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Universidade Pedagógica
Beira
2016
Elvito Orlando Chirrindza
Tema:
Cadeira:
MEIC
Universidade pedagógica
Beira
2016
Índic
e
Introdução................................................................................................................................................4
Delimitação do tema.................................................................................................................................5
Caracterização do problema.....................................................................................................................5
Objectivos do trabalho..............................................................................................................................8
Hipóteses do trabalho...............................................................................................................................9
Justificativa............................................................................................................................................10
Metodologia da pesquisa........................................................................................................................11
Referencial teórico.................................................................................................................................11
Cronograma....................................................................................................................................13
Segurança...............................................................................................................................................15
A segurança no trabalho.........................................................................................................................15
A segurança e as organizações...............................................................................................................15
Rotatividade da mão-de-obra na construção civil...................................................................................16
3
Curta duração da mão-de-obra na construção.........................................................................................17
Equipamentos de protecção individual...................................................................................................18
Apresentação de caso de acidente de trabalho na cidade de Maputo......................................................22
Bibliografia............................................................................................................................................25
Introdução
Este presente projecto de pesquisa visa fazer saber aos profissionais de construção civil
sobre a importância da segurança em obras de construção civil, tendo como principal motivação
os incidentes que Moçambique vem enfrentando nos últimos dois anos devido ao défice de
segurança em obras de construção civil, debilidades essas que tem afectado a todos os envolvidos
no mundo do trabalho de construção civil, e para se ultrapassar tais cenários não basta cingir nos
apenas na legislação e fiscalização, mas também da implementação de medidas de prevenção.
Os desafios continuam ainda maiores pois, os empregadores precisam perceber a
importância de medidas preventivas no que diz respeito a segurança no trabalho em obras de
construção civil, não só como obrigação legal mas como um compromisso insubstituível com a
vida, a produtividade, o lucro e a sobrevivência.
Segurança do trabalho é definida como uma série de medidas e normas técnicas
destinadas a prevenir acidentes profissionais, educando os trabalhadores nos meios de evitá-los,
como também procedimentos capazes de eliminar as condições inseguras do ambiente de
trabalho. Sendo assim, a segurança do trabalho na Construção Civil é um assunto de suma
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importância, que não interessa apenas aos trabalhadores, mas também às empresas e a sociedade
em geral, pois um trabalhador acidentado, além de sofrimento pessoal, passa a receber seus
direitos previdenciários, que são pagos por todos os trabalhadores e empresas (VIEIRA, 1994).
A não observância dos princípios básicos de segurança tem gerado problemas como
acidente de trabalho, e é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da
capacidade para o trabalho permanente ou temporária.
Caracterização do problema
5 O sector da construção civil, durante muito tempo, foi destaque em números de acidentes
e mortes do trabalho em Moçambique, dai que organizações especializadas, trabalhadores e
governo vem canalizando esforço para a reversão deste quadro, e um dos passos que o governo
deu a respeito consta na secção III da Lei do Trabalho e na subsecção I é dado a noção do que
vem a ser acidente de trabalho. Com esta pesquisa se almeja implantar uma cultura de observação
de normas de segurança em obras de construção civil na cidade de Maputo, avaliando a realidade
no terreno de trabalho e a segurança oferecida aos operários de construção civil nos devidos
locais.
Salienta ainda, Priori (apud VALE, 2002, p. 42) a valorização do trabalho, cuja visão é
voltada ao operário da construção, à família e ao meio social que rodeia este cidadão. A partir do
momento que a empresa investe na pessoa, há uma melhoria significativa na qualidade e na
Objectivos do trabalho
Objectivo geral
Informar sobre a importância da segurança em obras de construção civil para prevenção
de acidentes.
Objectivos específicos
Os objectivos específicos do trabalho são:
Aplicar as medidas de protecção e prevenção que evitem acções e situações de risco em
obras de construção civil;
Propor metodologias de trabalho, buscando motivação, qualidade e segurança para além
da legislação que, indirectamente, auxilie o cumprimento das normas que ajude a redução dos
acidentes em obras de construção civil;
Contribuir efectivamente com as construtoras e respectivas obras analisadas, fornecendo
quando possível, informações, sugestões e alguns apontamentos referentes aos trabalhadores e as
obras, não se limitando apenas na realização do levantamento quantitativo.
Hipóteses do trabalho
Hipótese Geral
Este estudo tem como hipótese principal a verificação de alguns tipos de obras de
construção civil da cidade de Maputo, Província de Maputo, se encontram-se em
desconformidade com as determinações das normas de segurança do trabalho, em especial, no
que diz respeito a utilização de protecção contra quedas de altura, elevador de carga, elevador de
pessoal, máquinas e ferramentas diversas, gruas, serra circular, sector de carpintaria, armações de
aço, instalações eléctricas provisórias, ordem e limpeza, protecção contra incêndio, bem como
utilização de Equipamentos de Protecção Individual e colectivas.
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Hipóteses Específicas
Existe grande resistência por parte das empresas à implantação de programas de
segurança, que incluem: treinamentos (capacitação técnica), capacitação física (ginástica laboral),
fiscalização interna dos prestadores de serviço na utilização de equipamentos de protecção
colectiva e individual, resistência em adquirir e utilizar equipamentos com novas tecnologias,
higiene, limpeza e organização do ambiente de trabalho. Os trabalhadores da Construção Civil
são expostos a situações de risco, que na maioria das vezes poderiam ser evitadas com o simples
cumprimento das normas de segurança, específica para a Construção Civil. Além dos riscos de
acidentes, os trabalhadores da construção civil labutam em ambientes de trabalho com condições
de higiene, organização, limpeza e saúde precárias. A preocupação existente, por parte de
engenheiros, administradores, empreendedores e até mesmo dos empregados, no planeamento
dos canteiros de obra para melhor optimização de espaços e melhores condições de saúde e
segurança do trabalho se demonstra extremamente volúvel. A importância desta fase de
planeamento é deixada em segundo plano. Soma-se ainda a considerável ineficiência do
Ministério do Trabalho em divulgar normas, tanto em carácter de divulgação quanto em carácter
de informação aos profissionais, empresários e trabalhadores que acabam interpretando como
medidas punitivas ao invés de medidas preventivas.
Justificativa
Este projecto ira desenvolver nos empregadores conhecimentos ligados a segurança em
obras de construção civil, desde a chegada do funcionário no local de trabalho, identificação do
material necessário e teste dos equipamentos de protecção individual assim como colectivos.
Ainda irá motivar os trabalhadores para a aplicação dos conhecimentos relativos a
segurança no trabalho deste a observância mais racional das medidas elementares atá as mais
sofisticadas medidas de protecção tanto individual como colectiva.
O ramo da construção civil é um dos sectores que mais emprega operários em
Moçambique, devido ao elevado número de vagas de trabalho nesta área, que se deve ao advento
de vários projectos de construção no país, associado a isso estão os acidentes de trabalho que na
sua maioria não vem ao conhecimento do público e a ausência de relatórios periódicos da área
justifica o facto.
10 Apesar disso não se verifica uma fiscalização eficiente no sector de forma a minimizar os
acidentes de trabalho em obras de construção civil, na maioria das vezes as vistorias limitam-se
apenas a questões de licenças, dimensionamentos da obra e prazos não abrangendo assim
questões ligadas a segurança dos trabalhadores.
Para Sampaio (1998) muitos acidentes, poderiam ser evitados se as empresas tivessem
desenvolvido ou implantado programas de segurança e saúde no trabalho, além de oferecer maior
atenção à educação e ao treinamento de seus operários.
Metodologia da pesquisa
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b) Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
Quanto a abordagem do problema, este estudo acopla a pesquisa quantitativa com a
qualitativa, pois se busca quantificar alguns dados através dos números e tenta-se verificar o grau
de qualidade implantado nas obras de construção. Conforme Gil (1991, apud BRANDLI, 2001), a
pesquisa, do ponto de vista dos seus objectivos, pode ser descritiva desde que “caracterize uma
população, fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de colectas de dados: questionários e observação sistemática. Assume, em geral, a
forma de levantamento.”
Referencial teórico
Segundo Mabel (2002), “o acidente não é bom para ninguém, ninguém ganha com o
acidente” (apud VALE, 2002, p. 52), ressaltando a necessidade dos investimentos no sector
produtivo, a fim de controlar e reduzir acidentes, os quais podem vir a afectar a produção e,
consequentemente, os lucros da empresa.
Em outro comentário, no mesmo artigo, Mabel (2002) diz: “Segurança é lucro”. Este
autor, referindo-se a necessidade de estar atento as variações da produção, dos produtos
salientando que a segurança oferecida aos funcionários é o que muito contribui para o
crescimento da balança financeira da empresa. Percebe-se e justifica-se a atenção dada pelo
empresário à questão, já que oferecer melhores condições de trabalho aos operários significa,
qualidade, desempenho e produtividade.
Quanto as instalações sanitárias pode-se afirmar que: “é difícil exigir higiene, organização
e assepsia de um trabalhador se no local destinado a higiene as instalações são precárias”. As
normas asseguram que: “os vestiários devem ser mantidos em perfeito estado de conservação e
limpeza”. Dentro do aspecto das condições de trabalho oferecidas para os funcionários, pode-se
salientar que “a manutenção do mínimo de saúde e higiene deve ser mantida como hábito, o que
também auxilia no desenvolvimento humano, na relação e na preocupação empregador e
empregado” (TECHNE CONSTRUÇÃO, 2002, p. 18).
Segundo a revista Techne:
“o canteiro de obra é apenas o local onde o edifício será erguido. A infra-
estrutura de alojamentos, área de lazer, vestiários e escritórios também
contam e devem seguir os mesmos padrões de limpeza e higiene. Para o
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conforto dos trabalhadores devem haver armários individuais com
fechadura ou cadeado, pé direito mínimo de 2,50 metros e banco com
largura mínima de 30 centímetros” (TECHNE, 2002, p.18).
Além de atender estes quesitos deve-se salientar a importância do arranjo físico em obras
de construção civil que, uma vez bem planejado, ajuda na propulsão da segurança.
Segundo Rodrigues (2002), técnico de segurança do trabalho, “a conscientização não é
difícil, basta fazer que os trabalhadores enxerguem-no como amigo, valorizem suas actividades,
exigindo da empresa medidas seguras de trabalho.” (RODRIGUES apud VALE, 2002, p. 36).
Desta forma, atinge-se bons resultados de segurança e quem ganha é a construção, a empresa e o
operário. Uma outra questão é “priorizar o produto, mas também priorizar o trabalhador,
resgatando a dignidade e implantando uma cultura prevencionista, investir nas áreas de vivência,
manter a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e outras formas de apoio que
contribuem com o andamento da obra” (RODRIGUES apud VALE, 2002, p. 36).
Construtoras e engenheiros ligados a área da construção civil confirmam em artigos e
outras publicações, que o uso de ferramentas para prevenção dos acidentes de trabalho fazem
com que os operários sintam-se mais seguros, o que resulta em maior rendimento nas obras. Para
Priori (apud VALE, 2002, p. 44), algumas medidas de prevenção podem ser tomadas, tais como:
- Conversar com novos estagiários e engenheiros, o que resulta em novas idéias;
- Realizar gincana para arrecadar livros e fazer um concurso de leitura;
- Participação de funcionários em reuniões e palestras;
- Colocar caixas de sugestões nas obras;
- Conhecer o tipo de vida dos funcionários;
- Preparar refeições balanceadas. Contactar com as cozinheiras e nutricionistas;
- Comprar kits de higiene, com pasta de dente, papel higiénico e sabonete;
- Promover a alfabetização dos operários;
- Realizar exames de saúde ocupacional e vacinações;
- Fazer reuniões 3 vezes por semana, de 5 a 15 minutos;
- Agentes, pessoas que promovam segurança nos canteiros de obra, motivação ou até sorteio de
cestas básicas;
- Elaborar e distribuir pela obra cartazes preventivos falando sobre a segurança no trabalho;
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- Incentivar a cultura, como por exemplo, textos dos filhos referentes a segurança dos pais na
construção;
- As empresas têm um papel social a cumprir.
Como visto, algumas medidas de prevenção são simples mas muito eficientes. De fácil
aplicação no canteiro de obra, estas sugestões, com carácter social e humano, são implantadas
como regra nas edificações de sua empresa.
Cronograma
ATIVIDADES MAR ABR MAIO JUN AGO SET OUT NOV
Escolha do tema
e do orientador
Encontros com o
orientador
Pesquisa
bibliográfica
preliminar
Leituras e
elaboração de
resumos
Elaboração do
projeto
Entrega do
projeto de
pesquisa
Revisão
bibliográfica
complementar
Coleta de dados
complementares
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Redação da
monografia
Revisão e
entrega oficial do
trabalho
Apresentação do
trabalho em
banca
Segurança
A negligência em relação a segurança do trabalho em obras de construção civil não é
novidade, no contexto regional, provincial ou do país, mas sim do contexto mundial. Alguns
empresários consideram os gastos com higiene e segurança um desperdício de dinheiro, podendo
colocar algumas vidas em risco ao invés de protegê-las com equipamentos, medidas, controles e
planeamento de segurança.
Levando-se em consideração todos estes apontamentos, é de fundamental relevância para
a área da engenharia, debater e questionar a realidade da segurança no trabalho em construção
apresentada pelas empresas; sua eficácia e os benefícios que empresários e operários obtêm com
a adopção de sistemas preventivos.
A segurança no trabalho
Existem várias formas de se definir Segurança no Trabalho, mas todas têm a mesma intenção ou
objectivos.
Por segurança no trabalho entende-se o conjunto das medidas administrativas, legais,
A segurança e as organizações
Antes de quaisquer atributos, pode-se ver a questão da segurança no trabalho como um ponto de
referência qualitativo, que tange e configura empresas que zelam pela qualidade das construções
que executam. Assim como em várias actividades do processo construtivo de uma edificação, a
segurança não caminha isolada, e sim apoiada em uma série de medidas que asseguram a
organização, limpeza, produtividade, assepsia, atenção, condições adequadas de trabalho e, ainda,
dignidade aos operários.
Rotatividade da mão-de-obra na construção civil
Os operários geralmente têm que procurar nova colocação em qualquer outro lugar tão
logo termine o trabalho anterior. Essa tendência levou muitos operários a trabalharem como
autónomos.
De acordo com Leal (2002, CIPA), as condições de trabalho as quais os operários são
expostos também contribuem para o rendimento ou não do serviço na obra. Como grande
contribuinte e auxiliadora no engajamento da segurança e, principalmente, das condições nos
diversos postos de trabalho da construção, outro ponto que deve ser analisado é a questão da
ergonomia na construção.
As condições de trabalho quase nunca são idênticas entre uma obra e outra. A disposição
e as adaptações que se fazem em cada local, dependem directamente dos tipos de trabalho a
serem executados, das máquinas e ferramentas disponíveis, da organização do trabalho e de
outros elementos. As precauções e hábitos de segurança do trabalho adquiridos em um local, com
frequência são inadequados e não são aplicáveis em outro, pois dependem da necessidade do
ganho do trabalhador; ele se disponibiliza a executar um serviço que nunca fez, sem treinamento
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nenhum, arriscando-se, e mais, sem conhecimento do risco, não cumpre as normas de segurança.
Na prática os trabalhadores, estão sempre correndo contra o relógio, pois as realizações
das obras devem ser executadas em certo período de tempo, daí o uso intensivo da mão-de-obra,
sendo o trabalhador obrigado a dobrar o turno, seja com redução de intervalo legal, de 8 horas
entre duas jornadas de trabalho sucessivas, seja generalizando-se o expediente de horas extras ou
contratando mão-de-obra adicional sem qualquer planeamento.
Brandli (2000) acredita que a esmagadora desvantagem do sistema de subcontratação é a
falta de treinamento, embora exista em outros sistemas também. Ressalta que o problema desta
questão é que o treinamento já inexiste em muitos casos e se agrava com a terceirização dos
trabalhos (HILLEBRANDT, 1990, apud BRANDLI, 2000, p. 47).
Brandli (2000) afirma ainda que a subcontratação agrava a dificuldade de treinamento
característico da construção, porque as contratantes passam as responsabilidades desta acção para
as subcontratadas, que na maioria das vezes não são capazes de efectivá-lo. As razões para este
fato são a falta de local para o treinamento, a falta de recursos financeiros para viabilizar o
treinamento e a falta de tempo dos subcontratantes para treinar (AGAPIOU et al, 1995, apud
BRANDLI, 2000, p. 47).
Curta duração da mão-de-obra na construção
É frequente a contratação de mão-de-obra para execução de trabalhos, actividades de
produção, principalmente os trabalhos perigosos e insalubres.
Não é preciso ser especialista em segurança para saber que em Moçambique qualquer pessoa
realiza trabalhos em altura, sem que seja observado qualquer critério. Expor várias vidas humanas
a situações de trabalho e risco em tais condições de trabalho, é pelo menos uma inconsequência,
cujos resultados são conhecidos. Se os trabalhadores caem, as causas são conhecidas e comuns.
Mas quase nada tem sido feito para que isso seja evitado, além dos verdadeiros tratados de
transferência de responsabilidade que operários, muitas vezes semialfabetizados, são obrigados a
assinar antes de subirem para verdadeiros desafios de sobrevivência.
Os trabalhadores morrem pela total indiferença com que esse tipo de actividade é tratado,
sendo ela ainda muito perigosa, mesmo quando merecedora de todos os cuidados. Indiferença dos
profissionais de segurança, que ao longo dos anos ficam passivos diante dos meios possíveis e
pouco ou quase nada faz para obter meios mais seguros. Indiferença das empresas que contratam
serviços de outras empresas sem atentarem para qualquer critério que demonstre ao menos um
17 mínimo de preparo para o trabalho perigoso. Indiferença governamental, quando um
Juiz aceita como prova de treinamento papéis assinados por pessoas que evidentemente não
tiveram ou não teriam meios para ao menos ler, quanto mais compreender o que ali está contido
e, mais ainda, pela ausência de legislação específica mais rigorosa, justamente para a actividade
onde mais acontecem acidentes no trabalho.
A responsabilidade pela segurança deveria ser da empresa contratante, pois cabe a ela
implantar seu programa interno de segurança e engajar os subcontratantes. É difícil que as
empresas consigam ver por este lado, porém necessário. Para que não haja este tipo de pena é
preciso explicitar programas de qualidade, que envolvam directamente a segurança, a qualquer
prestadora de serviços que estiver presente em obra, (SMITH & ROTH, 1991, apud BRANDLI,
2000, p. 48).
Equipamentos de protecção individual
Equipamento de Protecção Individual –EPI- pode ser definido “como todo dispositivo de
uso individual destinado a proteger a integridade física do trabalhador” (SAMPAIO, 1998, p.
117), onde cabe aos operários, utilizar estes meios de protecção, e além disso devem saber do
dever em usar e do direito da utilização gratuita dos EPIs, desde que assumam a responsabilidade
no cuidado e manutenção dos mesmos.
Além de proteger, estes equipamentos oferecem uma certa segurança, vezes momentânea,
mas em, alguns momentos, suficiente para alertar. O EPI tem por finalidade auxiliar e orientar os
funcionários da empresa na utilização adequada, os quais quando esquecidos mesmo por instantes
pode, provocar algum acidente não esperado (SAMPAIO, 1998, p. 117).
As Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do
Trabalho, apontam alguns direitos e deveres aos empregadores e empregados:
Cabe ao empregador:
- Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre Segurança e Saúde no
trabalho;
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- Fornecer aos empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento;
- Tornar obrigatório o uso do EPI;
- Substituir, imediatamente, o EPI danificado ou extraviado;
- Higienizar e realizar manutenção periódica do EPI.
Cabe ao empregado:
- Observar as normas de Segurança do Trabalho;
- Usar o EPI fornecido pela empresa para a finalidade a que se destina;
- Responsabilizar-se por sua guarda e conservação;
- Comunicar à Área de Segurança directamente, ou pelo encarregado ou mestre-de-obras,
quando o EPI tornar-se impróprio para o uso.
Sampaio (1998) cita uma lista básica de EPIs que devem ser utilizados nas obras,
implantando, assim, o sistema de protecção contra acidentes no trabalho:
Protecção à Cabeça
a) Protecção craniana:
c) Protecção à face:
- Protector facial
- Protector facial acoplado ao capacete
d) Protecção respiratória:
- Máscara panorâmica
- Máscara semifacial – respirador
- Máscara descartável contra poeiras incómodas
- Filtro para protecção contra poeiras químicas finíssimas
- Filtro para protecção respiratória contra gases, ácidos nitrosos e halogénicos
- Filtro para protecção respiratória contra vapores orgânicos, solventes e insecticidas
- Máscara descartável para protecção respiratória contra poeiras inertes
- Filtro para protecção respiratória contra poeiras inertes
e) Protecção aos ouvidos:
Protecção ao tronco
a) Protecção geral:
- Avental de raspa
- Avental de PVC
b) Protecção às mãos:
- Luva de raspa com punho de 8cm
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- Luva de lona com punho de malha de 5cm
- Luva vinílica com punho de malha
- Perneira de raspa
b) Protecção aos pés e pernas:
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b) protecção contra quedas:
- Cinturão de segurança tipo electricista
- Cinturão de segurança tipo pára-quedista
- Trava-quedas
protecção especial
a) protecção geral:
- Colete reflectivo
Apresentação de caso de acidente de trabalho na cidade de Maputo
Desabamento de andaimes
Um dos operários que se identificou pelo nome de Juvêncio, de 24 anos de idade, que
escapou do acidente por ter se afastado pouco antes de os andaimes caírem, declarou que, de
repente, sentiu sede e foi beber água. Volvido poucos segundos ele ouviu um ruído e, em seguida,
estrondos. Os andaimes já se tinham defeitos da altura de um prédio com 16 andares e muitos dos
seus companheiros ficaram invisíveis.
“Acho que foi Deus que me fez sentir sede para que me afastasse daquela situação, mas, apesar
de ter escapado estou deveras triste porque perdi três amigos e os outros continuavam em estado
grave”, contou o entrevistado.
Um outro trabalhador que responde pelo nome de João, disse que escapou
da morte em virtude de ter saído dos andaimes pouco tempos antes de
desabarem, para efectuar uma chamada telefónica para um seu familiar no
sentido de saber a evolução da saúde da filha de 3 anos de idade, que na
Figure 2: Edificio de 16
andares donde caíram os altura padecia de malária.
andaimes
Tudo ocorreu de forma rápida e outro grupo de trabalhadores ficou entalado
debaixo dos andaimes, tendo sido necessário recorrer a única máquina e à força humana para
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resgatar as vítimas. Um dos operários que responde pelo nome de Timóteo, de 25 anos de idade,
contou que o trabalho decorria, de repente, ouviu-se um estrondo e do lado onde do andaime
derrocado viu-se poeira que ofuscava tudo.
Por sua vez, Vitória Diogo, ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social,
reconheceu que naquelas obras não havia segurança, por isso, a obra foi imediatamente
embargada até que a comissão de inquérito multissectorial criada para perceber o que originou o
desabamento fatal concluísse as investigações.
“As obras de uma grande envergadura exigem uma maior atenção, acima de tudo, uma
responsabilidade. Estamos a lidar não apenas com uma construção, mas com edifício que vai
albergar pessoas e envolve outros indivíduos na fase da construção”, finalizou Vitória Diogo.
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Constata-se a necessidade de uma evolução no campo da construção civil para que, com isso
surjam melhorias nas áreas técnicas, construtivas e de projectos, e principalmente, da atenção para
com os trabalhadores.
Os dados referentes ao assunto segurança, demonstram números negativos e
desestimuladores. É inevitável admitir-se a necessidade de uma atenção especial ao tema já que se
trata da prevenção de acidentes e da manutenção de medidas preventivas.
As condições de trabalho e o arranjo físico das obras de construção civil merecem uma
preocupação dos profissionais porque tudo que estiver em volta dos trabalhadores nas obras
influenciam no bom andamento do trabalho. Bibliografias especializadas, artigos científicos e outras
fontes apontam a suma importância da organização, limpeza, produtividade e segurança nas obras,
para garantir sua competitividade no mercado.
Bibliografia
SILVA, Andréa Paula Galvão da et al. Equipamento de Proteção Individual (EPI) Utilizados na
Construção Civil : Política de Uso, Exigências de Qualidade e Legislação. Revista Evangelista,
Fortaleza, v.4, n.7, p. 9-16, set/2002.
POZZOBON, Cristina Eliza et al. Programa de Condições e Meio Ambiente de Trábalo na
Indústria da Construção : PCMAT Condomínio Royal Plaza Shopping Center Santa Maria.
25 Santa Maria, 69p.
VIEIRA, Sebastião Ivonne (org). Medicina básica do trabalho. Vol II. Curitiba : Gênesis, 1994.
BUONO NETO, Antonio & BUONO, Eliane Arbex. Primeiros Socorros e Prevenção de
Acidentes. São Paulo : LTr, 1998.
BRANDLI, Luciana Londero. A Estratégia de Subcontratação e as Relações Organizacionais
na Construção Civil de Florianópolis. Ijuí : Editora Unijuí, 2000. 165p. Dissertação (mestrado
em Gerenciamento da Construção) – departametno de Tecnologia, Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2000.
http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/54031-andaimes-de-um-predio-em-
construcao-desabam-matam-cinco-trabalhadores-e-ferem-oito-em-maputo