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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

“PROJECTO DE COBERTURA DO CAMPO DE FUTEBOL DO ISUTC”

Autor: Melo de Carlos Isailina

Projecto Final do Curso

Licenciatura em Engenharia Civil e de Transportes

Supervisor: Eng.° Msc. José Luis Arenas Font

Departamento de Tecnologia das Construções

Maio de 2023
INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

“PROJECTO DE COBERTURA DO CAMPO DE FUTEBOL DO ISUTC”

Autor: Melo de Carlos Isailina

Projecto Final do Curso

Licenciatura em Engenharia Civil e de Transportes

Supervisor: Eng.° Msc. José Luis Arenas Font

Departamento de Tecnologia das Construções

Maio de 2023
Projecto de Cobertura do Campo de Futebol do ISUTC
Autor: Melo Isailina o Título do projecto final do curso]"
"[Insera
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. II
DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... III
DECLARAÇÃO DE HONRA .................................................................................................IV
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................ V
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................... VII
ÍNDICE DE GRÁFICOS .........................................................................................................IX
LISTA DAS ABREVIATURAS UTILIZADAS ...................................................................... X
RESUMO .................................................................................................................................XI
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
1.1 Introdução ......................................................................................................................... 1
1.2 Justificativa do tema ......................................................................................................... 1
1.3 Problemática ..................................................................................................................... 2
1.4 Problema de estudo ........................................................................................................... 2
1.5 Objecto de estudo .............................................................................................................. 2
1.6.1 Objectivos específicos ................................................................................................ 2
1.7 Hipóteses/Proposições ...................................................................................................... 3
1.8 Variáveis de investigação ................................................................................................. 3
1.9 Pergunta de investigação .................................................................................................. 3
1.10 Metodologia .................................................................................................................... 4
1.10.1 Abordagem/paradigma ............................................................................................. 4
1.10.2 Tipo de pesquisa ....................................................................................................... 4
1.10.3 Técnicas/instrumentos para o recolha de dados ....................................................... 4
1.10.4 Técnicas/instrumentos para tratamento e análise de dados ...................................... 4
1.10.5 Tarefas de investigação ............................................................................................ 5
1.11 Estrutura do trabalho ....................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 6
2.1 Evolução Histórica das Construções Metálicas ................................................................ 6
2.2 Aço Estrutural ................................................................................................................... 7
2.2.1 Propriedades mecânicas do aço .................................................................................. 8
2.3 Produtos Siderúrgicos ..................................................................................................... 10
2.4 Tipologias de Pórticos Metálicos .................................................................................... 12
2.4.1 Porticos de um Piso .................................................................................................. 12

I
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

2.4.2 Pórticos de vigas simplesmente apoiadas................................................................. 17


2.4.3 Pórticos rígidos ......................................................................................................... 18
2.4.4 Pórticos de vigas suportadas por cabos .................................................................... 20
2.4.5 Arcos ........................................................................................................................ 21
2.5 Acções a considerar no Dimensionamento ..................................................................... 21
2.5.1 Regulamentação utilizada na avaliação de acções ................................................... 21
2.5.2 Quantificação de acções ........................................................................................... 22
2.6 Dimensionamento e Verifiações segundo o Eurocódigo 3 ............................................. 25
2.7 Fases e condicionantes de uma construção pré-fabricada............................................... 25
2.7.1 Planeamento da obra ................................................................................................ 25
2.7.2 Prazos ....................................................................................................................... 26
2.7.3 Mão-de-obra ............................................................................................................. 26
2.7.4 Equipamentos ........................................................................................................... 26
2.7.5 Transporte................................................................................................................. 27
2.7.6 Custo e Economia..................................................................................................... 28
2.7.7 Segurança ................................................................................................................. 29
2.7.8 Durabilidade ............................................................................................................. 29
CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO – DESCRIÇÃO GERAL
DO PROJECTO: CASO DE ESTUDO .................................................................................... 31
3.1 Localização do Campo das Instalações do ISUTC ......................................................... 31
3.2 Características do Campo das Instalações do ISUTC ..................................................... 31
3.3 Características dos Pilares Existentes ............................................................................. 34
3.4 Avaliação do estado actual dos Pilares Existentes.......................................................... 35
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA ............................. 37
4.1 Metodologia .................................................................................................................... 37
4.2 Escolha do Modelo de Cobertura .................................................................................... 37
4.2.1 Descrição dos Programas de Cálculo Utilizados...................................................... 39
4.3 Regulamentos, Normas e Tabelas Utilizadas.................................................................. 39
4.4 Acções Consideradas ...................................................................................................... 40
4.4.1 Acções permanentes ................................................................................................. 40
4.4.2 Acções variáveis ....................................................................................................... 40
4.5 Dimensionamento das Madres de Cobertura .................................................................. 46
4.6 Dimensionamento do Pórtico.......................................................................................... 51
CAPÌTULO 5 – APRESENTAÇÃO, ANÀLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...... 52
5.1 Verificações segundo o Programa de Cálculo ................................................................ 52

I
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

5.1.1 Verificação das Asnas (E.L.U) ................................................................................. 52


5.1.2 Verificação das Treliças (Diagonais de Travamento) .............................................. 57
5.1.3 Verificação dos Pilares ............................................................................................. 58
5.1.4 Verificação das Ligações ......................................................................................... 59
5.2 Discussão dos Resultados ............................................................................................... 61
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................... 62
6.1 Conclusões ...................................................................................................................... 62
6.2 Recomendações .............................................................................................................. 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 63
ANEXOS ................................................................................................................................. 64

I
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer a minha família, que desde o princípio desta jornada
sempre apoiou-me e deu-me suporte incondicional, por meio de carinho, motivações e por todas
as condições que me forneceram para que eu pudesse chegar onde cheguei. Obrigado aos meus
pais, João Carlos e Paulina Guilherme Macuácua e a minha irmã Nayra Isailina de Carlos.
Segundamente, agradecer aos meus colegas e aos meus amigos que directa ou indirectamente
ajudaram-me nesta caminhada, ficando difícil mencionar a todos, pois todos são especiais,
então aqui vai o meu agradecimento a cada um de vocês. O meu especial agradecimento vai
também ao Eng.° José Font, que aceitou supervisionar o meu Projecto Final do Curso, pela sua
paciência, pelos ensinamentos e pelo seu tempo disponibilizado para comigo, e agradecer
também ao Eng.º Sidney da Conceição Chire, pelas correções e chamadas de atenção. Muito
obrigado docente(s). Por último mas não menos importante, agradecer também ao ISUTC –
Instituto Superior de Transportes e Comunicações, pelo excelente ensino e grau de exigência
que possui, pois fez com que eu crescesse não só academicamente mas também pessoalmente.
Agradecer a todos colaboradores do ISUTC, a todos os meus docentes ao longo do curso e aos
funcionários dos demais sectores.

“Muito obrigado a todos vocês, do fundo do coração”

II
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a minha família, pois sem eles isto não seria possível. Foram incríveis
5 anos, de uma jornada árdua mas bem sucedida, graças as motivações, o amor que me deram
e as perfeitas condições que me disponibilizaram.

"Portanto, dedico este trabalho ao meu pai João Carlos, a minha mãe Paulina Guilherme
Macuácua, e a minha irmã Nayra Isailina de Carlos."

III
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Melo de Carlos Isailina, declaro por minha honra que o presente Projecto Final do
Curso é exclusivamente de minha autoría, não constituindo cópia de nenhum trabalho
realizado anteriormente e as fontes usadas para a realização do trabalho encontram-se
referidas na bibliografia.

Assinatura: __________________________________

IV
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 – Propriedades do aço estrutural................................................................................8

Tabela 2.2 – Categorias de cobertura........................................................................................23

Tabela 2.3 - Sobrecargas em coberturas da Categoria H...........................................................23

Tabela 2.4 – Procedimento resumido para a quantificação do vento.........................................24

Tabela 2.5 - Diferentes tipos de transporte e limites correspondentes.......................................28

Tabela 2.6 - Redução de gastos gerados pela pré-fabricação.....................................................29

Tabela 2.7 - Análise SWAT da construção recorrendo à pré-fabricação...................................30

Tabela 3.1 – Características do perfil laminado UNP160..........................................................35

Tabela 3.2 – Designação e tipo de material dos perfis do pilar.................................................35

Tabela 4.1 – Qunatificação da sobrecarga sobre a cobertura.....................................................40

Tabela 4.2 – Coeficientes de pressão exterior (𝛿𝑝𝑒 ) para paredes da estrutura..........................43

Tabela 4.3 – Quantificação da acção vento sobre as fachadas da estrutura................................44

Tabela 4.4 – Coeficientes de pressão exterior actuantes sobre a cobertura da estrutura.............45

Tabela 4.5 – Quantificação da acção vento sobre as fachadas da estrutura de cobertura...........46

Tabela 4.6 – Caracterìstias da ChapaIBR utilizada...................................................................47

Tabela 4.7 – Perfis de aço enformado Tipo Lip Channel...........................................................48

Tabela 5.1 – Perfil adoptado para as Asnas...............................................................................53

Tabela 5.2 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes no banzo superior.............54

Tabela 5.3 – Perfil adoptado para as Asnas (Banzo inferior).....................................................55

Tabela 5.4 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes no banzo inferior..............56

Tabela 5.5 – Perfil adoptado para as Treliças (Diagonais de Travamento)................................57

Tabela 5.6 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes na diagonal de


travamento.................................................................................................................................58
V
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Tabela 5.7 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes na diagonal de


travamento.................................................................................................................................59

Tabela 5.8 - Verificação de geometria e da resistência da ligação mais solicitada.....................60

IV
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 – Palácio de Cristal, em Londres, construído em 1851...............................................6

Figura 2.2 – Exemplos de nomenclaturas de perfis laminados com padronizações


europeias...................................................................................................................................11
Figura 2.3 – Secções de perfis dobrados (formados a frio) a partir de chapas dobradas: (a) U
simples, (b) U enrijecido (lip channel), (c) cartola, (d) cantoneira, (e) duplo U, (f) duplo U
enrijecido e (g) enrijecido fechado ou em caixão.......................................................................11

Figura 2.4 – Secções mais comuns e comumente utilizadas de perfis soldados........................12

Figura 2.5 – Pórtico estrutural de um piso e seus componentes estruturais...............................13

Figura 2.6 – Imagem 1: Pilar encastrado em placa de amarração com rigidificadores e 6 pernos;
Imagem 2: Pilar rotulado em placa de amarração e 2 pernos......................................................14

Figura 2.7 – Imagem (a): Ligação aparafusada viga-pilar, com auxílio de chapa em cantoneira;
Imagem (b): Ligação viga-pilar com auxílio de chapa de topo...................................................15

Figura 2.8 – Processo de soldagem com electrodo manual revestido........................................16

Figura 2.9 – Ligação através de rebitamento de peças (Fonte: Santos 1987, 23).......................16

Figura 2.10 – Esquema estrutural de um edifício com pórticos de vigas simplesmente apoiadas
(Fonte: adaptado do relatório de projecto...................................................................................17

Figura 2.11 – Esquema de um portal frame simétrico de vão simples.......................................18

Figura 2.12 – Vários tipos de portal frame................................................................................19

Figura 2.13 – Formas típicas de treliças horizontais.................................................................20

Figura 2.14 - Esquema estrutural de um edifício com pórticos treliçados.................................20

Figura 2.15 – Esquema estrutural de pórticos de vigas suportadas por cabos............................21

Figura 2.16 – Esquema estruturais de arcos..............................................................................21

Figura 2.17 – Conveção de sinais de pressões...........................................................................23

Figura 2.18 - Exemplo de gruas com braços extensíveis para montagem de viga da
cobertura....................................................................................................................................27

Figura 2.19 - Comparação entre veículos de transporte de diferentes peças............................28


VII
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 3.1 – Imagem (a): Localização do ISUTC/TMCEL (área demarcada a vermelho);


Imagem (b): Localização do campo de futsal dentro das instalações do ISUTC/TMCEL..........31

Figura 3.2 - Algumas fotografias do campo de futsal do ISUTC-TMCEL................................32

Figura 3.3 – Desenho da planta do campo de futsal do ISUTC com os seus respectivos pilares
nas laterais.................................................................................................................................33

Figura 3.4 – Desenho do alçado/fachada do campo de futsal do ISUTC com os seus respectivos
pilares nas laterais......................................................................................................................34

Figura 3.5 – Imagem (a): Fotografia do pilar real, existente no local; Imagem (b): Secção
transversal do perfil que compõe o pilar; Imagem (c): Projecção 3D do pilar c/ placa de
amarração..................................................................................................................................35

Figura 3.6 – Fotografias do estado actual dos pilares existentes no local...................................36

Figura 4.1 – Projecção do pórtico estrutural tipo Portal Frame para a cobertura do campo......38

Figura 4.2 – Representação em planta dos coeficientes de pressão em fachadas actuando sobre
a estrutura..................................................................................................................................44

Figura 4.3 – Representação em corte (a e c) do edifício, e em planta (b) com os coeficientes


actuantes de pressão exterior.....................................................................................................46

Figura 4.4 – Espaçamento (a) e Vão da madre a serem considerados (b)..................................47

Figura 4.5 – Representação das acções sobre o eixo da Madre..................................................49

Figura 4.6 – Acção predominante do vento sobre as madres.....................................................50

Figura 4.7 – Projecção 3D da Estrutura (Cobertura, Contraventamento, Pilares e Fundação) no


programa de cálculo...................................................................................................................51

Figura 5.1 – Modelo de verificação da Estrutura......................................................................52

Figura 5.2 – Banzo superior mais solicitado.............................................................................53

Figura 5.3 – Banzo inferior mais solicitado..............................................................................55

Figura 5.4 – Banzo inferior mais solicitado..............................................................................57

Figura 5.5 – Pilares que não passam à verificação (em vermelho)............................................58

VIII
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 5.6 – Ligação soldada do nó N371 em vermelho (não cumpre com verificação de
geomteria).................................................................................................................................59

Figura 5.7 – Pormenor de ligação soldada da ligação mais solicitada, no nó N371...................60

IX
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 4.1 – Valores característicos da pressão dinâmica do vento.........................................41

Gráfico 5.1 – Níveis de aproveitamento dos elementos estruturais dimensionados..................61

IX
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

LISTA DAS ABREVIATURAS UTILIZADAS


Instituições:

 ISUTC – Instituto Superior de Transportes e Comunicações


 TRANSCOM, SA – Sociedade de Formação, Consultoria e Auditoria em Transportes
 TMCEL – Telecomunicações de Moçambique

Técnicas:

 PFC – Projecto Final do Curso


 ELUs –Estado Limite Ùltimo e de Utilização
 BIM – Building Information Modeling
 RSAEEP – Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes;
 REAE – Regulamento de Estruturas de Aço para Edifícios
 RHS – Rectangular Hole Section
 SHS – Square Hole Section
 EN – European Norm
 REGEU – Regulamento Geral das Edificações Urbanas
 CEN – Comissão Europeia de Normalização
 GRS – Global Roofing Solutions
 NP – Norma Portuguesa
 CAD – Computer Aeid Design
 EC3 – Eurocódigo 3
 REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado

X
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

RESUMO
As instalações do ISUTC-TMCEL, dispõem de um campo de futebol de salão (futsal),
construído inicialmente para os seus colaboradores, mas depois do ISUTC ali se instalar, este
campo passou a ser utilizado não só pelos colaboradores da TMCEL, mas também pelos
estudantes do ISUTC. Este campo de futebol de salão, passou a ser palco de eventos, como
aluguer para festividades e principalmente para acolher campeonatos, de futebol e de
basquetebol, internos e externos. Todavia, devido a constante utilização deste campo, viu-se ali
a necessidade de elaboração de um projecto de construção de uma cobertura, com o intuito da
não interrupção dos eventos que ali acontecem. Estas interrupções, podem ser causadas
principalmente por factores ambientais, dentre elas a chuva, o sol escaldante e outras condições
do ambiente. Portanto, no âmbito das estruturas metálicas, foi escolhido um modelo de
cobertura que melhor responde-se as demandas exigidas pelo campo de futebol, relativamente
ao conceito estrutural e económico, priorizando acima de tudo a segurança e os aspectos
relacionados ao custo-benefício dos elementos estruturais.

PALAVRAS-CHAVE:

Cobertura. Campo. ISUTC.

XI
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
O ISUTC (Instituto Superior de Transportes e Comunicações), é um instituto de ensino superior
fundado em 1 de Junho de 1999, cuja entidade instituidora é a TRANSCOM, SA. O ISUTC,
localiza-se na cidade de Maputo, no bairro da Sommerchield, e é uma instituição privada que
lecciona cursos de licenciaturas, mestrados, cursos extracurriculares e entre outros. O ISUTC
tem as suas instalações de funcionamento localizadas dentro das instalações da TMCEL, e estas
instituições estão divididas em sectores para cada instituição.

Estas instalações dispõem de um campo de futebol de salão (futsal), que é constantemente


utilizado não só pelos colaboradores destas instituições, mas também pelos estudantes e pelas
pessoas daquela região.

Portanto, este projecto visa a elaboração de um projecto de construção de uma cobertura para
suprir as demandas que o campo de futsal do ISUTC tem.

1.2 Justificativa do tema


As instalações do ISUTC/TMCEL, possuem um campo de futebol de salão destinado à prática
de actividades desportivas, como o futebol, o basquetebol e entre outras actividades. Este campo
de futebol foi inicialmente construído para a utilização dos seus colaboradores, mas actualmente
é também utilizado pelos estudantes do ISUTC, e pela comunidade próxima daquela região.
Este campo, é um campo de médio porte, isto é, pelas dimensões que tem, não foi projectado
para jogos profissionais, mas sim para finalidades recreativas. Devido ao amplo espaço, de
implantação do campo, este passou também não só a ser utilizado para práticas desportivas,
mas também para aluguer de festividades. Entretanto, este campo está em céu aberto, isto é,
não possui uma cobertura ou tapamento, e os seus utilizadores são sempre assolados pelas
condições ambientais que muita das vezes causa interrupções das suas actividades.

O presente tema de PFC (Projecto Final do Curso), foi sugerido face aos constrangimentos,
causados por estas condições ambientais que podem ser a chuva, o sol escaldante e até os ventos
fortes, decorrentes da falta de uma cobertura. Portanto, para evitar as constantes pausas ou
interrupções devido as condições do ambiente, este projecto visa elaborar um projecto estrutural
para a construção de uma cobertura que elimine estes constrangimentos, e que possua também
qualidade sob ponto de vista estrutural, isto é, respeitando e priorizando a segurança bem como
os factores económicos.

1
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

1.3 Problemática
Como já mencionado anteriormente, o campo de futebol do ISUTC, tem uma grande demanda
de utilização, pois não só alberga actividades de carácter desportivo mas também acolhe
eventos, que vão desde festas, apresentações entre outros. Estas actividades e eventos que ali
acontecem, muita das vezes são interrompidas devido as intempéries, isto é, as variações
extremas das condições climáticas (temperatura, chuva, sol escaldante, etc), portanto a
construção de uma cobertura naquele local seria de vital importância e supriria as necessidades
dos seus utilizadores. Portanto, torna-se assim importante a construção de uma cobertura sobre
o campo de futebol, pois para além de ajudar os seus utilizadores com a não interrupção de suas
actividades, poderá quiçá ser utilizado para outros fins ou necessidades rápidas, como
armazenamento de materiais que não podem entrar em contacto com a chuva ou sol.

1.4 Problema de estudo


Qual solução construtiva, sob ponto de vista estrutural, que possua aspectos qualitativos e
quantitativos respeitando e priorizando a segurança, poderá ser utilizada na elaboração do
projecto estrutural da cobertura e que irá suprir as necessidades do campo de futebol das
instalações do ISUTC?

1.5 Objecto de estudo


O objecto de estudo é a construção de uma cobertura para o campo de futebol do ISUTC que
possa suprir as necessidades, relactivamente a demanda de utilização do mesmo, apresentando
uma solução estrutural de qualidade e acima respeitando os parâmetros relacionados com a
segurança.

1.6 Objectivo geral

Analisar as condições actuais ou o estado actual do campo de futebol, e em seguida elaborar


um projecto estrutural para a cobertura do campo de futebol, visando ter um projecto com boa
funcionalidade estrutural e que priorize os aspectos ligados à segurança, de formas a suprir as
necessidades dos seus utilizadores.

1.6.1 Objectivos específicos


 Estudar o estado ou as condições actuais do campo de futebol das instalações do ISUTC;
 Procurar variantes de soluções de cobertura, que ofereça uma boa funcionalidade
estrutural e que responda melhor as características actuais do campo de futebol;

2
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

 Desenvolver um projecto estrutural para o campo de futebol, que proporcione a


segurança dos seus utentes e que também respeite os parâmetros relacionados com a
comodidade dos mesmos.

1.7 Hipóteses/Proposições
 O projecto estrutural pode ser desenvolvido a partir de cálculos, utilizando normas e
regulamentos sobre estruturas metálicas, vigentes no território nacional;
 A solução estrutural de cobertura a ser adoptada, pode ser desenvolvida e modelada com
auxílio de softwares de cálculo estrutural, isto é, softwares com funcionalidade BIM
(Building Information Modeling);
 A solução estrutural a ser adoptada para a cobertura, pode ser desenvolvida tendo em
conta as normas e regulamentos que se destinam aos aspectos sobre comodidade e
segurança (estado limite último e estado limite de utilização).
 A escolha, dos tipos de perfis que irão compor a estrutura de cobertura, pode ser feita
tendo em conta os seus pesos, para garantir a utilização dos pilares existentes no local.

1.8 Variáveis de investigação


As variáveis de investigação avaliadas neste estudo são:

 O tipo de perfil actual existente no campo, relactivamente aos pilares;


 As soluções estruturais para a cobertura;
 Os tipos de perfis, para a cobertura, que apresentam uma melhor funcionalidade
estrutural mas também respeitando a segurança;
 Os tipos de ligações que se adaptam melhor a solução estrutural ou construtiva,
escolhida para o efeito.

1.9 Pergunta de investigação


 Qual é a melhor solução estrutural, para a cobertura, que possa responder positivamente
as necessidades do campo de futebol do ISUTC?
 Quais perfis estruturais utilizar, na cobertura, que apresentam uma boa funcionalidade
estrutural mas também que possibilite a utilização dos perfis que compõem dos pilares,
para não ter de os substituir?
 Qual solução estrutural, para a cobertura, irá garantir a segurança e comodidade dos teus
utentes?

3
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

1.10 Metodologia
A pesquisa é metodológica e empírica, pois as conclusões se baseiam no estudo e análise dos
resultados numéricos obtidos a partir de modelos adoptados. Para esta investigação, têm-se
como base os regulamentos e normas de cálculo e dimensionamento vigentes em Moçambique.

1.10.1 Abordagem/paradigma
 Métodos empíricos – análises numéricas obtidas (a partir de cálculos de
dimensionamento e com auxílio de programas computacionais com metodologia e
análise BIM), representação gráfica (resultantes dos resultados obtidos para avaliação)
e análise documental (obtenção documental utilizando procedimentos lógicos);
 Métodos metodológicos – análises de informações relevantes e precisas, para servir de
apoio e suporte para os resultados numéricos obtidos a partir de modelos adoptados para
tal.

1.10.2 Tipo de pesquisa


 Quanto aos objectivos – os objectivos no qual se focam os estudos, são baseados em
métodos descritivos e explicativos, desenvolvidos a partir de investigações
metodológicas e empíricas;
 Quanto a abordagem – o estudo envolverá uma abordagem mista, isto é, serão feitas
análises qualitativas e quantitativas;
 Quanto a fonte de informação – esta investigação basear-se-á em materiais
bibliográficos já existentes;
 Quanto aos procedimentos – a investigação ou pesquisa não será de todo abrangente,
pois focar-se-á num caso de estudo, que será analisado a partir de diferentes métodos
para se chegar aos resultados desejados.

1.10.3 Técnicas/instrumentos para o recolha de dados


Para a recolha de dados, será aplicado relactivamente ao projecto, este será feito a partir de
medições em campo e a partir de análises documentais.

1.10.4 Técnicas/instrumentos para tratamento e análise de dados


 Análise de dados quantitativos – a análise quantitativa de dados, será feita a partir de
cálculos empíricos manuais e com auxílio de programas computacionais de cálculo e de
dimensionamento estruturais, bem como análises gráficas;

4
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

 Análise de dados qualitativa – a análise qualitativa de dados será feita com base em
conteúdo ou materiais bibliográficos relevantes para o caso de estudo, e também serão
utilizados conteúdos de normas e especificações.

1.10.5 Tarefas de investigação


 Recolha de dados no campo, através de medições e registros;
 Revisão de metodologias para a análise do caso de estudo:
 Encontrar a melhor solução para o caso de estudo;
 A partir da solução encontrada, utilizar meios e procedimentos que suportem e
justifiquem esta solução proposta.

1.11 Estrutura do trabalho


O trabalho está divido em 6 capítulos, onde em cada apresenta-se:

 Capítulo 1 – Introdução - o problema, o objectivo do estudo, o objecto em torno do qual


se foca o estudo e a metodologia utilizada para obter as conclusões;
 Capítulo 2 – Revisão da Literatura – os conceitos relevantes na área do caso do estudo
(que são as estruturas metálicas), nomeadamente: pilares, perfis metálicos, asnas,
madres, contraventamentos, ligações aparafusadas, ligações soldadas, e entre outros.
Para este trabalho priorizou-se a literatura portuguesa e literatura brasileira, pela
aproximação das línguas;
 Capítulo 3 – Contextualização da Investigação – Descrição Geral do Projecto: Caso de
Estudo – conceitos mais aprofundados e especificações do objecto de estudo (desde as
características do local, possíveis soluções a adoptar e os materiais utilizados);
 Capítulo 4 – Metodologia de Resolução do Problema– a descrição detalhada e
explicativa de todos os procedimentos seguidos para a concretização dos objectivos;
 Capítulo 5 – Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados:– todos resultados
detalhados com as devidas análises e comentários;
 Capítulo 6 – Conclusões e Recomendações – as conclusões da investigação,
recomendações para futuros trabalhos.

5
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA


2.1 Evolução Histórica das Construções Metálicas
Desde 3000 a.C., o forro já era utilizado em objectos de adorno e uso doméstico, na
Mesopotâmia e no Egipto. Mais tarde, entre os fenícios e etruscos, já era utilizado na confecção
de armas e também para fins pacíficos, no trabalho agrícola. A fundição do minério para a
obtenção, se procedia em fornos de formato cônico, feito de argila amassada com palha, tendo
uma abertura lateral para a entrada de minério, e outro abaixo, para ventilação e ainda outro
acima para a entrada da fumaça (Carnasciali 1972, viii1).

A moderna metalurgia do forro, surgiu após séculos de aperfeiçoamento, até a descoberta de


ligas metálicas, principalmente com o carbono, dando lugar ao forro gusa e ao aço. A partir do
forro gusa, conforme o processo utilizado, poderá ser obtido ferro doce e aço, a ser fundido em
moldes e laminado em perfis estruturais. Com a invenção do aço laminado desenvolveram-se,
já no século seguinte, as grandes estruturas metálicas. Como proeminentes exemplos destes
adventos pode-se citar: o Palácio de Cristal, construído em Londres, em 1851, uma gigantesca
estrutura com cobertura feita em abóbada vidraçada (Carnasciali 1972, ix1).

Figura 2.1 – Palácio de Cristal, em Londres, construído em 1851 (Fonte: www.archdailybrasil.com.br, 2023)

__________________

1
A variação na referência das páginas das bibliográficas consultadas, de numeração árabe para numeração
romana, deve-se a estrutura de paginação do documento e/ou literatura consultada.

6
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

De acordo com Santos (1987), citado por Dias (2015, 14), ainda durante a primeira metade do
século XIX, o cálculo estrutural passou por um notável progresso, e com o avanço da siderurgia,
o ferro foi sendo substituído pelo aço como principal material nas construções metálicas, por
possuir boas características físicas, e viabilidade econômica. O início da laminação de perfis de
aço permitiu a comercialização em grande escala de componentes estruturais, possibilitando o
surgimento dos primeiros arranha-céus em estrutura metálica, principalmente nos Estados
Unidos.

2.2 Aço Estrutural


O aço, sob ponto de vista estrutural e funcional, pode ser definido, segundo Carnasciali (1972,
14), como

“[…] uma liga metálica constituída basicamente de ferro e carbono, sendo que o teor de carbono é sempre
inferior a 2.0%. [...]. É um material obtido pelo refino de ferro-gusa, que é o desejável para o uso em
estruturas. Na construção civil, o termo aço estrutural designa todos os aços que, em função de sua
resistência, ductilidade e outras propriedades mecânicas, possuem comportamento adequado para
fabricação de peças que suportem cargas”

De acordo com Bellei (1972), citado por Pfeil (2015, 21), o aço pode ser classificado em 3 (três)
categorias principais, em função da sua composição química, nomeadamente:

 Aço carbono – são os tipos mais utilizados de aço, nos quais o aumento de resistência
em relação ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pela adição de
manganês. São distinguidos em três categorias: baixo carbono (C < 0.29%), médio
carbono (0.30% < C) e alto carbono (C < 2.0%);
 Aços de baixa liga – são aços carbono acrescidos de elementos de liga (cromo, cobre,
manganês, níquel, dentre outros);
 Aços com tratamento térmico – tanto os aços carbonos quanto os aços de baixa liga
podem ter suas resistências aumentadas por tratamento térmico. No entanto a soldagem
desse tipo de material é mais difícil, tornando pouco usual seu uso em estruturas.

O Regulamento de Estruturas de Aço para Edifícios (REAE) , assim como o Eurocódigo 3 –


Projecto de Estruturas de Aço e o Eurocódigo 4 – Projecto de Ligações, normas portuguesas
vigentes em Moçambique, fornecem os diversos tipos de classe de resistência de aços que
podem ser utilizados em projectos estruturais. Os aços carbono, por serem os mais utilizados
em elementos estruturais, serão os mais focados neste trabalho.

7
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Tabela 2.1 – Propriedades do aço estrutural (Fonte: Instituto Técnico de Lisboa 2020/2021, Estruturas I – Aula
T02)

Tensão última
Tensão de cedência [MPa]
Classe de [MPa]
Resistência t > 16 t > 40 t > 63 t > 80 t > 100 t≥3
t ≤ 16 t<3
≤ 40 ≤ 63 ≤ 80 ≤ 100 ≤ 150 ≤ 100
S235 235 225 215 215 215 195 360 360
S275 275 265 255 245 235 225 430 410
S355 355 345 335 325 315 295 510 470
S420 420 400 390 370 360 340 520 520
S460 460 440 430 410 400 380 540 540

2.2.1 Propriedades mecânicas do aço


As propriedades mecânicas são importantes características físicas, fundamentais para a
aplicação do aço como material estrutural, bem como para a avaliação do seu desempenho. A
seguir são brevemente discutidas as principais delas.

Constantes físicas – Para o cálculo estrutural, o REAE (Regulamento de Estruturas de Aço para
Edifícios) estabelece alguns valores para propriedades físicas validas para todos os tipos de aço
estrutural:

 Módulo de Elasticidade (ES) = 210 GPa;


 Massa Volúmica (𝜌) = 7700 a 7850 kg/m3;
 Coeficiente de Poisson (v) = 0.3;
 Módulo de distorção (G) = 81 GPa;
 Coeficiente de dilatação térmica linear 𝛼𝑇 = 12x10-6 ºC-1.

Entretanto, de acordo Bellei (1972), citado por Pfiel (2015, 25), as principais propriedades
mecânicas do aço são:

 Ductilidade - é a capacidade do material se deformar sob a acção de cargas, sem sofrer


fracturas na fase inelástica. Os aços dúcteis, quando sujeitos a tensões locais elevadas
sofrem deformações plásticas capazes de redistribuir as tensões. Esse comportamento
plástico permite, por exemplo, que se considere numa ligação parafusada uma
distribuição uniforme da carga entre parafusos. Além desse efeito local, a ductilidade

8
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

tem importância porque conduz a mecanismos de ruptura acompanhados de grandes


deformações que fornecem avisos da actuação de cargas elevadas. A ductilidade pode
ser medida pela deformação unitária residual após ruptura do material. As
especificações de ensaios de materiais metálicos estabelecem valores mínimos de
elongação unitária na ruptura para as diversas categorias de aços;
 Fragilidade - é o oposto da ductilidade, ou seja, rompe bruscamente sem aviso prévio,
representando um risco. O aço pode se tornar mais frágil pela acção de baixas
temperaturas, e por efeitos localizados, como soldas inadequadas;
 Resiliência e tenacidade – Resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica no
regime elástico, ou seja, a capacidade de restituir energia mecânica absorvida.
Denomina-se módulo de resiliência ou simplesmente resiliência a quantidade de energia
elástica que pode ser absorvida por unidade de volume do metal traccionado. Ele iguala
a área do diagrama tensão-deformação até o limite de proporcionalidade. Tenacidade é
a energia total, elástica e plástica que o material pode absorver por unidade de volume
até a sua iminente ruptura;
 Fadiga – Quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em
grande número, pode haver ruptura em tensões inferiores às obtidas em ensaios
estáticos, o que se denomina por fadiga. A resistência à fadiga é geralmente
determinante no dimensionamento de peças sob acção de efeitos dinâmicos importantes,
tais como peças de máquinas, de pontes e entre outros. A resistência à fadiga das peças
é fortemente diminuída nos pontos de concentração de tensões;
 Efeitos de temperatura elevada – As propriedades físicas do aço podem ser modificadas
como resultado da exposição à altas temperaturas. Os principais efeitos são a diminuição
da resistência ao escoamento fy e à ruptura fu, bem como do módulo de elasticidade Es.
 Corrosão - A corrosão poder ser definida como o fenômeno de reacção entre o metal e
os agentes agressivos externos, notadamente o oxigênio e a umidade. A oxidação do aço
é um processo espontâneo e contínuo, acarretando perda da seção de metal, o que pode
ser causa de colapso da estrutura. Deve-se, portanto, ter especial cuidado durante a fase
de projeto no combate à oxidação. Segundo Santos (1987), citado por Dias (2015, 31),
alguns cuidados habituais para evitar estes problemas são:
 Prever furos de drenagem, em quantidade e tamanhos suficientes para assegurar
a drenagem de água;

9
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

 Cuidar para que os acessos sejam facilitados e os espaços, os mais amplos


possíveis, para facilitar a manutenção;
 Não deixar cavidades nas soldas;
 Evitar juntas sobrepostas de materiais diferentes;
 Evitar que peças fiquem semi-enterradas ou semi-submersas.

2.3 Produtos Siderúrgicos


Segundo Santos (1987, 38), “A indústria produz diversas peças constituintes das estruturas
metálicas: chapas, barras, perfis, placas de amarração e parafusos. Entre eles, os perfis são os
mais importantes para o projecto, a fabricação e montagem da estrutura, e são os elementos que
mais impactam no consumo total de aço do projectoˮ.

Ainda segundo Santos (1987, 39), as estruturas das modernas construções de aço empregam
formas padronizadas que recebem o nome de perfis. Os mais comumente empregados nas
construções são os seguintes: cantoneiras, perfis semelhantes as letras “Iˮ, “Uˮe “Hˮ, barras
redondas e chapas dobradas, como o hot formed lip channel2 e o galvanized lip channel2.

A seguir uma breve descrição dos diversos tipos de perfis estruturais:

 Perfis laminados: são aqueles provenientes da laminação a quente. Por serem produtos
da própria usina siderúrgica, dispensam a fabricação mais “artesanal” dos perfis
soldados ou dos formados a frio. Entre os diversos formatos, a seção em I ou H é mais
comum. São oferecidos em várias medidas, compreendidas entre 150 e 610 mm de
altura, e comprimentos de 6 e 12 metros;
 Perfis formados a frio: também conhecidos como perfis de chapas dobradas, são obtidos
pelo processo de dobra de chapas planas, podendo ser formados por prensas dobradeiras
(onde ocorre o puncionamento da chapa contra uma mesa com o formato do perfil
desejado), ou através de máquinas perfiladeiras, onde a chapa passa por uma série de
cilindros até ganhar as medidas especificadas. Estes perfis vêm sendo utilizados de
forma crescente na execução de estruturas metálicas leves, pois podem ser projectados
para cada aplicação específica, enquanto os perfis laminados estão limitados a
dimensões pré-determinadas.

__________________

2
Longarinas de aço, com peso leve, utilizado geralmente para soluções construtivas de pequeno porte ou para
aguentar cargas relactivamente baixas, como o peso de chapas e entre outros. Estes perfis são utilizados nas
madres e escadas.
10
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

 Perfis soldados: são aqueles obtidos pelo corte, composição e soldagem de chapas
planas de aço, permitindo grande variedade de formas e dimensões de secções. A
fabricação de perfis estruturais de aço soldados por arco elétrico obedece à norma EC3
(Eurocódigo 3: Projecto de Ligações), e depende do tipo de equipamento utilizado pelo
fabricante.

A escolha do tipo de perfil a ser utilizado varia de acordo com o tipo e o porte da obra, e dentre
outros fatores à critério do projectista, devendo-se ressaltar que no projeto sempre deve-se ter
em consideração a facilidade de execução e disponibilidade de materiais, assim com os aspectos
logísticos da montagem.

Figura 2.2 – Exemplos de nomenclaturas de perfis laminados com padronizações europeias (Fonte: Instituto
Técnico de Lisboa 2020/2021, Estruturas I – Aula T02 e Pfiel 2015)

Figura 2.3 – Secções de perfis dobrados (formados a frio) a partir de chapas dobradas: (a) U simples, (b) U
enrijecido (lip channel), (c) cartola, (d) cantoneira, (e) duplo U, (f) duplo U enrijecido e (g) enrijecido fechado ou
em caixão (Fonte: Dias 2015, 42)

11
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 2.4 – Secções mais comuns e comumente utilizadas de perfis soldados (Fonte: Chamberlain 2013)

2.4 Tipologias de Pórticos Metálicos


2.4.1 Pórticos de um Piso
Os edifícios metálicos utilizados para fins comerciais, industriais, recreativos, agrícolas e de
armazenamento, necessitam que toda a sua área de implantação esteja livre de elementos
estruturais, de forma a maximizar a funcionalidade do edifício, tornando a estrutura o mais
económica possível. Estes edifícios são normalmente constituídos por pórticos metálicos de um
piso (Reis, A., Camotim, D. 2001 cit in Oliveira, Fábio 2013, 3).

Segundo Reis, A., Camotim, D (2001) apud Oliveira, Fábio (2013, 3) pode-se definir um pórtico
estrutural como

“[...] constituintes principais da estrutura de edifícios metálicos com finalidades


distintas, sendo o seu formato ajustado às necessidades desses edifícios. Efetua-
se de seguida o seu enquadramento e caraterização, mediante estes sejam
inseridos em edifícios de um piso ou de vários pisos. ˮ

Figura 2.5 – Pórtico estrutural de um piso e seus componentes estruturais (Fonte: Slides de aulas de Estruturas II
ISUTC 2021)

12
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Em seguida são definidos os elementos estruturais que compõem a estrutura de um piso,


ilustrados na imagem acima.

2.4.1.1 Madres de Cobertura ou Terças


As madres de cobertura ou terças são elementos estruturais secundários que compõem a
cobertura da estrutura, e tem função de garantir o tapamento de cobertura. As madres de
cobertura, são caracterizadas por possuírem pesos leves, devido a baixa quantidade de cargas
que lhes são impostas. As madres de cobertura podem ser simplesmente apoiadas ou contínuas
sobre 3 ou 4 vãos. Podem ser também atirantadas, isto é, armadas mediante tirantes e pontaletes
inferiores, sistema muito utilizado em longarinas ou vagões (Santos 1987, 133).

2.4.1.2 Asnas de Cobertura


As asnas de cobertura, são elementos principais de uma cobertura, e formam basicamente a
estrutura de cobertura, isto é, o pórtico estrutural. Estes elementos estruturais, são
caracterizados por vencer grandes vãos, e geralmente possuem uma inclinação não superior a
10 graus. As asnas podem ser compostas por vigas simples reforçadas com cartelas (se
necessário) ou podem ser compostas por elementos treliçados (banzos superior e inferior com
diagonais de travamento) (Santos 1987, 133).

2.4.1.3 Pilar do Pórtico ou Colunas


Denomina-se pilares ou colunas, os elementos de uma construção metálica destinados a
transmitir, para as fundações, o peso de toda superestrutura (peso próprio da estrutura, as suas
sobrecargas e as acções que incidem sobre a estrutura) (Beer e Johnston 1915, 169).

2.4.1.4 Contraventamentos
As estruturas acima do nível do solo, estão sujeitas a forças laterais do vento e outros efeitos
causados por movimentos sísmicos. Portanto, o emprego de contraventamentos é de vital
importância e necessidade, pois garante a estabilidade estrutural e a segurança do edifício.

No entanto, ao se detalhar um contraventamento, algumas observações são fundamentais como:


indicação da quantidade de barras, o tipo de perfil utilizado, a grandeza de esforço (geralmente
absorvem 10% dos esforços globais da estrutura) e se o contraventamento está traccionado ou
comprimido (Beer e Johnston 1915, 171)

13
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

2.4.1.5 Madres Laterais


São elementos secundários, responsáveis pelo tapamento lateral do armazém ou edifício. Estes
elementos são caracterizados por possuírem baixo peso e por balancearem as cargas do pilares
(Santos 1987, 134).

2.4.1.6 Placas de Amarração


As placas de amarração e pernos são peças situadas na base do pilar, responsáveis por transferir
para a fundação as forças horizontais, verticais e momentos, dependendo se o vínculo é rotulado
ou encastrado. Os pernos são feitos de barras redondas com uma extremidade rosqueada e com
dispositivo de ancoragem na outra. Para obter bases rotuladas, utilizam-se menos pernos,
geralmente dois, e com pouco espaçamento entre si, e para bases encastradas utilizam-se quatro
ou mais pernos, com maior espaçamento entre si, a fim de resistir aos momentos solicitantes.
A figura 2.6 mostra dois exemplos de base rotulada e encastrada. Com pórticos rotulados nas
bases obtêm-se fundações mais econômicas se comparadas aos encastrados na base,
favorecendo a implantação dessas estruturas em terrenos de baixa capacidade de suporte
(Bellei, 1972).

Por outro lado, os esforços na estrutura são maiores quando comparados com os pórticos de
bases engastadas. Neste caso os deslocamentos horizontais são maiores que aqueles observados
com pórticos de bases engastadas.

(1) (2)
Figura 2.6 – Imagem 1: Pilar encastrado em placa de amarração com rigidificadores e 6 pernos; Imagem 2: Pilar
rotulado em placa de amarração e 2 pernos (Fonte: Santos, 1987)

14
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

2.4.1.7 Tipos de Ligações


Segundo Carnasciali (1977, 63) “O termo ligação é aplicado a todos os detalhes construtivos
que promovam a união de partes da estrutura entre si ou a sua união com elementos externos a
ela, como por exemplo, as fundações. ˮ

As ligações podem influir significativamente no custo da estrutura, e seu tipo deve ser escolhido
levando-se em conta o seu comportamento (rígida ou flexível, por contato ou atrito), limitações
construtivas, a facilidade de execução – uso de equipamentos, facilidade de acesso, dentre
outros. Atualmente as ligações mais utilizadas são as parafusadas ou soldadas. As ligações
rebitadas, muito utilizadas no passado, não são muito empregadas atualmente, devido a sua
baixa resistência, instalação lenta e dificuldade de inspeção. (Dias, 2015)

Ligações aparafusadas – os parafusos são formados por uma barra redonda, tendo uma
extremidade roscada e a outra com cabeça de forma tal que possibilita executar nos parafusos
um movimento de rotação destinado a fazer o parafuso apertar nas peças que deverão ser unidas,
e muita das vezes com auxílio de chapas de ligação. (Santos 1987, 170)

Figura 2.7 – Imagem (a): Ligação aparafusada viga-pilar, com auxílio de chapa em cantoneira; Imagem (b):
Ligação viga-pilar com auxílio de chapa de topo (Fonte: Google image, 2022).

15
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Ligações Soldadas – Segundo Bellei (1972) a soldagem pode ser definido como

“[...] a técnica de unir duas ou mais partes de um todo assegurando entre elas a continuidade do
material, e em consequência suas características mecânicas e químicas. A união por solda se dá
por coalescência do material, obtida pela fusão das partes adjacentes. ”

Na engenharia civil, para projectos e construções, o tipo de solda utilizado é a solda elétrica
(soldagem com electrodo revestido), portanto neste projecto só se fará menção a tipo de
soldadura. A solda de eletrodo manual revestido é a mais empregada, pois pode ser utilizada
tanto em instalações industriais pesadas, quanto em pequenos serviços de campo. O processo
está ilustrado na Figura 2.8.

Figura 2.8 – Processo de soldagem com electrodo manual revestido (Fonte: Pfiel, 2015)

Ligações rebitadas – Segundo Santos (1987), o processo de rebitamento pode ser definido
como

“[...] um método de ligação através da colocação de um pino cilíndrico, constituído de um metal


dúctil, tendo em uma das suas extremidades uma cabeça, a qual se apoia nas peças que deverão
ser ligadas. O furo onde o pino é introduzido tem o diâmetro ligeiramente maior (1/16") para
permitir a fácil introdução do rebite”.

16
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 2.9 – Ligação através de rebitamento de peças (Fonte: Santos 1987, 23)

Todavia, as principais causas do abandono do rebite são: o elevado custo de mão-de-obra, a


dificuldade na inspeção das conexões rebitadas e baixa resistência comparadas com as ligações
soldadas e aparafusadas. A figura 2.9 é um exemplo claro de que as ligações rebitadas não
podem ser projectadas para estruturas de grande porte ou de grande envergadura, pois pode
levar este último a ruptura progressiva.

Segundo o relatório do projeto SECHALO (2012), existem quatro tipos de pórticos de um piso
que permitem que a área interior do edifício seja totalmente livre:

 Pórticos de vigas simplesmente apoiadas;


 Pórticos rígidos (portal frame e pórticos treliçados);
 Pórticos de vigas suportadas por cabos;
 Arcos.

2.4.2 Pórticos de vigas simplesmente apoiadas


Um edifício composto por pórticos de vigas simplesmente apoiadas apresenta uma série de
vigas paralelas entre si, apenas apoiadas nos pilares através de apoios fixos ou flexíveis. Para
este tipo de esquema estrutural funcional, é necessário incorporar na estrutura sistemas de
contraventamento na cobertura (para transferir as forças horizontais devidas ao vento), e nas
fachadas (para transferir as cargas para as fundações). Apresenta-se de seguida um esquema
estrutural típico do pavilhão industrial onde se inserem este tipo de pórticos, Fig. 2.10.

Figura 2.10 – Esquema estrutural de um edifício com pórticos de vigas simplesmente apoiadas (Fonte: adaptado
do relatório de projecto SECHALO, 2012)

17
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

2.4.3 Pórticos rígidos


Os pórticos rígidos são constituídos por vigas ou treliças ligados a pilares através de ligações
rígidas, isto é, ligações com capacidade de transmissão de momentos flectores. Este tipo de
pórticos é muito mais eficiente na transferência de cargas recebidas pela cobertura que o pórtico
de vigas simplesmente apoiadas. Tem ainda uma vantagem importante em relação a estes:
possui resistência a ações do vento nas fachadas laterais do edifício, aliviando assim a
necessidade de contraventamento no plano dos pórticos.

Entretanto, estes pórticos podem ser agrupados em duas categorias distintas:

 Portal frame;
 Pórticos treliçados.

Portal frame

Os pórticos metálicos denominados de “portal frame” são estruturas compostas por pilares e
travessas horizontais ou inclinadas (normalmente perfis laminados a quente de secção em I),
onde se utilizam rigidificadores (cartelas) nas suas ligações, que consiste na colocação de outro
perfil cortado de forma triangular (Fig. 2.11).

Figura 2.11 – Esquema de um portal frame simétrico de vão simples (Fonte: adaptado da SCI, 2004)

Segundo o SCI (2004), o portal frame é normalmente utilizado nos pavilhões industriais sendo
composto por um único vão e as suas características principais são as seguintes:

 Vãos compreendidos entre 15 e 50 m;


 Altura da cumeeira entre 5 e 10 m;
 Inclinação da cobertura entre 5º e 10º;
 Espaçamento entre pórticos entre 5m e 8m;
 Rigidificadores na ligação pilar-travessa e cumeeira.

18
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Existem vários tipos de pórticos que podem ser denominados de portal frame, conforme se
descreve sumariamente na Fig. 2.12.

Figura 2.12 – Vários tipos de portal frame (Fonte: adaptado do relatório de projecto de SECHALO, 2012)

19
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Pórticos treliçados

Quando se pretende vencer vãos superiores a 50m a solução mais económica é habitualmente
os pórticos treliçados. Esta solução é mais eficaz comparativamente aos portal frame, podendo
ir até vãos na ordem dos 100 m. As formas típicas das treliças horizontais utilizadas neste tipo
de pórticos são apresentadas na figura 2.13, e na figura 2.14 ilustra-se um esquema estrutural
do edifício onde este tipo de pórticos é inserido.

Figura 2.13 – Formas típicas de treliças horizontais (Fonte: adaptado do relatório de projecto SECHALO, 2012)

Figura 2.14 - Esquema estrutural de um edifício com pórticos treliçados (Fonte: adaptado do relatório de
projecto SECHALO, 2012)

2.4.4 Pórticos de vigas suportadas por cabos


Neste tipo de pórticos as vigas são suportadas por cabos ou bielas à tração, permitindo a redução
da secção das mesmas. Os cabos ou bielas à tração são suportados por mastros, e estes
suportados por outros cabos ou bielas (Fig. 2.15). Este tipo de estruturas são normalmente

20
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

bastante notáveis e a sua estética deve ser tida em conta durante o seu dimensionamento; são
considerados económicos para vãos entre os 30 m e 90 m.

Figura 2.15 – Esquema estrutural de pórticos de vigas suportadas por cabos (Fonte: adaptado do relatório de
projecto de SECHALO, 2012)

2.4.5 Arcos
Os arcos possuem forma parabólica ou circular, sendo compostos por vigas em I. Os arcos são
solicitados essencialmente por esforços de compressão, devendo estes esforços ser resistidos
pela fundação do edifício ou pela introdução de tirantes entre as fundações. É apresentado um
esquema estrutural para ambas as situações na figura 2.16.

Figura 2.16 – Esquema estruturais de arcos (Fonte: adaptado do relatório de projecto de SECHALO, 2012)

2.5 Acções a considerar no Dimensionamento


Apresentam-se, de forma resumida, as ações a considerar no dimensionamento de pavilhões
industriais ou armazéns, nomeadamente as sobrecargas e a ação do vento e da neve previstas
no RSAEEP (Regulamento de Segurança de Acções em Estruturas de Edifícios e Pontes). Neste
contexto, descreve-se também o formato das combinações de ações previstas no que devem ser
adotadas no projeto de estruturas.

2.5.1 Regulamentação utilizada na avaliação de acções


Em Moçambique, em todo território nacional, o cálculo e a determinação de ações e suas
respectivas combinações para estruturas, é feita baseando em regulamentos portugueses e

21
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

europeus, desenvolvidos pela Comissão Técnica CEN/TC 250 da CEN (Comissão Europeia de
Normalização), acompanhados dos seus respectivos anexos nacionais, de responsabilidade dos

organismos de normalização nacionais, sendo estes:

 NP EN 1990: Bases para o projeto de estruturas;


 NP EN 1991: Ações em estruturas;
 Eurocódigo 2 e REBAP: para estruturas de Betão armado;
 Eurocógido 3 e 4: para estruturas metálicas e suas ligações;
 RSAEEP: Para cálculo de acções sobre a estrutura (sobrecargas, vento, sismos,
neves e etc)

2.5.2 Quantificação de acções


De seguida descreve-se a quantificação de ações com base na regulamentação mencionada no
subcapítulo anterior de forma breve e resumida. As ações são classificadas pela regulamentação
mediante a sua variação no tempo, subdividindo-se em ações permanentes, ações variáveis e
ações acidentais.

Acções Permanentes

As ações permanentes, cuja consideração será descrita no Capítulo 5, consistem em ações cuja
variação de intensidade no tempo é desprezável, considera-se como ações permanentes:

 O peso da própria estrutura;


 Revestimentos inerentes às fachadas e cobertura;
 Outros elementos estruturais secundários (como madres de cobertura e de fachada).

Acções Variáveis

As ações variáveis consistem em ações com variação de intensidade no tempo significativa, tais
como:

 As sobrecargas nos pavimentos, vigas ou coberturas dos edifícios;


 A acção do vento.

__________________

Nota: Para este projecto o dimensionamento, no software de cálculo, será feito utilizando os Eurocógidos 3 e 4
para metal e suas ligações, e o RSA para quantificação do vento e sobrecargas. É chamada a atenção neste ponto,
pois em Moçambique é geralmente utilizado o REAE (Regulamento de Estruturas Aço para Edifícios),

22
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

regulamento este que, nos últimos tempos, vem sendo substituído pelo EC 3 e 4 no seu país de origem e já não é
utilizado pelos diversos programas de cálculo.

Acção variável – Sobrecarga

A determinação da ação da sobrecarga foi realizada de acordo com a norma NP EN 1991-1-1.


Como os portal frames têm apenas um piso, apenas será necessário quantificar a ação da
sobrecarga na sua cobertura, estando esta na categoria H (não acessível exceto para operações
de manutenção e reparação correntes) conforme a Quadro 6.9 e Quadro NA 6.10 da referida
norma, representado na Tabela 2.2 e Tabela 2.3.

Tabela 2.2 – Categorias de cobertura (Fonte: Quadro 6.9 da NP EN 1991-1-1, 2009)

Tabela 2.3 - Sobrecargas em coberturas da Categoria H (Fonte: Quadro NA 6.10 da NP EN 1991-1-1, 2009)

Acção Variável – Vento

As ações do vento variam em função do tempo e atuam diretamente, sob a forma de pressões.
A pressão resultante, exercida numa parede ou na cobertura, é a diferença entre as pressões que
atuam sobre as faces opostas tendo em atenção os seus sinais (figura 2.17).

23
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 2.17 – Convenção de sinais de pressões (Fonte: adaptado de EC1-1-4, 2010)

O procedimento para a quantificação do vento segundo o RSA, capítulo 5, artigo 20º a 25º, é
apresentado na tabela baixo.

Tabela 2.4 – Procedimento resumido para a quantificação do vento (Fonte: adaptado do RSA, 1983)

Parâmetro Referência
Zoneamento do território (Zona A ou B) Artigo 20º
Rugosidade aerodinâmica do solo (Tipo I ou II) Artigo 21º
Pressão dinâmica do vento (wk) Artigo 24º
Velocidade média do vento (w) Artigo 24º (24.3)
Coeficientes de forma Artigo 25º e Anexo I (Secção 3)
Formulas para cálculo das pressões do vento Anexo I (Secção 1)

Combinação de acções

As combinações de ações para efeitos de dimensionamento em ELU (Estado Limite Último)


foram definidas com base na norma NP EN 1990 (IPQ, 2009). Expõe-se de seguida o formato
geral dos efeitos das ações, os fatores redutores e de amplificação.

𝐸𝑑 = 𝐸{∑𝐽≥1 𝛾𝐺,𝑗 𝐺𝑘,𝑗 + 𝛾𝑄,1 𝑄𝑘,1 + ∑𝑖>1 𝛾𝑄,1 𝜑0,𝑖 𝑄𝑘,1 } [1]

Em que:

𝐸𝑑 - valor de cálculo do efeito das ações;

𝐸 - efeito de uma ação;

𝛾𝐺,1 - coeficiente parcial relativo à ação permanente j;

𝐺𝑘,𝑗 - valor característico da ação permanente j;

𝛾𝑄,1 - coeficiente parcial relativa à ação variável base da combinação;

𝑄𝑘,1 - valor característico da ação variável base da combinação;

𝛾𝑄,1 - coeficiente parcial relativo à ação variável i;

𝜑0,𝑖 – coeficiente para a determinação do valor de combinação da ação variável i;

𝑄𝑘,1 - valor característico da ação variável i.


24
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

2.6 Dimensionamento e Verificações segundo o Eurocódigo 3


Após a escolha do método de análise da estrutura e a determinação dos valores de cálculo dos
esforços de dimensionamento, efetua-se a verificação de segurança da estrutura, sendo
definidos dois tipos de verificação essenciais segundo o EC3-1-1 (Dias, 2007):

 Verificação da resistência das secções transversais (cláusula 6.2 do EC3-1-1);


 Verificação da classe das secções transversais;
 Resistência à compressão;
 Interação de momento flector com esforço axial;
 Resistência ao esforço transverso;
 Interação momento flector com esforço transverso.
 Verificação da estabilidade dos elementos (cláusula 6.3 do EC3-1-1).

Todos os procedimentos referentes às verificações serão abordados detalhadamente no Capítulo


5, com todos os seus cálculos de dimensionamento levados a cabo para garantir a segurança.

2.7 Fases e condicionantes de uma construção pré-fabricada


2.7.1 Planeamento da obra
O planeamento é uma das maiores condicionantes da construção pré-fabricada. O aumento das
fases de planeamento é uma das principais diferenças para a construção civil tradicional, isto
porque tem que haver um planeamento extensivo antes da fase de fabrico e/ou encomenda das
peças e da execução da própria obra, pois é necessário ter em conta o sistema de montagem, os
transportes que vão ser necessários, a concepção das peças e ainda conseguir inter-relacionar
todos estes parâmetros para se obter a melhor projecção. Uma das grandes desvantagens da
construção pré-fabricada é o facto de em estaleiro ser impossível fazer alterações a nível das
peças, o que na construção civil tradicional (betão armado) não é um problema pois todos os
elementos são fabricados no local e com moldes suscetíveis de alterações (Na Lu 2007, 65).

Duas das maiores vantagens da construção pré-fabricada em relação ao planeamento passam


pelo facto de ser possível que o projeto e subsequente fabrico das peças decorra em simultâneo
e em paralelo com outras atividades. A segunda vantagem é o tempo de execução do edifício,
que em relação com a construção civil tradicional é muito menor, e o facto de ser possível a
execução de trabalhos no interior mais cedo do que na construção tradicional (Na Lu 2007, 65).

25
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

2.7.2 Prazos
Em relação ao factor prazos, pode dizer-se que “tempo é dinheiro” e, neste caso, a pré-
fabricação sai claramente em vantagem em relação à construção tradicional. Pelo facto de todos
os elementos estruturais serem pré-fabricados, existe uma enorme redução no tempo de
execução da obra. Já na construção tradicional, o tempo de execução da obra é mais longo,
principalmente pelo facto de todos os elementos serem executados no estaleiro da obra e devido
as condições climatéricas que nem sempre são favoráveis para se trabalhar. O facto de os
materiais serem produzidos na fábrica, traz várias vantagens que passam pelo facto de não haver
deterioração dos materiais devido a condições climatéricas quando estes adquirem presa, o mau
tempo não provoca atrasos significativos nas tarefas seguintes (enquanto que na construção
tradicional se for necessário betonar uma laje é preciso esperar por boas condições climatéricas)
(Na Lu 2007, 68)

2.7.3 Mão-de-obra
A mão-de-obra na construção pré-fabricada é menor, a nível de estaleiro, em comparação com
a construção tradicional. É importante referir que, aumentar a produtividade não implica um
aumento de mão-de-obra a nível de pré-fabricação. O facto de as peças serem construídas com
maior controlo, em ambiente fabril e com máquinas especializadas, reduz as necessidades de
mão-de-obra em estaleiro, facilita o controlo de qualidade e permite uma maior previsibilidade
na entrega do produto final (Na Lu 2007, 70)

2.7.4 Equipamentos
Os equipamentos a utilizar na pré-fabricação são um dos mais importantes e condicionantes
factores deste tipo de construção. Enquanto na construção tradicional, uma das maiores
condicionantes é o local disponível para montagem da grua, na construção pré-fabricada as
condicionantes tomam outras dimensões. A capacidade de transporte, as dimensões das peças,
o manuseamento das peças e a própria grua de montagem (Figura 2.18) são as principais
condicionantes para a execução da obra. Na configuração do estaleiro, é necessário ter em conta
a distância máxima de montagem, que limita simultaneamente o peso do elemento e o
equipamento a utilizar.

26
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 2.18 - Exemplo de gruas com braços extensíveis para montagem de viga da cobertura (Fonte: Monteiro,
Rui. Dissertação "Construção de cobertura para uma escola". Lisboa, 2012)

De acordo com Moreira (1980) cit in El Debs (2000, 27) os factores que interferem na escolha
dos equipamentos e sua capacidade de carga são os seguintes:

 Pesos, dimensões e raios de levantamento das peças mais pesadas e maiores;


 Número de levantamentos a serem feitos e a frequência das operações;
 Mobilidade requerida, condições de campo e espaço disponível;
 Necessidade de transportar os elementos levantados;
 Necessidade de manter os elementos suspensos por longos períodos;
 condições topográficas de acesso; e
 Disponibilidade e custo do equipamento.

Os tipos de equipamentos mais utilizados são: auto-gruas (guindaste sobre plataforma móvel),
gruas de torre ou de pórtico e guindastes acoplados a camiões convencionais. Também é preciso
que se verifique a disponibilidade de equipamentos na região da obra, bem como a capacidade
de carga dos mesmos. Em determinadas situações, pode ser necessária a importação de
equipamentos.

2.7.5 Transporte
O transporte a utilizar é uma grande condicionante da pré-fabricação, porque a maior parte das
vezes as peças pré-fabricadas são de grandes vãos (tabela 2.5), o que implica camiões com
atrelados de elevada extensão com grandes capacidades de carga e ainda a terem estabilidade
conforme a altura da peça em causa (figura 2.19). O facto de os camiões serem de elevada
extensão complica também os acessos por onde este pode circular. Alguns elementos pré-

27
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

fabricados são superdimensionados pois os danos de transporte que podem ocorrer já se


encontram assumidos no cálculo em projecto o que leva a que possam haver acréscimos no
custo do projecto, o que na construção tradicional não acontece (Sidney 2002 apud Neto 2009).

(a) Camião de transporte de vigas (b) Camião de transporte de lajes alveolares

Figura 2.19 - Comparação entre veículos de transporte de diferentes peças (Fonte: Monteiro, Rui. Dissertação
"Construção de cobertura para uma escola". Lisboa, 2012)

Tabela 2.5 - Diferentes tipos de transporte e limites correspondentes (Fonte: Romeu, 2012)

2.7.6 Custo e Economia


Quanto a questões de custo e economia, a utilização da pré-fabricação permite que haja uma
redução significativa, em comparação com a construção tradicional, nos custos na fase de
produção e a nível de mão-de-obra pois como existe maior controlo, existe uma melhor gestão
dos recursos. A tabela 2.6 permite ter uma percepção da redução de custos nos diferentes
materiais quando estes estão associados à construção pré-fabricada. A utilização dos mesmos
moldes, constantemente, reduz significativamente o gasto de matérias, enquanto na construção
tradicional os moldes normalmente são feitos manualmente e em madeira sendo muitas destas
cofragens perdidas por se estragarem (Sidney 2002 cit in Neto 2009).

28
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Tabela 2.6 - Redução de gastos gerados pela pré-fabricação (Fonte: Leite, 2015)

2.7.7 Segurança
A nível de segurança, na construção pré-fabricada existe menor risco de acidente pois os
trabalhadores encontram-se numa fábrica em ambiente controlado e, além disso, não são tão
afetados pelas condições climatéricas como os trabalhadores da construção tradicional. A
segurança na construção pode ser analisada segundo dois parâmetros que passam pela
segurança estrutural e segurança no trabalho (Silvestre at al 2003 apud Resende 2012, 114).

A segurança estrutural na pré-fabricação traduz-se na possibilidade de analisar as peças, antes


da sua aplicação em obra. Caso os resultados obtidos sejam os esperados a peça pode sair para
a obra, caso não esteja de acordo com o esperado a peça terá que ser refeita. Estas análises
podem ser feitas através de ultrassons, ensaios de carga com leitura direta ou com leitura
indireta. A segurança no trabalho é proporcionada por uma redução da possibilidade de
acidentes em trabalho e só é conseguida porque existe uma maior qualificação dos operários
intervenientes na montagem e a utilização de equipamentos de transporte, de elevação e de
montagem adequados. Na construção tradicional acontecem mais acidentes pois muitas das
vezes os materiais não estão nas devidas condições e não seguem as normas de regulamentação
aplicável (Silvestre at al 2003 apud Resende 2012, 114).

2.7.8 Durabilidade
A durabilidade é um importante conceito a ter em mente quando se está a falar de elementos
pré-fabricados. A durabilidade de edifícios construídos usando qualquer um dos métodos
construtivos que têm vindo a ser comparados é neste caso muito semelhante, no entanto, a pré-
fabricação, mesmo assim, consegue ter vantagem. As construções pré-fabricadas possuem
maior potencial em termos de durabilidade do que as construções tradicionais, devido ao uso
altamente optimizado e potenciado dos materiais que constituem as peças. Isto obtém-se através
da utilização de equipamentos específicos e actualizados que se encontram envolvidos no
processo de fabricação cuidadosamente elaborado das peças pré-fabricadas (Na Lu 2007, 65).

29
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

A pré-fabricação emprega equipamentos tecnologicamente avançados para a preparação do


betão. Aditivos e adjuvantes são utilizados para conseguir os desempenhos mecânicos
específicos, para cada classe de betão que se pretende obter. A relação água/cimento pode ser
reduzida ao mínimo possível e a compactação e a cura são executadas em condições
controladas, o que proporciona uma mistura mais eficaz do que aquela que é feita no local de
obra (Na Lu, 2007).

Em resumo, do que foi descrito anteriormente, apresenta-se a Tabela 2.7

Tabela 2.7 - Análise SWAT da construção recorrendo à pré-fabricação (Fonte: Cunha, 2010)

30
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO –


DESCRIÇÃO GERAL DO PROJECTO: CASO DE ESTUDO

3.1 Localização do Campo das Instalações do ISUTC


O campo de futsal das instalações do ISUTC/TMCEL, é um campo de médio porte concebido
e projectado para fins recreativos, como práticas desportivas interescolares, sendo estas: jogos
de futebol, de basquetebol e entre outros. As instalações do ISUTC/TMCEL, localizam-se no
bairro da Sommerchield (prolongamento da avenida Kim Il Sung, edifício IFT-TDM/TMCEL),
na cidade de Maputo. O terreno de implantação, apresenta uma morfologia relactivamente plana
e sem quaisquer variações da cota relevante (nível do solo natural). Portanto, a implantação da
cobertura a ser projectada, deve ter em consideração todas as condicionantes existentes no local,
que vão desde edifícios próximos, o clima característico do local de implantação, a facilidade
(ou dificuldade) de acesso ao local de implantação e o estado actual do local. A figura 3.1 ilustra
a real localização do campo, bem como os edifícios que o rodeia.

Figura 3.1 – Imagem (a): Localização do ISUTC/TMCEL (área demarcada a vermelho); Imagem (b): Localização
do campo de futsal dentro das instalações do ISUTC/TMCEL (fonte: Google Earth, 2022)

De acordo com as regras da FIFA (Federação Internacional de Futebol), um campo de futsal


(futebol de salão) é caracterizado por, “[...] ter entre 25 metros e 42 metros de comprimento, e
16 metros a 25 metros de largura. Em jogos profissionais, as dimensões mínimas mudam para
38 metros de comprimento por 25 metros de largura.”

3.2 Características do Campo das Instalações do ISUTC


O campo de futsal do ISUTC-TMCEL possuí uma área de implantação bruta de 684 m2,
formando um rectângulo. Este campo tem um tapamento, lateral, de alvenaria com uma altura
de 65 centímetros e perfis laminados tubulares em cima destas paredes. Como largura, o campo
31
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

tem 19 metros, e como comprimento o campo tem aproximadamente 35 metros. O campo


também é rodeado em suas laterais (lado maior) por colunas livres (pilares) espaçadas em 5.15
metros. A seguir estão ilustradas as fotografias do campo na figura 3.2.

Figura 3.2 - Algumas fotografias do campo de futsal do ISUTC-TMCEL (Fonte: Autor, 2022)

Para a elaboração deste projecto (desenhos e cálculos), foi necessário efectuar medições do
campo, dos pilares existentes no local e também colher todas informações relevantes e que
incidem directamente sobre o projecto. Nas figuras que se seguem, estão ilustradas o desenho
da planta do campo com seus respectivos pilares (figura 3.3) e o desenho do alçado do campo
(figura 3.4).

32
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Pilar Existente (encastrado


em placa de amarração)
Placa de amarração
c/ rigidificadores

Arranque de Pilar em betão armado


(400x400 m2 na cota 200 mm acima do solo)

Figura 3.3 – Desenho da planta do campo de futsal do ISUTC com os seus respectivos pilares nas laterais (fonte:
Autor, 2023)

__________________

Nota: Nas ilustrações dos desenhos das figuras, as dimensões mostradas nos mesmos são de difícil percepção ou
visualização, portanto para melhor percepção destes, nos Anexos, encontram-se todas as peças desenhadas com
suas respectivas legendas e notas de referência.
33
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Figura 3.4 – Desenho do alçado/fachada do campo de futsal do ISUTC com os seus respectivos pilares nas laterais
(fonte: Autor, 2023)

3.3 Características dos Pilares Existentes


O campo de futsal é percorrido, em suas laterais de maior comprimento, por pilares constituídos
por perfis laminados, de pé direito igual a 7 metros, compostos por 2UNP160 em formato de
caixão ([=]) com presilhas/travessas (chapas) espaçadas a 450 mm. Estes pilares, são um total
de 8 em cada lado, e estão espaçados a 5.15 metros. Relativamente a base de apoio, estes pilares,
estão encastrados em placas de amarração com rigidificadores, que entregam as suas cargas em
arranques de pilar, e por sua vez estes em na sapatas de betão armado.

Segundo Nash (1915), presilhas podem ser definidas como

“Travessas ou presilhas de ligação, são elementos estruturais secundários (ou até mesmo
terciários) de ligação que geralmente são formadas por chapas rectangulares, que têm função de
trabalhar como se fossem diagonais de travamento ou cordões de ligação, aumento a rigidez ou
resistência dos elementos principais ligados a eles.ˮ

A seguir, estão ilustradas nas figuras, o tipo de material que compõe os perfis dos pilares, as
dimensões e bem como as características da secção transversal.

34
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

(a) (b) (c)

Figura 3.5 – Imagem (a): Fotografia do pilar real, existente no local; Imagem (b): Secção transversal do perfil que
compõe o pilar; Imagem (c): Projecção 3D do pilar c/ placa de amarração (Fonte: Autor 2022 e Tabelas Técnicas
1993)

Nas tabelas a seguir estão ilustradas as grandezas do(s) perfil(s) que compõe o pilar.

Tabela 3.1 – Características do perfil laminado UNP160 (Fonte: adaptado das Tabelas Técnicas 1993)

Dimensões
Designação Massa Área
h b a em r1 e1 h1 w1 Ø
UNP (Kg.m) (cm2)
mm mm mm mm mm mm mm mm mm
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
160 8.8 24.0 160 65 7.5 10.5 5.5 7.9 11.5 35 21/17

Tabela 3.2 – Designação e tipo de material dos perfis do pilar (Fonte: adaptado das Tabelas Técnicas 1993)

Módulo de Tensão admissível


Designação Aço
Elasticidade (E) (σadm)
UNP S275 210 GPa 275 MPa

3.4 Avaliação do estado actual dos Pilares Existentes


Após a visita ao terreno, para a recolha e levantamento dos dados relevantes relactivamente ao
campo, fez-se também um levantamento minuncioso em relação ao estado actual dos pilares ali
existentes. Tratando-se de construções pré-fabricadas, concretamente de perfis feitos em aço

35
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

laminado, geralmente o tempo de vida útil pode variar entre 50 e 100 anos. No entanto,
constatou-se que, em alguns pilares há existência de ferrugens em certas secções, o que
doravante poderá influenciar na colocação da cobertura sobre eles, provocando encurvaduras
(flambagem) ou num caso mais grave a cedência destes pilares. Portanto, é necessário que se
faça uma avaliação mais profissional nestes pilares, isto é, uma avaliação com o intuito de
prever e prevenir a ocorrência e existência de patologias, optando por manutenções e/ou
substituições dos elementos defeituosos sob formas a mitigar estes factores.

Portanto, antes da implantação e posterior montagem da cobertura a ser projectada para o


campo, é necessário substituir todas as presilhas ou travessas dos pilares, pois estes já se
encontram em estado de ferrugem e com soldas desgastadas. Seria de vital necessidade,
também, a substituição ou reforço das chapas que formam os rigidificadoes das placas de
amarração, pois ja se encontram desgastas ou enferrujadas.

Figura 3.6 – Fotografias do estado actual dos pilares existentes no local (Fonte: Autor, 2022)

36
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA


4.1 Metodologia
Para a determinação da melhor solução, estrutural, para a cobertura que se deseja projectar e
dimensionar, foi levado em consideração os aspectos mencionados no capítulo posterior,
todavia, para se alcançar este facto, a metodologia utilizada foi empírica, que a partir da recolha
de dados no campo, foi possível realizar todos os cálculos e considerações para se ter os
resultados desejados. Portanto, de modo a atingir os resultados, foi seguido o seguinte
procedimento:

1. Selecção do modelo de pórtico – a escolha do modelo de pórtico, é crucial pois ela dita
os esforços que os pilares vão receber, e como estes irão se comportar;
2. Determinação de todas acções que incidem sobre a estrutra – todas as cargas variáveis
e permanentes que incidem sobre os elementos estruturais;
3. Escolha dos materias que irão compor os elementos estruturais – o tipo de material para
os elementos estruturais, determina a qualidade de desempenho estrutural que cada
material vai apresentar;
4. Selecção do tipo de perfil para cada elemento estrutural – a escolha do tipo de perfil e
suas características, dita as cargas que os pilares serão submetidos:
5. Pré-dimensionamento dos elementos estruturais escolhidos – após a escolha dos perfis,
é essencial saber se estes apresentam uma boa capacidade estrutural;
6. Dimensionamento no software de cálculo – os perfis, os seus materias, e suas acções
serão submetidos no programa computacional para o cálculo considerado todo modelo
tridimensional a partir de elementos finitos;
7. Verificações – no final, é necessário saber se o dimensionamento foi satisfatório, isto
é, se todos os elementos dimensionados verificam e se apresentam total segurança para
a sua execução.

4.2 Escolha do Modelo de Cobertura


Para a escolha do tipo de cobertura, foi levado em consideração todas as características dos
pilares, uma vez que esta cobertura será instalada sobre eles, portanto, definir a tipologia e
geometria da cobertura influência directamente na funcionalidade estrutural do pórtico
estrutural.

37
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Baseando-se no capítulo anterior, os pórticos que vencem vãos enormes e que ao mesmo tempo
permitem com que os elementos estruturais que as compõem sejam leves em termos de pesos,
são os Portal Frames de vigas treliçadas. Portanto, o pórtico terá uma cobertura em duas
vertentes, compostas por asnas, nos banzos superior e inferior, e por treliças, para os cordões e
diagonais de travamento.

A cobertura, será materializada em perfis metálicos laminados e enformados, e será uma


cobertura de duas águas (duas vertentes) treliçadas, com as seguintes características:

 Cobertura em duas vertentes, com ângulo de inclinação igual a 8.33º;


 Treliças materializadas em perfis tubulares de aço laminado a frio;
 Madres materializadas em perfis Hot formed Lip Channel de aço enformado;
 O contraventamento materializado em perfis tipo cantoneiras de aço laminado a frio;
 As ligações utilizadas serão as ligações soldadas e aparafusadas
 Material utilizado para todos elementos estruturais: S275
 Distância entre os pórticos: 5 metros
 Vão a vencer: 20.76 metros
 Pé-direito do pilar 7 metros (Altura de topo até a cobertura igual a 8 metros).

Figura 4.1 – Projecção do pórtico estrutural tipo Portal Frame para a cobertura do campo (Fonte: Autor, 2023)

38
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

4.2.1 Descrição dos Programas de Cálculo Utilizados


Efetua-se de seguida uma breve descrição dos programas de cálculo automático e de modelação
utilizados nas várias análises efetuadas neste trabalho, sendo estes:

 CYPE 2018 - CYPE 3D;


 AutoCAD.

Ambos os programas têm funcionalidade CAD (Computer Aided Design - Desenho Assistido
por Computador), e possuem também sistema de interoperabilidade, isto é, capacidade dos dois
programas se comunicarem entre si de forma eficaz e eficiente.

CYPE 2018

Este programa, é um programa de cálculo estrutural comumente utilizado pelos engenheiros


civis para o cálculo de estruturas (seja ele de betão armado ou metálicas). O CYPE 2018 possui
vários pacotes computacionais no seu directório, dentre eles encontra-se o CYPE 3D, que é um
programa com funcionalidade BIM (Building Information Modeling), que permite modelar,
realizar cálculo e análise de estruturas em 3D de elementos de betão, de aço, mistos (aço e
betão), de alumínio, de madeira, ou de qualquer material, incluindo o dimensionamento de
ligações (soldadas e aparafusadas de perfis de aço laminado e enformado) e as fundações com
placas de amarração, sapatas, maciços de encabeçamento de estacas, linteis e vigas de
equilíbrio. Todo o cálculo é feito a partir da análise de elementos finitos.

AutoCAD

É um programa com funcionalidade CAD, utilizado principalmente para a elaboração de peças


de desenho técnico em duas dimensões (2D) e para criação de modelos tridimensionais (3D). É
amplamente utilizado por arquitectos e engenheiros civis para desenhos técnicos de todas as
especialidades inerentes à área de construção civil.

4.3 Regulamentos, Normas e Tabelas Utilizadas


Para a concepção da cobertura foram tidas em conta as especificações técnicas vigentes em
Moçambique, com as seguintes referências normativas:

 REGEU (Regulamento Geral das Edificações Urbanas) – considerado no projecto


somente para aspectos estéticos e de comodidade urbana;
 Eurocódigo 2 – considerado para o dimensionamento dos elementos em betão armado
(elementos de fundação);

39
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

 RSAEEP (Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes)


– utilizado no projecto para a quantificação das acções que incidem sobre a estrutura;
 Eurocódigos 3 e 4 – utilizados no projecto, para cálculo e análise estrutural do edifício,
bem como para o dimensionamento das suas ligações;
 Tabelas Técnicas para engenharia civil;
 Catálogo GRS (Global Roofing Solutions) – para as chapas IBR a serem consideradas
no cálculo.

4.4 Acções Consideradas


4.4.1 Acções permanentes
Considerou-se o peso próprio da estrutura principal, através da introdução da geometria dos
pórticos no programa de cálculo automático, sendo este determinado automaticamente após a
definição dos perfis a utilizar. Relactivamente aos elementos secundários, como madres e
contraventamentos, estes foram considerados também no programa de cálculo.

4.4.2 Acções variáveis


Acção variável – Sobrecarga

Para a quantificação da acção da sobrecarga, segundo o RSA (capítulo VIII, artigo 33º), as
coberturas ordinárias (com formas em curvaturas ou inclinadas) pertencem à Categoria H –
Coberturas, que admitem uma sobrecarga uniformemente distribuída igual a 0.3 KN/m2.

Tabela 4.1 – Quantificação da sobrecarga sobre a cobertura (fonte: Autor, 2023)

Sobrecargas em Coberturas – Categoria H


Sobrecarga de utilização 0.30 KN/m2
Sobrecarga do Tapamento PPChapa IBR + dispositivos de fixação

Acção do vento

Para a quantificação da acção do vento, sobre a cobertura e nas fachadas em paredes da


estrutura, teve-se como base o RSA. Nesta quantificação, são consideradas o zoneamento do
território da estrutura, o tipo de rugosidade do solo e também os coeficientes de formas para
determinação das pressões finais do vento,

40
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

1. Zoneamento do Território (RSA, Capítulo V: Artigo 20º)

O campo de futebol do ISUTC/TMCEL localiza-se, numa região urbana onde predominam


edifícios de médio a grande porte. Portanto, segundo o RSA, as estruturas que se localizam
em zonas urbanas, pertencem à Zona A.

2. Rugosidade Aerodinâmica do Solo (RSA, Capítulo V: Artigo 21º)

Para se ter em conta a variação do vento acima do solo, consideram-se 2 (dois) tipos de
rugosidade aerodinâmica do solo, que são:

 Rugosidade tipo I – rugosidade a atribuir aos locais situados no interior de zonas urbanas
em que predominam edifícios de médio e grande porte;
 Rugosidade tipo II – rugosidade a atribuir aos restantes locais, nomeadamente zonas
rurais e periferias urbanas.

De acordo com as características da zona a que se localiza o campo de futebol, esta apresente
semelhanças a Rugosidade tipo I.

3. Pressão Dinâmica do Vento (RSA, Capítulo V, Artigo 24º)

Em função da zona da construção da estrutura, da sua altura acima do solo e do tipo de


rugosidade, deve-se determinar o valor característico da pressão dinâmica do vento (wk) a partir
do gráfico apresentado abaixo.

Gráfico 4.1 – Valores característicos da pressão dinâmica do vento (Fonte: RSA, 1983)

41
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

A estrutura possui um pé direito igual a 7.00 metros, com uma altura de topo de 8.00 metros.
No entanto, para o gráfico, o regulamento recomenda a utilização da altura relactiva ao pé
direito. Para determinação do valor desejado, utilizou-se o método de interpolação, a partir dos
valores a presentado a tabela ilustrada ao lado do gráfico.

0 m ---------- 0.70 KN/m2

7 m ---------- X → Têm − se aproximadamente wk = 0.65 KN/m2

10 m ---------- 0.70 KN/m2

Determinação da Velocidade Média do Vento (Artigo 24º, 24.3)

Para determinação da velocidade efectiva do vento, é necessário, se conhecer a velocidade


média do vento para o local de construção.
h 0.28
Para solos com rugosidade tipo I têm-se → v = 18 (10) + 14. [2]

H = 7.00 m (Pé direito)


h 0.28 7 0.28 m m
v = 18 (10) + 14 = 18 (10) + 14 = 16.30 (≤ 20 s )
s

Segundo o RSA (Anexo I, 1.1.1), recomenda-se que para h < 15 metros, no caso de solos com
rugosidade do tipo I e para h < 10 metros no caso de solos com rugosidade do tipo II, os valores
característicos da velocidade média, sejam iguais a 20 m/s no primeiro caso e a 25 m/s no
segundo caso.

Portanto, para a cobertura do campo admite-se velocidade média igual a v = 20 m/s.

Determinação da Pressão Dinâmica do Vento (Artigo 24º, 24.3)

Após a determinação da velocidade média do vento, determina-se a seguir a pressão dinâmica


do vento (w):

w = 0.613*v2 = 0.613*202 = 245.2 N/m2 = 0.245 KN/m2 [3]

4. Coeficientes de Forma (Exterior e Interior)

Segundo o RSA (capítulo V, artigo 23º), para determinar a acção do vento sobre uma
construção, é necessário conhecer, além da pressão dinâmica do vento (w), os coeficientes
forma relactivos à construção em causa.

42
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

No RSA (anexo I, ponto 3), são definidos dois tipos de coeficientes de forma, que são:

 Coeficientes de pressão; e
 Coeficientes de força.

Os coeficientes de pressão, 𝛿𝑝 , são definidos para uma superfície particular da construção (ou
para uma zona nela localizada) e permitem determinar as pressões, p (que se exercem
normalmente sobre as superfícies), pela expressão:

𝑝 = 𝛿𝑝 ∗ 𝑤 [4]

Os coeficientes de força, 𝛿𝑓 , são definidos de modo a permitir determinar diretamente a


resultante F das pressões do vento sobre a construção (ou sobre um seu elemento), por
expressões do tipo:

𝐹 = 𝛿𝑓 ∗ 𝑤 ∗ 𝐴 [5]

Em que A é uma área de referência, relacionada com a superfície exposta, adequadamente


definida em cada caso.

Neste projecto, será utilizado os coeficientes de pressão para determinar as pressões do vento
nas fachadas, não sendo necessário utilizar a resultante das forças.

Coeficientes de Pressão Exterior e Interior para Paredes (Anexo I, 3.2.2)

Na estrutura, actuará nas fachadas (em toda sua superfície), portanto, é essencial determinar
estes coeficientes. Na tabela abaixo, apresentam-se os coeficientes de pressão exterior actuantes
nas fachadas da estrutura.

Tabela 4.2 – Coeficientes de pressão exterior (𝛿𝑝𝑒 ) para paredes da estrutura (Fonte: RSA, 1983).

Relações Direcção
geométricas do do vento Acções globais sobre as superfícies Acções
edifico α locais
h/b a/b (graus) A B C D
0º +0.7 -0.25 -0.6 -0.6
h/b≤1/2 3/2<a/b≤4 -1.0
90º -0.5 -0.5 +0.7 -0.1

Em que h representa a altura do edifício, a e b representam, respectivamente, a maior e menor


dimensão em planta.
43
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

 h = 7 metros;
 a = 36.05 metros; e
 b = 20.76 metros.

Para as paredes, o coeficiente de pressão interior a ter em conta, é o coeficiente de


permeabilidade, pois o edifício será permeável toda sua estrutura.

𝛿𝑝𝑖 = +0.20

A seguir estão representadas as acções em planta dos coeficientes de pressão exterior sobre a
estrutura. Para este feito, escolheu-se o direção actuante dos ventos em 90º, pois a estrutura é
limitada por um edifício na sua lateral, portanto esta direção tem mais efectividade.

Figura 4.2 – Representação em planta dos coeficientes de pressão em fachadas actuando sobre a estrutura (Fonte:
Autor, 2023)

A tabela a seguir, mostra os valores e quantificação para os ventos nas paredes do edifício.

Tabela 4.3 – Quantificação da acção vento sobre as fachadas da estrutura (Fonte: Autor, 2023)

Quantificação do Vento sobre Fachadas


Fachada P [KN/m2]
A 0.0735
B 0.0735
C 0.2205
D 0.0245

44
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Coeficientes de Pressão Exterior para Cobertura de Duas Vertentes

Segundo o RSA (Anexo I, quadro I-II), para determinação da acção do vento sobre as fachadas
da cobertura em duas vertentes, é necessário ter em consideração os coeficientes de pressão
exterior. A tabela abaixo, mostra os coeficientes actuantes sobre a estrutura, tendo em conta a
sua forma e geometria.

Tabela 4.4 – Coeficientes de pressão exterior actuantes sobre a cobertura da estrutura (Fonte: RSA, 1983)

Inclinação Acções globais


Relação
da Direcções do vento
geométrica Acções Locais
vertente β
do edifício α = 0º α = 90º
(graus)
E,F G,H E,G F,H L1 L2 L3 L4
h/b≤1/2 10º
-1.2 -0.4 -0.8 -0.6 -1.4 -1.4 ----- -1.2

Os dados a ter em conta são:

 h = 7.00 m;
 β = 8.33 graus (assume-se 10 graus);
 b = 20.76 m.
 a = 36.05 m.

A seguir estão representadas as acções em corte e em planta dos coeficientes de pressão exterior
sobre a estrutura da cobertura. Para este feito, escolheu-se o direção actuante dos ventos em
90º, pois a estrutura é limitada por um edifício na sua lateral, portanto esta direção tem mais
efectividade.

45
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

(a) (b) (c)

Figura 4.3 – Representação em corte (a e c) do edifício, e em planta (b) com os coeficientes actuantes de pressão
exterior (Fonte: Autor, 2023)

A tabela a seguir, mostra os valores e quantificação para os ventos nas fachadas de cobertura.

Tabela 4.5 – Quantificação da acção vento sobre as fachadas da estrutura de cobertura (Fonte: Autor, 2023)

Quantificação do Vento sobre as Fachadas de Cobertura


Fachada P [KN/m2]
E,G 0.196
F,H 0.147

4.5 Dimensionamento das Madres de Cobertura


As madres de cobertura, são longarinas que exercem funções secundárias, sob ponto de vista
estrutural. Para o pré-dimensionamento e posterior dimensionamento das madres, levou-se em
consideração, as sobrecargas de tapamento e a acção do vento sobre a mesma.

1. Sobrecargas consideradas

 Sobrecarga de utilização - Sc1 = 0.30 KN/m2 (RSA, capítulo VIII, artigo 33 º);
 Peso das chapas IBR686 (0.58mm) – Sc2 = 0.0637 KN/m2 (Catálogo GRS); e
 Dispositivos de fixação – Equivalente a 30% do peso das chapas.

46
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Tabela 4.6 – Características da ChapaIBR utilizada (Fonte: Catálogo GRS – Global Roofing Solutions)

2. Escolha do Perfil a adoptar e Determinação das Acções na Madre

O critério para a escolha do tipo de perfil, será adoptar e depois efectuar as devidas verificações.

(a) (b)
Figura 4.4 – Espaçamento (a) e Vão da madre a serem considerados (b) (Fonte: Autor, 2023)

Espaçamento entre madres: e = 0.400 m; Vão da madre: l = 5.15 m

47
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Seja o perfil “C140-2.5”, Perfil Lip Channel de aço enformado (material S275).

Tabela 4.7 – Perfis de aço enformado Tipo Lip Channel (Fonte: Catálogo da Mundiperfil)

Peso Próprio e Dados a considerar

 g = 5.50 Kg/m2 = 0.06 KN/m2 → G1 = 0.06*5.15 = 0.309 KN/m;


 Wx = 30.86 cm4 e Wy = 18.34 cm4;
 Ix = 216.01 cm4 e Iy = 45.85 cm4

Cálculo do Peso da Sobrecarga sobre a Madre

Peso Próprio das ChapasIBR + Dispositivos de Fixação + Sobrecarga de Utilização:

G2 = (PPChapasIBR +30%* PPChapasIBR +Sc1)*e [6]

G2 = (PPChapasIBR +30%* PPChapasIBR +Sc1)*e = (0.0637 + 0.3*0.0637 + 0.3)*0.4 = 0.153 KN/m.

__________________
Nota: No catálogo da tabela 4.7, deve-se considerara a marcação em azul, pois esta marcação é a do perfil
seleccionado.

48
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Cálculo de Esforços da Madre

8.33°

Figura 4.5 – Representação das acções sobre o eixo da Madre (Fonte: Autor, 2023)

GX = G1 ∗ cos8.33 = 0.306 KN/m2


Cargas Permanentes: G: {
Gy = G1 ∗ sen8.33 = 0.045 KN/m2

QX = G2 ∗ cos8.33 = 0.151 KN/m2


Sobrecargas: Q: {
Qy = G2 ∗ sen8.33 = 0.022 KN/m2

1.5∗Qx ∗l 1.5∗Gx ∗l2


MX = + = 1.81 KNm
4 8
Momentos: M: { 1.5∗Qy ∗l 1.5∗Gy ∗l2
My = + = 0.266 KNm
4 8

Verificação da Tensão (segundo o REAE)

Material considerado para as Madres é um Fe430 (S275), com tensão admissível, fyd, de 275
MPa e módulo de elasticidade igual a E = 200 GPa (aço).

𝑀 𝑀𝑦
Tensão instalada: 𝜎𝑖𝑛𝑠𝑡 = 𝑊𝑥 + 𝑊 = 171.46 MPa < 275 MPa (verificado)
𝑥 𝑦

Verificação da Flecha (segundo o REAE)

Flecha limite: flim = 2.5 cm

Flecha instalada:

𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡 = √𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡,𝑥 2 + 𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡,𝑦 2 = 0.86 cm < 2.5 cm (verificado)

5∗𝐺 ∗𝑙5
𝑌 𝑌 𝑄 ∗𝑙3
𝑓𝑖𝑛𝑠,𝑥 = 384∗𝐸∗𝑙 + 48∗𝐸∗𝑙 = 0.75 𝑐𝑚
𝑦 𝑦

5∗𝐺 ∗𝑙5
𝑥 𝑥 𝑄 ∗𝑙3
𝑓𝑖𝑛𝑠,𝑥 = 384∗𝐸∗𝑙 + 48∗𝐸∗𝑙 = 0.43 𝑐𝑚
𝑥 𝑥

49
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Vento como Acção Predominante nas Madres

8.33°

Figura 4.6 – Acção predominante do vento sobre as madres (fonte: Autor, 2023)

Cálculo de Esforços:

𝑝𝑥 = 1.5 ∗ 0.309 ∗ 𝑐𝑜𝑠8.33 + 1.5 ∗ 0.245 = −0.826 𝐾𝑁/𝑚


1.5 ∗ 𝐺 + 1.5 ∗ 𝑤 {
𝑝𝑥 = 1.5 ∗ 0.309 ∗ 𝑠𝑖𝑛8.33 = 0.067 𝐾𝑁/𝑚

0.826∗5.152 0.067∗5.152
𝑀𝑋 = = 2.74 𝐾𝑁/𝑚 e 𝑀𝑦 = = 0.222 𝐾𝑁/𝑚
8 8

Verificação da Tensão:

𝑀 𝑀𝑦
𝜎𝑖𝑛𝑠𝑡 = 𝑊𝑥 + 𝑊 = 102,34 MPa < 275 Mpa (verificado)
𝑥 𝑦

Verificação da Flecha:

Flecha limite: flim = 2.5 cm

Flecha instalada:

𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡 = √𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡,𝑥 2 + 𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡,𝑦 2 = 2.21 cm < 2.5 cm (verificado)

5∗𝑃𝑌 ∗𝑙5
𝑓𝑖𝑛𝑠,𝑥 = = 0.58 𝑐𝑚
384∗𝐸∗𝑙𝑦

5∗𝑃 ∗𝑙5
𝑥
𝑓𝑖𝑛𝑠,𝑥 = 384∗𝐸∗𝑙 = 2.15 𝑐𝑚
𝑥

Percentagem de Aproveitamento
𝜎𝑖𝑛𝑠𝑡
Tensão: ∗ 100% = 37,10 %
𝑓𝑦𝑑

𝑓𝑖𝑛𝑠𝑡
Flecha: ∗ 100% = 85.67 %
𝑓𝑙𝑖𝑚

50
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

4.6 Dimensionamento do Pórtico


Para o dimensionamento das asnas, isto é, os banzos superior e inferior bem como as treliças
(diagonais de travamento e cordões), foram consideradas todas as acções e cálculos
desenvolvidos nos subcapítulos acima. O dimensionamento, as verificações e as análises dos
elementos estruturais do Portal Frame serão feitas no programa computacional de cálculo
estrutural, o CYPE 3D.

Figura 4.7 – Projecção 3D da Estrutura (Cobertura, Contraventamento, Pilares e Fundação) no programa de


cálculo. (Fonte: Autor, 2023)

51
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

CAPÌTULO 5 – APRESENTAÇÃO, ANÀLISE E DISCUSSÃO DOS


RESULTADOS
5.1 Verificações segundo o Programa de Cálculo
Estabelecida as condições impostas para a estrutura, efectuou-se o cálculo, dimensionamento e
análise da estrutura com o auxílio do programa de cálculo CYPE 3D. Considerou-se a geometria
da estrutura, todas as acções previstas e também os efeitos de segunda ordem na estrutura, para
obtenção das verificações e dos desenhos estruturais finais.

Verificado (ELU)

Não Verificado (ELU)

Figura 5.1 – Modelo de verificação da Estrutura (Fonte: Autor, 2023)

5.1.1 Verificação das Asnas (E.L.U)


As barras ou perfis que compõem as asnas, isto é, banzo superior e inferior, apresentaram um
resultado e comportamento satisfatório sob ponto de vista estrutural e de segurança (ELU). Os
perfis mais solicitados (das asnas), localizam-se no pórtico central da estrutura, que por
conseguinte, este último se mostrou o mais solicitado em relação aos demais pórticos. O banzo
superior mais solicitado, faz parte do nó N423/N371, como ilustra a figura 5.2. O banzo inferior
mais solicitado, faz parte do nó N396/N397, como ilustra a figura 5.3.

É mostrado abaixo, o tipo de perfil escolhido para o banzo superior e também as suas
características mecânicas.

52
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Tabela 5.1 – Perfil adoptado para as Asnas (Banzo superior) (Fonte: Autor, 2023)

Perfil: RHS 180x100x8.0


Material: Aço (S275 (EN 1993-1-1))
Nós Características mecânicas
Comprimento
(m) Área Iy(1) Iz(1) It(2)
Inicial Final
(cm²) (cm4) (cm4) (cm4)
N423 N371 0.400 39.99 1589.89 632.88 1561.01
Notas:
(1)
Inércia relativamente ao eixo indicado
(2)
Momento de inércia à torção uniforme
Encurvadura Encurvadura lateral
Plano XY Plano XZ Banzo sup. Banzo inf.
b 1.00 1.00 0.00 0.00
LK 0.403 0.403 0.000 0.000
Cm 1.000 1.000 1.000 1.000
C1 - 1.000
Anotação:
b: Coeficiente de encurvadura
LK: Comprimento de encurvadura (m)
Cm: Coeficiente de momentos
C1: Factor de modificação para o momento crítico

Banzo superior mais


solicitado (ELU)

Figura 5.2 – Banzo superior mais solicitado (Fonte: Autor, 2023)

53
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

As verificações do banzo superior mais solicitado, em relação aos esforços submetidos sobre
este, estão apresentados na tabela abaixo.

Tabela 5.2 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes no banzo superior (Fonte: Autor, 2023)

Verificações (Eurocódigo 3 EM 1993 1-1 2005)


Aproveitamento Aproveitame
Barra Esforço
local (nl) nto Global (n)

lw (encurvadura loca) 25.1

Nt (resitência a tracção) N/A1


Nc (resitência a 24.6
compressão)
MY 0.9
 (Momento flector Y)
30.0
MZ 5.7
((Momento flector Z)
VZ 0.2
(Transverso Z)
VY (Transverso Y) 2.0

________________
1
Não existe esforço de tracção na barra

54
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Para o banzo inferior da asna, o tipo de perfil escolhido é mostrado na tabela abaixo, bem
como as suas características mecânicas.

Tabela 5.3 – Perfil adoptado para as Asnas (Banzo inferior) (Fonte: Autor, 2023)

Perfil: RHS 180x100x8.0


Material: Aço (S275 (EN 1993-1-1))
Nós Características mecânicas
Comprimento
(m) Área Iy(1) Iz(1) It(2)
Inicial Final
(cm²) (cm4) (cm4) (cm4)
N423 N371 0.400 39.99 1589.89 632.88 1561.01
Notas:
(1)
Inércia relativamente ao eixo indicado
(2)
Momento de inércia à torção uniforme
Encurvadura Encurvadura lateral
Plano XY Plano XZ Banzo sup. Banzo inf.
b 1.00 1.00 0.00 0.00
LK 0.403 0.403 0.000 0.000
Cm 1.000 1.000 1.000 1.000
C1 - 1.000
Anotação:
b: Coeficiente de encurvadura
LK: Comprimento de encurvadura (m)
Cm: Coeficiente de momentos
C1: Factor de modificação para o momento crítico

Banzo superior mais


solicitado (ELU)

Figura 5.3 – Banzo inferior mais solicitado (Fonte: Autor, 2023)

55
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

As verificações do banzo inferior mais solicitado, em relação aos esforços submetidos sobre
este, estão apresentados na tabela abaixo.

Tabela 5.4 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes no banzo inferior (Fonte: Autor, 2023)

Verificações (Eurocódigo 3 EM 1993 1-1 2005)


Aproveitamento Aproveitame
Barra Esforço
local (nl) nto Global (n)

lw (encurvadura loca) N/A1

Nt (resitência a tracção) 26.4


Nc (resitência a 27
compressão)
MY 4.1
 (Momento flector Y)
30.0
MZ 18.4
((Momento flector Z)
VZ 0.2
(Transverso Z)
VY (Transverso Y) 2.0

________________
1
Não existe esforço de compressão na barra
56
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

5.1.2 Verificação das Treliças (Diagonais de Travamento)


As treliças mais solicitadas, situam-se no pórtico central da estrutura. As verificações das
treliças, relactivamente ao ELU, podem ser consideradas satisfatórias, pois apresentam valores
dentro dos parâmetros exigidos. Na tabela abaixo, apresenta-se o tipo de perfil escolhido para
as diagonais, bem como as suas características mecânicas.

Tabela 5.5 – Perfil adoptado para as Treliças (Diagonais de Travamento) (Fonte: Autor, 2023)

Perfil: SHS 100x8.0


Material: Aço (S275 (EN 1993-1-1))
Nós Características mecânicas
Comprimento
(m) Área Iy(1) Iz(1) It(2)
Inicial Final
(cm²) (cm4) (cm4) (cm4)
N397 N370 0.526 27.19 362.03 362.03 641.08
Notas:
(1)
Inércia relativamente ao eixo indicado
(2)
Momento de inércia à torção uniforme
Encurvadura Encurvadura lateral
Plano XY Plano XZ Banzo sup. Banzo inf.
b 1.00 1.00 0.00 0.00
LK 0.526 0.526 0.000 0.000
Cm 1.000 1.000 1.000 1.000
C1 - 1.000
Anotação:
b: Coeficiente de encurvadura
LK: Comprimento de encurvadura (m)
Cm: Coeficiente de momentos
C1: Factor de modificação para o momento crítico

Banzo superior mais


solicitado (ELU)

Figura 5.4 – Banzo inferior mais solicitado (Fonte: Autor, 2023)

57
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

As verificações da diagonal mais solicitada, em relação aos esforços submetidos sobre este,
estão apresentados na tabela abaixo.

Tabela 5.6 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes na diagonal de travamento (Fonte: Autor, 2023)

Verificações (Eurocódigo 3 EM 1993 1-1 2005)


Aproveitamento Aproveitame
Barra Esforço
local (nl) nto Global (n)

lw (encurvadura loca) 28.1

Nt (resitência a tracção) 26.4


Nc (resitência a 24
compressão)
MY 5.6
 (Momento flector Y)
30.0
MZ 13.2
((Momento flector Z)
VZ 0.6
(Transverso Z)
VY (Transverso Y) 3.0

5.1.3 Verificação dos Pilares


Os pilares mais solicitados, em relação à análise do E.L.U, foram 4 (quatro), cuja verificação
não cumpre. Estes pilares apresentam verificação positiva para todos os esforços, contudo,
somente a verificação ao esforço transverso é que apresentou um aproveitamento ligeiramente
maior do que o admitido. A tabela abaixo mostra as verificações, para o pilar(es) mais
solicitado(s).

Figura 5.5 – Pilares que não passam à verificação (em vermelho). (Fonte: Autor, 2023)

58
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

Tabela 5.7 - Verificação de aproveitamento dos esforços actuantes na diagonal de travamento (Fonte: Autor,
2023)

Verificações (Eurocódigo 3 EM 1993 1-1 2005)


Aproveitamento Aproveitamento
PILAR Esforço
local (nl) Global (n)

lw (encurvadura loca) 27.5

Nt (resitência a tracção) 19.3


Nc (resitência a 28.2
compressão)
P4, P6, P8, MY 23.8 30.0
P10 (Momento flector Y)
 MZ 25.1
((Momento flector Z)
VZ 30.2 (não verifica)
(Transverso Z)
VY (Transverso Y) 28,6

5.1.4 Verificação das Ligações


No programa de cálculo, foram consideradas somente as ligações soldadas, visto que, para
perfis tubulares, a melhor conexão ou ligação são as soldadas. No entanto, os desenhos finais,
foram desenhadas as ligações aparafusadas para ligação dos contraventamentos e dos banzos
inferior e superior das asnas, utilizando chapas de ligação de 10 cm e parafusos M12/150.

Para as ligações soldadas, as verificações cumpriram todos os requisitos admitidos, sob ponto
de vista ELU, no entanto para as verificações geométricas não se cumpriram todas, pois o
programa apresentou erro de geometria, isto é, a disposição das diagonais do nó N371
(localizado no topo dos pórticos) não cumpre com a geometria ideal para realização da ligação.

Figura 5.6 – Ligação soldada do nó N371 em vermelho (não cumpre com verificação de geomteria) (Fonte: Autor,
2023)
59
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

A seguir é mostrada, na tabela abaixo, as verificações da geometria relactivamente às ligações


soldadas mais solicitadas.

Tabela 5.8 - Verificação de geometria e da resistência da ligação mais solicitada (Fonte: Autor, 2023)

Verificações geométricas
Limites
Verificação Unidades Calculado Estado Recomendação
Mínimo Máximo
Limite
MPa 275.0 -- 460.0 Verifica --
elástico
Classe de
secção -- 17.50 -- 30.51 (Classe 1) Verifica --
(Cmáxi/ti)
Espessura mm 8.0 2.5 25.0 Verifica --
Coloque a peça de
forma que o ângulo
que forme com as
Ângulo graus 16.45 30.00 -- Não verifica
restantes peças se
encontre dentro do
intervalo indicado.
bi/bo -- 1.00 0.25 1.00 Verifica --
hi/bi -- 0.56 0.50 2.00 Verifica --
bi/ti -- 22.50 -- 35.00 Verifica --
hi/ti -- 12.50 -- 35.00 Verifica --

Verificações de resistência
Verificação Unidades Desfavorável Resistente Aprov. (%)
Falha da diagonal por largura eficaz kN 270.044 831.200 32.49
Interacção esforço axial e momentos -- -- -- 39.35

Figura 5.7 – Pormenor de ligação soldada da ligação mais solicitada, no nó N371 (Fonte: Autor, 2023)

60
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

5.2 Discussão dos Resultados


De acordo com os pontos apresentados, no capítulo 2, relactivamente aos tipos de pórticos, o
pórtico escolhido para o projecto, apresentou uma boa funcionalidade estrutural, sob ponto de
vista de verificações e segurança (E.L.U). No entanto, para os pilares, nem todos apresentaram
ou cumpriram todas as verificações de resistência.

A cobertura projectada para o campo, apresentou uma funcionalidade estrutural positiva e


satisfatória, pois os elementos estruturais que a compõem tiveram verificações cumpridas,
segundo o programa de cálculo.

A maioria dos pilares apresentou, um bom comportamento e uma boa funcionalidade sob ponto
de vista estrutural, mas somente 4 deles não cumpriram todas as verificações. No entanto, pode-
se notar que, para os pilares, quanto mais se diminui o espaçamento entre as presilhas de ligação,
estes tendem a melhorar o seu nível de aproveitamento, isto é, para que os pilares verifiquem,
é necessário aumentar o número de presilhas (e diminuir o espaçamento entre eles), aumentando
assim a rigidez dos pilares.

No gráfico de barras abaixo, apresentam-se os níveis de aproveitamento de todos os elementos


estruturais dimensionados de uma forma resumida e considerando as alterações feitas nos
pilares (aumento do número de presilhas).

Niveis de Aproveitamento
Contraventamento

Pilares

Diagonais de travamento

Banzo inferior

Banzo superior
0.00% 20.00% 40.00% 60.00% 80.00% 100.00% 120.00%

Gráfico 5.1 – Níveis de aproveitamento dos elementos estruturais dimensionados (fonte: autor, 2023)

Depois de aumentar a rigidez dos pilares, por meio de presilhas aumentadas, o nível de
aproveitamento caiu de 102.14% para 98.53%, estando este último dentro dos padrões
admissíveis.

61
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES


6.1 Conclusões
 Em relação ao tipo de pórtico projectado para o estrutura:
 O portal frame em treliças, projectado para a estrutura, apresentou ótimos
resultados relactivamente ao Estado Limite Último e de Utilização, cumprindo
com basicamente todas as verificações e apresentando um comportamento
estrutural satisfatório em relação as acções que lhe foram impostas;
 Os elementos que fazem parte da cobertura projectada, cumpriram todas as
exigência de segurança em relação aos ELUs
 Em relação aos pilares (existentes no local):
 No programa de cálculo, os pilares foram projectados (no CYPE 3D) com as
características (mecânicas) semelhantes às dos pilares existentes no local. A
maioria dos pilares cumpriu com as verificações de segurança, mas 4 deles não
satisfizeram. Todavia, com o aumento da rigidez dos pilares, sob meio de
aumento do número de presilhas ou travessas, nota-se que os pilares apresentam
bons níveis de aproveitamento;
 Em relação ao contraventamento considerado na estrutura:
 Os contraventamnetos considerados na estrutura, mostraram-se eficazes,
absorvendo um total de quase 10% dos esforços estruturais, relactivamente
à acção de sobrecargas variáveis, precisamente o vento.

Em suma, pode-se afirmar que, para o projecto, a cobertura projectada projecta e dimensionada,
pode suprir as necessidades dos utentes do campo do futebol do ISUTC/TMCE, garantido não
só a continuidade das suas actividades ali praticadas, mas também uma total segurança no
decorrer destas.

6.2 Recomendações
 Substituir todas as presilhas ou travessas dos pilares, instalando novas presilhas com um
afastamento de até 300 mm;
 Substituir todas as chapas de rigidificadores das placas de amarração dos pilares, por
novas;
 Impermeabilizar todos os elementos estruturais, para garantir a estanqueidade;
 Realizar escavações para conhecer a real cota de profundidade das sapatas e suas
respectivas dimensões.
62
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEN (2010b). Eurocódigo 3 – Projecto de estruturas de aço – Parte 1-1: Regras gerais e regras
para edifícios. European Norm 1993-1-1, Bruxelas.

REAE (1980) – Regulamento de Estruturas de Aço e Edifício. Portugal

GRS – Global Roofing Solutions Catalogue. Africa do Sul

European Commission (2012). Facilitating market development for sections in industrial halls
and low-rise buildings (SECHALO). European Commission, Luxembourg.

RSAEEP (1983) – Regulamento de Segurança de Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes.


Portugal.

Oliveira, L. (2011). Projecto de pavilhões e estruturas industriais: Desenvolvimento de uma


aplicação informática. Dissertação de mestrado, FEUP.

Dias, J. (2007). Análise e dimensionamento de estruturas metálicas treliçadas de transporte de


energia eléctrica de acordo com o EC3(EN) e a EN50341-1. Dissertação de mestrado, IST

Carnasciali, Carlos Celso (1972). Estruturas Metálicas na Prática. Curitíba – Paraná, Brasil:
Indústria Gráfica e Projectos Lda.

Santos, Arthur Ferreira (1977). Estruturas Metálicas – Projecto e Detalhes para Fabricação.
São Paulo Brasil: McGraw Hill Brasil.

Nash, William A. (1922). Resistencia do Materiais. São Paulo, Brasil: Colecção Schaum –
McGraw Hill

Oliveira, Fábio (2013). Projecto de Edifício em Estruturas Metálicas. Dissertação de mestrado,


FEUP.

Bellei, Vasco (2007). Manuel de Estruturas para Engenharia Civil. Rio de Janeiro, Brasil

Beer, Ferdinand P. e Johnston, E. Russel (1915). Estática – Mecanica Vectorial para


Engenheiros. São Paulo, Brasil McGrawHill.

Reis, A., Camotim, D. (2001). Estabilidade Estrutural. McGraw-Hill, Portugal.

63
Projecto de cobertura do campo de futebol do ISUTC

ANEXOS
 Anexo I – Desenho do Pórtico Estrutural;
 Anexo II – Desenho do Alçado Estrutural e da Planta de Cobertura;
 Anexo III – Desenho de Pormenores de Ligações Estruturais;
 Anexo IV – Desenho da Planta de Fundação e Pormenores de Sapatas.

64
Tapamento INSTITUIÇÃO:

A 10.359 D-01
Chapa IBR686 (0.58)
Madres (longarinas)
B
0.4 Perfil C150x50x20x2.0
95 0.863
D-02 0.425
0.200 INSTITUTO

1.500
SUPERIOR DE
TRANSPORTES E
COMUNICAÇÕES
0.400 Asnas (banzo superior e inferior) 0.485
0.400

0.400 Perfil RHS 180x100x8.0


MAPUTO - MOÇAMBIQUE
Av. Kim Il Sung (IFT-TDM)
Trelicas (Diagonais de travamento)
Perfil SHS 100x100x8.0 TITULO DO PROJECTO:

PROJECTO DE
10.250 COBERTURA
PARA O CAMPO
Pilares (Existentes "in situ") Notas importantes: DE FUTEBOL DO
ISUTC
Perfil 2UNP160 c/ travessas 1 - Material para asnas e trelicas: S275 (aço laminado)
7.000

2 - Material para madres e chapas: S275 (aço enformado) ESPECIALIDADE:

0.450
3 - Antes da montagem da cobertura, deve-se substituir ESTRUTURA
Presilhas/travessas de ligacao todas as presilhas/travessas de ligação dos pilares;
ELABORADO POR/ DISCENTE:
Chapa galvanizada 200x50x5.0 4 - Impermeabilizar todos os pilares e suas placas de
Melo Isailina
amarração (garantir estanqueidade);
5 - Para a instalção do IBR, deve-se deixar uma folga de VERIFICADO POR/ SUPERVISOR:

8mm para a contração do mesmo; Engº José Font


6 - Afastar as madres das extremidades em 150mm, para DESCRICAO DO PROJECTO:
instalar ligações; PFC - PROJECTO
Fundacoes (Existentes "in situ") 7 - Instalar dispositivos de drenagem de águas pluviais FINAL DO CURSO
0.200

Sapatas c/ arranque de pilar e vigas de equilibrio (colectores e tubos de queda PVC). DATA:
+0.00 m Abril de 2023
1.150

ESCALA:
Escalas referenciadas nos
desenhos de referencia
NOME DO DESENHO:

PÓRTICO
ESTRUTURAL

A B
20.760

Pórtico Estrutural
1/100

DATA: VERIFICAÇÃO APROCAVAO:

Nº DO DESENHO:

GSPublisherVersion 0.26.100.100
S-100
1 2 3 4 5 6 7 8
Contraventamento
Perfil L50x50x8.0

Parafusos 90x7.5 mm
Instalar na alma superior das chapas
1.634

Madres (longarinas)
Tapamento Perfil C150x50x20x2.0
Chapa IBR686 (0.58)

INSTITUIÇÃO:

Pilares (Existentes "in situ")


7.000

Perfil 2UNP160 c/ travessas

Sobreposicao de chapas
Fundacoes (Existentes "in situ") sobrepor chapas respeitando catalogo
Sapatas c/ arranque de pilar e vigas de equilibrio
INSTITUTO
Nivel +0.00 m
Detalhe de ficaxao de chapas SUPERIOR DE
1/20
Terreno natural
TRANSPORTES E
COMUNICAÇÕES
Notas importantes:
1.150

MAPUTO - MOÇAMBIQUE
1 - Instalar parafusos nas chapas, Av. Kim Il Sung (IFT-TDM)

5.015 5.015 5.015 5.015 5.015 5.015 5.015 em suas almas superiores TITULO DO PROJECTO:

1 2 3 4 5 6 7 8 2 - Utilizar chapas IBR686 de PROJECTO DE


espessura 0.58 mm (Global COBERTURA
PARA O CAMPO
Alçado Lateral da Estrutura Roofing Solutions) DE FUTEBOL DO
Madres (longarinas) 1/200
Asnas (banzo superior e inferior)
Perfil RHS 180x100x8.0
Perfil C150x50x20x2.0
Pilares (Existentes "in situ")
Perfil 2UNP160 c/ travessas 3 - A inclinação das águas de ISUTC
cobertura (duas aguas), é de 8.33 ESPECIALIDADE:

graus; ESTRUTURA
4 - O contraventamento será feito ELABORADO POR/ DISCENTE:

com perfis tipo cantoneira, de Melo Isailina


acordo com os desenhos de VERIFICADO POR/ SUPERVISOR:

INCLINACAO DAS ÁGUAS: 8.33º


referencia; Engº José Font
5 - Instalar cumeira para o topo DESCRICAO DO PROJECTO:

de cobertura (ver desenhos de PFC - PROJECTO


FINAL DO CURSO
referências) DATA:

36.80
Abril de 2023
ESCALA:
Escalas referenciadas nos
desenhos de referencia
NOME DO DESENHO:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
PLANTA DE
COBERTURA E

20.76
ALÇADO LATERAL

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Nº de chapas de cobertura
1/500

DATA: VERIFICAÇÃO APROCAVAO:

Nº DO DESENHO:
Planta de estrutura de cobertura
GSPublisherVersion 0.25.100.100
1/200 S-101
1:20

10.359 D-01
INSTITUIÇÃO:
D-02
0.200

1.500
0.400

INSTITUTO
SUPERIOR DE
TRANSPORTES E
COMUNICAÇÕES
10.380 10.380 MAPUTO - MOÇAMBIQUE
Av. Kim Il Sung (IFT-TDM)

TITULO DO PROJECTO:
Pórtico Estrutural PROJECTO DE
1/100 COBERTURA
PARA O CAMPO
DE FUTEBOL DO
ISUTC

ESPECIALIDADE:
Cantoneira soldada na asna e ESTRUTURA
aparafusada c/ 2 parafusos NOTAS IMPORTANTES:
M12/150 c/ anilha Ligacao Madre-asna 1 - Todas as ligagoes soldadas devem ser feitas
Cantoneira 70x70x5.0 Ligacao Pilar-Asna ELABORADO POR/ DISCENTE:
com eletrodo bem definido e respeitando a Chapa e parafusos Melo Isailina
espessura dos cordoes;
2 - A emenda/empalme das cantoneiras pode ser VERIFICADO POR/ SUPERVISOR:

feito com cordoes de soldadura de topo; Chapa 150x200x5.0 Engº José Font
Cordoes de
soldadura de 3 - Respeitar todas as regras dos fabricantes 4 parafusos M12/150
DESCRICAO DO PROJECTO:
angulo para todo material de ligacao;
(Espessura 5 PFC - PROJECTO
mm) 4 - Encomendar perfis com de 6-12 metros. FINAL DO CURSO
DATA:
Abril de 2023
ESCALA:
Escalas referenciadas nos
desenhos de referencia
NOME DO DESENHO:
Parafuso M12/150 c/ porca Presilhas soldadas PORMENOR DE
Ligacao Banzo superior-Cantoneira
Soldaduras de topo LIGAÇÕES
Diagonal
Asna (Banzo superior)
SHS100X100x8.0 RHS 180x100x8.0

Cordao
RHS180X100x8.0
Cantoneira (Abas iguais)
L50x50x8.0

Detalhe: D-01
Vedante de borracha
Instalar em todas cantoneiras

1/20 Detalhe: D-02


Detalhe: D-03 1/20 DATA: VERIFICAÇÃO APROCAVAO:

1:20 Nº DO DESENHO:

GSPublisherVersion 0.25.100.100
S-102
1 2 3 4 5 6 7 8

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160

A A
800

800

NOTAS IMPORTANTES:
INSTITUICAO:
1 - Os desenhos referentes a fundacao sao
somente para ilustracao e representacao, pois
estes elementos ja existem no local;
2 - A profundidade, adopatada para o efeito foi
de 1150 mm;
3 - Para todos os elementos da fundacao, a INSTITUTO
SUPERIOR DE
classe de betao adoptada foi de B30 (C25/30); TRANSPORTES E
4 - Para as armaduras, a resistencia minima COMUNICACOES
adoptada foi de 400MPa (A400 NR) MAPUTO - MOCAMBIQUE
Av. Kim Il Sung (IFT-TDM)

20.761
TITULO DO PROJECTO:

PROJECTO DE
COBERTURA
PARA O CAMPO
DE FUTEBOL DO
ISUTC

ESPECIALIDADE:

ESTRUTURA

ELABORADO POR/ DISCENTE:

Melo Isailina
VERIFICADO POR/ SUPERVISOR:

P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 Engº Jose Font
2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160 2UNP160

B B DESCRICAO DO PROJECTO:

PFC - PROJECTO
FINAL DO CURSO
5.015 5.015 5.015 5.015 5.015 5.015 5.015
DATA:
Abril de 2023
1 2 3 4 5 6 7 8 ESCALA:
Escalas referenciadas nos
Planta de Fundacao desenhos de referencia
1/100 NOME DO DESENHO:

P1 P1 4Ø12
P2 PLANTA DE
400
800 800 800 800 800 800
FUNDACAO E
800
PORMENORES

350
400
8Ø12

50
Ø12a/26 C=149 400
Ø12a/26 C=149 Ø12a/26 C=149
350
Ø8a/150
120

120

120

120

120

120
2Ø12 C=500
800
8Ø12 C=186

Ø8a/30
350

Ø8a/150
50

350
400

400

Betao de limpeza
Espessura 10cm 300

Calcios de apoio
>5 cm DATA: VERIFICACAO: APROCAVAO:
160

160

160

160

160

160
Pormenor de Fundacao Nº DO DESENHO:

Ø12a/26 C=149 1/50 Ø12a/26 C=149 Ø12a/26 C=149


GSPublisherVersion 0.27.100.100

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