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Fusão de empresas como uma estratégia para aumento dos ganhos

financeiros: um estudo de caso da mCel e TDM.

Coalition companies as a strategy for increase of the financial earnings: a


study in case the mCel e TDM
Felisberto da Reconciliação João Matias Malessane
Universidade Católica de Moçambique, Faculdade de Ciências Agronómicas
felisberto.malessane@gmail.com

Resumo
Pretende-se avaliar a estratégia de fusão das empresas para o aumento dos ganhos financeiros: um
estudo do caso da mCel e TDM, tendo como base que, actualmente, tem-se debatido sobre os ganhos
financeiros que poderão resultar dassa fusão que foi anunciada alguns anos atrás e que tem sido
efectivada, concretamente, surgem dúvidas se a fusão da mCel e TDM, poderá dar mais benefícios ou
prejuízos; usou-se o método Descritivo, que tem como enfoque misto, quantitativo e qualitativo e para
facilitar a recolha de dados usou-se as técnicas de pesquisa documental, recaída em Relatórios, Projecto,
Actas e Leis. Tendo-se chegado as seguintes conclusões: todos os motivos apontados no projecto de fusão
são certos, a excepção da diversificação; com a estratégia de fusão, a Tmcel, esta abaixo da TDM mais
muito acima da mCel em todos indicadores financeiros; por essa razão a estratégia apresenta muitos
aspectos fortes e poucos fracos.

Palavras-chave: Fusão, Ganhos financeiros, Tmcel.

Abstract
Intends to evaluate the strategy coalition companies for the increase the financial earnings: a study of the
combination of active of the mCel and TDM, tends as base that now, has been discussing her on the
financial earnings that can result of the coalition the public companies that it was announced some years
ago and that it has been executed, concretely, doubts appear if the coalition of the mCel and TDM,
originating Tmcel, can give more benefits or damages; the Descriptive method was used, that has as focus
mixed, quantitative and qualitative and to facilitate it collects of data was used the techniques of
documental research, relapse in Reports, Project end Laws. Is tended near the following conclusions: all of
the pointed reasons in the coalition project are right, the exception of the diversification; with the
coalition strategy, Tmcel, this below TDM a lot above the mCel in all financial indicators; for reason the
strategy is also concluded that the strategy presents plus strong aspects on that aspects Weak.

Word-key: Coalition, Won financial, Tmcel

Felisberto R.J.M. Malessane: Financas Empresariais: UCM: FCA: Outubro de 2019

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Introdução
O Estado moçambicano, com a proclamação da independência, em 25 de Junho de
1975, diante do abandono de muitas empresas pelos Portugueses viu-se obrigada a
adoptar muitas delas, como empresas estatais, (Chichava, 2009, p. 7)
Este facto permitiu que muitas empresas públicas tivessem alguns anos de mais
prejuízos e resultados negativos, dai que ainda nesse período, assistiu-se o primeiro
fenómeno da fusão de algumas empresas.
Geralmente, quando se avança com a fusão de Empresas, surge a dúvida se a mesma
poderá trazer maiores ganhos financeiros, dai que as fusões são transações défices de
avaliar.
Em Moçambique, diante da situação de défice orçamental, que se apresentava no final
de 2015 e início de 2016, o Governo optou mais uma vez a fusão de Empresa, como uma
saída para salvar a visível queda de fluxo de vendas.
A decisão de fusão das Empresas Moçambique Celular, SA, (mCel), e a Sociedade de
Telecomunicações de Moçambique, SA (TDM) realizou-se em consonância com os
artigos 187 e seguintes, do Código Comercial, mediante a extinção das Sociedades acima
citada e transmitindo-se o seu património activo e passivo para uma nova sociedade
denominada Moçambique Telecom, SA (Tmcel), portanto realizou-se fusão por
concentração.
Este artigo se propõe debruçar sobre a temática da “Fusão de Empresas como uma
estratégia para o aumento de ganhos financeiros: um estudo do caso da mCel e TDM.”,
um tema que tem levantado actualmente sérios debates, uma vez que se esperava que
a fusão poderia trazer resultados positivos.
Contudo, autores como Brealey e Myers (1998, p. 914) afirmam que a primeira coisa
que se deve pensar quando se pretende avaliar a fusão de Empresas é se haverá ganho
económico, o referido ganho só se registará, quando as duas empresas valerem mais
juntas do que separadas.
Em Moçambique a fusão das empresas viu-se como uma decisão do Governo, dai que se
questiona se foi uma decisão de carris financeira, bem estudada.
O estudo parte da seguinte questão problemática: Em que medida a Estratégia de fusão
de Empresas mCel e TDM resulta em aumento de ganhos financeiros.
Para facilitar a sua resposta estabeleceu-se como objectivo geral, avaliar a estratégia de
fusão de Empresas mCel e TDM para o aumento de ganhos financeiros; e como

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objectivos específicos: Identificar os motivos certos e errados da fusão das Empresas
mCel e TDM; Comparar resultados de desempenho isolados e após fusão mCel e TDM;
Caracterizar as vantagens e desvantagens da fusão da mCel e TDM; Propor algumas
medidas financeiras para melhorar o fluxo de caixa da mCel e TDM.

Quadro Teórico: A fusão de empresas em Moçambique.


Em Moçambique, além do fenómeno de fusão de empresas que se verificou apos a
independência em 1975, o segundo fenómeno registou-se nos finais do ano 2015 e
inícios de 2016, motivada pela situação de défice orçamental, algumas empresas, mCel e
TDM foram fundidas; entretanto existem alguns princípios que caracterizam a mecânica
da fusão de empresas que em seguida se pretende avaliar se obedeceu-se conforme as
diversas abordagens recomendam.

A Mecânica da fusão de empresas em Moçambique

De acordo com Brealey e Myers (1998, p. 927), comprar uma empresa é um negócio
muito mais complicado do que comprar um equipamento qualquer, por isso os
problemas a analisar durante o processo de fusão são extremamente complexos,
exigindo que se consultem especialistas.
Não se esta a tentar dizer que este trabalho foi realizado por um especialista, mas sim
há aspectos básicos essenciais que deviam ser considerados durante o processo de
fusão, que se pretende fazer o levantamento e avaliação.
Percebe-se pelos pronunciamentos acima, que o primeiro aspecto a ter em conta na
mecânica da fusão, é garantir que a aquisição não deverá colidir com a lei. Sobre este
aspecto, em Moçambique a fusão deve fundamentar-se na legislação, sobretudo no
Código Comercial (CC), e demais leis em vigor.
De acordo Artigo 188, do CC, sobre o Projecto de fusão, estabelece que este deve ter os
seguintes elementos:
A modalidade, os motivos, as condições e os objectivos da fusão, com relação a todas as
sociedades participantes; a firma, a sede, o montante do capital e o número de registo de cada
uma das sociedades; a participação que alguma das sociedades tenha no capital de outra;
balanços das sociedades intervenientes, especialmente organizados, dos quais conste o valor dos
elementos do activo e do passivo a transferir para a sociedade incorporante ou para a nova
sociedade; dentre outros.

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Consta que, é obrigatório que o projecto de fusão apresente todos esses elementos.
Entretanto esta aquisição por mais que respeita os parâmetros legais não deixa de ser
momento de muitas incertezas.
O segundo aspecto deve-se considerar é escolher uma possibilidade de fazer a fusão.
Sobre este aspecto, Brealey e Myers (1998, p. 927), aponta três possibilidades de
realizar a fusão:
A primeira consiste em a empresa B assuma automaticamente todos os activos e
passivos da outra, este tipo de fusão deve ter a aprovação de plumemos 50% dos
accionistas de cada empresa.
Segunda alternativa é simplesmente comprar as acções da empresa vendedora,
pagando com dinheiro, acções ou outros valores mobiliários, neste caso o comprador
pode negociar individualmente com os accionistas da empresa à venda, os gestores
podem não estar direitamente envolvidos, procura-se ter a sua cooperação, mas se
resistirem pode-se adquirir uma maioria efectiva das acções e completa a fusão
dispensando os gestores das funções.
A terceira abordagem consiste em comprar alguns ou todos activos do vendedor, neste
caso a propriedade dos activos deve ser transferida e o pagamento é feita à empresa a
venda e não aos seus accionistas.
Desse modo, verifica-se que uma ou ambas as empresas devem ceder os seus activos,
para o surgimento de uma nova empresa melhor cotada no mercado.

Enquadramento legal da Fusão de empresas em Moçambique

A legislação moçambicana admite a realização de fusão, destacando-se:


a) Constituição da República de Moçambique-2018: sobre a fusão, organização
económica e financeira, onde evidencia-se no artigo 96, atinente a política
económica, ela dirige-se a construção de bases fundamentais do desenvolvimento;

b) Código comercial (CC), aprovado pelo Decreto-lei 1/2018 de 4 de Maio: sobre Fusão
de sociedades, o Artigo 187 e seguintes esclarece que a fusão consiste na união de
duas ou mais sociedades, fundem-se mediante a sua reunião em uma só.
c) Diploma ministerial, Moçambique Telecom, SA (Tmcel), publicado pelo BR, III serie, numero
9, de 14 de Janeiro de 2019: Estatuto e demais preceitos legais aplicáveis a empresa
Moçambique Telecom, SA. Conforme o artigo primeiro, estabelece que esta resulta fusão
das empresas mCel e TDM.

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Conceitos básicos:
Fusão ou Consolidação:
É a absorção de uma empresa por outra, geralmente a Empresa que procede a absorção
conserva o seu nome e sua identidade e adquire todos activos e passivos da empresa
absorvida, após a absorção a empresa absorvida deixa de existir como entidade
separada (Ross, Westerfield & Jaffe, 2002, p. 654).
Importa clarear que, genuinamente, fundir acontece quando uma empresa esta
economicamente estável e pretende se juntar com uma outra que esteja
financeiramente debilitada, dai que a empresa que adquire disponibiliza-se em investir
para recuperar os activos desta empresa.

Por outro lado, consolidação é um tipo de fusão eu se caracteriza na criação de uma


empresa inteiramente nova, onde as duas empresas deixam de existir em termos
jurídicos e tornam-se parte da nova empresa, neste processo a distinção entre a
empresa que absorve e que é absorvida não é relevante, mesmo assim as regras a
aplicar permanecem as mesmas (Ross, Westerfield & Jaffe, 2002, p. 654).
Entende-se que ambas, a fusão e consolidação consistem na combinação de activos das
empresas envolvidas, onde na primeira modalidade uma permanece e outra
desaparece, mas na segunda modalidade ambas dão lugar a uma nova empresa.

Empresas Públicas:
Empresa pública é uma unidade organizacional específica da sociedade, este conceito
representa a interação de duas dimensões: a pública e a empresarial. As características
mais importantes da dimensão pública parecem ser o objetivo público, a propriedade
pública e o controle público (Sicherl, 2002, p. 55).
Em Moçambique as empresas com estatuto de empresa pública ou empresa estatal são
as empresas que grande parte do seu capital social é detido pelas administrações
públicas.
Entende-se claramente qualquer organização com fins lucrativas que na essência
procura satisfazer o público, dotada de poder de autoridade que caracteriza o Estado é
considerada uma empresa pública.

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Ganhos financeiros / aumento do Fluxo de caixa de uma empresa:
Os ganhos financeiros são todos aspectos que aumentam valor a empresa, em termos
positivos para o fluxo de caixa. Ou seja apos o investimento a longo prazo, de um
determinado período de tempo, a empresa terá ganhos ou prejuízos que ambos
enquadram-se no retorno financeiro.
O Fluxo de caixa representa as movimentações financeiras da microempresa, não
poderá haver erros. A desfasagem no caixa, sem dúvidas, pode levar a falência. (Silva,
2015, p. 13).
Trata-se de um Instrumento de gestão financeira que projeta para períodos futuros
todas as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa, indicando como será o
saldo de caixa para o período projetado.

Entende-se ainda que usando as informações pode-se calcular vários indicadores


financeiros, que nos permitem verificar a saúde financeira do negócio a partir de análise
e obter uma resposta clara sobre as possibilidades de sucesso do investimento e do
estágio atual da empresa. A título de exemplo, calcular a Rentabilidade, a Lucratividade,
o Ponto de Equilíbrio e o Prazo de retorno do investimento.

Estimativa dos ganhos e dos custos económicos de uma fusão


Conforme esclarece Brealey e Myers (1998, p. 944), uma fusão gera um ganho
económico se as duas empresas valem mais juntas do que separadas; quando por
exemplo as empresas A e B, se fundem para formar uma empresa AB, o ganho com a
fusão será:
Ganho = VA AB – ( VAA + VAB)

E os ganhos das fusões podem refletir em economias de escala, economias da


integração vertical, melhoria da eficiência, uso pleno dos benefícios fiscais, combinação
de recursos complementares, ou reaplicação de fundos excedentários.

Percebe-se que deve-se avançar com a fusão se o ganho é maior que o custo, sabendo
que o custo é o premio que o comprador paga pela empresa a venda para alem do seu
valor como empresa separada,

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Metodologia
De acordo com Canastra, at all, (2012, p. 18) metodologia é o conjunto de métodos e
técnicas utilizadas para execução de uma pesquisa.
Para a realização do Estudo optou-se pelo método Descritivo, com enfoque Misto que
consistiu na preocupação do pesquisador avaliar a estratégia de fusão de Empresas
mCel e TDM para o aumento de ganhos financeiros. O cunho descritivo serviu para
apresentar em forma de cálculos os referidos ganhos que da fusão, por meio de estudo
de diferentes variáveis.
Conforme Gil (2002, p. 22), o estudo descritivo possibilita, não só descrever as
características de um fenómeno, como também estabelecer relações entre variáveis.

Para a recolha de dados foi usada a técnica de pesquisa documental. Nesta Estudo, os
documentos consultados foram projecto de fusão das empresas mCel e TDM, legislação
empresaria, relatórios financeiros, actas de assembleias gerais e relatórios de
desempenho económico-financeiro.
A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento
analítico, tais como: tabelas estatísticas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes,
entre outros. (Fonseca, citado por Gerhardt e Silveira, 2009, p. 36)

Para a análise e interpretação dos dados usou-se o ensaio critico analítico, que de
acordo com Salvador citado por Panarella, (2010, p. 23) um ensaio critico se caracteriza
pela presença de juízos de valor que o autor faz sobre o tema de que trata, ao longo de
toda a argumentação, ainda o ensaísta faz o uso de todo o aparato técnico de um artigo
ou estudo monográfico incluindo citações e notas. Portanto procurou-se descrever os
dados recolhidos em diversos documentos do processo de fusão, e pelo uso de algumas
técnicas financeiras apurou-se a fusão tirou mais ou menos ganhos.

Discussão dos Resultados

Este estudo foi possível através da recolha de dados em documentos oficiais das
empresas mCel e TDM, bem como de todo o roteiro que marcou o processo de fusão,
dai que nesta parte, pretende-se trazer os dados e submete a uma avaliação minuciosa
de acordo algumas técnicas financeiras conhecidas.

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Motivos certos e errados da fusão das Empresas mCel e TDM

Para identificar os motivos certos e errados da fusão de empresas mCel e TDM,


recorreu-se ao projecto de fusão, donde apurou-se os dados que em seguida se
apresenta.
Consta no Projecto de fusão da mCel e TDM, que a fusão foi justificada por motivos de
viabilização, rentabilização de actividades, crescimento, redimensionamento e junção
de sinergias, racionalidade económica, (Administração das Sociedades Participantes-
ASP, 2018, p. 3).
Nos termos da a) do Artigo 188 do CC, esta previsto que o projecto de fusão deve fazer
menção os motivos de fusão de empresas moçambicanas, devidamente esclarecidos.

Desse modo, passa-se analisar cada um, em termos do significado e justificativa que
proponente do projecto de fusão entendeu quando formou os motivos, assim permitira
identificar os motivos certos e errados.

Motivos certos da fusão da mCel e TDM

a) Criação de um grupo renovado de comunicações


Conforme a Administração das Sociedades Participantes -ASP, (2018, p. 12), o grupo
renovado fomentará a capacidade competitiva e concorrencial dos operadores do
mercado, oferecendo benefícios claros para os consumidores e mercado, estimou-se
que deverá apresentar um volume de receitas e rentabilidade, descritos na tabela
abaixo:

Tabela 1. Volume de Receitas e Rentabilidade.

Indicadores financeiros Combinação mCel TDM


de activos Milhões de % Milhões de %
meticais meticais
Receita 14.202,5 4.987,4 35,1 3.139,0 22,1
Rentabilidade operacional 9.555 1.766 18,4 15.000 -56
Fonte: O proponente, através dos dados recolhidos no projecto de fusão da mCel e TDM

Pela tabela destaca-se que a combinação de ativos em todos os horizontes de validação


evidencia-se como benéfica, com a excepção da rentabilidade operacional comparada
da TDM e apos a combinação, pois a TDM já apresenta uma taxa de rentabilidade 56%
acima da rentabilidade prevista com a combinação de activos.
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b) Fomento da concorrência, produtividade e inovação
Para a ASP, (2018, p. 13), a elevada complementaridade entre as infraestruturas da TDM
e mCel permite reformular o portfólio de produtos e serviços disponibilizados, reforçar a
sua qualidade e criar novas ofertas em todos os segmentos do mercado. Nesta ordem
de ideias esperava-se que os restantes players do mercado respondam apostando na
inovação, de forma a aumentar a capacidade competitiva.

c) Obtenção de sinergias
Consta n projecto de fusão da mCel e TDM a estimativa da evolução das sinergias esta
evidenciado na tabela abaixo:
Tabela 2. Calculo das sinergias
2019 2027 Taxa de crescimento anual
Sinergias combinadas 4.740 14.400 37,9%
Isoladas mCel 1.766 3.108,16 18,95%
TDM 15.000 22650 18,95%
Fonte: Proponente, através dos dados recolhidos no projecto de fusão da mCel e TDM

Destaca-se que a percentagem, são taxas de valores calculados, através da aplicação da


regra de cálculo. Desse modo percebe-se que a mCel se continuasse com a mesma
dinâmica, provavelmente em 2027 poderia não existir no mercado de
telecomunicações, ao passo que a TDM continuaria a acrescer mais de forma muito
tímida.
Conforme esclarece a ASP, (2018, p. 13), a fusão permitirá obter as seguintes sinergias:
Optimização do investimento e infraestruturas; redução de custos inerentes ao
investimento de ambas as participantes, com a captura recíproca de valor dos negócios
core de cada uma das empresas; ofertas de produtos e soluções integradas e
convergentes; junção de duas equipas com experiência no sector; Exploração de base de
clientes mais alargada.

d) Aumento da exposição e internacionalização


De acordo com a Administração das Sociedades Participantes -ASP, (2018, p. 14), a
obtenção de sinergias, bem como o aumento de escala, rentabilidade e recursos,
permitirá implementar uma estratégia de internacionalização que poderão resultar os
seguintes benefícios como obter um perfil de receitas e de rentabilidade incalculável no
mercado moçambicano; Explorar e potenciar a experiência relativa ao desenvolvimento,
promoção e venda em diferentes mercados, incluindo a possibilidade de seleccionar.

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Motivos errados da fusão da mCel e TDM
De acordo com Jaff (2002, p. 667) apresenta dois motivos errados para a realização da
fusão, nomeadamente crescimento do lucro diversificação.

a) Crescimento do lucro
Sobre o crescimento do lucro evidencia-se que uma fusão pode dar a impressão de que
a empresa vale mais do que na realidade. A fusão não, num mercado inteligente,
reconhece que a Empresa combinada vale exatamente que, a soma dos valores das
empresas separadas. Neste caso analisando os motivos da fusão, apresentados no
projecto de fusão da mCel e TDM.
Consta no Projecto de fusão da mCel e TDM, que um dos motivos da fusão foi o
crescimento, redimensionamento; apesar de ter sido mencionado este motivo
constactou-se que não houve detalhes que indicam que se trate de crescimento do
lucro, mas sim crescimento operacional em termos de juncão das infraestruturas da
TDM, SA, direccionadas para a rede fixa e a mCel, comunicações móveis. Por isso que
este motivo foi mencionado de forma tímida e não detalhista.

b) Diversificação
Em relação a diversificação, Jaff (2002, p. 668), esclarece que a variabilidade constitui
motivo errado para a realização de uma fusão, pois, diferentemente da variabilidade
não sistemática, a variabilidade sistemáticas não pode ser eliminada com a
diversificação.
E pela analise minuciosa do motivo apontado no projecto de fusão, denominado
potencial de crescimento, com o seguinte teor:
Potencial de crescimento a fusão dará origem a uma rede de comunicações fixa e móvel
com uma cobertura alargada no território nacional. Deste modo beneficia-se o
consumidor que passará a ter ofertas de serviço mais amplas e de melhor qualidade,
(ASP, 2018, p. 13).
Constata-se que o teor faz menção que a nova empresa- Tmcel poderá possibilitar a
diversificação, pelo facto de ter serviços de telefonia móvel e fixo na mesma operadora,
chamando isso de diversificação, e achou-se que poderia trazer ganhos a empresa.
Apear de não concordar que haverá divaricação, a mesma reduz o risco, e por tanto
aumenta a capacidade de endividamento. Estas condições, não se encontra neste
situação da fusão da mCel e TDM.
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Comparação dos Resultados de desempenho de forma isolada e após a combinação de
activos mCel e TDM;

A comparação, faz-se através da apresentação da tendência de principiais indicadores


financeiros, em forma gráfico. Mas ainda o cálculo de principais medidas financeiras, de
forma isolada e combinada de activos.
Tendência dos principais indicadores da mCel e TDM.

15.000
10.000
5.000
0
-5.000
Re c e R To ta
ita s O esultad o l de A Val or de
p era s Liq ctiv o Ca da
ciona uidos s a cca o
is

mCel TDM Combinação de activos - Tmcel- previsão de 2019

Gráfico 1: Indicadores económicos da mCel e TDM

Ilustra-se no gráfico, alguns indicadores financeiros que são bastante usuais quando se
pretende avaliar os ganhos e resultados da fusão de empresas; onde é possível
constatar que alguns indicadores analisados isoladamente estão por baixo da linha
indica o ponto zero, significando que apresentam valor negativo; apos a combinação de
activos, todos os indicadores financeiros tem valores positivos, isto veio significar a
fusão trouxe mais ganhos financeiros.
Entretanto, verifica-se que a fusão trouxe alguns prejuízos para a TDM, uma vez que a
combinação de acções implicou que esta empresa sacrifica-se ima parte do seu capital,
tendo em conta que os resultados operacionais na mCel eram negativos.

Risco e Rectorno da Combinação de activos Tmcel.


A tabela que se segue, faz a avaliação minucioso do risco e retorno de investimento, de
referir que apenas os dados da visão moderada, foram retirados do projecto de fusão, e
os restantes, resultaram de cálculos do proponente, utilizando fórmulas e princípios
conhecidos.

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Tabela 4. Risco e Rectorno da Combinação de activos Tmcel.

Risco de Carteira-
activos Tmcel (39%
de
de

Covariância- Tmcel
Variancia-Tmcel
Combinação
mercado
Situação

(Am-A)

(Bm-B)
+ 61%)

Tmcel
mCel

mCel
TDM

TDM
Otimista -1.544 16.8 10.701,6 0 7.628 0.222 -1.8 -0.3996
Moderada -1.766 15.0 9.555 0 6.617 0 0 0
Pessimista -1.931 13.5 8.599 0 5.784,5 -0.165 1.5 -0.2475
Retorno medio -1.766 15.0 9.555
Varianca 0.014 0.121 0.077
Desvio Padrão 0.118 0.144 0.877
Coeficiente de -0.066 0,0096 0.091
Variação
Covariância de- -0.6471
Tmcel
Correlação- Tmcel 0.038
Fonte: Proponente, aplicação de cálculos, usando formulas financeiras

Pela tabela, nota-se claramente que o risco de uma carteira de ativos, ou seja a Tmcel é
diferente do risco dos ativos individuais, ou seja mCel e TDM, de seguida analisa-se os
resultados da variância, a covariância e o coeficiente de correlação.
A variância da combinação de ativos, Tmcel, é igual a zero porque os ativos
apresentavam máximos e mínimos em situações opostas de mercado.
A covariância estabelece o grau de relação entre os retornos dos activos, calcula-se
através da seguinte relação:
Covariância (A,B) = (Am-A)* (Bm-B)

A Covariância (A,B), da TmCel, é negativa, significa que os retornos esperados


apresentam relações inversas. Assim, se o retorno da TDM aumentar o da mCel
diminuirá.
A correlação – esta mede a tendência de duas variáveis se moverem juntas, e foi usada a
seguinte relação:
Coeficiente de Correlação = CovAB/ δA. δB
A tabela acima ilustra que o coeficiente de correlação é de 0,03, ou seja Se 0 < Corr(A,B)
< +1, significa há relação positiva entre a mCel e TDM.

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Avaliação da estratégia de fusão de Empresas Públicas mCel e TDM para o aumento de
ganhos financeiros;

Foi interessante constatar que a estratégia de fusão das empresas mCel e TDM, para o
aumento dos ganhos financeiros, possui alguns aspectos fortes e fracos, a destacar:

Aspectos fortes da estratégia de fusão:


 Existência de relação directa e interdependência das empresas: Consta que a TDM
detinha 74% das acções da mCel, antes da fusão, então naturalmente, justiçou-se a
razão pela qual se realizou essa fusão.

 Evitou-se ao máximo o despedimento dos trabalhadores e o Conselho de


Administração ficou composto por quadros das duas empresas, garantido o seu
comprometimento em realizar uma transformação inclusiva, transparente e,
sobretudo, focalizada nas pessoas, de modo a salvaguardar os direitos adquiridos.

Aspectos fracos da estratégia de fusão:


 A estratégia de fusão, esta ser vista como uma decisão politica, de iniciativa
unilateral, fruto de uma deliberação do Governo, e não como uma decisão de
carris económica, ou seja provavelmente não se realizou um estudo aprofundado,
por especialistas antes de se tomar a decisão de fundir as Empresas.
 Retrocedência do crescimento: Sendo o Capital social da TDM muito maior que da
mCel, esta fusão retrocedeu a tendência de crescimento, ou seja a fusão poderia
ser mais benéfica optando-se pela compra de acções da mCel pela TDM que era
também um dos accionistas maioritários.
 Não diversificação: na verdade a fusão não vai permitir que haja diversificação,
pois a cadeia de valores acaba sendo a mesma, ou seja a TDM sendo acionista
maioritária da mCel, e reconhecendo que algumas infraestruturas são comuns,
assiste-se apenas a concentração das áreas de telefonia móvel e fixa, ambas
acabam sendo da mesma área de actividades.

Conclusões e Propostas:
Fazendo uma reflexão, concluiu-se que Criação de um grupo renovado de
comunicações, Fomento da concorrência, produtividade e inovação, Obtenção de
sinergias e Aumento da exposição e internacionalização são ambos motivos certos da

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fusão da empresas mCel e TDM, pois coincidem com os recomendados por diversas
literaturas; entretanto o crescimento do lucro, bem como diversificação, constituem
motivos errados da fusão, tendo em conta que grande parte da literatura recomenda
que não sejam usados como motivos para a realização de fusão.
Fazendo uma comparação da tendência dos principais indicadores financeiros, de forma
isolada, de cada empresa, contatou-se que realmente a mCel estava em decadência, ao
passo que a TDM estava estagnada, ou seja não evoluía de forma considerável, apenas
equilibrava; não obstante com a estratégia de fusão das empresas, a nova Sociedade,
Tmcel, apesar de estar abaixo em muitos indicadores económicos, comparativamente a
TDM, esta acima, e melhor posicionada para encarar um mercado de telecomunicações
verdadeiramente competitivo e exigente.
Avaliando a estratégia de fusão das empresas TDM e mCel, conclui-se que realmente foi
oportuno a realização da fusão, pois a situação financeira das empresas motivou e
justificou-se, entretanto contatou-se que não foram obedecidos alguns aspectos; por
essa razão a estratégia apresenta aspectos fortes que devem ser consolidados, mas
também apresenta aspectos fracos que, para a sua superação, em seguida apresenta-se
algumas propostas.
Para melhorar a estratégia de fusão e por conseguinte os Ganhos financeiros da Tmcel,
este estudo apresenta as seguintes propostas: Tendo em conta que a fusão realizou-se
por iniciativa do Governo, sem no entanto se realizar um estudo aprofundado, propõe-
se a realização de um estudo aprofundado por especialistas, para entender os
destelhadas de cada empresa, de forma separada e a nova empresa; Apesar de não se
concordar neste estudo que ter telefonia móvel e fixa é diversificação, propõe-se que
questão seja assumida como uma simples expansão e alargamento dos seus serviços e
produtos; Tendo em conta que diversificação (Área móvel e fixa) só gera ganhos a
empresa quando se reduzir a variabilidade não sistemática, propõe-se ao Conselho de
Administração realizar acções de modo a obter custos menores do que os incorridos
pelos investidores quando promovem ajustes em suas carteiras pessoas;

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