Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
4 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 58
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
4
2 O QUE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?
Fonte: brasilpesquisas.com.br
5
No segundo caso, a expressão se refere ao processo ou atividade na gestão
da administração pública (WALDO, 1964 apud; SANABIO M; et al., 2013). É a própria
gestão, uma prática social tão antiga quanto a manipulação de bens coletivos. No
terceiro caso, expressão refere-se a um campo de pesquisa intelectual (WALDO,
1964), ou seja, uma parte do conhecimento humano (como biologia, história ou
matemática) que podemos conhecer e desenvolver ao longo do tempo, por meio da
prática e método científico.
Portanto, a administração define-se como qualquer ação onde se determinam
os destinos de recursos ou execução de objetivos. Trata-se de qualquer circunstância
em que indivíduos sejam levados a organizar elementos na intenção de realizar algum
projeto. Assim, a atividade de administrar está ligada ao processo de decisões onde
recursos são manuseados para garantir a realização de determinados planos
anteriormente traçados. (Maximiano, 2000 apud CHAVES F; et al., 2019).
Nesse contexto, faz-se necessário conceituar a administração pública como um
dos elementos onde a administração, como ciência, está presente. Conforme
Alexandrino e Paulo (2005 apud CHAVES F; et al., 2019) a Administração pública
representa uma ferramenta fundamental para a concretização dos objetivos do
Estado, visto que consiste em um conjunto de órgão e entidades que se
responsabilizam por essa tarefa. Os autores ainda afirmam a Administração Pública
se define por meio das atividades tanto dos órgãos governamentais, aqueles imbuídos
de traçar os planos de ação do Estado, quanto os órgãos administrativos,
responsáveis por colocá-los em prática.
Importante destacar que existem também três conceitos ligados à
Administração Pública: o subjetivo, o objetivo e o formal. O conjunto de órgãos e
pessoas jurídicas dizem respeito ao conceito subjetivo, as ações estatais referentes
ao comprometimento com os interesses públicos correspondem ao aspecto objetivo
e, quando se trata de atividades jurídico-administrativas refere-se ao aspecto formal.
Cretella Júnior (1966, p.24 apud CHAVES F; et al., 2019) afirma:
6
Adotando-se o critério subjetivo ou orgânico, administração é o complexo de
órgãos aos quais se confiam funções administrativas, é a soma das ações e
manifestações da vontade do Estado, submetidas à direção do chefe do Estado. Os
autores que se decidem pelo critério objetivo consideram a administração como a
atividade concreta do Estado dirigida à consecução das necessidades coletivas de
modo direto e imediato. A referida subdivisão apresenta cada ação ligada aos
responsáveis pela sua execução. Ao lado dessa definição, tem-se ainda a articulação
entre a Administração Pública e os Poderes constituídos. (Oliveira ,1975, p.14 apud
CHAVES F; et al., 2019).
Sobre a função administrativa Almeida (2016, p. 02 apud CHAVES F; et al.,
2019), relata que com efeito, a função administrativa é instrumento de realização
direta e imediata dos direitos fundamentais, por meio do qual a Administração Pública
executa as leis para prestar serviços à população ou gerência a máquina
administrativa. Por exemplo: quando um órgão faz uma licitação pública, exercerá a
função administrativa. Da mesma forma, quando o INSS presta o atendimento de
segurados do regime geral de previdência social, exercerá a função administrativa.
Por fim, quando uma empresa pública presta o serviço público de distribuição de
energia elétrica, exercerá a função administrativa.
Pode-se perceber que o conceito de Administração Pública é bastante amplo e
abarca os diversos setores da sociedade pelos quais o Estado se responsabiliza e
conduz ações em prol da sociedade. Trata-se, portanto, de um instrumento de
extrema importância para o desenvolvimento e equilíbrio social, conforme CHAVES
F; et al., (2019).
7
aprovação da sociedade, quanto a eventuais atos que transgridam a moral e a ética,
conforme SILVA A; (2017).
9
pública, tais grupos são capazes de manter a coalizão a qualquer custo,
inclusive às expensas do aumento dos gastos governamentais. Esses
recursos são utilizados para satisfazer não somente interesses políticos de
poder como também interesses sociais e particulares. (MOTTA, 2007, p.90
apud SILVA A; 2017).
10
Conforme Paludo (2012), mesmo de forma desorganizada, o patrimonialismo
foi o primeiro modelo de administração do Estado. Neste modelo administrativo não
havia distinção entre a administração de bens públicos e bens particulares: “tudo que
existia nos limites territoriais de seu “reinado” era tido como domínio do soberano, que
podia utilizar livremente os bens sem qualquer prestação de contas à sociedade”
(PALUDO, 2012, p. 50 apud SILVA T; 2017).
Sobre isso, Bendix (1979, p. 464 apud SILVA T; 2017) faz referência como
aquela na qual “o livre arbítrio do senhor, no exercício do poder decisório, é legitimado
socialmente pela crença ancestral (tradicional) de sua capacidade para possuí-lo”. Por
sua vez, Junquilho (2010 apud SILVA T; 2017) pontua como principais características
do modelo Patrimonialista a arbitrariedade nas ações do "Soberano", a confiança e
obediência de seus servidores, a fidelidade das forças militares e a pessoalidade
enraizada nas ações administrativas.
Wilson Granjeiro (2006 apud SILVA T; 2017) refere que nesse modelo de
administração a legitimidade da dominação é o que a mantém. Por esse ângulo,
Paludo, (2012 apud SILVA T; 2017) reforça:
12
Segundo Junquilho (2010 apud SILVA T; 2017), na concepção weberina as
características da burocracia seriam fundamentais e superiores às demais (tradição e
carisma), desde o ponto de vista técnico, para o pleno funcionamento das
organizações e, em particular, do Estado diante das constantes evoluções do mundo
moderno. Por isso a importância das características da burocracia na Administração
Pública, pois permitiria o fim do abuso do poder patrimonial, dos benefícios
indiscriminados e favores pessoais, bem como a garantia da “precisão, velocidade,
eliminação de equívocos, conhecimento do registro documental, continuidade,
sentimento de discrição, uniformidade operativa, sistema de subordinação. ” (BENDIX,
1979, p. 399 apud SILVA T; 2017).
Embora sejam reconhecidas vantagens ao modelo de Administração
Burocrático (ancorado pela concepção weberiana), a capacidade do ser humano de
agir de forma distinta ao que está previsto nas regras ou até mesmo não agir, nos dois
modos, infringindo a legislação, não era considerada. Segundo Junquilho (2010), a
formalização do comportamento humano adequada à formalidade da lei, não é
possível. Assim, criou-se uma discrepância entre o que é legal (oficial), formal e o que
é informal, entre o que devia ser feito e o que era feito, “um hiato entre os mundos
prescrito - das normas, da impessoalidade e o real – da pessoalidade, isto é, de
sentimentos humanos como o afeto, a inveja, o ciúme, dentre outros” (JUNQUILHO,
2010, p. 54 apud SILVA T; 2017).
Paludo (2012, p. 63-64; apud SILVA T; 2017) cita algumas questões que
configuram as desvantagens (disfunções) desse modelo burocrático: quais sejam:
apego exagerado às regras e regulamentos internos; formalismo exagerado e excesso
de papelório; resistência a mudanças; desconsideração à pessoa do servidor
(despersonalização); rigidez e falta de flexibilidade; desconsideração do cidadão;
decisões distantes da realidade.
Para Paludo (2012; apud SILVA T; 2017), as novas ideias de gestão,
fundamentadas nos princípios da confiança e da descentralização das decisões na
busca pelos resultados pretendidos, passam a exigir formas flexíveis de gestão,
descentralização de funções e incentivos à criatividade, características não
contempladas pelo modelo burocrático.
15
De acordo com SILVA T; (2017), embora se utilize da mesma ideia e
pensamento de ação do mundo de gestão empresarial, algumas particularidades são
consideradas, dado o seu caráter público:
16
O Gerencialismo Puro ou Managerialism como primeiro estágio, segundo
Paludo (2012 apud SILVA T; 2017), foi inspirado na administração de empresas
privadas e surgiu na Administração Pública como resposta à crise fiscal do Estado. A
busca da eficiência no setor público era o principal objetivo desse estágio. Os
programas implementados eram focados na redução de custos, enxugamento de
pessoal e aumento da eficiência. Havia clara definição das responsabilidades, dos
objetivos organizacionais, mas sobretudo, maior consciência acerca do valor dos
recursos público, buscando reconstruir o Estado ao introduzir técnicas de
gerenciamento, a fim de,
Para Paludo (2012 apud SILVA T; 2017), o consumerism não busca a redução
de custos “a qualquer preço”, pois em primeiro plano está a prestação dos serviços
com qualidade. O foco das ações decorre de um novo modo de reconhecer o cidadão
como um cliente das ações do Estado e da Administração Pública, tendo em vista
melhorar a prestação de serviços e, consequentemente sua satisfação. Segundo
Bento (2003 apud SILVA T; 2017), os elementos desse estágio são:
Administração orientada para o mercado; utilização de mecanismos de
mercado — os para mercados — como forma de alocação de recursos;
17
Mudança da gestão hierárquica do tipo comando e controle para a
gestão por contrato; flexibilização de procedimentos e avaliação por
metas;
Horizontalização (downsizing) na administração, com redução das
instâncias e graus de hierarquia;
Descentralização administrativa, vale dizer, desconcentração;
Separação entre um núcleo formulador de estratégias e a parte
operacional, ou de implementação;
Parcerias entre o setor estatal e o setor privado não lucrativo, mediante
contratos de gestão;
Opinião do usuário como forma de feedback; preocupação com a
qualidade e a excelência do serviço. (BENTO, 2003, p. 91 apud SILVA
T; 2017).
O terceiro estágio da Administração Gerencial Public Service Orientation (PSO)
em vigência, surgiu na Inglaterra e nos Estados Unidos no início da década de 1990.
Segundo Paludo (2012 apud SILVA T; 2017) agregou princípios relacionados à
cidadania, buscando superar a ideia de que a Administração Pública deve tratar os
administrados somente como clientes, valorizando a equidade nas ações do Estado e
incentivando a participação do cidadão e da sociedade nas decisões públicas.
Segundo Abrucio (1997, p. 26 apud SILVA T; 2017), “toda a reflexão realizada
pelos teóricos do PSO leva aos temas do republicanismo e da democracia, utilizando-
se de conceitos como accountability, transparência, participação política, equidade e
justiça”. Nesse estágio o termo cliente fica em segundo plano, e o termo cidadão
ganha força, pois,
Bento (2003, p. 223 apud SILVA T; 2017) ressalta a diferença entre consumidor
e cidadão. Segundo ele o consumidor “comparece representando seus próprios
interesses pessoais e é desse ponto de vista que sua decisão é tomada. O cidadão
18
[...], é aquele cuja decisão se baseia na construção de um projeto coletivo [...] de
interesse geral”.
Constituem postos-chaves do new public service, na visão de Dernhardt (2003
apud SILVA T; 2017):
19
Para a autora a origem da vertente da qual deriva a administração pública
societal está ligada à tradição mobilizatória brasileira, que “alcançou o seu auge na
década de 1960, quando a sociedade se organizou pelas reformas no país” (DE
PAULA, 2005, p.39 apud SILVA T; 2017). Ao se estimular a participação popular no
debate das dificuldades cotidianas, através das Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs), esses espaços se transformaram como locais alternativos para mobilização
políticas e inserção da participação popular na gestão da coisa pública.
Nesse contexto uma concepção começa a se tornar predominante no âmbito
da Administração: “a implementação de um projeto político que procura ampliar a
participação dos atores sociais na definição da agenda política, criando instrumentos
para possibilitar um maior controle social sobre as ações estatais” (DE PAULA, 2005,
p. 37 apud SILVA T; 2017).
A vertente societal enfatiza principalmente a participação social e procura
estruturar um projeto político que repense o modelo de desenvolvimento brasileiro e
a estrutura do aparelho de Estado, viabilizando a participação popular por meio da
institucionalização de canais apropriados de acesso da população (DE PAULA, 2005
apud SILVA T; 2017). Nesse sentido, prioriza a dimensão sociopolítica da ação estatal
como alternativa às dimensões econômico-financeiras.
Junquilho (2010, p. 165 apud SILVA T; 2017), entende que, mesmo existindo o
mercado, a vertente societal apoia a sociedade democrática, em que as pessoas
possam "[...] ter atitudes proativas, críticas e independentes em busca de uma ordem
social mais equilibrada e menos injusta”. Para De Paula (2005, p. 47 apud SILVA T;
2017), “a nova administração pública está sempre sendo reinventada, e enquanto
houver vitalidade democrática permanecerá como um projeto inacabado”.
20
em seu vínculo instável, dinâmico e indissolúvel” (ARAÚJO, 2002, p. 6 apud SILVA T;
2017). Contudo, apresentam particularidades na função administrativa, com
aproximação ao modelo de Administração Gerencial.
A Governabilidade se refere à capacidade política de governar, que deriva da
relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade. Está presente
quando a população legitima o exercício do poder pelo Estado. A legitimidade, nesse
contexto, deve ser entendida como a aceitação do poder do Governo ou do Estado
pela sociedade. Araújo (2002, p. 6 apud SILVA T; 2017) comenta que:
A fonte ou origem principal da governabilidade são os cidadãos e a
cidadania organizada, ou seja, “é a partir deles (e da sua capacidade de
articulação em partidos, associações e demais instituições representativas)
que surgem e se desenvolvem as condições citadas acima como imperativas
para a governabilidade plena.
Vinculada à dimensão estatal, diz respeito as “condições sistêmicas e
institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do
sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de
intermediação de interesses” (SANTOS, 1997, p. 342 apud SILVA T; 2017).
Para Diniz (1995 apud SILVA T; 2017) a governabilidade, representa um
conjunto de atributos essenciais ao exercício do governo, sem os quais nenhum poder
pode ser exercido. O autor apresenta três dimensões inerentes ao conceito de
Governabilidade, nesse âmbito:
Capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular
políticas adequadas ao seu enfrentamento; conforme SILVA T; (2017).
Capacidade governamental de mobilizar os meios e recursos
necessários à execução dessas políticas, bem como a sua
implementação; conforme SILVA T; (2017).
Capacidade liderança do Estado sem a qual as decisões tornam-se
ineficientes, conforme SILVA T; (2017).
Paludo (2012, p. 134 apud SILVA T; 2017) adverte que “a fonte ou origem da
governabilidade são os cidadãos e a cidadania organizada, os partidos políticos, as
associações e demais agrupamentos representativos da sociedade. ” Reforça que
governabilidade se relaciona com legitimidade, ou seja, se os governos não forem
legitimados não haverá condições necessárias para governar. A governabilidade para
ele:
21
[...] significa também que o governo deve tomar decisões amparadas num
processo que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos
poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e segmentos
representativos da sociedade, para garantir que as escolhas efetivamente
atendam aos anseios da sociedade, e contem com seu apoio na
implementação dos programas/projetos e na fiscalização dos serviços
públicos. (PALUDO, 2012, p. 134 apud SILVA T; 2017).
22
Segundo Paludo (2012 apud SILVA T; 2017), em situações de crises que
afetem a governabilidade, a governança estará comprometida, por ser esta um
instrumento para a realização dos fins do Estado. Por isso, pressupõe condições
mínimas de governabilidade. Ou seja, uma boa governança fortalece a legitimidade
dos governos, aumentando sua governabilidade. Daí, que nesse contexto de
semelhança entre governança e governabilidade, um novo termo surge: a "nova
governança pública" (PALUDO, 2012 apud SILVA T; 2017).
Segundo Junquilho (2010 apud SILVA T; 2017), governança pública, pode ser
compreendida como a capacidade de governar, capacidade de decidir e implementar
políticas públicas que atendam às necessidades da população. A governança pode
ser considerada um elo entre os interesses do mercado e da sociedade civil, ao passo
que a governabilidade inclui a participação do mercado e da sociedade civil nas
decisões, o que dificulta ainda mais a distinção dos termos governança versus
governabilidade (PALUDO, 2012 apud SILVA T; 2017).
Para Secchi (2009 apud SILVA T; 2017), a participação dos cidadãos é um
objetivo a ser alcançado, sendo que o cidadão se torna um parceiro da "nova
governança pública", uma vez que a sociedade passa a colaborar com o Estado no
alcance de objetivos coletivos que visem o bem comum de determinada comunidade.
Fonte: istockphoto.com
24
Ainda segundo Medeiros (2013 apud CHAVES F; et al., 2019), o princípio da
eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição
e rendimento funcional, com resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da coletividade. A lentidão, a omissão, o desperdício
de recursos públicos e a falta de planejamento são atitudes que ofendem esse
princípio.
O princípio da supremacia do interesse público está ligado a prevalência do
interesse da coletividade, no confronto de interesses particulares e o interesse público,
prevalecerá o público, sendo inquestionável o poder público. Já no princípio da
indisponibilidade, “(...) não é concedida liberdade absoluta ao administrador, para
concretizar transações de qualquer natureza, sem prévia autorização legal. ” (PINTO,
p.137, 2008 apud CHAVES F; et al., 2019).
Quanto ao princípio da presunção de legitimidade, de legalidade e de
veracidade, é forçoso convir que, para materializar o interesse público que norteia a
atuação administrativa, as decisões da Administração Pública são dotadas do atributo
da presunção de legitimidade e de legalidade, tornando-se presumivelmente
verdadeiras quanto aos fatos e adequadas quanto à legalidade. (PINTO, p.138, 2008
apud CHAVES F; et al., 2019).
O princípio da segurança jurídica não poderá existir na atuação administrativa
instabilidade jurídica, sendo primordial o respeito e a confiança dos administradores.
Por tanto o Poder Público não poderá, “(...)sem causa legal, invalidar ou revogar atos
administrativos, desfazendo relações ou situações. A lei não pode retroagir para não
gerar insegurança nas relações já consolidadas. ” (MEDEIROS, p.15, 2013 apud
CHAVES F; et al., 2019).
Percebe-se, a importância do conjunto articulado desses princípios do direito
administrativo para a formação de um Estado em bases sólidas, que tenha como
principal objetivo, o funcionamento eficiente de serviços públicos, resguardando
assim, na Administração Pública, o interesse da coletividade, organizando,
disciplinando, estruturando e democratizando o serviço público, conforme CHAVES F;
et al., (2019).
25
2.9 O princípio da legalidade
As leis expressão preceitos que não podem ser descumpridos, nem por desejo
e intenção dos responsáveis por sua aplicação, e nem por seus destinatários. Em
função da finalidade do Estado, e do agente público, os mesmos são impedidos de
não exercer seus poderes e de cumprir o que a lei lhes impõe, sob pena de prejudicar
o bem comum. Na administração pública inexistem liberdade e vontade pessoal. Pois
a eficiência da administração pública encontra-se condicionada ao atendimento da lei,
conforme MOURA A; (2012).
Todo e qualquer ato da Administração Pública deve ser respaldado em lei, e
esta por sua vez, embasada em texto constitucional. Além disso, a segurança de
legalidade na ação do poder público encontra-se intimamente ligada a qualidade das
leis, que devem ser obrigatoriamente preparadas de acordo com as normas e técnicas
legislativas amplamente aplicadas pelo Direito, conforme MOURA A; (2012).
O princípio da legalidade tem como objetivo primordial evitar a atuação do
arbítrio dos governantes, ou seja, de sua vontade própria e independente nas
decisões e ações da vida pública, prevenindo uma ação exorbitante por parte do Poder
Público sobre a sociedade. Pois “[...] o Estado concentra um enorme poder nas mãos
dos governantes e de seus funcionários, e não fosse o claro estabelecimento desse
princípio constitucional, certamente o poder exercido pela Administração Pública
sobre os cidadãos seria exorbitante. ” (COELHO, 2009, p. 52-53 apud MOURA A;
2012).
26
No Brasil é vigente o Direito Positivo, de origem romana, que preceitua que
toda lei deve ser escrita. Todavia, nem tudo que é escrito pelo Estado constitui lei.
Para que seja lei é preciso apresentar as seguintes características: a auto -
aplicabilidade, a generalidade, a abstração e o caráter coercitivo, conforme MOURA
A; (2012).
A auto - aplicabilidade é a traço que vai definir que a lei não carece de nenhum
outro ato para ser aplicada com exceção dos casos expressamente previstos no seu
texto, como os que preveem a edição de decretos para a sua regulamentação antes
de entrarem em vigor. A generalidade determina que a lei é sempre um ato geral, não
podendo jamais incidir sobre um objeto particular. Assim sendo, uma lei pode incidir
sobre uma categoria de indivíduos, mercadorias ou de entidades públicas, conforme
MOURA A; (2012).
Fonte: istockphoto.com
A abstração determina que a lei necessita ser sempre abstrata, não tratando
jamais de casos concretos. E, finalmente, o caráter coercitivo, que determina que a lei
deve possuir um caráter coercitivo e ter uma aplicação compulsória sobre o objeto da
legislação, não sendo uma simples recomendação, todavia, em todos os casos
sempre ser respeitada, ficando os transgressores submetidos às sanções
estabelecidas, conforme MOURA A; (2012).
27
2.10 O princípio da impessoalidade
28
2.11 O princípio da moralidade
Fonte: istockphoto.com
29
De acordo com MOURA A; (2012), na Constituição Federal, em seu art. 37, §
4 procura preservar o princípio da moralidade entre os gestores e servidores públicos,
reprimindo os que não fazerem uso deste princípio em seus atos administrativos
quando diz que os:
30
2.12 O princípio da publicidade
Fonte: istockphoto.com
31
O princípio da publicidade, determina que todos atos administrativos devem ser
publicados no Diário Oficial, e disso resulta então que os mesmos devem ser escritos,
e redigidos de acordo com o princípio da legalidade, assegurando a clareza
necessária para os mesmos. Segundo Coelho (2009, p. 59; apud MOURA A; 2012) a:
[...] necessidade de que todos os atos administrativos sejam escritos
deriva, também, do princípio da publicidade. Devendo ser redigido de acordo
com as normas e procedimentos decorrentes da aplicação do princípio da
legalidade, tal como tratado anteriormente, a constância escrita é que permite
a clareza e publicidade necessárias aos atos públicos. As manifestações
orais, como os discursos, são importantes meios de comunicação política,
mas não são capazes de assegurar a explicitação do interesse público nelas
contidas. As palavras vão-se com o vento, além de serem passíveis de
manipulação através da oratória.
O princípio da publicidade assegura o início dos efeitos externos dos atos
administrativos, e ao mesmo tempo, buscam garantir o controle e a fiscalização
desses mesmos atos por parte da sociedade. Como bem coloca Meirelles (1998, p.
89-90; apud MOURA A; 2012) o:
[...] princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos,
além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento
e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios
constitucionais – mandato de segurança (art. 5º, LXIX), direito de petição (art.
5º, XXXIV, “a”), ação popular (art. 5º, LXXIII), habeas data (art. 5º, LXXII),
suspensão dos direitos políticos por improbidade administrativa (art. 37, § 4º)
-, e para tanto a mesma Constituição impõe o fornecimento de certidões de
atos da administração, requeridas por qualquer pessoa, para defesa de
direitos ou esclarecimentos de situações (art. 5º, XXXIV, “b”) [...].
O princípio da publicidade compreende todos os atos da Administração, e
assegura a qualquer pessoa interessada ter acesso, e obter cópias, inclusive dos atos
em formação ou concluídos, dos processos, dos pareceres, dos despachos, das atas
de julgamentos das licitações e dos contratos firmados, assim como, todos os
comprovantes de despesas e suas respectivas prestações de contas, dentre outros,
conforme MOURA A; (2012).
Todos os atos e contratos administrativos devem obedecer ao princípio da
publicidade. Tendo como exceção apenas determinadas decisões e ações que para
produzirem seu necessário efeito precisam do sigilo. Dentro deste contexto,
unicamente é “[...] admitido o sigilo nos casos de segurança nacional, investigações
32
policiais ou interesse superior da Administração a ser preservado em processo
previamente declarado sigiloso nos termos da lei [...]” (MEIRELES, 1998, p. 89 apud
MOURA A; 2012).
Contudo, tanto o princípio da publicidade, quanto os atos administrativos
sigilosos permitidos em regime de exceção, são para garantir que as decisões do
Estado sejam tomadas visando sempre a atender o interesse social e o bem comum,
conforme MOURA A; (2012).
33
a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado.
Todavia, não é possível negar, que a Reforma do Estado, elaborada no ano de
1995, pelo Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado,
desempenhou papel decisivo na introdução peremptória do princípio da eficiência na
Carta Magna. Uma vez que a supracitada reforma, de cunho neoliberal, preconizava
a transformação do modelo burocrático, até então vigente na Administração Pública
brasileira, mediante a implantação da concepção de administração gerencial,
aproximando-se do modelo da iniciativa privada, que buscam sempre atingir
resultados, minimizar os custos e reduzir os controles das atividades- meio, conforme
MOURA A; (2012).
De acordo com MOURA A; (2012), o princípio da eficiência que determina a
racionalidade financeira no funcionamento da Administração Pública. São os tributos
pagos por todos que financiam as ações e atos da Administração Pública, e, portanto,
é do interesse de toda sociedade que sejam utilizados de forma eficiente, isto é,
proporcionar a melhor relação custo-benefício. Como bem coloca Coelho (2009, p.
60) o princípio da eficiência, aponta para a racionalidade econômica do funcionamento
da Administração Pública. É do interesse público que os tributos pagos pelos
cidadãos, e utilizados para custear as funções administrativas, não apenas sejam
utilizados de forma legal, impessoal, moral e pública, como também de forma eficiente,
isto é, apresentando a melhor relação custo benefício.
Fonte: istockphoto.com
34
De acordo com MOURA A; (2012), o princípio da eficiência é um dos deveres
da Administração Pública e de seus gestores, uma vez que todo agente público tem a
obrigação de realizar suas atribuições não apenas com legalidade, todavia, com
prontidão, perfeição e rendimento funcional, de modo a produzir os melhores
resultados em todos os serviços públicos oferecidos a sociedade. O princípio da
eficiência determina que os gestores públicos pratiquem a boa administração. Assim,
o princípio da eficiência:
[...] pode ser percebido também como uma exigência inerente a toda
atividade pública. Se entendermos a atividade de gestão pública como
atividade necessariamente racional e instrumental, voltada a servir ao
público, na justa proporção das necessidades coletivas, temos de admitir
como inadmissível juridicamente o comportamento administrativo negligente,
contra produtivo, ineficiente. (MODESTO, 2007, p. 6 apud MOURA A; 2012).
36
Essa nova maneira de administrar cria novas formas de controle: “controle de
resultados, efetivado por intermédio de indicadores de desempenho; controle dos
gastos, que leva à busca de estratégias que viabilizem a implementação de políticas
públicas; controle da qualidade dos serviços; e controle social, que trata da relação
dos cidadãos com os atores político-institucionais [...]”. (SOUZA, 2002, p.84 apud
SILVA A; 2017).
O que se espera do gestor do século XXI é que ele desenvolva conhecimentos
sustentáveis de administração privada que possam ser utilizados pela administração
pública, como o PDCA (planejamento, direção, controle e avaliação), por exemplo,
mas acima de tudo deve manter conduta ética, e consequentemente respeitar os
princípios constitucionais que regem a administração pública, conforme SILVA A;
(2017).
37
Dentre as habilidades o gestor público deve ser capaz de tomar decisões
utilizando-se de técnicas gerenciais, ou seja, deve ter a “capacidade de compreender
processos organizacionais de decisão, de forma a facilitar a arte do julgamento e a
ação na solução de problemas. ” (MOTTA, 1994 apud SOUZA, 2002, p.86 apud SILVA
A; 2017). O empreendedorismo típico dos gestores privados também deve fazer parte
do currículo de um gestor público moderno e devem estar presentes “atributos
pessoais, tais como a criatividade, a perseverança, a capacidade de assumir riscos, a
motivação para a realização, a responsabilidade pelos resultados, habilidades no
relacionamento pessoal, liderança e visão de futuro.”. (SOUZA, 2002, p.86 apud
SILVA A; 2017).
Outra expectativa em relação ao gestor público moderno diz respeito a sua
capacidade de liderar, “permitindo mobilizar os esforços dos atores institucionais em
torno de situações do cotidiano organizacional, assumindo o domínio da
corresponsabilidade.”. (MOTTA, 1994 apud SOUZA, 2002, p.86 apud SILVA A; 2017).
Dentre as principais capacidades técnicas devem estar presentes a “estratégia,
racionalidade administrativa, ‘conhecimentos de planejamento, formulação, análise e
avaliação de políticas públicas, bem como técnicas de programação, de sistemas de
informação, de organização e de apoio gerencial’. ” (MOTTA, 1994 apud SOUZA,
2002, p.86 apud SILVA A; 2017).
Muito embora a administração privada e a pública pareçam estar cada vez mais
fundidas, o gestor público estará sempre condicionado à observância e atuação
conforme os princípios constitucionais da Administração Pública. (MEIRELLES, 2015,
p.44 apud SILVA A; 2017). Albarello (2006, p.54; apud SILVA A; 2017) faz uma análise
da implantação do PDCA no setor público e conclui que se trata de um procedimento
complexo em sede de administração pública, tendo em vista as peculiaridades desta,
tanto com relação aos aspectos culturais, legais, administrativas e outras.
3 PODERES ADMINISTRATIVOS
39
Poder Discricionário: o poder discricionário é aquele que possibilita ao
administrador escolher a alternativa que melhor atenda ao interesse
público, respeitados os limites previamente traçados pela lei. Nos atos
discricionários, a lei é rígida quanto à competência e à finalidade,
havendo divergência doutrinária quanto à caracterização da forma como
elemento vinculado ou discricionário. A competência diz respeito à
definição de quem pode praticar o ato. A finalidade deverá ser sempre o
interesse público, sendo inválidos os atos que dele se afastem. A forma
do ato administrativo diz respeito ao seu modo de exteriorização,
conforme CASADO F; et al., (2019).
Poder Hierárquico: o poder hierárquico está relacionado à organização
da Administração Pública. Deste poder decorrem certos efeitos, os
quais, tendo em vista a necessidade de coordenação e harmonia da
atividade administrativa, possibilitam que as autoridades ou os órgãos
superiores possam agir sobre a atuação de autoridades ou de órgãos
inferiores, conforme CASADO F; et al., (2019).
Poder Disciplinar: apesar de estar ligado ao poder hierárquico, o poder
disciplinar com ele não se confunde. É um poder-dever, pois impõe ao
Administrador o dever de apurar irregularidades que tomar ciência, sob
pena de ser igualmente responsabilizado por eventual omissão
(fundamento: Art. 143 do RJU). O poder disciplinar autoriza que a
administração apure eventuais faltas funcionais cometidas por todos que
mantiverem com ela um vínculo de subordinação específica, aplicando
as penalidades cabíveis. O exercício desse poder revela-se atividade
preponderantemente vinculada, eis que há discricionariedade apenas
quanto à definição e à quantificação da pena a ser imposta, não sendo
possível à Administração deixar de punir quando a lei assim o exigir,
conforme CASADO F; et al., (2019).
Poder regulamentar: pelo poder regulamentar, a Administração Pública
pode editar atos de caráter geral, com o objetivo de complementar ou
esclarecer o conteúdo das leis que necessariamente lhe antecedem, de
forma a assegurar a sua fiel execução. Dessa forma, pode-se afirmar
que o poder regulamentar é uma prerrogativa conferida à Administração
40
Pública. São exemplos de atos gerais destinados a garantir a fiel
execução das leis os decretos, as resoluções, as instruções normativas
e as portarias, conforme CASADO F; et al., (2019).
Poder de Polícia: o conceito de poder de polícia é fornecido pelo Artigo
78 do Código Tributário Nacional – CTN. Segundo tal dispositivo, o poder
de polícia corresponde à atividade da Administração Pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos. Exemplo: vigilância sanitária: dotada de auto-
executoriedade (não depende de autorização judicial), permite que a
Administração fiscalize e mesmo restrinja direitos (interditar o
funcionamento de estabelecimento comercial) por conta do risco
imposto à coletividade, conforme CASADO F; et al., (2019).
Serviço Público é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que
exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer
concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente
público. (DI PIETRO, 2008. p. 114 apud CASADO F; et al., 2019).
41
Fonte: istockphoto.com
Segundo Meirelles (2010 apud CASADO F; et al., 2019) pode-se conceituar ato
administrativo como toda manifestação unilateral de vontade da Administração
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
42
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.
Conforme DI PIETRO (2008 apud CASADO F; et al., 2019) os atos
administrativos podem ser vinculados ou discricionários. Desta forma, o ato
administrativo será vinculado quando suportado em norma, estabelecendo que, diante
de determinados requisitos, a Administração deverá agir de tal ou qual forma.
No entanto, o ato administrativo será discricionário quando suportado em
regramento que não atinge todos os aspectos da atuação administrativa; de modo que
a autoridade poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis, todas válidas
perante o direito. É importante destacar, a adoção de uma ou outra solução deverá
ser feita segundo critérios de oportunidade, conveniência e equidade e respeitando
alguns aspectos, em especial a competência, a forma e a finalidade, conforme
CASADO F; et al., (2019).
De acordo CASADO F; et al., (2019) destaca-se a seguir uma definição dos
atos administrativos quanto aos seus requisitos e atributos:
Requisitos dos Atos Administrativos:
Competência:
Todos os atos administrativos sejam discricionários ou vinculados devem ser
realizados por agente que disponha de poder legal para praticá-lo. Competência,
portanto, é o poder atribuído ao agente da Administração Pública, por meio de lei, para
o desempenho específico de suas funções. Então, se o ato for praticado por agente
incompetente, ou realizado além do limite prescrito em lei, o ato será considerado
inválido, conforme CASADO F; et al., (2019).
De acordo com CASADO F; et al., (2019), a competência é considerada, em
princípio como elemento vinculado do ato administrativo, mas, como exceção, nos
casos de delegação e avocação poderá ser considerada como discricionária. Neste
sentido, a Lei N. 9784/99 permite a delegação e a avocação dos atos administrativos.
Contudo, em face do primeiro, a lei menciona:
“Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter
normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de
competência exclusiva do órgão ou autoridade. ”
43
Forma:
A forma é a exteriorização do ato, determinada por lei. Sem forma não pode
haver ato. Assim, para alguns autores como DI PIETRO (2008 apud CASADO F; et
al., 2019), a forma do ato administrativo é a escrita. A forma como a escrita se
apresenta vai caracterizar a espécie do ato administrativo. Conforme CARVALHO
FILHO (2006 apud CASADO F; et al., 2019) a ausência de forma importa a
inexistência do ato administrativo, isso porque a forma é instrumento de projeção do
ato, fazendo parte do seu próprio ciclo de existência, sendo elemento constitutivo da
atuação. A forma é considerada elemento vinculado do ato administrativo, mas, como
exceção poderá ser considerada discricionária, quando a lei autorizar a prática do ato
por mais de uma opção (ALEXANDRINO & PAULO, 2009 apud CASADO F; et al.,
2019).
Objeto:
O objeto é aquilo que o ato dispõe, é o efeito causado pelo ato administrativo
no mundo jurídico, em virtude de sua prática. Para identificá-lo, assevera Di Pietro
(2008 apud CASADO F; et al., 2019), "basta verificar o que o ato enuncia, prescreve,
dispõe." Exemplo: no caso de ato administrativo que trata de demissão de um servidor
o seu objeto será a própria demissão. O objeto é considerado elemento discricionário
do ato administrativo, mas, como exceção poderá ser considerado vinculado, quando
a lei dispor expressamente sobre qual será o conteúdo de determinado ato.
Motivo:
Os motivos são as razões de fato e de direito que dão ensejo à prática do ato.
Pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato. Pressuposto de
fato, como o próprio nome indica, corresponde ao conjunto de circunstâncias, de
acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato. Exemplo:
no ato administrativo de punição do funcionário, o motivo é a infração que ele praticou;
na exoneração do funcionário estável, é o pedido por ele formulado. Quando da
ausência do motivo ou a indicação de motivo falso na prática do ato administrativo
gerará a invalidação do ato praticado. O motivo é considerado elemento discricionário
do ato administrativo, mas, como exceção poderá ser considerado vinculado, quando
a lei dispor expressamente sobre qual será o motivo de determinado ato. Ainda, é
importante destacar a diferença entre motivo e motivação no que diz respeito ao ato
administrativo. A motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração,
44
por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram. Ela diz respeito às
formalidades do ato, que integram o próprio ato, vindo sob a forma de "considerando";
outras vezes, está contida em parecer, laudo, relatório, emitida pelo próprio órgão
expedidor do ato ou por outro órgão, técnico ou jurídico, hipótese em que o ato faz
remissão a esses atos precedentes. O importante é que o ato possa ter a sua
legalidade comprovada (DI PIETRO, 2008 apud CASADO F; et al., 2019).
Finalidade:
A finalidade, segundo Di Pietro (2008 apud CASADO F; et al., 2019), é o
resultado que se quer alcançar com a prática do ato. De acordo com o princípio da
finalidade, a Administração Pública deve buscar sempre o interesse público e, em uma
análise mais restrita, a finalidade determinada pela lei. A finalidade deverá estar
indicada na lei expressamente ou implicitamente. Não podendo o administrador
escolher outra, ou substituir a indicada na norma administrativa, sob pena de se
configurar desvio de poder e o ato ser considerado inválido. Hely Lopes Meirelles
(2010 apud CASADO F; et al., 2019). A seguir será apresentado um resumo sobre as
principais características dos requisitos dos atos administrativos, conforme Quadro
abaixo.
Resumo dos Requisitos dos Atos Administrativos
Fonte: ufsm.br (elaborados pelos autores 2018, conforme CASADO F; et al., 2019)
45
Atributos do Ato Administrativo:
Presunção De Legitimidade: a presunção de legitimidade ou veracidade, trata
da prerrogativa que o ato goza de fé pública e os fatos apresentados em sua prática
presumem-se verdadeiros, em conformidade com os fatos efetivamente ocorridos.
Este atributo é importante, pois viabiliza a celeridade, tão necessária, à prestação dos
serviços e ao gerenciamento administrativo estatal. No entanto, a presunção de
veracidade não é absoluta, uma vez que a situação descrita pela conduta do poder
público admite prova em contrário pelo particular interessado (CARVALHO FILHO,
2006 apud CASADO F; et al., 2019).
Imperatividade:
Traduz a possibilidade que tem a Administração de criar obrigações ou impor
restrições, unilateralmente, aos administrados, e isto independentemente de sua
concordância. A imperatividade só existe nos atos administrativos que impõem
obrigações (atos normativos, ordinatórios, punitivos), conforme CASADO F; et al.,
(2019).
Auto-executoriedade:
Para Hely Lopes Meirelles (2010) a "auto-executoriedade consiste na
possibilidade que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta execução
pela própria Administração, independentemente de ordem judicial." Cite-se o exemplo
de um carro que é guinchado· por estar· estacionado em uma calçada dificultando a·
circulação dos pedestres, ou impedindo a passagem de uma ambulância, conforme
CASADO F; et al., (2019).
Mérito Administrativo:
De acordo com Hely Lopes Meirelles (2010) “consubstancia-se na valoração
dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração Pública
incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir sobre a conveniência,
oportunidade e justiça do ato a realizar”. O mérito é aspecto pertinente apenas aos
atos administrativos discricionários ou, de outro modo, a contrário senso, não há que
se falar em mérito administrativo nos atos vinculados, conforme CASADO F; et al.,
(2019).
46
Extinção do Ato Administrativo:
Diversas são as formas de extinção do ato administrativo, porém, neste manual
serão abordadas as seguintes: revogação e anulação, conforme CASADO F; et al.,
(2019).
Revogação:
É o ato administrativo discricionário pelo qual a Administração extingue um ato
válido, por razões de oportunidade e conveniência, ou seja, por razões de mérito
conforme CASADO F; et al., (2019).
Anulação:
Também chamada de invalidação, é a extinção do ato administrativo por
razões de ilegalidade (contrariedade à lei), conforme CASADO F; et al., (2019).
Convalidação do Ato Administrativo:
É o ato jurídico praticado pela Administração Pública para corrigir determinado
ato anulável de forma a ser mantido no mundo jurídico para que possa permanecer
produzindo seus efeitos regulares. Com base na legislação mencionada, podemos
entender que a convalidação é uma faculdade concedida a Administração. Desta
forma, o administrador poderá ao constatar um defeito de legalidade anular ou
convalidar o ato. Ao ser convalidado, a correção do ato retroage a data de sua
elaboração, tendo, assim, efeito ex tunc, conforme CASADO F; et al., (2019).
Grupos de Atos Administrativos:
Os atos administrativos, pelas características comuns a eles inerentes e pelas
peculiaridades que os distinguem uns dos outros, podem ser divididos em cinco
grupos, conforme MEIRELLES (2008 apud MOURA A; 2012):
Atos Administrativos Normativos:
Aqueles que contêm um comando geral do Executivo, visando a correta
aplicação da lei; estabelecem regras gerais e abstratas, pois visam a explicitar a
norma legal. Exemplos: Decretos, Regulamentos, Regimentos, Resoluções,
Deliberações, etc., conforme CASADO F; et al., (2019).
Atos Administrativos Ordinatórios:
Visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional
de seus agentes. Se endereçam aos servidores públicos a fim de orientá-los no
desempenho de suas atribuições. Podem ser expedidos por qualquer chefe de serviço
aos seus subordinados, desde que o faça nos limites de sua competência. Só atuam
47
no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia
que os expediu. São eles: Exemplos: Instruções, Circulares, Avisos, Portarias, Ordens
de Serviço, Provimentos, Ofícios, Despachos, etc., conforme CASADO F; et al.,
(2019).
Atos Administrativos Negociais:
Aqueles que contêm uma declaração de vontade do Poder Público coincidente
com a vontade do particular; visa a concretizar negócios públicos ou atribuir certos
direitos ou vantagens ao particular. Exemplos: Licença, Autorização, Permissão,
Aprovação, Apreciação, Visto, Homologação, Dispensa, Renúncia, etc., conforme
CASADO F; et al., (2019).
Atos Administrativos Punitivos:
Atos com que a Administração visa a punir e reprimir as infrações
administrativas ou a conduta irregular dos administrados ou de servidores. É a
APLICAÇÃO do Poder de Polícia e Poder Disciplinar. Exemplos: Multa, Interdição de
atividades, Destruição de coisas, Afastamento de Cargo ou Função, conforme
CASADO F; et al., (2019).
48
Fonte: istockphoto.com
Com isso, podemos salientar que os poderes e os deveres, são o método que
a administração pública deve se valer para garantir a concretização da cidadania de
modo a construir uma sociedade mais justa e solidária. Os princípios da supremacia
do interesse público sobre o privado e o princípio da indisponibilidade do interesse
público são a base do Direito Administrativo e devem ser respeitados de modo a
garantir que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam de forma digna, prestados,
conforme COMARETTO F et al., (2017).
Portanto, o regime jurídico administrativo, embora gere uma posição de
superioridade da administração perante o particular, deve encarar a tarefa de tutelar
a primazia do bem comum, principalmente no exercício das competências públicas.
Sendo assim, seus conjuntos de direitos (prerrogativas) e deveres (limitações) devem
ser utilizados para a satisfação do bem comum, caso contrário não há que se falar em
Estado Democrático de Direito sem tutela dos direitos fundamentais e sociais
previstas em nossa Carta Magna, conforme COMARETTO F et al., (2017).
Ainda, para que serve uma administração pública estatal que utilize sua
estrutura administrativa e disponha de todo o recurso disponível, senão para prover
os meios de bem-estar social e garantir uma sociedade justa? Não cabe ao Estado ter
todo um aparato administrativo sem que seja o cidadão o maior beneficiário disso.
Afinal, fomos todos nós os arquitetos de toda a construção e decidimos o que
49
queríamos para um povo justo e uma sociedade que visa justamente à cidadania
efetiva, conforme COMARETTO F et al., (2017).
50
Esse é o Estado de Direito, ou seja, o Estado juridicamente organizado e
obediente às suas próprias leis. (MEIRELLES, 1998, p. 60-61 apud MOURA
A; 2012).
52
3.8 O governo
Fonte: istockphoto.com
53
3.9 A administração pública
[...] pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é autorizada por lei
específica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse
coletivo. São espécies de entidades paraestatais as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e os serviços sociais autônomos [...] as
entidades paraestatais são autônomas, tem patrimônio próprio e operam em
regime da iniciativa particular [...] (MEIRELES, 1998, p. 67; apud MOURA A;
2012).
54
3.10 Os órgãos e os agentes públicos
A frente dos órgãos estão os agentes públicos. Estes são definidos como
sendo [...] todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente,
do exercício de alguma função estatal. Os agentes normalmente
desempenham funções dos órgãos, distribuídos entre os cargos de que são
titulares, mas excepcionalmente podem exercer funções sem cargo.
(MEIRELES, 1998, p. 74; apud MOURA A; 2012).
55
eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais. ”
(MEIRELES, 1998, p. 75; apud MOURA A; 2012).
Os agentes políticos não são servidores públicos, e existem normas
específicas para sua escolha, investidura e conduta na execução de suas funções.
Possuem ampla liberdade funcional, e prerrogativas e responsabilidades específicas
definidas em legislações especiais. E, enquadram-se nessa categoria de agentes
públicos os chefes dos poderes executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos,
assim como, os seus ministros e secretários), os membros do Poder Legislativo
(Senadores, Deputados e Vereadores), os membros do Judiciário (Magistrados) e os
representantes diplomáticos, conforme MOURA A; (2012).
Os agentes administrativos representam “[...] todos aqueles que se vinculam
ao Estado ou às entidades autárquicas e fundacionais por relações profissionais,
sujeitos a hierarquia funcional e ao regime jurídico único da entidade estatal a que
servem. ” (MEIRELES, 1998, p. 78; apud MOURA A; 2012). Os agentes
administrativos são os servidores públicos, e recebem autoridade estatal e
responsabilidades em função da posição que ocupam na hierarquia. São servidores
profissionais, e não possuem qualquer poder político. Estão sujeitos as normas dos
órgãos a que encontram-se vinculados.
57
4 BIBLIOGRAFIA
58