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INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO

Licenciatura em Construção Civil

António Domingos

DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE ENGENHARIA

CURSO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ANÁLISE DE POSSÍVEIS FALHAS NA EXECUÇÃO DE LAJES MACIÇAS DE BETÃO


ARMADO QUE PODEM LEVAR AO SURGIMENTO DE PATOLOGIAS

Nampula

Janeiro de 2017
António Domingos

ANÁLISE DE POSSÍVEIS FALHAS NA EXECUÇÃO DE LAJES MACIÇAS DE BETÃO


ARMADO QUE PODEM LEVAR AO SURGIMENTO DE PATOLOGIAS

Orientador: Engenheiro Ângelo Sumana

“Monografia apresentada ao INSTITUTO MÉDIO


POLITÉCNICO (IMEP) da UNIVERSIDADE
POLITÉCNICA (A POLITÉCNICA) como parte
dos requisitos de graduação e obtenção do grau de
técnico em construção civil”

Nampula, Janeiro de 2017


António Domingos

ANÁLISE DE POSSÍVEIS FALHAS NA EXECUÇÃO DE LAJES MACIÇAS DE BETÃO


ARMADO QUE PODEM LEVAR AO SURGIMENTO DE PATOLOGIAS

Monografia apresentada ao Instituto Médio Politécnico de Nampula da Universidade Politécnica


(A Politécnica) como parte dos requisitos para obtenção do grau de técnico em construção civil.

O júri

_______________________________________________________

Eng.º Ângelo Sumana (Orientador)

________________________________________________________

(Oponente)

_________________________________________________________

(Presidente)

Nampula, Janeiro de 2017


RESUMO
Os descuidos com a execução de lajes maciças de betão armado geralmente são vistos após a
descofragem ou com o passar do tempo, quando surgirem os primeiros problemas. Geralmente
são falhas na montagem das armaduras, cobrimento necessário, lançamento, adensamento e cura
do betão. Cada serviço que não é executado de acordo com as Normas Técnicas referentes ao
mesmo, está sujeito ao surgimento de patologias com o passar do tempo, que geralmente irão
implicar em reparos onerosos e também na falta de segurança para as pessoas que ali vivem ou
transitam. Baseado no que foi dito, este trabalho pretende analisar as possíveis falhas na execução
de lajes maciças de betão armado e as patologias que podem se desenvolver devido a elas.

Palavras-chave: Patologias, Betonagem, Lajes.


Abstract

The oversights of the execution of solid reinforced concrete slabs are usually seen after the
stripping or over time when the first problems arise. Usually they are failures in the assembly of
the armatures, necessary covering, launching, densification and cure of the concrete. Each service
that is not performed according to the Technical Norms related to it, is subject to the appearance
of pathologies over time, which will generally imply costly repairs and also the lack of security
for the people who live or transit there. Based on what was said, this work intends to analyze the
possible failures in the execution of solid slabs of reinforced concrete and the pathologies that can
develop due to them.

Keywords: Pathologies, Concreting, Slabs.


Dedicatória

À minha mãe Tebia Afonso Daruba, ao meu pai Domingos Morais Chertaca, a família,
amigos, e colegas de curso que directas ou indirectamente fazem parte do meu quotidiano dedico
este trabalho.
Agradecimento

Agradeço a Deus por me ter dado saúde, sabedoria, oportunidade e força sem as quais não
poderia fazer este trabalho.

Á minha mãe, Tebia Afonso Daruba e pai Domingos Morais Chertaca pelo incentivo ao
estudo e por todos os anos de luta, trabalho, esforço, preocupação, suporte moral, financeiro,
crédito e amor.

Ao Engenheiro Ângelo Sumana pelas contribuições e pelo conhecimento fornecido na qualidade


de supervisor do meu trabalho.

Ao Arquitecto Afonso Issufo Nacir pelo apoio técnico e dedicação neste trabalho.

Aos meus irmãos, Afonso e Narcisio, pelo carinho, estímulo e compreensão.

Aos meus grandes amigos que estão distantes e, mesmo assim, mantiveram-se presentes, através
de e-mails e telefonemas.
Lista de Abreviaturas

ESEUNA: Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula

REAE: Regulamento de Estruturas de Aço para Edifícios

RSA: Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes


Capitulo I

Introdução

Betonagem é a última fase de uma série de etapas de elaboração de elementos de infra-estrutura e


superestrutura, e generalizando, a mais importante. A betonagem apenas pode ser liberada para
execução depois de verificado se as formas estão consolidadas e limpas, se as armaduras estão
correctamente dispostas e se as instalações embutidas estão devidamente posicionadas. Nos
processos de lançamento, adensamento e cura do betão, é de extrema importância a presença do
engenheiro da obra, ou pelo menos, a presença de um técnico ou de um mestre-de-obras de
inteira confiança e com larga experiência em execução de betonagem. Os erros cometidos nessa
fase podem gerar grandes prejuízos futuros. A necessidade de correcção das patologias ocorridas
nas estruturas provocadas por falta de cuidados na execução das peças resultará em perda de
reputação e de dinheiro ao profissional e as construtoras responsáveis.

Os megas projectos que vem afluindo o mercado moçambicano, tem obrigado aos profissionais
da construção civil, a concepção de modelos e métodos de construção capazes de responder com
satisfação a procura.
1.2. Tema
Sob o presente trabalho de pesquisa recai o tema: análise de possíveis falhas na execução de
lajes maciças de betão armado que podem levar ao surgimento de patologias.

1.3. Problemática
O sistema de lajes é um sistema que vem sendo usado para edifícios de grande porte desde
sempre pelos profissionais da construção civil. São várias as vantagens que levaram o uso desse
sistema até aos dias actuais, mas a principal razão sabre cai por elas manterem a estrutura de
pavimento e cobertura mais leve e suportarem grandes cargas.

Que métodos são usados para evitar as possíveis falhas na execução de lajes maciças?

1.4. Justificativa
É importante destacar a integração entre um bom planeamento, projecto, execução e
especificação dos materiais, adicionado com a sua manutenção nas obras públicas. O cargo de
técnico médio acarreta ainda a tarefa de definir tendências, e procurar soluções eficazes e
sustentáveis. O crescimento das cidades é um facto, que obriga a que o engenheiro civil ou
técnico médio seja um atento espectador e pesquisador para responder com satisfação a procura
de soluções rápidas face aos problemas encontrados nas obras.

1.5. Objectivo geral

 Identificar possíveis falhas que podem ocorrer na execução de lajes maciças e quais
patologias podem surgir devido às mesmas.

1.5.1. Objectivos específicos

 Avaliar as patologias geradas na obra, pelo uso incorrecto de procedimento e materiais


na betonagem;
 Investigar as possíveis consequências de erros cometidos na execução.

1.6. Hipóteses

São propostas as seguintes hipóteses:


 Na medida que a estrutura será betonada, a possibilidade de haver segregação e
exsudação é maior devido aos métodos de betonagem usados;
 Pelo facto de mau controle de qualidade dos materiais e equipamentos de execução.

Capítulo II

Metodologia de pesquisa
O tipo de pesquisa usado no presente trabalho foi o da pesquisa bibliográfica, em que se usaram
todos elementos e regulamentos essenciais para o dimensionamento e análise de estruturas do
género.

2.1. Betão Armado


Define-se Betão Armado como “a união do concreto simples e de barras de aço resistentes à
tracção (envolvido pelo concreto) de tal modo que ambos resistam solidariamente aos esforços
solicitantes” (BASTOS, Paulo Sérgio - 2011). Para o concreto armado, é necessário ocorrer a
solidariedade entre o concreto e o aço, isto é, que o trabalho de resistir às tensões seja realizado
de forma conjunta (SILVA e LÜKE. 2013).

2.2. Laje
Laje é um elemento plano, bidimensional, cuja função principal é servir de piso ou cobertura nas
construções, e que se destina a receber as acções verticais aplicadas, como de pessoas, móveis,
pisos, paredes, e os mais variados tipos de carga que podem existir em função da finalidade
arquitectónica do espaço físico de que esta faz parte (SILVA e LÜKE. 2013). De modo geral, são
três os tipos de apoio das lajes: paredes de alvenaria ou de betão, vigas ou pilares de betão. Entre
elas, as vigas nas bordas são o tipo de apoio mais comum nas construções.

2.3. Lajes Maciças


São aquelas onde toda a espessura é composta de betão, contendo armaduras longitudinais de
flexão e eventualmente armaduras transversais, e apoiadas em vigas ou paredes ao longo das
bordas. Lajes com bordas livres são casos particulares de lajes apoiadas nas bordas (SILVA e
LÜKE. 2013).
2.4. Acções perpendiculares ao plano da laje
Distribuída na área: Peso próprio, contra piso, revestimento na borda interior, etc.;
Distribuída linearmente: Carga de parede apoiada na laje;
Concentrada: Pilar apoiado na laje.

2.5. Durabilidade das Estruturas de Concreto


As estruturas de betão devem ser projectadas e construídas de modo que conservem sua
segurança, estabilidade e uso em serviço, durante o período correspondente à sua vida útil (NBR
6118/03, item 6.1).
Visando à durabilidade das estruturas, devem ser previstos em projecto os mecanismos de
envelhecimento e de deterioração da estrutura, relativos ao betão e ao aço. Tais mecanismos
podem ser consultados no item 6.3.2 da NBR 6118/03.

Segundo a NBR 6118/03, a durabilidade das estruturas é altamente dependente das características
do betão e da espessura e qualidade do cobrimento da armadura que é adoptado de acordo com a
classe de agressividade imposta pelo ambiente.

2.6. Patologias
Entende-se como patologia das estruturas o campo que faz o estudo das origens, formas de
manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de
deterioração das estruturas.

2.7. Causas das patologias nas peças de betão armado


Cura mal realizada;
Inadequação de formas e escoramentos;
Deficiência nas armaduras;
Utilização incorrecta de materiais de construção;
Inexistência de controlo de qualidade;
Causas químicas;
Agressividade do meio ambiente;
2.8. Algumas das principais técnicas e ensaios para avaliação da durabilidade
Fissurômetro: determina a abertura de fissuras;
Esclerometria: avalia a dureza superficial (noção da homogeneidade);
Ultrasonografia: detecta falhas internas (compacidade e resistência);
Aderência: avalia a capacidade da superfície;
Pacometria: avalia posição das armaduras;
Teor de cloretos: avalia despassivação das armaduras;
Potencial de corrosão: avalia a propensão das armaduras;
Perda de seção: determina a diferença em relação ao projecto;
Índice de vazios: avalia qualidade e compacidade do betão.

Materiais e métodos
3.1. Materiais
Desmoldante;
Espaçadores;
Caminhão-Betoneira;
Vibrador;
Pás;
Pá de madeira para acabamento.

3.2. Métodos
Para este artigo, foi considerado que o projecto estrutural das peças estudadas e o das fundações
da edificação foram elaborados segundo as Normas Brasileiras (como por exemplo, a NBR
6118:2003, NBR 6122:1996, entre outras). Seguindo este raciocínio, pode-se dar início às
observações feitas em campo.

3.2.1. Procedimentos preliminares da betonagem


3.2.1.1. Lançamento do betão
Verificar se as estruturas betonadas anteriormente já se encontram consolidadas e
escoradas o suficiente para esse novo carregamento;
Dependendo do tipo de betão (usinado ou feito no canteiro), verificar as condições de
acesso dos equipamentos (camião-betoneira, carrinhos e jericas, bombas etc.);
Garantir a existência de fontes de água e de tomadas de energia para ligação dos
adensadores, réguas e iluminação, se for o caso;
Estudar e promover condições para a movimentação ininterrupta das jericas, com
caminhos diferentes para ir e vir, se possível;
Garantir que os materiais para a elaboração de controlo tecnológico (moldes) estejam em
perfeitas condições (limpos e preparados);
Verificar se os eixos das formas foram conferidos, se elas estão travadas e escoradas e se
os pés dos pilares foram fechados após a limpeza;
Conferir as armaduras, principalmente as negativas e se foram colocados os espaçadores
em quantidade suficiente;
Requisitar a presença de equipas de carpinteiros, armadores e electricistas para estarem
de prontidão durante a betonagem para eventuais serviços de reparos e reforços nas
formas, armaduras e instalações;
Prever a possibilidade de interrupção da betonagem e a necessidade da criação de juntas
frias;
Conferir o nível das mestras e dos gabaritos de rebaixo, das prumadas e aberturas,
cuidando para que não haja deslocamento da armadura pela passagem dos carrinhos e
pessoas;
Estabelecer um plano prévio de betonagem, os intervalos entre os caminhões e/ou
betonadas e reprogramar em função do ritmo;
Acercar-se das condições de segurança interna e externamente à obra, verificando as
protecções de taludes, valas, trânsito de veículos próximos, vizinhos e transeuntes
(aplicar as recomendações da NR-18);
Planejar e acompanhar a sequência de betonagem anotando o local onde foram lançados
o material de cada caminhão e terminar a betonagem sempre na caixa da escada ou no
ponto de saída da laje.
3.2.1.2. Solicitação de betão da central de fabrico
Para a escolha do fornecedor de betão dosado em central, além dos critérios comerciais para a
selecção (preço, prazo de pagamento, entrega, credibilidade etc.) deve-se verificar se o
fornecedor está atendendo às prescrições das normas técnicas pertinentes e se fazem as devidas
anotações de responsabilidade técnica pelo serviço executado.

Definidos os lotes de betão, em função do tipo de estrutura, solicitação (compressão ou flexão) e


quantidade (NBR – 12655 Preparo, controle e recebimento de betão – procedimento), o
contratante deve exigir que na nota fiscal venham registadas as seguintes informações:

Especificações do betão (tipo de cimento, traço, teor de argamassa, etc.);


Resistências características (no mínimo aos 28 dias);
Módulo de elasticidade;
Consistência;
Dimensão máxima do agregado graúdo;
Consumo mínimo de cimento;
Factor água-cimento;
Aditivos;
Volume;
Preço unitário e total;
Horário da saída do camião da central.

3.2.2. Betão dosado em central


O betão usinado é obtido em centrais, geralmente chamadas de centrais de fornecimento por
encomenda. São instalações preparadas para a produção em escala, constituídas de silos
armazenadores, balanças, correias transportadoras e equipamentos de controlo. Na maioria dos
casos, para as obras urbanas, a mistura é feita no próprio camião, durante o trajecto entre a central
de betão e a obra. Nas obras de grande porte, como barragens e estradas, as centrais podem fazer
a mistura e o material é transportado por gruas e caçambas.

3.2.3. Fornecimento do betão da central


3.2.3.1. Acessos e espaços de manobras
O trajecto a ser percorrido pelo camião-betoneira deve ser preparado, seja dentro do canteiro ou
fora dele, para evitar atrasos e perda do betão. Nas obras urbanas, o acesso para o camião-
betoneira deve permitir manobras do caminhão seguinte, de forma que a continuidade não seja
prejudicada. Prever local próximo do canteiro para estacionar o caminhão que estará esperando
para descarregar. É necessário sinalizar as manobras dos caminhões com a colocação de cones
reflectivos, fitas e luzes de sinalização, quando for o caso.

3.2.3.2. Ensaio de abatimento


A consistência é avaliada pelo ensaio slump test, que tem como objectivo determinar se a
trabalhabilidade do concreto está como de acordo com o que foi pedido.

Slump test
Haste metálica
Régua

Abatimento
(cm)
Cone de Abrams
Amostra
Base de chapa
metálica

Figura 1 - Slump Test.


3.2.3.3. Ensaio de Resistência à compressão
A determinação da resistência à compressão do betão é realizada em laboratórios especializados a
partir de corpos-de-prova obtidos de amostra representativa do material, conforme estabelece a
NBR 12655. Geralmente, os corpos-de-prova são moldados em cilindros metálicos (moldes) de
150 mm de diâmetro e 300 mm de altura.
3.2.4. Transporte do Betão

3.2.4.1. Transporte convencional

O transporte do betão do local de produção ou descarga na obra até o local de lançamento


(cofragem) pode ser feito, convencionalmente, com a utilização dos seguintes equipamentos:

a)Carrinhos e jericas – o uso dos carrinhos e jericas implicam no panejamento do caminho de


percurso a fim de evitar contratempos provocados por esperas e por danos nas
armaduras. Alguns cuidados são essenciais para sua durabilidade, tais como:

Devem ser mantidas sempre limpas, livres de argamassas endurecidas;

Devem ser molhados antes do início da betonagem;

Ter os eixos engraxados semanalmente;

Não receber sobrecarga (peso acima do permitido);

b)Guinchos – além da rigorosa manutenção dos componentes do guincho (roldanas, eixos,


cabos, torre, freio, trilhos etc.), os seguintes cuidados são necessários:

Travar os carrinhos e jericas na cabine do guincho;

Proibir o transporte de pessoas no guincho (NR-18);

A operação deve ser feita por pessoa habilitada;

Prever corrente, cadeado e chave para impedir o uso por pessoa sem habilitação e em
horários inadequados ou accionamento acidental.

c)Gruas e caçambas – a área de actuação da grua deve ser delimitada e devidamente


sinalizada, a fim de impedir a circulação de pessoas sob as cargas suspensas. Além da
rigorosa manutenção por firma especializada (em geral, a própria fornecedora da grua),
os seguintes cuidados operacionais devem ser levados em conta:

Manter limpa a caçamba, livre de material endurecido (lavar sempre depois do


uso);

Carregar sempre dentro do limite de carga estabelecido;


Operar usando rádios comunicadores.

d)Calhas e correias transportadoras – são indicadas para obras de maior porte, com exigência
de fluxo contínuo de betão em grande quantidade.

3.2.4.2. Transporte por bombeamento


O transporte é feito por equipamento chamado bomba que impulsiona o betão por meio de uma
tubulação metálica e de borracha, podendo vencer grandes alturas e Distâncias horizontais. A
grande vantagem da bomba é a capacidade de transportar volumes maiores de concreto em
comparação com os sistemas usuais (carrinhos, jericas e caçambas), podendo atingir de 35 a 45
m³ por hora, enquanto outros meios atingem de 4 a 7 m³. As outras vantagens são obtidas com a
maior produtividade, menor gasto com mão-de-obra. Em conjunto com a bomba pode-se usar
caminhão-lança, que ajuda a atingir todos os pontos de betonagem. Os seguintes cuidados são
importantes na operação com bomba e lança:

O diâmetro interno da tubulação deve ser maior que o triplo do diâmetro máximo do
agregado graúdo;

Lubrificar a tubulação com nata de cimento, antes da utilização;

Reforçar as curvas com escoras e travamento para suportar o golpe de aríete provocado
pelo bombeamento;

Designar, no mínimo, dois operários para segurar a extremidade do mangote de


lançamento;

Operar usando rádios comunicadores e controle remoto da lança;

Verificar se a movimentação da lança não provoca danos nas instalações eléctricas,


telefónicas e vizinhas;

Manter a continuidade da betonagem, com um caminhão sempre na espera.

3.2.5. Lançamento do betão


Nas obras de construção civil é comum encarar a betonagem como sendo a etapa final de um
ciclo constituído da execução das cofragens, armaduras, lançamento, adensamento e cura do
betão. Nos edifícios de múltiplos pavimentos a betonagem da laje encerra uma etapa da
programação. Tendo em vista que uma falha nesta parte da obra pode ser onerosa. É
extremamente importante a presença do engenheiro, mestre ou técnico com experiência na etapa
de lançamento do betão.

3.2.6. Adensamento do Betão


O objectivo do adensamento do betão lançado é torná-lo mais compacto, retirando o ar
incorporado ao material nas fases de mistura, transporte e lançamento. O adensamento exige certa
energia mecânica. O processo mais simples é o adensamento manual, indicado para pequenos
serviços ou obras de pequeno porte. Nas obras onde se exige maior qualidade e responsabilidade
é necessário promover o adensamento por meio de equipamentos de vibração. Em geral, são
usados vibradores de imersão e de superfície para o acabamento (réguas vibratórias). O betão
deve ser adensado imediatamente após seu lançamento nas formas, levando em conta que tanto a
falta de vibração como o excesso podem causar sérios problemas para o betão. Os seguintes
cuidados são importantes nesta fase da execução:

Lançar o betão em camadas de 50 cm no máximo (30 cm é o recomendável) ou em


camadas compatíveis com o comprimento do vibrador de imersão;
Aplicar o vibrador sempre na vertical;
Vibrar o maior número possível de pontos da peça;
Introduzir e retirar o vibrador lentamente, fazendo com que a cavidade deixada pela
agulha se feche novamente;
Deixar o vibrador por 15 segundos, no máximo, num mesmo ponto (o excesso de
vibração causará segregação do betão);
Fazer com que a agulha penetre 5 cm na camada já adensada;
Evitar encostar o vibrador na armadura, pois isso acarretará problemas de aderência
entre a barra e o betão;
Não tocar com a agulha do vibrador nas paredes da forma, para evitar danos na madeira
e evitar bolhas de ar;
O raio de acção do vibrador depende do diâmetro da agulha e da potência do motor,
conforme a tabela a seguir:
Tabela 1 - Tabela de raio de acção do Vibrador
Diâmetro da agulha (mm) Raio de acção (cm) Distância de vibração (cm)
25 á 30 10 15
35 á 50 25 38
50 á 75 40 60
Fonte: CTE

Evitar desligar o vibrador ainda imerso no betão;


Adoptar todos os cuidados de segurança indicados para o manuseio de equipamento
eléctrico.

3.2.7. Cura do Betão


O betão deve ser protegido durante o processo de cura (ganho de resistência) contra secagem
rápida, mudanças bruscas de temperatura, excesso de água, incidência de raios solares, agentes
químicos, vibração e choques. Deve-se evitar bater estacas, utilizar rompedores de betão,
furadeiras a ar comprimido próximo de estruturas recém betonadas, assim como evitar o contacto
com água em abundância e qualquer outro material que possa prejudicar o processo de cura e de
aderência com a armadura. Para evitar uma secagem muito rápida do betão e o consequente
aparecimento de fissuras e redução da resistência. Em superfícies muito grandes, tais como lajes,
é necessário iniciar a cura húmida do betão tão logo a superfície esteja seca ao tato.

3.2.8. Prazo para descofragem


A descofragem e retirada do cimbramento do betão devem ser planeadas de modo a evitar o
aparecimento de tensões nas peças betonadas diferentes das que foram projectadas para
suportarem, como por exemplo, em vigas em balanço ou marquises. Nas betonagens usuais, em
que não foram utilizados betões de alta resistência inicial os prazos são:

Tabela 2 - Prazos de desforma de peças betonadas.


Prazo (dias)
Elemento a ser desmoldado
Betão Armado comum Betão Armado + Aditivos
Faces laterais de vigas e
3 -
pilares
Faces inferiores de vigas e
lajes, retirada de algumas
7 -
escoras e encunhamentos
Faces inferiores de vigas e
pilares com desmoldagem
quase total e retirada de 14 7
escoras esparsas
Desmoldagem total 21 11
Vigas e arcos com vão maior
28 21
que 10 m

Fonte: RIPPER (1995)

3.2.9. Análise de falhas cometidas na execução


a) Formas e escoramentos
Segundo a NBR 14931:2004 sistema de formas e escoramentos deve ser projectado, o que não
ocorreu nestas peças. Foi feito apenas por mestre-de-obras seguindo conhecimentos adquiridos
por experiência.

Figura 2 - Formas da rampa e vigas.


Figura 3 - Forma da viga e da laje.

Figura 4 - Escoras da laje

Na figura 4 podemos ver que a madeira utilizada no sistema de formas foi retirada de outros
locais da obra e feito um certo “improviso”. Já que não se sabe qual a deformação, se haverá
possibilidade de ocorrer flambagem e as vibrações a que o escoramento está sujeito, a estrutura
fica sujeita a muitos problemas, como fissuras e trincas, que podem facilitar a entrada de agentes
externos causando corrosão da armadura, diminuindo bastante a vida útil da peça de betão
armado. No pior dos casos, se o cimbramento ou o onde ele esteja descarregando as solicitações a
que está submetido não for adequado para o suporte da estrutura, ela pode chegar a ruir e causar
mortes.

b) Agente desmoldante
Seu uso é indicado para promover uma retirada mais rápida e menos danosa das formas, podendo
assim, ter um maior índice de reaproveitamento das mesmas.

Figura 5 - Aplicação do agente desmoldante.

Segundo a norma 14931:2004, o agente desmoldante deve ser aplicado exclusivamente na forma,
antes da montagem da armadura. Como se pode ver na figura 5, o agente desmoldante está sendo
aplicado após a montagem da armadura. Isso pode causar uma menor aderência da armadura com
o concreto, fazendo com que a peça não trabalhe da forma que foi calculada.

Sendo assim, a resistência da peça poderá atingir valores bem abaixo do esperado e que
dependendo das solicitações a que está sujeita pode surgir fissuras, trincas e até mesmo chegar a
ruir.

c) Recobrimento da Armadura
Segundo a NBR 14931:2004, o recobrimento especificado para a armadura no projecto deve ser
mantido por dispositivos adequados ou espaçadores e sempre se refere à armadura mais exposta.
É permitido o uso de espaçadores de betão ou argamassa, desde que apresente relação água ou
cimento menor ou igual a 0,5, e espaçadores plásticos, ou metálicos com as partes em contacto
com a forma revestida com material plástico ou outro material similar.

Não devem ser utilizados calços de aço cujo cobrimento, depois de lançado o betão, tenha
espessura menor do que o especificado no projecto.

Figura 6 - Espaçador quebrado.

Para obter o recobrimento necessário às peças em estudo, foram usados os espaçadores de


plástico (figura 6), porém o tráfego de operários e equipamento por cima acaba quebrando alguns
espaçadores, diminuindo o cobrimento exigido em projecto naqueles locais.

O recobrimento depende da classe de agressividade do meio. Como o recobrimento desses locais


está menor do que o necessário, a armadura da peça estará mais sujeita à acção de agentes
externos, podendo entrar em processo de corrosão.

d) Ensaios no betão
Não foi feito o ensaio de slump test no concreto de nenhum dos camiões-betoneira utilizados e
também não foi moldado nenhum corpo-de-prova da obra para realização do ensaio de resistência
à compressão. Apenas foi feito para a empresa que forneceu o betão.

Isto faz com que não se tenha certeza, respectivamente, sobre a trabalhabilidade e resistência
daquele betão deixando dúvida sobre as características exigidas em projecto.

Figura 7 - Moldagem dos corpos-de-prova para a central de betão.

Outro ponto notado foi o adensamento do concreto. Não houve o cuidado de não ter contacto do
vibrador com a armadura e parede das formas, como prevê a NBR 14931:2004.
Isto pode originar bolhas de ar na superfície gerando um ponto frágil, já que a área da secção
transversal de betão diminui, e se for ao redor da armadura pode diminuir a aderência da mesma
com o betão.
Figura 8 - Adensamento do betão com vibrador.

3.2.10. Eventuais Causas após a Incorrecta Execução


3.2.10.1. Corrosão das Armaduras em Laje

Figura 9 - Corrosão das Armaduras


Laje executada sem o mínimo de recobrimento para protecção da armadura que coincidiu com as
juntas das cofragens provocando corrosão generalizada e expansão da seção das armaduras. (José
R. S. Pacha)
3.2.10.2. Falta de qualidade e espessura do recobrimento

A NBR 6118:2003 afirma que a durabilidade das estruturas é altamente dependente da qualidade
e as espessuras do betão do recobrimento da armadura.

Helene (1993) ressalta que a qualidade efectiva do concreto superficial de recobrimento e


protecção dependem, também, da adequabilidade da cofragem, do aditivo desmoldante e,
principalmente, da cura adequada desta superfície.

Figura 10 - Falta de qualidade e espessura do cobrimento.

3.2.10.3. Segregação do Betão

É a segregação do betão fresco de tal forma que a sua distribuição deixa de ser uniforme,
comprometendo sua compactação, essencial para atingir o potencial máximo de resistência e
durabilidade.

Principais Causas:

Alta densidade de armaduras;


Condições inadequadas de transporte, lançamento e adensamento do betão;
Consistência inadequada.
Figura 11 - Falta de qualidade e espessura do recobrimento.

Betão executado com elevado factor água-cimento, acarretando elevada porosidade do betão e
fissuras de retracção.

3.2.10.4. Fissuras

As fissuras são um dos principais problemas patológicos no que se refere a construções,


principalmente de betão armado. Elas podem se manifestar desde a betonagem até anos após a
mesma.

De acordo com a NBR 6118:2003, as aberturas das fissuras não devem ultrapassar:

À 0,2 mm para peças expostas em meio agressivo muito forte (industrial e respingos de
maré);
À 0,3mm para peças expostas a meio agressivo moderado e forte (urbano, marinho e
industrial);
À 0,4mm para peças expostas em meio agressivo fraco (rural e submerso).

As fissuras são fenómenos próprios e inevitáveis do betão armado e que podem se manifestar em
cada uma das três fases de sua vida:
Figura 12 - Fases de vida útil.

3.2.10.4.1 Causas das Fissuras

Movimentações térmicas;
Movimentações higroscópicas;
Sobrecargas;
Deformações excessivas da estrutura;
Recalques de fundação;
Alterações químicas dos materiais (como a corrosão de armaduras);
Fogo sobre a estrutura.

4. Conclusão
A partir das avaliações patológicas feitas neste trabalho, concluí que ocorrem erros crassos na
execução destas lajes maciças de concreto armado, e, como consequência disto, haverá maior
facilidade na entrada de agentes externos que levarão ao processo de corrosão da armadura,
diminuindo drasticamente a vida útil destas peças.
Um dos factores que pode explicar tais erros é a necessidade de se cumprir os prazos
estabelecidos pelo cronograma físico-financeiro, o que pela rapidez que se executa as tarefas, o
funcionário é levado a esquecer de procedimentos ou até ignorá-los para se atingir prazos.

5. Referências bibliográficas
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madeira – NBR 7190.
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