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tarde

DESAFIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAMOÇAMBICANA

I.

IntroduçaoA Administração Pública de qualquer país e de qualquer época tem como


finalidadefundamental satisfazer, através dos seus órgãos e serviços, as necessidades
colectivas dasrespectivas populacões.Vários são os estudiosos que se têm dedicado a
concepção de um modelo de administração quepossibilita a prossecução daquele
desiderato com o emprego de menos recursos possíveis e comdispêndio de menor tempo
possível, ou seja a satisfação das necessidades colectivas comeficiência e eficácia.A
presente apresentação insere-se no âmbito dos seminários curricular do curso de
licenciaturaem Administração Pública na universidade católica de Moçambique, Faculdade
de CiênciasSociais e Políticas

Extensão de Gurué e tem como finalidade identificar os principais problemasde
organização e funcionamento da administração pública moçambicana, especificamente
amesma pretende diagnosticar a função pública moçambicana, analisar as disfunções
funcionala partir da Estratégia Global da Reforma do Sector Público e perspectivar uma
administracaopública que busca os seus fundamento no modelo gerencial.II. Conceitos
Básicos2.1 Administracao PúblicaFazendo uma incursão sobre a literatura existente sobre a
matéria, nota-se que não existe umadefinição única deste conceito, embora existindo
convergência em alguns aspectos que formama base do conceito. Para sustentar esta
afirmação, são trazidas neste trabalho algumasdefinições que foram sendo produzidas por
vários autores desta área da ciência e deconhecimento.
Freitas do Amaral (2006), define a Administração Pública em sentido orgânico como
sendo “um sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado bem como das demais
pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome da colectividade a satisfaçãoregular
e continua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-
estar”
Segundo o mesmo autor, Administração Pública é a actividade típica dos serviçospúblicos e
agentes administrativos no interesse geral da colectividade, com vista asatisfação regular e
continua das necessidades colectivas de segurança, cultura ebem-estar, obtendo para o
efeito os recursos mais adequados e utilizando as formas
mais convenientes”.

No entendimento do Governo de Moçambique e como definido no seu Plano Estratégico


deDesenvolvimento da Administração (PEDAP, também conhecido por ERDAP, 2011-2025
aAdministração Pública é

“um
conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes doEstado, bem como das demais
pessoas colectivas públicas que asseguram a prestação deserviços públicos ao cida
dão” (MAE, 2011).
A Administração Pública é entendida num duplo sentido: sentido orgânico e sentido
material.

No sentido orgânico, a administração pública é o sistema de órgãos, serviços e agentes


doEstado e de outras entidades públicas que visam a satisfação contínua dasnecessidades
colectivas.No sentido material, a Administração Pública é a própria actividade desenvolvida
por aquelesórgãos, serviços e agentes do Estado. Em outras palavras, a Administração
Pública é dotada depoderes que se constituem em instrumentos de trabalho.

Em Moçambique, a administração pública, através dos respectivos serviços públicos é


oinstrumento através do qual o estado materializa a vontade dos cidadãos. Com efeito, os
artigos249 e 250 da CRM, e respectivos números, estabelecem que a administração pública
serve ointeresse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos.Os seus órgãos obedecem à Constituição e à lei, e actuam com respeito pelos
princípios daigualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça. Ainda, a administração
pública estrutura-secom base no princípio de descentralização e desconcentração,
promovendo a modernização ea eficiência dos seus serviços sem prejuízo da unidade de
acção e dos poderes de direcção doGoverno.Por seu turno, o Decreto no. 30/2001, de 15
de Outubro, define no seu artigos 5 e 6os princípiosde actuação dos serviços da
administração pública, dos quais se pode destacar o princípio daprossecução do interesse
público e protecção dos direitos e interesses dos cidadãos; e oprincípio de justiça e de
imparcialidade.2.2 ReformaO tema da reforma administrativa em Moçambique adquiriu
centralidade crescente no debatesobre as condições para o enfrentamento dos problemas
estruturais e das fragilidadesinstitucionais da gestão pública, caracterizada por uma
burocracia excessiva e inoperante, poucoflexível e dinâmica, e, sobretudo, pela
necessidade de ampliação da presença e representaçãodo Estado ao nível das
comunidades locais.As reformas do século XIX, assentaram fundamentalmente na abolição
do patrocínio e nasubstituição do recrutamento pelo exame competitivo sob supervisão de
um conselho deexaminador central; na reorganização do pessoal do gabinete central dos
departamentos emuma ampla classe para lidar com trabalho mecânico e intelectual
respectivamente.
Reforma
é o nome que se dá a uma
mudança de forma
(esta entendida no sentido amplo), umamodificação na forma, na natureza ou no tamanho
de algo, a fim de aprimorá-lo.
Reforma (construção)
: acção, ato ou efeito de reformar, mudar a forma (em sentido amplo) deuma construção ou
edificação.

Reforma,
é um conjunto de acções de carácter transversal ou horizontal e processos demudanças
que devem ser empreendidos para que os serviços públicos prestados nos
diferentessectores sejam melhorados e a sua implementação é da responsabilidade dos
próprios sectores.(EGRSP, 2001 - 2011).III. Evolução histórica da Administração Pública em
MoçambiqueO processo evolutivo da Administração Pública moçambicana, busca os seus
alicerces nas váriasfases da presença Portuguesa e do jugo colonial iniciada nos finais de
seculo XV (1498). Importadestacar a descoberta de
Vasco da Gama
e a sua posterior fixação no litoral de Moçambique,inicialmente como mercadores
(efectuando trocas comerciais) e mais tarde como efectivoscolonizadores.Segundo
Nyakada (2008) a lógica da Administração Pública apresenta-se disposta da
seguinteforma:(i)

no periodo colonial assistia-se a um sistema de administração com marcasiminentemente


patrimoniais,
(ii)

no período após independência e antes da assinatura do Acordo Geral da Paz,


aAdministração Publica era marcadamente burocrática,
(iii)

Nos nossos dias, tem se visto o desencadear de uma série de reformas convindotornar a
Administracao Pública menos onerosa e mais eficiente, reformas estas quesão uma marca
da Nova Gestão Pública ou Administração Gerencial.

3.1

A Administração Pública Pós Independência Nacional

Com a proclamação da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, nasceu a


RepúblicaPopular de Moçambique, e entrou em vigor a nova Constituição da República
Popular deMoçambique definindo como um Estado de Democracia Popular, onde o Poder
passou apertencer aos operários e camponeses.Para atingir novos objectivos, era
necessário empreender uma profunda transformação dosmétodos de trabalho e de
estruturação do aparelho do Estado, a fim de proporcionar a criaçãode novos esquemas
mentais e regras de funcionamento. A administração pública devia ser uminstrumento para
a destruição de todos os vestígios do colonialismo e do imperialismo, para a
eliminação do sistema de “exploração do homem pelo homem”, tanto para a edificação da
basepolítica, material, ideológica, cultural e social da nova sociedade”.
Para isso, foi aprovado o primeiro instrumento normativo para organizar a
AdministraçãoPública, o Decreto nº. 1/75 de 27 de Julho, que definia as principais funções e
tarefas doAparelho de Estado Central.

Com base no Centralismo Democrático, os Órgãos Centrais do Aparelho de Estado


deveriamaplicar os seguintes princípios:

Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica eAdministrativa;


Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;

Observância permanente da legalidade;

Participação nas tarefas de defesa, segurança e vigilância popular; e

Participação organizada das massas nas tarefas estatais;Com a proclamação da


Independência Nacional em Moçambique, a Administração Públicaassociou-se ao modelo
socialista, para suprir a necessidade da máquina administrativa, com aescassez de
mão-de-obra qualificada e neste contexto foram recrutados muitos moçambicanospara
integrarem o Aparelho do Estado, outros para gerirem empresas que haviam
sidoabandonadas pelos respectivos proprietários.Um movimento similar de transformações
seguiu-se nos anos 80, que culminou com a realizaçãodo IV Congresso da Frelimo, em
Abril de 1983, dando um marco importante para a mudança dosistema político de
governação e a substituição do modelo de desenvolvimento com base naeconomia
planificada para a economia de mercado em Moçambique.3.2 A Administracao Pública
moçambicana a Luz da Constituiçao de 90A revisão da Constituição teve um marco
importante, com a sua aprovação em 30 de Novembrode 1990 o que terá trazido várias
modificações no seio da Administração Pública, porque foinesse período em que o sistema
de economia centralmente planificado conheceu os seusúltimos momentos, marcando nova
era do pluralismo político e da economia do mercado emMoçambique.Após as primeiras
eleições gerais e multipartidárias em 1994, o Governo saído vencedor(Frelimo) deu iniciam
ao processo de reconstrução nacional, face as consequências funestastrazidas pela guerra
civil que durou dezasseis anos, daí que as eleições multipartidáriastrouxeram uma mudança
política significativa no contexto da democratização em Moçambique,dando uma efectiva
implantação de um Estado de Direito.3.3 Administração Pública em Moçambique à luz da
Constituição de 2004A Constituição da República de Moçambique de 2004, passou a ser
constituído pelo Conselhode Ministros, da qual o Presidente da República é quem preside,
seguido do Primeiro-Ministroe outros Ministros. No entanto podem ser convocados para
participar em reuniões do Conselhode Ministros os Vice-Ministros e os Secretários de
Estado e que na sua actuação, o Conselho deMinistros observa as decisões do Presidente
da República e as deliberações da Assembleia daRepública.Das tarefas encarregues ao
conselho de Ministros destacam-se:

Assegurar a Administração do País;

Garantir a integridade territorial;

Velar pela Ordem Pública, Segurança e estabilidade dos cidadãos;


Promover o desenvolvimento económico e social;

Desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país.Em suma a


Administração Pública a luz da Constituição de 2004, tem em primazia servir osinteresses
públicos e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais doscidadãos.
Igualmente os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei,baseando
pelos princípios de igualdade, imparcialidade, ética e justiça patente no art. 249
daConstituição da Republica de Moçambique.3.3.1 Traços da Constituição da República de
Moçambique de 2004

A Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização


edesconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos serviços;

Promove a simplificação de procedimentos administrativos e a aproximação dosserviços


públicos aos cidadãos, art. 250 da CRM, coadjuvado com o Decreto nº 30/2001de 15 de
Outubro que aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços daAdministração Pública
estabelecendo os princípios da actuação da AdministraçãoPública, Principio da legalidade,
Principio da prossecução do interesse público eprotecção dos direitos e interesses dos
cidadãos.Órgãos Locais do Estadoa)

Orgaos Locais do EstadoOs órgãos locais do Estado conforme citam artigos 262, 263 e 264
da Constituição da Repúblicade Moçambique, têm como função à representação do Estado
ao nível local para aAdministração e o Desenvolvimento do respectivo Território e
contribuem para a integração eunidade nacional. No seu funcionamento, os órgãos locais
do Estado, promovem a utilização dosrecursos disponíveis e garantem a participação activa
dos cidadãos e incentivam a iniciativa localna solução dos problemas das comunidades,
respeitando na sua actuação as atribuições,competências e autonomia das autarquias
locais e a realização de tarefas e programaseconómicos, culturais e sociais de interesse
local e nacional, observando o estabelecido naConstituição, deliberações da Assembleia da
República, do Conselho de Ministros e dos órgãosdo Estado do escalão superior.Para
assegurar a participação das comunidades na definição das prioridades das Acções
deDesenvolvimento Económico Local, foi instituído um fundo de investimento de iniciativa
local,que é gerido pelos Governos Distritais, cuja utilização é concertada pelo Governo
Distrital comos Conselhos Consultivos Locais, que estão em funcionamento nos Distritos,
PostosAdministrativos e Localidades.

IV. ProblematizacaoO Porquê de abordar sobre os desafios da AP em Moçambique?O


então Presidente de Moçambique, Senhor Joaquim Alberto Chissano no lançamento da
Estratégia Global da Reforma do Sector Público 2001-2011
no dia 25 de Junho de 2001, afirmou
que “falamos da Reforma do Sector públic
o porque não estamos completamente satisfeitos com
qualquer coisa na organização e funcionamento deste universo de instituições do Estado”
(CIRESP, 2001).
Em 2006, na vigência da II fase de implementação da EGRSP, foi adoptado a seguinte
maxima:
O funcionário - a Servir cada vez melhor ao Cidadão.

Em 2011, O Secretário-Geral da Commonwealth, Kamalesh Sharma, em visita a


Moçambique enuma audiência com a ministra da função pública, considerou que a
Administração Pública
moçambicana estava ainda “fechada”, aconselhando o Governo a proceder a mais
reformaspara “melhor servir o povo moçambicano”.
Chichava (2012) disse que o nosso desafio é fortalecer a sociedade civil atravez de
debates muitosérios nos nossos sectores de trabalho, nas nossas organizações políticas,
etc. Temos, penso eu,que levar os nossos dirigentes ao espírito democrático, de diálogo e
de responsabilidade.Dados preliminares do Censo realizado em 2007 indicavam para a
existência de 169.701funcionários e agentes do Estado, dos quais: 24,2% tinham o nível de
formação básica ou inferiore apenas 8,49% possuiam nível superior; 9. 852exerciam cargos
de chefia e direcção, aos vários níveis. Dos que exercem cargos de direcção echefia 25,
64% tinha o nível superior; 67,97% possuem nível médio (geral e técnico) e 6,39% têmnível
básico.A maior parte dos funcionários com formação superior tende a concentrar-se nas
grandescidades (capitais do país e das províncias).A definição do distrito como pólo de
desenvolvimento, os propósitos de descentralizar edesconcentrar transformam esta
situação num desafio que urge enfrentar.Os Conselheiros da Agenda 2025, documento
emanado da sociedade civil, reconhecem que o
“País necessita de um Estado forte e actuante

e exige uma governação competente” e definem

que, no percurso até ao ano 2025, os esforços devem conduzir a um “País com governação
capaz
e eficiente, descentralizada, transparente, com estabilidade governativa e que preserva
amemória institucional e com
elevada capacidade de elaboração e implementação de políticas”.
Assim, é licito perguntar: Será que a Administraçao Pública moçambicana ofere aos
cidadãosseviços públicos de qualidade?
V. Uma adminstracao pública voltada para o cidadão, com melhoria da qualidade dos
serviçospúblicos e o aperfeiçoamento das respostas administrativas oferecidas à sociedade
A Agenda 2025 é categórica ao considerar que “as instituições devem ser estruturadas para
que
a mudança de titulares de órgãos governamentais não crie rupturas nem impeçam a
prossecução de políticas, projectos e acções em curso”, e advoga a favor da promoção
da“cultura de Estado e despersonalização das instituições públicas”
A não definição clara do papel do sector público em relação ao sector privado e à
sociedadecivil, designadamente no que respeita às definições de políticas públicas, à
regulamentação eregulação das relações na sociedade, bem como à resolução de conflitos
decorrentes do seupróprio funcionamento. A institucionalização incompleta das
responsabilidades e dosmecanismos e formas de participação das organizações e
representantes da sociedade civil,designadamente das comunidades locam, bem como do
sector privado na gestão de questõesde interesse público. A tendência de as organizações
do sector público realizarem aindaalgumas funções, para além da sua vocação principal e
do que seria o seu papel num Estadoorientado para as funções necessárias de promoção,
regulamentação, garantia de equidade eprotecção dos direitos de cidadania e da ordem
pública e a falta, insuficiência ou deficiência na
definição das missões, objectivos e funções
das organizações do sector público, com maiorgravidade no que se refere aos escalões de
níveis inferiores e uma
dimensão inadequada
dosector público, face à natureza e escala dos serviços a serem prestados, da escassez
dosrecursos do Estado e do critério de sustentabilidade dos serviços públicos, permite-nos
elencaros seguintes desafios da administrcao pública em Moçambique:
5.1

Racionalização e Descentralização de Estruturas e Procedimentos de Prestação deServiços


Nesta componente, a Análise Funcional e Reestruturação dos Ministérios é a

principalactividade. Este exercício, permitirá aos ministérios reflectirem sobre

a sua missão e objectivosestratégicos, suas funções e estruturas que melhor

possam permitir o cumprimento dafinalidade e razão da sua existência, e sobre

o destino a dar às funções actualmente existentes:se serão mantidas a nível

central ou provincial, se serão abolidas, privatizadas ou transferidaspara outros

sectores incluindo agências ou ONG´s. A Análise Funcional é uma

oportunidade paraos ministérios alocarem funções e recursos de forma mais

efectiva em prol da criação de umacapacidade maior de resposta às demandas

da sociedade. Ocorrendo isto, a reforma terá um

impacto económico evidente,

porque permitirá ao Estado criar as condições necessárias paraque os agentes

económicos tenham as suas iniciativas implementadas


,
de forma eficiente e

eficaz.Por outro lado, a privatização e/ou contratação de algumas funções do


Estado abre espaço auma maior competitividade na prestação de serviços

públicos, com fortes possibilidades demelhoria de sua qualidade e criação de

novas formas de rendimento.

Ademais, a redução dotempo de resposta bem como da burocracia no

funcionamento do sector público eparticularmente no licenciamento das

actividades económicas, previstas sob esta componentee já em curso, são

medidas que estimularão consideravelmente os investimentos tanto internos

como externos, com um impacto positivo na economia.

A Estratégia Global da Reforma do Sector Público é um programa do Governo

integrando todasas reformas em curso nos ministérios e governos provinciais.

Com esta nova abordagem, asmudanças que vinham sendo sectoriais e isoladas

passam a ser integradas e interdependentes,com uma única direcção, visando a

melhoria da prestação de serviços públicos ao cidadão e odesenvolvimento de

um ambiente favorável ao crescimento do sector privado.

Para o alcance desses objectivos, estão previstas mudanças profundas na gestão

e capacitaçãodos recursos humanos, nas estruturas e procedimentos de

prestação de serviços, no processode gestão de políticas públicas e na

programação orçamental e gestão financeira. Estas reformascontribuirão

consideravelmente para a promoção da boa governação e combate à corrupção,

ao aumentar a capacidade de resposta do sector público às demandas dos

cidadãos, através dacriação de mecanismos de prestação de contas e

transparência e pela redução de oportunidadesde acesso ilícito aos recursos

públicos. A ocasião faz o ladrão. É preciso reduzir senão eliminaros espaços

para a corrupção.
5.2

Formulação e Monitoria de Políticas Públicas


A melhoria do processo de gestão de políticas públicas é um dos objectivos

pretendidos com aAnálise Funcional e Reestruturação dos Ministérios. A

melhoria da capacidade de formulação,implementação e monitoria de políticas

públicas contribuirá consideravelmente para ocrescimento económico, porque

permitirá dar resposta adequada das demandas existentes nasociedade. No caso

da economia, o sector público terá a capacidade para intervir onde a sua

presença se revele necessária para estimular o desenvolvimento, e terá uma

função maisregulatórias onde haja perigo de ocorrência de disfunções do

mercado e de desequilíbrios nainteracção entre os agentes económicos. Os

processos participativos, previstos na nova lei dosórgãos locais do Estado,

serão um insumo necessário a este tipo de intervenção dos poderespúblicos, na

perspectiva de acomodar institucionalmente a governação participativa no

nossopaís.

Um exemplo de suma importância que está a ser implementado neste sentido é o


“Observatóriodo PARPA”
, através do qual o Governo ausculta a sociedade e incorpora contribuições que
visammelhorar os métodos de trabalho na formulação e monitoria de políticas públicas. Por
outrolado, estão previstos, no âmbito da Lei dos Órgãos Locais do Estado Fóruns
Consultivos aos

vários níveis como um mecanismo de consulta periódico entre o Governo e a sociedade,


napromoção da governação participativa e ampliação da democracia.
5.3 Profissionalização dos Funcionários do Sector Público
A melhoria da qualificação dos recursos humanos é fundamental para o sucesso da
AnáliseFuncional, porque é o garante de que as novas estruturas a serem criadas serão
competente eadequadamente geridas. Por outro lado, no âmbito do desenvolvimento dos
recursos humanosestá prevista a adopção de uma nova política salarial, que ligará a
remuneração ao desempenhoe/ou gestão por resultados. Este elemento irá introduzir uma
maior competitividade pelosrecursos humanos qualificados entre o sector público e o sector
privado, e reduzirá, em certamedida, a crónica fuga de quadros do primeiro para o segundo.
Como resultado global, o paístenderá a ter um padrão comum de qualificação dos recursos
humanos tanto no sector públicocomo no privado, que pelos incentivos existentes tenderão
a ser, pelos menos nas funçõesestratégicas, de um nível alto. A economia poderá se
beneficiar disso com a tendência a umabusca constante de maior qualificação pelos que
pretendem entrar no mercado de trabalho.Este aspecto de formação e desenvolvimento de
recursos humanos nacionais tecnicamentequalificados é que reduzirá drasticamente o
eterno argumento de contratação de mão-de-obraestrangeira preterindo-se a nacional. Por
isso é que a nossa primeira aposta para o sucesso dareforma está na formação e
treinamento profissional porque é um dado adquirido que
“a
qualidade e riqueza de um País depende dos seus recursos

humanos”
.Um instrumento importante aprovado pelo Governo e em processo de implementação é
oSistema de Formação em Administração Pública (SIFAP), que já é uma realidade no País.
Trata-se de um programa compreensivo de treinamento e formação profissional
incorporandométodos formais e não formais de educação, incluindo o ensino modular e à
distância. Nopresente o SIFAP é implementado e coordenado através de três Institutos de
Formação Públicae Autárquica (IFAPAs) existentes em Lichinga (para servir as províncias
da zona norte), na Beira(para as províncias da zona centro), e na Matola (para as províncias
da zona sul. Também seencontra já em actividade o Instituto Superior de Administração
(ISAP), uma instituição de carizvocacional de ensino superior destinado a coordenar cursos
formais, cursos de pequena duraçãoe investigação aplicada sobre a administração pública
em Moçambique.
5.4

Gestão Financeira e Prestação de Contas


Por tradição a gestão financeira nos países em via de desenvolvimento é reconhecidamente
umdos aspectos mais críticos do sector público. No entanto, a má gestão financeira, além
deabrandar a capacidade do Estado na provisão de serviços públicos e de sustento do seu
própriofuncionamento, incorpora em si o fantasma dos défices públicos, cujas formas de
financiamentoquase sempre se revelam nefastas para a economia nacional, o que pode
dilatar as taxa de juros,sendo uma das consequências decorrente a retracção de
investimentos, aumento dodesemprego e queda da economia, problema este já identificado
em Moçambique e que asautoridades governamentais têm vindo a envidar esforços, para
impugnar o cenário no quadroda sua governação.

A aprovação da Lei da Administração Financeira do Estado e a sua

regulamentação, bem comoas reformas tributárias em curso, são elementos da

Reforma que contribuirãoconsideravelmente para a melhoria do quadro fiscal.Além da


melhoria na gestão financeira em si, a nova legislação incorpora

também mecanismosde prestação de contas que serão a base para uma maior

transparência e responsabilização.Neste sentido, está para aprovação o


Regulamento de Contratação de Empreitadas de ObrasPúblicas e de

Fornecimento de Bens e de Prestação de Serviços ao Estado (


O Regulamento do

Procurement
), como forma de imprimir maior transparência no relacionamento

do Estado comos agentes económicos e outros particulares.

Em suma, uma maior responsabilidade fiscal terá um efeito positivo na

economia, porqueeliminará alguns dos elementos que podem prejudicar os

esforços de desenvolvimentoeconómico. No entanto, torna-se necessário

aprofundar de forma participativa o tipo dereforma fiscal que não asfixie o

desenvolvimento do sector empresarial nas grandes e médiasempresas e muito

menos prejudicar a emergência e desenvolvimento dos pequenosempreendedores.


5.5

Boa Governação e Combate à Corrupção


O fenómeno da corrupção é outra face da moeda que assola o sector público e tem
custoseconómicos elevados, porque contribui para a retracção dos investimentos, pois,
consiste nouso ilícito dos recursos públicos para fins particulares. No âmbito do sector
público ela florescecom a falta de transparência, burocracia excessiva, procedimentos de
estruturas demasiadas ecomplexas.No entanto, no âmbito do sector público ela floresce
onde há falta de

transparência, excessivaburocracia, procedimentos e estruturas demasiado

complexas. Por essa razão, o combate àcorrupção decorre naturalmente das

mudanças positivas que forem operadas nas estruturas eprocedimentos de

prestação de serviços, na profissionalização da Administração Pública, e

modernização na gestão e desenvolvimento de recursos humanos, na gestão de

políticaspúblicas e na gestão financeira e melhoria de mecanismos de prestação

de contas.

Portanto, o combate à corrupção, é parte integrante da Reforma porque cada

componente daEstratégia Global da Reforma do Sector Público contribui na


redução de oportunidades deacesso ilícito aos recursos públicos. Ao se

melhorar o funcionamento dos elementos acimaindicados, reduz-se o espaço

para práticas ilícitas. Desta forma, o combate à corrupção estimulao

desenvolvimento económico porque reduz os custos de transacção dos agentes

económicose promove o ambiente para uma efectiva boa governação.

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VI. A ADMINISTRACAO PÚBLICA DO AMANHA

Melhorar a qualidade da prestação de serviços aos cidadãos, divulgando os seus direitose


melhorando as condições do seu atendimento;

Reforçar o papel da Administração Pública enquanto agente de transformação dasociedade,


criando condições técnicas e organizacionais para a instituição de umaadministração para o
desenvolvimento;

Alterar a imagem da Administração Pública, através da melhoria do ambiente detrabalho, da


formação contínua dos seus funcionários e da dignificação do seu papel;

Reduzir os custos administrativos, através da elevação dos níveis de eficiência equalidade


de serviços;

Promover a coordenação da construção e reabilitação de infraestruturas daadministração


dos distritos e postos administrativos;

Consolidar o processo da reforma dos órgãos locais, através da formação e/oucapacitação


dos funcionários das autarquias locais.
VII.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESConclusões
Desta elaboração pode-se concluir que apesar de esforços e vontade política do Governo
deMoçambique, ainda persistem muitos problemas de organização e do funcionamento
daAdministração Pública que constituem autênticos desafios de momento e para os
próximos 14anos. Estes podem ser agrupados em problemas estruturais e funcionais.Para
fazer face a esta situação o Governo aprovou uma estratégia de longo prazo, a Estratégiade
Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025 (ERDAP), com
objectivofundamental de continuar com as reformas, de forma mais integrada nas
actividades do sectorpúblico
5.2.

Recomendações
Tendo em conta as conclusões desta pesquisa pode-se recomendar que as organizações
públicasdeveriam definir estratégias sectoriais mais adequadas e de forma participativa para
realizaçãodos objectivos que se propõem ou que devem realizar, de acordo com a sua
missão, baseadas

na Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública (ERDAP)


2012-2025, queconstitui o documento orientador deste processo no País.Por outro lado, as
estratégias a adoptar pelas organizações públicas devem estar alinhadas comas
necessidades e prioridades do cidadão, assegurando ao mesmo tempo a eficiência e
eficáciano uso dos escassos recursos públicos postos à sua disposição.
VIII.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Amaral, DF. (2006). Curso de Direito administrativo. Volume I.3ª Ed. Coimbra,
Portugal.República de Moçambique. 2001. Estratégia Global da Reforma do Sector Público
2001-2011.Comissão Interministerial da reforma do Sector Público (CIRESP). 2001.
Maputo, Moçambique.República de Moçambique. 2006. Programa da Reforma do Sector
Público -II Fase (2006-2011).Autoridade nacional da Função Pública. Maputo,
Moçambique.Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
2012-2025 (ERDAP).Ministério da Função Pública. 2012. Ma

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