeira Década.
Maputo: World Bank/ National Association of Municipalities of Mozambique
(ANAMM). Bardhan, P., & Mookherjee, D. (2000). Capture and governance at local
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