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Os Sistema de organização administrativa

Almirante Mombe

Arminda Chavana

Edson Munjovo

Firmino Chavana

Narciso Mucavel

Nilza Tembe

Ivan Rafael Uane

Simão Massinga

Waldir de Bastos

Curso de Contabilidade e Auditoria

Cadeira de Direito Administrativo

3º Ano

Pós – Laboral

Turma 1

4º Grupo

Docente

dr. Mestre José Carimo

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE


MOÇAMBIQUE

Maputo, Agosto de 2019


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Cfr Confira

CRM Constituição da República de Moçambique


Resumo

Este trabalho investigativo foi elaborado com o intuito do aprofundamento,


aperfeiçoamento e o conhecimento académico, pesquisando um tema que contribuísse
de alguma maneira, para a melhoria da área em questão. Também teve a intenção de
contribuir na análise do Sistema de organização administrativa como os respectivos
regimes jurídicos adoptados. Procura-se, na presente pesquisa, proporcionar uma
reflexão sobre os Órgãos Locais do Estado e os Órgãos do Poder Local sobre a
Administração Pública. Para tal, realizaram-se pesquisas bibliográficas sobre os
principais conceitos, âmbito, objectivos e funções.

Palavras-chave: Concentração, Centralização, Desconcentração, Descentralização

“A maior dádiva para um estudante é o saber adquirido, nenhum outro dom faria valer
a pena tanto esforço e dedicação.” Jéni Quintal
INDICE
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................................i
Resumo.........................................................................................................................................ii
1. CAPITULO I........................................................................................................................1
Introdução....................................................................................................................................1
1.1. Contextualização do tema.............................................................................................1
1.2. Problema......................................................................................................................2
1.3. Delimitação do tema.....................................................................................................2
1.4. Objectivos a atingir com a pesquisa.............................................................................3
1.4.1. Objectivo Geral....................................................................................................3
1.4.2. Objectivos específicos..........................................................................................3
1.5. Estrutura do trabalho....................................................................................................3
2. CAPITULO II......................................................................................................................4
Revisão da literatura....................................................................................................................4
2.1. Sistema de organização administrativa.........................................................................4
2.2. A concentração de competência ou a administração concentrada.................................4
2.3. Espécies de desconcentração........................................................................................6
2.4. A delegação de poderes................................................................................................7
2.5. Centralização e Descentralização.................................................................................7
2.6. Espécies de descentralização........................................................................................9
2.7. Limites da descentralização........................................................................................10
2.8. A Tutela Administrativa.............................................................................................10
2.9. Espécies da tutela administrativa................................................................................11
2.10. Regime jurídico da tutela administrativa................................................................12
2.11. Integração e devolução de poderes.........................................................................12
2.12. Os princípios constitucionais sobre organização administrativa.............................15
3. CAPÍTULO III...................................................................................................................17
Metodologia da pesquisa do trabalho........................................................................................17
3.1. Tipo de pesquisa.........................................................................................................17
3.2. Instrumento de recolha de dados................................................................................17
3.2.1. Pesquisa bibliográfica.........................................................................................17
3.3. Delineamento da pesquisa..........................................................................................17
3.4. Colecta e análise de dados..........................................................................................18

iii
3.5. Tipos de dados............................................................................................................18
3.5.1. Análise dos dados...............................................................................................18
4. CAPITULO IV...................................................................................................................19
4.1. Considerações finais.......................................................................................................19
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS...............................................................................20

iv
1. CAPITULO I

Introdução

1.1. Contextualização do tema


O Estado existe para satisfazer as necessidades colectivas dos cidadãos através da
actividade financeira do mesmo. Para tal, existe a Administração Pública, entendida como
sendo “o conjunto de órgãos e serviços públicos que assegura a realização de actividades
administrativas, visando a satisfação de necessidades colectivas”. Segundo AMARAL
(2012, p. 237), “para cumprir as atribuições que lhe são conferidas pela constituição e
pelas leis, o Estado carece de órgãos. E, na verdade, como as outras pessoas colectivas,
públicas ou privadas, o Estado tem os seus órgãos – aos quais competem tomar decisões
em nome da pessoa colectiva a que pertencem.” Como se pode depreender do retro
mencionado, o Estado age através de órgãos, os quais desempenham várias funções
consoante o nível de descentralização e desconcentração políticas.

Neste visão o trabalho debruçará sobre os sistemas de organização administrativa, que se


subdivide em concentração e desconcentração, a sua integração e devoluções de
poderes.

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1.2. Problema
Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 126), o problema consiste em um enunciado
explicitado de forma clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução
ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos.
De acordo com Nhambirre (2011, p. 22), em Moçambique o processo de
descentralização inscreve-se no quadro da construção das modificações pragmáticas
operadas nas práticas de gestão e interacção político institucional e implicou a
redefinição em torno das relações Estado-sociedade, bem como, nas formas de
articulação institucional registadas nos campos político e administrativo.
O problema da maior ou menor concentração ou desconcentração existente não tem nada
a ver com as relações entre o Estado e as demais pessoas colectivas.
Diante do retro exposto o problema que se coloca é: A concentração ou descontracção
é uma questão que se põe apenas dentro do Estado, ou apenas dentro de qualquer outra
entidade pública?

1.3. Delimitação do tema


Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 162), a escolha de um tema representa uma
delimitação de um campo de estudo no interior de uma grande área de conhecimento, ou
seja, significa seleccionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades,
as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho científico;
encontrar um objecto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de
ser formulado e delimitado em função da pesquisa. Assim sendo, o presente trabalho
versa sobre “Os Sistemas de Organização Administrativa”, e para melhor compreensão
dar-se-á uma contextualização dos Sistemas de organização Administrativas,
distinguindo-os em Integração e Devolução de Poderes, bem como mencionar-se-á as
suas vantagens, desvantagens e Regime Jurídico. Portanto, a pesquisa não pretende
adentrar nos aspectos filosóficos ou políticos que o tema possa ensejar.

2
1.4. Objectivos a atingir com a pesquisa
Segundo Carvalho (2009) os objectivos definem as linhas de prossecutiva a desenvolver
que proporcione valor acrescentado a situação de partida. Nesta ordem de ideia,
formulamos os seguintes objectivos:

1.4.1. Objectivo Geral


 Analisar como é feita a organização da Administração para o seu melhor
desempenho

1.4.2. Objectivos específicos


 Definir Concentração, Desconcentração, centralização e descentralização.
 Mencionar as suas vantagens e desvantagens
 Descrever a integração e a devolução de poderes

1.5. Estrutura do trabalho


Estrutura do trabalho O trabalho está dividido em quatro capítulos abaixo descritos
detalhadamente:
 Capítulo I – Introdução No que tange a parte introdutória do trabalho, com
sequência na contextualização do tema, problema de pesquisa, delimitação e
objectivos a atingir (geral e específicos).
 Capítulo II – O presente capítulo versa sobre a revisão da literatura que engloba
a fundamentação da teoria geral da organização administrativa, concretamente
Os Sistemas de Organização Administrativa, as suas Vantagens e desvantagens.
 Capítulo III – Depois da investigação sobre o tema em estudo, neste capítulo,
parte-se da definição do tipo de pesquisa, instrumentos de recolha de dados,
delineamento da pesquisa, colecta e análise de dados e por fim análise dos
dados.
 Capítulo IV – Este capítulo aborda sequencialmente conclusões e referências
bibliográficas

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2. CAPITULO II

Revisão da literatura

2.1. Sistema de organização administrativa


Por outro lado, importa ter presente que a concentração ou desconcentração têm como
pano de fundo a organização vertical dos serviços públicos, consistindo basicamente na
ausência ou na existência de distribuição de competência entre os diversos graus ou
escalões da hierarquia.

2.2. A concentração de competência ou a administração concentrada


É o sistema em que o superior hierárquico mais elevado é o único órgão competente
para tomar decisões, ficando os subalternos limitados às tarefas de preparação e
execução das decisões daquele. Por seu turno, a desconcentração de competência, ou
administração desconcentrada, é o sistema em que o poder decisório se reparte entre o
superior e um ou vários órgãos subalternos, os quais, todavia, permanecem em regra,
sujeitos a direcção e supervisão daquele.

A desconcentração traduz-se num processo de descongestionamento de competências,


conferindo-se a funcionários ou agentes subalternos certos poderes decisórios, os quais
numa administração concentrada estariam reservados em exclusivo ao superior.

Para o caso concreto do sistema administrativo moçambicano o princípio da


descentralização e desconcentração administrativa encontra-se consagrado no artigo 267
da CRM.

Em rigor não existem sistemas integralmente concentrados, nem sistemas absolutamente


desconcentrados. O que sucede é que os sistemas se podem apresentar mais ou menos
concentrados ou mais ou menos desconcentrados.

Neste sentido, são teoricamente possíveis quatro combinações entre aqueles termos,
designadamente:

 Centralização com concentração;


 Centralização com desconcentração;
 Descentralização com concentração;

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 Descentralização com desconcentração.

 Na centralização com concentração existe apenas uma pessoa colectiva pública


– o Estado, ficando reservada ao governo plenitude dos poderes decisórios para
todo o território nacional;
 Na centralização com desconcentração a pessoa colectiva pública é o Estado, as
competências decisórias repartem-se entre o governo e órgãos subalternos do
Estado;
 Na descentralização com concentração existe uma multiplicidade de pessoas
colectivas públicas, e em cada uma delas há apenas um centro decisório;
 Na descentralização com desconcentração a multiplicidade de pessoas
colectivas públicas somar-se-á, dentro de cada uma delas a repartição de
competência entre órgãos superiores e subalternos.

Em suma, a centralização e a descentralização têm a ver com a unicidade ou


pluralidade de pessoas colectivas públicas, ao passo que a concentração e a
desconcentração se referem a repartição de competência pelos diversos graus da
hierarquia no interior de cada pessoa colectiva pública.

Vantagens e inconvenientes

As principais vantagens da desconcentração administrativas consistem em

 Procura aumentar a eficiência dos serviços públicos, desconcentrando


competências entre vários órgãos ou agentes da administração. Este acréscimo
de eficiência pode traduzir-se na maior rapidez de resposta às solicitações
dirigidas á administração pública;
 Revela-se na melhor qualidade do serviço, visto que a desconcentração viabiliza
a especialização de funções. Enfim, a desconcentração liberta os superiores da
tomada de decisões de menor relevância, criando-lhes condições para
ponderarem a resolução das questões de maior responsabilidade que lhe ficam
reservadas.

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-

Mas, por outro lado, há quem contrapõe a estas vantagens da desconcentração certa
inconveniente:

 A multiplicidade dos centros decisórios pode inviabilizar uma actuação


harmoniosa, coerente e concertada da Administração;
 A especialização que normalmente acompanha a desconcentração de
competências tenderá a converter-se num nocivo factor de rotina, gerando a
desmotivação dos agentes; consequentemente, o facto de se atribuírem
responsabilidades a subalternos por vezes menos preparados para as assumir
pode levar a diminuição da qualidade de serviço, prejudicando-se com isso os
interesses dos particulares e a boa administração.

2.3. Espécies de desconcentração


Existem três critérios fundamentais para determinar as espécies de desconcentração:
quanto aos níveis, quanto aos graus e quanto às formas:

 Quanto aos níveis de desconcentração, há que distinguir entre a


desconcentração a nível central e desconcentração a nível local, consoante ela se
inscreva no âmbito dos serviços da administração central ou no âmbito da
administração local.
 Quanto aos graus de desconcentração, ela pode ser absoluta ou relativa: no
primeiro caso, a desconcentração é tão intensa e elevada tão longe que os órgãos
por ela atingidos se transformam de órgãos subalternos em órgãos
independentes; no segundo, a desconcentração é menos intensa e, embora
atribuindo certas competências próprias a órgãos subalternos, mantém a
subordinação destes aos poderes do superior – constitui a regra geral no direito
moçambicano.
 Quanto às formas de desconcentração, existe um lado a desconcentração
originária, e do outro a desconcentração derivada: a primeira é a que decorre
imediatamente da lei, que desde logo reparte a competência entre o superior e os
subalternos; a segunda, carecendo embora de permissão legal expressa, só se

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efectiva mediante um acto específico praticado para o efeito pelo superior. Por
exemplo, a lei confere aos ministros a competência para conceder licenças para
férias aos funcionários do Estado; se nova lei vem transferir essa competência
para os directores nacionais ou secretários permanentes – desconcentração
originária; se se limita a permitir aos ministros que delegue tal competência no
secretário permanente ou directores nacionais, estamos perante a
desconcentração derivada.

2.4. A delegação de poderes


A delegação de poderes/ou de competências é o acto pelo qual um órgão da
Administração, normalmente competente para decidir em determinada matéria, permite,
de acordo com a lei, que outro órgão ou agente pratiquem actos administrativos sobre a
mesma matéria.

São três os requisitos da delegação de poderes:

 É necessária uma lei que preveja expressamente a faculdade de um órgão


delegar poderes noutro – lei de habilitação;
 É necessária a existência de dois órgãos, ou de um órgão e um agente
e/funcionário, da mesma pessoa colectiva pública, ou de dois órgãos de pessoas
colectivas públicas distintas, dos quis um seja o órgão normalmente competente
(o delegante) e outro, o órgão eventualmente competente (o delegado);
 É necessária a prática do acto de delegação propriamente dito, isto é, o acto pelo
qual o delegante concretiza a delegação dos seus poderes no delegado,
permitindo-lhe a prática de certos actos na matéria sobre a qual é normalmente
competente.

Assim, a existência da lei de habilitação, existência de delegante e delegado – órgão que


pode delegar e de um órgão ou agente em que se possa delegar, e acto de delegação, são
os requisitos que a ordem jurídica exige para que haja delegação de poderes/ou de
competências.

2.5. Centralização e Descentralização


A Concentração e a desconcentração são figuras que se reportam à organização interna
de cada pessoa colectiva pública, ao passo que a centralização e a descentralização
põem em causa várias pessoas colectivas públicas ao mesmo tempo.

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Quanto ao âmbito jurídico

 Diz-se centralizado o sistema em que todas as atribuições administrativas de um


dado país são por lei conferidas ao Estado, não existindo, quaisquer outras
pessoas colectivas públicas incumbidas do exercício da função administrativa.
 Descentralizado é o sistema em que a função administrativa esteja confiada não
apenas ao Estado, mas também a outras pessoas colectivas territoriais –
autarquias locais, pessoas colectivas distintas do Estado.

Quanto ao âmbito político administrativo

 Há descentralização quando os órgãos das autarquias locais são livremente


eleitos pelas respectivas populações, quando a lei os considera independentes na
orbita das suas atribuições e competências e quando estiverem sujeitas a formas
atenuadas de tutela administrativa – limita-se ao controlo da legalidade.

Vantagens e Desvantagens

Vantagens

A Centralização:

 A Centralização assegura melhor que qualquer outro sistema a unidade do


Estado; garante a homogeneidade da acção política e administrativa
desenvolvida no país; e permite uma melhor coordenação do exercício da função
administrativa.

A Descentralização:

 Liberta os superiores Hierárquicos da tomada de uma multiplicidade de decisões


de menos complexidade, criando como consequência, as condições de se
ocuparem de questões mais relevantes e de maior complexidade e
responsabilidade;
 O poder local é um imitante ao absolutismo, ou ao abuso do poder central;
segundo, a descentralização proporciona a participação dos cidadãos na tomada
de decisões públicas em matérias que concernem aos seus interesses, e a
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participação é um dos grandes objectivos do Estado moderno (cfr. nº 1, art. 267
da CRM);
 Permite aproveitar para a realização do bem comum a sensibilidade das
populações locais relativamente aos seus problemas, e facilita a mobilização das
iniciativas e das energias locais para as tarefas de administração pública;
 Aumenta a eficiência, eficácia e a efectividade dos serviços públicos, dado que é
através dela que se imprime maior rapidez de resposta as solicitações dirigidas a
administração pública;

Desvantagens

 Gera a hipertrofia do Estado, provocando o gigantismo do poder central, é fonte


de ineficácia da acção administrativa, porque quer confiar tudo ao Estado;
 É causa de elevados custos financeiros relativamente ao exercício da acção
administrativa;
 Abafa a vida local autónoma, eliminando ou reduzindo a muito pouco a
actividade própria das comunidades tradicionais; não respeita as liberdades
locais;
 Faz depender o sistema administrativo da insensibilidade do poder central, ou
dos seus delegados, à maioria dos problemas locais.
 A descentralização gera alguma descoordenação no exercício da função
administrativa; e o segundo é o de abrir a porta ao mau uso dos poderes
discricionários da Administração por parte de pessoas nem sempre bem
preparadas para os exercer, o que implica necessariamente mecanismos mais
eficazes de fiscalização por parte do governo central.

2.6. Espécies de descentralização


Distingue-se a descentralização quanto à forma e os graus.

Quanto às formas, a descentralização poder ser territorial, institucional e associativa.

 A descentralização territorial é a que dá origem à existência de autarquias


locais;
 A descentralização institucional é a que dá origem aos institutos públicos e às
empresas públicas; e

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 A descentralização associativa, a que dá origem às associações públicas.

É comummente aceite que a descentralização no sentido estrito, refere-se a


descentralização territorial.

Quanto aos graus, existem numerosos graus de descentralização. Para o nosso curso
importa referir os seguintes:

 Simples atribuição de personalidade jurídica de direito privado. – forma


embrionária de descentralização privada;
 Atribuição de personalidade jurídica de direito público. – descentralização
administrativa;
 Atribuição de autonomia administrativa;
 Atribuição de autonomia financeira;
 Atribuição da faculdade regulamentar;
 Atribuição de poderes legislativos próprios – descentralização política.

2.7. Limites da descentralização


Os limites da descentralização podem ser de três ordens:

(i) Limites a todos os poderes da Administração e dos poderes das entidades


descentralizadas. – delimitação das atribuições e competências das autarquias
locais, observância da legalidade administrativa pelas autarquias locais, o
respeito aos direitos e interesses legítimos dos particulares, configuram limites à
descentralização;
(ii) Limites à quantidade de poderes transferíveis para as entidades descentralizadas.
(cfr. art. 270 da CRM);
(iii) Limites ao exercício dos poderes transferidos (vide nº 3 do art. 270 da
CRM).

2.8. A Tutela Administrativa


A tutela administrativa consiste no conjunto dos poderes de intervenção de uma pessoa
colectiva pública na gestão de outra pessoa colectiva, a fim de assegurar a legalidade ou
o mérito da sua actuação, (cfr. art. 272 da CRM).

Do conceito acima descrito resultam as seguintes características:

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A tutela administrativa pressupõe a existência de duas pessoas colectivas distintas: a
pessoa colectiva tutelar, e a pessoa colectiva tutelada;

Dessas duas pessoas colectivas, uma é necessariamente uma pessoa colectiva pública e
a segunda pode ser pública ou privada, conforme os casos;

Os poderes de tutela administrativa são poderes de intervenção na gestão de uma pessoa


colectiva;

O fim da tutela administrativa é assegurar, em nome da entidade tutelar, que a entidade


tutelada cumpra as leis em vigor - garantir a adopção de soluções convenientes e
oportunas para a prossecução do interesse público.

2.9. Espécies da tutela administrativa


Há que distinguir as principais espécies de tutela administrativa quanto ao fim e quanto
ao conteúdo.

Quanto ao fim - a tutela administrativa desdobra-se em tutela de legalidade e de mérito.

 A tutela de legalidade é a que visa controlar a legalidade das decisões da


entidade tutelada – conformidade com a lei; e
 A tutela de mérito é aquela que visa controlar o mérito das decisões
administrativas da entidade tutelada – controlo das decisões se são ou não
convenientes ou inconvenientes, oportunas ou inoportunas, correctas ou
incorrectas do ponto de vista administrativo, técnico, financeiro, etc. – verificar
o mérito das decisões das entidades tuteladas, (vide n art. 272 da CRM).

Quanto ao conteúdo - as espécies de tutela administrativa, distingue-se em cinco


modalidades entre elas:

 Tutela integrativa é aquela que consiste no poder de autorizar ou aprovar os


actos da entidade tutelada – integrativa a priori que autoriza a pratica de actos e
tutela integrativa a posteriori, que é a que consiste no poder de aprovar actos da
entidade tutelada;
 Tutela inspectiva consiste no poder de fiscalização dos órgãos, serviços,
documentos e contas da entidade tutelada, – poder de fiscalização da
organização e funcionamento da entidade tutelada;

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 Tutela sancionatória consiste no poder de aplicar sanções por irregularidades
que tenham sido detectadas na entidade tutelada, – fiscalização da entidade
tutelada e aplicação de sanções sobre a entidade tutelada e os seus órgãos;
 Tutela revogatória é o poder de revogar os actos administrativos praticados pela
entidade tutelada;
 Tutela substitutiva é o poder da entidade tutelar de suprir as omissões da
entidade tutelada, praticando, em vez dela e por conta dela, os actos que forem
legalmente devidos.

2.10. Regime jurídico da tutela administrativa


A tutela administrativa não se presume, só existe quando a lei expressamente a prevê e
nos precisos termos em que a lei a estabelecer. Só a lei é que determina os limites e
modalidades de tutela.

Importa referir que a entidade tutelada tem legitimidade para impugnar, quer
administrativa quer contenciosamente, os actos pelos quais a entidade tutelar exerça os
seus poderes de tutela. Se a entidade tutelar exercer um poder de tutela em termos que
prejudiquem a entidade tutelada, esta tem o direito de impugnar esses actos junto do
tribunal administrativo.

2.11. Integração e devolução de poderes


Os interesses públicos a cargo do Estado, ou de qualquer outra pessoa colectiva de fins
múltiplos – o caso das autarquias locais, podem ser mantidos pela lei no elenco das
atribuições da entidade a que pertencem ou podem, diferentemente, serem transferidos
para uma pessoa colectiva pública de fins singulares, especialmente incumbida de
assegurar a sua prossecução.

Entende-se por integração o sistema em que todos os interesses públicos a prosseguir


pelo Estado, ou pelas pessoas colectivas de população e território, são postos por lei a
cargo das próprias pessoas colectivas a que pertencem.

E considera-se como devolução de poderes o sistema em que alguns interesses públicos


do Estado, ou de pessoas colectivas de população e território, são postos por lei a cargo
de pessoas colectivas públicas de fins singulares. A expressão devolução de poderes,
também é usada para designar o movimento da transferência de atribuições, do Estado
e/ou de outra colectividade territorial, para outra entidade.

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Vantagens e inconvenientes

 A doutrina administrativa ensina que, a principal vantagem da devolução de


poderes é a de permitir maior comodidade e eficiência na gestão, de modo que a
Administração Pública, no seu todo, funcione de forma mais eficiente, visto que
se descongestiona a gestão da pessoa colectiva principal, evitando a
burocratização do Estado;
 E alivia os ministérios de ter que tomar todas as decisões de seus pelouros, desde
das direcções nacionais aos departamentos nacionais, bem como das direcções
provinciais aos departamentos e até ao distrito e/ou posto administrativo.

Os inconvenientes da devolução de poderes são:

 A proliferação de centros de decisões autónomos, de patrimónios separados, de


fenómenos financeiros que escapam em boa parte ao controlo global do Estado.
 A tendência actual da administração pública é de aceitar como positivo o sistema
da devolução de poderes, mas contendo-o dentro de limites razoáveis, ou
obrigando mesmo a reduzir, evitando excessos de institutos públicos, de
empresas públicas ou de associações públicas.

Regime jurídico

A devolução de poderes é feita sempre por lei.

Os poderes transferidos são exercidos em nome próprio pela pessoa colectiva pública
criada para o efeito. Mas, são exercidos no interesse da pessoa colectiva que os
transferiu e sob a orientação dos respectivos órgãos.

As pessoas colectivas públicas que recebem devolução de poderes são entes auxiliares
ou instrumentais, ao serviço da pessoa colectiva de fins múltiplos que as criou.

Este tipo de organizações dispõe, de autonomia administrativa e até de autonomia


financeira, mas não exercem auto-administração.

Exemplo. As autarquias locais e não em organizações incumbidas de administração


indirecta, quem define a orientação geral da actividade dessas organizações é o Estado,
ou a pessoa colectiva de fins múltiplos que os criou, dispõe de autonomia de gestão,

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mas não são organizações independentes, ao contrário das autarquias locais que são
independentes.

As autarquias locais têm o direito de elaborar, discutir e aprovar livremente, sem


qualquer interferência do Estado, o seu plano de actividades para cada ano, bem como o
respectivo orçamento. Ao passo que, no caso dos institutos públicos e das empresas
públicas, estes, preparam e elaboram o plano de actividades e o orçamento para o ano
seguinte, mas quem aprova é o Governo.

As autarquias locais, porque são independentes e exercem administração autónoma


definem o seu próprio rumo, definem as grandes orientações da sua actividade, ao passo
que as organizações que recebem uma devolução de poderes, sendo dependentes e
exercem uma administração indirecta não traçam elas próprias o rumo ou definir as
grandes orientações da sua actividade.

Sujeição à tutela administrativa e à superintendência

Os institutos públicos e as empresas públicas estão sujeitas a tutela administrativa e a


superintendência.

A superintendência é o poder conferido ao Estado, ou outra pessoa colectiva de fins


múltiplos, de definir os objectivos e guiar a actuação das pessoas colectivas públicas de
fins singulares colocadas por lei na sua dependência.

É um poder mais amplo, mais intenso, mais forte do que a tutela administrativa, porque
a tutela administrativa, tem apenas por fim controlar a actuação das entidades a ela
sujeitas, ao passo que a superintendência se destina a orientar a acção das entidades a
ela submetidas.

Temos como corolário da situação acima descrita que:

A administração directa do Estado: o Governo está em relação a ela na posição de


superior hierárquico, dispondo de poder de direcção;

A administrada indirecta do Estado: ao Governo cabe sobre ela a responsabilidade da


superintendência, possuindo o poder de orientação;

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A administração autónoma: pertence ao Governo desempenhar quanto a ela a função da
tutela administrativa, competindo-lhe exercer em especial um conjunto de poderes de
controlo.

Em síntese se nota que, a superintendência é o poder de definir a orientação da


actividade a desenvolver pelas pessoas colectivas públicas que exerçam formas de
administração indirecta (Institutos e empresas públicos).

2.12. Os princípios constitucionais sobre organização administrativa


Referência sucinta aos princípios constitucionais que vigoram no nosso direito, em
matéria de organização administrativa.

A Constituição moçambicana, como se sabe, é uma Constituição programática e por


isso, entre muitas outras, também fornece indicações quanto ao que deva ser a
organização da nossa Administração Pública, a matéria vem regulada nos artigos 248 e
seguintes da CRM.

Dessas disposições resultam que, a Administração Pública estrutura-se com base no


princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a
eficiência dos seus serviços, sem prejuízo de acção e dos poderes de direcção do
Governo (nº 1 do art. 249). E, consagra no seu nº 2, que a Administração Pública
promove a simplificação de procedimentos administrativos e a aproximação dos
serviços aos cidadãos.

Esta matéria acha-se bem desenvolvida no Dec. nr. 30/2001, de 15 de Outubro).

Importa analisarmos sucintamente a simplificação de procedimentos que consiste na


ideia de desburocratizar os serviços administrativos, no sentido de que a Administração
Pública deve ser organizada e deve funcionar em termos de eficiência e de facilitação da
vida aos particulares, - eficiência na forma de prosseguir os interesses públicos de
carácter geral, e facilitação da vida aos particulares em tudo quanto a Administração
tenha de lhes exigir ou haja de lhes prestar.

O princípio da aproximação dos serviços aos cidadãos significa, que a Administração


Pública deve ser estruturada de tal forma que os seus serviços se localizem o mais
possível junto das populações que visam servir. É uma directriz que obriga a tanto

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quanto possível, instalar geograficamente os serviços públicos junto das populações a
que se destinam.

A exigência Constitucional não é apenas geográfica, mas psicológica e humana, no


sentido de que os serviços devem multiplicar os contactos e as suas queixas,
funcionando para atender às aspirações e necessidades dos administrados, e não para
satisfazer os interesses ou os caprichos do poder político ou da burocracia.

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3. CAPÍTULO III

Metodologia da pesquisa do trabalho


De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.81), “o método é o caminho e os passos
para atingir um determinado objectivo, a técnica é a parte mais material (os
instrumentos) que fornece operacionalidade ao método”.

3.1. Tipo de pesquisa


Ao que concerne à natureza, esta pesquisa é exploratória, pois, tem como objectivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explícito
ou construir hipóteses.

3.2. Instrumento de recolha de dados


A pesquisa foi realizada recorrendo a um instrumento nomeadamente:

3.2.1. Pesquisa bibliográfica


De acordo com GIL (2009 p.50) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos”. Na pesquisa
bibliográfica buscou-se todos conceitos relevantes ao tema e a acepção de alguns
autores sobre o tema e o problema de pesquisa. A revisão bibliográfica é vantajosa na
medida em que desenvolve, esclarece e modifica conceitos e ideias, permitindo a
formulação precisa de problemas ou hipóteses pesquisáveis, proporcionam uma visão
geral acerca de determinados factos.

3.3. Delineamento da pesquisa


Referenciando à tipologia, esta pesquisa caracteriza-se por ser descritiva, pois, procura
descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenómeno ocorre, sua
relação e conexão com outros, sua natureza e características. Quanto à abordagem do
problema, o estudo utilizou uma abordagem quantitativa e qualitativa para análise dos
dados e para a análise documental. Assim parte de questões ou focos de interesses
amplos, que vão se definindo no transcorrer do estudo. Portanto, o delineamento
estrutura os planos, com a intenção de obter respostas para o problema em estudo.

17
3.4. Colecta e análise de dados
O presente trabalho baseou-se na utilização de uma revisão bibliográfica especializada
no tema ora proposto, bem como na utilização de pesquisas em diversas páginas da web,
artigos relacionados ao tema e de dados secundários.

3.5. Tipos de dados


Os dados primários, considerados neste trabalho, foram aqueles colectados através dos
manuais. Portanto, os dados secundários foram colectados utilizando-se relatórios já
publicados.

3.5.1. Análise dos dados


Foi usado o método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é,
parte-se de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e
Marconi (2003, p.86), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo
de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas.

18
4. CAPITULO IV

4.1. Considerações finais


É preciso ter-se presente que não há concentração nem desconcentração pura (absoluta).

Na realidade um sistema pode ser predominante em detrimento de outro, dai que se


pode dar o nome de concentração ou descontracção, conforme o caso.

A delegação de poderes é uma espécie de desconcentração de competências;

A tendência predominante na administração pública moderna é a adopção de sistema de


desconcentração de poderes.

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5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Livros

 AMARAL, Diogo Freitas do. 2006. Curso de Direito Administrativo, Vol. I, 3ª


Edição, (7ª Reimpressão da Edição de Novembro de 2006), Livraria Almedina,
Coimbra.
 Carvalho, J. E. (2009). Metodologia do Trabalho Científico: Formulação dos
problemas e das hipóteses, 2ª Edição, Escolar Editora
 GIL, A. C.; 2009. Como Elaborar Projectos de Pesquisa. São Paulo: Editora
Atlas S.A.
 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. 2003. Fundamentos
de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas.
 MACIE. Albano. Lições de Direito Administrativo Moçambicano, Vol. I,
Escolar Editora, Maputo.
 NHAMBIRRE, Teresa Ricardo Julião. 2011, Análise da Coordenação
Institucional entre Órgãos do Poder Local e Órgãos Locais do Estado: o Caso da
Matola (2004-2008),UEM. Maputo.
 Internet. Acesso em 28 de Agosto de 2019

Legislação

 Constituição da República de Moçambique de 16 de Novembro de 2004, Escolar


Editora. (Revisão 2018)
 Dec. Nr. 30/2001, de 15 de Outubro – Normas de funcionamento dos serviços da
administração pública.

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