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RESUMO DA UNIDADE

O estudo acerca de materiais e agregados para pavimentação asfáltica com relação


à pavimentação vem sendo atualmente desenvolvido a partir de elementos
particulares de mecânicas essenciais para o diagnóstico das capacidades do
material com relação a elementos de pavimentos asfálticos e de concreto. A
orientação presente em uma perspectiva sustentável é idealizar a assistência de
circunstâncias que girem em torno da pré-ocupação a partir de fundamentos que
aprovem a adoção de um sistema de infiltração de água e atrasem seu fluxo. Sendo
assim, os pavimentos permeáveis podem ser considerados como um item essencial
por diminuírem o fluxo e seus efeitos sobre a qualidade da água. Dessa maneira, os
sistemas permeáveis de pavimentação são integrados por pavimentos porosos ou
por blocos de concreto. Esta unidade visa apresentar aos alunos os conceitos dos
usos de matérias para pavimentação.

Palavras-chave: Construção. Pavimentação. Asfalto.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO
RESUMO DA UNIDADE ............................................................................................. 1
SUMÁRIO ................................................................................................................... 2
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 3
CAPÍTULO 1 - MATERIAIS RECICLADOS EM PAVIMENTAÇÃO ......................... 5
1.1 PAVIMENTAÇÃO ........................................................................................... 5
1.2 LIGANTES ASFÁLTICOS .............................................................................. 8
1.3 AGREGADOS .............................................................................................. 10
CAPÍTULO 2 - GEOTECNIA DOS SOLOS TROPICAIS ........................................ 20
2.1 GEOTECNIA ................................................................................................ 20
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .................................................................. 21
2.3 GRANULOMETRIA ...................................................................................... 27
CAPÍTULO 3 - MECÂNICA DOS PAVIMENTOS ................................................... 33
3.1 PERMEABILIDADE ...................................................................................... 33
3.2 MISTURAS SOLO-AGREGADOS................................................................ 38
3.3 MISTURAS SOLO-CIMENTO ...................................................................... 39
3.4 MISTURAS SOLO-CAL................................................................................ 41
3.5 MISTURAS SOLO-EMULSÃO ..................................................................... 43
3.6 AVALIAÇÃO ESTRUTURAL ........................................................................ 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 47
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 48

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

Olá! Bem-vindo a mais um módulo acerca dos elementos que giram em torno
da pavimentação.
Antes de estar inserido nos estudos específicos sobre pavimentação, torna-se
importante compreender o delineamento necessário no processo de
desenvolvimento do conteúdo do presente módulo.
Dessa maneira, tendo como pressuposto o processo de compreensão do
funcionamento do asfalto ecológico, termo bastante utilizado em alguns países,
como é o caso do Brasil, observar-se-á que é um termo deveras equivocado, visto
ser o asfalto um instrumento bastante agressivo para o meio ambiente, muito
embora seja um asfalto feito com borracha de pneu e, sendo assim, a definição mais
adequada a ser trabalhada é o asfalto-borracha.
Por isso, convém destacar que, a partir de uma perspectiva conceitual, o termo
asfalto ecológico não existe e que ao utilizá-lo, estaria, na verdade, materializando
aspectos de mercado para que a sociedade manifeste seu apoio ao asfalto utilizado
no âmbito da pavimentação.
Por isso, a partir da perspectiva do que deve ser estudado neste módulo, será
possível compreender a maneira como funcionam os materiais reciclados em
pavimentação, nomeadamente, pavimentação, ligantes asfálticos e, por fim, os
agregados.
Ademais, o aluno poderá se utilizar da geotecnia dos solos tropicais a partir do
estudo específico chamado de geotécnica e, ainda, dos elementos específicos, a
saber: classificação dos solos e granulometria.
No que se refere à mecânica dos pavimentos, o aluno estudará a
permeabilidade do solo, levando em consideração elementos relacionados com a
mistura de alguns tipos de solos, nomeadamente: solo-agregados, solo-cimento,
solo-cal, solo-emulsão e, por fim, como se processa a questão da avaliação
estrutural do solo.
O estudo sobre os temas acima é importante, pois, quando se tem
conhecimento da propriedade do agregado e da sua interação com outras
associações, como cimento e água, por exemplo, o engenheiro é capaz de fazer

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
uma escolha apropriada para a sua seleção e seu uso no campo. Se bem escolhidas
e executadas, será possível criar uma estrutura civil com uma boa durabilidade e
desempenho.
Sendo assim, é esperado que nesta unidade o aluno consiga aprender,
compreender e desenvolver os conhecimentos sobre matérias e agregados para
pavimentação que são elementos necessários para que esta seja elaborada no
ambiente da construção civil.

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CAPÍTULO 1 - MATERIAIS RECICLADOS EM PAVIMENTAÇÃO

1.1 PAVIMENTAÇÃO

Tendo a compreensão de que pavimentar é o ato ou efeito de revestir


determinada área com uma cobertura, podendo, portanto, ser piso ou chão, no
âmbito da engenharia, a pavimentação assume a característica organizada de um
ou mais níveis que se encontram sobrepostas, gerando, portanto, uma maior
longevidade e proporcionando um melhor trânsito de pessoas e veículos.
A pavimentação realizada nas vias urbanas brasileiras geralmente segue os
seguintes padrões:

No Brasil, a pavimentação de 99% das vias urbanas e rodoviárias é


realizada com mistura asfáltica, composta 95% de pedra britada e 5% de
asfalto. Para ter o desempenho esperado, a solução precisa apresentar
excelente qualidade. Também tem que manter suas propriedades ao longo
do tempo, ou seja, sem trincas ou demais problemas que comprometam o
fluxo dos mais diferentes tipos de veículos (JUNIOR, 2011, pg.35).

Para que o processo de pavimentação seja considerado sustentável, torna-se


importante que possua longa duração e, ainda, que o projeto estruturado seja de
maneira rigorosa cumprida. E, sendo feito assim, a possibilidade de haver
recapeamento na pavimentação será reduzida e, consequentemente, haverá um
menor dano ambiental, já que construindo novos pavimentos, haverá a utilização de
recursos econômicos e, ainda, a degradação do próprio meio ambiente.
Por isso, quando se tratar de sistema sustentável, no âmbito da pavimentação,
torna-se essencial procurar técnicas que se utilizem de meios destinados à
preservação ambiental.
A maior consciência social em preservação da natureza e do meio ambiente
obriga a procurar novas técnicas construtivas e um uso racional dos recursos
disponíveis. Além disso, a legislação mostra uma tendência protecionista que
dificulta a obtenção de agregados e materiais virgens e a disposição de resíduos em
aterros. Isso aumenta consideravelmente o custo das obras, principalmente em
áreas urbanas. (Gómez-Plabo, 2017pg.22)
As soluções em artefatos de concreto são o uso de pavimentos permeáveis,
pavers e pisos grama. Eles permitem o escoamento correto da água para o solo e

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lençóis freáticos sem trazer prejuízos para sua estrutura interna. Além disso,
apresentam processos fáceis para instalação e manutenção, além de promoverem
maior conforto térmico se comparado ao asfalto, atenuando a formação de ilhas de
calor. Em um mundo que preza cada vez mais pela sustentabilidade e respeito aos
valores ambientais, a busca por opções de pavimentação urbana sustentável se
mostra como uma poderosa aliada para soluções de problemas antigos, como a
drenagem da água pluvial e a busca de maior conforto para nossas ruas e calçadas.
(Gómez-Plabo, 2017, pg.22)
De maneira distinta às funcionalidades que são apresentadas pelo asfalto
tradicional, em que absorvem apenas 15% de água, observa-se um tipo de
pavimento mais eficaz no processo de absorção, nomeadamente, o eco pavimento,
visto ser capaz de ser mais resistente às enchentes. Ainda no que tange aos
benefícios com o uso do eco pavimento, encontra-se na retenção do calor urbano
através das grelhas alveolares, que evitam, em tempo de chuva, a formação de
sulcos, poças e barros nas ruas e calçadas.
E, muito embora, o eco pavimento apresente, quando utilizado, determinados
benefícios, ainda é pouco utilizado em lugares de maior fluxo de veículos, em virtude
das fragilidades que surgem, por isso, o referido pavimento tem sido utilizado com
maior frequência em lugares com menor impacto do trânsito, por exemplo,
estacionamentos e calçadas.
Nesse sentido, um pavimento é considerado como sustentável quando o seu
ciclo de vida for estudado por técnicas de otimização, no sentido de tornar o
pavimento em análise mais eficiente e adequado para o feito.
A figura 1 expressa o ciclo de vida da pavimentação. As fases são colocadas
de forma circular dando uma importância igual a cada etapa. Este esquema encaixa
nos princípios de economia circular, que engloba a reutilização dos recursos,
tentando fechar o ciclo o máximo possível.

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Figura 1 – Ciclo de vida da pavimentação.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A preservação do pavimento é uma atividade especificamente sustentável.


Muitas vezes, emprega tratamentos de baixo custo e baixo impacto ambiental que
prolonga a vida útil do pavimento ou atrasa as principais atividades de reabilitação.
Isso reduz a utilização de materiais virgens, ao mesmo tempo em que reduz as
emissões de GEE (Gases Efeito Estufa) durante o ciclo de vida. Além disso, como
mencionado anteriormente, os pavimentos bem conservados fornecem superfícies
mais suaves, seguras e mais silenciosas em um período significativo das suas vidas,
resultando em maior eficiência de combustível do veículo, taxas de acidentes
reduzidas e menores impactos de ruído nas comunidades vizinhas, o que contribui
positivamente para sua sustentabilidade geral.

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Devido às condições do Brasil, principalmente climáticas e de tráfego pesado, e


a falta de informação encontrada neste trabalho em referência a obras com bom
desempenho, tanto econômico como funcional, recomenda-se criar uma base de
dados parecida, o que também ajudaria a destinar corretamente os recursos
econômicos do país em obras que durariam muito mais.

1.2 LIGANTES ASFÁLTICOS

Cerca de 97% das rodovias brasileiras possuem pavimento flexível, sendo o


asfalto o componente principal das camadas de rolamento e, às vezes, de camadas
intermediárias da estrutura (SINECESP, sd).
Nesse sentido, o uso do asfalto no processo de pavimentação se justifica, pois
gera uma forte união entre os agregados de maneira a agir como um elemento que
unifica e flexibiliza os agregados, além de ser impermeabilizante, resistente aos
agentes externos e flexíveis.
Os asfaltos podem ser encontrados em jazidas naturais, na forma de bolsões
de asfaltos, originados da evaporação das frações mais leves (mais voláteis) do
petróleo e aflorados à superfície em épocas remotas. São exemplos sempre citados
os asfaltos naturais de Trinidad e do Lago Bermudez. Atualmente, quase toda a
produção de asfalto resulta da destilação de petróleo em unidades industriais
(refinarias). Em obras de pavimentação, os asfaltos podem ser denominados
ligantes asfálticos, cimentos asfálticos ou materiais asfálticos, sendo adotado neste
trabalho o termo mais genérico ligante asfáltico, pois aos asfaltos podem ser
adicionados produtos que visam melhorar suas propriedades de engenharia
(modificadores) (DIAS, 2005 pg. 20).
Para ser utilizado em pavimentação, o asfalto, material termoplástico que é
semissólido à temperatura ambiente, precisa de ser aquecido para atingir a
viscosidade adequada à mistura (>100oC). Além do aquecimento, as alternativas
para tornar o asfalto trabalhável são a diluição com solventes derivados de petróleo
e o emulsionamento. De forma geral, os ligantes asfálticos são classificados, de
acordo com o seu processo de produção, em: cimento asfáltico de petróleo (CAP),
asfalto diluído de petróleo (ADP) e emulsão asfáltica (PETROBRÁS, 1996).

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Os CAPs são compostos por 90% a 95% de hidrocarbonetos e 5% a 10% de


heteroátomos, dos quais fazem parte oxigênio, enxofre, nitrogênio e alguns metais,
como vanádio, níquel, ferro, magnésio e cálcio. Os ligantes produzidos no país têm
teor de enxofre bastante inferior aos derivados de petróleos árabes e venezuelanos.
Além disso, a proporção de metais encontrada também é baixa e há maiores teores
de nitrogênio (LEITE, 1999).
Uma análise elementar de ligantes asfálticos oriundos de petróleos de distintas
localidades deixa evidente as proporções encontradas em seus constituintes
(HUNTER et al., 2015): carbono variando de 82% a 88%; hidrogênio de 8% a 11%;
oxigênio de 0% a 1,5%; enxofre de 0% a 6% e nitrogênio de 0% a 1%. Bernucci et
al. (2008) esclarecem que a composição pode modificar em função da fonte do
petróleo, do processo empregado de destilação, durante o envelhecimento decorrido
da usinagem e quando já aplicado em campo.
A classificação dos ligantes pela metodologia é baseada no seu Grau de
Desempenho (PG – Performance Grade). A sigla PG é seguida por dois números
(como PG 64-22), sendo o primeiro número indicativo do “grau a alta temperatura”,
que é a temperatura mais elevada na qual o ligante possui propriedades físicas
adequadas e, se for utilizado em um pavimento, a temperatura elevada do trecho
onde se deseja construí-lo não deve ultrapassar esse valor. O segundo número
indica o “grau a baixa temperatura”, sendo a temperatura mais baixa na qual o
ligante apresenta propriedades físicas adequadas, também devendo ser comparada
à do trecho onde se executará o pavimento (MARQUES, 2004).
A seleção de um ligante asfáltico envolve a análise das suas características
reológicas, físicas e químicas. Historicamente, o parâmetro mais utilizado para
classificar ligantes asfálticos é a sua consistência, que pode ser determinada através
dos seguintes ensaios: penetração (ABNT/MB107); viscosidade absoluta a 60oC
(ASTM D2171); viscosidade cinemática a 135oC (ASTM D2170) e ponto de
amolecimento (Método Anel e Bola - ABNT/MB164).

• Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAP) - Especificação ANP –


Resolução N° 19, de 11 de julho de 2005 e Regulamento Técnico No
3/2005.

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• Asfaltos Diluídos de Petróleo (ADP CR e CM) - Especificação ANP


Resolução N° 30, de 9 de outubro de 2007 e Regulamento Técnico N°
2/2007.

• Emulsões Asfálticas Catiônicas (EAC) - 2.241a Seção Ordinária


06/09/88 do Ministério de Minas e Energia - Conselho Nacional do
Petróleo - Resolução 07/88.

• Emulsões para Lama Asfáltica (LA) - 178° Sessão Extraordinária de


20/02/73 do Ministério de Minas e Energia - Conselho Nacional do
Petróleo - Resolução 01/73 com a Norma CNP-17 e publicadas no D.O.
da União em 08/05/73.

• Agentes Rejuvenescedores Emulsionados (ARE) - Proposta de


Especificação da Comissão de Asfalto do IBP.

• Asfaltos Modificados por polímeros - Especificação ANP - Resolução


N°- 31, de 9 de outubro de 2007 e Regulamento Técnico No 03/2007.

• Cimentos asfálticos de petróleo modificados por borracha moída de


Pneus (AMB) - Especificação ANP -Resolução N°- 39, de 24 de
dezembro de 2008.
Apesar de não existir material similar aos ligantes asfálticos quanto à sua
aplicabilidade na construção de pavimentos, muitas vezes, seu emprego requer o
uso de aditivos para melhorar suas propriedades físicas, mecânicas e químicas, o
que acaba alterando as propriedades reológicas do ligante (particularmente,
borracha de pneus moída) (PETROBRÁS, 1996).

1.3 AGREGADOS

Todos os revestimentos asfálticos constituem-se de associações de ligantes


asfálticos, de agregados e, em alguns casos, de produtos complementares. Essas
associações, quando executadas e aplicadas apropriadamente, devem originar
estruturas duráveis em sua vida de serviço. Para que isso ocorra, deve-se conhecer
e selecionar as propriedades que os agregados devem conter (BERNUCCI et al,
2006, pg 45).

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De acordo com a norma ABNT NBR 9935/2005, que determina a terminologia


dos agregados, o termo agregado é definido como material sem forma ou volume
definido, geralmente inerte, de dimensões e propriedades adequadas para produção
de argamassas e de concreto. Os agregados podem ser compreendidos como uma
mistura de pedregulho, areia, pedra britada, escória, ou outros materiais minerais,
usada em combinação com um ligante para formar um concreto, uma argamassa,
etc. (BERNUCCI et al, 2006, pg 49).
O nível de desempenho em serviço de um determinado agregado depende
também das propriedades geológicas da rocha de origem. São importantes,
portanto, informações sobre o tipo de rocha, sua composição mineralógica, sua
composição química, sua granulação, seu grau de alteração, sua tendência à
degradação, abrasão ou fratura sob tráfego e o potencial de adesão do ligante
asfáltico em sua superfície. A variedade de agregados passíveis de utilização em
revestimentos asfálticos é muito grande. Contudo, cada utilização em particular
requer agregados com características específicas, e isso inviabiliza muitas fontes
potenciais (DIAS, 2005, pg 39). Sendo assim, os agregados utilizados em
pavimentação podem ser classificados em três grandes grupos, segundo sua:
• natureza,
• tamanho e
• distribuição dos grãos.
Para a seleção e a caracterização dos agregados, emprega-se tecnologia
tradicional, pautada, principalmente, na distribuição granulométrica e na resistência,
forma e durabilidade dos grãos. Para os materiais constituídos essencialmente de
agregados graúdos e de agregados miúdos, prevalecem as propriedades dessas
frações granulares (DIAS, 2005, pg.54).
Por um custo mais moderado, os agregados utilizados em um concreto podem
definir determinadas características, nomeadamente, retração e resistência.
Entretanto, para que isso ocorra, torna-se essencial que se utilize de técnicas
adequadas além de materiais específicos para o feito.
E, em virtude ao caráter de extrema importância que os agregados revestem
na mistura, existe a necessidade de realizar ensaios para a sua composição, que
irão definir granulometria do conteúdo.

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No que diz respeito ao local em que os agregados são obtidos, encontra-se os


materiais rochosos de caráter variado, consolidado, fragmentado e granulado a partir
de um processo industrial específico. Os agregados podem ser encontrados ainda
em rochas sedimentares como é o caso dos arenitos e siltitos e, ainda,
metamórficas, quartizitos, calcátios e gnaisses.
Os arenitos são constituídos por grãos de quartzo, normalmente, em uma
matriz argilosa ou siltosa, aglomerados por sílica amorfa, óxidos de ferro ou
carbonatos, sendo que os ferruginosos são os menos resistentes. Somente os
arenitos silicosos se prestam como rocha britada, mas a sílica presente pode reagir
com os álcalis do cimento Portland ou causar má adesividade a ligantes
betuminosos. Siltitos são arenitos de grãos extremamente finos, formados de silt, ou
seja, depósitos de lama e sedimentos muito finos. (SERNA; REZENDE, sd, pg. 602)
Os agregados para concreto também são classificados como artificiais ou
naturais. Como artificiais, entendem-se as areias e pedras provenientes do
britamento de rochas, pois necessitam da atuação do homem para modificar o
tamanho dos grãos (SERNA; REZENDE, sd, pg. 602).
Os agregados naturais são compostos por diferentes minerais, com
composições variáveis. Mesmo com agregados de mineralogia uniforme, as suas
propriedades podem ser alteradas pela oxidação, hidratação, lixiviação ou
intemperismo. Entretanto, a mineralogia não pode produzir sozinha uma base para
predizer o comportamento de um agregado em serviço. Exames petrográficos são
úteis, e o desempenho de agregados similares em obras existentes, sob condições
ambientais e de carregamento semelhantes, ajuda na avaliação dos agregados.
(SERNA; REZENDE, sd, pg. 605).
Os principais tipos de rochas utilizados como agregados são:
• ANDESITO - variedade de diorito vulcânico, de granulação fina.
• BASALTO - rocha básica de granulação fina, usualmente vulcânica.
• CONGLOMERADO - rocha constituída de blocos arredondados ligados
por cimento natural.
• DIORITO - rocha plutônica intermediária, constituída de plagioclásio com
hornblenda, augita ou biotita.

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• GABRO - rocha plutônica básica de granulação grossa, constituída de


plagioclásio cálcico e piroxênio, algumas vezes, com olivina Gnaisse
Rocha riscada, produzida por condição metamórfica intensa.
• GRANITO - rocha plutônica ácida, constituída principalmente de
feldspatos alcalinos e quartzo.
• CALCÁRIO - rocha sedimentar, constituída principalmente de carbonato
de cálcio.
• QUARTZITO - rocha metamórfica ou sedimentar constituída quase que
totalmente por grãos de quartzo.
• RIOLITO - rocha ácida, de granulação fina, usualmente vulcânica Sienito
Rocha plutônica intermediária, constituída de feldspatos alcalinos com
plagioclásios, hornblenda, biotita ou augita.
• TRAQUITO - variedade de sienito de granulação fina, usualmente
vulcânico.
Com relação aos agregados naturais, existem as areias extraídas de rios ou
barrancos e os seixos rolados (pedras do leito dos rios), ou seja, são aqueles que já
se encontram na natureza. As areias das praias e dunas não são usadas, em geral,
para o preparo de concreto por causa de sua grande finura e teor de cloreto de
sódio. A figura 2 mostra como se é dado o processo de obtenção da areia para a
indústria da construção civil.

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Figura 2 - Obtenção da areia.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A dispersão geográfica é uma das características naturais dos minerais usados


no emprego imediato na construção civil. Todavia, para que eles sejam
economicamente viáveis, fatores como a legislação mais ou menos restritiva, a
inviabilização de reservas e jazidas pelas cidades e por usos do solo impeditivos à
mineração, o uso e posse de tecnologia de pesquisa e lavra, o sistema de
transportes e a demanda por minerais para agregados são fundamentais (SERNA;
REZENDE, sd, pg. 606).
Os usos das areias e britas estão relacionados ao seu tamanho e
granulometria. Chegam ao consumidor final misturados ao cimento (quando da
preparação do concreto) ou sem nenhuma mistura aglomerante. Entretanto, é
misturado ao concreto que os maiores volumes de agregados chegam ao
consumidor final. Uma menor fração da produção é utilizada sem mistura
aglomerante, em drenos, em filtros, em ferrovias (na forma de lastro), na fabricação

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de gabiões, de muros de contenção, em base e sub-base de pisos e estradas, e


outras aplicações (SERNA; REZENDE, sd, pg. 608).
O quadro 1 apresenta as principais utilizações dos agregados.

Quadro 1 – Principais utilizações dos agregados.


Materiais Utilização
Assentamento de bloquetes,
tubulações em geral, tanques,
Areia Artificial
embolso, podendo entrar na
composição de concreto e asfalto.
Assentamento de bloquetes,
tubulações em geral, tanques,
Areia Natural
embolso, podendo entrar na
composição de concreto e asfalto.
Confecção de pavimentação
asfáltica, lajotas, bloquetes,
Pedrisco
intertravados, lajes, jateamento de
túneis e acabamentos em geral.
Intensivamente na fabricação de
concreto, com inúmeras aplicações,
Brita 1
como na construção de pontes,
edificações e grandes lajes.
Fabricação de concreto que exija
Brita 2 maior resistência, principalmente
em formas pesadas.
Também denominada pedra de
Brita 3
lastro utilizada nas ferrovias.
Fabricação de gabiões, muros de
Pedra marroado
contenção e bases.
Fabricação de gabiões, muros de
Rachão
contenção e bases.
Em base e sub-base, pisos, pátios,
Brita graduada
galpões e estradas.
Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Segundo a Norma NBR 7211 da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT), os diferentes tipos de brita são classificados de acordo com a sua
granulometria, ou seja, o tamanho dos grãos. Assim, temos o pó de brita e as britas
0, 1, 2, 3 e 4 (veja quadro com as granulometrias). Cada um desses tipos tem uma

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função específica na construção civil, seja para fabricação de concreto,


pavimentação, construção de edificações ou de grandes obras, como ferrovias,
túneis e barragens. Cabe ao engenheiro e aos responsáveis pela obra decidirem
que faixas granulométricas utilizar, de acordo com as necessidades do projeto e
sempre respeitando as normas técnicas (FONSENCA. sd, pg 03).
A figura 3 mostra o processo de obtenção da brita.
• PÓ DE PEDRA: > de 4,8 mm.
• BRITA 0 OU PEDRISCO - produto de dimensões reduzidas em relação à
brita 1 – brita aplicada em lajes pré-moldadas, blocos, usinas de asfalto e
de concreto, dimensão de 4,8 mm a 9,5 mm.
• BRITA 1 - produto mais utilizado pela construção civil, muito apropriado
para lajes, pisos, tubulões, vigas, pilar entre outros, dimensão de 9,5 mm
a 19 mm.
• BRITA 2 - utilizado em estacionamentos, concretos mais grossos e
drenos, dimensão de 19 mm a 25 mm.
• BRITA 3 - conhecida como pedra de lastro, pois são constantemente
utilizadas em aterramentos e nivelamentos de áreas ferroviárias, drenos e
reforço de pistas. Dimensão de 25 mm a 50 mm.
• BRITA 4: de 50 mm a 76 mm.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 3 – Obtenção da brita.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Os agregados reciclados são material granular obtido através de processos de


reciclagem de rejeitos ou subprodutos da produção industrial, mineração, construção
ou demolição da construção civil, incluindo agregados recuperados de concreto
fresco, por lavagem, para uso como agregado (DIAS, 2005 pg.40).
Segundo Cabral (2007), quando se compara os agregados reciclados com de
origem natural, observa-se que a sua trabalhabilidade é afetada chegando a
apresentar resultados menores, o que pode ser explicado pelo fato de que os
agregados reciclados são considerados mais secos que os normais, ocasionando
uma maior absorção de água do que o normal, fazendo com que o resultado final
apresente um material com uma mistura mais seca pelo fato dos agregados
retirarem a água do processo que seria usado no cimento, o que provoca uma
menor trabalhabilidade do conjunto. O mesmo autor destaca que um dos fatores que
podem explicar essas características apresentadas nos materiais com agregado

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reciclado é o fato da britagem do processo que pode causar uma formação de


agregados com extremidades angulares, fator que não é característico em materiais
naturais que são arredondados e com uma superfície lisa.
Quando se cita a abrasão dos materiais, diz-se a respeito ao que podemos
falar sendo a capacidade do agregado em se fragmentar quando ele é colocado em
contato com outro material (CARRIJO, 2005). Leite (2001) considera que os
agregados reciclados apresentam uma resistência ao contato e impacto menor,
gerando um maior desgaste por abrasão quando comparado aos naturais.
Os ensaios de abrasão para que chegue à sua determinação utiliza-se através
da metodologia mais usual que é através do ensaio americano Los Angeles que no
mesmo ensaio pode combinar tanto abrasão como também atrito, pois a análise
mostra boa eficiência com os resultados relacionados ao desgaste real dos
agregados além de apresentar dados como a resistência à compressão e a
resistência à flexão do concreto confeccionado com agregado proveniente de
resíduos da construção civil em sua composição, podendo citar resultados em que a
perda do agregado reciclado pela abrasão foi maior em uma diferença de 3 vezes
quando equiparado com agregados naturais, sendo que os resultados independiam
da granulometria dos materiais (TENORIO, 2007 pg.45).
Quando o agregado reciclado é proveniente de resíduos da construção civil,
podemos classificá-lo em dois grupos:
• Agregado reciclado de concreto (ARC) - obtido por reciclagem de
concreto fresco ou endurecido, constituído na sua fração graúda
(>4,75mm) de no mínimo 90% em massa de fragmentos à base de
cimento Portland ou de material pétreo que atendam à norma NBR 15116.
• Agregado reciclado misto (ARM) - obtido de acordo com o item de
agregado reciclado de concreto (ARC), constituído na sua fração graúda
(>4,75mm) por menos de 90% em massa de fragmentos à base de
cimento Portland ou de material pétreo que atendam à norma NBR 15116.
Tanto no Brasil como em outros países, a maior parte do mercado de
agregados é voltada para o emprego em concretos e em argamassas. No Brasil, a
reciclagem de toda a fração mineral dos resíduos de construção e demolição (RCD)

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como agregado ocuparia apenas cerca de 20% do mercado de produtos à base de


cimento. (ANGULO, 2005).
Já é sabido que o emprego dos agregados de RCD reciclados em concreto é
viável, no entanto as normas para uso de agregados de RCD reciclados em
concretos não são facilmente aplicáveis nas usinas de reciclagem devido a: a)
heterogeneidade da composição do RCD e variabilidade das propriedades dos
agregados reciclados; b) falta de controle das operações de processamento; c)
quantificação de fases no material por análise visual, que é subjetiva, não garantindo
homogeneidade do produto final e não apresentando uma relação clara com o
desempenho dos concretos (ANGULO, 2005).

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CAPÍTULO 2 - GEOTECNIA DOS SOLOS TROPICAIS

2.1 GEOTECNIA

Para iniciar a aprendizagem sobre a presente temática, é preciso compreender


o conceito e abrangência da geotecnia e seus estudos. Dessa forma, destaca-se
que a:

Geotecnia é a aplicação de métodos científicos e princípios de engenharia


para a aquisição, interpretação e uso do conhecimento dos materiais
da crosta terrestre e materiais terrestres para a solução de problemas
de engenharia. É a ciência aplicada de prever o comportamento da Terra e
seus diversos materiais, no sentido de tornar a Terra mais habitável para as
atividades humanas.
A geotecnia abrange as áreas de mecânica dos solos e mecânica das
rochas, e muitos dos aspectos de engenharia
da geologia, geofísica, hidrologia e ciências afins. Geotecnia é praticada
tanto por geólogos de engenharia e engenheiros geotécnicos (DIAS, 2005
pg 56).

Independentemente da atuação do geotécnico, ele certamente irá precisar de


ensaios que, em sua maioria, são realizados em laboratórios certificados. O
geotécnico também deve ser capaz de sugerir os tipos de ensaios mais adequados
a serem realizados em cada situação além de fazer a correta interpretação dos
dados (AZEVEDO, 2020).
Dessa maneira, podemos dividir a Geotecnia em duas áreas, nomeadamente:
• GEOTECNIA BÁSICA, que compreende o estudo da Geologia, Mecânica
dos Solos e Mecânica das Rochas.
• GEOTECNIA APLICADA, que envolvem estudos relacionados
a Estabilidades de Taludes na Mineração, estabilidade de taludes em
rodovias, barragens, engenharia ambiental, túneis, fundações, entre
outros diversos assuntos.
Na engenharia civil, o solo é o suporte das obras, além de ser utilizado em
aterros compactados para os mais diversos fins. É considerado um material
heterogêneo, com propriedades variáveis. Além disso, é não-linear, ou seja, suas
reações às tensões, principalmente à compressão, não são variáveis, podendo
afetar enormemente seu comportamento; e anisotrópico, suas propriedades e
materiais que o compõem não são iguais (SERNA; REZENDE, sd, pg. 608).

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A geotecnia e todas as suas vertentes têm ganhado cada vez mais destaque
na:
1. Prevenção de desabamentos.
2. Prevenção de desmoronamentos.
3. Prevenção de deslizamentos.
4. Preservação dos lençóis freáticos.
5. Gerenciamento do problema do lixo.
6. Conter a ocupação de encostas.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os solos resultam do intemperismo por desagregação e alteração das rochas.


A intensidade dos processos intempéricos está diretamente associada com os
seguintes fatores: material de origem (rocha), relevo, clima, organismos vivos e
tempo. Em projetos de estradas, que se caracterizam por apresentar grandes
extensões no sentido longitudinal, os solos encontrados nos subleitos dessas vias,
devido às suas peculiaridades físico-químicas e mineralógicas, apresentam em geral
comportamentos geotécnicos bastante diferenciados (SILVA et al, 2010, pg 7).
Os solos tropicais ocorrem em locais que apresentam características climáticas
tropicais e úmidas. Normalmente, países onde ocorre este tipo de solo estão
localizados na faixa intertropical, mas vale a pena ressaltar que isto não representa
uma regra, pois o solo tropical deverá possuir propriedades peculiares, relativamente
aos solos não tropicais, devido a atuação de processos geológicos e/ou pedológicos
típicos das regiões tropicais úmidas (SANTOS, PARREIRA, 2015 sd).
Classificar um solo e enquadrá-lo dentro de um grupo com características
semelhantes, é uma das etapas preliminares e essenciais para obtenção do perfil do
subsolo e escolha de amostras apropriadas nos projetos de obras de engenharia
para adotar um tipo de solo ou fazer um projeto com base nele.
Do ponto de vista da engenharia, um sistema de classificação pode ser
baseado no potencial de determinado solo para uso em camadas de um pavimento,
fundações ou como outro material de construção. Devido à natureza extremamente
variável do solo, é inevitável que, em qualquer classificação, ocorram casos em que

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é difícil se enquadrar o solo em uma única categoria, ou seja, sempre vão existir
situações em que determinado solo poderá ser classificado como pertencente a dois
ou mais grupos. Do mesmo modo, o mesmo solo pode ser inserido em grupos que
pareçam radicalmente diferentes, em diversos sistemas de classificação (SILVA et
al, 2010 pg 215).
Tanto no Brasil quanto no estrangeiro, atualmente, utilizam-se quase que
exclusivamente, para classificação dos solos, procedimentos baseados nas suas
características plásticas e na granulometria.
O uso dessas classificações, na maioria das vezes, não condiz com o
comportamento real de solos tropicais. Diversos profissionais de engenharia têm se
dedicado ao estudo sobre os sistemas de classificação de solos mais adequados
para a classificação de solos tropicais de clima tropical, quente e úmido (SILVA et al,
2010 pg 215).
As características de um solo são determinadas em função do clima,
topografia, fauna e tempo. Regiões de clima tropical têm como características
predominantes as altas temperaturas, altos índices pluviométricos, ausência de
congelamento do subsolo, lixiviação, etc. O autor ressalta que não existe uma
terminologia consagrada para a definição do que são solos tropicais. Desse modo,
vários estudos e bibliografias nacionais e internacionais são encontrados a fim de
que se possa definir o que são solos tropicais. Essas acepções geram confusões no
âmbito técnico-científico, já que termos iguais podem ser usados para definir
materiais diferentes (SILVA et al, 2010 pg 215).
Na engenharia, a identificação das propriedades do solo é de extrema
importância considerando-se que qualquer estrutura a ser construída descarregará
suas cargas sobre ele. Grande parte do solo brasileiro tem características tropicais e
isso faz com que seu estudo seja de extrema importância, pois esse tipo de solo
apresenta um comportamento diferenciado dos solos de regiões de clima temperado
podendo então apresentar algumas divergências nos resultados obtidos de acordo
com os sistemas de classificações geotécnicas tradicionais, como o USCS e HRB.
Assim foi desenvolvida a metodologia MCT com a finalidade de classificar mais
fielmente a gênese de solos finos tipicamente tropicais (COELHO, ESPINDOLA,
2014 pg. 59).

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Essa metodologia teve origem com Nogami e Villibor em 1981 e apresenta


suas principais aplicações práticas em rodovias e em pavimentação. No entanto,
pode ser utilizada também em obras de terra em geral e mapeamento geotécnico
envolvendo solos tropicais (COELHO, ESPINDOLA, 2014 pg. 69).
A classificação dos solos com uso da Metodologia MCT foi desenvolvida
especialmente para o estudo de solos tropicais e baseada em propriedades
mecânicas e hídricas obtidas de corpos de prova compactados de dimensões
reduzidas. Essa classificação não utiliza a granulometria, o limite de liquidez e o
índice de plasticidade, como acontece no caso das classificações geotécnicas
tradicionais. Separa os solos tropicais em duas grandes classes: os de
comportamento laterítico e os de comportamento não laterítico (PUFAL et al, sd).
A MCT possui uma classificação específica para solos, nomeadamente, solos
lateríticos e saprolíticos. Que, respectivamente, podem ser divididos em grupos,
onde no caso do primeiro seria: LA: areia laterítica quartzosa; LA’: solo arenoso
laterítico; LG’: solo argiloso laterítico e, no caso do segundo seria: NA: areias, siltes
e misturas de areias e siltes com predominância de grão de quartzo e/ou mica, não
laterítico; NA: misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não
laterítico (solos arenosos); NS: solo siltoso não laterítico; NG: solo argiloso não
laterítico.
Os solos lateríticos apresentam perda de capacidade de suporte Mini-CBR
relativamente pequena, quando comparados à correspondente perda verificada nos
solos saprolíticos, em imersão. Apresentam ainda uma pequena expansão, fato que
se verifica mesmo para variedades com limite de liquidez relativamente elevada.
Pelo contrário, os solos saprolíticos podem ter elevada expansão mesmo que
tenham valores relativamente baixos de limite de liquidez e índice de plasticidade.
Observa-se ainda que os solos lateríticos que possuem índices de plasticidade
próximos aos dos saprolíticos, apresentam, frequentemente, contrações elevadas,
apesar de apresentarem expansões e permeabilidade relativamente baixas. Por fim,
no caso de solos lateríticos, a fração que passa na peneira de 0,075 mm é
predominantemente argilosa, enquanto nos solos saprolíticos pode ser argilosa ou
siltosa (PUFAL et al, sd).

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Em relação às propriedades mecânicas dos solos tropicais, cabe destacá-las


no seu estado natural e em seu estado compactado. Para as obras de pavimentação
interessa, sobretudo as propriedades após a compactação. Um solo que apresenta
comportamento laterítico adquire, quando compactado em condições ideais, alta
capacidade de suporte e baixa perda dessa capacidade quando imerso em água
(SANTOS, PARREIRA, 2015 sd).
Quanto à sua distribuição geográfica, os solos lateríticos estão situados,
geralmente, na faixa do planeta denominada intertropical, em regiões com condições
climáticas favoráveis ao intemperismo intenso e rápido, com altas temperaturas,
ambiente úmido, com chuvas abundantes e percolação d'água (BERNUCCI, 1995
pg.50). Estima-se que os solos lateríticos ocupem cerca de 8,1% da superfície dos
continentes. No Brasil, os solos lateríticos encontram-se distribuídos em quase todo
território (SANTOS, PARREIRA, 2015 sd).
Os grupos classificados como solo arenoso de comportamento não laterítico
(NA) e solo arenoso de comportamento laterítico (LA) possuem poucas diferenças
entre suas propriedades (expansão, contração e permeabilidade), no entanto o
mesmo fato não pode ser verificado para solos argilosos e arenosos. A utilização
dos métodos convencionais de classificação de solos, como HRB e outros, não
permitem distinguir os solos saprolíticos dos solos lateríticos. A classificação MCT
distingue de maneira nítida os solos desses dois grupos, tanto do ponto de vista
genético como tecnológico (SANTOS, PARREIRA, 2015 sd).
De acordo com Miguel e Rodrigues (2017), o ensaio de compactação Mini-
MCV indica o abatimento dos corpos de prova para cada umidade relacionado com
determinado número de golpes; a partir do ensaio laboratorial, temos as curvas de
compactação dos solos e com isso é possível calcular os índices: c’ coeficiente
angular da curva de deformabilidade; d’ inclinação do ramo seco da curva
correspondente a 12 golpes; Pi indicação qualitativa de resistência à erosão hídrica;
e também o coeficiente e’ que é calculado a partir dos outros índices já
correlacionados na expressão:

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𝑃𝑖 20
𝑒′ = √ +
100 𝑑′

Para analisar a influência das principais variáveis, foram estudados os índices


físicos propostos pela metodologia MCT. O coeficiente c’ é o parâmetro que pode
ser relacionado com a textura do solo. Um valor de c’ acima de 1,5 caracteriza as
argilas e os solos argilosos, enquanto valores abaixo de 1,0 caracterizam as areias e
siltes não plásticos ou pouco coesivos, valores entre os primeiros apresentados
caracterizam solos de vários tipos granulométricos, compreendendo areias siltosas,
areias argilosas, areias arenosas, argilas siltosas e outros. Valores de d’ maiores
que 20 indicam solos com comportamentos lateríticos, já valores de d’ menores que
10 indicam solos saprolíticos (siltes, areias etc.) (MIGUEL, RODRIGUES 2017).
No intuito de completar o aspecto laterítico do solo, que foi especificado pelo
coeficiente d’, observa-se a classificação MCT e, ainda, o coeficiente Pi que, para
além de caracterizar o solo, passa a indicar os aspectos que demonstram a
resistência à erosão hídrica. Com a redução da massa, os corpos ficam durante 20
horas completamente mergulhados em água e, durante esse período, poderá
ocorrer o desprendimento das partículas do solo. E, só a partir desse momento, é
que se torna possível transportar para a estufa com o intuito de determinar a massa
seca.
NOGAMI e VILLIBOR (1980), na apresentação de uma nova sistemática de
classificação (MCT), têm excelentes considerações sobre as limitações dos métodos
utilizados nas classificações tradicionais. Abaixo, estão resumidas algumas
observações:
• Há uma grande dispersão na determinação dos limites de consistência;
• a fração areia realmente confere propriedades desejáveis para subleitos e
sub-bases, desde que seja constituída predominantemente por quartzo.
Areias micáceas ou arcoseanas (feldspáticas) em altas porcentagens,
conferem características inferiores do ponto de vista de suporte,
resiliência e expansão;

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• não apenas a quantidade de material passante na #200 é importante; a


natureza desta fração tem alto significado;
• a ação do defloculante e o uso de uma dispersão severa na granulometria
por sedimentação podem levar a curvas granulométricas que não
correspondem ao comportamento do material;
• na classificação H.R.B. é frequente a inversão hierárquica da capacidade
de suporte e expansão na sequência A-4, A-S, A-6, A-7 e dentro do grupo
A-7, entre os subgrupos A-7-S e A-7-6 (NOGAMI e VILLIBOR, 1982);
• no ensaio de granulometria por peneiramento, cabe ressaltar a
heterogeneidade de desempenho dos dispersores disponíveis no
mercado e a grande influência do tipo e concentração do defloculante
utilizado. A grande deficiência na granulometria é a falta de detalhamento
da fração compreendida entre as peneiras de aberturas 0,42 e 0,07Smm.
Segundo os autores, pode haver diferenças significativas de
comportamento, sob o ponto de vista das operações construtivas, de
acordo com a maior ou menor porcentagem passante na peneira de 0,150
(#100);
• nos solos arenosos finos a faixa de variação dos índices físicos é
bastante estreita, 20 a 30 % do limite de liquidez e 5 a 10 % no índice de
plasticidade. Além disto, os valores se aproximam do limite de
exequibilidade dos ensaios. Nestas condições, variações consideráveis
podem ser constatadas, podendo haver uma tendência a exagerar a
frequência de solos com índice de plasticidade inferior a 5 ou NP ou, por
outro lado, a elevação do índice de plasticidade devido à destruição da
estrutura do solo durante a execução do ensaio;
• as grandes discordâncias entre resultados obtidos por laboratoristas
diferentes para que a amostragem remeta a problemas práticos, tais
como a rejeição, na fase de construção, de jazidas selecionadas na fase
do projeto.
Os solos saprolíticos são aqueles que decorrem da decomposição e/ou
desagregação da rocha matriz em função de eventos da natureza, nomeadamente:
chuvas, insolação, geadas, contudo, mesmo com os efeitos oriundos dos eventos da

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natureza, observa-se que a estrutura da rocha que dá origem ao solo se mantém


nítida. Por isso, os solos em estudo são caracterizados como residuais, pois as
partículas que compõem permanecem no mesmo lugar, entretanto são mais
heterogêneos e complexos, visto ser identificada a presença de determinados
minerais em estado de decomposição. A figura abaixo apresenta um fluxograma de
ensaios e dados da classificação MCT.

Figura 4 – Fluxograma de ensaios e dados da classificação MCT.

Fonte: Villibor e Alves (2015).

2.3 GRANULOMETRIA

O processo de granulometria do solo é um estudo que analisa a maneira como


os grãos de um solo são distribuídos a partir de suas dimensões e, pode ser
compreendida também como a forma que determina as dimensões dos elementos
que compõem o agregado, assim como as porcentagens de ocorrência.
As propriedades das argamassas e concretos sofrem forte influência da
composição granulométrica. Sendo assim, torna-se importante conhecer a

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distribuição granulométrica do agregado e, ainda, representá-lo através de uma


curva, pois torna possível determinar suas características físicas.
Classicamente, a granulometria dos sedimentos muito grosseiros (cascalhos,
seixos, balastros, etc.) é efetuada medindo (ou pesando) individualmente cada um
dos elementos e contando-os. Contudo, para sedimentos menos grosseiros
(cascalhos finos, areias), tal forma de mensuração não é prática, sendo nas areias
muito difícil e extremamente morosa, e praticamente impossível nos siltes e argilas.
Para estes sedimentos, a análise clássica recorre à separação mecânica em classes
dimensionais e à determinação do seu peso. No que se refere aos sedimentos
lutíticos (siltes e argilas), a forma de determinar a distribuição granulométrica de
forma compatível com as das outras classes texturais é ainda mais difícil e
problemática (DIAS, 2004 pg. 10).
Para a determinação do estudo da granulometria dos solos, é possível
identificar dois tipos de ensaio, nomeadamente, o peneiramento (que pode ser
grosso o fino) e, ainda, a sedimentação em água destilada. Nesse sentido, o
primeiro método que pode ocorrer na modalidade grossa ou fina tem por objetivo
separar as partículas até a dimensão de 0,074mm e, no método da sedimentação
em água destilada, a separação das partículas ocorre em uma dimensão menor do
que 0,074mm.
A massa total da amostra:

(𝑀𝑡 − 𝑀𝑔)
𝑀𝑠 = 𝑥 100 + 𝑀𝑔
(100 + ℎ)

O peneiramento é um dos métodos mais antigos na área de processamento


mineral e, até hoje, é usado com aplicação comprovada numa variedade de
indústrias e nas mais diferentes áreas. Na área mineral, o peneiramento pode ser
utilizado na separação por tamanho, no desaguamento, na deslamagem, na
concentração e em muitas outras combinações dessas aplicações (SAMPAIO,
SILVA, sd pg 60).
O processo de peneiramento fino pode ser usado tanto a seco quanto a úmido,
todavia o peneiramento de material fino, em laboratório, é feito a úmido e a
alimentação do minério é feita, segundo uma polpa, minério e água. As partículas

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menores transportadas pelo fluído passam pelas aberturas da tela. No caso das
operações contínuas, tanto piloto como industrial, a separação se completa em um
comprimento, relativamente curto, da tela da peneira. As operações contínuas só
são possíveis com a fração grossa. Quando o líquido não mais existe na tela, esta
atua como um transportador vibratório no percurso, até que nova adição de água
seja efetuada para facilitar a remoção de partículas finas, ainda remanescentes
(CARISSO, 2004).
No peneiramento a seco, as partículas rolam sobre a superfície da tela e são
expostas às aberturas delas por várias vezes, numa verdadeira disputa
probabilística na tentativa de encontrar a abertura da tela. Para assegurar a
eficiência do peneiramento, o processo a seco utiliza peneiras, cujas telas são mais
longas que aquelas usadas no processo a úmido. Por essa e outras razões, as
peneiras usadas no peneiramento fino a seco são dimensionadas com base em
unidade de alimentação por área unitária (t/h/m2), enquanto no processo a úmido
considera-se t/h/m. (CARISSO, 2004).
As tamises são padronizadas de acordo com séries que podem ser:
• B.S – British Standard.
• I.M.M – Institute of Mining and Metalurgy (USA).
• Série Tyler – Americana.
Os vãos das malhas das tamises são definidos de acordo com as séries
supracitadas, e são quadradas e identificadas pela unidade mesh/in. Por exemplo:
Tamise de 200 mesh/in (refere-se a uma peneira com malha de 200 mesh, ou seja,
200 aberturas na malha por polegada linear) (DIAS, 2004, pg.80).
No caso do Brasil, as tamises são definidas com mais frequência pela série
Tyler, constituída por 14 peneiras, onde a maior malha é de 3mesh e maior é de 200
mesh.
Assim, foi criada uma série de peneiras (Tabela 1) conhecida também como
série Tyler 2, além de outra complementar chamada série Tyler 2 (Kelly e
Spottiswwod, 1982). Para se construir a série Tyler 2, basta tomar como referência a
peneira (peneira referência) com abertura de 0,074 mm (200 malhas) e multiplicar
esse valor por 2. O produto obtido corresponde à abertura da peneira imediatamente

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superior àquela da peneira referência, isto é, 0,104 mm (150 malhas) (SAMPAIO,


SILVA, sd pg 62).
De modo análogo, para determinar o valor da abertura da peneira
imediatamente inferior àquela da peneira referência, divide-se o valor 0,074 mm
(abertura da peneira referência) por 2 e, assim, sucessivamente, fatores que
influenciam a eficiência do peneiramento segundo Sampaio e Silva (sd pg.40)
observa que:

RELAÇÃO ENTRE O DIÂMETRO DA PARTÍCULA E A ABERTURA DA


TELA – As partículas com diâmetros superiores a uma vez e meia a
abertura da tela não influenciam no resultado do peneiramento, bem como
aquelas inferiores à metade da abertura da tela. As partículas
compreendidas entre esta faixa (NEARSIZE) é que constituem a classe
crítica de peneiramento e influem fortemente na eficiência e na capacidade
das peneiras;
CONDIÇÕES OPERACIONAIS – dimensionamento da peneira, tipo de
movimentação da peneira; inclinação, amplitude, frequência, aceleração,
tipo de tela, forma de alimentação, peneiramento a seco ou via úmida,
características mineralógicas do produto alimentado.

Dessa maneira, pelo conjunto, uma peneira deve exercer três ações
independentes e distintas sobre a população alimentada (Chaves, 2003):
1. Transportar as partículas de uma extremidade a outra do deck.
2. Estratificar o leito de modo que as partículas maiores fiquem por cima e
as menores por baixo.
3. O peneiramento propriamente dito.
Além disso, para o comportamento individual de cada partícula, tem-se
(Fuerstenau etal., 2003):
1. O material retido no meio peneirante com diâmetro superior a 1,5 vezes a
abertura chama-se “oversize”.
2. O material passante no meio peneirante com diâmetro inferior a abertura
chamasse undersize.
3. O material muito próximo da abertura, com variação de 0,5 a 1,5 o
tamanho da abertura, necessário para a passagem do minério chama-se
nearsize.
A porcentagem de material que passa em cada peneira no peneiramento
grosso é dada por:

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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𝑀𝑠 − 𝑀𝑖
𝑄𝑔 = 𝑥 100
𝑀𝑠

ONDE:
• Mi = massa do material retido acumulado em cada peneira.
Na peneira fina a porcentagem de material que passa em cada peneira é dada
por:
𝑀ℎ 𝑥 100 − 𝑀𝑖(100 + ℎ)
𝑄𝑔 = 𝑥 𝑁
𝑀ℎ 𝑥 100
ONDE:
• Mi = massa do material retido acumulado em cada peneira.
• Mh = massa do material úmido submetido à sedimentação, em g.
• N = porcentagem de material que passa na peneira 2,0mm.
No caso do processo de sedimentação, observa-se uma situação em que há
separação de fases em decorrência da influência da gravidade, no momento em que
a concentração dos elementos observados na mistura é superior a 405 v/v. Observa-
se, portanto, que o processo de precipitação do material através do uso da
sedimentação é bastante célere. E, ainda no que tange ao processo de
sedimentação, existe a ocorrência em sistema líquido, mais sólido e gás mais sólido.
Convém observar que a sedimentação pode ocorrer ainda em situações que o
sistema é heterogêneo.
No processo de sedimentação, existe um momento de repouso e,
posteriormente, o material passa a se depositar na parte inferior, através da ação da
gravidade.
Com o uso da sedimentação, observa-se a ocorrência da distribuição
granulométrica em lugares em que não existe a possibilidade de identificação de
malhas de peneiras que são capazes de definir a distribuição do tamanho do grão. O
processo de sedimentação é fundamentado na Lei de Stokes e possibilita uma
interrelação entre o diâmetro equivalente das partículas com a velocidade em que
ocorre a sedimentação delas.
A porcentagem de material em suspensão na sedimentação é dada por:

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𝑝𝑆 𝑉. 𝑝𝑤 . (𝐿 − 𝐿𝑑𝑖𝑠𝑝 )
𝑄 =𝑁𝑥 𝑥
(𝑝𝑠 − 𝑝𝑑𝑖𝑠𝑝 ) 𝑀ℎ
𝑥 100
100 + ℎ
ONDE:
• Qs = porcentagem do solo em suspensão no instante da leitura do
densímetro.
• N = porcentagem de material que passa na peneira 2,0mm.
• 𝑝𝑠 = massa específica.
• -𝑝𝑑𝑖𝑠𝑝 = massa específica do meio dispersor, em g/cm³ (considerar como
1,000g/cm³).
• V = volume da suspensão, em cm³ (considerar como 1000cm³).
• 𝑝𝑤 = massa específica da água, em g/cm³ (considerar como 1,000g/cm³).
• L = leitura do densímetro na suspensão.
• Ldisp = leitura do densímetro no meio dispersor, na mesma temperatura
da suspensão (considerar como 1,00).
• Mh = massa do material úmido submetido à sedimentação, em g.
• h = umidade higroscópica do material passado na peneira 2,0mm, em %.

O diâmetro das partículas de solo em suspensão é dado por:

1800. 𝜇 𝑎
𝑑= √ 𝑥
(𝑝𝑠 − 𝑝𝑑𝑖𝑠𝑝 ) 𝑡

ONDE:
• d = diâmetro máximo das partículas, em mm.
• 𝜇 = coeficiente de viscosidade do meio dispersor, à temperatura de
ensaio, em g.s/cm² (considerar como 10, 29, 10).
• a = altura de queda das partículas, correspondente à leitura do
densímetro, em cm (consultar gráfico no anexo).
• t = tempo de sedimentação, em s.

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CAPÍTULO 3 - MECÂNICA DOS PAVIMENTOS

3.1 PERMEABILIDADE

Os problemas relacionados às inundações e enchentes não são novidade e


afetam, historicamente, diversas regiões. Podem ocorrer pela ocupação indevida de
várzeas ou pelos efeitos colaterais das grandes cidades, como a impermeabilização
do solo (Silva et al, 2017 pg 4).
Canholi (2005, p. 21) enfatiza que: “Historicamente, os engenheiros
responsáveis pela drenagem urbana tentaram solucionar o problema da perda do
armazenamento natural, provocando o aumento da velocidade dos escoamentos
com obras de canalização”. No entanto, como o mesmo autor conclui, isso apenas
transfere o problema à jusante, já que a redução do tempo de concentração
aumenta o pico da vazão.
O solo, naturalmente, age como retardador das precipitações, fazendo com que
o volume gerado seja levado gradativamente até os rios ou componha parte dos
lençóis freáticos. A impermeabilização de grande parte das cidades inviabiliza a sua
capacidade de diminuir o pico de cheias por meio desse efeito retardador, sendo
necessários outros sistemas e obras como os piscinões e as galerias que passam a
atender a este propósito (Silva et al, 2017 pg 5).
Quando o solo é mais granular, como é o caso dos solos arenosos, existe uma
maior permeabilidade e possibilita a água, de maneira mais fácil, escoar com uma
maior facilidade em virtude da porosidade. De maneira distinta, ocorre em solo
argiloso, pois, em virtude da falta de espaço entre os grãos e a consequente baixa
permeabilidade, a água não consegue escoar com facilidade.
Em Mecânica dos Solos, a permeabilidade é a propriedade que representa
uma maior ou menor dificuldade com que a percolação da água ocorre através dos
poros do solo. Nos materiais granulares não coesivos, como as areias, por exemplo,
há uma grande porosidade o que facilita o fluxo de água através do solo, enquanto
que, nos materiais finos e coesivo, como as argilas, ocorre o inverso o que torna
este tipo de material ideal para barragens por apresentar baixa permeabilidade
(Silva et al, 2017 pg 5).

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O coeficiente de permeabilidade do solo é representado pelo coeficiente K, que


pode ser obtido em laboratório através de dois tipos de ensaios. Para materiais
granulares de alta permeabilidade, é utilizado do ensaio de permeabilidade de carga
constante e, para os materiais de baixa permeabilidade, é realizado o ensaio de
carga variável. Sendo assim, torna-se importante que, em cada construção, reserve-
se no lote que está havendo a edificação de uma área permeável, com o objetivo
único de melhorar o processo de absorção da água pelo solo.
Existe também a pavimentação permeável, seja a cobograma (bloco de
concreto vazado que permite que a água entre pelos vazios), as placas drenantes,
que são sólidas com capacidade de absorção de chuva, e o asfalto drenante, que
além de colaborar com a permeabilidade urbana reduz o risco de acidentes por
aquaplanagem, pois evita a formação de poças de água na pista (DIAS, 204 pg.98).
Exemplificando, temos as figuras 5, 6 e 7, com imagens do cobograma, das placas
drenantes e uma imagem que demonstra o sistema do asfalto drenante,
respectivamente abaixo. Vejamos:

Figura 5 – Cobograma.

Fonte: Leroy Merlin (2019?).

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Figura 6 – Placas drenantes.

Fonte: Catálogo de Arquitetura (2019?).

Figura 7 – Sistema do asfalto permeável.

Fonte: INOVACIVIL (2019).

Uma forma de contenção das chuvas em locais afetados por inundações é a


construção de cavas ou de campos esportivos rebaixados do nível da rua para
funcionar como uma piscina de contenção emergencial.
Os revestimentos permeáveis consistem na última camada a ser executada na
estrutura permeável. No caso de estruturas de concreto, é composta por concreto
permeável ou blocos de concreto. Essa camada deve resistir às cargas

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estabelecidas pelos diversos usos, juntamente absorver (pequeno reservatório) e


permitir a percolação da água, reduzindo o escoamento da superfície sem causar
dano para as demais camadas da estrutura permeável. As espessuras do pavimento
variam de 60 mm a 100 mm (dependendo a solicitação) e devem responder aos
índices de permeabilidade estipulados em norma.
Conforme o manual CRIA (1996, apud ACIOLI, 2005), as estruturas de
infiltração possuem certas vantagens em relação aos demais sistemas:
a. o pavimento faz com que o volume total precipitado que entraria na rede
de drenagem seja consideravelmente reduzido, assim evitando os riscos
de inundações nos sistemas a jusante;
b. os sistemas de infiltração podem ser utilizados em áreas que não
possuem rede de drenagem que absorva o escoamento, pois o sistema
permite a água percole e se infiltre no solo;
c. quando este sistema é utilizado, está sendo controlado o escoamento da
superfície na fonte, assim reduzindo impactos hidrológicos da
urbanização;
d. como a maior parte do escoamento não é direcionado a rede de
drenagem, não ocorre a sobrecarga da rede, assim evitando gastos com
a sua ampliação;
e. a água percola pelo pavimento e infiltra no solo, assim aumentando a
recarga do aquífero, porém deve-se observar a qualidade da água
ecoada para não comprometer a qualidade da água subterrânea;
f. normalmente possui construção e sistema de infiltração simples e ligeiro;
g. no geral, os custos em toda a vida útil podem ser inferiores que outros
sistemas de drenagem e um retorno muito maior para a população ou o
morador que adquire uma estrutura permeável.
A água livre nos pavimentos de concreto asfáltico contribui para o fissuramento
por retração, para a oxidação e perda de flexibilidade, que poderão levar ao
trincamento e à deterioração geral dos revestimentos e bases estabilizadas. Quando
as condições ambientais variam de estação para estação, a cada ano, pode-se
esperar que os índices de produção de danos aos pavimentos sigam uma tendência

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cíclica, com maiores danos e perdas de serventia ocorrendo mais durante os


períodos úmidos que nos secos.
Para assegurar a redução permanente da aquaplanagem em pavimentos
porosos sobre bases de graduação aberta, a permeabilidade da camada de
rolamento deverá ser mantida em um nível adequado. Se permitir que materiais
estranhos, tais como areia ou silte arrastados pelos ventos, lama trazida pelas
águas, acumulem-se e se penetrem no pavimento ou base de graduação aberta, as
permeabilidades poderão ser muito reduzidas.
A engenharia de infraestrutura de transportes pouco pode fazer sobre as
características dos usuários ou sobre as condições climáticas. Já com relação às
características da via, muito se pode fazer para a construção de rodovias que
permitam a circulação mais segura de veículos, principalmente, nos dias de chuva,
por exemplo, adotando-se revestimentos que permitam maior aderência aos pneus.
As soluções para eliminar ou minimizar a película de água na superfície dos
pavimentos podem ser, por exemplo, a imposição de declividades horizontal e
longitudinal, no projeto geométrico. A resultante dessas declividades permite o
escoamento da água, com velocidade e vazão adequadas, para um sistema de
coleta de descarga. Contudo, nem sempre é possível impor essa declividade na
medida desejada, seja por dificuldades de adequação de greide, por interferências
de outras estruturas presentes na estrada ou por quaisquer outros motivos.
As normas americanas dizem que, quando o solo é propício, em 72 horas, a
água armazenada é absorvida e lançada no aquífero. Se o subsolo é compacto e
impermeável (argiloso, por exemplo), no entanto, a água que fica na base e na sub-
base não consegue ir rapidamente para o lençol freático e fica acumulada no
reservatório granular. Nesse caso, as camadas de pedra da estrutura podem encher
e transbordar pela superfície, voltando para cima do concreto poroso (DIAS, 2004
pg. 85).
Dessa maneira, convém observar que realizar o cálculo da espessura do
projeto a partir de algumas perspectivas se faz necessário, quais sejam: resistência
do concreto e o volume de água a partir da quantidade de chuva (observar o cálculo
hidrológico). No caso do município do São Paulo, a microdrenagem está baseada

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em períodos de uma década (dez anos). E, como consequência, a construção fica


dentro da margem e segurança desejada.

3.2 MISTURAS SOLO-AGREGADOS

As misturas de solos finos com agregados, por sua vez, são empregadas em
geral em substituição a camadas de britas graduadas, com vantagens econômicas
(BALBO, 2007). A classificação do solo pelo método MCT; as misturas solo-
agregado devem contemplar solos preferencialmente LA’ (Solo laterítico arenoso),
porém também apresentando resultados satisfatórios para solos LG’ (Solo laterítico
argiloso) e LA (Areia laterítica).
Villibor e Nogami (1984) propuseram o primeiro critério para escolha de mistura
descontínua de solo laterítico brita para bases de pavimentos, inédito por utilizar a
sistemática MCT, abandonando o critério tradicional de estudo para bases
estabilizadas granulometricamente. Citam algumas peculiaridades das bases de
Solo Laterítico Agregado Descontínuo SLAD, são elas:
• O material pode ser compactado com equipamentos pesados, produzindo
base com alta densidade e sem danificar seus grãos maiores, pois os
agregados acham-se disseminados, na massa do solo laterítico.
• A misturação de solo laterítico e agregado é fácil e simples podendo ser
executada com grade de disco, pá carregadeira ou outros equipamentos.
• No processo de misturação não há necessidade de a mistura estar
totalmente homogênea, pelo fato da desuniformidade do material não
alterar a qualidade da base, que já é descontínua.
• Quando a mistura é com solo LA’ e LG’, apresenta baixíssima
permeabilidade, o que é extremamente vantajoso.
Os materiais mais usados na pavimentação são: brita graduada simples, brita
ou bica corrida; macadame hidráulico; macadame seco; misturas estabilizadas
granulometricamente; mistura solo-agregado; solo natural e solo melhorado com
cimento ou cal. Existem ainda outros materiais que vêm sendo usados
frequentemente na pavimentação em decorrência da reciclagem e reutilização, como
escória de alto-forno, agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil,

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rejeitos da extração de rochas ornamentais e mistura asfáltica fresada (BERNUCCI


et al, 2007).
As misturas solo-agregado são misturas naturais ou preparados de britas,
pedregulhos e areias que contenham silte e argila. Os solos agregados são
subdivididos em três tipos dependendo da proporção relativa entre a parte graúda e
a parte fina. Segundo Yoder e Witczak (1975), essas subdivisões são classificadas
como solo agregados sem finos, solo agregado com fino e solo agregados com
muito fino. Bernucci et al. (2007) dizem que se têm empregado com mais frequência
as misturas de solo agregado com fino e solo agregado com muito fino, chamadas
de solo-brita e solo-areia, respectivamente.
Por fim, define-se base e sub-base de mistura solo-brita como camadas
constituídas de mistura artificial em usina de solo com agregado pétreo britado, que
apresentam grande estabilidade e durabilidade para resistir a cargas do tráfego e
ação de agentes climáticos, quando adequadamente compactadas. Os solos são
provenientes de ocorrência de materiais de área de empréstimo e jazidas.
De acordo com a norma ABNT NBR 9935/2005 – agregados: terminologia, o
termo agregado é definido como material sem forma ou volume definido, geralmente
inerte, de dimensões e propriedades adequadas para produção de argamassas e de
concreto (Bernucci et al, 2007 pg. 68).
Quando se tem conhecimento da propriedade do agregado e da sua interação
com outras associações, como cimento e água, por exemplo, o engenheiro é capaz
de fazer uma escolha apropriada para a sua seleção e seu uso no campo. Se bem
escolhidas e executadas, será possível criar uma estrutura civil com uma boa
durabilidade e desempenho.

3.3 MISTURAS SOLO-CIMENTO

Pode-se dizer que o solo-cimento é uma mistura utilizada para a construção de


vários seguimentos da construção civil, sendo composta basicamente de terra crua,
cimento e água. Nesse contexto:

O solo-cimento é o material resultante da mistura homogênea, compactada


e curada de solo, cimento e água em proporções adequadas. O produto
resultante deste processo é um material com boa resistência à compressão,

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bom índice de impermeabilidade, baixo índice de retração volumétrica e boa


durabilidade. O solo é o componente mais utilizado para a obtenção do
solo-cimento. O cimento entra em uma quantidade que varia de 5% a 10%
do peso do solo, o suficiente para estabilizá-lo e conferir as propriedades de
resistência desejadas para o composto (ABCP, 2009).

Praticamente, qualquer tipo de solo pode ser utilizado, entretanto os solos mais
apropriados são os que possuem teor de areia entre 45% e 50%. Somente os solos
que contêm matéria orgânica em sua composição (solo de cor preta) não podem ser
utilizados. O solo a ser utilizado na mistura pode ser extraído do próprio local da
obra (ABCP, 2009).
O solo-cimento vem se consagrando como tecnologia alternativa por oferecer o
principal componente da mistura - o solo – em abundância na natureza e,
geralmente, disponível no local da obra ou próxima a ela (FILHO, sd, sp).
De maneira bastante simples, encontra-se a composição do solo-cimento e, por
isso, existe o risco de se contratar mão de obra desqualificada. E, para além da mão
de obra, observa-se um aperfeiçoamento das condições de conforto, quando
comparado com às construções de alvenaria de tijolo cerâmico, já que não oferece a
possibilidade de proliferação de insetos. Por isso, pode-se afirmar que é um material
de boa resistência e perfeita impermeabilidade, resistindo ao desgaste do tempo e à
umidade, facilitando a sua conservação.
No que tange ao uso do chapisco, reboco e emboço, existe a possibilidade de
não utilizar, já que o acabamento liso nas paredes monolíticas é realizado de
maneira adequada e gera, consequentemente, uma perfeição no posicionamento
das paredes e, ainda, da permeabilidade do material.
A composição do solo-cimento mais adequada é a partir da mistura do solo
arenoso com 70/80% de areia + 30/20% de solo argiloso ou 30/20 % deste solo,
misturado em 70% de areia e qualquer uma das misturas de 12 a 15% de cimento
(ABCP, 2009).
Já no caso do preparo do solo-cimento, a mistura é semelhante a que se faz
outras argamassas. A homogeneização é feita com peneira de malha ABNT de 4,8
mm do solo e/ou da areia e do cimento para tirar impurezas e torrões, que poderão
ser quebrados e aproveitados. Em seguida, aplica-se água em pequena quantidade,
de preferência com o uso de regador com pequeno chuveiro, evitando-se a
concentração em determinado ponto (ABCP, 2009).

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Para construção de barragens e muros de contenções, a forma mais indicada é


o uso do produto dentro de sacos, que deverão ser molhados apenas depois de
empilhados de forma que fiquem travados. Para grandes obras, recomenda-se fazer
análise do solo em laboratório, para determinação das misturas adequadas
evitando-se desperdício, ou mesmo, a geração de um produto de baixa qualidade
(ABCP, 2009).
Existem, entre concreto e solo-cimento, algumas diferenças básicas. Uma
significante diferença é a maneira como os agregados são juntos; nesse, existe
pasta ou gel de cimento suficiente para envolver toda superfície dos agregados, bem
como para preencher grande parte dos vazios entre eles; já naquele, a pasta é
insuficiente, resultando uma matriz cimentada com nódulos sem cimentação. Outra
diferença é a granulometria dos agregados aceitáveis para cada material. “O
concreto requer uma mistura com granulometria bem definida e não mais e 2% de
material fino, no solo-cimento, esse valor varia entre 5% e 35% podendo ser
combinado com cinza, escórias e materiais betuminosos fresados” (ADASKA, 1991).

3.4 MISTURAS SOLO-CAL

No final da década de 40 do século XX, iniciou-se, nos EUA, a aplicação de


técnicas laboratoriais de Mecânica dos Solos para a análise das misturas solo-cal,
sendo amplamente empregada a partir da década de 50 na construção de milhares
de quilômetros de autoestradas (SILVA, 2010).
França e Alemanha empregam a estabilização de solos com cal não apenas
visando o aumento da resistência, mas também buscando uma melhoria na
trabalhabilidade do material (AZEVÊDO, 2010).
O solo-cal é uma mistura de solo, cal e água em quantidades estabelecidas em
ensaios laboratoriais, gerando um produto capaz de ser utilizado em qualquer
camada do pavimento, exceto o revestimento asfáltico devido à ausência de solo
nesta camada, sendo seu uso para apenas melhorar a adesividade e a
granulometria da mistura asfáltica (AZEVÊDO, 2010).
A estabilização de solos com o emprego da cal resulta em melhorias
significativas na textura e estrutura do solo, minimizando a plasticidade e gerando

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uma elevação na resistência mecânica o que não é somente possível como provável
(CRISTELO, 2001).
Posterior ao processo de pulverização e ainda de regularização do solo, a
aplicação da cal deve ser realizada de maneira uniforme na área, de acordo com a
dosagem indicada, destaca-se ainda que o processo pode ocorrer através de um
procedimento manual ou mecânico. Contudo, a diferença reside na seguinte
questão, no primeiro tipo de espécie, as espalhadoras de cal devem operar em
velocidade regular e reduzida para que se obtenha um resultado uniforme. No caso
de a distribuição ser manual, deve ser aplicada de maneira uniforme e equidistante
uns dos outros, onde inicialmente existe uma distribuição longitudinal e, em seguida,
rodos de madeira devem ser passados por cima do conteúdo aplicado na área.
O solo-cal é uma mistura de solo, cal e água em proporções determinadas por
ensaios de laboratório, sendo o seu produto algo capaz de ser usado em qualquer
das camadas do pavimento não asfálticas. Denomina-se Solo Melhorado com Cal,
quando se busca somente melhorar algumas propriedades dos solos consideradas
prejudiciais, que em se tratando de pavimentação, são a expansibilidade, umidade
excessiva e plasticidade elevada. Quando a necessidade é basicamente estrutural, a
exemplo do uso em bases de pavimento ou revestimento de taludes, denomina-se a
mistura como Solo Estabilizado com Cal. Após a compactação e cura, a camada
assim estabilizada suporta as cargas geradas pelo trânsito (DIAS, 2004 pg. 76).
Adicionando-se cal a qualquer tipo de solo, desde que esse contenha minerais
argilosos em qualquer proporção, ocorrerão as seguintes reações em presença de
um teor adequado de umidade: troca de íons e floculação, reação cimentante
pozolânica e carbonatação (DIAS, 2004 pg. 76).
A composição granulométrica da mistura de solo após da adição da cal
hidratada, deve satisfazer no mínimo a 60% do material passante na peneira de 2,0
mm (NBR 7181). A porcentagem mínima de cal hidratada cálcica deve ser de no
mínimo 3% em massa seca de cal em relação a massa seca de solo. A mistura deve
atender aos requisitos de resistência conforme abaixo:
• CBR≥ 60% e expansão ≤ 0,5% na energia intermediária, conforme NBR
9895, ou os definidos em projeto para base do pavimento;

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• CBR≥ 30% e expansão ≤ 1,0% na energia intermediária, conforme NBR


9895, ou os definidos em projeto para sub-base do pavimento;
• CBR≥ 20% e expansão ≤ 1,0% na energia normal ou intermediária,
conforme NBR 9895, ou os definidos em projeto para reforço do
pavimento.
O teor da cal a ser incorporado ao solo deve ser fixado experimentalmente, de
modo que a mistura resultante atenda aos parâmetros mínimos exigidos. O teor
ótimo de umidade e a densidade aparente máxima da mistura (com cal incorporada)
na energia especificada de compactação devem ser definidos através do ensaio de
compactação utilizando amostras não trabalhadas DNIT ME – 164 (DIAS, 2004 pg.
76).

3.5 MISTURAS SOLO-EMULSÃO

A estabilização solo-emulsão constitui uma excelente alternativa técnica de


baixo custo, destacando-se, também, o seu baixo consumo energético, uma vez que
a mistura dos materiais é executada a frio, quando da construção de camadas de
um pavimento.
As emulsões asfálticas somente foram utilizadas em 1930 por McKesson,
sendo que, antes, as utilizações de asfalto diluído de cura rápida e média eram
bastante comuns na estabilização de solo (JACINTHO, 2005).
A eficácia da mistura do betume com o solo pode conduzir a vários efeitos,
dentre os mais importantes são:
• Reforço de solos granulares não coesivos pela cimentação das partículas.
• Estabilização do conteúdo de água de solos finos coesivos, tornando-os
impermeáveis e reduzindo a sua capacidade de absorção.
• Mudanças de solos, que somente possuem resistência ao atrito, em solos
coesivos e impermeáveis.
Diversos ligantes asfálticos são comercializados no Brasil, entretanto, por
possuírem as características necessárias, o cimento asfáltico de petróleo, o asfalto
diluído e a emulsão asfáltica são os mais empregados para estabilização
betuminosa. Por não necessitarem de aquecimento para sua fluidificação, visto que

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são líquidos à temperatura ambiente, os dois últimos materiais betuminosos citados


são os mais utilizados, dando destaque maior à emulsão, que gera o solo-emulsão.
A estabilização solo-emulsão é influenciada pelo tipo e quantidade dos
elementos formadores da mistura (solo, água e emulsão) e pelo processo utilizado
para efetivação da mistura. Discute-se a seguir os principais fatores interventores no
processo de estabilização solo-emulsão.
Para solos granulares, a estabilização solo-emulsão pode ser aplicada de
maneira satisfatória, sendo necessária a existência de material fino para o aumento
do ângulo de atrito interno do material. Por outro lado, solos altamente plásticos são
insatisfatórios e, geralmente, complicados de estabilizar decorrente da dificuldade da
quebra dos torrões de argila e de misturar inteiramente a emulsão à massa de solo.
É necessário conhecer as propriedades do material que se está utilizando, para
verificar não somente se eles atendem às especificações de normas, como também
se são adequadas ao uso proposto. Nesse contexto, existem diversos ensaios
específicos de classificação das emulsões sendo alguns deles:
• sedimentação;
• penetração;
• desemulsibilidade;
• resíduo por evaporação;
• viscosidade;
• carga de partícula;
• pH;
• ruptura da emulsão.

3.6 AVALIAÇÃO ESTRUTURAL

A avaliação funcional, incluindo a segurança, tem como palavras-chave:


conforto ao rolamento, condição da superfície, interação pneu-pavimento, defeitos e
irregularidades. A avaliação estrutural, por sua vez, está associada ao conceito de
capacidade de carga, que pode ser vinculado diretamente ao projeto do pavimento e
ao seu dimensionamento (DIAS, 2004 pg. 99).

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Os defeitos estruturais resultam especialmente da repetição das cargas e


vinculam-se às deformações elásticas ou recuperáveis e plásticas ou permanentes.
As deformações elásticas são avaliadas por equipamentos próprios chamados
genericamente de defletômetros por medirem os deslocamentos verticais nomeados
como “deflexão” do pavimento. Elas são responsáveis pelo surgimento da maioria
dos trincamentos ao longo da vida do pavimento, e que podem levar à fadiga do
revestimento (JACINTHO, 2005 pg.34).
Conforme IPR-720 (2006), em modelos de previsão de desempenho é
necessário utilizar medidas de resistência do pavimento que resumam as interações
complexas entre tipos de materiais, módulos de elasticidade, espessuras das
camadas e condição da superfície. O HDM-4 utiliza o Número Estrutural do
Pavimento (SNP) como forma de expressar a capacidade estrutural de um dado
pavimento. Não havendo resultados de ensaios nas camadas dos pavimentos para
obtenção direta do SNP, pode-se estimá-lo a partir da deflexão máxima (D0).
Paterson (1987) apresenta correlações empíricas para obtenção do SNP a partir de
D0.
Um método destrutivo é aquele que investiga a condição estrutural de cada
camada que compõe o pavimento por abertura de trincheiras ou poços de
sondagem, permitindo recolher amostras de cada material até o subleito e realizar
ensaios de capacidade de carga in situ. Pela sua própria natureza destrutiva, só
pode ser empregado em alguns poucos pontos selecionados como representativos
de cada segmento a ser avaliado. Já o método semidestrutivo é aquele que se vale
de aberturas menores de janelas no pavimento que permitam utilizar um instrumento
portátil de pequenas dimensões para avaliar a capacidade de carga de um
pavimento, tal como o uso de cones dinâmicos de penetração.
No caso de grandes extensões de pistas, vislumbrando a ocorrência de
repetições no mesmo ponto para que seja possível acompanhar a variação de carga
com o tempo, deve ser utilizada uma medida não-destrutiva. Dessa maneira, todas
as vezes que uma roda passa no pavimento, existe um deslocamento total que
possui dois componentes, que, segundo Bernucci et al (2006 pg. 123), seria:

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• Deformação elástica que resulta na flexão alternada do revestimento,


chamada por convenção de deflexão, cuja medida é a principal forma de
avaliação estrutural de um pavimento em uso.
• Deformação permanente que resulta no afundamento de trilha de roda
cuja medida também é um critério de definição da vida útil estrutural e
funcional de um pavimento visto que, a partir de certo valor, pode interferir
na condição de conforto e segurança do tráfego.
No caso dos defeitos superficiais, eles são encontrados sob a forma de
agregados polidos, exsudação, empolamento, desintegração, intemperismo e
desagregação. Por outro lado, os defeitos que decorrem das deformações são as
depressões, afundamentos de trilha de roda, corrugação (popularmente conhecido
como “costela de vaca”) e deformação plástica de revestimento. E, enfim, os defeitos
que decorrem dos remendos, identifica-se a deterioração dos remendos e panelas.
Dessa maneira, torna-se possível observar que, dentre as principais patologias,
destacam-se:
• desagregação;
• remendos;
• panelas;
• ondulação/ corrugações;
• afundamentos;
• fendas / trincas.
Por isso, todo o pavimento que se encontra deteriorado, ou seja, que apresenta
alguma das questões acima, observa-se que está se aproximando de sua vida útil e,
portanto, torna-se necessária a realização de algum tipo de manutenção específica
para cada problema encontrado. Nesse momento, o diagnóstico do tipo da patologia
que ocorre no asfalto é essencial, pois torna-se importante identificar as causas do
defeito para que seja possível aplicar uma solução viável para o caso.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pavimentar significa revestir um piso ou chão com uma cobertura. No âmbito


da engenharia, pavimentação constitui uma base horizontal composta por uma ou
mais camadas sobrepostas, elevando sua durabilidade e facilitando o fluxo de
veículos e pessoas.
As soluções em artefatos de concreto são o uso de pavimentos permeáveis,
pavers e pisos grama. Eles permitem o escoamento correto da água para o solo e
lençóis freáticos sem trazer prejuízos para sua estrutura interna. Além disso,
apresentam processos fáceis para instalação e manutenção, além de promoverem
maior conforto térmico se comparado ao asfalto, atenuando a formação de ilhas de
calor.
Esperamos que neste módulo o aluno tenha conseguido aprender as
principais características e conceitos dos materiais e agregados para pavimentação
e que eles, a partir do que foi explicado aqui, possam colocar em prática em
situações de trabalho.

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