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LICENCIATURA EM ENGENHARIA HIDRÁULICA


Cadeira: Drenagem e Saneamento
Ano de frequência: 4º ano

PROJECTO DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DO BAIRRO


MATACUANE – CIDADE DA BEIRA

Autor Docente
Mário Lourenço Cássimo Eng. Ivaldo Manuel Soares

Nampula, Abril de 2020


PROJECTO DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DO BAIRRO MATACUANE
- CIDADE DA BEIRA

Docente: Eng. Ivaldo Manuel Soares

Página | i
ÍNDICE

RESUMO ................................................................................................................................... v

ABSTRACT .............................................................................................................................. vi

INDICE DE TABELAS ...........................................................................................................vii

INDICE DE FIGURAS ...........................................................................................................viii

INDICE DE ANEXOS .............................................................................................................. ix

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS .................................................................................. x

CAPÍTULO I .......................................................................................................................... 11

1 ANTECEDENTES DA INVESTIGAÇÃO...................................................................... 12

1.1 Enquadramento Teórico .................................................................................. 12

1.2 Caracterização da Cidade da Beira .................................................................... 13

1.3 Clima e precipitação........................................................................................ 14

1.4 Evolução da população .................................................................................... 15

1.5 Economia da Cidade da Beira .......................................................................... 15

1.6 Saneamento da Cidade da Beira ....................................................................... 16

CAPÍTULO II ......................................................................................................................... 18

2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 19

2.1 Objectivos do Projecto .................................................................................... 19

2.1.1 Geral ....................................................................................................... 19

2.1.2 Específicos .............................................................................................. 20

2.2 Fases do projecto ............................................................................................ 20

2.3 Problemática e Justificativa .............................................................................. 20

CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 22

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 23

3.1 Generalidade .................................................................................................. 23

3.2 Sistemas de Drenagem de Águas Residuais ....................................................... 23

CAPÍTULO IV........................................................................................................................ 26
4 METODOLOGIAS .......................................................................................................... 27

4.1 Descrição da Solução Adoptada ....................................................................... 27

4.2 Elementos Base .............................................................................................. 29

4.2.1 Considerações gerais ................................................................................ 29

4.3 Estudo populacional ........................................................................................ 29

4.4 Determinação de Caudais ................................................................................ 30

4.5 Método a usar ................................................................................................. 31

4.6 Dimensionamento Hidráulico das Infraestruturas de Drenagem de Águas Residuais


36

4.7 Dimensionamento Hidráulico do Sistema Elevatório .......................................... 40

4.7.1 Considerações Gerais................................................................................ 40

4.8 Dimensionamento hidráulico do sistema elevatório ............................................ 42

4.9 Golpe de Aríete na Conduta ............................................................................. 45

4.10 Dimensionamento Sanitário e Condições de Septicidade .................................. 48

4.10.1 Considerações gerais ................................................................................ 48

4.10.2 Modelo de cálculo .................................................................................... 49

4.10.3 Aspectos Construtivos .............................................................................. 51

4.11 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DO SISTEMA ELEVATÓRIO ......... 54

4.11.1 Considerações gerais ................................................................................ 54

4.11.2 Escolha do material .................................................................................. 54

4.11.3 Definição de acções .................................................................................. 55

4.11.4 Dimensionamento estrutural ...................................................................... 58

4.11.5 Armadura mínima .................................................................................... 59

CAPÍTULO V ......................................................................................................................... 64

5 RESULTADOS ESPERADOS ........................................................................................ 65

CAPÍTULO VI........................................................................................................................ 66

6 CONDIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO E FACTORES DE RISCO ............................. 67

CAPÍTULO VII ...................................................................................................................... 68


7 CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES ........................................................................... 69

CAPÍTULO VIII .................................................................................................................... 70

8 PLANO ORÇAMENTAL ................................................................................................ 71

CAPÍTULO IX........................................................................................................................ 72

9 LISTA DE BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 73

9.1 Outras Referencias .......................................................................................... 74

ANEXOS ................................................................................................................................. 75

Anexo I: Topografia da cidade da Beira. .................................................................................. 76

Anexo II: Demostração dos limites do município da Beira e Ilustração de fossa séptica. ....... 78

Anexo III: Demonstração da ligação das colunas de ventilação aos tubos de queda. .............. 79

Anexo IV: Simbologia em projectos de drenagem de águas residuais..................................... 80

Anexo V: ilustração do mapa de quantidades. ......................................................................... 82


RESUMO

Boas condições sanitárias, a higiene e saúde que daí advém, são características de uma
população desenvolvida, devendo ser fornecidas a toda a população garantindo qualidade e
condições de vida adequadas.

O presente trabalho tem como objectivo a elaboração de uma rede de drenagem de águas
residuais (AR) no bairro Matacuane - cidade da Beira, que irá escoar todas as AR para a nova
ETAR. Para a concepção da rede foi efectuada uma recolha de dados da região com o intuito
de confirmar e actualizar os dados topográficos fornecidos à priori, pesquisar e recolher
informação sobre a cidade, sua população e hábitos da mesma. Foi também confirmada a
inexistência de indústria e serviços comerciais neste aglomerado populacional.

No traçado, dimensionamento e implantação da rede foram tidos em conta todos os requisitos


das normas em vigor, tendo sido, estas normas, a base na realização do sistema de drenagem.

Na concepção da rede, devido às limitações topográficas do terreno da região, foi impossível


dimensionar todo o sistema em regime gravítico. Como solução foi colocada uma estação
elevatória simples e compacta, assegurando assim o transporte de todas as AR até à Estação de
Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

No âmbito do projecto foi ainda efectuado o dimensionamento estrutural da estação elevatória


(EE), integrando a memória descritiva toda a informação correspondente e pormenorizando a
solução adoptada em peças desenhadas.

Palavras – chave: rede de drenagem de águas residuais; estação elevatória; condutas;


colectores e ETAR.

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ABSTRACT

Good sanitary conditions are necessary to support human hygiene and health, and are
characteristics of a developed society that should be assured to all the population.

The primary goal of this project is to design the domestic urban drainage system in Matacuane
quarter - Beira town, that will drain all the wastewaters for the new wastewater treatment plant
(WWTP). The data collection was conducted, in order to confirm and update the topographic
data previously available, and gather information about the town, its population and habits. It
also confirmed the inexistence of industry and commercial services in this village.

The design and implantation of the sewer system took into account all the requirements in actual
legislation, which were the basis of the adopted solution. Due to topographical limitations it
was impossible to design all the system to be gravitic. As a solution, a simple and compact
pumping station was introduced to ensure the transportation of all the waste waters to the
WWTP.

The project also includes the structural design of the pumping station. Furthermore, extensive
and detailed drawings of the solution are presented, as well as the estimated costs of the
designed infrastructures.

Keywords: domestic urban drainage system; pumping station; sewer system; wastewaters and
WWTP

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1: Fatores que influenciam o clima na Cidade da Beira (Fonte: World wether online e
anuários) ................................................................................................................................... 14
Tabela 2: Evolução da população da Cidade da Beira (Fonte: INE, 1997-2013) .................... 15
Tabela 3: Limites das descargas de AR (Fonte: LNEC – Proc. 613/1/13648) ......................... 24
Tabela 4: Dados demográficos dos censos de 1997, 2007 e 2017. .......................................... 30
Tabela 5: Taxa geométrica de evolução da população. ........................................................... 30
Tabela 6: População Unitária de Percurso. ............................................................................... 31
Tabela 7: Capitações adoptadas no projecto............................................................................. 33
Tabela 8: Exemplo de aplicação do método de cálculo dos habitantes por troço e do caudal
médio. ....................................................................................................................................... 34
Tabela 9: Cálculo dos caudais de ponta instantâneo no horizonte de projecto. ...................... 36
Tabela 10: Verificação das condições hidráulicas nos colectores. ........................................... 39
Tabela 11: Caudal de dimensionamento da estação elevatória. .............................................. 42
Tabela 12: Dados do poço de bombagem (Fonte: Autor,2020). .............................................. 43
Tabela 13: Cálculo da altura de elevação do grupo electro-bomba. ......................................... 44
Tabela 14: Coeficiente K, ROSICH 1970. ............................................................................... 46
Tabela 15: Efeitos do choque hidráulico. ................................................................................. 47
Tabela 16: Potência e rendimento da bomba. ........................................................................... 48
Tabela 17: Cálculo da formação de sulfuretos com recurso à expressão de POMEROY 1959
.................................................................................................................................................. 50
Tabela 18: Material adoptado para a estação elevatória. .......................................................... 55
Tabela 19: Dimensionamento da estação elevatória................................................................ 62
Tabela 20: Área de armadura adoptada. ................................................................................... 63
Tabela 21: Cronograma de Actividades para o projecto .......................................................... 69
Tabela 22: Síntese do orçamento do projecto ........................................................................... 71
Tabela 23: Custo por unidade de comprimento de tubagem. ................................................... 71

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1: Representação dos postos de bombagem e das estações elevatórias na rede de águas
residuais da Cidade da Beira (Adaptada de Saneamento da Cidade da Beira) ...................... 17
Figura 2: Classificação das águas residuais segundo a sua origem e características (Adaptado
Butler e Davies, 2011 ). ................................................................................................ 23
Figura 3: vista panorâmica da cidade da Beira (Fonte: Google mapper) ............................. 27
Figura 4: local da implantação do projecto (Fonte: www.google.com) ............................... 28
Figura 5: estação de tratamento de aguas residuais da cidade da beira (Jane, 2017) ............. 28
Figura 6: Altura de escoamento. .................................................................................... 38
Figura 7: Níveis de operação e alarme (Fonte: Autor,2020). ............................................. 43
Figura 8: Esquema da estação elevatória e respectivas acções actuantes. ............................ 56
Figura 9: Impulsos de terra. ........................................................................................... 57
Figura 10: Divisão da Estação elevatória para dimensionamento. ...................................... 59
Figura 13: Modelo de cálculo do elemento tipo laje nº1.................................................... 60
Figura 12: Modelo simplificado do elemento tipo laje nº1. ............................................... 60
Figura 13: Modelo de cálculo do elemento tipo laje nº2.................................................... 61
Figura 14: Modelo de cálculo do elemento tipo laje nº3.................................................... 61

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INDICE DE ANEXOS

Índice de mapas em anexo

Mapa A1. 1: Enquadramento Geográfico da Cidade da Beira (Fonte: Autor, 2020). ............ 76
Mapa A1. 2: Ilustrações da declividade e curvas de níveis da cidade da Beira (fonte: Autor,
2020). ......................................................................................................................... 77
Mapa A2. 1: Limites do município da Beira (Adaptada de MAE, 2008). ............................ 78

Índice de figuras em anexo

Figura A2. 1: Esquema de latrina de fossa séptica (Adaptada de: Harvey, et al (2002)) ........ 78
Figura A3. 1: Ligação entre coluna de ventilação e tubo de queda (PEDROSO, 2007). ........ 79

Índice de tabela em anexo

Tabela A5. 1: Mapa de quantidades ............................................................................... 82

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

AIAS Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento

ARA Administração Regional da Água

AR – Águas Residuais

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais

EE – Estação Elevatória

EC1 – Eurocode 1

EC7 – Eurocode 7

INE Instituto Nacional de Estatística

LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

MAE Ministério de Administração Estatal

MPD Ministério do Plano de Desenvolvimento

[-] – Valor adimensional

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CAPÍTULO I

Sumário: neste capítulo será feito um enquadramento do tema e uma descrição dos capítulos
que compõem o projecto de drenagem de águas residuais da cidade da Beira.

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1 ANTECEDENTES DA INVESTIGAÇÃO

1.1 Enquadramento Teórico

Os antecedentes da cidade da Beira tiveram inicio em 1884, altura em que o Governo colonial,
visando garantir a efetiva ocupação das margens do rio Púngué, entre os rios Zambeze e Save,
criou, pelo Decreto de 14 de Julho de 1884, o comando militar do Aruângua (Muchangos, 1989
e Craveirinha, 2006). Em 1887, procedeu-se à fixação do posto militar do “Sitio do Chiveve”,
local onde viria a construir-se o porto da Beira. A fixação dos militares, culminou o
empreendimento e influenciou o aumento do movimento portuário e a correspondente fixação
de estrangeiros, essencialmente Portugueses (Artur, 1989).

Em 1893, iniciou-se a construção da linha férrea para ligar o atual porto ao Zimbabwe. Em
1900 começa o funcionamento da linha férrea, que contribuiu substancialmente para aumentar
a importância dos transportes e comunicações a partir do porto, trazendo enormes benefícios
para o crescimento da Beira, que, entretanto, ganhou o estatuto de cidade em 1907, no mesmo
ano em que Lourenço Marques (actual Maputo), no extremo sul foi transformada na capital de
Moçambique em substituição da Ilha de Moçambique, no extremo norte (Chaimite, 2010).

Em 1925, foi criada a Comissão de Administração Urbana em substituição das anteriores


comissões com funções meramente consultivas. As nacionalizações do porto em 1948 e dos
caminhos-de-ferro em 1949, impulsionaram extraordinariamente a atividade comercial e
portuária (Muchangos, 1989).

A nível do saneamento, bairro Matacuane tem enfrentado grandes dificuldades, devido à falta
de saneamento adequado e devido ao ciclone IDAI que devastou varias infraestruturas,
relacionado com a indisponibilidade do financiamento para o melhoramento dos sistemas de
saneamento local, e devido à sua vulnerabilidade a nível de infraestruturas e da sua localização
geográfica. Assim, este caso de estudo, permitirá caracterizar o grau do melhoramento a nível
do saneamento do bairro bem como realçar a importância e a necessidade de expansão de
infraestruturas (ETAR), para o resto do país, visto que esta é a primeira e a maior ETAR do
país, para além da ETAR de Infulene.

Neste capítulo pretende-se analisar o funcionamento dos sistemas de saneamento da cidade,


(rede de águas residuais) e o desempenho operacional da ETAR ao longo dos três anos de
funcionamento (2013-2015).

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1.2 Caracterização da Cidade da Beira

A Cidade da Beira é a capital de Província de Sofala, Moçambique (Figura 1). É o segundo


centro urbano do país a seguir à Cidade de Maputo, tendo como limites geográficos o Distrito
do Dondo a norte, o Oceano Índico a leste, o estuário do rio Púnguè a sul e o distrito de Buzi a
oeste. Tem uma área superficial de cerca de 631 Km2 (INE, 2013). Quanto a localização
geográfica da Cidade da Beira, está ilustrada no ANEXO 1.

A cidade da Beira tem 26 bairros, assim designados: Macúti, Palmeiras, Ponta-Gêa, Chaimite,
Pioneiros, Esturro, Matacuane, Macurungo, Munhava-Central, Mananga, Vaz, Chota, Alto da
Manga, Nhaconjo, Chingussura, Vila Massane, Inhamízua, Matadouro, Mungassa, Ndunda,
Manga Mascarenhas, Muave, Nhangau, Nhangoma e Tchonja. A Figura 2 apresenta o limite
actual do distrito, divisão administrativa, Infra-estruturas económicas e as principais estradas.

A cidade é caraterizada por ter uma geografia plana com uma altitude muito baixa, onde na
zona sul da cidade (com uma altitude média de 5 metros), desenvolveu-se a maior parte das
infraestruturas e habitações urbanas e na zona norte da Cidade (zona periurbana) a altitude
média é de cerca de 10 metros acima do nível do mar (MAE, 2008).

Devido à característica morfológica da cidade, sempre que ocorrem precipitações ou durante o


período da maré alta, o escoamento superficial torna-se deficiente devido ao baixo declive do
terreno, o que faz com que grande parte da cidade fique inundada nestes períodos do ano. Na
época chuvosa a água não tem como escorrer para o mar devido à geografia plana da cidade; o
sistema de drenagem é composto de estações elevatórias, que bombeiam as águas pluviais de
forma a reduzir a possibilidade de ocorrência de inundações.

A hidrogeologia da cidade é caracterizada por ter uma cobertura aluvionar arenosa, que pode
conter água subterrânea a pequena profundidade; ao longo dos vales principais e na faixa
costeira existem numerosos lagos e lagoas temporárias que ocupam leitos argilosos locais, o
que revela que o lençol freático se encontra muito próximo da superfície do terreno. Porém os
furos (poços) que servem a população em água potável têm condições da recarga natural pouco
favoráveis e a sua produtividade é muito limitada, mesmo quando o nível hidrostático é
superficial (-3 m a -5 m) (AIAS, MAE e MPD, 2013).

A proximidade com o mar faz com que a água salgada se possa introduzir facilmente no subsolo
e como consequência, o lençol freático mais profundo é muitas vezes salobre e impróprio para
uso doméstico ou agrícola (AIAS, MAE e MPD, 2013).
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A cidade possui uma vegetação natural caracterizada por um litoral de mangais, excelentes para
o desenvolvimento de espécies marinhas como o camarão. Os restantes tipos de ocupação do
solo são constituídos pelas infraestruturas empresariais, estatais, familiares e outras.

1.3 Clima e precipitação

O clima é do tipo tropical húmido, chuvoso de savana, caracterizado por temperaturas elevadas
e húmidas durante o Verão, com ventos dominantes da frente Leste e Sudeste, o que faz com
que a cidade esteja sujeita tanto a ciclones sazonais como a secas periódicas num ciclo de três
anos, sofrendo, por isso, de sérios problemas de inundações. Quanto aos factores do clima,
observa-se que as temperaturas máximas vão até 40 °C; a humidade relativa é de 74,8% e a
precipitação média mensal é de cerca de 121,9 mm (INE, 2013). As temperaturas médias anuais
são de cerca de 24,6 °C e a pluviosidade média anual é de cerca de 1312 mm (Climate_Data,
2017).

O clima é influenciado por vários fatores; alguns valores dos principais fatores referentes à área
de estudo “Cidade da Beira”, são descritos na Tabela 1, tendo como base de referência, os
anuários estatísticos e o site da World Wether Online.

Tabela 1: Fatores que influenciam o clima na Cidade da Beira (Fonte: World wether online e
anuários)

Nota: (*) estes valores foram calculados na base dos valores fornecidos nos anuários estatísticos
de 2013, 2014 e 2015. Disponibilizados pelo INE, Moçambique.

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1.4 Evolução da população

A população da província de Sofala, foi estimada em 1 903 728 habitantes, em 2013. Desta,
457 799 habitantes (24% da população) reside no Distrito da Cidade da Beira.

Observando os dados estatísticos pode-se concluir que a cidade é habitada por uma população
muito jovem, na sua maioria dos 0 aos 14 anos de idade (38,5% da população), com uma média
de 5 elementos por cada agregado familiar (INE, 2013).

O crescimento da população é influenciado pelos processos de imigração relativamente intensos


que se têm verificado nos últimos 10 anos; por isso, os números aqui apresentados poderão de
algum modo estar longe das cifras gerais, tanto no que concerne à Cidade de Maputo como na
da Beira.

Todavia, para a melhor perceção da evolução da população na Cidade da Beira, concentremo-


nos na leitura da Tabela 2.

Tabela 2: Evolução da população da Cidade da Beira (Fonte: INE, 1997-2013)

1.5 Economia da Cidade da Beira

Na cidade, a maior parte da população vive de comércio e do porto, que movimenta carga.
Também existe um terminal de contentores. Está entre dois corredores de transporte (liga ao
Zimbabwe por via rodoviária e ferroviária e facilita o acesso do interior do continente ao litoral).
Ao nível de desenvolvimento económico regional, é o centro urbano mais importante da região
centro do país, não só devido ao desenvolvimento das suas infraestruturas Ferro-Portuárias, mas
também devido ao facto de ser terminal do Corredor da Beira o que congrega a rede de
transportes Ferro-Portuários, a estrada Nº 6 (EN6) e o pipeline (“Instalação física fixa para
transporte de líquidos e gases (petróleo, óleo, gás, etc., …), ou um oleoduto que liga o Porto da
Beira ao Zimbabwe”).

O porto tem desempenhando um papel importante na transação de mercadorias nacionais e


internacionais.

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O desenvolvimento é limitado pelas difíceis condições físicas do solo. A cidade foi construída
em terreno plano, abaixo do nível das águas do mar. A estrutura do solo é caracterizada por
planícies lodosas, compostas de areia e argila, o que para a construção de habitações, torna-se
um processo complexo, pondo em causa o seu desenvolvimento. De facto, para construir é
necessário, em primeiro lugar, fazer o entulhamento dos terrenos.

1.6 Saneamento da Cidade da Beira

A maior parte da cidade encontra-se menos de 10 metros acima do nível médio do mar. A
natureza plana do terreno implica que a maior parte da cidade fique inundada durante os
períodos chuvosos, como é ilustrado no mapa (ANEXO 1).

Este problema de inundações é mais acentuado nas zonas de ocupação desordenada, que
geralmente coincide com as zonas mais baixas da cidade.

A rede de Saneamento da Cidade foi desenhada nos anos 1940 e terminou a sua construção nos
anos 1960. A maior parte do sistema de drenagem (tubagem e canais abertos) foi construída na
década 50-60. A reabilitação da rede, na última década, culminou com a construção da ETAR,
que começou a funcionar em 2012.

Na altura, devido à falta de tecnologia, não era feito nenhum tratamento ao esgoto que chegava
à caixa de sedimentação. O que acontecia depois é que decantava tudo que era sólido e passava
para o estuário aquilo que era liquido e através das correntes marítimas entre o mar e o estuário,
tinha lugar a diluição e a dispersão dos poluentes.

O sistema de saneamento na cidade é típico de uma cidade plana, no que diz respeito á drenagem
pluvial; foram as obras de enxugo que tornaram possível a formação da cidade. A cidade no
seu todo é uma região totalmente plana, portanto para o funcionamento do sistema foi
necessário construir postos de bombagem, embora haja cotas dos solos que conjugadas com as
marés tornaram possível a construção de um sistema de canais desaguadores dotados de
comportas, que permitem a drenagem sem recorrer a bombagem.

Com a ampliação do sistema da rede saneamento, devido à expansão da cidade, concebeu-se


uma nova estação elevatória na zona de Macurungo, que drenará as águas através da conduta
em pressão, a que se segue as condutas existentes dos postos de bombagem 1 a 5. A Figura 2
representa o projeto original de drenagem de águas residuais antes da atualização dos três novos
postos de bombagem descritos acima.

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Figura 1: Representação dos postos de bombagem e das estações elevatórias na rede de águas
residuais da Cidade da Beira (Adaptada de Saneamento da Cidade da Beira)

Os sistemas de saneamento, tais como fossas sépticas e latrinas, enfrentam maiores problemas
devido ao elevado nível de lençol freático. Estes sistemas geram um elevado nível de
contaminação das águas subterrâneas. De facto, o tratamento que deveria ocorrer nos sistemas
não acontece normalmente devido à saturação dos solos. Consequentemente, as fossas sépticas
tendem a transbordar devido à redução da capacidade de infiltração, causando a contaminação
não só dos solos, mas também das águas superficiais e subterrâneas nas imediações dos sistemas
sépticos e latrinas. Por fim, a água captada nos poços e em fontenárias dentro da Cidade da
Beira não é, portanto, recomendável para o uso doméstico, devido ao alto risco de
contaminação.

O ciclone tropical Idai atingiu a zona central de Moçambique a noite do 14 de março de 2019.
No dia 27 de março, a OIM em coordenação com o governo de Moçambique levou cabo um
exercício de recolha de dados em 32 locais de evacuação no distrito da Beira, localizado na
província de Sofala, Moçambique.

Por razões acima detalhadas levo a fazer o projecto de drenagem de águas resíduas do bairro
Matacuane - cidade da Beira, visto que teve uma calamidade natural intitulada ciclone IDAI
que devastou infraestruturas importantes nessa região.

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CAPÍTULO II

Sumário: este capítulo descreve os objectivos (geral e específicos), fases do projecto e o


problema e justificativa do mesmo.

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2 INTRODUÇÃO

O presente projecto consiste na concepção e dimensionamento de uma rede de drenagem de


AR domésticas no bairro Matacuane - cidade da Beira, (tal como apresentada no ANEXO 2).
A rede de drenagem desta povoação será efectuada por redes separativas domésticas que
encaminharão as águas residuais para a ETAR, sendo que neste projecto apenas serão
dimensionadas as redes de AR e respectivos colectores, não sendo abordada a drenagem das
águas pluviais.

É importante referir que, na presente data, a cidade em causa está guarnecida com sistema de
drenagem de águas residuais comunitárias, pelo que o objectivo deste projecto é meramente
académico. Apesar deste facto, nenhuma das fases de concepção e dimensionamento foi
descorada, tendo sido efectuada uma investigação profunda da cidade beira e um cuidadoso
levantamento de dados cadastrais e populacionais, com intuito de recolher dados actualizados
sobre a mesma.

Para a concepção e dimensionamento das redes foram considerados como orientadores os vários
artigos do Decreto Regulamentar n.º23/95, assim como todas as condicionantes de traçado
(topografia, custo, viabilidade do sistema adoptado e respectiva durabilidade).

Para uma correcta concepção e dimensionamento de uma rede de drenagem é necessário ter em
conta o número de habitantes a servir, assim como o consumo médio por habitante. Os dados
utilizados para o dimensionamento foram adquiridos nos documentos do Instituto Nacional de
Estatística (INE), tendo sido consultados os censos desde 1997 até 2017, visto que os valores
foram deste intervalo de tempo para estudo demográfico. Para obtenção de um traçado correcto
e preciso foram utilizadas cartas militares, um levantamento cartográfico de pormenor à escala
de 1:1000 e foi feito um reconhecimento prévio de toda a área abrangida pela população da
cidade da beira (bairro Matacuane) e pela ETAR na cidade.

2.1 Objectivos do Projecto

2.1.1 Geral
 Constitui como objectivo geral do trabalho, o desenvolvimento de um projecto de
drenagem de águas residuais no bairro Matacuane - cidade da Beira.

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2.1.2 Específicos
Dentro do contexto de desenvolvimento global de uma região, os programas de drenagem
urbana devem ser orientados, de maneira geral, pelos seguintes objetivos principais:

 Reduzir a exposição da população e das propriedades ao risco de inundações;


 Reduzir sistematicamente o nível de danos causados pelas inundações;
 Preservar as várzeas não urbanizadas numa condição que minimize as interferências
com o escoamento das vazões de cheias, com a sua capacidade de armazenamento, com
os ecossistemas aquáticos e terrestres de especial importância e com a interface entre as
águas superficiais e subterrâneas;
 Assegurar que as medidas corretivas sejam compatíveis com as metas e objetivos
globais da região;
 Minimizar os problemas de erosão e sedimentação;
 Proteger a qualidade ambiental e o bem-estar social;
 Promover a utilização das várzeas para atividades de lazer e contemplação.

2.2 Fases do projecto

A execução do projecto de drenagem de águas residuais baseia-se em três fases distintas. A


primeira fase corresponde à análise da informação existente do projecto em questão, como a
planta do local de implementação e os projetos das restantes especialidades. Na segunda fase
procede-se à elaboração do traçado da rede bem como a identificação e localização dos
acessórios e instalações complementares necessários. A terceira e última fase consiste na
execução dos cálculos do traçado escolhido, obtendo-se assim o diâmetro das tubagens e as
dimensões dos acessórios e instalações.

2.3 Problemática e Justificativa

Sabe – se que a necessidade do saneamento é muito relevante a nível mundial, para a saúde e o
bem-estar da humanidade. A explosão demográfica, assim como o êxodo rural e a procura de
mais oportunidades para os jovens, que se tem observado ao longo das últimas décadas a nível
dos países em desenvolvimento, tal como a cidade da Beira, faz com que o acréscimo da procura
dos sistemas de saneamento melhorados potencie a necessidade de desenvolver novas
infraestruturas. É desejável que sejam instalados novos sistemas de tratamento de águas
residuais, bem como promover uma gestão adequada das lamas fecais no caso do saneamento

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a seco, no sentido de promover um melhoramento do sistema de saneamento, tendo em atenção
os sistemas sanitários já existentes.

É de salientar que, o aumento crescente do consumo da energia, da água, dos recursos não
renováveis e outros recursos naturais, conduz a desafios adicionais tendo em atenção a limitada
capacidade em termos de recursos humanos qualificados e a disponibilidade financeira do país.

Todavia, como consequência do cenário apresentado, surge o interesse em estudar e avaliar o


tratamento de águas residuais na cidade da Beira, com três propósitos:

 Reduzir o grau de risco de doenças relacionados e promover a saúde pública;


 Reduzir o nível de poluição no meio ambiente em geral, bem como nos ecossistemas
aquáticos;
 Promover a reutilização para vários fins da água tratada.

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CAPÍTULO III

Sumário: neste capítulo, inclui as bases teóricas de suporte aos conceitos, técnicas e métodos
que serão aplicados para responder as questões de estudo, no âmbito da planificação do trabalho
de investigação a ser realizado

Página | 22
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Generalidade

O projecto foi elaborada a partir de informações de alguns residentes no bairro Matacuane,


livros, artigos, legislação e normas nacionais e internacionais, cujas fontes de consulta incluem
a Internet, através de páginas oficiais de organizações, abordando temas que buscam detalhar o
assunto a ser trabalhado. A revisão da literatura e a reflexão prévia permitiram focalizar
objectivamente as questões a serem investigadas e formular as suas respostas.

3.2 Sistemas de Drenagem de Águas Residuais

A drenagem de águas residuais é de tempos imemoriáveis um problema das sociedades


organizadas em aglomerados populacionais por razões de qualidade de vida e também de saúde
pública. Tem o seu desenvolvimento mais recente por esta razão. No século XIX, devido a um
significativo fenómeno de migração para as cidades, deu-se um desenvolvimento industrial,
tecnológico e científico, o que agravou significativamente esta problemática (Butler e Davies,
2011).

Na figura 2 encontram-se esquematizadas, de uma forma resumida, os diferentes tipos de águas


residuais, de acordo com a sua origem e características.

Figura 2: Classificação das águas residuais segundo a sua origem e características (Adaptado
Butler e Davies, 2011 ).

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Segundo LNEC – Proc. 613/1/13648 propõe que para as disposições técnicas da drenagem
pública de águas residuais tem como objecto e campo de aplicação:

i. O presente Título tem por objectivo definir as condições técnicas a que deve obedecer a
drenagem pública de águas residuais em Moçambique, de forma a que seja assegurado o
bom funcionamento global do sistema, preservando-se a saúde pública, a segurança dos
utilizadores e das instalações e os recursos naturais.
ii. O presente Título aplica-se a sistemas de drenagem pública de águas residuais (domésticas,
industriais ou pluviais), incluindo dispositivos complementares do tipo fossa séptica.
Aplica-se também a sistemas simplificados (com rede de colectores gravíticos de pequeno
diâmetro) e dispositivos complementares do tipo fossa séptica ou tanques de deposição de
lamas.

As normas gerais de descarga de águas residuais domésticas e industriais na rede de colectores,


estabelece os padrões quantitativos e qualitativos a que deve obedecer a descarga de águas
residuais domésticas, de hotelaria ou de outras indústrias ou serviços na rede de colectores
(LNEC).

i. Os caudais de ponta das águas residuais deverão ser drenados pelos sistemas sem dar
origem a problemas de natureza hidráulica ou sanitária, nomeadamente entradas em
carga e inundações.
ii. A flutuação dos caudais, diária ou sazonal, não deve causar perturbações nos sistemas
de drenagem e nas estações de tratamento de águas residuais.
iii. A descarga de águas residuais domésticas e industriais em sistemas de drenagem
deverão obedecer aos limites seguintes:

Tabela 3: Limites das descargas de AR (Fonte: LNEC – Proc. 613/1/13648)

(1)
Parâmetros mínimos a observar; poderá tornar-se necessária a monitorização e controlo de
outros parâmetros nos termos do estipulado no n.º 2 do Artigo 126º.

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Contudo sabe – se que a eficiência hidráulica dos dispositivos interceptores depende de vários
factores, entre os quais se incluem as características do pavimento onde o dispositivo está
implantado (declives longitudinal e transversal, rugosidade, existência ou não de depressão), a
magnitude do caudal afluente e a configuração geométrica do dispositivo.

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CAPÍTULO IV

Sumário: neste capítulo, trata – se dos materiais, métodos, equipamentos, cálculos para a
realização do projecto, assim como a recolha de dados.

Página | 26
4 METODOLOGIAS

O material a utilizar para execução da obra serão tubagens de PVC corrugado e foi admitido
um horizonte de projecto de 40 anos para toda a obra, excepto para quaisquer materiais
electromecânicos cujo horizonte de projecto é de 20 anos.

O projecto inclui ainda a concepção e dimensionamento de uma estação elevatória que foi
necessária colocar na rede devido às condicionantes topográficas, sendo apresentados os
cálculos efectuados bem como as respectivas peças desenhadas.

É importante referir que o presente projecto e respectiva memória descritiva não foram escritos
de acordo com o novo acordo ortográfico.

4.1 Descrição da Solução Adoptada

O traçado desta rede foi, inicialmente, aferido com base em topografia. Posteriormente,
efectuou-se um reconhecimento do aglomerado populacional com vista à actualização e
validação da informação disponível, incluindo aferição da população a servir, das limitações
topográficas (A topografia do local de implantação apresenta um papel fundamental no traçado
da rede, uma vez que o escoamento deve-se efectuar por gravidade), dos terrenos eventualmente
disponíveis para implantação de infraestruturas e do local destino final do efluente (ETAR).
Nas figuras 3 e 4 apresenta-se, a título ilustrativo, algumas fotografias da zona em estudo, com
ênfase na solução de drenagem (nomeadamente pavimentos e edificações a servir). Na Figura
5 apresenta-se uma foto da ETAR da cidade da Beira.

Figura 3: vista panorâmica da cidade da Beira (Fonte: Google mapper)

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Figura 4: local da implantação do projecto (Fonte: www.google.com)

Figura 5: estação de tratamento de aguas residuais da cidade da beira (Jane, 2017)

O traçado final da rede de drenagem foi efectuado sobre cartas 1:1000 com o auxílio do software
AutoCad, sobre o eixo da via pública (Decreto Regulamentar n.º 23/95 artigo 136.º) de modo a
não colidir com fundações de edifícios já existentes, ou diminuir a probabilidade de colidir com
projectos futuros. Foram colocadas caixas de visita, de acordo com a legislação actual, nas
confluências dos colectores, nas mudanças de inclinação e direcção e nos vários trechos de
modo a limitar o comprimento máximo de cada colector a 60m. Foi ainda tido em conta
inclinações mínimas de 0,5% que permitam a auto-limpeza das tubagens e velocidades
máximas de escoamento de 6m/s, de modo a impedir a erosão das caixas de visita e da soleira
das tubagens.

Após uma análise cuidadosa da topografia do local verificou-se ser impossível o escoamento
de toda a rede para a ETAR da cidade por gravidade, sendo necessária a construção de pelo
menos uma estação elevatória. Adoptou-se como solução a colocação da estação elevatória a
sul do bairro, num local de fácil acesso e construção, e toda a rede incapaz de escoar as águas

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residuais por gravidade para a ETAR irá encaminhá-las para esta estação, que por sua vez irá
encaminhar as águas para um ponto intermédio na rede, sendo posteriormente escoadas por
acção da gravidade.

O sistema é, portanto, constituído por duas redes distintas, escoando a primeira todas as AR por
gravidade até a ETAR e a segunda até a estação elevatória. Todas as caixas de visita da segunda
rede têm o sufixo “E” na sua identificação. O local escolhido para a construção da estação
elevatória tem ainda a capacidade de se poder descarregar as AR para o meio ambiente se
necessário, visto encontrar-se junto a uma linha de água.

Devido à existência de fossas sépticas individuais no local, foi adoptada como profundidade
mínima à coroa das tubagens 1,2m em vez de 1m (DR 23/95 artigo 137.º), de modo a aumentar
a probabilidade de ligação dos ramais domiciliários.

4.2 Elementos Base

4.2.1 Considerações gerais

Por vezes, obras de dimensões reduzidas como esta representam um elevado esforço de
investimento, sendo necessário uma concepção e um dimensionamento minuciosos, assim
como um grande esforço na fase de obtenção de informação e dados.

No traçado em planta da rede da cidade da Beira, colocaram-se os colectores perto dos edifícios,
numa relação de proximidade e economia, de modo a obter-se um traçado viável e tomando
sempre como base as considerações LNEC: trechos com comprimento igual ou inferior a 60m,
declives mínimos e máximos, caixas de visita em todas as confluências dos colectores, nas
mudanças de inclinação e direcção e nos vários trechos de modo a limitar o comprimento
máximo de cada em 60m.

4.3 Estudo populacional

É indispensável conhecer a situação demográfica da zona a servir, em termos de população


residente e flutuante, e avaliar a sua evolução previsível para o horizonte de projecto adoptado.
Para obter dados sobre a população da cidade da Beira foram requisitados ao INE a informação
necessária dos censos (Tabela 4), obtendo assim valores viáveis para a situação demográfica.
Com os dados dos censos calculou-se a taxa geométrica de evolução anual da população
(expressão 1). Com a mesma fórmula, em ordem à população futura (expressão 2), efectuou-se

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o cálculo para os anos correspondentes ao horizonte de projecto, os resultados podem
visualizar-se no Tabela 5.

Tabela 4: Dados demográficos dos censos de 1997, 2007 e 2017.

anos N da população (hab)


1997 412 590
2007 431 580
2017 476 390

(𝑡𝑎 −𝑡0 )𝑎 𝑃
kg = [( √𝑃 ) − 1] (1)
0

𝑃𝑎 = 𝑃0 × (1 + kg)(𝑡𝑎 −𝑡0 ) (2)

Tabela 5: Taxa geométrica de evolução da população.

𝑡𝑎 − 𝑡0 𝑃𝑎 𝑃0 kg
1997 - 2017 20 476 390 412 590 0,0072

Sendo:

𝑃𝑎 - população no ano a [hab.];


𝑃0 - população no ano 0 [hab.];
𝑡𝑎 − 𝑡0 - nº de anos entre a e 0 [anos];
kg - taxa geométrica de evolução anual da população [-]

No entanto, para efeitos de projecto, decidiu-se adoptar valores mais conservativos utilizando
como dados a população do ano 2001 (ou seja, admitir a hipótese de manutenção da população
observada no último censo disponível). Visto não haver dados sobre a população flutuante
efectuou-se um cálculo expedito.

4.4 Determinação de Caudais

Para a distribuição dos caudais consumidos pela rede, deve atender-se a:

 Consumos domésticos;
 Consumos comerciais;
 Consumos industriais.
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Tanto os consumos comerciais como os industriais não foram considerados relevantes para o
dimensionamento da rede devido à inexistência de quaisquer tipos de indústrias ou serviços
comerciais na zona de serviço da rede.

4.5 Método a usar

A distribuição dos consumos domésticos foi efectuada através do método dos comprimentos
fictícios, utilizando o conceito de consumo de percurso e considerando que o consumo do trecho
é directamente proporcional ao comprimento fictício desse trecho (quanto maior o comprimento
fictício do trecho, maior o consumo do trecho).

O comprimento fictício é igual ao comprimento real do troço multiplicado pelo número de pisos
dos edifícios e por k (A variável k varia entre 0 e 1 consoante o serviço de percurso se realize
de ambos os lados do colector ou de apenas um, de acordo com o nível de solicitação reduzido
ou elevado ao longo do percurso. O factor k é nulo para condutas sem serviço de percurso e
igual a 1 para condutas com um grande serviço de percurso de ambos os lados.

Utilizando os dados referentes à dimensão da população e um comprimento da rede no bairro


Matacuane com consumos de percurso diferentes de zero, efectuou-se o cálculo do PUP para a
população residente nos vários horizontes de projecto e para a população flutuante, visto a estas
corresponderem capitações diferentes como irá ser referido posteriormente. Os valores obtidos
constam do Tabela 6.

Tabela 6: População Unitária de Percurso.

População Unitária de Percurso Matacuane


PUP 0 [hab/m] 0,0605
PUP 20 [hab/m] 0,0605
PUP 40 [hab/m] 0,0605
PUP Flutuante [hab/m] 0,0013

A partir dos comprimentos fictícios e da população unitária de percurso é possível atribuir a


cada troço um número aproximado de habitantes. Com os habitantes distribuídos pelos vários
troços da rede é possível atribuir um caudal nos mesmos (expressão 3).

𝑝𝑜𝑝.𝑡𝑒𝑐ℎ𝑜 𝑖 = 𝐿𝑓𝑖𝑐𝑡𝑖𝑐𝑖𝑜 × 𝑃𝑈𝑃 (3)

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Sendo:
𝑝𝑜𝑝.𝑡𝑒𝑐ℎ𝑜 𝑖 – população servida no troço i [nº de hab.];
𝐿𝑓𝑖𝑐𝑡𝑖𝑐𝑖𝑜 – comprimento fictício do troço [m];
𝑃𝑈𝑃 – população Unitária de Percurso [hab./m]

O caudal de águas residuais drenadas obtém-se dos consumos de água na rede de distribuição,
tendo em conta que apenas uma parte destes aflui à rede de drenagem. Para tal utiliza-se o factor
de afluência à rede, calculando o caudal que aflui à rede de drenagem através dos consumos de
águas. No Decreto Regulamentar nº 23/95, no ponto 2 do artigo 123.º, é referido que os factores
de afluência à rede devem ser discriminados por zonas de características idênticas, podendo
variar entre 0,70 e 0,90, e que dependem da extensão de zonas verdes ajardinadas ou agrícolas
e dos hábitos de vida da população. No presente projecto 𝑓𝑎 irá tomar o valor de 0,8.

𝑄𝑚 = 𝑝𝑜𝑝.𝑡𝑒𝑐ℎ𝑜 𝑖 × 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑐𝑎𝑜 × 𝑓𝑎 (4)

Sendo:
𝑄𝑚 – caudal médio doméstico [m3/s];
𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑐𝑎𝑜 – consumo de água por pessoa [m3/s.hab];
𝑓𝑎 – factor de afluência à rede, compreendido entre 0,7 e 0,9
𝑝𝑜𝑝.𝑡𝑒𝑐ℎ𝑜 𝑖 – população servida no troço i [nº de hab.];

Os consumos de água domésticos devem ser obtidos através de dados representativos da


população a servir. Quando não existe informação sobre estes consumos deve-se avaliar o nível
de vida, dimensão, características e hábitos da população a servir, tendo sempre em conta a
existência ou não de indústria e serviços na área.

O Decreto Regulamentar nº 23/95 estipula, no seu artigo 13.º, valores mínimos para as
capitações de acordo com o número de habitantes. No presente projecto adoptaram-se
consumos domésticos respeitando os valores mínimos referidos anteriormente, estando estes
descritos no Tabela 7.

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Tabela 7: Capitações adoptadas no projecto.

Capitações
Capitação Ano 0 (população residente) L/(hab.dia) 120
Capitação Ano 20 (população residente) L/(hab.dia) 140
Capitação Ano 40 (população residente) L/(hab.dia) 150
Capitação (população flutuante) L/(hab.dia) 150

A título exemplificativo é demonstrado o cálculo dos caudais, dos colectores da caixa de visita
n.º1E à caixa n.º18E (Tabela 8).

Para efeitos de dimensionamento de uma rede de drenagem de AR comunitárias utiliza-se o


caudal de ponta no ano crítico do horizonte de projecto, a presente rede foi dimensionada para
o caudal de ponta instantâneo no ano 40 (expressão 8). O caudal de ponta obtém-se afectando
o consumo médio doméstico pelo factor de ponta instantâneo e somando as parcelas do
consumo industrial, comercial e caudal de infiltração.

𝑄𝑝40 = 𝑓𝑝 × 𝑄𝑚 × 𝑄𝑖𝑛𝑓 × 𝑄𝑖𝑛𝑑 × 𝑄𝑐𝑜𝑚 (5)

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Tabela 8: Exemplo de aplicação do método de cálculo dos habitantes por troço e do caudal médio.

Trecho Ser. Origem Lreal Lfict Populacao - Ano 0 [hab eq] Populacao - Ano 40 [hab eq] Qm0 Qm40
Perc.
Pop. Afluente Pop. Acumulada Pop. Afluente Pop. Acumulada
[-] [-] [m] [m] [m] Res. Flu. Res. Flu. Res. Flu. Res. Flu. [l/s] [l/s]
Cx.1E Cx.2E 1 0,00 29,08 29,08 2 0 2 0 2 0 2 0 0,0020 0,0025
Cx.2E Cx.3E 1 29,08 15,69 15,69 1 0 3 0 1 0 3 0 0,0031 0,0039
Cx.3E Cx.4E 1 81,11 51,61 51,61 1 0 6 0 1 0 6 0 0,0067 0,0083
Cx.4E Cx.5E 1 96,39 21,76 21,76 1 0 15 0 1 0 15 0 0,0175 0,0218
Cx.5E Cx.6E 1 118,15 21,78 21,78 1 0 17 0 1 0 17 0 0,0190 0,0237
Cx.6E Cx.7E 1 139,93 24,10 24,10 1 0 18 0 1 0 18 0 0,0207 0,0258
Cx.7E Cx.8E 1 177,44 24,36 24,36 1 0 20 0 1 0 20 0 0,0233 0,0290
Cx.8E Cx.9E 1 210,86 49,43 49,43 2 0 23 0 2 0 23 0 0,0267 0,0333
Cx.9E Cx.10E 1 262,53 39,99 39,99 1 0 26 1 1 0 26 1 0,0295 0,0367
Cx.10E Cx.11E 1 277,81 28,16 28,16 2 0 28 1 2 0 28 1 0,0315 0,0391
Cx.11E Cx.12E 1 305,97 26,23 26,23 2 0 38 1 2 0 38 1 0,0434 0,0540
Cx.12E Cx.13E 1 332,20 22,83 22,83 1 0 40 1 1 0 40 1 0,0461 0,0574
Cx.13E Cx.14E 1 355,03 22,25 22,25 1 0 42 1 1 0 42 1 0,0477 0,0593
Cx.14E Cx.15E 1 405,55 44,55 44,55 1 0 45 1 1 0 45 1 0,0508 0,0631
Cx.15E Cx.16E 1 421,83 13,07 13,07 1 0 45 1 1 0 45 1 0,0517 0,0643
Cx.16E Cx.17E 1 453,72 32,30 32,30 1 0 47 1 1 0 47 1 0,0539 0,0670
Cx.17E Cx.18E 1 474,64 15,92 15,92 1 0 48 1 1 0 48 1 0,0550 0,0684

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O factor de ponta é o quociente entre o caudal máximo instantâneo e o caudal médio anual das
águas residuais domésticas e deve ser determinado, tendo como base registos locais. Na
ausência de qualquer informação ou elementos que permitam a sua determinação pode ser
estimado como está descrito no Decreto Regulamentar 23/95 artigo 125.º. de acordo com o
Decreto Regulamentar o factor de ponta varia consoante o número de habitantes a servir (P),
contudo para valores de população baixos este coeficiente pode tomar valores muito elevados,
por este motivo adoptou-se um valor máximo (valor característico) de 𝑓𝑝 ≤ 5.

60
𝑓𝑝 = 1,5 + (5)
√𝑃

Os caudais de infiltração variam consoante a extensão da rede de drenagem, nível freático do


solo, da hidrogeologia do terreno e do tipo e estado de conservação dos colectores, das juntas e
das câmaras de visita.

No Decreto Regulamentar nº 23/95, no ponto 4 do artigo 126.º, vem descrito que não dispondo
de dados experimentais locais ou de informações de carácter similar, o valor do caudal de
infiltração pode ser considerado igual ao caudal médio anual, em redes de aglomerados de
pequenas dimensões com colectores a jusante ate 300mm.

Tomou-se assim um caudal de infiltração idêntico ao caudal instantâneo doméstico. A


expressão para cálculo do caudal de ponta instantâneo é:

𝑄𝑝40 = 𝑓𝑝 × 𝑄𝑚 × 𝑄𝑖𝑛𝑓 (6)

𝑄𝑚 = 𝑄𝑖𝑛𝑓 (7)

𝑄𝑝40 = 𝑓𝑝 × 𝑄𝑚 × 𝑄𝑚 (8)

Neste subcapítulo estão descritos todos os métodos de cálculo adoptados na determinação dos
caudais dos troços.

Contudo pode-se verificar um exemplo para os primeiros 17 troços no Tabela 9.

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Tabela 9: Cálculo dos caudais de ponta instantâneo no horizonte de projecto.

Trecho Qm0 Qm40 fp Qi40 Qp40

[-] [l/s] [l/s] [-] [l/s] [l/s]


Cx.1E Cx.2E 0,002 0,003 5,0 0,003 0,015
Cx.2E Cx.3E 0,003 0,004 5,0 0,004 0,023
Cx.3E Cx.4E 0,007 0,008 5,0 0,008 0,050
Cx.4E Cx.5E 0,018 0,022 5,0 0,022 0,131
Cx.5E Cx.6E 0,019 0,024 5,0 0,024 0,142
Cx.6E Cx.7E 0,021 0,026 5,0 0,026 0,155
Cx.7E Cx.8E 0,023 0,029 5,0 0,029 0,174
Cx.8E Cx.9E 0,027 0,033 5,0 0,033 0,200
Cx.9E Cx.10E 0,030 0,037 5,0 0,037 0,220
Cx.10E Cx.11E 0,032 0,039 5,0 0,039 0,235
Cx.11E Cx.12E 0,043 0,054 5,0 0,054 0,324
Cx.12E Cx.13E 0,046 0,057 5,0 0,057 0,344
Cx.13E Cx.14E 0,048 0,059 5,0 0,059 0,356
Cx.14E Cx.15E 0,051 0,063 5,0 0,063 0,379
Cx.15E Cx.16E 0,052 0,064 5,0 0,064 0,386
Cx.16E Cx.17E 0,054 0,067 5,0 0,067 0,402
Cx.17E Cx.18E 0,055 0,068 5,0 0,068 0,411

4.6 Dimensionamento Hidráulico das Infraestruturas de Drenagem de Águas


Residuais

De acordo com SOUSA (2001), numa rede de drenagem de AR verificam-se, sob o ponto de
vista hidráulico-sanitário, as três características seguintes:

 O escoamento faz-se com superfície livre, excepto em condições muito especiais.


 O regime de escoamento é variável.
 As águas residuais transportam quantidades significativas de sólidos em suspensão e em
solução (de natureza orgânica e inorgânica).

No dimensionamento hidráulico de um sistema de drenagem, a determinação das inclinações e


diâmetros dos colectores é um dos objectivos principais, de forma assegurar a capacidade de
auto-limpeza do sistema e evitar, na medida do possível, a deposição dos sólidos em suspensão.
A limitação da altura de escoamento e velocidade de escoamento deve-se à necessidade de
ventilação e controlo de septicidade nos colectores para evitar o desgaste das tubagens e caixas

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de visita. No Decreto Regulamentar 23/95 artigo 133.º estão previstas como condições de auto-
limpeza e preservação que, nos colectores domésticos, a velocidade de escoamento para o
caudal de ponta no início de exploração deverá ser superior a 0,6 m/s e para o caudal de ponta
no horizonte de projecto não deverá exceder 3m/s. Caso estes limites referidos anteriormente
não sejam viáveis, como é o caso dos colectores de cabeceira, deverão ser estabelecidos declives
que, para o caudal de secção cheia, verifiquem os valores limites.

Para além disto, a altura da lâmina líquida nos colectores a verificar não deve ser superior a 0,5
da altura total para D≤500mm e 0,75 para D>500mm, sendo D o diâmetro nominal.
Relativamente à inclinação dos colectores, em geral, esta deverá estar compreendida entre 0,3%
e 15%, sendo que neste projecto a inclinação verificada é 0,5%, que foi obtida através da relação
1
𝑖 = 𝐷, de modo a garantir um assentamento adequado, condições de auto-limpeza e preservação

das condutas.

A rede tem um regime de escoamento variável, visto que o sistema não é solicitado
permanentemente ao longo do tempo, variando o seu caudal, altura de escoamento e velocidade
de escoamento. O cálculo hidráulico foi efectuado individualmente para cada colector com
expressões de Gauckler-Manning para escoamento em regime permanente uniforme.

𝑄 = 𝐾. 𝐴. 𝑅 2⁄3 . 𝑖 1⁄2 (9)

Sendo:

Q – caudal [m3/s];
K – coeficiente de rugosidade do material (Manning Strickler) [-];
A – área da secção [m2];
R – raio hidráulico [m];
i – inclinação da linha de energia [m/m].

A fórmula de Gauckler-Manning não permite determinar explicitamente a altura uniforme, para


tal recorreu-se a um processo iterativo para secções circulares (QUINTELA, 2005).

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Figura 6: Altura de escoamento.

𝐷2
𝐴 = (𝜃 − sin 𝜃). (10)
8

𝐷𝜃
𝑃= (11)
2

𝑄 0,6
𝜃𝑛+1 = sin 𝜃𝑛 + 6,063 (𝐾√𝑖) 𝐷−1,6 𝜃𝑛 0,4 (12)

Sendo:

A – área de secção do colector [m2];


D – diâmetro do colector [m];
P – perímetro [m];
θ – angulo formado pela massa liquida [radianos];
K – coeficiente de rugosidade (formula de Gauckler-Manning) [-];
i – inclinação do colector [m/m].

Começando com 𝜃1 = 𝜋 procedeu-se a 30 iterações com ajuda de uma folha de cálculo Excel,
obtendo-se assim um valor razoável para θ.

𝑄
𝑉= 𝐷2
(13)
𝐴=(𝜃−sin 𝜃).
8

𝐷 𝜃
ℎ = (1 − cos ) (14)
2 2

Sendo:

V – velocidade de escoamento [m/s];


Q – caudal escoado [m3/s];
D – diâmetro [m];

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h – altura de escoamento [m];
𝜃 – ângulo formado pela massa liquida [radianos].

Verificaram-se as velocidades e a relação h/D em cada colector, de modo a satisfazer as


condições previstas no DR 23/95 para sistemas de drenagem de AR referidas anteriormente.

O diâmetro mínimo que se deve adoptar no dimensionamento dos colectores está previsto no
Decreto Regulamentar 23/95 artigo 134.º, sendo o diâmetro nominal mínimo admitido de
200mm.

A título de exemplo demonstra-se de seguida o cálculo e verificação das condições hidráulicas


para os primeiros 17 troços no Tabela 10.

Tabela 10: Verificação das condições hidráulicas nos colectores.

Trecho Qp40 V h/D

[-] [l/s] [l/s] [mm] [mm] [mm] [m/s] [m/s] [rad] [-]
Cx.1E Cx.2E 0,015 84,710 200 192 0,077 0,25 2,93 0,43 0,01
Cx.2E Cx.3E 0,023 95,742 200 192 0,098 0,33 3,31 0,45 0,01
Cx.3E Cx.4E 0,050 87,038 200 192 0,081 0,42 3,01 0,54 0,02
Cx.4E Cx.5E 0,131 54,675 200 192 0,032 0,42 1,89 0,75 0,03
Cx.5E Cx.6E 0,142 55,582 200 192 0,033 0,44 1,92 0,76 0,04
Cx.6E Cx.7E 0,155 60,194 200 192 0,039 0,48 2,08 0,76 0,04
Cx.7E Cx.8E 0,174 66,247 200 192 0,047 0,53 2,29 0,76 0,04
Cx.8E Cx.9E 0,200 100,737 200 192 0,108 0,74 3,48 0,71 0,03
Cx.9E Cx.10E 0,220 99,672 200 192 0,106 0,75 3,44 0,73 0,03
Cx.10E Cx.11E 0,235 92,253 200 192 0,091 0,73 3,19 0,76 0,04
Cx.11E Cx.12E 0,324 48,111 200 192 0,025 0,51 1,66 0,95 0,06
Cx.12E Cx.13E 0,344 61,576 200 192 0,041 0,62 2,13 0,91 0,05
Cx.13E Cx.14E 0,356 65,113 200 192 0,045 0,65 2,25 0,91 0,05
Cx.14E Cx.15E 0,379 59,494 200 192 0,038 0,62 2,05 0,94 0,05
Cx.15E Cx.16E 0,386 57,957 200 192 0,036 0,61 2,00 0,95 0,06
Cx.16E Cx.17E 0,402 21,998 200 192 0,005 0,32 0,76 1,21 0,09
Cx.17E Cx.18E 0,411 44,772 200 192 0,021 0,52 1,55 1,03 0,06

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4.7 Dimensionamento Hidráulico do Sistema Elevatório

4.7.1 Considerações Gerais


A topografia do terreno impede o escoamento de todo o caudal de modo gravítico, sendo
necessária a construção de um sistema elevatório, constituído por uma estação elevatória e
condutas em pressão que irão encaminhar as águas residuais para um ponto para além do qual
o escoamento continuará de modo gravítico.

As tubagens da conduta elevatória, de acordo com o DR 23/95 artigo n.º175 não devem ter
diâmetro inferior a 100mm. Optou-se como solução na conduta elevatória tubagem com 110mm
de diâmetro e uma inclinação mínima 𝑖 ≥ 0,5%, assegurando um bom escoamento e evitando
entupimentos pela massa líquida.

O traçado do sistema em planta muito se assemelha ao traçado efectuado para a rede de


drenagem de águas, como já foi referido, contudo o escoamento das condutas do sistema
elevatório é feito em pressão. O Decreto Regulamentar 23/95 prevê no seu artigo 79.º, relativo
ao traçado das condutas que, o perfil longitudinal deve ser preferencialmente ascendente,

Evitando que a linha piezométrica intersecte a conduta, mesmo em situações de caudal nulo.
Também prevê que para a libertação do ar das condutas se pode recorrer a ventosas de
funcionamento automático ou a tubos de ventilação (ANEXO 3), e que em todos os pontos
baixos da conduta e pontos intermédios que se justifique, devem ser instaladas descargas de
fundo de modo a permitir um esvaziamento num período de tempo aceitável.

De modo a evitar problemas futuros com o funcionamento do sistema e sua manutenção devem-
se ter alguns aspectos em consideração na concepção da rede, como a ventilação e fácil acesso
para operações futuras. Teve-se a preocupação de colocar todos os colectores do sistema em
sentido ascendente e de evitar a existência de pontos baixos, de modo a assegurar uma
ventilação adequada com poucos acessórios.

Na escolha do local para construção da estação elevatória teve-se em conta todos os aspectos
mencionados no Decreto Regulamentar 23/95 artigo 74.º, ou seja, houve especial atenção na
integração com o restante sistema de modo a minimizar os custos globais, nos
condicionamentos hidrogeológicos, na distância da fonte da alimentação de energia eléctrica,
na localização de uma possível descarga de emergência e nos efeitos de propagação de ruídos
e vibrações.

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Para além destes aspectos ainda é mencionado a necessidade de um traçado adequado, em
planta e perfil longitudinal, da conduta elevatória com o objectivo de minimizar possíveis
problemas do funcionamento hidráulico da exploração.

As dimensões da estação elevatória foram adoptadas tendo em conta o caudal afluente e as


necessidades do sistema. A geometria da estação foi concebida para ser funcional, tendo
capacidade para alojar no seu interior todos os acessórios necessários (grupos electro-bomba,
tubagens, válvulas, etc…) e permitir operações de manutenção e controlo com algum conforto
e segurança. Colocaram-se acessos, ventilação e espaço de manobra para um indivíduo, tendo
sempre a preocupação em manter a obra económica e viável.

A concepção da estação elevatória foi feita através de exemplos e projectos semelhantes, visto
não existirem regras específicas regulamentares para este tipo de estrutura, adoptaram-se assim
medidas idênticas às usualmente consideradas. As AR afluentes, antes de entrar na estação
elevatória, devem passar por uma câmara de visita de chegada que permita inspecção e análise
das águas residuais.

Esta câmara deve dispor de uma válvula moral e de um bypass, que descarregue numa linha de
água próxima, permitindo a colocação da EE fora de serviço, nomeadamente para operações de
manutenção. De seguida, situa-se a EE propriamente dita, ou seja, a respectiva gradagem e poço
de bombagem. A gradagem disporá de uma cesta removível por içamento, que permite a
remoção manual de gradados.

O poço de bombagem é o compartimento destinado a receber e acumular os afluentes,


acomodando os grupos electrobomba submersíveis. Por último, A EE deve dispor de uma
câmara de válvulas à qual afluem as tubagens de aspiração e que comporte as válvulas situadas
a montante da conduta elevatória, nomeadamente as válvulas de retenção e válvulas de
seccionamento, permitindo a visita de pelo menos um indivíduo para inspecção e manutenção.

Para além de todo o dimensionamento hidráulico e estrutural da estação elevatória, foram


considerados e devidamente concebidos meios de isolamento à população (vedação e portão de
acesso), iluminação do local, acessórios necessários ao bom funcionamento da estação
elevatória (“Ancinho com cabo telescópio”, em aço inox, para recolha de gradados e sonda de
nível a colocar no reservatório de bombagem).

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4.8 Dimensionamento hidráulico do sistema elevatório

Para dimensionamento das condutas utilizou-se o caudal total elevado pela estação elevatória
(Tabela 11 ), somando os caudais que escoam por gravidade para o local. Para cálculo dos
caudais utilizou-se o método descrito anteriormente no cálculo dos caudais da rede de drenagem
de AR, atribuindo-se a cada colector um número estimado de habitantes servidas, sendo de
seguida atribuído um caudal aos vários colectores através dos valores de capitação definidos
anteriormente.

Através das folhas de cálculo foi retirado o valor do caudal de dimensionamento, sendo o caudal
afluente à caixa de visita n.º27 o somatório de todos os caudais transportados pela estação
elevatória.

O artigo n.º175 do Decreto Regulamentar 23/95 refere uma velocidade mínima de 0,7m/s em
escoamentos de condutas elevatórias, de acordo com a legislação adoptou-se condutas DN110
(diâmetro 110mm) e um caudal de bombagem 𝑄 = 0,7 𝑙/𝑠, a que corresponde uma velocidade
de escoamento de 𝑉 = 0,74 𝑚/𝑠.

Tabela 11: Caudal de dimensionamento da estação elevatória.

[l/s] 1,13

A profundidade do poço de bombagem foi determinada tendo em conta a cota de soleira das
tubagens afluentes, a altura requerida para instalação da bomba de forma a manter a bomba
sempre submersa, a distância entre níveis máximo e mínimo de operação do grupo elevatório e
o nível de alarme. O volume útil de bombagem é definido pela distância entre o nível máximo
e mínimo de operação anteriormente referidos, e representa o volume de água escoado no
intervalo de tempo entre dois arranques consecutivos do grupo electrobomba. Com recurso à
expressão 19 calculou-se o volume útil.

𝑄𝑎𝑓𝑙𝑢. .𝑇
𝑉𝑢𝑡𝑖𝑙 = (15)
𝑛

Sendo:
Vútil – volume útil do reservatório [m3];
Qaflu. – caudal afluente a estação elevatória [m3/s];
T – intervalo de tempo de calculo, por norma define-se 3600 segundos [s];
n – numero de arranques do grupo electrobomba [-]

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O grupo elevatório será constituído por duas bombas a actuar de forma alternada, enquanto uma
bomba trabalha, duas vezes por hora (dois arranques), a segunda serve de reserva em caso de
necessidade ou avaria. O número de horas de trabalho do equipamento deve ser dividido pelas
duas bombas hidráulicas, diminuindo o desgaste dos materiais e a sua manutenção durante o
horizonte de projecto Para esta solução calculou-se o volume útil e definiram-se os níveis de
operação e alarme. Os dados estão referidos no Tabela 12 e na Figura 7.

Tabela 12: Dados do poço de bombagem (Fonte: Autor,2020).

Parâmetros Unidades Dados


Caudal bombado [ 3 /s 0,007
Volume útil 3 2,04
n.º de arranques [-] 2
Altura útil [m] 0,46

Figura 7: Níveis de operação e alarme (Fonte: Autor,2020).

Para se obter a altura de elevação (Tabela 13) das bombas hidráulicas, efectuou-se o cálculo
das perdas de energia ao longo das condutas elevatórias (expressão 16) com um caudal de
bombagem de 7l/s e o auxílio da fórmula de Gauckler-Manning:

𝑄 2
𝑄 = 𝐾. 𝐴. 𝑅 2⁄3 . 𝐽1⁄2 → 𝐽 = (𝐾.𝐴.𝑅2⁄3 ) (16)

Sendo:
Q – caudal [m3/s];
K – coeficiente de rugosidade do material (Manning Strickler) [-];
A – área da secção [m2];
R – raio hidráulico [m];

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J – perda de carga unitária [m/m].

Usando a perda de carga unitária e a diferença de cotas entre o ponto final e inicial do sistema
elevatório calculou-se a altura total de elevação (expressão 17).

𝐻elevação = 𝐽 × 𝐿 + ∆𝐻 (17)

Sendo:

Hlevação – altura de elevação [m];


J – perda de carga unitária [m/m];
L – comprimento da tubagem [m];
ΔH – diferença de cota entre o ponto inicial e final [m].

Tabela 13: Cálculo da altura de elevação do grupo electro-bomba.

Trecho Distância Q K J JxL


[ / /
[-] [m] [ / [m/m] [m]
1 2 6,98 0,007 80 0,010213 0,071304
2 3 13,98 0,007 80 0,010213 0,142748
3 4 14,37 0,007 80 0,010213 0,146765
4 5 39,45 0,007 80 0,010213 0,402874
5 6 11,43 0,007 80 0,010213 0,116768
6 7 14,20 0,007 80 0,010213 0,145069
7 8 25,48 0,007 80 0,010213 0,26018
8 9 7,48 0,007 80 0,010213 0,076372
9 10 21,06 0,007 80 0,010213 0,215064
10 11 66,43 0,007 80 0,010213 0,67849
11 12 40,03 0,007 80 0,010213 0,408879
12 Cx.28 11,50 0,007 80 0,010213 0,11744
M

2,781952
Perdas instantâneas (20%) 0,55639
∆ 15,74
TOTAL 19,07843

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4.9 Golpe de Aríete na Conduta

Quando numa bomba hidráulica é cortada a alimentação, a velocidade de rotação da bomba vai-
se reduzindo, o que provoca a diminuição do caudal impulsionado. A anulação do caudal a
jusante da bomba por paragem da mesma cria pressões na secção imediatamente a jusante da
bomba. Se as pressões baixarem até à tensão de saturação do vapor de água a veia líquida poderá
romper-se, levando ao colapso da conduta devido a pressões interiores altas, surgidas quando a
veia líquida volta a reconstituir-se (golpe de aríete), ou ao excesso da pressão exterior sobre a
pressão interior durante a rotura.

Imediatamente a seguir à paragem de uma bomba ocorrem assim depressões nas instalações,
estando o tempo de anulação do caudal dependente das características de funcionamento da
bomba, das características hidráulicas da instalação e da inércia do grupo electro-bomba.

A classe de pressões da conduta elevatória foi seleccionada tendo em conta a elevação


manométrica e o andamento da linha piezométrica dinâmica em regime permanente e variável.
Com o objectivo de avaliar os efeitos do choque hidráulico sobre a conduta elevatória,
procedeu-se à determinação das variações da pressão em relação às linhas de energia estáticas.
Para tal, calculou-se inicialmente para a conduta elevatória, a celeridade (velocidade de
propagação da onda) através da expressão 23 (LIMA, 2000) simplificada para condutas de
secção circular e para o caso de o líquido ser água.

9900
𝑐= 𝐷
(18)
√48,3+𝑘.
𝑒

Sendo:
c – velocidade de propagação da onda [m/s];
D – diâmetro interior da conduta elevatória [mm];
e – espessura da parede da conduta elevatória [mm].
k – parâmetro adimensional que depende do material da conduta; para PVC
k = 33,3

Para o projecto de pequenas instalações pode estimar-se o tempo de anulação, T, do caudal na


paragem de uma bomba com a fórmula de ROSICH 1970 (QUINTELA, 2005) válida para
velocidades superiores a 0,5m/s (expressão 19).

𝐾.𝐿.𝑈0
𝑇=𝐶+ (19)
𝑔.𝐻𝑡

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Sendo:
T – tempo [s];
Ht – altura total de elevação [m];
C – parâmetro dependente do declive da conduta elevatória (toma o valor de 1 para
um declive ascendente, no sentido do escoamento permanente, inferior a 20% e anula-se para
𝐻𝑡
o declive de 40%) sendo que o declive é calculado pelo quociente 𝐿𝑖

L – comprimento da conduta elevatória [m];


U0 – velocidade no regime permanente [m/s];
K – coeficiente adimensional, dependente do comprimento L (Tabela 13);
g - aceleração da gravidade [m/s2 ].

Tabela 14: Coeficiente K, ROSICH 1970.

L (m) <500 500 500<L<1500 1500 >1500


K [-] 2 1,75 1,5 1,25 1

O tempo de fase (expressão 20) do processo deve ser calculado para determinar o tipo de
manobra e a variação de pressões na conduta. Se o tempo de paragem do grupo elevatório
exceder o tempo de fase, a manobra é classificada em lenta, caso contrário considera-se que a
manobra é rápida.
2×𝐿
𝐶′ = (20)
𝑐

Sendo:
c' – tempo de fase [s];
c – celeridade [m/s];
L – comprimento da conduta [m].

A variação de pressão em relação à linha de energia estática, que depende do tipo de manobra,
foi calculada pela expressão 21 e expressão 22.

𝑐
∆𝐻 = 𝑔 𝑈 (21)

2.𝐿.𝑈
∆𝐻 = (22)
𝑔.𝑇

ΔH – variação da pressão em relação à linha de energia estática [m];


c – celeridade (velocidade de propagação da onda) [m/s];
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U – velocidade na tubagem [m/s];
L – comprimento da conduta [m];
T – tempo de paragem do grupo elevatório [s];
g – aceleração da gravidade [m/s2].

Uma vez determinada a variação de pressão em relação à linha de energia estática, estimaram-
se as sobrepressões e subpressões máximas, referenciadas também à linha de energia estática,
respectivamente pela adição e pela subtracção entre o desnível geométrico da conduta elevatória
e a variação da pressão calculada. Os resultados obtidos apresentam-se no Tabela 15.
Tabela 15: Efeitos do choque hidráulico.

Parâmetro [Unidades] valor


Celeridade [m/s] 330,47
Coeficiente K [-] 2,00
Coeficiente C [-] 1,00
Comprimento da conduta L [m] 272,4
Carga total a jusante do grupo elevatório [m] 19,08
Tempo de paragem do grupo elevatório [s] 1,35
Tempo de fase [s] 1,65
Tipo de manobra [-] Rápida
Variação de pressão (em relação à linha de energia estática) [m] 4,02
Sobrepressão referenciada à linha de energia estática [m] 19,76
Subpressão referenciada à linha de energia estática [m] 11,72

Da análise dos resultados obtidos escolheu-se tubagens de classe de pressão PN6 (PN6 –
máxima pressão 6bar/61,2m.c.a.). Não se verificam subpressões, pelo que, não é necessário
colocar dispositivos de protecção para responder ao golpe de aríete.

Para escolha do grupo electrobomba é necessário ainda, calcular a potência


necessária do grupo elevatório. Para tal utilizou-se todos os dados atrás mencionados e a
expressão 23. Apresenta-se no Tabela 16 a potência necessária e respectivo rendimento.

Υ𝑎𝑔𝑢𝑎 .𝑄.𝐻𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎𝑐𝑎𝑜
𝑃= ×𝜑 (23)
𝜂

P – potência da bomba [kW];


γágua – massa por unidade de área de água [kg/m2];
Q – caudal bombado [m3/s];
Helevação – altura de elevação [m];
𝜂 – rendimento da bomba [-];
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𝜑 – factor de segurança (devido à probabilidade de o caudal bombado ser
superior ao previsto), neste projecto 𝜑 = 1,15

Tabela 16: Potência e rendimento da bomba.

Potência da bomba
P [kW] 2,09
𝜂 [%] 60%

4.10 Dimensionamento Sanitário e Condições de Septicidade

4.10.1 Considerações gerais


Por norma as condições de septicidade não se estabelecem em sistemas de drenagem de águas
residuais com uma rede de curta extensão, constituída por colectores de pequeno diâmetro, onde
o escoamento assegura uma boa ventilação e as condições necessárias de auto-limpeza.
Contudo, nos sistemas de drenagem de longa extensão verifica-se ao longo do percurso um
decréscimo da qualidade da água, levando ao estabelecimento de condições de septicidade e
um consequente aumento da degradação das condutas, este processo deve-se principalmente à
formação de sulfuretos, como é ilustrado no ANEXO 2.

Diz-se que o escoamento se processa em condições de septicidade, quando as concentrações de


oxigénio são baixas e ocorrem reacções de oxidação da matéria orgânica em condições
anaeróbias, resultando num aumento das concentrações de dióxido de carbono e de sulfureto de
hidrogénio que por sua vez irão reduzir o pH da massa líquida. Conclui-se assim que ao longo
do percurso das AR o teor de oxigénio diminui e os teores de dióxido de carbono e de sulfuretos
aumentam, originando um ambiente tóxico.

Uma grande concentração de sulfureto de hidrogénio origina odores intensos e desagradáveis,


ambientes tóxicos, corrosão nos colectores, caixas de visita e restantes infraestruturas e
equipamentos, e, em condições excecionais, pode levar a ocorrência de ambientes explosivos.
A condição de septicidade está assim associada à formação de sulfuretos na massa líquida e
depende de vários factores, sendo eles:

 Temperatura (em países ou regiões frias, o estabelecimento de condições de


 septicidade não é tão grave como em regiões de temperatura média elevada);
 Nível de pH;
 Velocidade média de escoamento;
 Tempo de percurso;
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 Concentração de oxigénio dissolvido;
 Potencial redox da massa líquida.

O sulfureto de hidrogénio é uma espécie de sulfureto inorgânico dissolvido, sendo a sua


principal origem, por norma, na formação no interior do sistema, contudo é importante salientar
que pode surgir por outros métodos, sendo eles:

 Águas residuais industriais;


 Infiltração de aquíferos com concentrações altas de sulfuretos;
 Descargas de águas residuais domésticas já sépticas provenientes de tanques
 ou poços de bombagem e fossas sépticas.

No presente projecto o sistema de drenagem é efectuado em superfície livre com uma altura de
escoamento igual ou inferior a metade do diâmetro. O teor de sulfuretos não atinge valores
muito elevados na massa líquida devido à absorção de oxigénio na interface ar-massa líquida.
A presença de oxigénio leva à oxidação de substâncias de menor potencial redox, contudo o
escoamento continua a processar-se em regime anaeróbio visto o arejamento não ser suficiente,
ocorrendo assim formação de sulfuretos. Porém grandes partes destes libertam-se para a
atmosfera do sistema sobre a forma de gás sulfídrico, diminuindo a sua concentração na massa
líquida.

4.10.2 Modelo de cálculo


No dimensionamento sanitário da rede de drenagem de AR não se efectuaram quaisquer
cálculos, visto esta ser de curta extensão e o seu escoamento efectuar-se em superfície livre com
condições de auto-limpeza e ventilação asseguradas pelo Decreto Regulamentar 23/95. Neste
tipo de sistemas não é usual o estabelecimento de condições de septicidade como já foi referido
atrás. No entanto o escoamento do sistema elevatório dá-se sobre pressão, onde não ocorrem
nem reacções de oxidação, nem de libertação de gás sulfídrico para o ar. A formação de
sulfuretos na massa líquida e o estabelecimento de condições de septicidade dá-se com maior
facilidade.

Com recurso à expressão de POMEROY 1959 (expressão 24) (QUINTELA, 2005), para o
cálculo da concentração de sulfuretos em condutas sob pressão, efectuou-se o cálculo das
condições sanitárias na estação elevatória.

𝑑𝑆 4
= 𝐾𝑝 . 𝐶𝐵𝑂𝑆 . (1,57 + 𝐷) . 1,07(𝑇−20) . 𝑡𝑟 (24)
𝑑𝑡

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d[S]/dt – taxa de formação de sulfuretos expressa em termos da variação da
concentração na massa líquida [mg/(l.h)];
Kp – constante empírica, admitida, em regra, como igual a 0,001 [m/h];
CBO5 – carência bioquímica de oxigénio aos cinco dias e a 20º.C [mg/l];
T – temperatura da massa líquida [º.C];
tr – tempo de retenção da massa líquida [h];
D – diâmetro da conduta [m].

Sendo o tempo de retenção calculado com a expressão 25:

𝐿 1 𝐿.𝐴 1
𝑡𝑟 = 𝑉 × 3600 ↔ 𝑡𝑟 = × 3600 (25)
𝑄

𝑡𝑟 – tempo de retenção da massa líquida [h];


L – comprimento das condutas elevadas [m];
V – velocidade de escoamento [m/s];
A – área de secção [m2];
Q – caudal de escoado [m3/s].

Apresenta-se no Tabela 17 os resultados obtidos no cálculo sanitário.

Tabela 17: Cálculo da formação de sulfuretos com recurso à expressão de POMEROY 1959

Parâmetro [unidades] Valor


d[S]/dt [mg/l.h] 1,56
Kp [m/h] 0,001
CBO5 [mg/l] 400
D [m] 0,11
T [º.C] 20
tr [h] 0,1
Q [ 3 /s 0,007

Dado que o valor obtido excede 1,5 mg/l, é de temer alguns problemas sanitários (manifestação
de odor desagradável e ocorrência de corrosão) nas estruturas de drenagem e tratamento que se
desenvolvem a jusante. Na própria conduta elevatória sob pressão, estes problemas não se
manifestam, visto não haver contacto com a atmosfera e, por isso, condições para a libertação
do gás sulfídrico.

A expressão empírica de cálculo utilizada fornece, em regra, resultados conservativos,


sendo de esperar que tais problemas apenas possam ocorrer em períodos críticos e

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localizados no ano, associados a dias de temperatura elevada. No entanto colocaram-se vários
meios de protecção, nomeadamente:

 condutas de PVC (material resistente à corrosão);


 pintura da caixa de visita n.º28 com resina epoxy;
 colocação de um ligeiro desnível na descarga da massa líquida na caixa de visita n.º28.

4.10.3 Aspectos Construtivos


O Decreto Regulamentar 23/95 impõe algumas condições no traçado em planta da rede de
drenagem de águas residuais no artigo 136.º. Entre elas importa mencionar a condição referente
à implantação dos colectores no eixo da via pública, na maior parte dos arruamentos urbanos.

No caso de vias de circulação largas, arruamentos de grande largura, espaços livres amplos e
passeios neste artigo existe uma condição que diz que os colectores poderão ser implantados
fora das faixas de rodagem desde que a distância mínima aos limites das propriedades seja de
1m.

De modo a evitar danos nas tubagens ou possíveis assentamentos, pela circulação de veículos
e cargas pesadas no pavimento imediatamente acima da rede, está definido uma profundidade
mínima no Decreto Regulamentar 23/95 artigo 137.º. A profundidade de assentamento dos
colectores não deverá ser inferior a 1m, valor medido entre o seu extradorso e o pavimento da
via pública, podendo este valor aumentar em função de exigências de trânsito, da inserção dos
ramais de ligação ou da instalação de infraestruturas. No presente projecto adoptou-se como
profundidade mínima 1,20 m, assegurando uma maior resistência das condutas e facilitando a
ligação dos colectores aos ramais de ligação.

A construção das valas e seu assentamento devem ser devidamente efectuados de modo a
garantir uma boa funcionalidade e resistência às tubagens, estando previstas regras de
construção no Decreto Regulamentar 23/95 artigo 26.º. No caso de profundidades até 3m, a
largura das valas para assentamento das tubagens, em regra, deverá ter a dimensão mínima
determinada pelas seguintes expressões:

𝐿 = 𝐷𝑒 + 0,5 para condutas de diâmetro até 0,5m;

𝐿 = 𝐷𝑒 + 0,7 para condutas de diâmetro superior a 0,5m;

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Onde L é a largura da vala (m) e De o diâmetro exterior da conduta (m). O artigo 26.º também
refere que a largura mínima das valas pode sofrer um aumento em função do tipo de solo,
processo de escavação e nível freático, para profundidades superiores a 3m.

O artigo 27.º do Decreto Regulamentar 23/95 refere algumas condições a respeitar na instalação
das tubagens. Estas devem ser assentes de modo a assegurar que cada troço de tubagem se apoie
de forma contínua e directa sobre terrenos de resistência igual. Se o terreno não assegurar as
condições de estabilidade das tubagens ou dos acessórios, deve-se recorrer à sua substituição
por outro material de maior resistência e devidamente compacto. Em escavações num terreno
rochoso, as tubagens deverão ser assentes, em todo o seu comprimento, sobre uma camada
uniforme, preparada previamente de 0,15 a 0,30 m de espessura de areia, gravilha, ou um
material idêntico cuja dimensão máxima não ultrapasse os 20 mm.

No Decreto Regulamentar 23/95 artigo 28.º é ainda referido que o aterro das valas deverá ser
realizado entre 0,15 a 0,30m acima do extradorso das tubagens com um material de dimensões
inferiores a 20mm. A compactação do material do aterro deverá ser feita, tendo o cuidado de
não danificar as tubagens e de garantir a estabilidade dos pavimentos.

Na escolha dos materiais das tubagens foi tido em conta o descrito no Decreto Regulamentar
23/95 artigo 142.º, onde é mencionado que os colectores de AR domésticas podem ser de grés
cerâmico vidrado interna e externamente, betão, fibrocimento, PVC, entre outros. Também é
referido que no caso de escoamento sob pressão, se pode utilizar como material o fibrocimento,
PVC, ferro fundido e aço.

Como solução para o projecto adoptaram-se condutas de PVC corrugado na rede de drenagem
e condutas de PVC no grupo elevatório. As tubagens de PVC corrugado têm alta resistência
mecânica e principalmente excelente relação peso/metro, tornando este um bom material no
transporte em superfície livre de águas residuais.

No que diz respeito às câmaras de visita, a sua implantação foi feita respeitando as condições
descritas no Decreto Regulamentar nº23/95, artigo 155.º. Este artigo estipula a obrigatoriedade
de implantação de câmaras de visita na confluência dos colectores, nos pontos de mudança de
direcção, inclinação e diâmetro dos colectores, e nos alinhamentos rectos, com afastamento
máximo de 100m para o caso de colectores visitáveis. Neste projecto admitiu-se que o
afastamento máximo entre câmaras de visita seria de 60m apesar de se tratar de colectores
visitáveis, facilitando assim as possíveis operações de manutenção.

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Outras regras presentes no artigo 159.º do Decreto Regulamentar foram tidas em conta, a
ligação de um ou mais colectores noutro deve ser realizada no sentido do escoamento de modo
a garantir a tangência da veia líquida secundária à principal. Quando a profundidade das
câmaras excede os 5m, deve-se construir patamares espaçados no máximo de 5m, com aberturas
de passagem desencontradas, para assegurar as condições de segurança necessárias. As soleiras
devem ser protegidas para quedas superiores a 1m para evitar a erosão destas e a sua inclinação
deve estar compreendida entre os 10 e os 20% no sentido das caleiras. Neste projecto foi
adoptado o valor de inclinação máxima, ou seja, os 20%.

Foi considerado que as câmaras de visita implantadas seriam do tipo CT, ou seja, de corpo
circular e cobertura tronco-cónica (SOUSA e MONTEIRO, 2010).

A caixa de chegada da conduta elevatória deve ser protegida contra a corrosão, devido às
especificidades do escoamento sobre pressão da conduta elevatória. Todo o interior da caixa de
chegada é revestido com resina epóxica, e, a entrada da massa líquida oriunda da estação
elevatória é efectuada a uma cota inferior à cota de saída na caixa, estando explícito, como em
todos os cálculos efectuados, todos os pormenores de construção. O local, na linha de água,
onde é efectuada a descarga de AR em caso de necessidade, é protegido com enrocamento com
intuito de prevenir a erosão do terreno pelas águas residuais.

Os ramais de ligação têm por finalidade assegurar a condução das AR prediais, desde as
câmaras de ramal de ligação até à rede pública (DR 23/95 art. n.º146). A inserção nos colectores
deve ser realizada de forma a evitar perturbações na veia líquida principal. A ligação dos ramais
de ligação à rede pública deve ser efectuada por meio de forquilhas simples com um ângulo de
incidência igual ou inferior a 67.º 30’, sempre no sentido do escoamento, ou pode ser realizada
por ”tê”, desde que a altura da lâmina líquida do colector se situe a nível inferior ao da lâmina
líquida do ramal (SOUSA e MONTEIRO, 2010).

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4.11 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DO SISTEMA ELEVATÓRIO

4.11.1 Considerações gerais


A concepção e dimensionamento da estação elevatória foram efectuados de modo a satisfazer
as necessidades hidráulicas do sistema elevatório, tendo em conta factores como:

 Funcionalidade;
 Comportamento estrutural;
 Economia;
 Terreno disponível;
 Acessos;
 Segurança;
 Localização e nível de inundação.

4.11.2 Escolha do material


Na escolha do material para construção da estação elevatória foram tidos em conta as classes
de exposição ambiental referidas na norma NP EN 206-1 e informações referidas na
especificação LNEC E 464 - 2007. A estrutura irá estar exposta a ataques por bactérias
anaeróbias que produzem ácidos, sendo este um ataque químico fortemente agressivo devido
ao contacto permanente com as águas de esgotos, incluiu-se a estrutura numa classe de
exposição ambiental XA3 (Ambiente químico altamente agressivo). De acordo com a classe
adoptada para esta estrutura foram tidos em conta vários aspectos, sendo eles:

 Concepção estrutural – Forma da estrutura


o Geometria;
o Robustez;
 Pormenorização da estrutura
o Recobrimento das armaduras;
o Pormenorização das armaduras;
 Selecção dos materiais – betão
o Composição A/C, dosagem de cimento;
o Tipo de cimento;
o Agregados;

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O recobrimento das armaduras foi calculado de acordo com a expressão 26:

𝑐𝑛𝑜𝑚 = 𝑐𝑚𝑖𝑛 + ∆𝑐𝑑𝑒𝑣 26

cnom – recobrimento nominal a especificar no projecto [mm];

cmin – recobrimento mínimo para assegurar protecção das armaduras contra a


corrosão, transmissão de forças entre armadura e o betão e garantir resistência
ao fogo [mm];

Δdev – tolerância de execução, para evitar degradação e corrosão do material por erros
de execução. ∆𝑐𝑑𝑒𝑣 = 10 𝑚𝑚 (NP ENV 13670-1).

De acordo com a classe de exposição (XA3) adoptou-se um recobrimento mínimo de 50mm e


o material adequado. Apresenta-se no Tabela 18 as características do material adoptado.

Tabela 18: Material adoptado para a estação elevatória.

Material [Unidades] Características


Classe de resistência [-] C35/45
Relação água/cimento [-] 0,45
Dosagem de cimento [kg/ 3 360
Betão
Tipo [-] CEM IV/A
Recobrimento nominal [mm] 60
𝐷𝑚𝑎 [mm] 25
Classe de resistência [Mpa] 500
Aço Processo de fabrico e
aderência [-] NR

Na escolha do material foi utilizada a especificação LNEC E 464 como já foi referido
anteriormente. Optou-se por um cimento CEM IV/A devido à sua resistência aos sulfatos, sendo
esta uma boa opção para estruturas em contacto com esgoto.

4.11.3 Definição de acções


Para o cálculo dos esforços actuantes definiram-se várias acções, sendo elas:

 Peso próprio da estrutura;


 Peso da massa líquida;
 Impulso das terras;
 Sobrecarga rodoviária;

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Devido às reduzidas dimensões da estrutura não se consideraram relevantes os impulsos
hidráulicos da massa líquida acumulada no poço de bombagem, e, o peso dos equipamentos
(válvulas e tubagens) nas lajes da estação elevatória.

Para cálculo dos esforços foram utilizados valores característicos sem qualquer majoração.

Figura 8: Esquema da estação elevatória e respectivas acções actuantes.

Peso próprio

Afectou-se uma carga uniformemente distribuída às lajes de fundo (expressão 27),


multiplicando-se a espessura de cada elemento pelo peso volúmico do betão (γbetao =
25 𝐾𝑁/𝑚3 ). Incluindo assim o peso próprio no cálculo das respectivas armaduras.

𝑃𝑝 = 𝑒 × γbetao (27)

𝑃𝑝 – peso próprio [kN/m2];


e – espessura do elemento [m];
γbetao – peso volúmico do betão [kN/m3].

Peso da massa líquida


No dimensionamento das armaduras da laje de fundo central, contou-se com a contribuição da
massa líquida, acrescentando às acções actuantes o peso da massa líquida (expressão 28).

𝑃liquido = ℎ × γ𝐻2 𝑂 (28)

Pliquido – peso da massa liquida [kN/m2];


h – altura da massa liquida [m];
γ𝐻2 𝑂 – peso volumico da agua [kN/m3].
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Impulsos de terra
De acordo com o EC7 capítulo 9.5.2, para o cálculo dos impulsos de terra, quando uma estrutura
deve ser dimensionada de modo a não ter qualquer movimento relativo ao solo, deve-se utilizar
k0. Determinou-se o valor dos impulsos com o auxílio da expressão 29 e 30.

Figura 9: Impulsos de terra.

𝐼 = ℎ × γsolo × 𝑘0 (29)

𝑘0 = (1 − sin 𝜃 ′ ) (30)

I – impulso terra [kN/m2]


h – altura do elemento [m];
γsolo – peso volúmico do solo [kN/m3]
𝑘0 – coeficiente de pressão da terra em repouso [-];
θ’ – angulo de corte do terreno [.0].

Utilizou-se valores de um solo granular comum para os parâmetros de cálculo, fazendo


corresponder os modelos à realidade verificada na visita à localidade.

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𝜃 ′ -300 γsolo -18 kN/m3

Sobre carga rodoviária

A estação elevatória localiza-se próxima de um pequeno caminho, devendo ser contabilizada


uma sobrecarga rodoviária. Visto ser apenas um caminho com capacidade de viaturas ligeiras,
definiu-se uma acção da categoria F (Locais de circulação e de estacionamento para veículos
ligeiros) de acordo com o EC1 capítulo 6.3.3.1, atribuindo uma carga uniformemente
distribuída q k = 2,5 kN/𝑚2 como se verifica na Figura 10, de acordo com o quadro 6.8 do
EC1.

4.11.4 Dimensionamento estrutural


Devido às especificidades da estrutura, o betão dos elementos em contacto com o exterior não
pode fendilhar, de modo a evitar o contágio do terreno envolvente pelas águas residuais. Devido
a esta condição tem de se garantir que o betão resiste somente em regime elástico. De acordo
com as expressões 31,32 e 33, podemos impedir a fendilhação do betão se garantirmos em
qualquer situação, que o momento actuante é inferior ao momento de fendilhação do material.
Para o cálculo do momento de fendilhação do betão utilizou-se o valor característico da tensão
de rotura à tracção (fctk).

𝑀𝑐𝑟 = 𝑓𝑐𝑡𝑘 × 𝜔 ≥ 𝑀𝐸𝑑 (31)

𝑏.ℎ2
Para secções retangulares → 𝜔 = (32)
6

𝑓𝑐𝑡𝑘 ×𝑏.ℎ2
𝑀𝐸𝑑 ≤ (33)
𝟔

𝑀𝑐𝑟 – momento de fendilhação do betão [kN.m];


𝑓𝑐𝑡𝑘 – tensão característica de rotura do betão a tracção [kPa];
𝜔 – modulo de flexão da secção [m
𝑀𝐸𝑑 – momento actuante no elemento [kN.m];
𝑏 – largura da secção [m];
ℎ – altura da secção [m].

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4.11.5 Armadura mínima
A quantidade mínima de armadura a adoptar numa laje na direcção principal pode ser calculada
através da expressão 34:

𝑓𝑐𝑡𝑚
𝐴𝑠.𝑚𝑖𝑛 = 0,26 × × 𝑏𝑡 × 𝑑 (34)
𝑓𝑦𝑘

𝐴𝑠.𝑚𝑖𝑛 – armadura mínima a colocar nos elementos laje [m2];


𝑓𝑐𝑡𝑚 – tensão de rotura do betão à tracção [kPa];
𝑓𝑦𝑘 – tensão de rotura do aço à tracção [kPa];
𝑏𝑡 – largura média da zona traccionada [m];
𝑑 – altura útil da armadura [m].
Para dimensionamento da estrutura dividiu-se a mesma em elementos mais simples,
considerando isoladamente as várias paredes e lajes de fundo de acordo com a Figura 10.

Figura 10: Divisão da Estação elevatória para dimensionamento.

Com o auxílio das tabelas de Bares efectuou-se o cálculo elástico das paredes e laje de fundo,
utilizando como acções actuantes as previamente definidas no capítulo 8.3.

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Elemento nº1

Figura 11: Modelo de cálculo do elemento tipo laje nº1.

𝑀1 = 0,066 × 21 × 2,42 + 0,039 × 21,3 × 2,42 = 12,78𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

𝑀2 = 0,0551 × 21 × 2,652 + 0,0272 × 21,3 × 2,652 = 12,20𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

De acordo com a expressão (33)

3,2 × 103 × 1,0 × 0,252


𝑀𝐸𝑑 ≤ = 33,33𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
6

Figura 12: Modelo simplificado do elemento tipo laje nº1.

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Elemento nº2

Figura 13: Modelo de cálculo do elemento tipo laje nº2.

𝑀1 = 0,0964 × 25,22 × 1,72 + 0,0647 × 15,33 × 1,72 = 17𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

𝑀2 = 0,0336 × 25,22 × 2,652 + 0,0181 × 15,33 × 2,652 = 8𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

De acordo com a expressão (33)

3,2 × 103 × 1,0 × 0,252


𝑀𝐸𝑑 ≤ = 33,33𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
6

Figura 14: Modelo de cálculo do elemento tipo laje nº3.

𝑀1 = 0,0360 × 60 × 2,652 = 15,2𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

𝑀2 = 0,0668 × 60 × 2,12 = 17,7𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

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De acordo com a expressão (33)

3,2 × 103 × 1,0 × 0,42


𝑀𝐸𝑑 ≤ = 85,33𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
6

Para cálculo das armaduras utilizou-se o momento flector reduzido, servindo este para
determinar a percentagem mecânica de armadura equivalente (expressões 35, 36 e 37).

𝑀
𝜇 = 𝑏.ℎ2𝑠𝑑 (35)
.𝑓 𝑐𝑑

1−√1−2,41𝜇
𝜔= (36)
1,21

𝑓
𝐴𝑠 = 𝑑. 𝑀𝑠𝑑 𝑓 𝑐𝑑 (37)
𝑦𝑘

𝜇 – momento flector reduzido [-];


𝑀𝑠𝑑 – momento actuante [kN.m];
𝑏 – largura da secção [m];
ℎ – altura da secção [m];
𝑓𝑐𝑑 – tensão de rotura do betão a compressão [kPa];
𝑓𝑦𝑘 – tensão de rotura do aço a tracção [kPa];
𝜔 – percentagem mecânica de armadura [-];
𝐴𝑠 – área de armadura [m2];
𝑑 – altura útil da armadura [m].

Os restantes elementos foram dimensionados com o auxílio das tabelas de Bares usando o
mesmo método atrás descrito. Apresenta-se no Tabela 19 os dados referentes a todos os
elementos da estrutura.
Tabela 19: Dimensionamento da estação elevatória.

h d Mcr M1 M2 Msd μ ω As Asmin


[m] [m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [-] [-] [ / [ /
1 0,3 0,24 63,00 12,2 19,17 0,0143 0,0143 1,84 4,59
2 0,3 0,24 63,00 17,00 8 25,50 0,0190 0,0191 2,46 4,59
3 0,4 0,34 112,00 15,20 17,7 26,55 0,0099 0,0099 1,80 6,50
4 0,2 0,14 28,00 6,50 4,2 9,75 0,0213 0,0215 1,62 2,68
5 0,2 0,14 28,00 4,00 2,5 6,00 0,0131 0,0132 0,99 2,68
6 0,3 0,24 63,00 1,90 2,21 3,315 0,0025 0,0025 0,32 4,59
7 0,25 0,19 43,75 2,94 2,38 4,41 0,0052 0,0052 0,53 3,63
8 0,25 0,19 43,75 5,00 4,8 7,50 0,0089 0,0089 0,91 3,63
9 0,25 0,19 43,75 10,05 4,38 15,08 0,0179 0,0180 1,84 3,63
10 0,25 0,19 43,75 8,46 5,01 12,69 0,0151 0,0152 1,54 3,63

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Analisando o Tabela 18 verificamos que o momento actuante, em todos os elementos, é inferior
ao momento crítico de fendilhação, garantindo assim a resistência à fendilhação das secções. É
importante referir que, adoptou-se como simplificação do método a mesma altura útil nas duas
direcções ortogonais, apesar de não ser real os valores obtidos por esta simplificação são
bastante próximos dos reais. Os valores de armadura são pequenos, visto os esforços actuantes
serem reduzidos não há necessidade de colocar grandes quantidades de armadura. Contudo
optou-se por uma quantidade de armadura ligeiramente superior à necessária, colocando-se
malhas de armadura com diâmetros razoáveis e espaçamentos reduzidos como se pode observar
no Tabela 20.
Tabela 20: Área de armadura adoptada.
As As μ ω
Adoptado [ / [-] [-] [kNm/m] [kNm/m]
1 Ø8#0,10 10,06 0,0783 0,0749 100,47 19,17
2 Ø8#0,10 10,06 0,0783 0,0749 100,47 25,50
3 Ø10#0,10 15,7 0,0862 0,0821 221,01 26,55
4 Ø8#0,10 10,06 0,1342 0,1238 56,53 9,75
5 Ø8#0,10 10,06 0,1342 0,1238 56,53 6,00
6 Ø8#0,10 10,06 0,0783 0,0749 100,470 3,315
7 Ø8#0,10 10,06 0,0989 0,0933 78,50 4,41
8 Ø8#0,10 10,06 0,0989 0,0933 78,50 7,50
9 Ø8#0,10 10,06 0,0989 0,0933 78,50 15,08
10 Ø8#0,10 10,06 0,0989 0,0933 78,50 12,69

Comparando os esforços resistentes e os esforços actuantes conclui-se que a estrutura está


bastante sobredimensionada, desta maneira não se prevê nenhum tipo de problema estrutural.

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CAPÍTULO V

Sumário: neste capítulo, são apresentados os resultados esperados com a realização do trabalho
de investigação, apoiando-se nos métodos que usados e as condições de recolha de dados.

Página | 64
5 RESULTADOS ESPERADOS

O presente trabalho teve como principal objectivo a concepção e dimensionamento de uma rede
de drenagem separativa de AR comunitárias no bairro Matacuane - cidade da Beira. Como
trabalho da cadeira de drenagem e saneamento, este projecto representa uma possível solução
e tem interesse meramente académico, visto a cidade já estar guarnecida de sistema de
drenagem de águas residuais.

No entanto foi necessária uma recolha de informação actualizada, relativamente à população,


seus hábitos e à topografia do terreno. Foram consultadas várias publicações do Instituto
Nacional de Estatística e foi efectuado um reconhecimento da cidade e região envolvente. Esta
pesquisa permitiu a concepção de uma possível solução, assim como o desenvolvimento de
competências na área de Engenharia Hidráulica.

Na solução apresentada foram cumpridos todos os requisitos presentes na regulamentação


actual, quer a nível do sistema de drenagem quer a nível da estrutura da estação elevatória,
tornando o projecto apresentado uma solução viável.

Na elaboração do presente projecto foram considerados, constantemente, a viabilidade da


solução e o seu custo económico. A implantação e dimensionamento da rede foram efectuados
com base na regulamentação em vigor, tendo sempre em consideração os custos da solução
adoptada, apresentando-se no final uma síntese do orçamento.

Para além dos aspectos já referidos, foi tido em consideração a durabilidade da solução, tendo-
se dimensionado a rede para um horizonte de projecto de 40 anos e a estrutura da estação
elevatória para uma vida útil de 50 anos. Para tal foi tido em conta a exposição da estrutura a
agentes agressivos, analisando o nível de toxicidade das AR nas condutas elevatórias, e,
adoptando materiais e recobrimentos de armaduras adequados ao ambiente envolvente.

A concepção do sistema de drenagem de águas residuais do bairro Matacuane contribuiu para


a consolidação de conhecimentos adquiridos ao longo do curso, desenvolvimento de aptidões
na produção de trabalhos de investigação e projectos, e percepção das competências necessárias
para o cumprimento da profissão de engenheiro hidráulico. Termina-se com o sentimento que
a realização do presente projecto permitiu adquirir conhecimentos teórico-práticos para a
actividade profissional.

Página | 65
CAPÍTULO VI

Sumário: neste capítulo, são apresentadas as condições existentes para a implementação da


investigação, quer sejam meios materiais, financeiros, humanos e outros.

Página | 66
6 CONDIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO E FACTORES DE RISCO

A implementação do projecto é fundamental pois permite a uniformização dos métodos de


dimensionamento em todo pais aderentes ao LNEC, bem como o desenvolvimento de novos
produtos e sistemas. A adopção da LNEC permite minimizar os erros de concepção e
dimensionamento e eliminar os obstáculos de construção civil no espaço moçambicano,
permitindo a troca de experiências, materiais e projetistas dos países vizinhos. Em geral, em
Moçambique utiliza – se o saneamento local, o que torna indispensável a gestão das lamas
fecais, contribuindo e prevenindo o risco das doenças e a proteção do meio ambiente.

No caso do bairro Matacuane - cidade da Beira, a falta de saneamento é um dos problemas


graves que tem marcado o dia a dia do país. Nas cidades em franco crescimento e pressionadas
pela construção e ocupação desordenada de espaços, esta situação tem contribuído para a
disseminação de várias doenças relacionadas com a sua insuficiência ou a não observância das
regras básicas de gestão dos resíduos. A disponibilidade da água também é fundamental para
que haja uma boa gestão dos serviços de saneamento.

Os grandes desafios que se têm colocado em Moçambique em termos de gestão dos recursos
hídricos resultam da falta de educação das comunidades sobre a importância dos sistemas de
saneamento e da ausência do ordenamento territorial que salvaguarde as comunidades mais
vulneráveis das regiões periurbanas. A ausência de gestão dos resíduos sólidos e saneamento
estão relacionados, por um lado, com falta da disponibilidade financeira do Estado e por outro
com a falta de recursos no caso das famílias mais carenciadas.

O aumento crescente do consumo da energia, da água, dos recursos não renováveis e outros
recursos naturais no bairro Matacuane, conduz a desafios adicionais tendo em atenção a
limitada capacidade em termos de recursos humanos qualificados e a disponibilidade financeira
do país.

Como consequência do cenário apresentado, surge o interesse do projecto em estudar e avaliar


o tratamento de águas residuais e a gestão de lamas fecais na cidade da Beira especificamente
no bairro Matacuane, com três propósitos:

 Reduzir o grau de risco de doenças relacionados e promover a saúde pública;


 Reduzir o nível de poluição no meio ambiente em geral, bem como nos ecossistemas
aquáticos;
 Promover a reutilização para vários fins da água tratada.
Página | 67
CAPÍTULO VII

Sumário: nesta fase do trabalho importa inserir a listagem sequencial das actividades a serem
realizadas no âmbito do trabalho e as respectivas datas (semanas ou meses) de implementação

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7 CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES

Tabela 21: Cronograma de Actividades para o projecto

Semanas
Actividades
1 2 3 4 5 6 7 8
Mobilização para levantamento
1 topográfico
2 Reconhecimento do local
3 Levantamento topográfico
4 Desmobilização
5 Anteprojecto
6 Mobilização para implantação
7 Estaqueamento
8 Corte e Aterro
9 Nivelamento
10 Rega e Compactação
11 Construção do pavimento
12 Colocação de dispositivos de Segurança
13 Sinalização
14 Desmobilização

Página | 69
CAPÍTULO VIII

Sumário: nesta fase do trabalho consta de forma detalhada todos os custos que o projecto terá,
bem como a fonte de financiamento para a cobertura dos mesmos.

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8 PLANO ORÇAMENTAL

Neste capítulo descreve-se sumariamente na Tabela 22 a síntese do orçamento, estando descrito


em anexo (Anexo 5 o mapa de quantidades).

Tabela 22: Síntese do orçamento do projecto

Plano Orçamental
Designações Preço(€)
Rede de drenagem
Estaleiro 18.816,22
Levantamento e reposição de pavimento 44.357,71
Movimento de Terras (tubagens) 137.063,04
Tubagens e Acessórios 191.371,01
Diversos 3.532,55

Estação elevatória
Trabalhos preparatórios e vedação 4.568,53
Poço de Bombagem e Câmara de Válvulas 21.805,45
Conduta elevatória 4.281,95

Total 435.796,47

De acordo com o orçamento efectuado para o presente projecto e um comprimento total de


tubagens 𝐿𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = 4906,32𝑚, efectuou-se o cálculo do custo por unidade de comprimento de
tubagem, cujo, o projecto será financiado pelo banco norte-americano, calculando o quociente
entre o custo total e o comprimento total de tubagem. Apresenta-se no Tabela 23 o resultado
obtido.

Tabela 23: Custo por unidade de comprimento de tubagem.

Comprimento tota Custo total do projecto Custo do projecto por unidade de


da rede comprimento de tubagem
[m] [€] [€/m]
4906,32 435.796.47 88,82

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CAPÍTULO IX

Sumário: neste capítulo, encontram-se as referências bibliográficas utilizadas na elaboração


deste trabalho.

Página | 72
9 LISTA DE BIBLIOGRAFIA

[1] Artur, D. R., 1989. Pequena história da Cidade da Beira. Contribuição do Projecto
ARPAC, por ocasião do 102.º Aniversário da Beira. Beira – Moçambique.

[2] AIAS, MAE e MPD, 2013. Projeto Cidades e Mudanças Climáticas. Manual de
implementação (Políticas de gestão ambiental e reassentamento), volume III. República de
Moçambique, Banco mundial. RP1572.

[3] Anuários Estatísticos, 2013, 2014 e 2017. Instituto Nacional de Estatística. Maputo –
Moçambique.

[4] BETÕES, METODOLOGIA PRESCRITIVA PARA UMA VIDA ÚTIL DE PROJECTO


DE 50 E DE 100 ANOS FACE ÀS ACÇÕES AMBIENTAIS – Especificação LNEC 464 –
Novembro de 2007.

[5] Butler, D., Davies, J. W. (2011). Urban Drainage. Oxon, Spon Press.

[6] Decreto- Regulamentar nº 23/95. Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais
de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais. D.R. nº 194, Série I-
B1995/08/23.

[7] Instituto de Pesquisas Hidráulicas. (2005). Plano Diretor de Drenagem Urbana- Manual
de Drenagem Urbana. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Volume VI. Porto Alegre.

[8] DNA, 2003. Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de


Drenagem de Águas Residuais.

[9] CONCELHO MUNICIPAL. Departamento do saneamento nos municípios da Beira,


Dondo e Nampula - Moçambique

[10] CONSELHO DE MINISTROS, 2003. Regulamento dos Sistemas Públicos de


Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais. Moçambique.

[11] CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DA BEIRA (2010), Perfil Estatístico do


Município de Maputo (2007-2012), Moçambique.

[12] EUROCODE 1: ACTIONS ON STRUCTURES – PART1-1: GENERAL ACTIONS –


DENSITIES, SELF-WEIGHT, IMPOSED LOADS FOR BUILDINGS – EN 1991-1-1, April
2002.
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9.1 Outras Referencias

[1] EUROCODE 2: DESIGN OF CONCRETE STRUCTURES – PART1-1: GENERAL


RULES AND RULES FOR BUILDINGS – EN 1992-1-1, December 2004.

[2] EUROCODE 7: GEOTECHNICAL DESIGN – PART1: GENERAL RULES – EN 1997-


1, January 2004.

[3] MAE, 2008. Propostas de Ajustamento da Divisão Administrativa e Revisão dos


Limites das Circunscrições Territoriais das Cidades e Vilas. Deliberação 62/Assembleia
municipal da Beira. Município da Beira – Sofala –Moçambique.

[4] MICOA, 2007. Programa de Acção Nacional para a Adaptação às Mudanças


Climáticas. Direcção Nacional de Gestão Ambiental – República de Moçambique.

[5] LABORATÓRIO DE ENGENHARIA CIVIL (LNEC), 2011. Lisboa – Portugal.

[6] LIMA, H.M. 2000, Regimes Transitórios em Pressão. Instituto Superior Técnico (IST),
Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Lisboa.

[7] QUINTELA, A.C. 2005, Hidráulica. 9.ª Edição. Fundação Calouste Gubenkian, Lisboa.

[8] REGULAMENTO GERAL DOS SISTEMAS PUBLICOS E PREDIAIS DE


DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS – Decreto
Regulamentar n.º 23/95, de 23 de Agosto de 1995.

[9] Sousa, E.R., 1981. Aplicação da Lagunagem ao Tratamento de Águas Residuais


Comunitárias. LNEC, Lisboa.

[10] SOUSA, E.R., MONTEIRO, A.J., Órgãos Gerais dos Sistemas de Drenagem. Instituto
Superior Técnico (IST), Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Secção de
Hidráulica e dos Recursos Hídricos e Ambientais Lisboa.

[11] SOUSA, E.R. 2001, Saneamento Ambiental I, Sistemas de Drenagem de Águas


Residuais e Pluviais. Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Secção de Hidráulica
e dos Recursos Hídricos e Ambientais, Lisboa.

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ANEXOS

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Anexo I: Topografia da cidade da Beira.

Mapa A1. 1: Enquadramento Geográfico da Cidade da Beira (Fonte: Autor, 2020).

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Mapa A1. 2: Ilustrações da declividade e curvas de níveis da cidade da Beira (fonte: Autor, 2020).

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Anexo II: Demostração dos limites do município da Beira e Ilustração
de fossa séptica.

Mapa A2. 1: Limites do município da Beira (Adaptada de MAE, 2008).

Figura A2. 1: Esquema de latrina de fossa séptica (Adaptada de: Harvey, et al (2002))

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Anexo III: Demonstração da ligação das colunas de ventilação aos tubos
de queda.

Figura A3. 1: Ligação entre coluna de ventilação e tubo de queda (PEDROSO, 2007).

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Anexo IV: Simbologia em projectos de drenagem de águas residuais.

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Anexo V: ilustração do mapa de quantidades.

Tabela A5. 1: Mapa de quantidades

Mão de obra
Engenheiro Civil Un 1
Engenheiro Hidraulico Un 1
Topografo Un 1
Técnico de construção civil Un 2
Mestre de Obra Un 4
Serventes Un 15
Equipamento e Feramentas
Teodolito Un 2
Mira Un 2
Trena Un 4
Bandeirola Un 10
Pa manual Un 10
Picareta Un 10
GPS Un 2
Camião Un 4
Retro Escavadora Un 2
Motoniveladora Un 1
Camião cisterna Un 1
Rolo compactador Un 1
Rolo pneumatico Un 1
Material
Dispositivos de seguranca Un -
Tinta branca para sinalizacao Un(l) 50
Tinta amarela para sinalizacao Un(l) 50
Placas de sinais de curva Un 6
Placas de limite de velocidade Un 2
Painel da licensa de obra Un 2

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