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Índice

1.0.Introdução...........................................................................................................................4

1.1. Objectivos:.........................................................................................................................5

1.2. Geral:.................................................................................................................................5

1.3. Específicos:.......................................................................................................................5

1.4.Metodologia........................................................................................................................5

1.5.ADMINISTRAÇÃO DIRECTA DO ESTADO.................................................................5

1.6.Conceitos básicos:..............................................................................................................6

1.7.Espécies da administração do Estado.................................................................................8

1.8.Administração directa do Estado........................................................................................8

1.9.Órgãos da administração central do Estado.......................................................................8

2.0.Administração estadual indirecta.......................................................................................9

2.1.Administração autónoma..................................................................................................10

2.2.Os órgãos de Governação descentralizada Provincial......................................................11

2.3.Os órgãos de Governação descentralizada Distrital.........................................................11

2.4.A ADMINISTRAÇÃO INDEPENDENTE DO ESTADO..............................................12

2.5.O Provedor de Justiça.......................................................................................................13

2.6.A Comissão Nacional de Eleições (CNE).......................................................................14

2.8.A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD)...................................................14

2.9.A Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC)..........................................................14

3.0.Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA)....................................14

3.1.Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República (SIR).....................15

3.2.Funcionamento dos órgãos administrativos independentes.............................................15


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3.4.Conclusão.........................................................................................................................17
3.5.Bibliografia.......................................................................................................................18
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1.0.Introdução
Nas últimas décadas do século XX, o tema da reforma administrativa passou a estar na agenda de
grande parte dos governos dos países industrializados. É num contexto de mudança e de novos
desafios à Administração Publica que surge a Nova Gestão Pública (NGP) como modelo de
Reforma Administrativa. Assim, é apresentado um modelo com base na introdução de
mecanismos de mercado e na adopção de ferramentas de gestão privada para solucionar os
problemas de eficiência da gestão pública. Promove-se a competição entre fornecedores de bens
e serviços públicos na expectativa da melhoria do serviço para o cidadão (ao nível da qualidade),
ao mesmo tempo que se reduzem os custos de produção.
A Administração, em sentido mais amplo, é um elemento presente no quotidiano de todas
pessoas. Qualquer espaço onde haja convívio humano necessita da arte de gerir para que sua
organização se efective. Nesse ínterim, a Administração Pública se apresenta como um
instrumento de extrema importância para gerir a sociedade.
Nessa perspectiva, o presente trabalho de pesquisa intenciona reflectir sobre a forma como a
Administração directa se organiza, destacando características de sua subdivisão em
Administração Pública Directa e Indirecta. Objectiva-se ainda, enfatizar a Administração
independente do estado.
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1.1. Objectivos:

1.2. Geral:
 Compreender a temática de administração directa do estado

1.3. Específicos:
 Contextualizar a fundamentação teórica sobre administração directa do estado
 Explicar os órgãos da administração central do Estado
 Explicar a função da Administração independente do estado

1.4.Metodologia
Para a realização e materialização do presente trabalho recorreu-se a vários procedimentos que
combinados permitiram a coerência da pesquisa desde a selecção de documentos e análise das
variadas bibliográficas e por fim a sistematização e compilação do trabalho final.

1.5.ADMINISTRAÇÃO DIRECTA DO ESTADO


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1.6.Conceitos básicos:
Administração
Segundo Maximiano (2000) A Administração define-se como qualquer acção onde se
determinam os destinos de recursos ou execução de objectivos. Trata-se, portanto, de qualquer
circunstância em que indivíduos sejam levados a organizar elementos na intenção de realizar
algum projecto. Assim, a actividade de administrar está ligada ao processo de decisões onde
recursos são manuseados para garantir a realização de determinados planos anteriormente
traçados.
Administração pública
Conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objectivos do Governo" desempenhando a
" funções necessárias aos serviços públicos" de forma contínua, sistemática, legal e técnica dos
serviços estatais. A administração "é o instrumental de que dispõe o Estado para por em prática
as opções políticas do Governo".
De acordo com Paulo (2005) a Administração pública representa uma ferramenta fundamental
para a concretização dos objectivos do Estado, visto que consiste em um conjunto de órgão e
entidades que se responsabilizam por essa tarefa.
Alexandrino (2005) afirma que a Administração Pública se define por meio das actividades tanto
dos órgão governamentais, aqueles imbuídos de traçar os planos de acção do Estado, quanto os
órgão administrativos, responsáveis por colocá-los em prática.
Estado
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Segundo Bourdieu (1989) estado pode ser definido como um agrupamento de pessoas que
coabitam um mesmo território com limites definidos, organizado de maneira que apenas algumas
pessoas são designadas para controlar, directa ou indirectamente, uma série de actividades do
grupo, com base em valores reais ou socialmente reconhecidos e, quando necessário, com base
na força. Ou seja por Estado entende-se um agrupamento de pessoas estabelecidas ou fixadas em
um determinado território submetidas à autoridade de um poder soberano.
Órgão
Elemento despersonalizado, incumbido da realização das actividades da entidade a que pertence,
através dos seus agentes
Órgãos públicos
Centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus
agentes, cuja actuação é imputada á pessoa jurídica a que pertence. Cada órgão contém funções,
cargos e agentes, mas é distinto de tais elementos, que pode ser modificados ou suprimidos sem
afectar a unidade orgânica.
Órgãos administrativos:
Segundo Carvalho (2019) Não possuem vontade própria (são membros de um corpo, a
administração pública), não possuindo personalidade. Manifestam-se através de seus agentes, e a
actuação dos órgãos é imputada às pessoas jurídicas as quais pertencem.
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1.7.Espécies da administração do Estado


Segundo Cretella (1996) A administração do Estado comporta variadas espécies, desde logo: a
distinção entre a administração central e a administração local do Estado; A administração
directa e a administração indirecta do estado.
Assim, a estrutura geral da administração pública, tomando por referência o Estado
Administração, pode ser esquematizada nos seguintes termos:
Administração directa do Estado,
Administração estadual indirecta e
Administração autónoma

1.8.Administração directa do Estado


De acordo com OLIVEIRA (1975) A administração directa do Estado "é a actividade exercida
por serviços integrados na pessoa colectiva Estado". Ou seja, "a administração estadual directa,
tem no Estado a entidade jurídico-administrativa máxima, no plano da atribuições e da liberdade
normativa, em relação às mesmas dispondo de poder de direcção, que é faculdade administrativa
máxima do plano de vista da orientação dos serviços administrativos.
A administração Estadual Directa compreende os serviços públicos directamente prestados pelos
órgãos do estado, desde lodo: os órgãos centrais, independentes, locais e de representação do
Estado no estrangeiro. O Estado como pessoa colectiva reúne as seguintes características:
a) A unidade e originalidade;
b) A territorialidade e atribuições múltiplas;
c) A organização em ministérios, comissões de natureza interministerial, e pluralidade de
órgãos administrativos centrais e os órgãos independentes, exercendo a sua competência
em todo o território do Estado Moçambicano
A Administração directa do Estado designa o conjunto de serviços centrais e periféricos que
estão sujeitos ao poder de direcção dos membros do Governo.

1.9.Órgãos da administração central do Estado


Pinto (2006) diz que Para cumprir as suas atribuições que lhe são conferidas pela constituição e
pelas leis, o Estado carece de órgãos".
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Assim, são órgãos da Administração Central do Aparelho de Estado:


O Presidente da República,
O Conselho de Ministros,
A Presidência da República,
Os Ministérios,
As Comissões nacionais com natureza interministerial incluindo o Conselho de Estado.
a) O presidente da República
É o chefe, do governo, zela por funcionamento correcto dos órgãos do estado e dispõe do
conselho de estado e do conselho nacional de defesa e segurança como seus órgãos de consulta
nas matérias definidas na comunicação da República.
b) O conselho de Estado
O conselho de Estado, no contexto dos órgãos constitucionais, não sendo órgão de soberania,
desempenha o papel de órgão de consulta do Chefe do Estado. Com efeito o conselho do Estado
é o órgão político de consulta do Presidente da República e tem uma natureza colegial.
c) O Governo
É o órgão de soberania "colegial do tipo governativo, que se ocupa da condução e execução da
política geral do país". O Governo da República de Moçambique é o Conselho de Ministros.
d) O Ministério
É o órgão central do Aparelho do Estado, criado pelo Presidente da República, que assegura a
realização das atribuições do Governo decorrentes da constituição da República. O Ministério é
dirigido por um Ministro que pode ser coadjuvado por um ou mais Vice-Ministros. Os Ministros
organizar-me em inspecções sectoriais, direcções nacionais, direcções, gabinetes, gabinete do
Ministro e departamento central autónomo.
e) As comissões nacionais com natureza interministerial,
As comissões nacionais com natureza interministerial, são criadas pelo Presidente da República,
definindo as suas finalidades. Podem existir várias comissões interministeriais. A título de
exemplo, cite-se a Comissão Interministerial da Administração Pública, criada pelo Decreto
Presidencial n° 3/2015 de 20 de Fevereiro.
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2.0.Administração estadual indirecta


A Administração indirecta do Estado é o conjunto das entidades públicas com personalidade
jurídica própria e autonomia administrativa e financeira que desenvolvem uma actividade
administrativa destinada à realização de fins do Estado (OLIVEIRA E DIAS, 2011).
Acrescenta Cretella Júnior (1990 p. 21):“Administração indirecta é toda entidade, pública ou
privada, criada pela pessoa política, mas que não se confunde com a pessoa jurídica pública
matriz criadora.”
Segundo Meirelles (1989) Administração indirecta é o conjunto de entes (personalizados) que,
vinculado a algum órgão da administração directa, prestam serviços públicos ou de interesse
público.

As entidades que compõem a administração indirecta são: a) as Autarquias; b) as Fundações


Públicas (de direito público ou privado); c) as Sociedades de Economia Mista; e d) as Empresas
Públicas.

A elevação da complexidade das funções do Estado moderno, acentuada no período de


hegemonia da doutrina keynesiana, mostrou-se necessária uma adaptação estrutural. Absorvidas,
portanto, novas atribuições, mister se fizeram conferir ao aparelho de Estado condições de
executá-las de forma eficiente e eficaz. Note-se que este fenómeno constitui reflexo das
transformações em curso na teoria administrativa, alicerçadas nos conceitos de descentralização
e flexibilidade administrativa.

2.1.Administração autónoma
Segundo Rego (1998) A administração autónoma é aquela que prossegue interesses públicos
próprios das pessoas que a constituem e por isso se dirigi a si mesma, definindo com
independência a orientação das suas actividades, sem sujeição a hierarquia ou a superintendência
do Governo. Ou seja, a Administração autónoma do Estado integra o conjunto de instituições
que, levando a cabo atribuições próprias e já distintas das do Estado, se autonomizam em maior
medida deste, em relação a qual aquele apenas exerce um ténue poder tutelar de mera legalidade.
Assim, fazem parte da Administração autónoma:
Os Órgãos de Governação descentralizada Provincial e Distrital,
As Autarquias locais,
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As Associações Públicas e as Instituições Públicas do Ensino Superior e de investigação


Científica.

2.2.Os órgãos de Governação descentralizada Provincial


A Província é a maior unidade territorial da organização política, económica e social do estado e
é constituída por distritos, postos Administrativos, localidades e Povoações.
No território da província podem existir autarquias locais.
Os órgãos de Governação descentralizada Provincial, são pessoas colectivas de direito público
com personalidade jurídica, dotados de autonomia administrativa patrimonial e financeira, sem
prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado.
a) A autonomia administrativa dos órgãos executivos de Governação descentralizada
compreende os poderes de:
Praticar actos definitivos e executórios em matéria da sua competência, dentro da
respectiva circunscrição territorial;
Criar, organizar e fiscalizar serviços destinados a assegurar a prossecução das suas
atribuições.
b) A autonomia financeira compreende os poderes de:
Elaborar e executar programa de actividades e de orçamento próprio;
Elaborar as contas de gerência;
Dispor de receitas próprias
Ordenar e processar as despesas
Arrecadar receitas que por lei forem destinadas aos órgãos de Governação
descentralizada.
c) A autonomia patrimonial compreende o poder de gerir o património do Estado, bem como
criar património próprio.
A autonomia administrativa, financeira e patrimonial dos órgãos de Governação descentralizada
Provincial, não pode prejudicar os interesses nacionais e a participação do Estado nos assuntos
locais. (AMARA, 2016)

2.3.Os órgãos de Governação descentralizada Distrital


A descentralização compreende também os órgãos de governação descentralizada distrital. O
distrito é a unidade territorial principal da organização e funcionamento da administração local
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do Estado e base de planificação social e cultural da República de Moçambique. Trata-se de uma


circunscrição abaixo da Província, decalcando as características dos órgãos de governação
descentralizada Provincial. Neste sentido, os órgãos de governação descentralizada distrital
podem ser definidos como pessoas colectivas de direito público de âmbito Distrital com
personalidade jurídica, dotados de autonomia administrativa, patrimonial e financeira, sem
prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado.
Os órgãos de governação descentralizada distrital fazem parte da administração autónoma, uma
vez que também prosseguem interesses públicos próprios das pessoas que a constituem, e por
isso, se dirige a si mesma, definindo com independência, a orientação das suas actividades, sem
sujeição a hierarquia ou a superintendência do governo.
As autarquias locais
As autarquias locais são pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos próprios,
que visam a prossecução de interesses das populações respectivas, sem prejuízos de interesses
nacionais e da participação do Estado.

2.4.A ADMINISTRAÇÃO INDEPENDENTE DO ESTADO


Na óptica de rocha (2011) Falar em administração independente do Estado é falar de uma
realidade completamente diferente da administração central, quer directa quer indirecta, e da
administração autónoma do Estado.
A Administração Independente foi criada para proteger os direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.
De facto, estes são um instrumento de defesa dos cidadãos perante o poder público e o poder
administrativo, sendo o Governo visto como um agressor potencial dos direitos em causa. Esta
desconfiança relativa ao Governo deve-se pela vigência da Constituição de 1933, a do Estado
Novo. Esta, apesar de consagrar formalmente os direitos necessários ao funcionamento de um
Estado democrático, não impediu com que o Governo reiteradamente durante décadas infringisse
esses mesmos direitos. Para os defender, foi necessário criar-se um conjunto de órgãos que
estejam fora da máquina administrativa do Governo, com outro tipo de legitimidade e
independência.
A Constituição exclui, então, desde cedo, o Governo dos núcleos de função administrativa
prevendo duas situações são:
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a) O órgão independente irá directamente assegurar a sua função de protecção de


direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, sendo o legislador ordinário quem o
institui em concreto.
b) A Constituição, juntamente com a defesa de um determinado direito fundamental,
contém uma “determinante organizativa”, ficando o legislador ordinário com a
liberdade para escolher o nome, a composição e as competências do órgão
independente que terá na sua protecção.

Alguns exemplos:

Provedor de Justiça, artigo 23;


Comissão Nacional de Eleições (CNE), artigos 49 e 113;
Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), artigo 35;
Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC, antes da revisão constitucional de
2004 Alta Autoridade para a Comunicação Social), artigo 39;
Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), artigo 268/2;
Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República (SIR), artigos 26 e 34.

2.5.O Provedor de Justiça


Segundo Morais (2001) O Provedor de Justiça protege Todos os direitos dos cidadãos contra as
acções ou omissões dos poderes públicos. Apesar de não ter qualquer poder decisório, aprecia as
queixas e envia-as para os órgãos competentes com as recomendações necessárias para reparar as
injustiças.
A esmagadora maioria das queixas são contra os serviços dirigidos ou sob supervisão do
Governo.
O Provedor de Justiça tem competência genérica de intervenção nos direitos fundamentais dos
cidadãos ao passo que os outros órgãos têm uma competência sectorial, que respeita apenas um
direito básico ou um conjunto de direitos convexos.
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No entanto, esta figura não tem qualquer tipo de poderes decisórios ou sancionatórios.
Apenas representa, então, um poder de influência resultante da sua própria autoridade moral,
política e técnica.
Apesar dos processos de eleição terem uma componente técnica e logística que é assegurada pelo
Governo, o partido político que o apoia tem sempre o interesse de voltar a ganhar e, por isso,
criou-se a CNE.

2.6.A Comissão Nacional de Eleições (CNE)


A Comissão Nacional de Eleições protege o livre exercício do direito de voto e o respeito pela
vontade popular, garantindo que o recenseamento, as candidaturas, a campanha eleitoral, a
contagem de votos e tudo o que remete para os processos eleitorais, se procede de acordo com a
lei, Idm.

2.8.A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD)


A Comissão Nacional de Protecção de Dados tem o dever de tutelar o respeito pela privacidade
e segurança dos dados informatizados das pessoas contra as entidades públicas e privadas que os
detenham, como por exemplo, as poderosíssimas bases de dados da Administração Púbica que
incluem o registo civil e criminal, registos médicos. (SANTOS, 2015).

2.9.A Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC)


A Entidade Reguladora da Comunicação Social deve garantir a independência dos órgãos da
comunicação social o sector público simultaneamente perante o poder político e o poder
económico. O papel da ERC é assegurar-se que os meios de comunicação social são
independentes ao Governo e à Administração. A liberdade de expressão e o direito de
informação dos jornalistas é comprometido se o Governo controlar a comunicação social
pública, algo sempre tentador para o Governo. Sendo dotada de personalidade jurídica de Direito
Público, a ERC tem muito mais força e independência.

3.0.Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA)


A Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, à luz do princípio da transparência e
contra a regra do “segredo”, defende o direito à informação dos administrados contra o Governo
e contra os seus serviços. Os cidadãos são, assim, possibilitados a aceder aos arquivos e registos
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administrativos em matérias relativas à segurança interna e externa, à investigação criminal e à


intimidade das pessoas.

3.1.Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República (SIR)


O Conselho de Fiscalização do SIR evita que estes serviços ponham em causa a inviolabilidade
das comunicações dos cidadãos, os seus dados pessoais, a sua reserva da intimidade da vida
privada, entre outros direitos dos cidadãos ao alargar as suas funções. Como é evidente, todos os
órgãos descritos visam a protecção dos direitos dos administrados contra o Governo, não fazendo
sentido ser este mesmo a arbitrar, mas sim cada um destes órgãos independentes. Além disso,
permitem ainda antecipar a tutela dos direitos que, de outra forma, só poderia ser obtida mais
tarde em tribunal.

3.2.Funcionamento dos órgãos administrativos independentes


O regime destes órgãos divide-se em 4 tópicos a saber:
A composição e modo de designação de cada um dos titulares, quanto mais diversificada
for a origem dos membros do órgão em causa, maior será a independência, visto que se
apenas fosse composto por representantes nomeados pelo Governo, não poderia ser
considerado independente do mesmo. Consequentemente, todos os órgãos analisados
(com excepção ao Provedor de Justiça que é um órgão singular), têm uma composição
plural com membros de várias proveniências. Estas pessoas têm, por vezes, certos
requisitos a preencher de forma a fazer parte destes mesmos órgãos, como o facto de
terem certo tipo de reconhecimento e idoneidade ou determinada formação (jurista,
magistrado, professor de Direito, por exemplo.
E como são escolhidas estas pessoas? Há 3 formas a saber: A Assembleia da República
elege-as com uma maioria qualificada de dos deputados; são designados por um dos
Conselhos Superiores das magistraturas ou são casos de cooptação. Sem serem estas 3
opções, ainda podem ser designados pelo Governo. Evidentemente, não actuam nos órgãos
como representantes do mesmo, agindo segundo a sua consciência, sem estarem sujeitos a
directivas ou orientações deste. O mandato destes membros são 4/5 anos, nalguns casos não
renovável.
O estatuto desses mesmos titulares, é um estatuto remuneratório condizente com as
funções que exercem (ordenado, ajudas de custo, senhas de presença), não podendo ser
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prejudicados nas suas carreiras profissionais pelo exercício das suas funções no órgão
administrativo independente. Contudo, estão sujeitos a regras gerais e especiais em
matéria de incompatibilidade e impedimentos gerais e especiais em matéria de
incompatibilidade e impedimentos e têm especiais deveres como o dever do sigilo;
O órgão constitucional associado é o da Assembleia da República. Exceptua-se aqui o
Provedor de Justiça, que é um órgão constitucional autónomo e unipessoal, e à ERC, que
é uma pessoa colectiva que tem a sua própria estrutura administrativa (Conselho
Regulador, direcção executiva, um conselho executivo e um fiscal).
A natureza das competências exercidas são designadamente duas: competências
decisórias próprias, competências consultivas e competências de fiscalização.
Nestas, cabem nomeadamente as acções de conceder autorizações ou licenças, decidir queixas
apresentadas por particulares, aplicar coimas e outras sanções, efectuar registos ou assegurar a
conformidade com a lei, dar pareceres vinculativos e aprovar regulamentos. Estes órgãos têm o
direito à colaboração dos demais órgãos e serviços administrativos podendo aceder a documentos
e informação necessária para realizar os seus fins. Mais uma vez, o Provedor de Justiça exclui-se
destas competências pois constitucionalmente tem o poder de apreciar queixas e emitir
recomendações.
A ERC e os órgãos administrativos independentes analisados não devem confundir-se com as
entidades administrativas independentes em sentido rigoroso. Com a mudança do paradigma da
Administração do Estado social, em particular com o processo de privatização das empresas
públicas e de abertura de mercado de muitos sectores da actividade económica, houve
necessidade de efectuar mudanças a nível orgânico nas estruturas administrativas. O papel
prestador de bens e serviços da Administração fica, aqui, reduzido, assumindo estas funções de
regulação da economia. Aquando a abertura ao mercado concorrencial de actividades
económicas tradicionalmente desenvolvidas por uma empresa pública, pretende-se garantir uma
concorrência saudável e proteger os consumidores. Daí estas novas entidades. Estas têm,
portanto, uma nova função: a de regular diversas actividades económicas desenvolvidas pelos
sectores privado, público e cooperativo.
Como podem ser criadas estas entidades?
Segundo Amaral (2016), o legislador constitucional não determinada nada em termos
imperativos, mas autoriza a criação destas entidades laconicamente a partir do artigo 267/3.
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Porém, esta autorização não pode ser interpretada como uma carta-branca para criar todas e
quaisquer entidades administrativas independentes pois poderia desaparecer a administração
directa e indirecta.

3.4.Conclusão
Feito trabalho conclui-se que a Administração directa do Estado integra todos os órgãos, serviços
e agentes integrados na pessoa colectiva Estado que, de modo directo e imediato e sob
dependência hierárquica do Governo, desenvolvem uma actividade tendente à satisfação das
necessidades colectivas.
Mas nem todos os serviços da Administração directos do Estado têm a mesma competência
territorial, pelo que devem distinguir-se: Serviços centrais e Serviços periféricos.
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Os Serviços centrais têm competência em todo o território nacional, como as Direcções-gerais


organizadas em Ministérios, e os Serviços periféricos têm uma competência.
Conclui-se também que falar em administração independente do Estado é falar de uma realidade
completamente diferente da administração central, quer directa quer indirecta, e da administração
autónoma do Estado.
A Administração Independente foi criada para proteger os direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.
De facto, estes são um instrumento de defesa dos cidadãos perante o poder público e o poder
administrativo, sendo o Governo visto como um agressor potencial dos direitos em causa. Esta
desconfiança relativa ao Governo deve-se pela vigência da Constituição de 1933, a do Estado
Novo. Esta, apesar de consagrar formalmente os direitos necessários ao funcionamento de um
Estado democrático, não impediu com que o Governo reiteradamente durante décadas infringisse
esses mesmos direitos. Para os defender, foi necessário criar-se um conjunto de órgãos que
estejam fora da máquina administrativa do Governo, com outro tipo de legitimidade e
independência.

3.5.Bibliografia
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I. AMARAL, D Curso de Direito Administrativo, 4º edição, Coimbra, Almedina, 2016


II. CARVALHO, F. A administração pública: uma análise de sua história, conceitos e
importância. 2019.
III. CRETELLA J, José. Tratado de direito administrativo. v.1. Rio de Janeiro: Forense,
1996.
IV. ALEXANDRINO, M. , V. Direito Administrativo. 8 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2005, p.
14.
V. BOURDIEU, pierre. Sobre o estado: cursos no collège de france (1989 -92).
VI. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração: da escola
científica à competitividade na economia globalizada. 2 ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.
VII. MORAIS, Carlos Blanco de «As Autoridades Independentes na Ordem jurídica
Portuguesa», Revista da Ordem dos Advogados, 2001
VIII. MEIRELLES Direito Administrativo 2 ª ed. São Paulo: 1989
IX. OLIVEIRA, Fernando Andrade de. Conceituação do Direito administrativo. Revista de
Direito Administrativo, Rio de Janeiro, vol. 120, p.14, 1975.
X. OLIVEIRA, F. P. e Dias, J. E. (2011). Noções Fundamentais de Direito Administrativo.
Coimbra: Almedina.
XI. PAULO Administração Directa e Indirecta – Dica Estratégica 2a ed. Rio de Janeiro:2005
XII. PINTO, Alexandre Guimarães Gavião. Os Princípios mais relevantes do Direito
Administrativos. Revista da EMERJ, v. 11, nº 42, 2008
XIII. REGO, A. (1998). Liderança nas Organizações - teoria e prática. Aveiro: Universidade
de Aveiro.
XIV. ROCHA, J. A. O. (2011). Gestão Pública - Teorias, modelos e prática.in, LisboaEscolar
Editora.
XV. SANTOS, M. L. d. (2015). "A Governação integrada e a Administração Pública
portuguesa: “Descompartimentar para melhor coordenar”"in Governação Integrada e
Administração Pública. Ferraz, David e Marques, Rui. Lisboa: INA e Govint: 139-150.

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