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Rajabo Caetano Bernardo Malua

Estudo das transformações nas áreas de mangal entre factores naturais e humanos no
bairro de Muave, Cidade da Beira entre 2005 – 2015

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em Turismo

Universidade Pedagógica
Beira
2016
Rajabo Caetano Bernardo Malua

Estudo das Transformações na Área do Mangal entre Factores Naturais e Humanos no


Bairro de Muave, Cidade da Beira entre 2005 – 2015

Monografia a ser apresentada ao Departamento


de Ciências da Terra e Ambiente, Delegação da
Beira, para obtenção do grau académico de
Licenciatura em Ensino de Geografia.
Supervisor:
Msc. Mário Silva Uacane

Universidade Pedagógica
Beira
2016
Índice

Lista de tabelas ............................................................................................................................... iv


Lista de mapas ................................................................................................................................. v
Lista de figuras ............................................................................................................................... vi
Lista de gráficos............................................................................................................................. vii
Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... viii
Declaração ...................................................................................................................................... ix
Dedicatória....................................................................................................................................... x
Agradecimentos .............................................................................................................................. xi
Resumo .......................................................................................................................................... xii
Abstract ......................................................................................................................................... xiii
Introdução ........................................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1: CONSTRUÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA ................................................... 3
1.1. Justificativa ........................................................................................................................... 3
1.2. Problematização........................................................................................................................ 4
1.3. Hipóteses .............................................................................................................................. 6
1.4. Objectivos ............................................................................................................................. 6
1.4.1. Geral: ..................................................................................................................................... 6
1.4.2. Específicos: ............................................................................................................................ 6
1.5. Delimitação da Pesquisa ....................................................................................................... 7
1.5.2. Delimitação da área de estudo ............................................................................................... 7
1.5.3. Delimitação do espaço temporal............................................................................................ 7
CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA ......................................... 9
2.2. Acção humana, acção ou pressão antrópica no ecossistema do mangal ................................ 10
2.3. Factores de transformação ou de degradação do ecossistema do mangal .............................. 11
2.3.1. Factores naturais de degradação do ecossistema do mangal ............................................... 11
2.3.2. Factores humanos ou antrópicos de degradação do mangal ................................................ 11
2.4. Consequências da degradação dos ecossistemas de mangais ................................................. 12
2.5. Dinâmica da linha da costa ..................................................................................................... 13
2.6. Importância do ecossistema do mangal .................................................................................. 14
CAPÍTULO 3: METODOLÓGIAS ........................................................................................... 16
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA
ÁREA EM ESTUDO ................................................................................................................... 22
4.1. Aspectos físicos geográficos da área de estudo ...................................................................... 22
4.1.1. Aspectos físico-geográficos e socioeconómicos da área de estudo ................................ 23
4.1.2. População ........................................................................................................................ 23
4.1.3. Actividade Socioeconómica da população ..................................................................... 23
4.2. Avaliaçãodas taxas de uso e cobertura da terra da região em estudo num período de 10
anos para aferir a tendência das transformações das áreas do mangal. ......................................... 25
4.4. Dinâmica de evolução da linha da costa nos anos 2005, 2010 e 2015 ............................... 29
4.5. Evidências de transformação nas áreas do mangal decorrentes de factores naturais e
humanos na área em estudo ........................................................................................................... 29
4.5.1. Principais evidências dos factores naturais sobre as áreas do mangal ............................ 30
4.5.2. Principais evidências dos factores humanos sobre as áreas do mangal .......................... 30
4.6. Formas de actuação dos factores naturais e humanos no processo de transformação das
áreas do mangal…………………………………...……………………………………………...31
4.7. Formas de reaproveitamento das áreas do mangal degradadas .......................................... 33
Conclusão ...................................................................................................................................... 35
Sugestões ....................................................................................................................................... 37
Bibliografia .................................................................................................................................... 38
APÊNDICES ................................................................................................................................................40
iv

Lista de tabelas
Table 1: Resumo dos procedimentos metodológicos .................................................................... 20
Table 2:Taxas de mudanças de uso e cobertura de terra das áreas de ocorrência do Mangal, bairro
Muave nos anos de 2005-2010-2015. ............................................................................................ 25
v

Lista de mapas
Mapa 1: Mapa de Enquadramento Geográfico do bairro em estudo..............................................35
Mapa 2: Mapa da Dinâmica de evolução da linha da costa nos anos 2005, 2010 e 2015..............43
vi

Lista de figuras
Figura 1: Diferentes formas de uso de mangal pelos habitantes do bairro Muave. ....................... 23
Figura 2: Evidências da acção da erosão sobre as áreas de ocorrência do ecossistema do mangal,
como agente transformador das áreas de ocorrência de ecossistema de mangal........................... 30
Figure 3: Evidências da actuação dos factores humanos na transformações das áreas de mangal.
extração de carvão, construção de habitação nas áreas de mangais, abertura de campos agrícolas,
abertura de tânques para criação de peixe nas áreas de mangais e corte de mangais para estacas.31
Figura 4: Acção das marés altas na transformação da linha da costa devido a fragildade dos solos,
e seca das áreas de ocorrência de mangais condicionando o seu desenvolvimento. ..................... 32
Figura 5: Formas de actuação dos factores humanos. ................................................................... 33
vii

Lista de gráficos

Gráfico 1: Taxa anual de mudança no uso e cobertura de terra de período de 10 anos ................ 27
Gráfico 2: Taxa anual de mudança das áreas de ocorrência do ecossistema do mangal em 10 anos
(2005, 2010 e 2015). .................................................................................................................... 28
viii

Lista de abreviaturas

°C – Símbolo Internacional de representação de temperatura

ARCGIS – Sistema de Informação Geográfica destinado para criação e utilização de Mapas

CCP – Comité Comunitário dos Pescadores

FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

GOOGLE EARTH – Motor de busca de imagens de satélite via internet

GPS – Sistema de Posicionamento Geográfico

INE – Instituto Nacional de Estatística

KM – Símbolo Internacional de Quilometragem

MICOA – Ministério de Coordenação da Acção Ambiental

MITADER – Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

NE-SW – Nordeste e Sudoeste

SE – Sudeste (sinal de pontos cardiais)

UP – Universidade Pedagógica
ix

Declaração
Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu
supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.

Beira,___de Dezembro de 2016


_________________________
(Rajabo Caetano Bernardo Malua)
x

Dedicatória
Este trabalho é dedicado aos meus pais, Caetano Aiuba Malua e Zelita Alves Bernardo, fontes da
minha inspiração, ao meu filho Dubois Rafiudine R. C. Malua, que pela primeira vez me fez
chamar de pai.
Ao meu irmão Mestre Ildefonso Age, que no meio dos seus encargos como chefe de família,
ciente das suas necessidades pessoais, desejos e preferências, conseguiu olhar para mim e custear
as despesas dos meus estudos desde o nível médio ao superior.

A minha irmã, Maria Manuela, que desde cedo lutou para que eu tivesse escolaridade, que
nalgumas vezes assumia o papel de mãe, as minhas tias Maria Bolacha e Menória Alves
Bernardo, que cuidaram dos meus estudos na componente logística de materiais didácticos
durante os meus estudos primários e secundários.

Ao meu tio, Doutorando Rui Alves Bernardo e sua família, que me acolheram em sua casa,
durante a minha formação, possibilitando a materialização de mais um dos meus sonhos, que era
de fazer o nível superior e por coincidência, fora da cidade natal.

Ao Mestre Mário Silva Uacane, pelo seu contributo imensurável durante a minha formação neste
estabelecimento de ensino sperior.

Aos meus docentes do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia que fizeram parte do meu
processo de ensino e aprendizagem, a todos os docentes desta Universidade bem como a todos os
estudantes desta universidade que confiaram em mim, elegendo-me como seu representante
máximo para os órgãos colegiais da universidade e dos demaisfóruns nos anos 2014-2016.

Aos meus colegas da residência: Zabiro, Fazila, Yassine, Jadina, Guerra, Danane e a minha
família, a família Malua, Bernardo, Danane, Namucuha, de Rosário, e em especial a minha avo,
Amana Antero Sumaila pelos cuidados, carinhos e educação e conselhos.

Aos meus amigos, colegas de formação e de grupo de estudo, conhecidos e colaboradores da


Associação dos Estudantes da Universidade Pedagógica, quer ao nível da Delegação e Nacional,
as demais organizações associativas da qual fiz e faço parte, a mãe do meu filho Ancha
Rahamane Chinay, aos meus irmãos, primos, sobrinhos, tios, avos, a vocês, dedico-vos este
trabalho.
xi

Agradecimentos

Teria sido quase impossível a realização deste trabalho sem contar com a ajuda de pessoas e são
várias as pessoas que deram o seu contributo, mas que não poderei menciona-los para não correr
o risco de esquecimento, contudo não gostaria de não mencionar a algumas delas.

Em jeito de reconhecimento da dedicação, paciência e pronta resposta em todos os momentos da


minha interação no exercício da realização desta monografia e pela maneira sabia de orientação
do meu supervisor o Mestre Mario Silva Uacane, endereço os meus profundos agradecimentos.

Ao Doutorando Rui Alves Bernardo pelo apoio logístico-financeiro e moral, durante todo o
processo da minha investigação e no precurso da minha formação.

Sinto-me particularmente agradecido aos meus entrevistados, ao CCP, pelo valioso apoio
dispensado ao longo da realização desta monografia na componete de recolha de dados.

De igual modo, endereço os meus sinceros agradecimentos aos meus colegas de residência e
amigos e minha família, pelos conselhos, forca e motivação na realização deste trabalho.

E todos aqueles de forma directa ou indirectamente contribuíram para a realiza,cao deste


trabalho, apraz-me apresentar aqui os meus mais sinceiros e francos agradecimentos.
xii

Resumo

O Estudo das transformações nas áreas do mangal entre factores naturais e humanos no bairro de
Muave, cidade da Beira entre 2005 – 2015, procurou compreender das transfirmações resultantes
dos factores naturais e humanos na área em estudo. Apos o levantamento das hipóteses,
objectivos e da antemão da questão de partida, chegou-se a conclusão as áreas de ocorrência de
mangais naquela região tendem a diminuir ao longo dos anos, num nível de diminuição na ordem
de -4,09% de taxa anual de mudança durante o peeríodo em análise, pondo em risco o
ecossistema do mangal. Encontra partida enquanto o mangal tende a diminuir verifica-se uma
tendência de crescimento ou de aumento das proporções das áreas ocupadas pelas residências,
campos cultivados e vias. Destes resultados, os entrevistados afirmam que estão na origem da
redução do mangal, a precariedade das condições dos moradores daquela região, encontrando no
mangal último recurso para o garante do sustento de suas famílias. Outras implicações
resultantes da diminuição do ecossistema do mangal são denotativas na linha da costa da área de
estudo, aumento da linha da costa, motivado por um lado pela acção da erosão e do aumento das
águas e por outro lado pela ausência do ecossistema que serve de agente protector da linha da
costa. É evidente nas áreas de ocorrência de mangal, a construção de residências, abertura de
campos agrícolas, tanques de criação de peixes, que para a materialização dos mesmos implica a
destruição do mangal. Entretanto, havendo estas tendências alarmantes de diminuição do mangal,
o autor entende que estes actos podem ser coordenadas no sentido de se evitar grandes
proporções de desequilíbrios ecológicos na região. Que os espaços degradados podem sere
reaproveitados para outros fins, como lazer, abertura de campos agrícolas, pastagem bem como
plântio de novas espécies florestais que se adeguam a tais ambientes. Das várias metodologias
aplicadas ao trabalho, o cartográfico, a observação, a entrevista e a revisão bibligráfica
constituiram a base deste trabalho, cuja organização obdece cinco capítulos para melhor
compreensão.

Palavras – chave: Ecossistema do Mangal; Factor Natural, Factor Humano; Dinâmica da


Linha da Costa.
xiii

Abstract

The study of the transformations in the mangrove areas between natural and human factors in the
district of Muave, Beira city between 2005 and 2015, sought to understand the transference
resulting from natural and human factors in the area under study. After the hypothesis, objectives
and pre-departure survey were reached, the mangrove areas in that region tended to decrease
over the years, at a rate of -4.09% Annual change during the peer review, putting the mangrove
ecosystem at risk. When the mangrove tends to decline, there is a tendency of growth or increase
in the proportion of areas occupied by residences, cultivated fields and roads. From these results,
the interviewees affirm that they are the origin of the mangrove reduction, the precariousness of
the conditions of the inhabitants of that region, finding in the mangal last resort for the guarantee
of the sustenance of their families. Other implications resulting from the decline of the mangrove
ecosystem are denotative at the coastline of the study area, increase of the coast line, motivated
on the one hand by erosion and water increase and on the other by the absence of the ecosystem
that serves as Protective agent of the coast line. It is evident in the areas of mangrove occurrence,
the construction of residences, the opening of agricultural fields, tanks for fish farming, which
for the materialization of the latter implies the destruction of the mangrove. However, with these
alarming trends in mangrove decline, the author understands that these acts can be coordinated in
order to avoid large proportions of ecological imbalances in the region. That degraded spaces can
be reused for other purposes, such as leisure, opening of agricultural fields, pasture as well as the
plântium of new forest species that adhere to such environments. Of the various methodologies
applied to the work, the cartographic, the observation, the interview and the bibligráfica revision
were the basis of this work, whose organization obdece five chapters for better understanding.

Key - words: Mangrove Ecosystem; Natural Factor; Human Factor; Coast Line Dynamics.
1

Introdução

A Presente Monografia intitulada sob o tema: “Estudo das transformações nas áreas do mangal
entre factores naturais e humanos no bairro de Muave, cidade da Beira entre 2005 – 2015”.
Sendo mangal, um dos ecossistemas marinho de muita importância e aplicabilidade para o
homem, dos animais, assim como para o ambiente, é com base nessa sua importância que
suscitou ao autor da presente pesquisa a enveredar pelo seu estudo.

A cidade da Beira, é banhada por uma linha da costa, onde é possível verificar em alguns dos
seus bairros com proximidade a linha da costa a ocorrência do ecossistema do mangal, um
ecossistema marinho típico das regiões de clima tropical, que desempenha papéis como a de
protector da linha da costa contra a acção das mares bem como matéria-prima para construção de
habitação, barco, extracção de carvão vegetal bem como habitat e fonte de alimentação para
peixes e aves.

A avaliar pela utilidade da espécie, permitiu ao autor que por meio da pesquisa procure perceber
das transformações ocorridas nas áreas de coerência do mangal no bairro Muave, resultante dos
factores naturais e humanos neste espaço geográfico da Cidade da Beira, província de Sofala.

Para a efetivação deste estudo consistiu numa primeira fase, no levantamento da


problematização, das hipóteses, da construção da fundamentação teórica e de procedimentos
metodológicos por meio de revisões bibliográficas, seguindo-se do deslocamento da região em
estudo a fim de aferir in loco do ambiente, de forma a colher dados para confrontar com os
resultantes dos mapas relativamente ao uso e cobertura de terra da região em estudo.

Com os conhecimentos colhidos de vários autores invocados na fundamentação teórica, dos


dados colhidos no local e das resultantes das análises cartográficas, permitiram na confrontação
dos objectivos propostos, das hipóteses levantadas, na realização da conclusão e no levantamento
das recomendações.

Deste modo, de forma a tornar mais clara e precisa, a presente pesquisa, ela encontra-se dividida
em quatro capítulos.
2

No primeiro capítulo, designada de Construção da pesquisa, foi tratada da questão de notas


fundamentais da realização deste estudo, aspectos motivadores e da problemática, apresentação
dos objectivos e do enunciamento das respostas prévias face á questão de partida, ao passo que
no segundo capítulo, versa sobre a fundamentação teórica onde o autor busca trazer o
entendiemnto dos conceitos chaves do trabalho na visão de vários autores.

Seguindo a mesma analogia, de descrição dos conteúdos abordados em cada capítulo, encontra-
se no terceiro capítulo, a apresetentação das metodologias aplicadas para a materialização deste
trabalho e no capítulo quarto, a apresentação, análise e discussão dos resultados bem como da
bréve descrisão sobre a área em estudo e por último, apresentação das conclusões e sugestões do
trabalho.

Com estas repartições, pressupõe-se a criação de condições para melhor entendimento desta
pesquisa e do alcance dos seus almejáveis objectivos preconizados na presente pesquisa.
3

CAPÍTULO 1: CONSTRUÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA


1.1.Justificativa

O “Estudo das transformações nas áreas do mangal1, entre factores naturais e humanos no bairro
de Muave, cidade da Beira entre 2005 – 2015” prendem-se pelo facto de o bairro de Muave2,
haver ocorrências do ecossistema do mangal e ao mesmo tempo ser um bairro habitacional,
suscitando assim no autor na necessidade do estudo das áreas sob influência do ecossistema do
mangal de forma a aferir a acção dos factores naturais e humanos ao longo dos 10 anos.

O estudo sobre o ecossistema do mangal, não se trata de algo inédito para o autor desta
monografia, visto que já teve abordado aspecto relacionado com ecossistema do mangal em
2014, quando ainda estudante do 3º ano, no decurso das aulas da cadeira de Biogeografia, tendo
versado sobre o ecossistema do mangal do canal do Chiveve.

Percebendo-se da relevância do ecossistema do mangal, de lá para cá, no âmbito da realização de


sua monografia, achou conveniente abordar sobre o mangal, num espaço diferente e com linha de
pesquisa diferente da anterior, habilitando-se aos poucos em aspectos relacionados com o
ecossistema do mangal.

Entretanto, a escolha do tema e da área de estudo, justifica-se pelo facto do bairro Muave, haver
ocorrências do ecossistema de mangal e ser um bairro habitacional podendo haver possibilidade
de ocorrência de conflitos de interesses ou acção predatória sobre o ecossistema do mangal, o
que de certo modo pode criar condições na modificação das áreas de ocorrência do ecossistema
na região.

No mundo da cientificidade na perspectiva de contribuir com algum conteúdo, motivou ao autor


na realização deste trabalho, mas também, na necessidade e interesse de conciliar entre a téoria e
prática, motivou ainda mais e fez do autor, cumprir com aquilo que são um dos pilares do ensino
superior (ensino, pesquisa e extensão).

1
Mangal, Floresta marinha que se desenvolve ao longo dos rios e mares onde há contacto entre águas doces e
salgadas, de extrema importância na proteção da linha da costa bem como serve de habitat para algumas espécies e
fonte de matéria prima para construção de habitação e extração de carvão vegetal.
2
Muave, Vigéssimo bairro municipal da cidade da Beira, província de sofala.
4

O autor justifica que como cidadão residente nesta autarquia do país, optou pelo estudo deste
bairro, principalmente nas regiões de ocorrência do ecossistema de mangal como forma de dar o
seu contributo podendo ainda a sua pesquisa coadjuvar, nestas e nas próximas gerações no
entendimento dos pressupostos teóricos e metodológicos em pesquisas com teores semelhantes,
bem como para estudos futuros no mesmo espaço geográfico.

Como forma de contribuir, de certo modo no conhecimento das causas que originam nas
modificações das áreas de ocorrência de ecossistema do mangal, encorajou o autor a enveredar
pela escolha do tema.

Na mesma senda de justificativa, o autor entende que a opção pelo intervalo de tempo
apresentando nesta monografia que vai de 2005 à 2015, num intervalo correspondente a 10 anos,
o autor pressupõe este período de tempo oferecer pressupostos ou evidencias de tais
transformações.

Também coube o interesse pelo estudo deste tema, por se tratar de um assunto que muitas
organizações quer, governamentais e não-governamentais se preocuparem com actual o estado
em que se encontram os ecossistemas do mangal, quer na região e no mundo, podendo chegar-se
a afirma que faz parte de um dos ecossistema em risco de extinção, devendo para o efeito estudos
profundos para contornar e/ou contribuir na minimização dos impactos da sua destruição.

1.2. Problematização
O mangal é um ecossistema marinho de elevada importância a avaliar pela sua aplicabilidade
pelas comunidades que vivem nas áreas de ocorrência desta espécie florestal, bem como para o
ambiente.

Em muitas regiões com forte ocorrência do ecossistema do mangal, as populações encontram


nele, multiplicidade de funções que vão desde a de ocupação das áreas de sua ocorrência para dar
lugar a novas habitações, aberturas de novos campos agrícolas, extração de troncos ou estacas
para carvão vegetal e matéria-prima para construção, abertura de salinas, bem como para
construção de barcos de pescas de pequenas escalas e ainda para a cura de enfermidades na área
de medicina tradicional, podendo contribuir de certo modo na modificação das áreas de
ocorrência do ecossistema do mangal.
5

Não só os homens que se beneficiam das potencialidades dos mangais, encontramos também os
animais marinhos bem como as aves, servindo-lhes de habitat bem como fonte de busca de
alimentação, servindo lhes de espinha dorsal.

Tomando em conta que o mangal é uma espécie florestal marinha, das regiões tropicais, das
águas com alta salinidade entre rios e mares, é notório no nosso país (Moçambique), a ocorrência
deste ecossistema marinho, em quase toda faixa costeira e com maior índice nas províncias de
Sofala e Maputo.

Estudos realizados pela MICOA3 avançam que:

”Cerca de 40% da população moçambicana vive ao longo da costa e têm como base da
sobrevivência a pesca, a agricultura e a caça e que para, além disso, as formações
florestais ao longo da costa funcionam como suporte madereiro para as construções locais
de casas e servem como fontes de matéria-prima para a construção de barcos, obtenção
de plantas medicinais para o tratamento de algumas doenças, bem como a produção de
carvão vegetal e produção de combustível lenhoso”. MICOA 2006:19.

Entretanto, na província de Sofala, na cidade da Beira, no bairro Muave predomina a ocorrência


do ecossistema do mangal dividindo o bairro entre espaços habitacionais e de ocorrência do
ecossistema do mangal, numa linha não administrativamente definida, podendo haver conflitos
entre os habitantes com as áreas da sua ocorrência.

E ainda, atendendo que o bairro Muave é uma região caracterizada por ocorrência de extensas
áreas de planície e muitas vezes susceptíveis a inundações é provável que as acções dos factores
naturais contribuam de certo modo, na alteração das áreas de ocorrência do mangal.

As características actuais do bairro e das áreas sob ocorrência do mangal, é provável que tenha
havido algumas modificações durante um período de dez anos, a avaliar pela crescente
necessidade de buscas de novos espaços para habitação, abertura de novos campos agrícolas,
corte de estacas entre outras formas de uso e aproveitamento de terra, assim como da acção dos
factores naturais, (acção das mares, dos ventos assim como das chuvas).

3
MICOA, Ministério de Coordenação da Acção Ambiental da República de Moçambique.
6

Desde modo, a ser verdade de haver acções humanas e naturais num conflito de interesse sobre
as áreas de ocorrência do ecossistema do mangal, no bairro de Muave, o autor desta monografia
levanta a seguinte questão de partida:

 Que transformações decorrentes da actuação de factores naturais e humanos sobre


as áreas do mangal no bairro Muave, na cidade da Beira de 2005 à 2015?

1.3. Hipóteses

 Degradação das áreas de mangais associados aos factores naturais e factores humanos
pode ser tida como uma das transformações decorrente dos factores naturas e humanos
nas áreas de ocorrência de mangais;
 Ocorrências de sistemas erosivos nas áreas de mangais devido a fragilidade dos solos que
se encontram descobertos podem ser tidas como evidências decorrente dos factores
naturais e humanos nas áreas de ocorrência de mangal.

1.4. Objectivos

Para a efectivação deste trabalho, foram empregues alguns objectivos de forma a tornar possível
a sua materialização, partindo-se desde mais gerais aos específicos.

1.4.1. Geral:

 Analisar as transformações decorrentes da actuação de factores naturais e humanos sobre


as áreas do mangal no bairro Muave, na cidade da Beira de 2005 à 2015.

1.4.2. Específicos:

 Apontar as principais evidências de transformação nas áreas do mangal decorrentes de


factores naturais e humanos na área em estudo;
 Explicar as formas de actuação de cada factor no processo de transformação das áreas do
mangal;
 Avaliar as taxas de uso e cobertura da terra da região em estudo num período de 10 anos
para aferir a tendência das transformações das áreas do mangal;
7

 Propor as formas de reaproveitamento das áreas do mangal degradadas.

1.5. Delimitação da Pesquisa

SILVA (1986:8), nos seus pronunciamentos afirma que para não se cair na imensidão dos factos,
o pesquisador ou cientista deve ser selectivo, ou seja, escolher os factos mais importantes para o
seu estudo.

Para o presente estudo, cujo objectivo principal procura-se analisar as transformações decorrente
da actuação de factores naturais e humanos sobre as áreas do mangal no bairro Muave, na cidade
da Beira de 2005 à 2015, o autor enfatiza duas formas de delimitação.

1.5.2. Delimitação da área de estudo

O estudo foi realizado, no vigésimo bairro Muave, na Cidade da Beira, província de Sofala em
Moçambique, que fica entre os bairros a norte bairro de Nhangau, a Este o bairro de Manga
Mascarenhas, a Oeste o rio Maria e Oceano Índico e a sul com o bairro da Chota, mas
concretamente nas áreas sob forte ocorrência do ecossistema do mangal do bairro.

1.5.3. Delimitação do espaço temporal

No que tange a delimitação do espaço temporal da presente pesquisa, compreendeu o período


equivalente de 10 anos (2005 à 2015), mas dividido em dois momentos, num intervalo de cinco
em cinco anos, que no entender do autor revestem-se de bases para tornar possível a realização
desta pesquisa.

A escolha de 2005, como período inicial de estudo desta pesquisa deveu-se no entendimento do
autor, por haver dificuldade de existência de imagens satélites sobre a área em estudo dos anos
anteriores que oferecessem boa visualização de forma que possibilitassem o seu estudo e
interpretação das suas pigmentações, sobre como era o estágio do ecossistema do mangal
naqueles anos.
8

Encontradas dificuldades face às imagens da região dos anos anteriores ao ano de 2005 e
havendo facilidade de acesso de imagens com qualidade aceitáveis para sua interpretação,
motivou o autor na escolha do ano de 2005 como período de partida da presente pesquisa.

Tendo em conta que as imagens de 2005 sobre as áreas de estudo já nos possibilitaanalisar com o
mínimo de precisão as taxas de modificações e ou de uso e cobertura de terra da área em estudo,
deste ano, nos oferecem elementos básicos de forma a nos conduzir a determinadas
interpretações quer dos factores naturais quer dos factores humanos sobre as áreas de mangais na
região em estudo.

Entende-se que um estudo comparativo necessita de envolvimento de diferentes momentos para


que possa se analisar o estágio de desenvolvimento de tais ocorrências, para o presente estudo
como aventamos nos parágrafos anteriores, foi necessário nesta pesquisa o entrelace dos
momentos que para além de 2005 que é o ano de partida, se têm o 2010 como intervalo médio e
2015, como fim, do período em estudo.

Um intervalo de cinco em cinco anos, somando 10 anos, é no entendimento do autor que pode
oferece-nos conclusões óbvias do que terá acontecido ou esta acontecendo em um determinado
espaço geográfico face aos factores naturais e humanos sobre um dado aspecto.

No entanto, definiu-se o ano de 2015, como ano limite de estudo desta pesquisa, devido
àpreferência do autor e porcoincidir com o momento em que o autor termina o curso.
9

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA

2.1. Ecossistema de Mangal

Segundo LITULO et al., (2008) citado por Luís (2011:33), ecossistema de mangais é uma
variedade de comunidades costeiras das zonas tropicais e subtropicais banhadas por uma
variedade de árvores e arbustos sempre verdes que crescem em regiões com água de elevada
salinidade.

Para COSTA et. al., (2011:11), mangais são florestas de espécies lenhosas que ocorrem nas
zonas costeiras das regiões tropicais e subtropicais dos oceanos Índico, Atlântico e Pacifico.

Os autores acimas, quando se referem ao ecossistema de mangais, notabilizam-se uma tendencia


de coscidência de ideias, mas não seu todo, diferentimente do SCHAEFFER-NOVELLI, (1989),
citado por (MITADER, 2015:7), que ao se referir dos mangais, aventa serem “ecossistemas de
transição entre os ambientes oceânicos e terrestres”.

Mas para AUGUSTINUS, (1995) citado por FERNANDES, (2005:14), Mangais são verdadeiras
florestas desenvolvidas em ambientes salinos a salobros salgados.

Para FAO4 (1994:37) os mangais “são formações características de plantas litorais que ocorrem
ao longo das costas tropicais e subtropicais que habitam uma área sujeita ao regime de marés em
litorais planos e que marcam uma lenta transição entre a plataforma continental e o mar”.

Na mesma senda de conceituar os ecossistemas de mangais, BEZERRA, (2005:12), prefer


enfatizar a sua importancia ao afirmar que elas constituem um ecossistema de extrema
importância para toda a faixa costeira, sob ponto de vista de sua capacidade de oferta de bens e
serviços para a mesma.

Para FERNANDES, (2005:14), essa importancia é devido as suas propriedades funcionais e


estruturais que são determinadas por um complexo de condições climáticas e físico-químicas
locais, tais como: temperatura do ar e da água, altura da maré, disponibilidade de água, de
nutrientes e de luz.

4
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura em inglês (Food and Agriculture Organization).
10

De acordo com Schepis (1994:21), as florestas de mangal cobrem menos de 0,1 por cento da
superfície terrestre global, e mesmo assim são responsáveis por um décimo do carbono orgânico
dissolvido que fluida terra para o mar.

No entendimento do autor da presente monográfia, o ecossistema de mangal pode ser entendido


como uma espécie florestal que se desenvolve nas encostas dos rios, marés e oceanos, nas
regiões tropicais e subtropicais nas áreas de alta salinidade e constitue um importante elemento
na proteção da linha da costa sobre a açao das marés bem como oferece abrigo de várias espécies
de animais até mesmo peixes para a sua reprodução.

2.2. Acção humana, acção ou pressão antrópica no ecossistema do mangal

O termo acçãohumana equivale dizer acção antrópica ou pressão antrópica, cujo entendimento
parte do princípio de que a presença humana em determinado espaçogeográfico desempenham
certaacção e deste resultar em algumas modificações/consequências e em função do seu nível de
acção pode ser negativo ou positivo.

Autor como Sawyer (1997), citado por Coutinho (2004:32), diz que a acção/pressão antrópica é
aquela que decorre do ponto de vista do ambiente atingido, ou por outra, o mesmo poderá sofrer
diversos tipos de interferências em seu ciclo natural de desenvolvimento. Para este autor, as
formas de interferências é que serão causadoras das diversas alterações que podem se
desencadear ao longo de todo o ciclo, provocando até, a extinção do próprio ambiente atingido.

Enquanto para Cintrón & Schaeffer, (1992), citado por (PEROTE, 2010:47), destaca a acção
humana como um dos principiais agente ou factor de degradação do mangal, podendo esta não
possibilitar a regeneração e o desenvolvimento do mesmo.

Assim, comparativamente aos pressupostos acima arrolados, falar da acção humana ou antrópica
sobre o ecossistema do mangal circunscrevesse nas acções que o homem empreende sobre ela,
pela busca de realização das suas necessidades por um lado e por outro, e por outro, das
consequências que desta prática contribuem para ambiente atingido, neste caso o ecossistema do
mangal.
11

2.3. Factores de transformação ou de degradação do ecossistema do mangal

Vários são os agentes que concorrem para a transformação das características do ecossistema do
mangal como apontam os estudos feitos por Soerianegara (1982), citado por (CAMARA,
2013:4), onde se destaca a pobreza e a falta da própria educação da população local, como
factores que influência sobremaneira na destruição das florestas de mangais.

Nesta busca pelo entendimento dos factores de transformação e/ou degradação do ecossistema do
mangal, assentámo-nos nos pronunciamentos de (Semesi & Howell, 1985) e (FAO, 1994), citado
por (GUEDES, 2002:54), que destacam factores naturais e humanos ou antrópicos como
princiapais agentes de transformação ou degradação dos mangais.

2.3.1. Factores naturais de degradação do ecossistema do mangal

GUEDES, (2002:54), aponta como fenómenos naturais que concorrem para a destruição do
mangal, as (tempestades, actividades vulcânicas, furacões, pestes, doenças, cheias, movimento
de sedimentos provocados pela erosão), enquanto MICOA (2007:17) destaca cheias, as secas
extremas e híper salinização dos pântanos de mangal, subida dos níveis dos rios e acção de ondas, como
agentes naturais de degradação dos mangais.

Para o autor, os agentes naturais como cheias, a acção das marés e a erosão são uns dos agentes
naturais visíveis que se destacam em grande medida na transformação das áreas de ocorrência de
mangal na área de estudo.

2.3.2. Factores humanos ou antrópicos de degradação do mangal

Autores como (Semesi & Howell, 1985) e (FAO, 1994), citados por (Guedes, 2002:54),
destacam como factores humanos na degradação do mangal, a acção humana descontrolada,
mudanças ecológicas, políticas e fiscalização inadequada, falta de coordenação e insuficiência de
medidas institucionais.
12

Para MITADER 5 (2015:4), na sua Estratégia de Plano de Acção Nacional para Gestão do
Mangal, aponta como principais factores que concorrem nas transformações do ecossistema do
mangal em Moçambique: Erosão, a urbanização, a aquacultura, poluição e efeito das mudanças
climáticas.

“A erosão actua no aumenta do volume de solos em áreas de mangal provocando


assoreamento e mudanças de substrato provocando morte do mangal, enquanto a
urbanização, através da ocupação de áreas de mangal para habitação e infra-estruturas
(...) aumento da procura de produtos tais como carvão, lenha e material de construção. Na
aquacultura e salinas, no abate do mangal para dar lugar ao passo que para a poluição
pelo derrame ou manuseamento inadequado de óleos em portos, no caso das mudanças
climáticas, através do aumento do nível médio do mar e desastres naturais como cheias”.
(MITADER, 2015:4).

Comparativamente ao MITADER (2015:4), para (SAKET & MATUSSE, 1994) citado por
GUEDES et al, (2002:49) aponta como principais causas da degradação dos mangais em
Moçambique:

 Extracção de combustível lenhoso e material de construção que acontece ao longo de


toda costa, mas com maior incidência nas cidades de Maputo e Beira devido à alta
densidade populacional.
 Abertura de áreas para construção de salinas, principalmente na zona do norte do País.
 Degradação provocada pelas mudanças ecológicas.
 Abertura de áreas para prática da agricultura, mais frequente na zona centro e norte do
país. (GUEDES, 2002:49).

2.4. Consequências da degradação dos ecossistemas de mangais

As acções predatórias contra o ecossistema do mangal resultam de certa medida em grandes


perdas deste ecossistema e dos seus múltiplos valores que elas têm para as comunidades.

5
Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural, na República e Moçambique,Estratégia de Plano de Acção
Nacional para Gestão do Mangal, 20015.
13

Entretanto, autores como (Semesi & Howell, 1985:45), nos seus escritos apontam como
resultado de consequências da degradação das áreas dos mangais:

 Redução da produção de madeira e lenha que resulta no abaixamento das receitas pagas
ao governo;
 Redução da fauna e flora dependente dos mangais com notável decrescimento da pesca
de camarão;
 Incremento da erosão costeira, que pode ter efeitos muito negativos para as construções
das vilas tais como residências locais, hotéis, etc..
 Incremento de sedimentação de recifes e corais que resulta na redução da produtividade
de peixes e redução do turismo.

2.5. Dinâmica da linha da costa

Falar da Dinâmica da linha da costa, é mesmo que falar do movimento ou mudanças que as
costas estão sujeitas, resultantes dos diferentes agentes de transformação.

Como afirma WILLIAMS, et al., (1992:32), citado por (Martins, et al., 2004:41), as zonas
costeiras são áreas extremamente dinâmicas, em constantes mudança, em respostas às forças
naturais e à actividades humanas.

Essas forças e actividades movimentam continuamente as linhas de costa, muitas vezes na


mesma direcção, mas frequentemente em direcções opostas.

Como resultado a forma da linha de costa sofre alterações. (Martins, et al., 2004:41).

Borges et al., (2004), corrobora com os pronunciamentos de (Martins et al., 2004:41), ao afirmar
que este dinamismo lhe é notório devido as acções dos factores naturais e humanos.

O litoral é um dos ambientes naturais mais dinâmicos e produtivos do planeta, assim


como um dos contextos mais importantes onde a actividade humana, sedimentar e
morfológica interagem, independentemente de ser ocupados por praias, campos de dunas,
estuários, ou outro conteúdo geomorfológico. (BORGE, et al., 2004:67).
14

Segundo Braga (2005) citado por Nascimentos (2009:6), “o dinamismo costeiro compreende
dois processos: o acréscimo e o recuo da costa”.

Para este, o acréscimo se dá quando a faixa da praia começa a avançar em direcção ao oceano,
ocasionado pela chegada de sedimentos advindos das correntes marinhas em relação à retirada
dos mesmos.

Entretanto, se a faixa costeira notabilizar-se o recuo sistemático a parte continental, é de concluir


que está havendo uma maior retirada de material da praia, este processo também é conhecido
como erosão costeira o recuo da costa em direcção ao continente. (BRAGA, 2005); citado por
(NASCIMENTOS, 2009:6).

2.6. Importância do ecossistema do mangal

Para Coutinho, (2004:19), a importância de um ecossistema está directamente ligada as suas


características naturais (ambiente físico, fauna, flora, etc.) bem como o papel que o mesmo
exerce num contexto local, regional e global.

Deste modo, o mangal pode enquadrar-se, sob ponto de vista de que estas características também
estão neles presentes devido à notabilidade de factores que fazem com que ela se torne um
ambiente exclusivamente único.

Alinhando a isso, do ponto de vista faunístico, o mangal possui uma imensa quantidade de
espécies que buscam e encontram neste ambiente, um local ideal para a coexistência até de
espécies de interesse económico para uma nação, como é o caso de camarões, os diferentes tipos
de crustáceos e caranguejos.

Para BADOLA, et al, (2005:32), os mangais desempenham um papel importante na protecção


das vidas e propriedades das comunidades costeiras na medida em que podem servir de barreiras
naturais contra tempestades e ciclones.

Pereira Filho &Alves (1999), citado pelo Rebelo (2001:13), corroboram com o pensamento de
(Coutinho, 2004:19), ao afirmar que o mangal desempenha muitas funções naturais de extrema
importância no meio ecológico bem assim como no meio económico, na medida em que:
15

“Serve de protector da linha de costa e da vegetação contra a acção erosiva das ondas,
águas das marés, dos ventos bem como serve de renovação da biomassa costeira, isto é,
áreas de águas calmas e ricas em alimento, os mangais apresentam condições ideais para
reprodução e desenvolvimento de várias espécies, incluindo de interesse económico,
como é o caso dos crustáceos e peixes”. (Pereira Filho & Alves, 1999), citado pelo,

(Rebelo, 2001:13).

O Relatório de Síntese de Avaliação Ecossistémica do Milénio (2006), o mangal fornece serviços


ambientais, identificados em quatro categorias, nomeadamente:

 Como agente regulador da atmosfera e clima, erosão, controle de doenças humanas,


processamento de água, controle de inundações;
 Fornecedor de bens e produtos para construção, extracção de sal, carvão vegetal, e
combustível lenhoso, assim como o processamento de pescado;
 Como servidor de serviços culturais de valor estético, (recreação/turismo, áreas sagradas,
pomadas e medicamentos tradicionais), e;
 Serve de coadjuvante nos processos naturais que mantêm outros serviços dos
ecossistemas, tais como reciclagem de nutrientes, a prestação de habitats de viveiro de
peixes, sedimentos, armadilhas, a filtragem de água e tratamento de resíduos.

Estudos recentes sobre mangais destacam os benefícios de ecossistemas e funções ecológicas de


sistemas de vegetação costeira, incluindo os serviços de sequestro de carbono fornecidos por
mangais. (Chevallier, 2013).

GILMAN, et al (2007:161) aventam que a redução de mangais ou a sua degradação põem em


perigo o seu papel de protector contra os riscos costeiros, como erosão, inundações, ondas de
tempestades e tsunamis.

Para o autor desta pesquisa, o papel do ecossistema do mangal vai desde a protecção da linha
costa sobre a acção das marés e erosão, matéria-prima para construção de habitação para as
populações de classe baixa, extracção de carvão vegetal, lenha assim como estacas usadas nas
construções dehabitação convencionais ainda no fabrico de barcos de pequenos porte e habitat.
16

CAPÍTULO 3: METODOLÓGIAS

Neste capítulo, buscamos trazer até a te, as metodologias adoptadas pelo autor para a realização
deste trabalho bem como descrever como elas foram usadosno decurso do trabalho.

3.1. Consulta bibliográfica

Antes de descrever como este método foi útil para o trabalho, encontramos subsídios nos autores
Júnior etal, (2011:239), que aventam que o ponto de partida de uma investigação científica deve
basear-se em um levantamento de dados e que este implica necessariamente:

“Num primeiro momento, que se faça uma pesquisa bibliográfica. No segundo momento,
que o pesquisador deve realizar uma observação dos factos ou fenómenos para que ele
obtenha maiores informações e, em um terceiro momento da pesquisa, o objectivo do
pesquisador é conseguir informações ou colectar dados que não seriam possíveis somente
através da pesquisa bibliográfica e da observação”. (JÚNIOR et al, 2011:239).

Corroborando com a visão dos autores acima, a presente pesquisa, iniciou pela percepção do
problema, o delineamento da pesquisa, o levantamento de hipóteses, busca de obras e sua
apreciação, o contacto com a área em estudo e a população de forma a possibilitar na colecta de
dados.

Ademais trata-se aqui de uma pesquisa de estudo de caso que segundo Gil (1999), citado por
Macedo (2009:49), o estudo de caso caracteriza-se pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objectos de maneira a que permita o seu conhecimento detalhado e amplo.

Em conformidade com (Yin, 1981) citado pela mesma autora Macedo (2009:49), o estudo de
caso é uma estratégia de pesquisa que investiga um fenómeno contemporâneo dentro do seu
contexto da realidade.

Gil (1999) corrobora com (Yin, 1981), mas acrescentar que o estudo de caso pode ser
exploratório, quanto descritivas e explicativas (Gil, 1999).

Perante os objectivos propostos neste trabalho como a de identificar, caracterizar, explicar, assim
como a construção de problematização, levantamento de hipóteses que podem ser pesquisáveis
17

para estudos de forma mais detalhada e estruturada posteriormente faz configurar a presente
pesquisa o carácter exploratório Gil (1999) citado por Macedo (2009:47).

A consulta bibliográfica na visão de Bervian& Cervo (1996) citado por Macedo (2009:49),
procura explicar das referências teóricas para maior ênfase livros e artigos científicos ao passo
que para Gil (1999), ela é desenvolvida por meio de material já elaborado, constituído
principalmente de artigos científicos e livros, sendo que a principal vantagem para este autor é
pelo facto de permitir ao pesquisador a cobertura de vários fenómenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar directamente.

Entretanto, para o presente estudo o método bibliográfico consistiu na busca de obras, que
versam sobre a matéria com maior enfoque nas obras de SEMESI, A. K e Howell, K. The
Mangrove of the Eastern Africa Region. Publishedby United Nations Environment Programme.
Nairobi-Kenya. 1985, de Benard S. Guedeset al, Manual de silvicultura tropical publicado2002,
bem como FAO, 1994 e MITADER, Estratégia e Plano de Acção Nacional Para Restauração de
Mangal 2015 – 2020 Maputo. 2015.

Entretanto, para a exploração dos conteúdos destes acervos bibliográficos foi necessário por
parte do autor a adopção do critério de leitura dos sumários executivos e índices de forma a
possibilitar a identificação dos aspectos e/ou conteúdos similares ou que interessam/relacionam-
se com a sua pesquisa, tendo surtido, com efeito, e tendo contribuído significativamente na
construção da fundamentação teórica e no entendimento do tema, cujas referências estão
marcadas nesta pesquisa.

3.2.Observação

A observação permite-nos colher impressões e registos através do contacto directo com os


aspectos a serem observados.

Ela é tida como uma das mais usadas técnicas de pesquisa (...) estandodirectamente
ligada à pesquisa de campo. Embora seja uma técnica até certo ponto espontânea (...)
permiti ao pesquisador o registo da ocorrência (...) em um determinado lugar e em
determinado período de tempo, classificando-os em categorias ou caracterizando-os por
meio de sinais. (CHIZZOTTI, 1998:53).
18

Portanto, nesta pesquisa a observação consistiu no uso de uma máquina fotográfica de marca
Nikon, que possibilitou ao autor na captação de imagens das áreas de ocorrência do ecossistema
de mangal, tais aspectos se destacam, corte de mangal para construção de habitações, carvão,
lenha, acção das marés, de erosão, as novas formas de ocupação dos espaços de desenvolvimento
do mangal e todos osaspectos que se julgou relevante no decurso das actividades do autor da
presente pesquisa.

Para tal, esta observação consistiu no deslocamento do autor ao local de estudo para observar o
estágio de desenvolvimento do mangal a fim de aferir as transformações resultantes da
conjugação dos factores naturais e humanos.

3.3.Entrevista

Para Arnoldi & Rosa (2006:17), a entrevista é uma das técnicas de colecta de dados considerada
como sendo uma forma racional de conduta do pesquisador, previamente estabelecida, para
dirigir com eficácia um conteúdo sistemático de conhecimentos, de maneira mais completa
possível, com o mínimo de esforço de tempo.

É a técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito do


seu objecto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao
comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições das acções,
incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios
entrevistadores. RIBEIRO (2008:141).

Segundo Gil (1999) citado pelos autores Júnior et al, (2011:240), as entrevistas podem ser
classificadas em: informais, focalizadas, por pautas e formalizadas.

Para esta pesquisa, a entrevista foi usada para subsidiar os resultados das interpretações dos
dados resultantes das análises cartográficas e da leitura das imagens da área em estudo fruto das
observações feitas pelo autor.

A entrevista foi informal, e por ser informal, foram escolhidas pessoas julgadas como
informantes chaves no sentido de serem inquiridas, entre moradores, pescadores, representante
19

do conselho comunitário dos pescadores (CCP) 6 , Exploradores do mangal entre outras com
intenções claras de colher informações atinentes a questão da pesquisa, confrontação dos
resultados e das hipóteses aprior levantadas.

3.4.Método cartográfico
Este método possibilitou ao autor na obtenção de mapas da área em estudo para a sua análise e
interpretações nos diferentes momentos que compreende o período em análise desta pesquisa.

A aquisição dos mapas foi possível através do uso de Software ArcGis7 9.3.1, permitindo no
entanto a aquisição dos mapas como a de localização geográfica, de uso e cobertura vegetal dos
anos 2005, 2010 e 2015 bem como sobre a dinâmica da linha da costa.

O mesmo método possibilitou a leitura das classes dos mapas quanto as suas taxas de
correspondência de forma a facilitar a aquisição das taxas de mudança e no entendimento dos
agentes com tendências de aumento e decréscimo sobre a área de estudo.

A escolha dessesoftware ArcGis 9.3.1, é por nos possibilitar imagens dos diferentes momentos
sobre a área em estudo aventa-se por ser menos oneroso e de fácil acesso, bastando por isso, ter
acesso ao aplicativo de busca, um computador com acesso à internet e facultar os dados precisos
da região independentemente da escala a aplicar mas também por oferecer dados viáveis capazes
de ditar efectivamente dos aspectos em estudo.

Abaixo, encontramos o quadro resumo das metodologias das metodologias aplicadas neste
trabalho e dos resultados previstos, bem como das fontes usadas.

6
CCP, Conselho Comunitário dos Pescadores, uma organização sem fins lucrativos que visam mitigar a pratica do
corte desenfreado do mangal.
7
ArcGis, É umSistema de Informação Geográfica(GIS)utilizado para criação e utilizaçãode mapas, compilação
dedados geográficos, analise deinformações mapeadas e gestão deinformações geográficas em bancos de dados.
20

Table 1: Resumo dos procedimentos metodológicos

Objectivo Perguntadepartida Metodologia Principais resultados Fontesutilizadas


Apontar as Quais as principais Análise cartográfica de Redução do ecossistema do Interpretação de mapas
principais evidências de mapas dos anos 2005, 2010 mangal e de espaço dos2005, 2010 e 2015,
evidências de transformação das e 2015 bem como a descoberto; bem como observação
1 transformação nas áreas de mangais observação directa foram Aumento das áreas direita subsidiada por
áreas do mangal decorrentes dos usados como metodologias residenciais meio de imagens
decorrentes de factores naturas e para identificação das comparativamente aos anos fotográficas.
factores naturais e humanos na área em evidências de transformação anteriores;
humanos na área estudo? das áreas de mangais Aumento de campos
em estudo; decorrente da acção dos cultivados;
factores naturais e humanos. Ocorrência de sistemas
erosivos devido à destruição
do mangal;
E ainda aparecimentos de
novas espécies florestais.
Explicar as Como é que os Consultabibliográfica Fundamentos teóricos sobre MITADER (2015:4);
formas de factores naturais e através de obras de autores as formas de actuação dos Saket &Matusse, (1994);
2 actuação de cada humanos actuam no que versam sobre a matéria factores naturais e humanos Guedeset al, (2002:49);
factor no processo processo de em estudo bem como a na transformação das áreas FAO, 19940; MICOA
de transformação transformação nas entrevista, a análise sob ocorrência do mangal (2007:17); Soerianegara
das áreas do áreas de mangal? cartográfica e a observação. evidenciando agentes como a (1982); (Camara,
21

mangal; salinidade, a erosão, acção das 2013:4); Mapas,


marés, corte de mangal, Imagens e moradores.
construção de habitação,
abertura de salinas, extracção de
carvão, lenha, e estaca.
Avaliar as taxas Como avaliar as taxas Análise de dados das Tendências de diminuição do Tabelas, figuras e
de uso e cobertura de uso e cobertura da tabelas, figuras e gráficos ecossistema do mangal, das gráficos de taxas de
3
da terra da região terra da região em resultantes de métodos áreas descobertas e mudança sobre uso e
em estudo num estudo para aferir as cartográficos ao longo dos consequentemente aumento cobertura de terra.
período de 10 tendências das anos. das áreas residenciais, campos
anos para aferir a transformações das cultivados e aparecimento de
tendência das áreas do mangal num novas espécies arbustivas bem
transformações período de 10 anos? como vias.
das áreas do
mangal.
Propor as formas Que formas de Consulta bibliográfica de Replantio de mangais e outras MITADER, 2015
de reaproveitamento autores que versam sobre espécies florestais que se MICOA, 2007.
4
reaproveitamento podem ser aplicadas aspectos relacionados adequam as condições
das áreas do nas áreas degradadas? formas de reaproveitamento hidrológicas e pedológicas
mangal das áreas degradadas. bem como a prática da
degradadas. agricultura.
22

CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA


ÁREA EM ESTUDO

Antes de abordar-se sobre a apresentação dos dados, sua análise e discussão, deu-se primazia
abordar primeiro a questão do enquadramento físico geográfico e socioeconómico da região em
estudo da presente monografia e de seguida da discussão dos dados e resultados encontrados.
Fonte:

4.1. Aspectos físicos geográficos da área de estudo

Mapa1: Enquadramento Geográfico do bairro em estudo

Fonte: Adaptado pelo autor através do Software ArcGis 9.3.1, WGS84, Z36S,

Em conformidade com o mapa 1, do enquadramento geográfico do bairro, podemos constatar


que o vigésimobairro Muave, esta situado no extremo oeste da cidade da Beira, e limita-se:

Norte: Nhangau,
Este: Manga Mascarenhas,
Oeste: Rio Maria e Oceano Índico, e;
Sul: Bairro da Chota.
23

4.1.1. Aspectos físico-geográficos e socioeconómicos da área de estudo


O Bairro de Muave compreende uma área total de cerca de 2320ha, de solos menos evoluídos e
ainda é caracterizado pela ocorrência de extensas áreas pantanosas susceptíveis as inundações
devido a sua geomorfologia que é plana e pela proximidade do mar, (LUÍS, 2011:61).

4.1.2. População
Segundo dados do INE, o vigésimo bairro Muave tem uma população de cerca de 6588
habitantes, numa densidade populacional de 2.83, dos quais 3.334 são homens e 3.254são
mulheres.
Fonte: INE, 2007-2040, Projecções, Anuais, da População Total das Províncias e Distritos 2007-
2040.

4.1.3. Actividade Socioeconómica da população


Em conformidade com os relatos dos nossos entrevistados, a maioria da população do bairro é
tida como desempregada, sendo a pesca, a agricultura e a exploração de mangal como
actividades pelas quais lhes garante o sustento de suas famílias. Este argumento encontra base na
tese de mestrado de LUÍS (2011:62), chegando a caracterizar a população deste bairro de
“pescadores e exploradores de mangais”.

As condições habitacionais dos moradores deste bairro são caracterizadas pelo uso do mangal
quer como matéria-prima quer em caos das convencionais na componente de andaimes assim
como o mangal é usado para fins como para produção de lenha e do carvão vegetal. Evidências
abaixo comprovam uma das aplicabilidades do mangal pelos moradores.

Figura1: Diferentes formas de uso de mangal pelos habitantes do bairro Muave.

Fonte: Autor/2016
24

4.2. Análise comparativa de uso e cobertura de terra nas áreas de ocorrência do mangal no
bairro Muave nos anos de 2005-2010 e 2015.

Mapa 2: Mapa de uso e cobertura da terra nas áreas de ocorrência do mangal no bairro de
Muave nos anos de 2005-2010-2015.

Fonte: Adaptado pelo autor através do Software ArcGis 9.3.1, WGS84, Z36S

Em conformidade com as imagens acima, dos mapas, referente aos anos de 2005, 2010 e 2015,
respectivamente, é evidente verificar modificações uma da outra. As modificações que se
evidenciam nestes mapas, estão associadasà acção dos factores naturais e humanos.

A conjugação dos factores naturais e humanos, nesta região, como a abertura de campos
agrícolas, corte desenfreado de mangais para uso nas construções de habitações, carvão, lenha, o
abate do mesmo para dar lugar à implantação de residências, tanques de peixes assim como a
acção das marés, da erosão e de mudanças climáticas, estão na origem destas transformações que
os mapas evidenciam.

Das leituras feitas pelo autor, constata-se que na medida em que os anos vão aumentando, é
evidente verificar que nas áreas de ocorrência do mangal, o mangal está diminuindo, ou melhor,
as colorações das imagens dos mapas, vão se diferenciando uma da outra. Enquanto o mangal vai
reduzindo, por um lado vão aparecendo novas espécies florestais, bem como aumento de áreas
residenciais, espaços descobertos, campos agrícolas e aumento da linha da costa.
25

Como avançam estudos feitos pelo MITADER (2015:4), na sua Estratégia de plano de acção
nacional para gestão do mangal, onde apontam como principais factores que concorrem nas
transformações do ecossistema do mangal em Moçambique: a erosão, a urbanização, a
aquacultura, poluição e efeito das mudanças climáticas, encontraou-se nesta região como
principais agentes de transformação nas áreas de ocorrência do mangal: o crescimento
habitacional, abertura de campos para à prática das actividades agrícolas, corte de mangal para
carvão e lenha, construção e acções das mudanças climáticas, erosão e aumento das águas.

Para a sua maior compreensão, relativamente à análise comparativa de uso e cobertura de terra
nas áreas de ocorrência do mangal no bairro Muave nos anos de 2005-2010 e 2015, pode-se ver
na tabela 2, do ponto 4.2, deste capítulo dos resultados da avaliação das taxas de uso e cobertura
da terra, dos períodos em estudo deste trabalho.

4.2. Avaliaçãodas taxas de uso e cobertura da terra da região em estudo num período de
10 anos para aferir a tendência das transformações das áreas do mangal.

As taxas de uso e cobertura da terra referente às áreas de ocorrência de mangais na região em


estudo, no período correspondente a 10 anos, (2005, 2010 e 2015), notabilizam-se uma tendência
de diminuição, por exemplo, do mangal e dos espaços descobertos enquanto outras categorias
tendem a aumentar caso específico das categorias de residências, campos cultivados e vias, como
demonstra a tabela 2, abaixo apresentado.

Table 2: Taxas de mudanças de uso e cobertura de terra das áreas de ocorrência do


Mangal, bairro Muave nos anos de 2005-2010-2015.

Categorias 2005 2010 2015 Mudança Taxa de Taxa anual de Leitura


(ha) mudança (%) mudança (%)
Mangal 183 142 108 -75 -40.9 -4.09 Redução
Residências 953 1038 1154 201,0 21.1 2.1 Aumento
Campos 543 564 623 80,0 14.7 1.5 Aumento
cultivados
Espaços 632 562 413 -219,0 -34,7 -3.5 Redução
descobertos
Vias 13 18 26 13,0 100,0 10.0 Aumento
Fonte: Autor, 2016.
26

A tabela 2, a categoria de mangal durante os 10 anos, período referente ao estudo desta


monografia evidencia uma tendência de redução na ordem de -4,09% de taxa anual de mudança.
Portanto, enquanto a área ocupada pelo mangal por equitares em 2005 era de 183ha, em 2010
passou para 142, chegando a atingir uma área muito baixa em 2015, na ordem de 108. Nesta
categoria, percebesse que de 2005 à 2015, houve uma mudança quanto ao mangal na ordem de
menos -75ha, devidos aos factores naturais e humanos.

A tendência de redução é também verificada na categoria de espaços descobertos, que tem-se


notabilizado com uma tendência de redução de uma área de 632 em 2005, para 413 em 2015,
numa taxa de mudança de cerca de -34,7% e taxa anual de mudança na ordem de -3,5%.

Diferentemente das categorias de mangal e dos espaços descobertos, de acordo com a tabela 2,
verifica-se uma tendência de crescimento/aumento das categorias de espaços residenciais,
campos cultivados e vias devido à acção humana.

Emdez anos, nas áreas de ocorrência de mangais, foram ganhando novas dinâmicas. Enquanto o
mangal reduzia, os espaços residenciais, campos cultivados e via foram ganhando novas
dimensões de abrangencia numa tendencia de aumento.

Os espaços residenciais, por exemplo, em 2005, ocupavam uma área de 953ha, passados dez
anos, a área ocupada pelas residências foi na ordem de 1154 em 2015, tendo registado uma taxa
anual positiva em relacao da area ocupada pelo mangal na ordem de 21.1% de taxa de mudança e
2.1% de taxa anual de mudança.

As afirmações dos nossos entrevistados concordam que o mangal tende a reduzir ao longo dos
anos, devido à acção predadora do homem na busca de realização dos seus intentos. O CCP,
afirma que o mangal tende a diminuir ao longo dos anos, como consequência da baixa renda das
populaçoes sobre as quais habitam nas imediaçoes das areas de ocoorrencia de ecossistema do
mangal, pós que é do mangal, onde garantem o seu sustento.

Para o senhor Francisco António, o mangal, localmente conhecido por Mpedje8, reconhece que a
sua exploração tem implicações para a reprodução dos peixes e redução das acções da erosão,
mas às vezes, esquecem desses benefícios que o mangal oferece buscando apenas resolver os

8
Mpedje, mangal em língua sena, segundo os meus entrevistados.
27

problemas que lhes apoquentam. Esse entrevistado entende que as áreas de ocorrência de
mangais hoje ganharam novas formas, pós, muitas delas estavam coberta pelo ecossistema, mas
devido à crescente procurar do mangal, para produção de carvão, da lenha, para construção e
venda, faz destas áreas ganharem novas dinâmicas.

A dona Lurdes com suas companheiras, corraboram na ideia de que o mangal esta a reduzir, mas
que esta redução não põe em risco o equil’ibrio ecológico do mesmo, pois este é resultado da
obra de Deus.

Em suma, durante os 10 anos do nosso estudo, relativamente às transformações nas áreas de


ocorrência do mangal, podemos verificar através de taxa anual de mudança percentual, que
houve um declínio para o ecossistema de mangal na ordem de -4.09% e espaços descobertos em
-3.5 e houve aumento nos restantes aspectos (categorias), como mostra o gráfico de taxa anual de
mudança abaixo exposto.

Gráfico 1: Taxa anual de mudança no uso e cobertura de terra de período de 10 anos

Taxa anual de mudança no período de 10 anos em (%)

Mangal; -4,09
Vias; 10
Residências; 2,1
Mangal
Campos cultivados; Residências
Espaços 1,5
descobertos; - Campos cultivados
3,5
Espaços descobertos
Vias

Fonte: Autor com base nos dados processados, 2016.

Traduzidos os dados representados na tabela 2, em forma de gráfico, nos é evidente verificar,


como foi à manifestação das diferentes classes ao longo dos 10 anos na região em estudo. Vide o
gráfico 2, abaixo apresentado.
28

Gráfico 2: Taxa anual de mudança das áreas de ocorrência do ecossistema do mangal em


10 anos (2005, 2010 e 2015).

1154
Taxa anual de
1038 mudança (%)
1200 2005
953
1000 623 2010
800 564
543 632562413 2015
600 108
142
183
400 26
200 18 2015
-4,09 2,1 2010
13
0 1,5
-3,5 10 2005
-200 Taxa anual de mudança (%)

Fonte: Autor com base nos dados processados, 2016.

Do gráfico podemos perceber que as categórias de mangais e espaços descobertos registaram os


seus valores mais altos em 2005, estando em decrescimo de 2005 para 2015, diferentimente dos
outros que tendem a aumentar em cada ano.

Enqunto o mangal e espaço descoberto registam rsinais negativos nos dez anos, as outras
categorias como as de espaços residenciais, campos cultivados e vias, registam um crescimento
representando sinais possitivos.

Das categorias que mais decresceu foi o mangal na ordem de -4,09% ao passo que as categorias
que tenderam a aumentar podemos destacar com maior relevo, os espacos residenciais.

A tendência de diminuição do mangal, estão na origem os factores naturas, através dos agentes
erosivos que verificar quase ao longo da linha da costa, a acção das marés, das mudanças
climáticas bem como em grande medida a acção dos factores humanos que de forma explícita
demonstra a figura.
29

4.4.Dinâmica de evolução da linha da costa nos anos 2005, 2010 e 2015


Tomando em consideração que factores como, dinamismo da linha da costa influência sobre
maneira na transformação dos ecossistemas marinhos, é evidente nesta região verificar um
dinamismo da linha da costa.

Durante 10 anos do nosso estudo, as imagens satélites abaixo, evidenciam um aumento cada vez
mais para o continente a linha da costa, apesar das dificuldades em apresentar a taxatividade da
nossa afirmação.

Figura2: Mapa da Dinâmica de evolução da linha da costa nos anos 2005, 2010 e 2015

Fonte: Adaptado pelo autor através do Software ArcGis 9.3.1, WGS84, Z36S

De acordo com os nossos entrevistados, são unânimes em afirmar que sob efeito da destruição do
mangal, a linha da costa esta ganhando proporções alarmantes sobre a costa, como resultado de
falta de materiais resistentes (mangal), devido à acção do homem bem como a da natureza.
Alguns são futuristas em afirmar que daqui a 2 ou 5 anos, a linha da costa possa aumentar na
ordem de 5 à 10m para o continente o que de certo modo vai comprometer aquilo que o actual
estado de mangal naquela região.

4.5.Evidências de transformação nas áreas do mangal decorrentes de factores naturais e


humanos na área em estudo

No concernente as evidencias das transformações nas áreas do mangal decorrente dos factores
naturais e humanos na área em estudo, o autor procura abordar esses aspectos dividindo as
evidências em aqueles resultantes dos factores naturais e humanos.
30

Entretanto, com base nos fundamentos de vários autores referenciados na fundamentação teórica
desta pesquisa foi o suporte na identificação das acções dos factores que em diante foram
abordados seguindo-se de imagens que servem de demonstração.

4.5.1. Principais evidências dos factores naturais sobre as áreas do mangal

Como avançam vários autores sobre a acção dos factores naturais sobre as áreas de ocorrência do
ecossistema do mangal, podemos destacar aqui como: a acção das marés associados às mudanças
climáticas e pelo fenómeno de Elimino e consequente fragilidade dos solos associados a acção
do homem sobre o mangal que desempenhava papel de protector, a ocorrência da erosão
possibilitando assim de certo modo a destruição das camadas das encostas e dos ecossistemas do
mangal.

Podemos evidenciar esta acção na imagem da figura abaixo, que demonstra o actual estágio da
linha da costa da área em estudo.

Figura3: Evidências da acção da erosão sobre as áreas de ocorrência do ecossistema do


mangal, como agente transformador das áreas de ocorrência de ecossistema de mangal.

Fonte: Autor/2016

4.5.2. Principais evidências dos factores humanos sobre as áreas do mangal


Relativamente à evidencias dos factores humanos na área em estudo, subsidiamo-nos nas
evidencias dos mapas de 2005, 2010 e 2015, sobre uso e cobertura da terra bem como na
interpretação da tabela 2, relativo a taxas de mudanças de uso e cobertura da terra.
31

De 2005 à 2015, as evidências mostram que houve uma tendência de diminuição dos
ecossistemas do mangal, das áreas descobertas e crescimento das areas residenciais, dos campos
cultivados bem como o aparecimento de novas espécies florestais como consequências dos
factores humanos, sendo que esses são tomados como principais evidencias das transformações
das áreas de mangais na área em estudo.

Figure 4: Evidências da actuação dos factores humanos nas transformações das áreas de
mangal. Extracção de carvao, construção de habitação nas áreas de mangais, abertura de
campos agrícolas, abertura de tânques para criação de peixe nas áreas de mangais e corte
de mangais para estacas.

Fonte: Autor/2016

4.6.Formas de actuação dos factores naturais e humanos no processo de transformação das


áreas do mangal

Quer os factores naturais quer os factores humanos estes actuam sobre maneira na transformação
das áreas de ocorrência do mangal, podendo a curto, médio ou longo prazo trazer impactos sobre
elas.
32

Os factores naturais, por exemplo, na área de estudo, podemos evidenciar como a acção das
máres e dos sistemas erosivos associados ao aumento do nível das águas provocado pelas
mudanças climáticas.

A forma de actuação desses agentes na transformação das áreas de ocorrência do mangal denota-
se na medida em que ações como as de o aumento da linha da costa sob acção do aumento do
nível das águas, a acção dos sistemas erosivos bem como das quedas pluviométricas em
pequenas ou grandes quantidades, influenciam sobre maneira no desenvolvimento dos
ecossistemas do mangal.

Nas encostas do local em estudo, principalmente nas margens do rio Maria, a linha da costa está
cada vez mais aumentando a sua área erodindo as áreas onde se desenvolviam os mangais
transformando assim, nas áreas de ocorrência de mangal em costa, assim como a acção das
máres altas, trazem consigo depósitos que se encalham nas áreas de mangais contribuindo assim
na sua degradação.

Figura5: Acção das marés altas na transformação da linha da costa devido a fragildade dos
solos, e seca das áreas de ocorrência de mangais condicionando o seu desenvolvimento.

Fonte: Autor/2016

Nas imagens acima podemos verificar na primeira que a acção das águas das máres constituem
uma ameaça sobre o mangal, tendo em conta que ela vai arrastando os solos pelos quais os
mangais se encontravamestabilizada, criando assim novas características nestas áreas.
33

Em relação aos factores humanos, a sua actuação traduz-se na medida em que o homem busca no
mangal, multiplicidade de funcionalidade para os seus intentos.

Relatos por exemplo do CCP, apontam a precariedade financeira dos moradores próximosas
áreas de ocorrência dos mangais como factor catalisador da actuação da acção humana sobre o
ecossistema do mangal, sobretudo na área em estudo.

Esses factores humanos circunscrevessem na medida em que as pessoas buscam a todo custo no
corte do mangal para responder as suas necessidades e preferências. Na medida em que o homem
que se realiza o cortedo mangal para a construção de habitação, extracção de carvão, da lenha, de
estacas usadas para andaimes nas construções de habitações melhoradas ou convencionais,
influencia em grande medida na diminuição do ecossistema do mangal.

Encontramos também como forma de actuação dos factores humanos na apropriação das áreas de
ocorrência do mangal que é destruído para dar lugar a abertura de campos cultivados, detangues
para criação de peixes, tornando assim os solos expostos, descobertos e susceptível a acção dos
ventos e da erosão.

Figura6: Formas de actuação dos factores humanos.

Fonte: Autor/2016

4.7.Formas de reaproveitamento das áreas do mangal degradadas


Das analise feitas face às transformações das áreas de mangais decorrentes dos factores naturais
e humanos na região em estudo, o autor aventa que:
34

 As áreas de ocorrência de mangal em estado degradação podem ser reaproveitas para


servirem de espaços de lazer, a avaliar pelas belas imagens paisagísticas que elas
oferecem;
 Podem servir para pasto, tomando em conta, que em alguns espaços apresentam capins
poucos desenvolvidos;
 Podem ser reaproveitados para o plantio de novas espécies capazes de se desenvolverem
em espaços onde se degradou o mangal;
 Os espaços podem também serem reaproveitados para a prática da agricultura bem como
abertura de tangues para criação de peixes, tendo em conta que os tangues são feitos em
espaços com permeabilidade.
35

Conclusão
Em jeito de conclusão do presente trabalho, em conformidade com os objectivos propostos,
encontramos na área de estudo como principais transformações na área de ocorrência do
ecossistema do mangal, a diminuição acentuada mesma ao longo dos 10 anos na ordem de -
4.09% relativamente a taxa anual de mudança bem como redução dos espaços descobertos na
ordem -3.5%.

Enquanto o se verifica a diminuição do ecossistema do mangal e dos espaços descobertos ao


longo dos anos associados aos factores naturais e humanos, no sentido oposto encontramos
aumento de espaços residenciais, campos agrícolas bem como aumento da linha da costa.

O evoluir dos espaços residenciais bem como de campos agrícolas, nas áreas que antigamente
eram de ocorrência do mangal, destacamos como evidências das acções humanas empreendidas
sobre ela, ao longo dos tempos.

Posto que antigamente estes espaços eramde ocorrência do mangal e uma vez ocupados pelo
homem, foi substituindo progressivamente as características naturais desses espaços por meio de
para além da expansão de residências, campos agrícolas, há registos de corte de mangal para uso
nas construções, na extracção de carvão, lenha, estacas bem como abertura de tangues para
criação de peixes.

O método cartográfico, por exemplo, aplicado na aquisição de imagens satélites dos diferentes
momentos, principalmente dos anos 2005, 2010 e 2015, as suas imagens dão evidências de
alteração quanto ao aspecto de ocorrência do mangal no período em estudo, por que na medida
em que os anos vão ascendendo, a taxa de ocorrência do mangal foi decrescendo.

Os factores humanos de transformação nas áreas de mangais, segundo os nossos entrevistados


apontaram como razões de acções predadoras do homem, como fruto das condições
socioeconómicas dos moradores, visto que na sua maioria são pescadores e exploradores de
mangais.

O aumento do nível das águas do mar, da acção dos sistemas erosivos bem como a condição dos
solos, influencia sobre maneira na transformação das áreas de ocorrência do mangal.
36

Neste sentido, o autor entende que os espaços degradados pelos factores naturais e humanos
podem ser reaproveitados para outros fins como lazer, pastagens, agricultura bem como replantio
de novas espécies florestais.

A observação como um dos métodos recorrido pelo autor deu constatações de existência nas
áreas de ocorrência de mangais, abertura de tangues para criação de peixe, ocupação de espaço
para fins agrícolas, residenciais e destruição e constatação de uma tendência crescente de
aumento da linha da costa como evidências de transformação nas áreas de mangais,
consubstanciados com a revisão bibliográfica bem como da entrevista dos moradores.

Entretanto, em gesto de minimizar tais ocorrências ou choque dos factores naturais e humanos
nas áreas de ocorrência do ecossistema de mangais, é necessário que haja uma coordenação e
exploração racional dos recursos do ecossistema de mangais.
37

Sugestões
O ecossistema do mangal na área de estudo, das conclusões obtidas neste trabalho, revelam que
estes tendem a diminuir associados aos factores naturais e humanos. Nos factores humanos
destaca-se aumento de espaços residênciais, campos cultivados, diminuição de áreas descobertas
e evidências de aberturas de tanques para criação de peixes.
Notabilizando-se uma tendência de redução do ecossistema do mangal, associado aos factores
acima descrito, o autor propõe algumas sugestões para que as acções exercidas sobre o
ecossistema do mangal não esteja em extremo risco de degradação.
Em gesto de sugestões neste trabalho avanço três delas:
1. Tendo em conta das afirmações dos nossos entrevistados, que apontam que a destruição
do ecossistema do mangal, está associada à questão da pobreza das comunidades que
encontram no mangal fonte de rendimento para o sustento familiar, de matéria príma para
construção bem como da ocpupação dos espaços pelos quais são de ocorrência de
mangais para espansão dos espaços residênciais e agrícolas, sugiro que estas actividades
sejam coordenadas com os comites de gestão e as autoridades locais, sentido de se evitar
uma onda crescente de degradação do mangal, tendo em conta a sua importância para o
ambiente bem como para linha da costa e dos animais e peixes;
2. Que as áreas com maior perda do ecossistema do mangal, sejam literalmente proíbidas de
mais uma actividade de extracção deste recurso, por forma a dar espaço a regeneração;
3. Que as autoridades locais, os agentes de floresta e fauna bravia, bem como os da terra e
meio ambiente, somem esforços no sentido de delimitar as áreas que oferecem condições
habitacionais seguras, sem, no entanto entrar em choque com as zonas frágeis (de
ocorrência do ecossistema de mangal e outras florestas marinhas), sendo estas, muito
importante para minimização das acções dos ventos e erosão de terra.
38

Bibliografia

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39

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29. SILVA, Albina Santos.et al. Geografia 7º ano, 2ª Edição, Texto Lda. Lisboa, 1986.
40

APÊNDICES
41

Apendice 1. Guião de entrevista para recolha de dados com as populações da área de


estudo.

Universidade Pedagógica, Delegação da Beira


Guião de entrevista para algumas populações dobairro de Muave julgadas informantes chaves
para a colecta de dados sobre o ecossistema do mangal.
Trabalho de culminação de curso para a obtenção do Grau de Licenciatura em Ensino de
Geografia.

Tema: Estudo das transformações nas áreas do mangal entre factores naturais e humanos no,
no bairro Muave, cidade da Beira entre 2005 – 2015.

Caro entrevistado à quem tenho o prazer de entrevistar, é com muita honra que me dirijo
a você com esperam de melhor me informar a cerca do tema que tenho a abordar.

01 O mangal é dos ecossistemas marinho de grande importância para as populações da faixa


costeira. No vosso caso, qual tem sido a vossa aplicação?
02 Quais têm sido as razões de preferência do abate do mangal?
03 Comparativamente aos anos passados, em que nível de desenvolvimento de mangal se
encontra actualmente?
04 Quais as consequências ou razões de destruição do mangal no seu entender como
cidadão?
05 Qual é o maior agente de destruição do mangal entre a erosão, ciclone, marés e o homem?
06 Como evitar a degradação acentuada?
07 O que acontece quando há perda do mangal nas áreas onde eram do domínio do mangal?
42

Apendice 2. Guião de resposta de entrevista na de dados com as populações da área de


estudo.

Universidade Pedagógica, Delegação da Beira


Guião de resposta dos entrevistados adquiridos no ambinto da realização da entrevista no
bairro de Muave para a colecta de dados sobre o uso do ecossistema do mangal.
Trabalho de culminação de curso para a obtenção do Grau de Licenciatura em Ensino de
Geografia.
Tema: Estudo das transformações nas áreas do mangal entre factores naturais e humanos no,
no bairro Muave, cidade da Beira entre 2005 – 2015.
01 O mangal é dos ecossistemas marinho de grande importância para as populações da
faixa costeira. No vosso caso, qual tem sido a vossa aplicação?
R%: CCP. O mangal, conhecido localmente por mpedje é uma das espécies florestais
mais usados pelas comunidades aqui arredores na maioria das vezes usado nas
construções, extrair carvao, lenha assim como estacas nas obras (andaimes).
02 Quais têm sido as razões de preferência do abate do mangal?
R%: CCP. Das constatações que temos vindo a observar, é de que a maioria julgam ser
uma forma de aliviar a situação económica, corte para dar lugar machambas, troncos,
lenhas, carvao e para venda de estacas para construção de casas.
03 Comparativamente aos anos passados, em que nível de desenvolvimento de mangal
se encontra actualmente?
R%: CCP. O mangal hoje comparativamentos aos tempos já idos, tende a diminuir
devido a elevadas quantidades de cortes que se verifica, pos nós do CCP, como entidade
acredita no contrelo do mangal, temos registado vários casos de cortes
comparativamente aos anos atras.
04 Quais as consequências ou razões de destruição do mangal no seu entender como
cidadão?
R%: CCP. A maioria das pessoas que já inteditamos, falam-nos da falta de condições
financeiras como uma das razoes pelo abate dos mangais. Se fores a ver, a maioria são
desempregados, pais e encarregados de educação mas devido difícil situação financeira
43

mesmo reconhecendo dos impactos, optam no corte de mangal como única alternativa
para luta de sobrevivência, numa actividade quase nómada, saindo de um espaco para
outro em relação ao corte do mangal.
05 Qual é o maior agente de destruição do mangal entre a erosão, ciclone, marés e o
homem?
R%: CCP. Todos contribuem para a destruição do mangal, alguns deles são periódicos
mais em grande escala afirmo ser o homem. Nós semanalmente temos constatados casos
de corte de mangal. Veja que devido ao corte de mangal, a praia esta ganhando
proporções para o continente o que me parece daqui a três ou cinco anos, a costa possa
aumentar em dois ou ate cinco metros da sua área para o interior. Veja ainda que
aquelas áreas onde esta haver erosão devesse a falta de mangais.
06 Como evitar a degradação acentuada?
R%: CCP. Uma das formas de evitar seria não optar pelo corte desenfreado do mangal,
porque se fosse para leis, nós fomos criados para vigiar o mangal, mas mesmo assim há
cortes, pior agora com essa crisse, muitos se lancam a procura do mangal, mesmo
sabendo que se formos a lhes encontrar, iremos levar o produto e nalgumas vezes não
levamos, porque serve-lhes de garantia para o sustento das suas famílias. Veja que esta
casa estamos a construir com base no mangal apreendido pelos exploradores do mangal,
que mesmo assim, uma vez pegue, devem pagar uma multa de 600mt para o CCP.
07 O que acontece quando há perda do mangal nas áreas onde eram do domínio do
mangal?
R%: CCP. Na perda do mangal, tem muitas implicações pos é no mangal em que os
peixes se reproduzem. Como dizia a pouco tempo, a linha da costa esta aumentar, bem
como nalguns espaços estão semi-abertos isto tudo são efeitos da destruição do mangal.
A facilidade de um dia, nas áreas onde erram de mangais não voltarem a serem ocupados
pelos mangais é maior assim, como a expansão da costa. Veja tambem que uma extensa
área de mangal so se vem, arbustos ou quase pequenas estacas de mangais e isso afecta
tambem na reprodução dos peixes, hoje o peixe esta a reduzir. Quase que tem
implicações elevadíssimas para nós próprios destruidores do mangal.
44

Apendice 3. Guião de observação para recolha de dados na área de estudo.

Universidade Pedagógica, Delegação da Beira


Guião de observação para recolha de dados nas áreas de ocorrencia do ecossistema do mangal.
Trabalho de culminação de curso para a obtenção do Grau de Licenciatura em Ensino de
Geografia.

Tema: Estudo das transformações nas áreas do mangal entre factores naturais e humanos no,
no bairro Muave, cidade da Beira entre 2005 – 2015.

01 A observação na área de estudo tomou em consideração os seguintes aspectos:


1.1 Observação do estágio actual do ecossistema de mangal
1.2 Formas de uso do ecossistema do mangal.
1.3 Formas de ocupação das áreas de ocorrência de mangais.
1.4 Existencia ou não de evidencias de cortes de mangais.
1.5 Existência ou não extração de carvão e diferentes formas de aplicação de mangais na área
de estudo pelas populações locais.
1.6 Observar o dinamismo da linha da costa em relação ao papel do mangal sobre ela.
1.7 Observar a linha da costa em relação ao fenómeno de erosão costeira.

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