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Índice

1. Introdução...............................................................................................................................1

1.1. Objectivos...........................................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral..........................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos...............................................................................................2

1.1.3. Metodologia...................................................................................................................2

2. Administração Pública...........................................................................................................2

2.1. Natureza e Finalidade da Administração Pública...........................................................3

2.1.1. Modelos de Administração Pública............................................................................4

2.1.2. Formas de organização da Administração Pública.....................................................4

2.1.3. Princípios Fundamentais da Administração Pública..................................................5

2.1.4. Poderes da Administração Pública.............................................................................6

2.2. Administração Pública em Moçambique...........................................................................6

2.2.1. Estrutura e Composição..............................................................................................6

2.2.2. Poderes da Administração Pública em Moçambique.................................................7

2.2.3. Princípios de Actuação da Administração Pública em Moçambique.........................8

3. Conclusão...............................................................................................................................9

4. Referencias Bibliográficas...................................................................................................10

4.1. Legislação Consultada......................................................................................................10

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1. Introdução

A Administração Pública em Moçambique representa um pilar fundamental para


a gestão e execução das políticas governamentais, desempenhando um papel essencial
na estruturação e funcionamento do país. Neste trabalho, exploraremos os princípios,
estrutura e os poderes que norteiam e impulsionam a Administração Pública em
Moçambique.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


 Apresentar os princípios, estrutura e os poderes que regem a Administração
Publica em Moçambique.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Identificar os princípios que orientam a Administração Publica em Moçambique;
 Apresentar a estrutura da Administração Publica moçambicana;
 Explorar os poderes conferidos a Administração Publica.

1.1.3. Metodologia

As metodologias utilizadas no trabalho, segundo Octavian et al. (2003, p.22),


“são os instrumentos que deverão ser utilizados na investigação e que tem por finalidade
encontrar o caminho mais racional para atingir os objectivos propostos”.

Assim sendo, a pesquisa foi classificada sob dois aspectos: quanto aos fins e
quanto aos meios de investigação. No que tange os fins, a pesquisa foi considerada
exploratória à medida que fez um levantamento bibliográfico. Quanto aos meios de
investigação, a pesquisa foi considerada bibliográfica, pois incorporou uma revisão de
literatura sobre o tema, isto é, a colecta de dados para subsidiar teoricamente este
estudo.

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2. Administração Pública

A expressão “administração pública” pode referir-se a diferentes contextos e


diferentes significados, não apenas pela complexidade da sua acção, mas também pelas
reformas progressivas que o Estado moderno vem sofrendo ao longo dos tempos, com
vista a assegurar a prossecução dos seus fins.

MEIRELLES (2004: 59) sublinha que a Administração Pública deve ser


concebida considerando dois sentidos:

1) Formal, subjectivo ou orgânico - entendido como o conjunto de órgãos


instituídos para a prossecução dos objectivos do Estado, isto é, a designação das
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer a função
administrativa em qualquer um dos poderes (Legislativo, Executivo e
Judiciário). É ao que se refere a primeira das três situações anteriores; e
2) Material, objectivo ou funcional - entendido como o conjunto das funções
necessárias aos serviços públicos em geral, isto é, designa a natureza da
actividade exercida pelos entes públicos. Nesse sentido, a administração pública
é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder
Executivo. É ao que se refere a segunda das três situações anteriores.

Portanto, a Administração Pública é o conjunto de organizações e de servidores,


mantidos com recursos públicos, cujas actividades são realizadas em conformidade com
a lei, responsáveis pela tomada de decisão e implementação das políticas e normas
necessárias ao bem-estar da sociedade (MELLO, 2000: 130).

2.1. Natureza e Finalidade da Administração Pública


Segundo MELLO (2004: 132), basicamente, a natureza da Administração
Pública constitui o munus público, isto é, o que emana do poder público ou da lei e que
é exercido em proveito da colectividade. É tudo que procede da autoridade pública, e
obriga o indivíduo a um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens,
serviços e interesses da colectividade.

Perante essa natureza, impõe-se ao agente público a obrigação de cumprir


fielmente os preceitos do direito e da moral administrativa que regem a sua actuação, ao
assumir para com a colectividade o compromisso de bem servi-la, porque outro não é o

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desejo do povo, como legítimo destinatário dos bens, serviços e interesses
administrados pelo Estado.

MEIRELLES (2004: 67), salienta que a finalidade da Administração Pública


passa pela defesa e prossecução do interesse público (as aspirações ou vantagens
licitamente almejadas por toda a comunidade administrada, ou por uma parte expressiva
de seus membro), através da prestação de serviços aos cidadãos e/ou promoção do bem-
estar da colectividade.

Assim, toda actividade do administrador público deve ser orientada para esse
objectivo, de maneiras que o acto ou contrato administrativo realizado sem interesse
público representa um desvio ao alcance dessa finalidade.

2.1.1. Modelos de Administração Pública


A literatura concorda, na sua maioria, com a existência de três modelos que
corporizam a evolução da Administração Pública, nomeadamente:

a) Administração Pública Patrimonialista : que vigorou até ao início do século


XIX, era caracterizada pelo carácter personalista do poder, pela lógica subjectiva
e minuciosa do sistema jurídico, pela irracionalidade fiscal e pela tendência à
corrupção do quadro administrativo, isto é, ausência de limites entre os bens e
recursos públicos e privados, clientelismo, corrupção, nepotismo, entre outras
práticas, tendo em conta a precariedade na diferenciação entre as esferas
públicas e privadas (CAMPANTE, 2003).
b) Administração Pública Burocrática : do final do século XIX até finais do
século XX, concebida para promover a impessoalidade e eficiência face a
arbitrariedade patrimonialista. Neste caso, era caracterizada baseada por defesa
aos princípios da formalidade, impessoalidade e profissionalismo, como base
para o carácter racional das regras que norteiam as condutas dos agentes
públicos e da separação entre as esferas públicas e privadas (WEBER, 1999).
c) Administração Pública Gerencial: desde finais do século XX, que tem foco
em resultados, orientação para o cidadão-consumidor e a capacitação de recursos
humanos. As inovações introduzidas por ela no aparato estatal foram a
descentralização de processos e a delegação de poder. Assim, as características
foram abertura de mercado, desregulamentação, privatização, bem como focos

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na economia/eficiência, eficácia/qualidade e equidade/accountability (KETTL,
2005: 85).

2.1.2. Formas de organização da Administração Pública


De acordo com MELLO (2004: 139), a Administração Pública pode ser
organizada de duas formas:

1. Directa ou Centralizada, quando constituída pelos serviços integrados na


estrutura dos órgãos principais do Estado. Na prática, a centralização ocorre
quando o Estado executa suas tarefas por meio dos órgãos e agentes integrantes
da administração directa, através da pessoa política que representa a
Administração Pública competente. Por exemplo: os ministérios, governos
provinciais, distritais, entre outros.
2. Indirecta ou Descentralizada, quando constituída por aquelas actividades ou
competências, em que o Estado descentraliza o seu desempenho para outras
pessoas jurídicas de direito público ou privado. Para DI PIETRO (2004: 349), a
descentralização implica a transferência do poder decisório para os agentes
locais da administração, ou distribuição de competências de uma pessoa para
outra pessoa física ou jurídica. Por exemplo: autarquias locais, fundações
públicas, empresas públicas, entre outras.

2.1.3. Princípios Fundamentais da Administração Pública


A maioria dos autores (MEIRELLES, 2004, MELLO, 2004) defende cinco
princípios fundamentais da Administração Pública, designadamente:

1. Princípio da Legalidade: estabelece que a actuação da administração pública


necessita estar prevista na lei. Esta deve agir quando, como e da forma que a lei
determinar.
2. Princípio da Moralidade: estabelece que a administração pública impõe ao
agente que pratica o acto administrativo um comportamento ético, moral e
jurídico adequado.
3. Princípio da Impessoalidade: estabelece que a actuação da administração
pública não se confunde com a pessoa física do seu agente. Exige-se que o acto
seja sempre praticado com finalidade pública.
4. Princípio da Publicidade: estabelece a imposição legal da divulgação dos actos
administrativos, de modo a tornar obrigatória a sua observância. No entanto,

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nem todos actos administrativos necessitam ser publicados para serem válidos.
São os casos da segurança nacional, investigação policial, entre outros.
5. Princípio da Eficiência: estabelece que os actos da administração pública
devem ser desempenhados visando a melhor relação custo/benefício na gestão
dos recursos públicos, ou seja, deve-se observar o máximo de proveito, com o
mínimo de recursos humanos, materiais e financeiros com destinação pública.

2.1.4. Poderes da Administração Pública


Segundo MEIRELLES (2004: 72), a Administração Pública é dotada de poderes
instrumentais para o desempenho das atribuições que lhe são legalmente definidas, tais
como:

1. Poder Vinculado: é aquele conferido pela lei à administração pública para a


prática de acto de sua competência, ficando determinados os elementos e os
requisitos necessários a sua formalização. Exemplo: Despacho de um
requerimento.
2. Poder Discricionário: a administração pública tem liberdade de escolha da
conveniência, oportunidade e conteúdo do acto. Exemplo: Quando o professor
deixa entrar na sala de aula o aluno atrasado.
3. Poder Normativo: é o poder conferido aos chefes do Executivo para editar
decretos e regulamentos com a finalidade de oferecer fiel execução à lei.
Exemplo: Emissão pelo Presidente da República de um Decreto.
4. Poder Disciplinar: é o exercido pela Administração Pública para apurar as
infracções dos servidores e das demais pessoas que ficarem sujeitas à disciplina
administrativa. Exemplo: Quando um chefe de departamento aplica uma
advertência, suspensão, demissão, de um agente público.
5. Poder Hierárquico: é através do poder hierárquico que a Administração
escalona a função de seus órgãos, revê a actuação de seus agentes e estabelece a
relação de subordinação entre seus servidores. Exemplo: Definição de
atribuições e competências entre os diferentes responsáveis dos departamentos.
6. Poder de Polícia: é a actividade do Estado que limita os direitos individuais em
benefício do interesse público, ou seja, para conter os abusos do direito
individual. Exemplo: Controlo do limite de velocidade nas estradas.

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2.2. Administração Pública em Moçambique

2.2.1. Estrutura e Composição


A Administração Pública moçambicana nasceu com a proclamação da
independência nacional, em 1975, quando entrou em vigor a primeira Constituição de
Moçambique independente.

A partir desse momento, houve uma crescente necessidade de modernização da


administração pública decorrente das elevadas pressões e exigências socioeconómicas e
políticas da época, que impunham ao Governo desafios enormes relacionados com a
realização, inevitavelmente, de reformas da sua máquina administrativa, que se
ajustasse aos interesses nacionais no quadro do cumprimento dos objectivos de
desenvolvimento.

De acordo com o artigo 249 da CRM (2018) “a Administração Pública


[moçambicana] estrutura-se com base no princípio de descentralização e
desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos seus serviços sem
prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo”.

É este princípio constitucional estruturante da organização e funcionamento que


dá fundamento para uma da Administração Pública “directa” [órgãos locais do Estado:
província, distrito, posto administrativo e localidade] e indirecta [poder local: autarquias
locais] em Moçambique, pois acredita-se que, com a transferência de funções e
responsabilidades para as instâncias locais, estimula-se a inclusão de um número cada
vez maior de cidadãos na busca partilhada de soluções para os problemas identificados.

2.2.2. Poderes da Administração Pública em Moçambique


Como na maioria dos países do mundo, a Administração Pública moçambicana
é, actualmente, composta por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, que
funcionam em regime de “coordenação constitucional” para o desenvolvimento
económico a partir de um processo de reformas visando a modernização e melhoria da
capacidade do Estado.

 Poder Executivo – responsável pela execução das leis e políticas, e liderado


pelo Chefe do Estado ou Governo. No âmbito da Administração Publica, este
poder se concentra na aplicação das leis, implementação de políticas e
administração dos recursos públicos para atender as necessidades da população.

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 Poder Legislativo – encarregado de criar, alterar e revogar leis, e exercido pelo
parlamento, dependendo do sistema politico. No âmbito da Administração
Pública, esse poder participa da criação das leis que regem o funcionamento do
Estado, aprovação do orçamento público e fiscalização das acções do Poder
Executivo.
 Poder Judiciário – responsável pela interpretação e aplicação das leis, garante
justiça e a legalidade. No contexto da Administração Publica, o Poder Judiciário
actua na resolução de conflitos, garantindo que as leis sejam aplicadas de forma
justa e que os direitos dos cidadãos sejam protegidos. E também responsável de
julgar casos que envolvem o Estado e os cidadãos.

2.2.3. Princípios de Actuação da Administração Pública em Moçambique


Na sua actuação, nos termos do artigo 248 da CRM (2018), a Administração
Pública em Moçambique serve o interesse público e respeita os direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos, pelo que os seus órgãos obedecem à Constituição e à lei
com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça. De
acordo com o capítulo II do Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, os princípios da
actuação da Administração Pública em Moçambique, são:

1) Legalidade;
2) Prossecução do interesse público e protecção dos direitos e interesses dos
cidadãos;
3) Justiça e imparcialidade;
4) Transparência da Administração Pública;
5) Colaboração da Administração com os particulares;
6) Participação dos particulares;
7) Decisão;
8) Celeridade do procedimento administrativo;
9) Fundamentação dos actos administrativos;
10) Responsabilidade da Administração Pública; e
11) Igualdade e proporcionalidade.

Neste caso, a organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado


obedecem aos princípios da desconcentração e da desburocratização administrativa,
visando o descongestionamento do escalão central e a aproximação dos serviços

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públicos as populações, de modo a garantir a celeridade e adequação das decisões às
realidades locais, numa estrutura integrada verticalmente hierarquizada, garantindo a
participação activa dos cidadãos, incentivando a iniciativa local na solução dos
problemas das comunidades, aplicando os recursos ao seu alcance (artigo 3 da Lei
8/2003, de 19 de Maio).

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3. Conclusão

Terminado o trabalho é possível verificar que os princípios concedidos à


Administração Pública são instrumentos colocados a disposição desta para o
desenvolvimento das actividades que lhe foram atribuídas, dentro dos limites
estabelecidos em lei, na prossecução do interesse da colectividade, assegurando ao
administrado, o seu direito a práticas administrativas honestas e íntegras.

Os três poderes presentes na estrutura da Administração Pública, desempenham


funções distintas, mas complementares, garantindo a estabilidade, a legalidade e o bom
funcionamento do Estado em benefício da sociedade.

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4. Referencias Bibliográficas

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 29ªed. São Paulo:


Malheiros, 2004. MELLO, Celso António Bandeira de. Curso de direito administrativo.
17ª ed, ver e atual. São Paulo: Malheiros, 2004.

AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Editora Globo, 2008.
BOBBIO, Norberto (1986), O Futuro da Democracia, uma defesa das regras do jogo. 2ª
ed. São Paulo: Atlas, 1986. CAMPANTE, R. G. O patrimonialismo em Faoro e Weber e
a sociologia brasileira. São Paulo: Revista de Ciências Sociais, 2003. DI PIETRO,
Sylvia Zanella. Direito administrativo: atualizada com a reforma previdenciária. São
Paulo: Atlas, 2004.

WALDO, D. O estudo da Administração Pública. Rio de Janeiro: Centro de Publicações


USAID Brasil, 1964.

4.1. Legislação Consultada

Lei n.º 1/2018, de12 de Junho, Revisão Pontual da Constituição da República de


Moçambique.

Decreto 30/2001, de 15 de Outubro, aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços


da Administração Pública.

Lei 8/2003, 19 de Maio de 2003, estabelece Princípios e Normas de Organização,


Competência e Funcionamento dos Órgãos Locais do Estado.

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