Você está na página 1de 32

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

FACULDADE DE AGRICULTURA
CURSO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA AGRÍCOLA E ÁGUA RURAL

PROTOCOLO DE MONOGRAFIA CIENTÍFICA

Micro-análise de Superfície e Subsuperfície na Discriminação da Ocorrência de Erosão,


Assoreamento e Danificação do Aterro Sob o Canal Principal de Rega no Bloco de Magula, no
Regadio do Baixo Limpopo

Autor: Código:

Euler João Pedro Marapusse 2017535

Tutor:

Engº: Luís Joaquim Maloa, MEngSc

Lionde, Fevereiro de 2023


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

Protocolo de investigação sobre A Microanálise de Superfície e Subsuperfície na


Discriminação das Ocorrências Recorrentes de Erosão, Assoreamento e Danificação do
Aterro sob o Canal Principal de Rega no Regadio do Baixo Limpopo, a ser apresentado ao
Curso de Engenharia Hidráulica Agrícola e Água Rural na Faculdade de Agricultura do
Instituto Superior Politécnico de Gaza, como requisito para o início de actividades de
investigação no âmbito do Trabalho de Culminação do Curso em forma de Monografia em
Engenharia Hidráulica Agrícola e Água Rural.

Autor: Euler João Pedro Marapusse

Tutor: Engº Luís Joaquim Maloa, MEngSc.

Lionde, Junho de 2023

ii
Índice Geral

ÍNDICE DE FIGURAS.......................................................................................................v
ÍNDICE DE TABELAS.......................................................................................................v

LISTA DE QUADROS………………………………………………………….....……………v

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS...................................................vi

DECLARAÇÃO................................................................................................................viii
RESUMO..........................................................................................................................ix

ANTECEDENTES..............................................................................................................x

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................12

1.1 OBJECTIVOS:................................................................................................................13

1.1.1 Geral:.......................................................................................................................13

1.1.2 Específicos:..............................................................................................................13

1.2 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA.................................................................................13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................................15

2.1 EROSÃO.........................................................................................................................15

2.1.1 Agentes de Erosão...................................................................................................15

2.1.2 Formas de Erosão....................................................................................................15

2.1.3 Erodibilidade do solo...............................................................................................17

2.1.4 Factores que influenciam a erosão...........................................................................18

2.2 ATERRO.........................................................................................................................20

2.3 TALUDE.........................................................................................................................20

2.4 MOVIMENTOS DE MASSA........................................................................................21

2.4.1 Movimentos de massa superficiais..........................................................................21

2.4.2 Escorregamento em aterro.......................................................................................21

2.4.3 Escorregamento devido à inclinação.......................................................................22

2.4.4 Escorregamentos por percolação de água................................................................22


iii
2.4.5 Resistência ao Cisalhamento dos Solos...................................................................22

2.4.6 Ruptura dos agregados.............................................................................................22

2.4.7 Ensaio de Cisalhamento directo...............................................................................23

2.4.8 Análise granulométrica............................................................................................23

2.4.9 MICROANÁLISE...................................................................................................23

3 METODOLOGIA..................................................................................................................25

3.1 Localização da área de Estudo........................................................................................25

3.2 Abordagem Metodologica...............................................................................................25

3.2.1 Métodos de estudo implicados no trabalho.............................................................25

3.2.2 Colecta e Preparação de Amostras..........................................................................26

3.2.3 Ensaios de Caracterização Geotécnica....................................................................26

3.2.4 Ensaio de Analises Químicas...................................................................................29

3.2.5 Ensaio de Análise Mineralógica..............................................................................30

3.2.6 Caracterização Geotécnica e Classificação do Solo Segundo Metodologia MCT. .30

4 RESULTADOS ESPERADOS.............................................................................................32

5 CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO E FACTORES DE RISCO...........33

5.1 Condições Para a Realização do Trabalho......................................................................33

5.1.1 Condições para a implementação do trabalho.........................................................33

5.2 Factores de risco..............................................................................................................33

6 CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES................................................................................34

7 PLANO ORÇAMENTAL.....................................................................................................35

8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................36

Índice de Figuras
iv
Figura 1- Composição de partes de um talude……………………………………...........18
Figura 2 - Exemplo de curva de distribuição granulométrica do solo……………...........21
Figura 3 - Mapa da província de Gaza, distrito de Chongoene.......................................23

Índice de Tabelas pág.


Tabela 1- Classificação da erosão pelos factores activos……………………………….14
Tabela 1.1- Classificação da erosão de acordo com as dimensões…………………….14
Tabela 1.2 – Susceptibilidade à erosão pela textura dos solos…………………...........15
Tabela 2 - Erosão e tipos de problemas relacionados aos taludes……………………..16
Tabela 3 - Plano de actividades de execução do trabalho……………………………..…32
Tabela 4 -Custos de orçamentação do trabalho………………………………………..…33

Lista de Quadros
Quadro 01- Problemas ligados aos taludes….……………………………………………19

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS, SIGLAS E ACRÔNIMOS

A Área da secção transversal

ABGE Associação Brasileira De Geologia De Engenharia

v
ABNT Associação Brasileira De Normas Técnicas

Ac Área da secção transversal corrigida do corpo de prova

c’ Coeficiente angular da parte mais inclinada e rectilínea da curva Mini-MCV

c Coeficiente de coesão do solo

cm Centímetros

d’ Coeficiente angular da parte rectilínea mais inclinada do ramo seco da curva de


compactação correspondente a 12 golpes

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DRX Difracção de Raio-x

DTPA Solução extractora (Ácido dietileno triamino pentacetico)

e’ Erodibilidade específica

FAO Foodand Agriculture Organization

g Aceleração da gravidade

g Gramas

h Horas

h(%) Humidade em percentagem

KCl Cloreto de potássio

Km Quilómetros

L Largura da amostra

MAE Ministério Da Administração Estatal

MCT Miniatura Compactada Tropical

MDPD Ministério Da Planificação E Desenvolvimento

MICOA Ministério Para A Coordenação Da Acção Ambiental

N Carga vertical aplicada ou força normal actuante sobre o corpo de prova


vi
Ø Ângulo de atrito interno
Pa Peso da água contida na amostra de solo

ρf Massa específica do fluido

PH Potencial Hidrogeniônico

pi Perda de massa por imersão

PNUD Programa Para Nações Unidas Para Desenvolvimento

ρs Massa específica do sólido

Ps Peso da parte sólida da amostra do solo

RBL, E.P Regadio do Baixo Limpopo, Empresa Publica

τ Tensão de cisalhamento

T Força tangencial

τf Resistência ao cisalhamento

u Pressão neutra do solo ou Poropressão

µ Viscosidade do fluido
Vt∞ Velocidade terminal da partícula

σ Tensão normal
δh Deslocamento horizontal

vii
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

DECLARAÇÃO

Declaro por minha honra que este Protocolo de Culminação do Curso é resultado da minha
investigação pessoal e das orientações dos meus tutores, o seu conteúdo é original e todas
as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia
final. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição
para propósito semelhante ou obtenção de qualquer grau académico.

Lionde, _______de __________________de _____________


_______________________________________

viii
RESUMO

Este trabalho tem como objectivo estudar os fenómenos erosão e assoreamento/movimento de


massas que ocorrem nos taludes do aterro do canal principal de rega no bloco de Magula, do
Regadio do Baixo Limpopo, perspectivando analisar a nível micro (Partículas <2µ) e com
profundidade as causas que deflagram a sua frequente ocorrência a partir de uma microánalise do
solo de superfície e subsuperfície, caracterizando as propriedades físicas, químicas e
mineralógica do solo de composição dos taludes. Esta caracterização e análise do solo
compreenderão a realização de ensaios de laboratório, que indiquem o tipo de micropartículas
presentes, assim como os argilo-minerais que constitui o solo, activada da fracção argila e
determinar a resistência do solo à desagregação.

Para o efeito destes irá se apoiar em ensaios e analises geralmente empregues em estudos
geotécnicos de solos e análises de micropartículas constituintes nestes. Desta forma realizar-se-á
a análise granulométrica para determinação e classificação de partículas com até 0,002mm de
diâmetro e a micro-granulometrica pelo método de Sedigraph para as partículas <2µ, e ainda com
a caracterização química e análise mineralógica, classificar-se o tipo de argilo-minerais estão
presentes no solo do corpo do aterro e nos taludes, podendo assim analisar até que ponto estes
estão associados a ocorrência dos problemas sofrido pelo aterro, e os elementos químicos e a
matéria orgânica que se encontra no mesmo, que reúne influências nos vários factores que
interferem na erosão e escorregamento dos solos. Com isso também serão realizados os ensaios
de resistência do solo ao cisalhamento directo e desagregação com amostras totalmente
submersas, na caracterização física. Os procedimentos dos ensaios para a pesquisa seguiram as
normas regulamentadas pela ASTM (American Society for Testing and Materials), Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com as normas NBR, DNER e DNIT e as metodologias
apresentadas por autores para a execução de análises e caracterização de solos em ensaios de
laboratório e de campo á serem realizados.

Palavras-chave: Taludes, micropartículas, caracterização do solo;

ix
ANTECEDENTES

A Empresa Regadio do Baixo Limpopo actua no ramo agrário e, é uma Empresa Pública com
missão de promover o desenvolvimento da economia agrária da região do Baixo Limpopo. Na
RBL existe varias estruturas de condução da água para a realização das suas actividades com
regularidade e um nível óptimo de qualidade. Foi construído um canal de rega no bloco de
Magula no perímetro irrigado do regadio e inaugurado em 2017, e este foi construído com vista a
melhorar as actividades agrícolas naquela localidade. O canal é de secção trapezoidal com
revestimento em betão, construído sob um aterro com solo de textura argilosa aparentemente,
com uma altura de 4.5m e um comprimento de 7.4km. Entrando em funcionamento, este
apresentou alguns problemas, sendo um deles a ocorrência de movimento de massa e/ou linhas
erosivas nos taludes do aterro. O que se observa no campo resulta da fraca compactação e ligação
do material envolvente. Estudos faltam que procuram observar e estudar as micropartículas no
solo do aterro, usados para a compactação e construção.

Foi realizado um trabalho de investigação científica de avaliação do comportamento mecânico do


aterro sob o canal, devido aos problemas apresentados pelo mesmo, e por este ter sofrido
galgamento, que causou o arraste de uma das partes do talude do aterro. A quanto da realização
do trabalho de avaliação do comportamento mecânico do solo do aterro, o estudo revelou que os
taludes à esquerda e à direita do aterro apresentam inclinações diferenciadas, sendo o da esquerda
com uma inclinação de proporção de 1:1 e o da direita com uma proporção de 1:1.5. Observou-se
também que no talude a direita ocorre erosão por sulco e apresenta linhas erosivas que variam de
0.05 a 0.35m, e o talude a esquerda linhas que variam de 0.05 a 1.10m ocorrendo erosão por
ravinamento. Não existem estudos aprofundados sobre a micro-análise de superfície e
subsuperfície para a discriminação da ocorrência de erosão, assoreamento e danificação de
aterros, que permitirá compreender que tipo de material e em que quantidade existem a proporção
de argila (partículas com 0,002 mm) e as micro (partículas <2µ) para o processo de construção.

x
1 INTRODUÇÃO
Normalmente as obras de construção civil implicam a movimentação de solos dum local para o
outro e a construção de aterros. Todas as obras de Engenharia Civil seja ela de pequeno ou
grande porte, demandam a execução da terraplenagem a fim de adequar o terreno ao projecto que
será implantado. Segundo DOUGLAS (2010), ocorre, portanto, uma movimentação de terra na
qual os volumes gerados (escavação e aterro) são totalmente utilizados de forma a elaborar-se um
projecto com o menor custo. As operações de aterro compreendem a descarga, o espalhamento, a
correcção da umidade (umedecimento ou aeração) e a compactação dos materiais escavados, para
confecção do corpo e da camada final dos aterros (Pereira et al 2015).

Aterros constituem todos aqueles segmentos da via cuja implementação requer o depósito de
materiais (que deverão ser criteriosamente seleccionados), podendo estes serem oriundos dos
próprios cortes e/ou áreas de empréstimo (Carvalhais, 2017). O projecto de um aterro implica na
consideração das características do material com o qual vai ser construído, como também das
condições de sua fundação (Marangon, 2009). Os aterros sobre fundações compressíveis (solos
moles) incorporam diferentes concepções para a superação dos problemas geotécnicos
provenientes da baixa resistência ao cisalhamento e sua elevada compressibilidade (Carvalhais,
2017). Naturalmente que os taludes provenientes da má execução de aterros podem também levar
ao movimento de massas de solos (Marangon, 2018).

As argilas são agregados finos naturais que possuem vários significados em função dos diferentes
campos de aplicação (Ferreira 2010). Os solos argilosos são um material de grande utilidade no
ramo da construção civil por conta das suas características especificas e principalmente sua
resistência em altas temperaturas. Geralmente, um solo quando é transportado e aterrado está
num estado relativamente fofo e heterogéneo e, portanto, pouco resistente e muito deformável.
Compactar um solo aumenta a sua resistência, diminui a permeabilidade e a absorção de água, ou
seja, o solo compactado apresenta melhores propriedades de engenharia, tais como: aumento da
estabilidade, maior impermeabilidade (Debora Freitas, 2020).

Terzaghi (citado, por Marangon, 2009), fala que o movimento dos maciços de terras depende,
principalmente, da sua resistência interna ao escorregamento. Marangon (2009) afirma que os
escorregamentos de taludes são causados por uma redução da resistência interna do solo que se
opõe ao movimento da massa deslizante e/ou por um acréscimo das solicitações externas

Euler João 11
aplicadas ao maciço. O comportamento dos solos diante da erosão está relacionado à propriedade
de erodibilidade dos mesmos, que sofre influência directa de características químicas, físicas e
mineralógicas intrínsecas do solo (HOLANDA, 2017).

Avaliando o canal principal de rega na localidade de Magula, assente sobre um aterro de textura
aparentemente argilosa, com 7.4km de comprimento que possui inclinações diferenciadas de 1:1
e 1:1.5 nos taludes à esquerda e direita, razão pela qual ocorre erosão de formas diferentes,
sofrendo de erosão por ravinamento e por sulcos respectivamente. Diante disso, com o presente
trabalho pretende-se realizar uma Micro-análise de superfície e subsuperfície no solo do aterro
sob o canal principal de rega no bloco de Magula, no Regadio do Baixo Limpopo, com o intuito
de conhecer a fundo a composição do material do aterro e as causas da ocorrência da erosão e
assoreamento no maciço do aterro, e de trazer recomendações e técnicas de reabilitação viáveis
para o reparo e resolução dos problemas no aterro sob o canal.

1.1 OBJECTIVOS:
1.1.1 Geral:
 Fazer uma Micro-análise de Superfície e Subsuperfície para a Discriminação da
Ocorrência de Erosão, Assoreamento e Danificação do Aterro Sob o Canal Principal de
Rega no Bloco de Magula, no Regadio do Baixo Limpopo.

1.1.2 Específicos:
 Colher informações na Empresa RBL sobre as intervenções no Bloco de Magula;
 Mapear os pontos danificados e as feições/cortes ao longo dos taludes do aterro sob o
canal de Magula;
 Fazer a caracterização física e química do solo do aterro no sentido granulométrico;
 Estudar as microparticulas existentes no solo do aterro;
 Descrever a situação actual das secções transversais dos taludes;
 Analisar a estabilidade dos taludes do aterro com relação ao material envolvente;
 Propor uma técnica de construção que envolve o material existente e o material a ser
transportado.

Euler João 12
1.2 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA
O solo é um material vital na construção civil principalmente na construção de aterros, sendo de
grande importância o seu estudo para melhor aplicação em obra. O défice de estudos geotécnicos
aprofundados dos solos antes do seu uso em obra permite uma vulnerabilidade à ocorrência de
problemas como movimentos de massas, recalques em fundações e instabilidade de taludes, no
caso de aterros. No caso especifico do bloco de Magula, existe lá um aterro de 4.5m de altura e
um comprimento de 7.4km, contendo taludes de inclinações diferentes apresentando ocorrência
de assoreamento e erosão por sulcos com progressão para linhas erosivas profundas (Sulcos mais
profundos). Observa-se que o material compactado do aterro perde a sua capacidade de carga
pela corrente de água, fraca compactação e ligação do material envolvente que resulta no baixo
desempenho mecânico do aterro, sendo propenso a movimento de massa, o que revela uma
instabilidade nos taludes.

Antes de iniciar qualquer tipo de construção é necessário conhecer o tipo de solo em que será
realizada, sendo assim o estudo do tipo de solo e suas propriedades muito importante.
Normalmente o processo de avaliação do solo em laboratório é realizado no sentido
granulométrico, ou seja, até partículas mais finas designadas de argilas (Partículas com
0,002mm), o que dá origem a escassez de estudos sobre microanálises de solos que avaliem as
micropartículas presentes no solo. Por tanto, verifica-se a necessidade de estudar o solo de
composição do maciço do aterro do canal principal de Magula no Regadio do Baixo Limpopo,
realizando uma microanálise do solo de superfície e subsuperficie do aterro para estudar a fundo
que tipo de material e em que quantidades existem a proporção de argila (partículas com
0,002mm) e as micropartículas (partículas <2µ) para uma avaliação dos problemas recorrentes
sofridos no aterro e do solo usado na sua construção, com vista a evitar o agravamento e propor
melhores soluções e uso desse solo em obras de terra.

Euler João 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Problemas Comuns em Taludes
Taludes em solo e em rocha estão sujeitos, com relativa frequência, a problemas geotécnicos
associados a processos de instabilização de massas, como por exemplo: escorregamentos, erosões
e recalques (DER-SP, 1991). Estes problemas deflagram-se mais onde os taludes de corte e aterro
apresentam inclinação acentuada e o processo de infiltração de água é elevado, tornando a
erodibilidade do solo acentuada, nesse caso, superando a resistência do solo ao cisalhamento.

2.1.1 Principais problemas encontrados em taludes de corte e aterro:


 Erosão;
 Desagregação superficial;
 Escorregamento;
 Recalque em aterro.

Figura 1: Exemplos de instabilidade de taludes em aterros (Almeida & Marques, 2010 apud
Cardoso 2013).

LEMES, (citado por Moretto, 2012) afirma que muitos dos problemas encontrados em aterros são
semelhantes àqueles de taludes de cortes, sendo algumas diferenças importantes. Tem-se que a
menor inclinação dos aterros ocasiona uma maior penetração da água de chuvas dentro do solo,
com consequente acréscimo da poro pressão e diminuição da estabilidade ao escorregamento. A
compactação é frequentemente deficiente na borda, o que causa a criação de uma camada
superficial de material fofo, mais permeável e com menor resistência.

Euler João 14
Tabela 1: Resumo de problemas ocorridos em taludes de corte e aterro.

Tipo de Problema Forma de Ocorrência Principais Causas


Em taludes de corte e aterro (em
Deficiência de drenagem
sulcos e diferenciada)
Longitudinal ao longo da plataforma Deficiência de protecção superficial
Erosão Localizada e associada a obras de Concentração de água superficial e/ou
drenagem (ravinas e boçorocas) intercepção do lençol freático
Deficiência ou inexistência de
Interna em aterros (piping)
drenagem interna
Empastilhamento superficial em
Secagem ou umedecimento do material
taludes de corte
Presença de argilo-mineral expansivo
Desagregação Superficial
ou desconfinamento do material
superficial
Profundo Inclinação acentuada do talude
Relevo energético e descontinuidade do
Formas e dimensões variadas
solo
Superficial em corte Saturação do solo
Profundo em cortes Evolução por erosão
Escorregamento Formas e dimensões variadas Alteração por drenagem
em corte
Movimentação de grandes
dimensões e generalizada em corpo Corte de corpo de tálus
de tálus
Atingindo a borda do aterro Compactação inadequada da borda
Deficiência de fundação
Escorregamento Deficiência de drenagem
em aterro Deficiência de protecção superficial
Atingindo o corpo do aterro
Má qualidade do material
Compactação inadequada
Inclinação inadequada do talude
Deficiência de fundação
Recalque em Deficiência de drenagem
Deformação vertical da plataforma
aterro Rompimento do bueiro
Compactação inadequada
Fonte: Manual de Geotecnia “Taludes de Rodovias: orientação para diagnóstico e soluções de
seus problemas” (DER-SP, 1991).

2.1.1.1 Causas e acções deflagradoras de instabilidade em taludes


De acordo com CPRM (2018) a instabilidade de taludes ocasiona-se por meio de factores
potencializadores/deflagradores naturais e antrópicos que são:

Euler João 15
I. Condicionantes naturais:
 Complexo geológico: estado de alteração por intemperismo, atitude das camadas
(orientação e mergulho), formas estratigráficas, materiais sensíveis, frágeis e cisalhados;
 Complexo morfológico: amplitude do relevo, inclinação superficial, forma de relevo;
 Complexo climático-hidrológico: clima, regime de águas meteóricas e subterrâneas;
 Tipo de vegetação original.
II. Acção antrópica:
 Execução de cortes com geometria incorrecta;
 Execução deficiente de aterros (geometria, compactação e fundação);
 Lançamento de lixo, entulho nas encostas ou nos taludes;
 Remoção da cobertura vegetal;
 Lançamento e concentração de águas pluviais e/ou servidas;
 Carregamento do talude ou da crista - vibrações produzidas por tráfego pesado;
 Descarregamento do pé do talude.

Dos agentes desestabilizadores, o mais comum e actuante é, sem dúvidas a água (Moretto, 2012).
Tem-se também a influência da água intersticial como um factor potencializador/deflagrador de
instabilidade citados por Bitterncourt.

 Aumento do peso específico do solo pela retenção parcial das águas de infiltração;
 Desenvolvimento de poro pressões no terreno, com consequente redução das tensões
efectiva;
 Eliminação coesão aparente (sucção) em solos não saturados;
 Perda da cimentação existente entre as partículas de solo;
 Introdução de uma força de percolação na direcção do fluxo, que tende a arrastar as
partículas do solo;
 Pressões laterais – Água em fissuras;
 Presença de materiais expansivos (argilas) – Contacto com água.

2.1.2 Medidas preventivas e/ou correctivas de instabilidade de taludes


Segundo MATTOS (2009), a adopção de práticas adequadas na execução dos aterros é a solução
para a maioria dos problemas de instabilização. O aspecto principal no procedimento para

Euler João 16
estabilização de taludes é a ordenação racional das fases de trabalho e o correcto cumprimento
das mesmas (DER-SP, 1991).

De acordo com MATTOS (2009), os problemas em grande parte podem ser evitados procurando
não se apoiar o aterro sobre o solo mole, principalmente os que apresentam maior porte. Como
alternativa para tal evento, é a remoção do solo mole, caso seja viável (pequenas espessuras), ou
utilizando uma obra de contenção que não permita o apoio do aterro sobre o solo mole. Afirma
ainda que no processo executivo dos aterros devem-se dar preferências aos solos mais arenosos
para a base e o núcleo (maiores ângulos de atrito na zona de maiores tensões confinantes) e aos
solos mais argilosos para a superfície (maiores coesões nas zonas de baixo confinamento).

Segundo DER-SP (1991), quando se trata de instabilização de massas terrosas por efeito da acção
gravitacional (alturas ou inclinações excessivas nos taludes) o retaludamento deve ser a primeira
solução a ser enfocada. Assim, no caso que estas são provocadas por problemas de erosão devido
ao escoamento superficial, as obras que devem ser lembradas em primeira instância são de
drenagem e protecção superficial.

2.1.2.1 As soluções mais usuais adoptadas são:


i. Impermeabilização superficial e revestimento de taludes;
ii. Retaludamento e reconstrução do talude;
iii. Utilização de bermas de equilíbrio;
iv. Obras de contenção;
v. Drenagem (superficial e profunda);
vi. Fazer manutenções periódicas evitando a obstrução do sistema de drenagem;
vii. Adopção de inclinações compatíveis com as descontinuidades;
viii. Protecção superficial com tela ou confinamento do talude, com camada de solo
compactado.

Euler João 17
3 METODOLOGIA
3.1 Localização da área de Estudo
A área de estudo localiza-se no Bloco de Magula, Posto Administrativo de Chongoene, Distrito
de Chongoene, que está no perímetro irrigado do Regadio do Baixo Limpopo, sul da Província
de Gaza entre as latitudes 25º Norte e 25º10’ Sul e as Longitudes 45º 29’ Este e 33º 30’ Oeste
(PNUD e FAO, 2010). Tem seus limites geograficos, à norte o Distrito de Chibuto (Posto
Administrativo de Malehice), no sul o Oceano Indico, a este o Distrito de Manjacaze e a Oeste
a Cidade de Xai Xai eo Posto administrativo de Chicumbane.

Euler João 18
Figura 3: Mapa da província de Gaza, distrito de Chonguene.

Fonte: Òquer Munhame (2018)

3.2 Abordagem Metodologica


A microanálise do substrato de solo da superfície e subsuperfície, para a discriminação de
eventos recorrentes de perda da massa do solo por erosão, nos taludes do aterro sob o canal
principal de Magula, irá envolver análises e ensaios de caracterização do solo (Física, Química e
Mineralógica) de acordo com as normas do DNER, DNIT, ASTM e da ABNT-NBR para o
estudo de solos.

3.2.1 Métodos de estudo implicados no trabalho


A erodibilidade de um solo pode ser determinada sob o aspecto geotécnico através de métodos
directos e indirectos. No estudo da erodibilidade será realizado o ensaio de desagregação de
forma indirecta em laboratório, através de análise granulométrica, microgranulométria,
resistência ao cisalhamento e estudo MCT (Mini Compacto Tropical). As análises químicas e
mineralógicas do solo serão realizadas para a análise da erodibilidade e discriminação da
ocorrência de erosão e movimentos de massa no solo dos taludes do aterro do canal de Magula.

3.2.2 Colecta e Preparação de Amostras


As amostras do solo serão colectadas em pontos específicos nos taludes a esquerda e direita do
aterro, seguindo as normas técnicas do DNER ligadas a geotecnia para a colecta de solo, e NBR
6457 MB 27 para caracterização. Colectar-se-á amostras deformadas e indeformadas de solo na
superfície e em camadas mais profundas (subsuperfície), com recurso a trado manual e/ou
mecânico, espátula, pá e enxada, colocando-se em sacos plásticos e forma de recipientes para
transporte e material de acondicionamento que evitem perda significativa de humidade no
transporte até o laboratório. Colectara-se as amostras a uma profundidade de 0-60cm, para as
amostras superficiais e a uma profundidade de 90-120cm para as amostras subsuperfíciais
(Profundas), usando a cravação de um cilindro metálico ou tubo plástico no solo para a colectar
as amostras indeformadas.

Euler João 19
3.2.2.1 Preparo das amostras para ensaio de caracterização e determinação de humidade
em Laboratório
A caracterização do solo utilizado na construção do aterro do canal de Magula será realizada
através de ensaios em laboratório para determinar as propriedades físicas, químicas e
mineralógicas que possibilitem a análise da erosão e movimento de massa desse solo. De acordo
com a NBR 6457/86 que rege os métodos utilizados durante o processo de preparação de
amostras de solo para os ensaios de granulometria, limites de Atterberg, determinação do teor de
humidade dos solos, em laboratório.

3.2.3 Ensaios de Caracterização Geotécnica


3.2.3.1 Análise Granulométrica
Com a análise granulométrica será avaliada a variabilidade granular (tamanho) das partículas do
solo através de peneiramento, pretendendo-se também determinara coesão das partículas. As
partículas grossas e finas serão determinadas no peneiro nº 200 (0,075mm), considerando-se o
material com diâmetro (< 0.075mm) fino e o com diâmetro (> 0.075mm) grosso.

O material passante e retido será lavado no peneiro nº 200 para garantir que as partículas menores
que ficarem em volta das maiores sejam retiradas evitando prováveis erros ao pesar. As amostras
serão pesadas antes e depois de secadas em estufa a uma temperatura de 105°C a 110°C durante
24 horas, para a determinação da humidade em laboratório usando a equação (1):

Pa
h( %)= ×100 Equação ( 01)
Ps

Onde:

h(%) – humidade em percentagem;

Pa– Peso da água contida na amostra de solo;

Ps – Peso da parte sólida da amostra do solo.

3.2.3.2 Análise Microgranulométrica


A análise microgranulométrica será feita para analisar a distribuição de tamanhos de partículas
em uma escala menor (partículas menores 2µ) e a frequência com que ocorrem a presença dessas
partículas no maciço do aterro. A determinação de tamanho de partículas dar-se através do

Euler João 20
método Sedigraph baseada na lei de Stokes, através da sedimentação gravitacional e absorção de
raios-X de baixa energia. O tamanho das partículas será determinado por meio da medida da
velocidade de sedimentação recorrendo-se a equação (2) e determinação da fracção mássica por
meio da absorção relativa de raios-X de baixa energia.

( ρs −ρf ) g × D p
V t ∞= Equação (02)
18 μ

Onde: Vt∞ - é a velocidade terminal da partícula;

ρs - é a massa específica do sólido;

ρf - a massa específica do fluido;

g - é aceleração da gravidade;

µ - é a viscosidade do fluido.

3.2.3.3 Ensaio de desagregação


O ensaio de desagregação será realizado observando como o solo reage ao ser mantido em
contacto com a água para avaliação da erodibilidade do solo de composição dos taludes do aterro
adoptando a metodologia proposta por Santos (1997), submetendo-se as amostras à imersão total
desde o início do ensaio, o qual terá duração de 24 horas, preestabelecidas. O ensaio irá ser
realizado com amostras indeformadas ou deformadas compactadas no formato cúbico com 6cm
nos lados, moldadas na humidade natural.

3.2.3.4 Ensaio de resistência do solo ao cisalhamento

3.2.3.4.1 Cisalhamento directo


O ensaio de cisalhamento directo será realizado para determinar a resistência do solo ao
cisalhamento seguindo o critério de Mohr-Coulomb. O ensaio será realizado segundo a norma
ASTM D3080 de forma não drenada, usando amostras indeformadas e deformadas compactadas
colocando-se em uma caixa bipartida aplicando-se previamente uma força normal (N) de 100 a
300 kpa actuante no corpo de prova, perpendicular ao plano principal da amostra (onde haverá a
ruptura) e uma força T no sentido paralelo ao plano de cisalhamento da amostra, o que implicará
na actuação de uma tensão cisalhante (τ), que será responsável pela ruptura obtidos com o auxílio
das equações (3), (4) e (5) para o cálculo da tensão normal (σ ¿ e tensão de cisalhamento (τ) e da

Euler João 21
área da secção transversal corrigida do corpo de prova (A c), equação (6) da resistência ao
cisalhamento (τf).

N
σ= Equação (03)
Ac

T
τ= Equação (04)
Ac

Ac = A−δ h × L Equação (05)

τ f =c+ ( σ−u ) tg ∅ Equação (06)

Onde: σ - Tensão normal;

N – Carga vertical aplicada ou força normal actuante sobre o corpo de prova;

Ac - Área da secção transversal corrigida do corpo de prova;

τ - Tensão de cisalhamento;

T – Força tangencial;

A – Área da secção transversal;

δh – Deslocamento horizontal;

L – Largura da amostra;

τf – Resistência ao cisalhamento;

c – Coeficiente de coesão do solo;

u – Pressão neutra do solo ou Poropressão;

Ø – Ângulo de atrito interno.

3.2.4 Ensaio de Analises Químicas


3.2.4.1 Determinação do PH em água e em solução de cloreto de potássio KCl
A determinação potenciométrica do pH do solo em água e em solução normal de cloreto de
potássio será executada em amostras de solo passadas em peneira com malha de 2 mm de
abertura aplicando-se o princípio da medida da variação do potencial em um eléctrodo de vidro

Euler João 22
com a variação da actividade hidrogeniônica da solução em que ele estará mergulhado, usando
soluções-tampão para pH 4 e pH 7,água destilada, Solução de cloreto de potássio 1 N e um
medidor de pH provido de um eléctrodo de vidro e um de referência ou um eléctrodo combinado
e um agitador mecânico.

3.2.4.2 Determinação de Microelementos


Para a caracterização química do solo será executada uma análise de microelementos presentes
no solo para examinar a composição das substâncias e a forma como estas se comportam sob
condições que levam a ocorrência de erosão e movimentos massas. A determinação dos
elementos será feita por espectrofotometria de absorção atómica, sendo os microelementos
extraídos através de solução quelante (DTPA) ou solução mista de ácidos segundo os métodos de
Mehlich modificado e DTPA.

3.2.4.3 Determinação do teor de alguns elementos no solo (Sílica, Alumínio, Ferro,


Manganês, Cálcio, Sódio e Magnésio)
É importante conhecer a quantidade de certos elementos em solos e argilas, seu potencial,
distribuição no perfil e relações entre os elementos. A determinação do teor dos elementos em
solos seguirá o princípio do ataque ácido do material sólido colocando os elementos em solução
seguindo os procedimentos descritos do Boletim Técnico do Instituto Agronómico de Campinas
(2009) e do Manual de Métodos de Analise do Solo da Embrapa (2011)

3.2.5 Ensaio de Análise Mineralógica


3.2.5.1 Análise da fracção de argila e sílte pelo método de difracção de raios-X
A análise mineralógica será realizada para identificação dos minerais presentes nas fracções de
argila e sílte do solo do aterro de Magula, por meio da difracção de raios X segundo a Lei de
Bragg (Equação 07). As análises serão executadas nas fracções argila (< 0,002 mm) e sílte (0,002
mm - 0,050 mm), pesando-se 20g de solo e desagregar em almofariz de acordo com as
especificações da ABNT no preparo de amostras para ensaios de analise mineralógica. A
amostra, em estado pastoso ou em suspensão, será colocada em uma lâmina de vidro de
superfície plana, sob a forma de uma fina película e submetida à irradiação por raios-X em uma
faixa ampla de ângulos de incidência no intervalo de 2 ° a 45 ° numa escala 2θcom velocidade de
1°/min.

Euler João 23
nλ= 2d sen θ Equação (07)

n: número inteiro;

λ: comprimento de onda dos raios X incidentes;

d: distância interplanar;

θ: ângulo de difracção.

3.2.6 Caracterização Geotécnica e Classificação do Solo Segundo Metodologia MCT


A metodologia MCT (Miniatura, Compactada, Tropical) será usada como método de
caracterização geotécnica, classificação do solo e determinação da erodibilidade do solo, por
meio de ensaios de compactação em miniatura, perda de massa por imersão e pelo método
expedito de pastilhas, segundo as normas do DNER e procedimentos apresentados por Sant’Ana
(2002) apud Higashi (2006) para caracterização e por Godoy (2000 e 1997) apud Higashi (2006)
para a classificação.

3.2.6.1 Ensaios da Metodologia MCT

3.2.6.1.1 Ensaio de Compactação Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão


Os ensaios serão executados segundo o procedimento mini-mcv para a compactação em
miniatura seguindo a norma DNER-ME 228 e DNER-ME 256 para o ensaio de perda de massa
por imersão, usando amostras deformadas e indeformadas preparadas antes e homogeneizadas de
acordo com a norma DNER-ME 228. Sendo preparadas porções de 500g cada, e homogeneizadas
em diferentes teores de humidade em seguida colocadas em sacos plásticos e acondicionadas em
câmara húmida por um período de 24h, iniciando o ensaio de compactação em miniatura após
esse procedimento.

Em seguida os corpos de prova compactados no ensaio de compactação em miniatura serão


deslocados para o topo 10 mm da superfície que esteve em contacto com o soquete de
compactação em relação ao molde, de forma suave e contínua, sendo o corpo de prova imposto à
imersão em água por um período de cerca de 20 horas, levando-se o solo desprendido para
secagem em estufa e pesado para a obtenção do percentual em relação à massa saliente de 10
mm. Com base nos resultados dos ensaios, determinar os coeficientes e’, d’ e c’ para a
caracterização geotécnica.

Euler João 24
3.2.6.1.2 Método Expedito das Pastilhas
O ensaio pelo método das pastilhas será executado para determinar o nível de erodibilidade do
solo e sua classificação segundo sistema de classificação apresentado por Godoy (2000 e 1997)
apud Higashi (2006). O estudo dar-se com o uso de pastilhas de solo moldadas em anéis de
diâmetro de 20 mm por 5 mm de altura, usando-se 50g de solo seco ao ar e passante na peneira
0,42mm, seguindo o procedimento descrito por Sant’Ana (2002) apud Higashi (2006).

'
e =3
√ 20 pi
+
d 100
' Equação (08)

Md
pi=( )× f ×100 Equação (09)
Ms

4 RESULTADOS ESPERADOS
Com a realização desse trabalho espera-se conhecer as propriedades do solo usado na construção
do aterro do canal principal de Magula e, saber se este é apto para construção de infra-estruturas
de terra, também encorajar o desenvolvimento de pesquisas sobre micropartículas do solo e
estudos dos fenómenos erosão e assoreamento/movimento de massas em infra-estruturas de terra,
ajudar e contribuir com os resultados desse estudo, em outros trabalhos do género com a mesma
temática, aqui no país e no estrangeiro.

Espera-se ainda:

 Conhecer as reais causas que originam a ocorrência recorrente de erosão e assoreamento


nos taludes do aterro sob o canal de Magula;
 Conhecer a erodibilidade do material de composição do aterro;
 Conhecer a tensão de resistência ao cisalhamento nos taludes do aterro;
 Conhecer a mineralogia e percentagem da fracção argila (partículas com 0,002 mm e
partículas <2µ ) do solo do aterro;
 Fazer a classificação geotécnica segundo a metodologia MCT para o solo do aterro.

Euler João 25
5 CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO E FACTORES DE RISCO
5.1 Condições Para a Realização do Trabalho
As condições necessárias para a realização do trabalho consistem basicamente, na obtenção de
informações concisas e reais, identificação e confirmação do problema de estudo no aterro. Bem
como dos factores financeiros, disponibilidade de laboratório, de materiais e/ou equipamentos
para o trabalho de campo (levantamento topográfico e colecta de amostras), assim como o
transporte para a colecta de amostras.

5.1.1 Condições para a implementação do trabalho


A implementação deste trabalho está relacionada com a disponibilidade das seguintes condições:

 Material necessário para colecta de amostras;


 Transporte para colectar as amostras e leva-las até ao laboratório;
 Condições de laboratório para realização dos ensaios, testes e pessoal qualificado para o
auxílio na realização dos trabalhos.

5.2 Factores de risco


As dificuldades que podem interferir ou inviabilizar o trabalho e o alcance dos objectivos do
mesmo são:

Euler João 26
 Dificuldade para a aquisição de equipamento para o levantamento topográfico da infra-
estrutura (pontos degradados com a erosão);
 Dificuldade de conservação adequada das amostras para análise em laboratório;
 Falta de transporte para deslocar-se até onde se localiza a infra-estrutura, para a colecta de
amostras;
 Dificuldade financeira para a aquisição de material de campo e laboratório para realização
de actividades.

6 CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
Tabela 3: Plano de atividades de execução do trabalho.

Actividades 1ª Mês 2ª Mês 3ª Mês


1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª
Colecta de dados,
topográficos e amostras
de solo
Ensaio de laboratório
para caracterização
física, determinação da
resistência e
erodibilidade do solo
Análise química do solo
(Medição do PH, teor de
cálcio, sódio, magnésio,
micro elementos, ferro,
alumínio e manganês e

Euler João 27
sílica extraíveis)
Análise mineralógica da
fracção argila por
difracção de raios-x)
Processamento dos
dados, analise dos
resultados e produção do
relatório
Apresentação do
relatório, e entrega final
do relatório
Defesa da monografia

7 PLANO ORÇAMENTAL
Tabela 4:Custos de orçamentação do trabalho.

N/O DESIGNAÇÃO QUANTIDADE P. UNITÁRIO TOTAL

1 GPS* 1 - #

2 Pá 1 600 600,00MZN

3 Enxada 1 450 450,00MZN

4 Sacos plasticos 24 10 240,00 MZN

5 Fita metrica 1 150 150,00MZN

6 Ensaios de laboratorio # # #

7 Ensaios de campo 2 # #

8 Transporte - - 2.500,00 MZN

Total - - -

Euler João 28
8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A. P. F. Albers, F. G. Melchiades, R. Machado, J. B. Baldo, A. O. Boschi. Um método simples de


caracterização de argilominerais por difracção de raios X. Rod. Washington Luiz, km 235, C.P.
676, 13565-905, S. Carlos, SP

BASTOS, C. A. B., Estudo Geotécnico Sobre A Erodibilidade De Solos Residuais Não


Saturados. Tese (Pós-Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de
Engenharia Civil, RG, Setembro 2004.

BITTENCOURT. Douglas M. A. Estados de Tensão e Critérios de ruptura, 2011.Disponível em:


<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17430/material/
GEO_II_09_Estados%20de%20Tensao%20e%20Criterios%20de%20ruptura. pdf > Acessado
em 26 de Fevreiro de 2022.

CAMARGO, O. A.; MONIZ, A.C.; JORGE, J.A.; VALADARES, J.M.A.S. Métodos de Analise
Química, Mineralógica e Física de Solos do Instituto Agronómico de Campinas. Campinas,
Instituto Agronómico, 2009. 77 p. (Boletim técnico, 106, Edição revista e actualizada)

CAPUTO, H. P., 1998. Mecânica Dos Solos E Suas Aplicações. 6 ed. Rio de Janeiro: (L TC);
Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.

Euler João 29
COUTO, B. O. C., Análise De Erodibilidade Em Taludes Com Horizontes Resistentes E
Susceptíveis Aos Processos Erosivos. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro
Preto. Escola de Minas. Núcleo de Geotecnia (NUGEO). OURO PRETO - Setembro de 2015

COUTO, B. O. C., Estudo da Erodibilidade em Horizontes de Taludes de Corte Rodoviário Por


Meio de Procedimentos de Laboratório e de Campo. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de
Ouro Preto. Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas. Programa de Geotecnia. OURO PRETO -
Maio de 2020.

CHUQUIPIONDO, I. G. V., Avaliação da Estimativa do Potencial de Erodibilidade de Solos Nas


Margens de Cursos de Água: Estudo de Caso Trecho de Vazão Reduzida Capim Branco I
Araguari Minas Gerais. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia da Universidade Federal
de Minas Gerais. Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos. Belo Horizonte 2007.

DOS SANTOS, L. M., Erosão em taludes de corte – métodos de protecção e estabilização.


Trabalho de Graduação em Engenharia Civil – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Engenharia de Guaratinguetá, 2015.

FERREIRA, M.M. Caracterização de argilas cauliníticas do quadrilátero ferrífero visando seu


potencial de aplicação na indústria de cerâmica. Dissertação de mestrado, Departamento de
Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto - 2010. 95 p.

FERREIRA, MÁRIO QUINTA., O Estudo Dos Taludes e da Sua Estabilidade. Departamento de


Ciências da Terra e Centro de Geociências, Universidade de Coimbra. Geologia Aplicada:
Volume II, Capítulo III - Geologia de Engenharia. 3000-272 Coimbra, Janeiro 2010.

HOLANDA, M. C., Avaliação Geotécnica De Erosão De Talude Artificial. Monografia


(graduação) - Universidade Federal Rural do Semi-árido, Curso de Engenharia Civil,
MOSSORÓ-RN 2017.

INFANTE, Patricia S; SEGERER, Carlos D. Guía de Estúdio “Obras Hidráulicas I”.


UNIVERSIDAD NACIONAL DE CUYO – FACULTAD DE INGENIERIA. 2010.

JAMES, L.G. Principles of Farm Irrigation System Design. London: Krieger Pub Co. UK. 1993.

Euler João 30
KOUCHAKZADEH, S.; MARASHI, A. End sill impact on water surface profile in nonprismatic
side channels: a design guideline. Irrigation and Drainage. v. 54, p. 91-101, 2005.
https://doi.org/10.1002/ird.156

LUNA, H. A. Manutenção em canais de irrigação revestido em concreto/ Hugo de Andrade Luna.


- Recife: O Autor, Fevereiro 2013.

MARAGON, M. Estabilidade de Taludes. In Tópicos em Geotecnia e Obras de Terra. Disponível


em: http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_Unid04EstabilidadeTaludes01.pdf

MUNHAME, O. M., Avaliação Do Desempenho Mecânico Do Aterro Sob O Canal Principal De


Rega No Bloco De Magula (Regadio Do Baixo Limpopo). – Lionde, ISPG. Setembro 2019.

Morgado, F; Lopes, J. G; De Brito, J; Feiteira, J. Canais de rega em Portugal: soluções, patologia


e reabilitação. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.17, p.33-47, Maio, 2011.

PRUSKI, F. F. Conservação de solo e água: práticas mecânicas para o controle da erosão


hídrica.1ª reimp. Viçosa: UFV, 2008. 240 p.

SILVA, L. L. Canais Artificiais: Uma Contribuição Geográfica Ao Estudo De Suas


Multifuncionalidades. Universidade Federal de Uberlândia: Instituto De Geografia, Uberlândia –
MG, 2019.

SILVA, M. S. L. D. Estudos da Erosão. Centro De Pesquisa Agropecuária Do Trópico Semi-


Árido, EMBRAPA; PETROLlNA – PE, Junho, 1995.

SILVA, R. E. Assinaturas topográficas humanas (ATH´S) no contexto dos canais derivados


multifuncionais e suas repercussões hidrogeomorfológicas. 2018. 266 f. Tese (Doutorado em
Geografia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018.

USDA – United States Department of Agriculture. Irrigation Guide. National Engineering


Hanbook. 1997.

ZORZAN, L. G. & BOSZCZOWSKI, R. B., Resistência ao Cisalhamento do Solo pelos


Ensaios de Cisalhamento Direto e DSS: Análise Experimental e Aplicação na Estabilidade de
Taludes. XII Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul. GEOSUL 2019 – 17
a 19 de Outubro, Joinville, Santa Catarina, Brasil. ©ABMS, 2019.

Euler João 31
Euler João 32

Você também pode gostar