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DECLARAÇÃO

Eu, Sílvia Lucas Cuamba declaro por minha honra, que esta monografia é da minha autoria e é
resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é
original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na
bibliografia final.
Declaro ainda que esta monografia não foi apresentada em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, _____ de _________________ de 2021

Assinatura

____________________

Sílvia Lucas Cuamba

I
COMPROMISSO

Eu, Abílio Simão Muchanga, com competências científicas e académicas para o devido fim,
assumo o compromisso de exercer nos meses de Janeiro à Julho de 2020, a orientação de
monografia do Curso de Contabilidade e Auditoria, da estudante Sílvia Lucas Cuamba
responsabilizando-me por:
a) Apresentar um relatório bimensal sobre a produção do orientando, conforme
cronograma;
b) Cumprir as disposições normativas inerentes ao Regulamento de Monografia
correspondente a critérios de avaliação, frequência e procedimentos vigentes no Instituto
Superior de Comunicação e Imagem de Moçambique;
c) Comunicar à Coordenação do Curso quaisquer problemas referentes ao desenvolvimento
da Monografia.

Ciente dos termos acima expostos, assino o presente TERMO DECOMPROMISSO, em 03


(três) vias.

Maputo, ________ de _____________ de 2021

_____________________________________________

Orientador (a)

II
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, à minha mãe, Hanifa Motichande, ao meu irmão, Charles Mbule, pelo
amor, admiração, gratidão, dedicação, ensinamentos, pelo apoio incondicional em todos os
momentos da minha vida e por fazerem-me acreditar que tudo é possível, basta perseguir os
sonhos.

III
AGRADECIMENTOS

Primeiro, agradeço a ALLAH S.T. por me ter dado forças, iluminando o meu caminho, para
que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida;
O agradecimento é extensivo, e de forma especial, à minha família que, durante este período,
deu-me força e coragem para continuar, mesmo reconhecendo as limitações financeiras a que
estava sujeita.
A minha maior gratidão vai para todos os docentes do curso de Contabilidade e Auditoria,
colegas da turma, grupo de estudo, em especial, pela paciência, dedicação e ensinamentos
disponibilizados nas aulas. Cada um contribuiu, de forma especial, para a conclusão deste
trabalho e, consequentemente, para a minha formação profissional;
Ao meu Supervisor, o Dr. Abílio Simão Muchanga, pelo apoio incondicional para a melhor
compreensão e apreensão das matérias.
Ainda agradeço à minha mãe, Hanifa Motichande, às minhas amigas e colegas da ADEF, aos
representantes máximos da ADEF e a todos que, directa ou indirectamente contribuíram para a
minha formação.

IV
EPIGRAFE

“Não importa o que aconteça, continua a nadar.”

(Walters, Graham)

V
RESUMO

O presente trabalho tem como tema, “Modelos de Gestão de Risco de Crédito e seu Impacto na
Rentabilidade do PERPU - Estudo de caso do Município da Matola (2011-2018) ”. A
abordagem tem com especial enfoque a Vereação de Finanças, em especial o Sector de PERPU
– Comissão Técnica de Avaliação de Projectos, o trabalho procura responder o seguinte
problema: até que ponto os modelos de gestão de risco de crédito no âmbito do PERPU tem
impacto no nível de reembolso do fundo do PERPU? Tem como objectivo principal Analisar o
impacto dos modelos de gestão de risco de crédito no nível de reembolso no âmbito do PERPU.
As hipóteses levantadas consideram que, os modelos de gestão de risco de crédito tem impacto
positivo na rentabilidade do Plano Estratégico de Redução da pobreza Urbana. Quanto à
metodologia da pesquisa, foi adoptada a qualitativa, tendo sido feita a revisão da bibliografia
com base em algumas obras, legislações para ver como diferentes autores discutem o tema como
é o caso de Recuero, R. (2009) e Kotler, P. & Keller, K. L. (2006) entre outros autores, tendo
sido efectuado um estudo de caso no Sector do PERPU, colectando-se dados através de
entrevistas. As ilações conclusivas aferiram que as Os Modelos de Gestão de Risco de Crédito e
seu Impacto na Rentabilidade do PERPU no Conselho Municipal da Cidade da Matola são mais
do que meios de colecta dos reembolsos. Eles têm um papel de transformação e respectivos
procedimentos para a concessão de crédito a nível da instituição e seu impacto é rentável.

Palavras-chave: Modelos, Gestão de Crédito, Rentabilidade, PERPU

VI
ABSTRACT

The present work has as its theme, “Credit Risk Management Models and their Impact on
Profitability of PERPU - Matola Municipality Case Study (2011-2018)”. The approach focuses
in particular on the Finance Council, especially in the PERPU Sector - Project Evaluation
Technical Commission, the work seeks to answer the following question: to what extent do
credit risk management models within the PERPU have impact on the repayment level of the
PERPU fund? Its main objective is to analyze the impact of credit risk management models on
the repayment under the PERPU. The hypotheses raised consider that; Credit risk management
models have a positive impact on the profitability of the Strategic Urban Poverty Reduction
Plan. As for the methodology, the research adopted the qualitative one, the literature was
revised based on some works, legislations to see how different authors discuss the theme as
Recuero, R. (2009) and Kotler, P. & Keller, KL (2006) among other authors, having been made
a case study in the PERPU Sector, collecting data through interviews. The concluding
conclusions show that the Credit Risk Management Models and their Impact on Profitability of
PERPU in the Municipal Council of Matola are more than means of collecting repayments.
They have a transformative role and related institutional lending procedures and its impact is
profitable.

Key words: Models, Credit Management, Profitability, RERPU

VII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Beneficiários do PERPU na Cidade da Matola (2011-2018) -----------------------27

Tabela 2: Nível de Reembolso do PERPU- (2011-2018) ---------------------------------------28


Figura 1: Evolução do ROE do PERPU – 2012 a 2016 -----------------------------------------30

Figura 2: Evolução do NPLR do PERPU- 2012 a 2016 -----------------------------------------30

VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CMCM Conselho Municipal da Cidade da Matola


CTAP Comissão Técnica de Avaliação de Projecto
FDD Fundo Distrital de Desenvolvimento
NPLR Non Performing Loan Ratio (Rácio de crédito em incumprimento)
NUIT Número Único de Identificação Tributária
PERPU Programa Estratégico Para Redução da Pobreza Urbana
ROE Return on Equity (Retorno sobre o capital)
DNPDR Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural
OIIL Orçamento de Investimento de Iniciativas Locais

IX
ÍNDICE

DECLARAÇÃO.................................................................................................................I
COMPROMISSO.............................................................................................................II
DEDICATÓRIA..............................................................................................................III
AGRADECIMENTOS....................................................................................................IV
EPIGRAFE........................................................................................................................V
RESUMO.........................................................................................................................VI
ABSTRACT....................................................................................................................VII
LISTA DE TABELAS..................................................................................................VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................IX
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..........................................................................................1
1.1. Contextualização......................................................................................................1
1.2. Justificativa...................................................................................................................2
1.3. Problematização...........................................................................................................3
1.4. Hipóteses......................................................................................................................4
1.5. Objectivos.....................................................................................................................4
1.5.1 Objectivo geral...........................................................................................................4
1.5.2 Objectivos Específicos...............................................................................................4
1.6. Delimitação do Tema...................................................................................................4
1.7. Estrutura do trabalho....................................................................................................5
CAPÍTULO II: REVISÃO LITERÁRIA............................................................................6
2.1. Conceito de Crédito......................................................................................................6
2.2. Evolução histórica do crédito.......................................................................................7
2.2.1. Risco de crédito.........................................................................................................9
2.3. Modelos de Gestão do Risco de crédito.....................................................................11
2.3.1 Modelo CreditRisk...................................................................................................13
2.3.2 Credit Portfólio View...............................................................................................14
2.3.3 CreditMetrics............................................................................................................14
2.3.4 Modelo KMV...........................................................................................................14
2.4 Estudos sobre gestão de risco de crédito e o nível de reembolso................................15
CAPÍTULO III: METODOLOGIA...................................................................................18
3.1. Tipos de Pesquisa.......................................................................................................18
3.2. Método de colecta de dados.......................................................................................19

X
3.2.1. Análise documental.................................................................................................19
3.2.2. Estratégia de recolha de dados................................................................................20
3.4. População e Amostra..................................................................................................21
CAPÍTULO IV: ESTUDO DO CASO..............................................................................22
4. Apresentação da área do estudo.....................................................................................22
4.1. Caracterização do Município da Cidade da Matola....................................................22
2.1 Evolução do PERPU....................................................................................................23
2.1.1 Funcionamento do PERPU.......................................................................................24
2.1.2 Procedimentos para aceder ao crédito no âmbito do PERPU...................................26
CAPÍTULO V. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................28
5.1. Análise descritiva dos resultados do campo...............................................................28
5.1.1. Beneficiários do fundo do PERPU (2011 – 2018)..................................................28
5.1.2. Factores que determinaram o nível de reembolsos do PERPU...............................29
5.1.3. Impacto da Gestão de Risco de Crédito na Rentabilidade do PERPU....................31
CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..............................................34
6.1. CONCLUSÕES..........................................................................................................34
6.2. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................35
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...............................................................................36

XI
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Moçambique é considerado um dos países mais pobres do mundo. Deste modo, políticas
de âmbito social com enfoque no combate a pobreza, tem sido adoptadas com o intuito de
reduzir este fenómeno. Para o efeito, o Estado moçambicano tem-se desdobrado na
arquitectura de estratégias que possam garantir o combate à pobreza.

Segundo Caouette, Altman E Narayanan (1998), a procura por mecanismos mais eficientes
de administração das operações de crédito representa um dos principais problemas
enfrentados pelas instituições financeiras desde o início de suas actividades na cidade
italiana de Florença há mais de 700 anos. Isso ocorre porque as instituições financeiras têm
como uma de suas principais funções a intermediação de recursos entre agentes deficitários
e superavitários, sendo o banco responsável pelos pagamentos dos recursos captados
desses últimos.

Assaf Neto E Silva (1997) definem crédito como sendo uma troca de bens presentes por
bens futuros. Assim, pode-se definir uma operação de crédito como aquela na qual se
troca um valor actual pela promessa de pagamento futuro.
Nas operações de crédito bancárias a instituição financeira troca recursos monetários
presentes pela promessa de pagamento futuro que pode ser expressa por contratos, títulos
negociáveis, notas promissórias, etc.
O ciclo de vida de uma operação de crédito envolve dois grandes grupos de actividades.
O primeiro é representado pelo processo de avaliação da capacidade financeira dos
clientes e pela concessão dos recursos. O segundo está associado ao processo de
acompanhamento da transacção efetuada e pela recuperação do crédito inadimplente.
Para Caouette, Altman E Narayanan (1998), o processo de avaliação da capacidade
financeira do cliente pode ser comparada à actividade de um alfaiate, ou seja, feita sob
medida para as características do comprador.
Quando acontece uma concessão de recursos, a instituição financeira passa a possuir o
chamado Risco de Crédito. Segundo Jorion (1997), este risco pode ser definido como
sendo a possibilidade da contraparte não cumprir as obrigações monetárias contratuais

1
relativas às transacções financeiras. Esse não cumprimento das obrigações contratuais é
chamado de inadimplência.
Toda operação de crédito apresenta inadimplência esperada. Todavia, o risco de crédito
pode ser melhor definido como a perda inesperada decorrente de erro no processo de
avaliação da probabilidade de inadimplência do agente contratante do negócio.
Para Saunders (1996), esse erro na avaliação da inadimplência esperada pode ser
classificado em dois tipos. O primeiro está associado à ocorrência de não pagamento de
um determinado agente, sendo este tipo de erro chamado de risco de crédito específico.
O segundo tipo de erro está associado às alterações ocorridas nos níveis gerais de
inadimplência da economia, sendo este tipo de erro chamado de risco de crédito
sistemático e sua ocorrência afecta todas as instituições financeiras.
O objectivo central do presente trabalho consiste em analisar o impacto do modelo de
gestão do risco de crédito no nível de reembolso no âmbito do fundo do Programa
Estratégico de Combate de Pobreza Urbana (PERPU). Procuramos analisar as
características dos modelos desenvolvidos pelo PERPU, avaliando a possibilidade da
aplicação consistente.

1.2. Justificativa

Em Moçambique os modelos de gestão de risco de crédito ainda estão em estágio


embrionário, porém urge a necessidade do fundo PERPU adoptar modelos de gestão de
risco visando a provisão para devedores relapsos em função da qualidade dos empréstimos
contraídos pelos mesmos e a adequar mudanças aceleradas. Também, as experiências do
FDD, estudadas por Sualehe, S.J (2015) indicam que os reembolsos deste fundo eram
bastante baixos e apontava como uma das razões a deficiente gestão de risco de crédito.

Na vertente pessoal, o facto de a autora possuir certa afeição por assuntos de gestão e
económicos, como o ora na abordagem, e a sua relação com aspectos ligados com
financiamento de projectos, determinam em grande medida a escolha desse tema. Ademais,
Os modelos de gestão de risco de crédito buscam avaliar o risco de um tomador ou
operação, atribuindo uma medida que representa a expectativa de risco de default,
geralmente expressa na forma de uma classificação de risco (rating) ou pontuação (escore).

2
Os modelos de classificação de risco são utilizados pelas instituições financeiras em seus
processos de concessão de crédito.

Do ponto de vista científico e académico, a efectivação deste trabalho de pesquisa


contribuiu para estudos de várias áreas do saber, peculiarmente no âmbito das finanças
públicas que versam sobre financiamento, gestão de fundos de Estado e empréstimos, pois
as conclusões deste trabalho constituem um arcabouço científico para as pessoas que
pretendem estudar e investigar os Modelos de Gestão de Risco de Crédito e seu Impacto na
Rentabilidade do PERPU- Estudo de caso do Município da Matola.

1.3. Problematização

A adopção de modelos de gestão de riscos de crédito pelo PERPU contribui para o


melhoramento do sistema de cobrança dos reembolsos do fundo e facilitação do controlo
dos devedores; contudo, os mesmos constituem um problema, visto que os agentes
envolvidos os desconhecem. Posto isto, é relevante compreender, através das percepções
dos agentes afectos ao PERPU, até que ponto os modelos de gestão de riscos são eficientes
e eficazes, no que diz respeito ao controlo dos reembolsos nos devedores financiados
através do fundo do PERPU.

É importante destacar que a avaliação de aplicabilidade dos modelos de gestão de risco se


restringirá às operações realizadas pelo Conselho Municipal da Cidade da Matola, pois o
objecto de análise desses modelos é a variação do valor financiado por cada proponente.
Pois urge questionar: Até que ponto os modelos de gestão de risco de crédito no âmbito
do PERPU tem impacto no nível de reembolso do fundo do PERPU?

3
1.4. Hipóteses
Em torno da problemática levantada, apresentam-se as seguintes hipóteses:

H0: A gestão de risco de crédito tem impacto na rentabilidade do Plano Estratégico de


Redução da pobreza Urbana.
H1: A gestão de risco de crédito não tem impacto na rentabilidade do Plano Estratégico da
Redução da Pobreza Urbana.
H2: A gestão de crédito asseguram a prevenção, detenção e mitigação do risco através da
aplicação metódica de modelos e procedimentos eficiente e eficazes para uma avaliação
inicial com enfoque no risco e identificação de estratégias de recuperação do crédito, de
modo a salvaguardar o reembolso do valor em causa.

1.5. Objectivos

1.5.1 Objectivo geral


● Analisar o impacto dos modelos de gestão de risco de crédito no nível de
reembolso no âmbito do PERPU.

1.5.2 Objectivos Específicos


● Descrever o PERPU e os respectivos procedimentos para a concessão de crédito;
● Analisar os principais modelos de mensuração do risco de crédito utilizados por
grandes instituições financeiras;
● Avaliar a aplicabilidade dos modelos de gestão de risco aplicados ao Conselho
Municipal da Matola – PERPU.

1.6. Delimitação do Tema

A abordagem no presente trabalho conforme aludido anteriormente centra-se


fundamentalmente em analisar o Impacto dos Modelos de Gestão de Risco de Crédito e seu
Impacto na Rentabilidade do PERPU - Estudo de caso do Município da Matola, no
horizonte temporal (2011-2018). A abordagem em alusão consistiu na identificação do
contributo que os modelos de gestão de risco de crédito pode trazer para a rentabilidade do
Plano Estratégico de Redução da Pobreza Urbana.

4
1.7. Estrutura do trabalho

A presente monografia científica que ora se apresenta, encontra-se dividida em 6 (seis)


capítulos, nomeadamente: (I) Introdução – neste capítulo encontram-se os motivos da
escolha do tema, a justificativa, a problematização, os objectivos do trabalho e as
hipóteses; (II) Revisão da Literatura – onde se fala sobre os Modelos de Gestão de Risco
de Crédito e seu Impacto na Rentabilidade do PERPU - Estudo de caso do Município da
Matola; (III) Metodologia - neste capítulo explicam-se os métodos que foram usados para a
elaboração deste trabalho; (IV) Estudo de caso – é onde faz-se a descrição do local do
estudo, descrendo as actividades desenvolvidas no Conselho Municipal da Cidade da
Matola; (V) Análise e discussão de resultados e por último (VI) Conclusão e
recomendações.

5
CAPÍTULO II: REVISÃO LITERÁRIA

2.1. Conceito de Crédito

De acordo com Silva (2000), existe um grande número de definições de crédito, contudo é
importante conhecer seu sentido etimológico. A palavra crédito vem do latim creditu,
significando eu acredito ou confio. A confiança não representa uma actividade unilateral,
ocorrendo tanto por parte do vendedor, que acredita na capacidade ou desejo do comprador
de honrar os compromissos assumidos, como do adquirente em acreditar na qualidade do
produto comprado.

Para Silva (2000) essa confiança representa um dos elementos necessário, porem não
suficiente, para uma decisão de crédito. Para ele, crédito representa a entrega do bem
presente mediante uma promessa de pagamento. Essa definição serve tanto ao chamado
crédito comercial ou industrial, no qual o bem entregue é representado por um activo
físico, quanto ao crédito bancário, no qual o bem entregue é representado pelos recursos
financeiros disponibilizados.

Em decorrência das inúmeras facilidades que as operações de crédito podem introduzir na


dinâmica do processo económico, elas apresentam importantes papéis sociais, sendo os
principais: a oportunidade de as empresas aumentarem seus níveis de actividades, e o
estímulo ao consumo dos indivíduos, ou seja, elevação da demanda agregada.

Para Perera (1998), a história do crédito demonstra que sua evolução acompanhou o
próprio desenvolvimento económico da sociedade procurando desenvolver instrumentos
necessários para satisfação das necessidades e anseios da humanidade.

Além disso, o crédito usado adequadamente, tanto por governos, quanto por empresas,
como forma de gestão do consumo, continua a mostrar vigor notável, graças ao papel
importante que desempenha no quotidiano da humanidade como instrumento provocador e
facilitador das transacções de bens e serviços.

Contudo, se não existirem metodologias eficientes de previsão da inadimplência esperada e


controlos no processo de concessão de limites, as mesmas operações de crédito podem

6
levar a economia a um processo de desaparecimento em decorrência de retracções das
fontes financiadoras.

Assim, um melhor entendimento e aperfeiçoamento do processo de gestão do crédito


devem levar a uma expansão dos níveis de crédito concedido em decorrência do maior
grau de certeza das instituições bancarias quanto às perdas nos financiamentos.

2.2. Evolução histórica do crédito

Para Perera (1998, p. 7), “o conceito demasiado estreito, rígido e até pecaminoso que os
povos antigos tinham das operações de crédito tornava impossível o desenvolvimento
regular das instituições de crédito”. Ele observa que sua origem pode ser associada à
antiga Assíria, Fenícia e Egipto, onde foram descobertas diversas classes de instrumentos
de crédito. Todavia, as operações de crédito, em seu verdadeiro carácter, somente foram
encontradas na Grécia e em Roma.

As instituições bancarias surgiram inicialmente em Roma a partir dos cambistas que se


aproveitavam da diversidade de moedas existentes na época para realizar trocas entre elas,
obtendo sempre pequenas vantagens nessas transacções. Os cambistas normalmente
ficavam em pequenos bancos nos lugares de movimento, tais como igrejas,
estabelecimentos públicos, praças, etc., daí receberem o nome de banqueiros.
Posteriormente essas actividades foram expandidas pela possibilidade de recebimento de
depósitos em dinheiro e a oferta de empréstimos com recursos próprios mediante a
cobrança de um acréscimo no valor futuro.

Segundo Caouette, Altman e Narayanan (1998), os primeiros banqueiros na Europa


Medieval frequentemente cobravam dos clientes pequenas tarifas em função dos custos
associados a guarda de seus recursos. Contudo, não demorou muito para que eles
percebessem que, emprestando esses recursos a outros, poderiam fazer dessa actividade um
negócio rentável.

Assim, com o objectivo de atrair novos depositantes começaram a pagar uma remuneração
pelo aluguer dos recursos, que hoje é conhecido como taxa de juros. Os bancos pagavam

7
taxas aos seus depositantes e cobravam taxas maiores dos tomadores de empréstimos,
ficando com a diferença.

Segundo Perera (1998), durante a Idade Média a doutrina cristã não incentivou as
operações de crédito por considerar que os juros sobre os empréstimos eram proibidos,
contudo, é importante destacar a distinção entre juros e usura. Para a igreja a proibição era
contra a usura, na qual é cobrado mais do que foi dado.

Como a palavra latina usura significa uso de qualquer coisa, a usura representava o valor
pago pela utilização dos recursos emprestados. Já o verbo latim intereo, que tem forma
substantiva interisse e se desenvolveu na forma moderna interesse (interest, em inglês,
representa juros), significa estar perdido. Assim, a palavra interest (juro) pode ser
considerada como compensação, devida ao credor, pela perda da utilização do bem que
ocorre quando se emprestam os recursos.

Apesar de a igreja manter sempre posição contrária à cobrança de juros em empréstimos no


início do processo de expansão marítima a restrição foi reduzida, pois os detentores de
capital desejavam participar do resultado dos empreendimentos financiados. Com a
evolução da sociedade de consumo essa restrição foi perdendo força sendo inclusive aceito
pela igreja, em determinadas situações, as operações de crédito.

Na estreia do crescimento dos créditos bancários começou a surgir o chamado crédito


comercial, que era negociado entre comerciantes de forma a suprir faltas momentâneas de
mercadorias.

Contudo, essas operações foram, pouco, se tornando mercantis, ou seja, o objectivo de


obtenção de lucro. Além disso, serviam para contornar a restrição da igreja com relação
aos juros de empréstimos, pois o valor da mercadoria através de uma venda financiada era
maior do que o valor através da venda a vista.

No início do crescimento do crédito comercial, as operações de venda financiadas eram


concedidas principalmente aos comerciantes localizados na mesma região. Todavia, a
necessidade de expansão comercial para outras localidades fez com que os comerciantes
começassem a oferecer financiamentos aos compradores das suas mercadorias.

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Para evitar os riscos e custos do transporte dos recursos a ser recebido pela venda a prazo
entre localidades surgiu a chamada Letra Cambial, que representava um título de
reconhecimento de dívida pelo comprador das mercadorias. Outra vantagem das letras
cambiais é a possibilidade de recebimento antecipado, por parte do credor, dos seus
recursos através da venda desses títulos. As operações de recebimento antecipado das
letras cambiais apresentam grande semelhança ao desconto bancário actual.

Operações de crédito comercial não se restringem apenas as transacções entre empresas,


levando também o chamado crédito ao consumidor. Perera (1998) observa que, apesar de
não se conhecerem dados precisos sobre o início e o desenvolvimento do crédito ao
consumidor, esse tipo de operação sempre existiu como forma de facilitar a efectivação da
venda de mercadorias. No seu entender, o crescimento dessa modalidade de operação de
crédito alcançou o seu apogeu nos Estados Unidos da América, não apenas pelos prazos
oferecidos, mas também pela multiplicidade de tipos de operações que existiam. A
existência dessa flexibilidade representa uma das ferramentas vitais para realização de
negócios nos Estados Unidos, pois ajudam a evitar o perigoso hiato que pode existir entre
produção e consumo, fazendo com que a economia trabalhe em um elevado nível de
eficácia. Apesar da grande importância do crédito comercial no desenvolvimento
económico, os bancos continuam como principais fornecedores de empréstimos para a
sociedade.

2.2.1. Risco de crédito

O conceito de crédito pode ser analisado sob diversas perspectivas. Para uma instituição
financeira, crédito refere-se, principalmente, à actividade de colocar um valor à disposição
de um tomador de recursos sob a forma de um empréstimo ou financiamento, mediante
compromisso de pagamento em uma data futura. O crédito geralmente envolve a
expectativa do recebimento de um valor em um certo período de tempo. Nesse sentido,
Caouette, Altman e Narayanan (1999, p.1) afirmam que "o risco de crédito é a chance de
que essa expectativa não se cumpra".

9
De forma mais específica, o risco de crédito pode ser entendido como a possibilidade de o
credor incorrer em perdas, em razão de as obrigações assumidas pelo tomador não serem
liquidadas nas condições pactuadas. Segundo Bessis (1998, p.81), o risco de crédito pode
ser definido pelas perdas geradas por um evento de default do tomador ou pela
deterioração da sua qualidade de crédito.

Para Perera (1998), há diversas situações que podem caracterizar um evento de default de
um tomador. O autor cita como exemplo o atraso no pagamento de uma obrigação, o
descumprimento de uma cláusula contratual restritiva (covenant), o início de um
procedimento legal como a concordata e a falência ou, ainda, a inadimplência de natureza
económica, que ocorre quando o valor económico dos activos da empresa se reduz a um
nível inferior ao das suas dívidas, indicando que os fluxos de caixa esperados não são
suficientes para liquidar as obrigações assumidas.

Caouette, Altman E Narayanan (1998), deterioração da qualidade de crédito do tomador


não resulta em uma perda imediata para a instituição financeira, mas sim no incremento da
probabilidade de que um evento de default venha a ocorrer. Nos sistemas de classificação
de risco, as alterações na qualidade de crédito dos consumidores dão origem às chamadas
migrações de risco. Cada instituição financeira adopta seu próprio conceito de evento de
default, que está normalmente relacionado ao atraso no pagamento de um compromisso
assumido pelo tomador por períodos como 60 ou 90 dias.

Segundo Silva (2000) O risco de crédito pode ser avaliado a partir dos seus componentes,
que compreendem o risco de default, o risco de exposição e o risco de recuperação. O risco
de default está associado à probabilidade de ocorrer um evento de default com o tomador
em um certo período de tempo, o risco de exposição decorre da incerteza em relação ao
valor do crédito no momento do default, enquanto o risco de recuperação se refere à
incerteza quanto ao valor que pode ser recuperado pelo credor no caso de um default do
tomador.

Como refere Assaf Neto & Silva (1997), risco de recuperação depende do tipo do default
ocorrido e das características da operação de crédito, como valor, prazo e garantias. O risco
de default é também tratado por “risco cliente”, pois está vinculado às características
intrínsecas do tomador de crédito. Os riscos de exposição e de recuperação são tratados por

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“risco operação”, uma vez que estão associados a factores específicos da operação de
crédito.

De acordo com Perera (1998), mensuração de risco de crédito é o processo de quantificar a


possibilidade de a instituição financeira incorrer em perdas, caso os fluxos de caixa
esperados com as operações de crédito não se confirmem. O risco de default constitui a
principal variável desse processo, podendo ser definido como a incerteza em relação à
capacidade de o devedor honrar os seus compromissos assumidos

2.3. Modelos de Gestão do Risco de crédito

Os modelos de gestão de risco de crédito compreendem ferramentas e aplicações que têm


por objectivo principal mensurar o risco de tomadores e transacções individuais ou de uma
carteira de crédito como um todo. Segundo Andrade (2005, p.1), os modelos de risco de
crédito podem ser classificados em três grupos: modelos de classificação de risco, modelos
estocásticos de risco de crédito e modelos de risco de portfólio.

Os modelos de classificação de risco buscam avaliar o risco de um tomador ou operação,


atribuindo uma medida que representa a expectativa de risco de default, geralmente
expressa na forma de uma classificação de risco (rating) ou pontuação (escore). Os
modelos de classificação de risco são utilizados pelas instituições financeiras em seus
processos de concessão de crédito.

Os modelos estocásticos de risco de crédito são aqueles que têm por objectivo avaliar o
comportamento estocástico do risco de crédito ou das variáveis que o determinam. Esses
modelos são utilizados pelas instituições financeiras principalmente para precificar títulos e
derivativos de crédito.

Os modelos de risco de portfólio visam estimar a distribuição estatística das perdas ou do


valor de uma carteira de crédito, a partir da qual são extraídas medidas que quantificam o
risco do portfólio. Esses modelos constituem uma importante ferramenta no processo de
gestão de riscos das instituições, pois permitem que o risco de crédito seja avaliado de
forma agregada, considerando os efeitos da diversificação produzidos pelas correlações

11
entre os activos da carteira. Os modelos de risco de portfólio, também, são utilizados para
cálculo do capital económico a ser alocado pela instituição.

Entre os modelos de classificação de risco, têm sido objecto de especial atenção por parte
de pesquisadores os chamados modelos de previsão de insolvência. Os modelos de
previsão de insolvência são aqueles que têm por objectivo principal medir a probabilidade
de um indivíduo ou empresa incorrer em um evento de default ao longo de um certo
período de tempo. Esses modelos são construídos a partir de uma amostra de casos
históricos de empresas tomadoras de crédito, divididas em dois grupos: um que engloba as
que incorreram em eventos de default, chamadas de insolventes, e outro que compreende
as que não incorreram em default, chamadas de solventes.

A partir das características das empresas da amostra, são identificadas as variáveis que
melhor discriminam as empresas que se tornaram insolventes e as que permaneceram
solventes no período analisado. O conjunto de variáveis seleccionadas é, então, utilizado
para classificar as empresas proponentes de novas operações de crédito como prováveis
solventes ou prováveis insolventes.

Um tipo de variável tradicionalmente utilizada para discriminar empresas solventes e


insolventes são índices económicos- financeiros calculados a partir das demonstrações
contábeis. Índices são relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações
contábeis que têm por objectivo evidenciar determinados aspectos da situação económica e
financeira da empresa.

A utilização de índices económico-financeiros como variáveis explicativas em modelos de


risco de crédito fundamenta- se no conceito de que o evento de default, geralmente, não é
um processo abrupto. A deterioração da situação económico-financeira da empresa tende a
ocorrer de forma gradual, levando, em última instância, à degradação completa da sua
qualidade de crédito e ao default. Como os índices evidenciam a deterioração da situação
económico-financeira da empresa ao longo do tempo, eles podem ser utilizados para prever
a ocorrência do default.

Os modelos de previsão de insolvência geralmente se baseiam em técnicas estatísticas de


análise multivariada, como regressão linear e regressão logística. Para o ressente estudo,

12
não se irá usar modelos de regressão ( linear ou multivariada) devido às limitações de
dados para o efeito.

AUNDERS (1999), citado por Laszlo, C. L (2009) no seu trabalho sobre modelos de
gestão de risco de crédito em instituições financeiras, indica quatro modelos de
mensuração do Risco de Crédito, nomeadamente KMV (modelo desenvolvido pela KMV
Corporation), CreditMetrics: (Modelo desenvolvido pelo banco JPMorgan Inc), CreditRisk
+ ( Modelo desenvolvido pelo Credit Suisse Financial Products-CSFP) e
CreditPortfólioView (Modelo desenvolvido pela consultoria McKinsey)

2.3.1 Modelo CreditRisk

Este modelo trata de risco de default (risco de inadimplência), isto é, o risco de o devedor
não honrar com as suas obrigações. Os devedores são classificados em faixas de qualidade
de crédito, cada qual associada a uma probabilidade de ocorrência de default
(probabilidade de não pagamento de uma dívida). O modelo assume que todos os contratos
de empréstimo são levados ao vencimento, ou seja, o pagamento ou o default ocorre
apenas na data de vencimento do contrato de crédito.

Perera (1998),o procedimento envolve ainda a estimação da distribuição de perdas da


carteira de contratos de empréstimo. A partir desta distribuição, é possível calcular as
perdas esperadas, as não esperadas, o valor em risco (VaR – “Value at Risk”) e o capital
económico1 da empresa detentora dos contratos de créditos (aquela que concedeu os
recursos para o tomador). O model CreditRisk é um modelo fácil de usar embora tenha as
seguintes desvantagens: o modelo não prevê o risco do mercado e não considera as
mudanças de qualidade do crédito ao longo do tempo para além de requerer o uso de
programas computacionais não disponíveis para qualquer utente.

1
Valor estimado para cobrir qualquer perda entre a esperada (montante de empréstimos ponderado pelas
probabilidades de ocorrência de default) e o percentual desejado para a taxa de solvência (liquidez) do
detentor.

13
2.3.2 Credit Portfólio View

É um modelo multi-variável utilizado para simular distribuições de probabilidades de


inadimplência e é mais usado para títulos de dívidas de empresas cuja probabilidade de
default é mais sensível ao ciclo económico de crédito. Este modelo difere do anterior, na
medida em que considera mais variáveis macroeconómicas (taxa de desemprego, taxa de
crescimento do PIB, Taxas de juros de longo prazo, despesas do governo, entre outros).
Assim, quando a economia piora, tanto a deterioração da qualidade de crédito das
empresas como as inadimplência aumentam. O Credit Portfólio View pode ser aplicado em
qualquer país, em diferentes sectores da economia e diferentes classes de tomadores de
crédito que reagem diferentemente ao ciclo da economia. Este modelo tem como princípio
a escala de rating tradicional (AAA, AA, A, BBB, BB, B e CCC), contudo não é aplicável
para o caso do PERPU, uma vez que é o indicado para títulos de dívidas (SCHERR, p.213,
1989).

2.3.3 CreditMetrics

É baseado na distribuição futura de mudança nos valores de um portfólio de títulos de


dívidas corporativos em um horizonte de tempo pré-estabelecido, normalmente 1 ano. As
mudanças de valores são calculadas através de probabilidades de transição (migração) de
uma categoria de qualidade de crédito para outra. A grande limitação deste modelo é a
exclusão da variável risco de mercado na sua análise.

2.3.4 Modelo KMV

A ideia geral deste modelo é a precificação (dar um valor justo) considerando que a
empresa tomadora do crédito pode ser considerada como uma opção (financeira), mais
especificamente uma opção de venda. Para Caoquette, Altaman & Narayanan (1998), uma
das principais vantagens que o KMV tem sobre modelos concorrentes é que o material de
base para calcular as probabilidades de default é o preço das acções da empresa tomadora

14
de empréstimo (devedor). O KMV não utiliza dados estatísticos de agências de rating e
apresenta melhores resultados quando a empresa está cotada numa bolsa de valores, o que
não são os casos dos mutuários do PERPU. Assim, este modelo também mostra-se
ineficiente para o presente trabalho.

2.4 Estudos sobre gestão de risco de crédito e o nível de reembolso

Fernando, L.T (2004) analisou o impacto da gestão de risco na rentabilidade dos bancos
em Portugal, nomeadamente o Banco Espírito Santo, Caixa Geral de Depósitos, Banco
Comercial Português, Banco Português de Investimento e Santander Totta (BST) tendo
recorrido à uma metodologia aplicada fundamentalmente quantitativa de carácter
exploratório. Para estimar o impacto da gestão de risco sobre a rentabilidade, o autor usou
o modelo de regressão linear onde a variável explicativa foi o rácio de crédito em
incumprimento (indicador de gestão de risco de crédito) e a variável dependente foi o
indicador de rentabilidade. Os resultados da regressão mostram que a gestão do risco de
crédito tinha um impacto na rentabilidade com um nível de significância bastante
significativo entre os cinco bancos, isto é a cada unidade adicional no incumprimento, a
rentabilidade dos bancos decrescia em 3,766 unidades monetárias em todos os bancos.

Marta, P.P.O (2015) também analisou a gestão de risco operacional e seu impacto na
rentabilidade do banco central português, tendo aplicado o método qualitativo para a
análise de risco. Segundo Sousa e Baptista (2012) citado pelo mesmo autor, na
investigação qualitativa o investigador não se preocupa tanto com a dimensão da amostra
bem como na generalização dos resultados tal como acontece com a investigação
quantitativa.

Estudo de sistemas de análise e avaliação de risco de crédito, feito por Rosário, R.C (2016)
usou métodos quantitativos e qualitativos para a sua análise. Refere que o uso dos métodos
qualitativos é uma forma de complementar à análise quantitativa, e ocorre quando a
avaliação de risco de crédito bancário resulta da análise de informação de natureza
qualitativa. Segundo Sousa (2012), citado pelo mesmo autor, existem diversos factores
qualitativos que são alvo de análise, nomeadamente factores relacionados com

15
características internas da empresa e factores relacionados com o meio externo que envolve
a empresa. Também usou-se o modelo de rating que segundo Caiado (1998), o método do
rating tem vindo a adquirir uma importância crescente na avaliação do risco de crédito
bancário, utilizando-se, substancialmente, nas fases de concessão e de monitorização do
crédito. Contudo, no âmbito do PERPU não se usa o modelo de rating para a avaliação do
risco e para o presente estudo, a combinação dos métodos qualitativos e quantitativos será
um meio para o alcance dos objectivos preconizados. Conforme esclarece Bastardo (1992),
a notação de rating pode ser expressa através de símbolos, letras, números, sinais ou
índices que explicam o grau de risco subjacente a determinada organização. Assim é
possível concluir que as notações de rating são próprias de cada agência de rating e de
cada entidade bancária.

Oliveira, M.P.P (2015) estudou a gestão de risco operacional nos bancos centrais. Também
usou métodos quantitativos em combinação com os métodos qualitativos (como
complemento). Deste estudo concluiu-se que a gestão do risco é, cada vez mais, um tema
pertinente no seio de qualquer organização. No contexto do sector bancário, esta assume
uma relevância acrescida. Matias (2012) refere que a crise financeira, a instabilidade e a
volatilidade que caracterizam o actual momento tornam a gestão do risco essencial.

Monteiro e Teixeira (2009) analisaram o papel da confiança na concessão de crédito para


empresas em recuperação. O estudo tinha como objectivo compreender a predisposição dos
gestores de empresas credoras a confiar em empresas em recuperação financeira tendo em
vista a concessão de créditos financeiros, tendo constatado que a confiança é um dos
elementos determinantes para a concessão de crédito e pode ser usado como princípio para
a tomada de decisão. Contudo, os autores referem que os resultados dependem da
predisposição do analista de crédito em confiar nos atributos da empresa, os quais são
identificados por meios não convencionais.

Os mesmos autores indicam que a análise de crédito é realizada com base em informações
qualitativas (identificação, idade, sexo do mutuário, BI, NUIT, entre outros.) e quantitativa
(aspectos económico-financeiros), para avaliar de forma mais fiel possível a capacidade
dos clientes honrarem seus compromissos. O fluxo de análise de crédito tem início com o
recebimento das propostas e todo ele é gerido por um sistema automatizado que permite

16
aos envolvidos o acompanhamento de todas as etapas. O caso do PERPU, também o
modelo usado tem em conta a confiança e as necessidades locais.

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Segundo Lakatos e Marconi (2003), a pesquisa constitui um conjunto de acções, propostas


para encontrar a solução para um determinado problema, que têm por base procedimentos
racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem
informações para solucioná-lo.

Por sua vez, a metodologia define os procedimentos técnicos, as modalidades de


actividades e os métodos que foram utilizados na pesquisa (Prodanov e Freitas, 2013).

Por conseguinte, a identificação do tipo de pesquisa a ser desenvolvido, bem como os


métodos, que garantem o alcance dos objectivos e respostas ao problema de pesquisa.

3.1. Tipos de Pesquisa

Para a elaboração deste trabalho, recorreu-se a um estudo de caso, um estudo exploratório


“sistema limitado”, no tempo e em profundidade, através de uma recolha de dados
envolvendo fontes múltiplas de informação ricas no contexto. O estudo de caso é uma
investigação empírica que investiga um fenómeno no seu ambiente natural, quando as
fronteiras entre fenómenos e o contexto não são bem definidas em que múltiplas fontes de
evidências são usadas. O estudo de caso pode constituir um interessante método de
investigação para a complementação dos estudos monográficos.

Para este estudo, foram inquiridos os responsáveis da Comissão Técnica de Avaliação de


Projectos – PERPU do Conselho Municipal da Matola e alguns mutuários beneficiários do
fundo do PERPU.

Portanto, o estudo de caso está totalmente inserido na metodologia que foi desenhada para
esta pesquisa, uma vez que foram adoptados procedimentos que tiveram como foco um
caso específico: Modelos de Gestão de Risco de Crédito e seu Impacto na Rentabilidade do
PERPU- Estudo de caso do Município da Matola

17
3.2. Método de colecta de dados

Método, como um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados para atingir


o conhecimento, a investigação pressupõe o recurso a diversos métodos Lakatos e Marconi
(2003). Assim, esta investigação empírica seguiu uma abordagem qualitativa, procurando
compreender os sujeitos envolvidos e, por seu intermédio, também o contexto. A
investigação qualitativa realiza-se, essencialmente, para obter a compreensão dos
comportamentos a partir da perspectiva dos funcionários afectos no sector das receitas. A
investigação quantitativa assenta no recurso a instrumentos, analisando estatisticamente e a
investigação qualitativa privilegia a compreensão das complexas inter-relações entre tudo o
que existe. A investigação quantitativa serviu para a análise dos dados obtidos no terreno.

As ferramentas e técnicas, utilizadas, foram escolhidas no sentido de proporcionar ao


pesquisador um contacto, mais próximo, com o objecto do estudo, visando desta forma
uma maior fiabilidade dos resultados.

3.2.1. Análise documental

A pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres,


fotografias, actas, relatórios, obras originais de qualquer natureza – pintura, escultura,
desenho, etc.), notas, diários, projectos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos,
inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal
ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações,
igrejas, hospitais, sindicatos Santos (2000).
A análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa,
complementando as informações obtidas por outras técnicas, desvelando aspectos novos de
um tema ou problema Ludke e André (1986).

Para o presente trabalho as fontes foram as seguintes:

✔ Obras literárias relacionadas com as matérias de Análise e Gestão de Créditos.


✔ Estudos, publicações, teses e artigos elaborados, sobre modelos de gestão de risco
como instrumento de gestão de reembolsos de créditos e inadimplência.

18
3.2.2. Estratégia de recolha de dados

Como estratégia de recolha de dados, foram usados o inquérito e algumas entrevistas


presenciais.
O questionário é a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são
submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças,
sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento
presente ou passado Lakatos e Marconi (2003).

Um inquérito por questionário é uma técnica de recolha de dados simples e acessível.


Utiliza-se para conhecer as atitudes, opiniões, as preferências ou os comportamentos que
quem questiona pretende entender e estudar.

O inquérito foi aplicado aos responsáveis da Comissão Técnica de Avaliação de Projectos


– PERPU do Conselho Municipal da Matola e alguns mutuários beneficiários do fundo do
PERPU.

Para uma maior compreensão do sistema de recolha de receitas no Conselho Municipal da


Cidade da Matola, a investigadora participou numa formação promovida pelo Conselho
Municipal em parceria com Instituto Comercial e Industrial da Matola sobre modelos,
critérios de afectação do fundo do PERPU e a sua sustentabilidade.

a) Descrição de Instrumentos de Dados


A entrevista (composta por questões fechadas) foi aplicada aos funcionários do Conselho
Municipal da Cidade da Matola, afectos ao sector de PERPU, alguns mutuários
beneficiários do fundo sobre a eficiência e eficácia de modelos de gestão de risco de
crédito no âmbito do fundo do PERPU. O inquérito foi anónimo e individual, constituído
por 17 (dezassete) questões, com o objectivo de perceber, através dos utentes, qual a
opinião sobre as modelos de gestão de risco.

b) Procedimentos de aplicação do inquérito


A aplicação do inquérito foi individual, a nível dos funcionários do Conselho Municipal da
Cidade da Matola, afectos ao sector de PERPU. Assim como dos mutuários beneficiários
do fundo. Durante a aplicação deste inquérito, foram enfrentadas algumas dificuldades, tais
como a recusa do preenchimento do mesmo por parte dos mutuários beneficiários do

19
fundo. De modo diverso, os funcionários do sector do PERPU preencheram-no sem
nenhum problema.

c) Procedimentos de aplicação do inquérito


Uma das entrevistas realizadas no Conselho Municipal da Cidade da Matola, foi de
carácter aberto, onde técnicos responsáveis pelo sector de PERPU fizeram uma
apresentação sobre o plano de reembolso, isto é, reembolsos de PERPU, quais os
benefícios, vantagens, dificuldades enfrentadas entre ouros aspectos, uma apresentação
com duração de uma hora.

As outras entrevistas foram aplicadas aos munícipes e alguns agentes económicos.

d) Área do estudo
Este estudo de caso foi realizado na província de Maputo, mais precisamente no Conselho
Municipal da Cidade da Matola – no sector do PERPU.

3.4. População e Amostra

Considera-se universo ou população ao “conjunto de seres animados ou inanimados que


apresentam pelo menos uma característica em comum”, (Lakatos & Marconi, 2003, p.
223).

Em relação a amostra, do universo de 200 indivíduos entre funcionários e munícipes,


foram entrevistados 10 técnicos do sector do PERPU, 40 mutuários do fundo do PERPU, e
a sua escolha foi feita de uma forma aleatória, na medida em que foram feitas as visitas de
campo para o pagamento dos reembolsos.

Para a selecção da amostra, foi utilizado o método por clusters ou por conglomerados, que
“é especialmente útil quando o universo estatístico é formado por populações de grande
dimensão e dispersas por vastas áreas” Sousa & Baptista (2011, p. 76); enquanto, para os
técnicos da área PERPU foi uma amostra causal simples na qual “cada elemento da
população tem igual oportunidade de ser incluído na amostra” Reis (2010, p.77).

20
CAPÍTULO IV: ESTUDO DO CASO

4. Apresentação da área do estudo

4.1. Caracterização do Município da Cidade da Matola

O Município da Cidade da Matola, fica limitado a noroeste e norte pelo Distrito da


Moamba, a oeste e sudoeste pelo Distrito de Boane, a sul e a este pela Cidade de Maputo e
a noroeste pelo distrito de Marracuene. É um Município com uma área de 373 Km2 com
uma população de 892.963 habitantes segundo o censo de 2007. Este Município devido a
sua dinâmica económica e demográfica ascendeu a categoria de nível Cidade “B” em 2 de
Outubro de 2007, estatuto este que partilha com as Cidades da Beira e de Nampula.

O Município da Matola anteriormente designava-se por Câmara Municipal da Vila Salazar


instituída pelo Decreto 83/1972, de 05 de Fevereiro (BR, 1972). Esta nomenclatura
vigorou durante a era colonial e foi alterada para Câmara Municipal da Matola pelo
Decreto 136/1975, de 22 de Março (BR, 1975), três anos mais tarde. Com a reestruturação
territorial, o Decreto 5/1978 de 22 de Março (BR, 1978), aprovou a nova designação, e a
partir dessa altura passou a designar-se Conselho Executivo da Cidade da Matola a qual
durou até 1997, aquando da aprovação da lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro (BR, 1997), que
cria as primeiras Autarquias Locais.

Grupos Étnicos e Línguas - São caracterizados por uma miscelânea de grupos étnicos
pertencentes ao grupo dos Tsongas onde são faladas as seguintes línguas: Chitsonga
predominante da região da Matola, seguida pela língua Portuguesa que é falada nas zonas
urbanas e semi-urbanas. Ainda são faladas as línguas xiChope, biTonga e xiTswa.
Administrativamente encontra-se dividido em três Postos Municipais a saber: Matola Sede,
Machava e Infulene com um total de 42 Bairros e 10 Vereações das quais destacam-se:
Finanças e Administração Municipal, Actividades Económicas e Serviços, Planeamento
Territorial e Urbanização, Transporte, Mercados e Feiras, Obras e Infra-estruras
Municipais, Salubridade, Ambiente, Parques e Jardins Municipais, Acção Social e
Sociedade Civil.

Referir ainda que o município é considerado o maior parque industrial do país, onde são
desenvolvidas várias actividades de âmbito político, social e económico, dada sua

21
autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Essas actividades estão direccionadas
para concretização dos objectivos da sua criação tendo em conta as atribuições que lhes são
conferidas pelo Decreto-lei nᵒ2/97 de 18 de Fevereiro, que aprova o quadro jurídico para
implantação das autarquias locais.

O Conselho Municipal da Matola, funciona com um universo de 1439 funcionários, destes


394 exercem funções em regime de contrato de trabalho (Agentes do Estado), 53 Membros
da Assembleia Municipal e 992 em regime de carreira e com nomeação definitiva no
quadro pessoal dos funcionários e agentes do estado.

A vereação de Finanças e Administração Municipal da Cidade da Matola, localiza-se na


avenida do município, na cidade da Matola (http://www.pmaputo.gov.mz/por/A-
Provincia/Perfis-Distritais/Matola).

2.1 Evolução do PERPU

Em resposta aos comandos da Lei n° 08/2003 que define o Distrito como unidade
territorial principal de organização e funcionamento da administração local do Estado e
base de planeamento do desenvolvimento económico, social e cultural, o governo
moçambicano decidiu alocar fundos de investimento aos governos distritais, cumprindo-se
assim com o preceito do Distrito como unidade orçamental. Nesta perspectiva o governo
de Moçambique instituiu, no ano 2006, o Orçamento de Investimento de Iniciativa Local
(OIIL) com a finalidade de induzir transformações na economia rural de forma a tornar os
distritos unidades orçamentais e centros dinâmicos de promoção da economia
multifuncional e que contribuíssem para fazer do distrito o efectivo polo de
desenvolvimento do país.

Assim, os governos distritais passaram então a ser responsáveis pela execução do OIIL em
projectos de produção de alimentos, geração de renda com impacto junto às populações
locais. Para essa organização (DNPDR, 2011), a necessidade de transformação do OIIL em
FDD baseou-se na criação de mecanismos flexíveis apropriados e legalmente enquadrados
que assegurassem a gestão criteriosa, transparente e autónoma de recursos do orçamento
do Estado, dos reembolsos dos empréstimos e dos fundos concedidos por instituições

22
nacionais ou internacionais, na aferição de maior dinâmica económica e financeira no nível
local e na criação de um fundo vocacionado à promoção de actividades económicas através
da captação, disponibilização e recuperação de recursos.

O FDD era um fundo destinado aos distritos considerados não urbanos, pois presumia-se
que estes é que apresentavam elevados índices de pobreza. Passados alguns anos da
implementação do FDD, constatou-se que nas zonas urbanas também havia elevado índice
de pobreza, o que fez com que o Governo introduzisse a partir de 2011 o Plano Estratégico
de Redução da Pobreza Urbana, uma extensão do FDD sob ponto de vista de
funcionamento.

2.1.1 Funcionamento do PERPU

O Munícipe (Proponente) manifesta o interesse a estrutura do bairro para aquisição do


crédito, esta por sua vez imite o atestado de idoneidade, o interessado dirigi-se ao Posto
Administrativo onde vai adquirir os formulários de plano de negocio e ficha de submissão,
preenche e dá entrada no Posto Administrativo.

O processo é tramitado pelo sector técnico do PERPU ao nível do Posto. os técnicos


canalizam os pedidos ao conselho consultivos para analise e decisão, o chefe do posto é
que preside o conselho consultivo. Feita análise os projectos são encaminhados a Comissão
Técnica de Avaliação de Projecto para avaliação, avaliados são submetidos ao Gabinete do
Presidente para homologação, depois da homologação são financiados.

A. Papel do conselho Municipal, da Assembleia Municipal, do Conselho Consultivo e


Comissão técnica de avaliação do Projecto.
1. Conselho Municipal
Ao conselho Municipal cabem as seguintes atribuições:

● Incluir no plano anual, orçamento e na matriz de monitoria as acções no


âmbito do PERPU;

23
● Propor os limites de afectação de recursos para cada Distrito Municipal e
/ou Posto Administrativo Municipal a serem aprovados pela Assembleia
Municipal;
● Assegurar o envio de relatórios de progresso à Direcção Nacional para o
Desenvolvimento Autárquico no Ministério da Administração Estatal
(tutela);
● Assegurar a prestação de contas (execução financeira) a entidades
competentes.
2. Assembleia Municipal
● Aprovar os limites de recursos afectos à para cada Distrito Municipal Ou
Posto Admirativo Municipal;
● Estudar as melhores formas de aplicar os recursos de apoio à Redução de
pobreza Urbana;
● Avaliar o impacto social e económico dos projectos financiados;
● Divulgar e promover outras acções de advocacia em prol do PERPU a nível
do Município.
3. Conselho Consultivo de Distritos Urbano
● Verificar a consistência dos projectos com os objectivos de
desenvolvimento do Distrito Municipal;
● Deliberar em sessão plenária sobre os projectos seleccionados;
● Monitorar, fazer a supervisão e acompanhar a execução dos projectos na sua
área de jurisdição.
4. A Comissão técnica de Avaliação de projectos
● É responsável na elaboração dos contratos;
● Verificar se toda a documentação exigida esta completa;
● Assegurar a tramitação e análise dos pedidos de empréstimo;
● Fazer o acompanhamento, supervisão e monitoria dos projectos
financiando;
● Apesentar relatórios financeiros, da carteira de crédito e da actividade em
geral, de forma regular;
● Fazer a verificação da autenticidade dos mesmos.

24
2.1.2 Procedimentos para aceder ao crédito no âmbito do PERPU

A. Grupo Alvo

O financiamento disponibilizado no âmbito do Programa Estratégico para a Redução da


Pobreza Urbana (PERPU) destina se, prioritariamente, a apoiar pessoas pobres, mas
economicamente activas e que não tem acesso ao crédito bancário e/ou outro tipo de
crédito concedido por instituições financeiras formais. Este grupo social inclui:

● Jovens;
● Mulheres chefes de agregados familiares, incluindo viúvas;
● Pessoas empreendedores, em geral, com prioridade para os sem acesso ao
financiamento formal e;
● Pessoas portadoras de deficiência com capacidade de trabalhar.
B. Critérios de elegibilidade

Os critérios de elegibilidade obedecem a duas categorias de beneficiários: Indivíduos e


Associações e Micro/pequenas e Medias Empresas. De seguida apresentam-se, os
requisitos a serem observados:

Critério de elegibilidade para pessoas singulares/Empreendedores

● Ser residente no território do Distrito Municipal onde pretende implementar o


projecto e confirmado pelas autoridades locais;
● Possuir nacionalidade moçambicana;
● Ser considerado idóneo pelas autoridades administrativas e comunitárias locais;
● Idade não inferior a 18;
● Possuir NUIT.
Critérios de elegibilidade para associações/Micros e Pequenas Empresas

● Estarem legalmente registadas e com uma estrutura de organização e gestão


consolidada observável a partir do núcleo central dos membros das associações;
● Os membros das associações devem ser residentes no território do Distrito
municipal onde se pretende implementar o projecto, confirmada pelas autoridades
locais;

25
● As associações devem operar no Distrito municipal onde se pretende implementar o
projecto;
● As associações devem ser constituídas por cidadãos;
● Possuir NUIT.

26
CAPÍTULO V. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados do presente trabalho. A primeira


parte dos resultados contempla a análise descritiva dos resultados de campo e a segunda
parte contempla a análise de impacto da gestão de risco de crédito na rentabilidade do
PERPU.

5.1. Análise descritiva dos resultados do campo

A análise descritiva dos dados de campo, consistiu no arrolamento do número de


beneficiários por sexo, faixas etárias, tipo de projectos, entre outras variáveis consideradas
na amostra que serviu de base para o presente estudo. Assim, esta secção comporta os
beneficiários, nível e factores que determinam o nível de reembolso e a classificação dos
mutuários em faixa etária.

5.1.1. Beneficiários do fundo do PERPU (2011 – 2018)

O Município da Cidade da Matola conta com cerca de um milhão de habitantes. Destes,


cerca de 10% beneficiaram-se directa e indirectamente do fundo do Programa Estratégico
Para a Redução da Pobreza Urbana- PERPU desde o início da sua implementação em
2011.

O fundo já abrangeu os 42 bairros do Município em preço beneficiando, assim, as


Pequenas Empresas legíveis, associações e maioritariamente as pessoas singulares de entre
elas Jovens e adultos, homens e mulheres, deficientes e portadores de necessidades
especiais e outros. Durante o período em alusão, o Programa Estratégico para a Redução da
Pobreza Urbana, beneficiou cerca de 2156 projectos, sendo 2140 a título individual e 16
associações (associações e outras entidades), com base na tabela 1 baixa.

27
Tabela 1. Beneficiários do PERPU na Cidade da Matola (2011-2018)

201 201 201 201 Total /


Sectores 2012 2013 2015 2016 2017
1 4 6 8 Actividade %
Comércio 119 55 205 168 136 71 71 17 64 825 38%
Pecuária 72 94 113 121 55 50 26 11 39 581 27%
Pequena Indústria 49 27 41 61 27 26 50 2 19 302 14%
Prestação de
11 20 35 25 34 260
Serviços 58 34 5 38 12%
Agricultura 21 5 19 38 14 7 7 5 22 138 6%
Agroprocessament
0 1 0 2 0 43
o 1 3 6 30 2%
Pesca/Piscicultura 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 0%
Turismo 0 0 0 0 0 0 3 0 1 4 0%
Total / Ano 272 202 413 447 259 191 191 47 215 2156 100%
Fonte: base de dados do Conselho Municipal da Cidade da Matola

5.1.2. Factores que determinaram o nível de reembolsos do PERPU

Dados da tabela 2 abaixo indicam que em termos de reembolsos, dos entrevistados, apenas
20% é que reembolsou na totalidade os empréstimos recebidos no âmbito deste fundo.
Cerca de 70% dos entrevistados, já pagou uma parte da dívida e 10% ainda não iniciou
com o pagamento das prestações. Outro aspecto de interesse tem a ver com o facto de a
maior parte dos que efectuaram os reembolsos na totalidade ou em curso são homens,
perfazendo cerca de 60% dos mutuários entrevistados.

Dados resultantes das entrevistas feitas aos mutuários do PERPU, apontam como
principais factores para deficiente nível de reembolso a falta de mercado, fraco nível de
produção e produtividade, baixa precipitação (caso de projectos de produção agrícola),
fraco poder de compra resultante dos problemas económicos e financeiros do país.
Tabela-2 Nível de Reembolso do PERPU- (2011-2018)
Homen Total
Variável s % Mulheres %
Reembolsado 4 15% 1 5% 4 20%
Em curso 9 45% 5 25% 14 70%
Não reembolsado 1 5% 1 5% 2 10%
Total 13 65% 7 35% 20 20%

28
Fonte: Elaboração do autor a partir dos dados do campo

Em relação à idade, dos entrevistados, 11 tem idade igual ou superior a 45 anos (55%) e 9
tem idade inferior 45 anos (45%). Estudo feito por Monteiro e Teixeira (2009) indicam que
a idade também é um factor de risco na concessão de crédito, elemento não observado na
concessão de crédito no âmbito do PERPU, embora os mesmos autores defendam a
confiança como um dos elementos a considerar na concessão do crédito.

Em termos de requisitos, os entrevistados todos afirmam que para a concessão de crédito


foram lhes exigidos apenas os seguintes documentos:

(i) Fotocópia do BI;


(ii) Declaração do bairro;
(iii) NUIT (Número Único de Identificação Tributária);
(iv) Atestado de Idoneidade;
(v) Comprovativo do Imposto Predial Autárquico
(vi) Projecto e plano de negócios

Como se pode constatar, os créditos são concedidos com base na confiança (atestado de
idoneidade) como principal garantia. Este modelo de decisão viola os princípios aplicados
na Banca Comercial, onde para além dos documentos acima arrolados, são exigidos ao
proponente a apresentação do colateral (objecto de garantia), avalista (caso de empréstimos
em que o desconto é feito na fonte o avalista é a entidade empregadora), capacidade de
solvência de pagamento de seguro de crédito.

Nesta componente, Tarcisio A. (1999) refere que na análise de crédito deve-se ter em conta
os seguintes pressupostos:
(i) O Carácter, que revela o histórico do proponente do projecto no que concerne
ao cumprimento das suas obrigações financeiras, contratuais e morais;

(ii) A Capacidade, o potencial do proponente do projecto para pagar a dívida,


incorporando na análise o índice de liquidez do negócio bem como na
capacidade de endividamento;

29
(iii) O Capital, os projectos não podem necessariamente ser medidas pelo
facturamento, mas sim pelo capital, pelo património e pelos recursos próprios
que constituem um óptimo determinante para a concessão do crédito;

(iv) Os Colaterais, o montante de activos colocados à disposição pelo solicitante


para garantir o crédito e quanto maior for o activo, maior será a possibilidade de
se recuperar o valor creditado, no caso de inadimplência e;

(v) As Condições, factores externos do mercado ou circunstâncias especiais, como


sazonalidades, mudanças na estrutura económica do local, entre outras que
podem afectar o normal curso da operação de crédito.
Estes elementos propostos por Tarcísio A. (1999), todos são parcial ou totalmente
negligenciados na análise de concessão de crédito no âmbito do PERPU e tem as suas
implicações na rentabilidade do PERPU.

5.1.3. Impacto da Gestão de Risco de Crédito na Rentabilidade do PERPU

Como foi descrito no capítulo da metodologia, foram determinadas as variáveis ROE 2


(Retorno sobre o Capital) e o NPLR3 (Rácio de crédito inadimplente/em incumprimento).
Estes dados vem em percentagem e permitiram a construção dos gráficos abaixo.

Figura 1. Evolução do ROE do PERPU – 2012 a 2016

50%
40%
ROE (%)

30%
20%
ROE
10%
0%
2012 2013 2014 2015 2016
ANO

2
Return on Equity
3
Non Performing Loan Ratio

30
Fonte: Elaboração do autor a partir dos dados do campo

Figura-2. Evolução do NPLR do PERPU- 2012 a 2016


100%
80%
NPLR (%)

60%
40%
NPLR
20%
0%
2012 2013 2014 2015 2016
ANO

Fonte: Elaboração do autor a partir dos dados do campo

A partir das figuras 1 e 2 acima constata-se que o ROE tem uma tendência decrescente ao
longo do tempo em análise, embora tenha se verificado um certo abrandamento no período
de 2014 a 2016 enquanto isso, o rácio de inadimplência mostrava uma tendência crescente
no período de 2012 a 2016. Este comportamento pode revelar que existe uma relação
inversa entre o nível de inadimplência e a rentabilidade do PERPU. Resultados similares
foram encontrados por Tchicoco, F.L (2014) quando analisou o impacto da gestão de risco
de crédito na rentabilidade dos bancos portugueses.

Como descrito na secção 6, para a análise de impacto, recorreu-se ao método quantitativo.


Neste caso concreto foi feita a análise de regressão linear simples de modo a verificar o
grau de interdependência das variáveis explicativas e independentes. Deste modo, com
recurso ao pacote estatístico Eviews, gerou-se a seguinte equação de regressão:

Rentabilidade=0,272−2,26 Inadiplência

com R2=0,92

A equação de regressão acima indica que há uma relação negativa entre as variáveis do
modelo. Isto é, a NPLR afecta negativamente o ROE do PERPU revelando que existe uma
relação inversa entre as variáveis. Um aumento de 1% da inadimplência, a rentabilidade do

31
PERPU reduz em 2,26%; um aumento superior ao dobro. No que diz respeito ao
coeficiente linear (0,227), este indica que a relação linear entre as variáveis é fraca o que é
testemunhado pelo valor de p-value que é superior ao p-value crítico (5%). Também
observa-se que o modelo é robusto em virtude de o coeficiente de determinação ser igual a
92% o que implica que a variável NPLR explica a variável ROE em 92% o que nos
permite afirmar que o modelo escolhido é seguro. Factores colaterais como valores
desembolsados aos mutuários inferiores aos solicitados, mitigação dos desvios de
aplicação entre outros podem estar ligados ao alto nível de inadimplência e por
conseguinte a baixa rentabilidade.

Outrossim, os resultados encontrados na análise quantitativa, vão ao encontro dos


resultados da análise gráfica. Isto é, o nível de rentabilidade do PERPU é inversamente
proporcional ao nível de inadimplência. A rentabilidade aumenta quando a inadimplência
baixa e reduz quando a inadimplência aumenta. Resultados similares foram encontrados
por Fernando, L.T (2004) na análise da rentabilidade dos bancos comerciais portugueses.

32
CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. CONCLUSÕES
Os Modelos de Gestão de Risco de Crédito e seu Impacto na Rentabilidade do PERPU no
Conselho Municipal da Cidade da Matola são mais do que meios de colecta dos
reembolsos. Eles têm um papel de transformação e respectivos procedimentos para a
concessão de crédito a nível da instituição e seu impacto é rentável. É nesse contexto que o
Conselho Municipal da Cidade da Matola aplica os modelos de gestão de risco de crédito
para garantir o retorno do fundo:

⮚ Os mutuários apontam como principais causas da inadimplência, a falta de


mercado, fraco nível de produção e produtividade, baixa precipitação (caso de
projectos de produção agrícola), fraco poder de compra resultante dos problemas
económicos e financeiros do país. Aliado a estes factores, o estudo mostra que o
PERPU não considerou vários factores de risco de crédito no financiamento dos
projectos dos mutuários entre eles o carácter, a capacidade, o capital, os colaterais
(garantias) e as condições, factores determinantes na gestão do risco de crédito;

⮚ A análise de dados da regressão linear indica que um aumento de 1% da


inadimplência, reduz a rentabilidade do PERPU em 2,26%; um aumento superior
ao dobro. No que diz respeito ao coeficiente linear (0,227), este indica que a
relação linear entre as variáveis é fraca o que é testemunhado pelo valor de p-value
que é superior ao p-value crítico (5%). Factores colaterais como, valores
desembolsados aos mutuários inferiores aos solicitados, mitigação dos desvios de
aplicação, entre outros, podem estar ligados ao alto nível de inadimplência e por
conseguinte a baixa rentabilidade.

33
6.2. RECOMENDAÇÕES

Em face das conclusões acima, o estudo recomenda que a gestão de risco de crédito seja
um elemento a se ter em conta na análise dos financiamentos. Sem exigir colaterais, a
integração destes fundos nos bancos comerciais ou instituições macrofinanceiras pode
minimizar os riscos ligados aos baixos reembolsos (riscos de inadimplência) que impactam
sobre a rentabilidade do PERPU.

Neste sentido, pode-se potenciar o acesso ao sistema bancário, sendo esta a premissa base
para o desenvolvimento do crédito numa economia, assim, identificar-se-ia uma entidade
que se responsabilizasse pela dinamização do crédito por sector (agrícola, pecuária,
indústria, extracção, entre outros) ou avaliasse a criação de uma agência dedicada ao
crédito por sector, que asseguraria a centralização da gestão das linhas de crédito por
sector.

Reforçar a capacidade e incentivos dos bancos para a concessão e gestão de crédito,


criando mecanismos que reduzam as restrições e criem incentivos para a concessão de
crédito. Sendo que as medidas a serem desenvolvidas no âmbito desta iniciativa seriam as
o lançamento de um programa de optimização dos processos de gestão de crédito no
sistema bancário, desde a concessão, acompanhamento, recuperação até ao contencioso,
ponderando a criação de um programa de formação e certificação financeira de analistas de
crédito, pois há que se ter em conta de este é um tipo de crédito com fins mais sociais e
menos lucrativos.

Portanto, tendo em conta que a disponibilidade e qualidade da informação de crédito é


crítica para o sucesso do crédito numa economia, é imperioso que se melhore a informação
disponível para a avaliação de risco com o objectivo de aprimorar a capacidade de partilha
de registos de crédito e a qualidade da informação partilhada, de forma a garantir que se
proceda de forma efectiva a monitoria dos beneficiários no cumprimento das suas

34
actividades, assegurando a materialização dos objectivos pelos quais foi introduzido o
PERPU.

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

OBRAS CONSULTADAS

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The next Great Financial Challenge, New York: John Wiley & Son Inc., 1998.

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próximo grande desafio financeiro. 1ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark.

● Caouette, J. B., Altman, E. I. E Narayanan, P. (2000).


“Gestão do risco de crédito: o próximo grande desafio
financeiro”. Rio de Janeiro: Qualitymark.

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Métodos e Técnicas da pesquisa e do trabalho académico. 2ª ed. Vila Nova –
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Porto. Areal.
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LEGISLAÇÃO CONSULTADA

36
Decreto n° 11/2005, de 10 de Junho de 2005- Aprova o Regulamento da Lei dos Órgãos
Locais do Estado. BR n°23, Iª Série, 2°Suplemento.

Decreto n° 90/ 2009 de 15 de Dezembro de 2009 – Aprova o Fundo de Desenvolvimento


Distrital,

Diploma Ministerial n° 67/2009, de 17 de Abril de 2009. Guião sobre a organização e


funcionamento dos Conselhos Consultivos Locais, Novembro, 2008. Maputo.

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