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Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Geológica

Análise de Parâmetros físico-químicos para avaliar a influência da


Composição Mineralógica de Solos/Rochas na Qualidade das águas dos
furos da Cidade de Pemba

Autor: Ali Yunussa

Supervisor: Isac AbdulGani Burgraff, MSc

Co-Supervisor: Eng.o Hermenigildo Niquina, Lic

Pemba, Junho de 2021


Universidade Lúrio
Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Geológica

Análise de Parâmetros físico-químicos para avaliar a influência da


Composição Mineralógica de Solos/Rochas na Qualidade das águas dos
furos da Cidade de Pemba

Monografia apresentada ao departamento de


Engenharia Geológica da Universidade Lúrio,
Faculdade de Engenharia como cumprimento do
requisito parcial e obrigatório para a obtenção do
título de Licenciatura em Engenharia Geológica.

Autor:

_____________________

(Ali Yunussa)

Supervisor: Co-Supervisor:

___________________________ _________________________

(Isac AbdulGani Burgraff, MSc) (Eng.o Hermenigildo Niquina, Lic)

Pemba, Junho de 2021

ii
PENSAMENTO

"Só se pode alcançar um grande êxito


quando nos mantemos fiéis a nós mesmos".
Friedrich Nietsche

iii
PÁGINA DE ACEITAÇÃO

_________________________________________
Presidente do Júri

_________________________________________
Secretário

_________________________________________
Vogal

Pemba, aos______ de __________________ de_________

iv
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Ali Yunussa declaro por minha honra que sou autor desta Monografia e que autorizo a
Universidade Lúrio, a fazer uso da mesma, com a finalidade que julgue conveniente.

Assinatura: ___________________________

Data: __________________________________

v
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço à ALLAH, o criador dos céus e da Terra e de tudo quando
existe entre ambos, aquele que criou o ser humano através de uma gota seminal,
aperfeiçoo-o e ensinou-o a expressar-se através de uma caneta, por me conceder esta
grande dádiva e ter permitido a compilação e exposição deste trabalho.

Aos meus pais pela educação, ensinamentos que me dão todos dias e pelo apoio moral,
financeiro que me deram em todos os dias que precisei.

Ao meu tio Ebraimo Salimo pela ajuda financeira e por acreditar em mim.

Aos meus primos Caonane Salimo e Yunussa Atumane.

Aos meus irmãos pelo incentivo, força e pela consideração como um exemplo a seguir.

Aos meus supervisores MSc. Isac AbdulGani Burgraff e Engo . Hermenigildo Niquina pela
disponibilidade na orientação, paciência, compreensão, dedicação, humildade, apoio moral
e financeiro para a realização deste trabalho, que ALLAH os recompense da melhor forma.

Ao MSc, Geofísico Onofre das Flores pela motivação desde o meu 2o ano da faculdade.

Aos docentes do Departamento de Engenharia Geológica da Universidade Lúrio, e aos


meus colegas da faculdade em especial os da geração 2016, pelo amor, carinho, apoio e
irmandade criada ao longo desta longa caminhada.

Aos meus amigos e colegas mais próximos: Maimuna, Wazir, Lize Fernanda, Tia Alimina,
dr. Assane Muaiua, Adiame, Anlawe, Julião, Litos, Jorge Chame, Narciso, Engo . Virgílio.

Ao Abdul Carimo, técnico do INAM delegação de Pemba, pela disponibilização de dados


climatéricos.

Ao Departamento de Águas do Ministério Arco Iris Pemba, de forma especial ao técnico


Derek pela disponibilização de informações dos furos.

Ao Laboratório Provincial de Águas de Cabo Delgado, na Cidade de Pemba.

E por fim, agradeço a todos que directa ou indirectamente contribuíram para a realização
deste trabalho.

O meu muito obrigado!

vi
DEDICATÓRIA

É com muito amor, carinho e prazer, que dedico esta monografia aos meus pais, Yunussa
Essumaila e Mariamo Francisco que sempre acompanharam a minha vida académica,
embora distantes. E ao meu tio Ebraimo Salimo, por sempre apoiar meus sonhos e confiar
em meu potencial.

vii
RESUMO
O objectivo desta pesquisa foi de avaliar a influência da composição mineralógica de solos/rochas
na qualidade de água dos furos, utilizando como indicadores, parâmetros físico-químicos
qualitativos de água, nos bairros de Nanhimbe, Natite, Maringanha e Chuiba, na cidade de Pemba.
Para o desenvoolvimento deste trabalho fez-se o levantamento bibliogáfico sobre a geologia
(regional e local) e sobre hidrogeologia local; reconhecimento e cadastro dos 12 furos selecionados,
colecta e ánalise físico-química das águas dos furos, durante os meses de Maio e Outubro de 2020.
As ánalises laboratoriais físico-químicas foram feitas no Laboratório Provincial de Águas de Cabo
Delgado, na cidade de Pemba, no qual foram determinados os seguintes parâmetros: pH,
Condutividade eléctrica, Turvação, STD, Cor, Sabor, Nitratos, Nitritos, Cloretos, Alcalinidade
total, Bicarbonatos, Sulfatos, Dureza total, Cálcio, Magnésio, Fluoretos e Ferro total. Para
avaliação da influência da composição mineralógica de solos/rochas na qualidade de água foram
elaborados gráficos de correlação linear dos índices hidrogeoquímicos e para a determinação das
fácies hidrogeoquímicas foi elaborado um diagrama de Piper a partir do software Qualigraf. Os
parâmetros STD, Cl-, SO4 2- e dureza apresentaram valores dentro dos limites admissíveis em todos
os furos. O pH variou entre 7,2 a 8,9, em que o valor máximo mostra estar fora do recomendado.
Os minerais calcite e dolomite se manifestaram como tampão, neutralizando os ácidos e
enriquecendo a Alcalinidade total. Foi possível observar cinco (5) grupos de águas subterrâneas:
águas bicarbonatadas magnesianas, águas bicarbonatadas cálcicas, águas cloretadas cálcicas, águas
mistas magnesianas e águas mistas cálcicas.
Palavras-chave: Hidrogeoquímica; Parâmetros físico-químicos; Composição Mineralógica;
Solos/Rochas; Água dos furos; Qualidade de água.

viii
ABSTRACT
The objective of this research was to evaluate the influence of the mineralogical composition of
soils/rocks on the water quality of the wells, using as indicators, qualitative physicochemical
parameters of water, in the districts of Nanhimbe, Natite, Maringanha and Chuiba, in the city of
Pemba. For the development of this work, a bibliographical survey on geology (regional and local)
and on local hydrogeology was carried out; recognition and registration of the 12 selected wells,
collection and physical-chemical analysis of the water from the wells, during the months of May
and October 2020. The physical-chemical laboratory analyzes were carried out at the Provincial
Water Laboratory of Cabo Delgado, in the city of Pemba , in which the following parameters were
determined: pH, Electrical conductivity, Turbidity, TDS, Color, Flavor, Nitrates, Nitrites,
Chlorides, Total alkalinity, Bicarbonates, Sulphates, Total hardness, Calcium, Magnesium,
Fluorides and Total iron. To evaluate the influence of the mineralogical composition of soils/rocks
on the water quality, linear correlation graphs of the hydrogeochemical indices were prepared and
for the determination of the hydrogeochemical facies, a Piper diagram was created using the
Qualigraf software. The parameters TDS, Cl-, SO4 2- and hardness presented values within the
permissible limits in all holes. The pH ranged from 7.2 to 8.9, where the maximum value shows to
be outside the recommended. Calcite and dolomite minerals manifested as a buffer, neutralizing
acids and enriching the total alkalinity with extremely high values in holes. It was possible to
observe five (5) groups of groundwater: Magnesian bicarbonated waters, calcium bicarbonated
waters, calcium chlorinated waters, magnesian mixed waters and calcium mixed waters.
Keywords: Hydrogeochemistry; Physicochemical parameters; Mineralogical Composition;
Soils/Rocks; Water from the holes; Water quality.

ix
Índice
PENSAMENTO .....................................................................................................................iii

PÁGINA DE ACEITAÇÃO ................................................................................................. iv

DECLARAÇÃO DE HONRA............................................................................................... v

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... vi

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................vii

RESUMO ............................................................................................................................. viii

ABSTRACT............................................................................................................................ ix

LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ......................................... xiii

LISTA DE UNIDADES ......................................................................................................xiv

ÍNDICE DE TABELAS....................................................................................................... xv

ÍNDICE DE GRÁFICOS ..................................................................................................... xv

ÍNDICE DE EQUAÇÕES ...................................................................................................xvi

ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................xvi

CAPÍTULO I: Introdução .................................................................................................. 1

1.1.Contextualização .......................................................................................................... 1

1.2. Problematização .......................................................................................................... 2

1.3. Justificativa.................................................................................................................. 2

1.4. Relevância ................................................................................................................... 2

1.5. Objectivos.................................................................................................................... 3

1.5.1. Geral ..................................................................................................................... 3

1.5.2. Específicos: ........................................................................................................... 3

CAPÍTULO II: Fundamentação Teórica .......................................................................... 4

2.1. Caracterização mineralógica de solos e rochas ........................................................... 4

2.1.1. O solo e a sua fracção mineral .............................................................................. 4

2.1.2. Métodos de caracterização mineralógica de rochas.............................................. 5

x
2.2. Características hidrogeológicas ................................................................................... 5

2.3. Aquíferos ................................................................................................................. 6

2.4. Mineralização de águas subterrâneas ........................................................................ 11

2.4.1. Factores que influenciam na mineralização das águas subterrâneas .................. 11

2.5. Evolução química da água subterrânea ..................................................................... 12

2.5.1. Evolução na precipitação (precipitação química) ............................................... 13

2.5.2. Evolução no solo................................................................................................. 14

2.5.3. Evolução nos aquíferos ....................................................................................... 15

2.6. Parâmetros físico-químicos qualitativos de água ...................................................... 16

2.6.1. Parâmetros físicos ............................................................................................... 16

2.6.2. Parâmetros químicos........................................................................................... 18

2.7.Índices hidrogeoquímicos (razões iônicas) ................................................................ 24

2.8. Técnicas gráficas de classificação de águas .............................................................. 25

2.8.1. Diagrama de Piper .............................................................................................. 25

2.8.2. Diagrama de Stiff................................................................................................ 28

CAPÍTULO III: Metodologia ........................................................................................... 30

3.1. Revisão bibliográfica................................................................................................. 30

3.2.Trabalho de campo ..................................................................................................... 30

3.3. Trabalho do gabinete/laboratório .............................................................................. 31

CAPÍTULO IV: Enquadramento da Área de Estudo .................................................... 35

4.1. Enquadramento Geográfico....................................................................................... 35

4.2. Enquadramento Físiográfico ..................................................................................... 36

4.2.1. Clima................................................................................................................... 36

4.2.2. Solos ................................................................................................................... 37

4.2.3. Hidrografia.......................................................................................................... 37

4.2.4. Vegetação ........................................................................................................... 37

4.3. Enquadramento Geológico ........................................................................................ 38

xi
4.3.1. Geologia Regional .............................................................................................. 38

4.3.2. Geologia Local.................................................................................................... 38

4.4. Enquadramento Hidrogeológico ............................................................................... 41

4.5. Abastecimento de água.............................................................................................. 44

CAPÍTULO V: Apresentação e Discussão dos Resultados ............................................ 45

5.1. Análise físico-química da água ................................................................................. 50

5.1.1. Parâmetros físicos ............................................................................................... 50

5.1.2. Parâmetros químicos........................................................................................... 52

5.2. Índices hidrogeoquímicos ......................................................................................... 56

5.3. Classificação das águas analisadas............................................................................ 58

CAPÍTULO VI: Conclusões e Recomendações............................................................... 60

6.1. Conclusões: ............................................................................................................... 60

6.2. Recomendações: ........................................................................................................ 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 61

APÊNDICES E ANEXOS ............................................................................................... 66

xii
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
ArcGIS Geografic Information System
ATD Análise Térmica Diferencial
ATG Análise Termogravimétrica
CMCP Conselho Municipal da Cidade de Pemba
DINAGECA Direcção Nacional de Geografia e Cadastro
DNA Direcção Nacional de Águas
DNGA Direcção Nacional de Gestão Ambiental
DPCA-CD Direcção Provincial para Coordenação Ambiental-Cabo Delgado
DRX Difractometria de Raios – X
EDTA Ácido etileno-diamina-tetracético
FIPAG Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água
GPS Geografic Position System
GTK Consortium Consortium headed by the Geological Survey of Finland
INAM Instituto Nacional de Meteorologia
INE Instituto Nacional de Estatística
IV Espectrometria do Infravermelho
K Condutividade hidráulica
k Permeabilidade
OD Oxigénio Dissolvido
OMS Organização Mundial da Saúde
ONG's Organizações não governamentais
pH Potencial hidrogeniónico
Q Caudal
Qualigraf Qualidade de água e gráficos
T Transmissividade
UTM Universal Transversa de Mercator
WGS 84 World Geodetic System 84
ZNS Zona não saturada
ZS Zona saturada
η Porosidade
STD Sólidos Totais Dissolvidos

xiii
LISTA DE UNIDADES
mm Milímetros
nm Nanómetros
μm Micrómetros
m3 Metros cúbicos
mg/L Miligrama por litro
% Percentagem
m2 Metros quadrados
meq/L Miliequivalentes por litro
m Metro
cm/s Centímetro por segundo
μs/cm Microsiemens por centímetro
m/s Metro por segundo
UNT Unidade Nefelométrica de Turbidez
u.m.a Unidade de massa atómica
km2 Quilómetros quadrados
cm Centímetro
m3 /h Metros cúbicos por hora
ppm Partes por milhão
o
C Graus Centígrados
m3 /s Metros cúbicos por segundo
m2 /dia Metros quadrados por dia

xiv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Classificação hidrogeológica dos sedimentos e rochas [Fonte: Giampá &
Gonçales, 2013]. .................................................................................................................... 6
Tabela 2: Porosidade e permeabilidade de alguns materiais geológicos [Fonte: Gordani et
al., 2000]. ............................................................................................................................... 8
Tabela 3: Composição química da água da chuva [Berner & Berner, 1987 apud Esteves,
1998]. Valores em mg/L. ..................................................................................................... 13
Tabela 4: Principais sais e gases que dão sabor à água subterrânea [Adaptado de Custodio
& Llamas, 1983 apud Feitosa et al., 2008]. ......................................................................... 17
Tabela 5: Classificação da água quanto aos valores de condutividade elétrica [Fonte:
Mendes & Oliveira, 2004 apud Neto et al., 2016]............................................................... 18
Tabela 6: Principais índices hidrogeoquímicos e seus significados [Fonte: Modificado de
Hem, 1985]........................................................................................................................... 24
Tabela 7: Principais iões das águas subterrâneas analisados no diagrama de Piper [Fonte:
Adaptado de Custodio & Llamas, 1983 apud Feitosa et al., 2008]. .................................... 26
Tabela 8: Perfis dos furos e respectiva análise físico-química da água [Fonte: Iris
Ministries, Inc, 2018]. .......................................................................................................... 49
Tabela 9: Principais litotipos da área de estudo, com os possíveis minerais [Fonte: Autor,
2021]. ................................................................................................................................... 49
Tabela 10: Classificação da água quanto aos valores de condutividade elétrica, com base
Mendes e Oliveira (2004). ................................................................................................... 51

ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Temperatura e Precipitação Médias Mensais da Cidade de Pemba [Fonte:
Autor, 2020]. ........................................................................................................................ 36
Gráfico 2: Condutividade Eléctrica [Fonte: Autor, 2021]. ................................................. 51
Gráfico 3: Sólidos Totais Dissolvidos [Fonte: Autor, 2021]. ............................................. 52
Gráfico 4: Concentração hidrogeniónica da água (pH) [Fonte: Autor, 2021]. ................... 53
Gráfico 5: Parâmetros químicos [Fonte: Autor, 2021]. ...................................................... 54
Gráfico 6: Correlação entre os iões de magnésio e cálcio nas águas amostradas [Fonte:
Autor, 2021]. ........................................................................................................................ 57
Gráfico 7: Correlação entre os iões de cálcio e bicarbonato nas águas amostradas [Fonte:
Autor, 2021]. ........................................................................................................................ 57

xv
Gráfico 8: Correlação entre os iões sulfato e cálcio nas águas amostradas [Fonte: Autor,
2021]. ................................................................................................................................... 58

ÍNDICE DE EQUAÇÕES
Equação 1 ............................................................................................................................... 7
Equação 2 ............................................................................................................................... 7
Equação 3 ............................................................................................................................... 8
Equação 4 ............................................................................................................................... 9
Equação 5 ............................................................................................................................. 14
Equação 6 ............................................................................................................................. 14
Equação 7 ............................................................................................................................. 14
Equação 8 ............................................................................................................................. 14
Equação 9 ............................................................................................................................. 27
Equação 10 ........................................................................................................................... 32
Equação 11 ........................................................................................................................... 33
Equação 12 ........................................................................................................................... 33
Equação 13 ........................................................................................................................... 33
Equação 14 ........................................................................................................................... 33

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Classificação dos aquíferos quanto às suas características hidráulicas, com os
respectivos níveis de pressão [Fonte: Ferreira et al., 2007, adaptado]. ............................... 10
Figura 2: Classificação dos aquíferos quanto aos espaços vazios: a) poroso, b) fissurado e
c) cárstico [Fonte: Adaptado de Ferreira et al., 2007]. ........................................................ 11
Figura 3: Evolução da composição química das águas subterrâneas com base nos aniões
predominantes [Fonte: Modificada de Freeze & Cherry,1979]. .......................................... 15
Figura 4: Diagrama de Piper [Fonte: Adaptado de Feitosa et al, 2008]. ............................. 28
Figura 5: Exemplo de Diagrama de Stiff [Fonte: Autor, 2021]. .......................................... 29
Figura 6: Fluxograma de etapas de pesquisa [Fonte: Autor, 2020]. .................................... 30
Figura 7: Localização geográfica da área de estudo [Fonte: DINAGECA, adaptado pelo
autor a partir do ArcGIS 10.5]. ............................................................................................ 35

xvi
Figura 8: Enquadramento pedológico da área de estudo [Fonte: Norconsult, adaptado pelo
autor a partir do ArcGIS 10.5]. ............................................................................................ 37
Figura 9: Representação cartográfica da geologia da área de estudo [Fonte: Norconsult,
2007, adaptado de ArcGIS 10.5 pelo autor]. ....................................................................... 41
Figura 10: Mapa hidrogeológico da área de estudo [Adaptado de DNA, 1987, a partir de
ArcGIS 10.5]. ....................................................................................................................... 43
Figura 11: Altimetrias da cidade de Pemba [Fonte: Autor, 2021]. ...................................... 50
Figura 12: Diagrama de Piper para classificação da água dos furos da área de estudo
[Fonte: Autor, 2021]. ........................................................................................................... 59

xvii
CAPÍTULO I: Introdução
1.1.Contextualização
A água é um recurso indispensavél e fundamental para a manutenção da vida dos seres
vivos. A utilização dos recursos hídricos subterrâneos vem crescendo cada vez mais,
tornando-se uma importante fonte de água. A disponibilidade dos mesmos para
determinados tipos de uso depende principalmente da qualidade físico-química, biológica e
radiológica da água (Feitosa et al., 2008).

Entretanto, os recursos hídricos na natureza encontram-se associados a diversas


substâncias, que podem afectar a sua qualidade. Neste caso, os estudos hidrogeoquímicos
são importantes, pois identificam e quantificam as principais propriedades e constituintes
químicos das águas subterrâneas e estabelecem uma correlação com o meio geológico.

Assim sendo, torna-se necessário e importante avaliar a qualidade de recursos hídricos e


tomar medidas para controlar os parâmetros que lhes estão associados.

Segundo Ezaki (2011) a composição química das águas subterrâneas resulta do estágio de
sua interacção com solos/rochas através dos quais transitam e percolam, reflectindo a
natureza da litologia.

A composição química da água subterrânea é resultante da combinação da água que entra


no solo e da evolução química influenciada directamente pela litologia local, e/ou regional
no caso de grandes aquíferos. O teor de substâncias dissolvidas vai aumentando à medida
que prossegue o movimento e de acordo com o tempo de contacto entre a água subterrânea
e o solo e rochas que a aprisionam (Caracas, 2013).

Portanto, no presente estudo, foi feito a análise dos parâmetros físico-químicos de água e a
caracterização mineralógica de solos/rochas a partir dos perfis dos furos, com a finalidade
de avaliar a influência da composição mineralógica do solo/rocha na qualidade das águas
dos furos da área de estudo.

1
1.2. Problematização
A mineralogia dos solos e/ou rochas da cidade de Pemba é pouco conhecida e pouco se
sabe da sua influência na qualidade das águas subterrâneas, em particular a água dos furos.

Devido ao crescimento demográfico e aumento da ocupação populacional por deslocados


devido aos conflitos militares dos insurgentes em alguns pontos da província de Cabo
Delgado, na cidade de Pemba, tem-se verificado uma demanda crescente por água de boa
qualidade para o consumo humano, entretanto, o sistema de abastecimento de água do
Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) não tem
conseguido provir água, pelo que, causa escassez deste recurso a numerosas famílias.

Como forma de minimizar este problema, as famílias e ONG’s (Ministério Arco Íris,
Médicos sem fronteiras, Caritas, Unicef, Ongawa, OMS e Oxfam) recorrem à abertura de
furos de água, sendo que estas fontes oferecem água de diferentes qualidades devido à
heterogeneidade dos estratos de solos/rochas que compõem os aquíferos nas suas camadas
adjacentes.

A pergunta de partida que se pretende responder com esta pesquisa é: Até que ponto a
composição mineralógica de solos/rochas influencia na qualidade de água dos furos da
área de estudo?

1.3. Justificativa
Na área de estudo não foi encontrado nenhum estudo relacionado com este tipo de
abordagem, o que de certa forma motivou o autor a realizar esta pesquisa com a finalidade
de ajudar aos órgãos competentes na tomada de decisões.

Como a maior parte da população residente na área de estudo consome água captada dos
furos ou poços tradicionais sem nenhum tipo de tratamento, torna necessário a análise de
parâmetros físico-químicos qualitativos de água e a caracterização da composição
mineralógica de solos/rochas a partir dos perfis dos furos para entender a influência de
minerais na qualidade de água.

1.4. Relevância
Este estudo torna-se relevante pois, oferece alternativas para a identificação da mineralogia
dos solos bem como a sua influência na qualidade das águas dos furos a nível da cidade de
Pemba, com base nos valores de parâmetros físico-químicos.

2
A nível social, ajudará na identificação de furos com a água de boa qualidade, e na redução
de doenças hídricas provocadas por uso de água de má qualidade.

A realização deste estudo torna-se ainda relevante pelo simples facto de que, na área de
estudo não foi encontrado nenhum estudo relacionado com este tipo de abordagem,
servindo, desta forma, como guia para o conhecimento de alguns minerais que podem
influenciar na qualidade da água dos furos na região em alusão em particular e outras em
geral.

1.5. Objectivos
1.5.1. Geral
Analisar a influência da composição mineralógica de solos/rochas na qualidade de água
dos furos da cidade de Pemba, utilizando-se como indicadores, parâmetros físico-químicos
de qualidade de água.

1.5.2. Específicos:
 Caracterizar a mineralogia de solos/rochas a partir dos perfis litoestratigráficos dos
furos de águas amostrais;
 Qualificar a água dos furos através da determinação de parâmetros físico-químicos
qualitativos de água;
 Descrever a influência da composição mineralógica de solos/rochas na qualidade de
água dos furos.

3
CAPÍTULO II: Fundamentação Teórica
2.1. Caracterização mineralógica de solos e rochas
2.1.1. O solo e a sua fracção mineral
O solo é material mineral e/ou orgânico não consolidado na superfície da terra que serve
como meio natural para o crescimento e desenvolvimento de plantas terrestres (IBGE,
2007). O solo pode ser definido como um material poroso originado de uma rocha por
processos físicos, químicos e biológicos de desintegração, decomposição e recombinação
(Reichardt, 1985 citado por Gonçalves, 2008).

De forma mais resumida, o solo é um material natural trifásico, constituído por partículas
sólidas (minerais e matéria orgânica), água e ar. Os minerais que constituem a fase sólida
de solo são resultado da decomposição das rochas.

Segundo Klein e Dutrow (2008) mineral é um sólido de ocorrência natural com um arranjo
atómico altamente ordenado e uma composição química homogénea e definida (mas não
necessariamente fixa). Os minerais se classificam normalmente em função de principal
componente químico (anião ou grupo aniónico dominante) presente no mineral, em óxidos,
sulfatos, silicatos, carbonatos, fosfatos, etc. (Klein & Hurlbut Jr., 1999).

Segundo Reato et al. (1998) citados por Gonçalves (2008) a fracção mineral que compõem
a forma sólida do solo, sendo relativamente fixas suas proporções, é constituída por
minerais primários, aqueles que passam por microdivisões e constituem material do solo
(quartzo, feldspatos, piroxenas, anfibólios, etc.), e minerais secundários, resultantes dos
processos de alteração física, química e biológica, independentemente de terem sidos
formados in situ ou transportados (Allen & Hajek, 1989; Fontes, 2002 citados por Mota,
2004).

Nos solos altamente intemperizados desenvolvidos sob clima tropical húmido, e semi-
úmido, a caulinite é o principal mineral da fracção argila, com ocorrência destacada de
óxidos, hidróxidos e óxi-hidróxidos de ferro e alumínio (Melo et al., 2002 citados por
Zanello, 2006). De acordo com Zanello (2006), os representantes destas classes de
minerais são a Hematite (Hm) e Goethite (Gt), genericamente denominados de óxidos de
ferro, e Gibbsite (Gb), que é um hidróxido de alumínio.

4
Em linhas gerais, a caracterização mineralógica de solos consiste no reconhecimento
quantitativo e qualitativo dos constituintes minerais nos diferentes tamanhos que compõem
o solo (argila, silte e areia).

Maior parte dos solos é constituída por diferentes minerais, e para a identificação desses
constituintes é necessário usar mais que um tipo de ensaio ou método, para garantir maior
precisão e/ou resultados mais completos e mais confiáveis. Existem vários métodos para a
identificação e quantificação mineralógica de solos (Martins, 2000), sendo os mais
comuns: Difractometria de Raios – X (DRX), Análise Térmica diferencial (ATD),
Espectrometria do Infravermelho (IV) e Análise Termogravimétrica (ATG).

2.1.2. Métodos de caracterização mineralógica de rochas


Na petrografia, para a identificação de minerais presentes nas rochas são geralmente
usados equipamentos específicos como microscópio e lupa, mas também conhecendo a
rocha pode se inferir os minerais constituintes da mesma. Nesta pesquisa, para a
identificação dos minerais inferiu-se com base nas rochas que constituem os perfis
litoestratigráficos.

2.2. Características hidrogeológicas


Naturalmente, os materiais geológicos são classificados em quatro (4) grupos principais
com base na sua capacidade de armazenar ou transmitir as águas subterrâneas: Aquíferos,
Aquitardos, Aquicludos e Aquífugos.

2.2.1. Aquíferos

São unidades rochosas ou de sedimentos, porosas e permeáveis, que armazenam e


transmitem volumes significativos de água subterrânea passível de ser explorada pela
sociedade (Gordani et al., 2000).

2.2.2. Aquitardos

De acordo com Gordani et al. (2000), os aquitardos correspondem às camadas ou unidades


geológicas relativamente menos permeáveis numa determinada sequência estratigráfica.

Trata-se de formações geológicas que podem armazenar água em pequenas quantidades e


transmitir lentamente, e o seu aproveitamento não é economicamente viável.

2.2.3. Aquicludos

5
Conforme em Gordani et al. (2000), aquicludos são unidades que, apesar de saturadas, e
com grandes quantidades de água absorvida lentamente, são incapazes de transmitir um
volume significativo de água com velocidade suficiente para abastecer poços ou nascentes,
por serem rochas relativamente impermeáveis.

2.2.4. Aquífugos

De acordo com Gordani et al. (2000), são unidades geológicas que não apresentam poros
interconectados e não absorvem e nem transmitem água.

Classes Condutividade Porosidade Litologias características


hidrogeológicas hidráulica (cm/s) específica (%)
Aquíferas (1-10-4 ) (5-27) Areias, arenitos, rochas muito
fraturadas/alteradas
Aquitardes (10-3 -10-5 ) (3-5) Siltes, areias argilosas, argilas
arenosas, rochas pouco
fraturadas
Aquicludes (10-6 -10-9 ) (2-3) Argilas, folhelhos, rochas
muito pouco fraturadas
Aquifuges ( 10-9 ) ( ) Rochas compactas não
fracturadas
Tabela 1: Classificação hidrogeológica dos sedimentos e rochas [Fonte: Giampá & Gonçales, 2013].

2.3. Aquíferos
Segundo Ferreira et al. (2007), os aquíferos são rochas saturadas que permitem a
circulação, armazenamento e extracção de água. Geralmente os aquíferos possuem a
capacidade de armazenar grande quantidade de água.

2.3.1. Propriedades hidrogeológicas dos aquíferos


Existem parâmetros hidrogeológicos importantes para o estudo das águas subterrâneas e
para entender os processos associados aos fluxos em aquíferos, esses são vulgarmente
chamados de propriedades hidrogeológicas dos aquíferos.

 Porosidade

Segundo Gordani et al. (2000), a porosidade é uma propriedade física definida pela relação
entre o volume de poros e volume total de um certo material.

6
Equação 1

Onde:

η – Porosidade [adimensional ou em percentagem];

– Volume de vazios/volume de poros [m3 ];

– Volume total [m3 ].

Existem dois tipos fundamentais de porosidade nos materiais geológicos: primária e


secundária (Gordani et al., 2000).

A porosidade primária é caracterizada nas rochas sedimentares pelos espaços entre os


grãos (porosidade intergranular) ou planos de estratificação.

A porosidade secundária se desenvolve após a formação das rochas ígneas, metamórficas


ou sedimentares, por fracturamento ou falhamento durante sua formação.

 Condutividade hidráulica (K)

A condutividade hidráulica (K) corresponde à propriedade de um meio, permitir a


passagem de água ou outro fluido, em maior ou menor vazão por unidade de área. Esta
propriedade depende das características do meio (porosidade e tamanho, distribuição,
forma e arranjo das partículas) e das propriedades do fluido (viscosidade e peso específico)
(EGEO, 2010a apud Brito, 2011).

A condutividade hidráulica pode ser obtida a partir da Lei de Darcy, conforme a seguinte
equação:

Equação 2

Onde:

Q - Caudal [m3 /s];

k - Condutividade hidráulica [m/s];

7
A - Secção atravessada [m2 ];

h1 - Carga hidráulica no piezómetro 1 [m];

h2 - Carga hidráulica no piezómetro 2 [m];

i - Gradiente hidráulico [adimensional].

 Permeabilidade (k)

Segundo Freeze e Cherry (1979), o parâmetro k é conhecido como permeabilidade


específica ou intrínseca ou simplesmente como permeabilidade e, é função do tipo de
material poroso, seu diâmetro médio dos grãos, a distribuição dos tamanhos dos grãos, a
esfericidade e a redondeza dos grãos e a natureza de sua embalagem. Matematicamente é
expressa a partir da seguinte fórmula:

Equação 3

Onde:

C - é uma constante de proporcionalidade [adimensional];

d - diâmetro médio dos grãos [m].

Material Tamanho das Porosidade (%) Permeabilidade


partículas (mm)
Cascalho 7 a 20 35,2 Muito alta
Areia grosa 1a2 37,4 Alta
Areia fina 0,3 42 Alta a média
Silte e argila 0,04 a 0,006 50 a 80 Baixa a muito baixa
Tabela 2: Porosidade e permeabilidade de alguns materiais geológicos [Fonte: Gordani et al., 2000].

 Transmissividade

A transmissividade (T) é o parâmetro hidrogeológico que corresponde à capacidade de um


meio em transmitir água. Pode ser definido como a quantidade de água que se escoa
através da secção vertical do aquífero quando se diminui a carga hidráulica de uma unidade
e expressa-se em (m2 /dia) ou (cm2 /s); (Brito, 2011).

8
O seu cálculo é feito através do produto da condutividade hidráulica pela espessura do
aquífero, conforme a Equação 4.

Equação 4
Onde:

K - é a condutividade hidráulica [m/s];

b - é a espessura do aquífero [m].

2.3.2. Tipos de aquíferos


Os aquíferos podem ser classificados quanto às suas características hidráulicas, em livres
ou confinados, dependendo da pressão a que estão submetidos (Iritani & Ezaki, 2012):

Aquífero livre (ou freático): está mais próximo à superfície, onde a zona saturada tem
contacto directo com a zona não saturada, ficando submetido à pressão atmosférica. Neste
tipo, a água que infiltra no solo atravessa a zona não saturada e recarrega directamente o
aquífero.

Aquífero confinado (ou sob pressão): é limitado no topo e na base por camadas de rocha
de baixa permeabilidade (como argila, folhelho, rocha ígnea maciça etc.). Não há zona não
saturada e, neste caso, o aquífero está submetido a uma pressão maior que a atmosférica,
devido a uma camada confinante acima dele, que também está saturada de água. Assim, o
nível da água tem pressão para atingir uma altura acima do topo do aquífero, mas é
impedida pela camada confinante.

9
Figura 1: Classificação dos aquíferos quanto às suas características hidráulicas, com os respectivos níveis de
pressão [Fonte: Ferreira et al., 2007, adaptado].

Segundo Ferreira et al. (2007), os aquíferos também podem ser classificados quanto aos
tipos de espaços vazios em porosos, fissurados ou cársticos.

Aquífero poroso: com água armazenada nos espaços entre os grãos criados durante a
formação da rocha; é o caso das rochas sedimentares como os arenitos. Os aquíferos
porosos funcionam como esponjas onde os espaços vazios são ocupados por água.

Aquífero fissurado (cristalino/embasamento cristalino): a água circula pelas fissuras


resultantes do fracturamento das rochas relativamente impermeáveis (ígneas ou
metamórficas).

Aquíferos cársticos: são os aquíferos formados em rochas carbonáticas (sedimentares,


ígneas ou metamórficas). Constituem um tipo peculiar de aquífero fracturado, onde as
fracturas, devido à dissolução do carbonato pela água, podem atingir aberturas muito
grandes, criando, nesse caso, verdadeiros rios subterrâneos.

10
Figura 2: Classificação dos aquíferos quanto aos espaços vazios: a) poro so, b) fissurado e c) cárstico [Fonte:
Adaptado de Ferreira et al., 2007].

2.4. Mineralização de águas subterrâneas


Vários processos participam simultaneamente na mineralização das águas subterrâneas.
Segundo Feitosa et al. (2008), a mineralização da água subterrânea decorre de processos
geológicos, hidrológicos e hidrogeoquímicos que actuam de forma conjunta conforme as
particularidades inerentes a cada sistema e aos factores externos.

Conforme Feitosa et al. (2008), a mineralização das águas subterrâneas e a evolução da sua
composição é influenciada pelos factores endógenos (sistema de fluxo, tipo litológico, tipo
de estruturas, processos geoquímicos e microbianos em subsuperfície) e exógenos
(aspectos climáticos e geofisiográficos).

2.4.1. Factores que influenciam na mineralização das águas subterrâneas


 Factores Endógenos

Os factores endógenos são aqueles naturais ao sistema como o tipo litológico, manto de
alteração e estruturas das rochas. Na interacção água-rocha, a intensidade de decomposição
química depende da resistência dos minerais e do grau de agressividade ou reactividade
química da água (Feitosa et al., 2008).

De acordo com Feitosa et al. (2008), em termos hidrogeológicos o manto de intemperismo


e/ou de alteração é a espessura que representa a zona não saturada (ZNS) e exerce um
papel relevante na protecção da qualidade, preservação e distribuição das águas para a zona
saturada (ZS). Os feldspatos das rochas cristalinas têm sido apontados como um dos
responsáveis pela liberação de sais, em função da maior facilidade ao intemperismo.

As águas subterrâneas carregam sais em solução, onde as quantidades e concentrações


desses sais dependem do movimento, ambiente e da fonte de água subterrânea. Esses sais

11
solúveis encontrados na água subterrânea são advindos da dissolução dos minerais das
rochas. (Capucci et al., 2001).

Feitosa et al. (2008), afirmam que os micaxistos e filitos, onde a percolação da água é
lenta, a dissolução de minerais é mais lenta, podendo armazenar águas mais mineralizadas.
Porém, para as rochas resistentes como os quartzitos, com fracturas mais abertas e sem
minerais solúveis, se espera águas com menor concentração de sais ou mais leves.

 Factores Exógenos

Os factores exógenos são os que não estão relacionados com às características do aquífero,
como clima relevo e hidrografia. A principal influência do clima diz respeito ao balanço
hídrico entre as taxas pluviométricas e evapotranspiração potencial (Feitosa et al., 2008, p.
373).

Conforme Feitosa et al. (2008), nas regiões de clima semiárido, a precipitação de sais por
evaporação concentra sais na camada superficial da ZNS, e depois são transportados para
os aquíferos por infiltração da água meteórica. Geralmente os aquíferos freáticos de menor
profundidade e os fissurais com menor espessura de manto de intemperismo são os que
mais sofrem influência das variações climáticas.

Segundo Feitosa et al. (2008), os efeitos mais comuns são: aumentando a evaporação não
há excedente para infiltração e os sais se concentram nas camadas superficiais; a maior
pluviometria favorece a infiltração e lixiviação de sais dissolvidos para a ZS; o efeito de
capilaridade promove o transporte de sais para a ZNS e favorece a formação de crostas de
calcite e gipsite na camada superior do lençol freático.

Ainda de acordo com os autores, o relevo, hidrografia e condição climática são factores
que também exercem influência significativa na química da água, pois estes mudam as
condições físico-químicas no fluxo e, possivelmente, a composição química da água,
porque influenciam os processos de diluição, precipitação, dissolução e as reacções de
redox.

2.5. Evolução química da água subterrânea


As características químicas das águas subterrâneas dependem inicialmente da composição
das águas de recarga dos aquíferos e em seguida da sua evolução química, influenciada
pela litologia do aquífero (Ferreira, 2012).

12
As águas meteóricas, as precipitações em geral, tem em sua composição química o
resultado de processos de dissolução que ocorrem em níveis atmosféricos (Filgueiras,
2016). De acordo com Esteves (1998), existe uma diferença muito nítida entre a
composição química da precipitação oceânica e continental. Esta diferenciação é
especialmente nítida para alguns iões que apresentam maior concentração nas precipitações
marinhas. As altas concentrações da maioria dos elementos observados na água da chuva
marinha tem grande importância na determinação das características geoquímicas dos
corpos de água continentais próximos ao litoral visto que, frequentemente, são atingidos
pelas precipitações marinhas.

Ião Continental Marinha


Na+ 0,2 – 1,0 1,0 – 5,0
Mg2+ 0,05 – 0,5 0,4 – 1,5
K+ 0,1 – 0,5 0,2 – 0,6
Ca2+ 0,2 – 4,0 0,2 – 1,5
NH4 + 0,1 – 0,5 0,01 – 0,05
pH 4,0 – 6,0 5,0 – 6,0
Cl- 0,2 – 2,0 1,0 – 10,0
SO4 2- 1,0 – 3,0 1,0 – 3,0
-
NO3 0,4 – 1,3 0,1 – 0,5
Tabela 3: Composição química da água da chuva [Berner & Berner, 1987 apud Esteves, 1998]. Valores em
mg/L.

Assim sendo, a evolução química da água subterrânea é observada em três estágios: na


precipitação (chuva), na camada superficial (no solo) e nos aquíferos.

2.5.1. Evolução na precipitação (precipitação química)


De acordo com Freeze e Cherry (1979), quase todas águas subterrâneas se originam como
chuva ou neve derretida que se infiltra no solo em sistemas de fluxo nos materiais
geológicos subjacentes. A água da chuva, contém quantidades ínfimas de substâncias
dissolvidas, provenientes da precipitação atmosférica, que se acumulam na neve em forma
de poeira.

Outro aspecto muito preocupante, são as chuvas ácidas nas regiões industrializadas, Freeze
e Cherry (1979), afirmam que em áreas industriais o pH da precipitação é muito baixo
geralmente varia entre 3 a 4, porém, a ocorrência de chuvas ácidas actualmente se espalhou

13
de áreas industriais distantes para o campo. A principal causa deste aumento da acidez é o
enxofre expelido principalmente como S particulado e SO 2 gasoso. Este processo é
governado pelas seguintes reacções químicas:

Equação 5

Equação 6

Importa referir que, depois da precipitação, as substâncias químicas que fazem parte da
água da chuva se concentram para a destilação. E se maior parte da água evaporar, na água
restante a concentração das substâncias aumentará significativamente. Assim sendo, alguns
iões da água subterrânea são provenientes da atmosfera a partir da água das chuvas.

2.5.2. Evolução no solo


Com base nos estudos feitos por Freeze e Cherry (1979), quase toda água que se infiltra
nos sistemas naturais de fluxo de água subterrânea passa através da zona do solo, e esta
zona tem características únicas e recursos poderosos para alterar a química da água, à
medida que a infiltração ocorre.

Segundo Freeze e Cherry (1979), o solo tem capacidade de gerar quantidades


relativamente grandes de ácido e consumir muito ou todo o oxigénio dissolvido disponível
na água que o infiltra. Geoquimicamente, o ácido mais importante produzido na zona do
solo é o H2 CO 3 , derivado da reacção de CO 2 e H2 O conforme a Equação 7.

Equação 7
O ácido produzido a partir da reacção acima influencia directamente na acidez da água,
tornando ela agressiva para alguns minerais tais como silicatos e carbonatos. Porém, este
ácido tem menor influência quando comparado com o CO 2 .

Em algumas áreas, a produção de H+ por esta reacção de oxidação desempenha um papel


importante no intemperismo mineral no subsolo (Freeze & Cherry, 1979, p. 241). A
importância desse ião (do ião H+) nos processos de intemperismo é a redução da acidez da
água durante a dissolução dos minerais.

Equação 8
Anortite + água + ião hidrogénio Caulinite (argilomineral) + ião cálcio

14
2.5.3. Evolução nos aquíferos
Segundo Freeze e Cherry (1979), quando a água subterrânea se move ao longo de seus
caminhos de fluxo na zona saturada, aumenta os STD e maior parte dos iões principais
normalmente ocorrem.

A água subterrânea rasa em áreas de recarga apresenta baixos valores de STD em


comparação com água mais profunda do mesmo sistema e, mais baixos do que água em
zonas rasas nas áreas de descarga (Freeze & Cherry, 1979).

Chebotarev (1955), citado por Freeze e Cherry (1979), nos seus estudos concluiu com base
em mais de 10. 000 análises químicas de amostras de poços que a água subterrânea tende a
evoluir quimicamente para a composição da água do mar. Ele observou que esta evolução
é normalmente acompanhada pelas seguintes mudanças regionais na espécie do anião
dominante, Figura 3.

Figura 3: Evolução da composição química das águas subterrâneas com base nos aniões predominantes
[Fonte: Modificada de Freeze & Cherry,1979].

Domenico (1972), apud Freeze e Cherry (1979), descreveu a sequência de Chebotarev em


três (3) zonas principais, que se correlacionam de uma forma geral com a profundidade:

Zona superior: caracterizada por água subterrânea activa que flui através de rochas
relativamente bem lixiviadas. A água nesta zona tem como o anião dominante e
tem baixo teor de STD.

Zona intermediária: com circulação de água subterrânea menos activa altos valores de
STD. O é o anião dominante nesta zona.

Zona inferior: com fluxo muito lento de água subterrânea, há presença de minerais
altamente solúveis, exibe valores elevados de STD e é o anião predominante.

15
2.6. Parâmetros físico-químicos qualitativos de água
Para qualificar água são determinados vários parâmetros (físicos, químicos e
microbiológicos), esses parâmetros são os que indicam a qualidade de água de acordo com
os valores que podem apresentar em relação aos valores de referência estabelecidos pelas
normas de qualidade da água.

A qualidade de água é definida por sua composição (física, química e microbiológica) e


pelo conhecimento dos seus constituintes assim como os efeitos que os mesmos podem
causar. A definição da qualidade de água depende da sua finalidade (consumo humano
e/ou potabilidade, irrigação, indústria e outras). A água para o consumo humano teve ser
pura, isto é, incolor, inodora, insípida e transparente e apresentar parâmetros com valores
dentro dos limites máximos admissíveis.

2.6.1. Parâmetros físicos


 Cor

A cor é o resultado das substâncias dissolvidas ou em suspensão na água, provenientes,


principalmente, da lixiviação da matéria orgânica (Feitosa et al., 2008). A água pura é livre
de coloração, mas pode tomar coloração arroxeada quando rica em ferro, negra quando rica
em manganês e amarelada quando rica em ácidos húmicos.

 Odor e Sabor

De acordo com Feitosa et al. (2008) odor e sabor estão intimamente relacionados e,
frequentemente, o que se chama de gosto é realmente percebido como odor. O sabor
depende do teor e do tipo de sais dissolvidos, além doutras substâncias em solução ou em
suspensão. Existem casos em que a água com valor elevado de STD (sólidos totais
dissolvidos) tem melhor sabor que uma água com baixo teor de STD, porque esta última
pode conter um sal que exerça maior influência sobre o sabor do que os sais que existem
na água de maior salinidade.

Sais e Gases Fórmula Química Sabor


Cloreto de Sódio NaCl Salgado
Sulfato de Sódio SO4 Na2 Ligeiramente Salgado
Bicarbonato de Sódio CO3 HNa Ligeiramente Salgado a Doce
Carbonato de Sódio CO 3 Na2 Amargo e Salgado

16
Cloreto de Cálcio Cl2 Ca Fortemente Amargo
Sulfato de Cálcio SO 4 Ca Ligeiramente Amargo
Sulfato de Magnésio SO 4 Mg Ligeiramente Amargo em
Saturação
Cloreto de Magnésio Cl2 Mg Amargo e Doce
Gás Carbônico CO2 livre Picante
Tabela 4: Principais sais e gases que dão sabor à água subterrânea [Adaptado de Custodio & Llamas, 1983
apud Feitosa et al., 2008].

 Sólidos Totais Dissolvidos (STD)

De acordo com Feitosa et al. (2008) Sólidos Totais Dissolvidos é o peso total dos
constituintes minerais presentes na água, por unidade de volume. Representa a
concentração de todo material dissolvido na água, seja ou não volátil. A principal aplicação
da determinação dos STD é de qualidade estética da água potável e como um indicador
agregado da presença de produtos químicos contaminantes (Parron et al., 2011).

As substâncias dissolvidas podem conter iões orgânicos e iões inorgânicos (como o


carbonato, bicarbonato, cloreto, sulfato, fosfato, nitrato, cálcio, magnésio e sódio) que em
concentrações elevadas podem ser prejudiciais à vida aquática (Parron et al., 2011).

De acordo com o Regulamento de Moçambique sobre a Qualidade da Água para o


Consumo Humano, do Diploma Ministerial n.o 180/2004 do Ministério da Saúde, o limite
máximo admissível de STD é de 1000 mg/L.

 Turbidez

Segundo Feitosa et al. (2008) define-se turbidez como a dificuldade da água para transmitir
a luz, provocada pelos sólidos em suspensão (silte, argila, matéria orgânica,
microrganismos e partículas inorgânicas). Em geral, a turbidez é medida através do
turbidímetro ou nefelômetro e os valores são dados em FTU – Formazin Turbidity Unit ou
em UNT – Unidade Nefelométrica de Turbidez.

A clareza de um corpo de água natural é um dos principais determinantes da sua condição


e produtividade (Parron et al., 2011). A turbidez também é um parâmetro que indica a
qualidade estética das águas para abastecimento público (Clesceri et al., 1999 apud Parron
et al., 2011).

17
De acordo com o Regulamento de Moçambique sobre a Qualidade da Água para o
Consumo Humano, do Diploma Ministerial n.o 180/2004 do Ministério da Saúde, quando
os valores deste parâmetro são superiores a 5 NTU, a água é imprópria para o consumo
humano.

 Condutividade Eléctrica (CE)

A Condutividade Eléctrica é a medida da facilidade de uma água conduzir a corrente


eléctrica e está directamente ligada com o teor de sais dissolvidos sob a forma de iões
(Feitosa et al., 2008). Refere-se à capacidade que uma água tem em conduzir a corrente
eléctrica, que depende fundamentalmente da presença de iões. A condutividade é medida
por condutivímetro e expressa em μS/cm (micro Siemens por centímetro) ou mS/cm (mile
Siemens por centímetro); (Parron et al., 2011, p. 16).

Segundo o Regulamento de Moçambique sobre a Qualidade da Água para o Consumo


Humano, do Diploma Ministerial n.o 180/2004 do Ministério da Saúde, a água teve
apresentar os valores deste parâmetro entre 50-2000 μhmo/cm.

Condutividade Eléctrica (CE) Mineralização Qualidade da água

< 100 μS/cm Muito fraca Excelente


100 μS/cm - 200 μS/cm Fraca Excelente
200 μS/cm - 400 μS/cm Pouco acentuada Excelente
400 μS/cm - 600 μS/cm Média Boa
600 μS/cm - 1000 μS/cm Importante Utilizável
>1000 μS/cm Excessiva Dificilmente utilizável
>1500 μS/cm Excessiva Não utilizável na rega
Tabela 5: Classificação da água quanto aos valores de condutividade elétrica [Fonte: Mendes & Oliveira,
2004 apud Neto et al., 2016].

 Salinidade

De acordo com Feitosa et al. (2008) a salinidade representa a quantidade total das espécies
dissolvidas num determinado volume de água que podem ser precipitados como sais
(sólidos). Geralmente é expressa em gramas e medida através da condutividade eléctrica,
densidade, velocidade sonora ou índice de refracção.

2.6.2. Parâmetros químicos


 pH

18
O pH é a medida da concentração hidrogeniónica da água ou solução, sendo controlado
pelas reacções químicas e pelo equilíbrio entre os iões presentes (Feitosa et al., 2008).

O pH varia de 0 a 14 e pode indicar a intensidade de acidez quando é menor que sete (7),
neutralidade quando é igual a sete (7) e basicidade ou alcalinidade quando apresentar
valores maiores que sete (7).

Praticamente todas as fases do tratamento de água e de efluentes, processos de


neutralização, precipitação, coagulação, desinfecção e controle de corrosão dependem do
valor de pH, que é utilizado na determinação de alcalinidade e do CO 2 e também no
equilíbrio ácido-base (Parron et al., 2011, p. 15).

Segundo o Regulamento de Moçambique sobre a Qualidade da Água para o Consumo


Humano, do Diploma Ministerial n.o 180/2004 do Ministério da Saúde, uma água é
apropriada para o consumo humano se o valor do seu pH estiver na faixa entre 6,5 – 8,5.

 Alcalinidade

A alcalinidade é a medida da capacidade que a água tem de neutralizar ácidos, isto é, a


quantidade de substâncias na água (sais alcalinos, principalmente de sódio e cálcio) que
atuam como tampão (FUNASA, 2014; American Public Health Association, 1998 apud
Parron et al., 2011).

Os minerais com capacidade tampão mais comuns são calcite (CaCO 3 ), magnesite
(MgCO 3 ), dolomite (CaCO 3 . MgCO 3 ) e brucite (Mg(OH))2 (Parron et al., 2011).

 Acidez

É a capacidade da água em resistir às mudanças de pH causada pelas bases. Ela decorre,


fundamentalmente, da presença de gás carbónico livre na água. A origem da acidez tanto
pode ser natural (CO 2 absorvido da atmosfera, ou resultante da decomposição de matéria
orgânica, presença de H2 S – gás sulfídrico) como antrópica (despejos industriais, passagem
da água por minas abandonadas); (FUNASA, 2014).

 Dureza

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS); (2011), a dureza da água é


causada por uma variedade de iões metálicos polivalentes dissolvidos, predominantemente
catiões de cálcio e magnésio.

19
As águas subterrâneas, devido ao prolongado contacto com as formações geológicas, são,
em geral, mais duras que as de superfície. Isto é facilitado pelos maiores teores em CO 2 e
O2 dissolvido, que geralmente apresentam, aumentando o poder solubilizante das rochas
com que contactam (Mendes & Oliveira, 2004 apud Antunes, 2016).

Aceitabilidade pública do grau de dureza de a água pode variar consideravelmente de uma


comunidade para outra. O limiar do gosto para o ião cálcio está na faixa de 100-300 mg/L,
dependendo do anião associado, e o limiar de sabor do magnésio é provavelmente mais
baixo do que o do cálcio (OMS, 2011).

 Sódio

De acordo com (Custodio & Llamas, 1983) apud Feitosa et al. (2008), o sódio é o principal
responsável pelo incremento constante da salinidade das águas naturais do ponto de vista
catiónico, a sua concentração varia geralmente, entre 0,1 e 100 mg/L nas águas
subterrâneas e entre 1 e 150 mg/L em águas naturais doces, atingindo, em média, 11.100
mg/L nas águas dos oceanos, e podendo chegar a 100.000 mg/L nas salmouras naturais.

A concentração limite de sabor de sódio na água depende do anião associado e a


temperatura da solução. À temperatura ambiente, o limite médio de sabor para o sódio é
cerca de 200 mg/L. No entanto, concentrações superiores a 200 mg/L podem dar origem a
um sabor inaceitável (OMS, 2001).

 Potássio

Segundo Custodio e Llamas (1983) citados por Feitosa et al. (2008), o potássio ocorre em
pequenas quantidades nas águas subterrâneas. Ocorre, principalmente em feldspatos
potássicos, micas e leucites. Os teores de potássio nas águas subterrâneas são inferiores a
10 mg/L, sendo mais frequentes valores entre 1 e 5 mg/L.

De acordo com a OMS (2011), potássio é um elemento essencial em seres humanos e


raramente, ou nunca, é encontrado na água potável em níveis que podem ser prejudiciais à
saúde.

 Cálcio

É um dos principais constituintes da água e o principal responsável pela dureza,


apresentando-se sob forma de bicarbonato e raramente como carbonato. O cálcio é o

20
elemento mais abundante existente na maioria das águas naturais e rochas, ocorre
principalmente nos minerais de calcite, aragonite e dolomite, em rochas calcárias, sendo a
plagióclase e a apatite as maiores fontes de cálcio nas rochas ígneas (Custodio & Llamas,
1983 apud Feitosa et al., 2008).

Segundo o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano do Diploma


Ministerial n.o 180/2004, o limite máximo admissível do cálcio é de 50 mg/L.

 Magnésio

Segundo (Custodio & Llamas, 1983) apud Feitosa et al. (2008), apresenta propriedades
similares ao cálcio, porém, é mais solúvel e mais difícil de precipitar, ocorrendo, em geral,
sob forma de bicarbonato. As principais fontes de magnésio em rochas ígneas são olivinas,
piroxênios, anfibólios e micas. Nas rochas metamórficas, ocorre em granadas, cordieritas e
dolomites (Filho, 1994). Devido à sua grande mobilidade geoquímica, o ião Mg2+ ocorre
em concentrações inferiores ao Ca2+, entretanto, ocasionalmente, em aquíferos
desenvolvidos em rocha básica, ele pode apresentar maiores concentrações (Davies &
Dewiest, 1967 apud Filho, 1994).

Juntamente com cálcio, é o responsável pela dureza e produz gosto salobro às águas. As
águas subterrâneas apresentam teores de magnésio mais frequentes entre 1 e 40 mg/L
(Feitosa et al., 2008).

De acordo com o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano do


Diploma Ministerial n.o 180/2004, o limite máximo admissível de magnésio é de 50 mg/L.

 Ferro

Nas rochas cristalinas, ígneas e metamórficas, o ferro ocorre em olivinas, piroxênios,


anfibólios, granadas, micas, piritas, magnetitas e hematitas. Em sedimentos, ocorre em
pirita, marcassita e siderita. Hidróxidos e óxidos de ferro ocorrem em solos bem evoluídos,
onde tenha ocorrido a individualização do ferro por mecanismos hidrolíticos (Mathess,
1983 apud Filho, 1994).

Nas águas subterrâneas o ião Fe2+ é o mais comum. O ião FeOH pode ocorrer em águas de
baixa concentração de O2 . FeSO 4 (aq) ocorre somente se elevadas concentrações de SO 4
estão presentes. Substâncias orgânicas podem complexar fortemente o ferro Fe2+, (Hem,
1985 apud Filho, 1994).

21
De acordo com o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano do
Diploma Ministerial n.o 180/2004, o limite máximo admissível do ferro é de 0,3 mg/L.

 Fósforo

O fósforo é um importante elemento na crosta terrestre, ocorrendo principalmente como


apatita em rochas ígneas, e metamórficas, podendo formar rochas fosfatadas sedimentares
(Filho, 1994). De acordo com o mesmo autor, por via antrópica, o fósforo pode ser
acrescido aos ambientes naturais, derivado das seguintes fontes: detergentes, efluentes
domésticos, insecticidas, pesticidas.

As formas naturais que podem ocorrer na água dependem basicamente do pH, à


semelhança do sistema carbonato (Mullins, 1972 apud Filho, 1994). Para valores de pH
encontrados na maioria das águas naturais, a espécie mais esperada (90%) é o anião
HPO 4 2- (Filho, 1994).

De acordo com o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano do


Diploma Ministerial n.o 180/2004, o limite máximo admissível do fósforo é de 0,1 mg/L.

 Cloreto

Segundo a OMS (2011), o cloro na água potável tem origem em fontes naturais, esgotos,
efluentes indústrias, escoamento urbano contendo sal de degelo e intrusão salina. A
FUNASA (2014), afirma também que os cloretos, geralmente, provêm da dissolução de
minerais ou da intrusão de águas do mar, e ainda podem advir dos esgotos domésticos ou
industriais. Em altas concentrações, conferem sabor salgado à água ou propriedades
laxativas.

De acordo com o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano do


Diploma Ministerial n.o 180/2004, o limite máximo tolerável é de 250 mg/L.

 Nitrato

O Nitrato pode atingir as águas superficiais e subterrâneas como consequência da


actividade agrícola (incluindo aplicação excessiva de fertilizantes nitrogenados inorgânicos
e estrume), da eliminação de águas residuais e da oxidação de produtos residuais
nitrogenados em excrementos humanos e animais, incluindo fossas sépticas (OMS, 2001).

22
De acordo com (Mathess, 1980) citado por (Filho, 1994), as fontes de nitrato que podem
interagir com as águas subterrâneas são seguintes: jazidas minerais, adubos químicos,
águas pluviais, algas azuis e verdes, plantas leguminosas e efluentes domésticos e
industriais.

A ocorrência de nitrato em águas subterrâneas associando a vectores impactantes em áreas


urbanas e rurais é amplamente documentada, (UNESCO, 1992; Pionki et al, 1992; Piver,
1992; Somsundaram et al, 1993 apud Filho, 1994). Com base no D. M. n.o 180/2004, o
limite máximo admissível é de 50 mg/L.

 Nitrito

De acordo com (Gallardo, 1979) citado por Filho (1994), nitrito ocorre naturalmente nos
solos, águas superficiais e subterrâneas, derivado da decomposição da matéria orgânica por
organismos.

 Oxigénio Dissolvido (OD)

De acordo com a FUNASA (2014), trata-se de um dos parâmetros mais significativos para
expressar a qualidade de um ambiente aquático. Segundo Feitosa et al. (2008), oxigénio
dissolvido é o indicador da concentração de oxigénio dissolvido na água em mg/L,
geralmente apresenta pequenas concentrações na água subterrânea, variam entre 0 e 5
mg/L.

 Sulfato

De acordo com Custodio e Llamas (1983) citados por Feitosa et al. (2008), são sais
moderadamente solúveis a muito solúveis, excepto os sulfatos de estrôncio (SrSO 4 ) e os de
bário (BaSO 4 ). As águas subterrâneas apresentam, em geral, teores de sulfatos inferiores a
100 mg/L, principalmente na forma de SO 4 2- e HSO 4 -. Segundo Hem (1985) citado por
Feitosa et al. (2008), este último predomina nas águas muito ácidas (pH <2), devido à
dissolução incompleta de ácido sulfúrico.

Segundo a OMS (2011), a presença de sulfato na água potável pode causar gosto
perceptível e níveis muito altos podem causar um efeito laxante em consumidores não
acostumados. Entretanto, varia com a natureza do catião associado; limiares de sabor
variam de 250 mg/L para sulfato de sódio a 1000 mg/L para sulfato de cálcio.

23
2.7.Índices hidrogeoquímicos (razões iônicas)
Os índices hidrogeoquímicos permitem identificar quais os processos que contribuem para
a composição química das águas, no que diz respeito a interacção água-rocha e possíveis
contaminações (Lourenço, 2018).

Conforme Feitosa e Filho (2000), pode-se estabelecer vários tipos de índices


hidrogeoquímicos (razões iónicas) cujo objectivo é função do problema a estudar.

 Índice rMg2+/rCa2+

Nas águas continentais, esta razão varia frequentemente entre 0,3 e 1,5. Os valores
próximos de 1 indicam uma provável influência de terrenos dolomíticos ou com serpentina
e valores superiores a 1 sugerem, em geral, relações com litotipos ricos em silicatos
magnesianos, como gabros e basaltos. Entretanto, é preciso observar que quando ocorre a
precipitação de CaCO 3 em uma água, aumenta a razão rMg2+/rCa2+ sem que seja indicação
dos litotipos atravessados. No caso da dissolução do calcário, ocorre uma diminuição desta
razão (Feitosa & Filho, 2000).

 Índice rCa2+/rHCO3 -

O índice rCa2+/rHCO 3 - pode indicar a dissolução de rochas carbonatadas, caso a relação


seja de 1:1 em meq/L (Lourenço, 2018).

Índice
Significado
hidrogeoquímico Variações Teóricas
0,33 - 1,5 Águas continentais
rMg2+/rCa2+ > 0,9 Possível influência de terrenos dolomíticos
±5 Água do mar
< 0,0876 Água do mar
rNa+/rCl- < 0,7 Precipitação de sais de Na+
> 0,7 Fluxo através de rochas cristalinas ou vulcânicas
0,5 Fluxo normal para rochas cristalinas
rCl-/rHCO 3 - 0,4 - 0,5 Águas continentais
20 - 50 Água do mar
Tabela 6: Principais índices hidrogeoquímicos e seus significados [Fonte: Modificado de Hem, 1985].

24
2.8. Técnicas gráficas de classificação de águas
Os dados para análise de água podem ser interpretados com base em análises individuais
ou a partir de um conjunto de dados concernentes a uma área ou a uma determinada
formação geológica (aquífero).

De acordo com Feitosa et al. (2008), para uma avaliação temporal e espacial de um
conjunto de dados, são, frequentemente, utilizados métodos gráficos, que podem ser
elaborados por softwares específicos disponíveis no mercado, os quais podem, inclusive,
fazer a representação gráfica dos dados sobre mapas.

Portanto, o software mais utilizado na caracterização hidroquímica de água é o QualiGraf,


este possui muitas funções, dentre elas destacam-se a execução de balanços iónicos e
construção de diagramas de classificação hidroquímica da água.

Existem muitas técnicas gráficas para a classificação das águas, neste trabalho são
abordadas apenas duas (2) técnicas mais usadas: diagrama de Piper e diagrama de Stiff.

2.8.1. Diagrama de Piper


Segundo Manassés (2009), diagrama de Piper é um diagrama composto por dois diagramas
ternários. Um compõe o diagrama de catiões definindo sua classificação, o outro apresenta
a classificação para os aniões. Um terceiro diagrama apresenta o resultado de classificação
para os catiões e aniões.

A partir do diagrama de Piper, segundo Celligoi (1999) é possível a determinação e a


visualização das tipologias químicas de várias análises de água.

Feitosa et al. (2008), afirmam que o diagrama de Piper é utilizado para classificar os
distintos grupos de águas quanto aos iões dominantes (cloretada, sódica, carbonatada,
magnesiana, etc.).

Na mesma perspectiva Custodio e Llamas (1983) citados por Gastamans (2007), afirmam
que o diagrama de Piper é frequentemente utilizado para classificação e comparação de
distintos grupos de águas quanto aos catiões e aniões dominantes, também chamados de
diagramas trilineares, neste tipo de representação, as concentrações de cada ião analisado
são dadas em percentagens. A água é denominada quanto ao anião ou catião, cuja
concentração, expressa em miliequivalente por litro (meq/L) ultrapassa em 50% suas

25
respectivas somas, se nenhum deles ultrapassa este valor, a água é denominada de acordo
com os dois aniões ou catiões mais abundantes (Feitosa et al., 2008).

Dessa forma, o diagrama de Piper constitui uma das mais utilizadas representações gráficas
para a classificação de um conjunto de dados hidroquímicos, e nesta pesquisa, utilizou-se o
mesmo para a classificação das águas amostrais.

2.8.1.1. Principais iões das águas subterrâneas analisados no diagrama de Piper


Nas águas subterrâneas, a grande maioria das substâncias dissolvidas encontra-se no estado
iónico (catiões e aniões); (Feitosa et al., 2008). Destes constituintes iónicos, existem os
principais que estão presentes quase em todas as águas subterrâneas e o seu somatório
corresponde quase a totalidade dos iões presentes.

Os constituintes iónicos principais são: sódio (Na+), potássio (K +), cálcio (Ca2+), magnésio
(Mg2+), cloreto (Cl-), carbonato (CO 3 2-) bicarbonato (HCO 3 -) e sulfato (SO 4 2-). A maior ou
menor disponibilidade desses iões dissolvidos permite que se realize a classificação
hidrogeoquímica das águas subterrâneas (Filgueiras, 2016).

Iões Fonte Teores em águas


subterrâneas (mg/L)
Sódio (Na+) Feldspatos plagioclásios,
feidspatóides, anfíbolas e 0,1 - 100
piroxenas.
Potássio (K +) Feldspatos potássicos, micas e
leucites. < 10
Cálcio (Ca2+) Calcite, aragonite e dolomite. 10 - 100
Magnésio (Mg2+) Magnetite, biotite, granada,
hornblenda, clorite, alanite, olivina. 1 - 40
Carbonato (CO 3 2-) Rochas calcárias, calcite < 350
Bicarbonato (HCO 3 -) Rochas calcárias, calcite 50 - 350
Cloreto (Cl-) Esgotos, efluentes indústrias,
intrusão salina. < 100
Sulfato (SO 4 2-) Rochas que compõem a crusta
terrestre < 100
Tabela 7: Principais iões das águas subterrâneas analisados no diagrama de Piper [Fonte: Adaptado de
Custodio & Llamas, 1983 apud Feitosa et al., 2008].

26
2.8.1.2. Classificação da água subterrânea a partir do diagrama de Piper
Para a classificação da água subterrânea a partir do diagrama de Piper são necessário dois
(2) processos, a conversão das concentrações iónicas, de miligrama por litro (mg/L) ou
miliequivalente por litro (meq/L) para percentagem e a plotagem.

As concentrações iónicas de águas subterrâneas são geralmente obtidas a partir de análises


laboratoriais, em ppm ou mg/L e, a relação de conversão de mg/L ou ppm em meq/L é
feita a partir da Equação de Stabler (Equação 9).

Equação 9

Onde:

a concentração do ião [em ppm ou mg/l] / massa atómica do ião [u.m.a];

n – carga do ião.

Para plotar no diagrama, transforma-se separadamente o valor de cada ião expresso em


meq/L em percentagem dos totais de aniões e de catiões (Feitosa et al., 2008). Para Dutra
(2013) plota-se as proporções dos catiões principais (Ca2+, Mg2+, Na+, K+), e dos aniões
principais (HCO 3 -, Cl-, SO 4 -) em dois diagramas triangulares respectivos, e combinando as
informações dos dois triângulos em um losango situado entre os mesmos.

As proporções são traçadas nos gráficos triangulares e suas escalas, para a proporção das
variáveis, correspondem a 100 por cento. Os gráficos mostram, assim, as proporções
relativas dos iões principais, mas não suas concentrações absolutas (Dutra, 2013).

O diagrama de Piper está formado por dois triângulos e um losango, que recolhe a
informação de ambos. Em um dos triângulos (do lado esquerdo) se representam os catiões
principais (Na+ + K + somados) e em outro triângulo (do lado direito) os aniões principais.
Portanto, cada análise tem que ser representada por três pontos (dois dos triângulos e um
do losango).

27
Figura 4: Diagrama de Piper [Fonte: Adaptado de Feitosa et al, 2008].

A plotagem de pontos num diagrama de Piper resume-se na introdução de percentagem de


determinados catiões e aniões nos dois triângulos localizados nas laterais do losango
(Figura 4), traçando uma recta que corresponde ao valor dessa percentagem. O cruzamento
das rectas traçadas nos triângulos para catiões e aniões, gera um ponto em cada triângulo e,
determina-se um ponto no losango central a partir da intercessão das rectas dos pontos pré-
determinados (nos triângulos) onde se obtêm a classificação hidrogeoquímica final da
água.

2.8.2. Diagrama de Stiff


O diagrama de Stiff é uma apresentação gráfica da análise química que consiste em um
eixo vertical (zero) e quatro eixos horizontais paralelos, onde catiões são traçados a
esquerda para cada eixo horizontal e aniões são representados a direita. Após plotar no
gráfico os valores analisados, é formada uma figura geométrica de acordo com as
concentrações identificando o tipo de água a partir de diferentes fontes, ressaltando
variações temporais ou espaciais existentes (Filgueiras, 2016).

28
Figura 5: Exemplo de Diagrama de Stiff [Fonte: Autor, 2021].

O diagrama de Stiff (Figura 5) permite representar apenas uma amostra por vez, sendo útil
para análises de dados distribuídos espacialmente. Essa distribuição espacial é bastante útil
quando utilizadas para apresentar em mapas as amostras, facilitando o reconhecimento de
águas semelhantes em uma área de estudo (Silveira, 2013, p. 14).

29
CAPÍTULO III: Metodologia
A metodologia deste trabalho está dividida em etapas, conforme mostrado na Figura 6.

Revisão bibliográfica

Trabalho de campo

Trabalho do laboratório

Elaboração do relatório final

Figura 6: Fluxograma de etapas de pesquisa [Fonte: Autor, 2020].

3.1. Revisão bibliográfica


Nesta etapa fez-se o levantamento bibliográfico da informação relevante para o
desenvolvimento da pesquisa, e da informação geológica de Moçambique, bem como da
área de estudo. Foram usados livros, artigos científicos, monografias, teses e dissertações
que abordam conteúdos relacionados com o tema. A informação obtida nesta etapa ajudou
na elaboração da fundamentação teórica assim como na discussão dos resultados.

3.2.Trabalho de campo
Esta etapa compreendeu a realização de visitas ao campo com propósito de
reconhecimento da área de estudo (confirmar e cadastrar os furos de amostragem, assim
como na descrição das principais litologias que ocorrem no local) e colecta de amostras de
de água dos furos nos bairros de Eduardo Mondlane (unidades residenciais de Nanhimbe e
Maringanha), Natite e Chúiba na cidade de Pemba.

Para o cadastramento e localização de furos de amostragem da área de estudo, foi usado o


GPS (Geografic Position System).

Para a colecta de amostras de água foram utilizados os seguintes materiais:

30
 Garrafas plásticas de 1.5 litros descontaminadas, para a conservação de amostras de
água;
 Álcool para descontaminar as garrafas plásticas;
 Coleman para manter as amostras de água a temperatura ambiente de modo a
preservar as suas propriedades químicas e biológicas do campo até ao laboratório.

3.3. Trabalho do gabinete/laboratório


Para o reconhecimento da área de estudo, foi usado ArcGIS 10.5, que permtiu a geração de
mapas de enquadramentos geográfico, pedológico, geológico, e hidrogeológico. Foi usado
também o Microsoft Excel 2016 para a organização de alguns dados (coordenadas dos
furos), geração de gráficos e interpretação dos resultados.

Por falta de fundos, não foi possível caracterizar mineralogicamente os solos/rochas a


partir dos métodos clássicos (DRX, ATG, ATD, IV).

A caracterização mineralógica dos solos/rochas fez-se com base nos perfis


litoestratigráficos dos furos que foram elaborados a partir dos dados de perfuração obtidos
no Ministério Arco Íris.

Para análise da qualidade de água dos 12 furos selecionados, as amostras foram


encaminhadas para o Laboratório Provincial de Águas de Cabo Delgado, na cidade de
Pemba.

Chegado no laboratório fez-se o registo das amostras: número de amostras, data, local de
colheita e/ou proveniência das amostras (cidade de Pemba), fonte/tipo de água (água dos
furos).

Iniciou-se com análises fisico-químicas conforme o ojectivo da pesquisa, a descrição das


análises para cada parâmetro é feita a seguir:

Cor: pode se verificar a cor num recipiente transparente. No entanto foi usado o tubo de
Nasleyer para ver cor e foi incolor, e se comparou com água destilada (água pura), portanto
a amostra mostrou ligeira coloração. Mas também pode se usar espectometro com
comprimento de onda de 385 nm para ver a cor de água.

pH : usou-se pH metro, introduziu-se o eléctrodo e que depois ficou a processar a


tempetura de água e o pH. Lavou-se o equipamento com água destilada para evitar
inviabilizar outras ánalises.

31
CE: usou-se condutivimetro, para ler valor de CE em µs/cm. Colocou-se a amostra numa
tampa e introduziu-se outra parte de equipamento e esperou-se ler os resultados até parar o
seu processamento.

A água com baixo pH significa que é acida (tem poucos sais) e sua condutividade eléctrica
é baixa (menor que limite inferior).

STD: no condutivimetro usado para CE lê-se também STD em ppm (1 ppm = 1 mg/L).

Sabor: se o pH for menor que 7, a água é acida, acima de 7, a água é basica/ alcalina, o
sabor é salobra. Para as amostras analisadas com base no valor de pH são salobres (pH
maior que 7).

Depósito: quando agita-se a amostra, mostra sujidade que esta parado se deposita no fundo
de recepiente. Para as amostras analisadas mostraram ausência.

Turvação: vê-se a partir de um tubo de 5 mm que tem um "X" no fundo, e é para ver o
"X" sem problema, quando não conseguir ver, diz-se que a turvação é menor que 5 e esse
foi o resultado de todas amostras analisadas.

Eis componentes químicos abaixo descritos:

Dureza total: primeiro mede-se 50 ml de água e adiciona-se 10 ml de solução tampão


mais solução titulante EDTA (reagente com concentração conhecida) e nos dá a
concentração de amostra não conhecida através da reacção, adiciona-se também uma ou
duas gotas do indicador (negro de eriocromato), depois faz-se a titulação, vê-se a cor azul
(incolor) e faz-se registos de quantos de concentração foram gastos e por fim faz-se os
cálculos a partir da fórmula seguinte:

Equação 10

Onde:

: volume gasto de reagente;

: volume de amostra.

Cálcio: para a determinação da concentração do Ca2+ fez-se mistura de 50 ml da amostra


(do limite admissível) + 5% de NaOH (base) + 5 gotas do indicador, esperou-se durante 15

32
minutos e registou-se o volume gasto de EDTA. Para o cálculo da concentração do Ca2+
usou-se a seguinte fórmula:

Equação 11

Onde:

: volume gasto de reagente;

: volume de amostra.

Magnésio: para determinar a concentração do magnésio primeiro determinou-se a dureza


cálcica a partir da seguinte fórmula:

Equação 12

Onde:
: volume gasto de reagente;
: volume de amostra.

E de seguida determinou-se a concentração do magnésio pela diferença entre dureza total e


dureza cálcica, conforme a fórmula seguinte:

Equação 13

Cloretos: faz-se por método de Mohr (titulométrico), Cromato de Potássio (indicador) +


Nitrato de Prata (solução/ reagente). Adiciona-se 100 ml da amostra. Para preparar os
reagentes (10 ml da amostra + 90 ml de água destilada), introduz-se 1 ml da solução, para
titular (mexer) até a cor de laranja madura ou tijolo, usou-se 5 ml de solução.

Equação 14

a: volume titulante gasto na amostra;

b: volume titulante gasto no branco (0.01-0.02);

N: normalidade da solução titulante;

33
V: volume da amostra analisada (ml).

Para a determinação dos índices hidrogeoquímicos e sua correlação, bem como


classificação hidrogeoquímica da água foi utilizado o software QualiGraf versão 1.1 da
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos-FUNCEME (2014),
desenvolvido por Gilberto Möbus, pesquisador na área de hidrogeologia da FUNCEME
desde 1995.

QualiGraf é um programa computacional que consiste na realização da análise da


qualidade de água a partir de gráficos ou diagramas. Dentre as suas funções destacam-se a
execução do balanço iónico, análise de correlações, determinação de STD, determinação
de índice de qualidade da água (IQA), e classificação da água a partir de diagramas de
Piper, Stiff, Durov, radial e de Scholler & Berkaloff.

Por indisponibilidade de softwares, não foi possível criar um modelo hidrogeoquímico para
caracterizar o comportamento hidrogeoquímico dos aquíferos da área estuda.

Para a interpretação dos dados pedológicos, petrográficos e hidrogeoquímicos, bem como a


análise da influência da composição mineralógica do solo na qualidade de água dos furos
da área estudada, foi utilizado o método de correlação iónica (razões iónicas) por regressão
linear.

34
CAPÍTULO IV: Enquadramento da Área de Estudo
4.1. Enquadramento Geográfico
A cidade de Pemba é a capital da província de Cabo Delgado, geograficamente localiza-se
entre 12o 57' 0" e 13o 06' 0" latitude Sul e 40o 26' 50" e 40o 37' 0" de longitude Este.

A cidade tem uma configuração de uma península, em termos de limites geográficos


(Figura 7), no Norte e Este é limitada pelo Oceano Índico, no Sul pelo distrito de Mecúfi,
no Sudoeste pelo distrito de Metuge e no Nordeste pela Baía do mesmo nome (Conselho
Municipal da Cidade de Pemba – CMCP, 2014). De acordo com a mesma fonte a cidade de
Pemba tem uma superfície de 142 km2 e, é composta por 10 unidades administrativas que
correspondem a bairros residenciais dos munícipes, designadamente: Alto Gingone,
Cariacó, Cimento, Chuiba, Eduardo Mondlane, Ingonane, Mahate, Muxara, Natite e
Paquitequete.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), citado por CMCP (2014) a população
total da cidade em 2014 é estimada em 190.763 habitantes, sendo 49,58% mulheres.

Figura 7: Localização geográfica da área de estudo [Fonte: DINAGECA, adaptado pelo autor a partir do
ArcGIS 10.5].

35
4.2. Enquadramento Físiográfico
4.2.1. Clima
De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia – INAM (2018), a Cidade de Pemba
apresenta um clima tropical húmido com registo de temperatura média anual de 25,8°C.
Segundo DNGA et al. (2011) este clima é reforçado pelo facto de a cidade se localizar
sobre a margem da Baía de Pemba e de sua proximidade do Canal de Moçambique.

No que diz respeito à precipitação, INAM (2018) afirma que há duas estações bem
definidas, ao longo do ano: a estação seca e a estação húmida. Nessas duas estações, se
verifica uma desigual e irregular distribuição de chuvas ao longo do ano (DNGA & DPCA-
CD, 2011). A estação húmida tem uma duração de Dezembro a Abril, e traz altos índices
pluviométricos, com o mês mais húmido o Março, com 236.176 mm de média mensal. E a
estação seca alonga-se de Maio a Novembro, e traz, secundariamente, temperaturas mais
frescas, com céu ensolarado e baixa precipitação. Os meses mais secos do ano são Agosto
e Setembro, com uma precipitação que gira em torno de 6,42 mm de precipitação. A
humidade é muito alta durante a estação húmida, com média de 80-90%, sendo muito mais
baixa durante a estação seca. O mês mais quente é Janeiro ou Fevereiro, e o mais frio é
Julho (INAM, 2018).

40 800
Precipitação média (mm)
Temperatura média (ºC)

35 700
30 600
25 500
20 400
15 300
10 200
5 100
0 0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Meses
Precipitação média (mm) Temperatura média (ºC)

Gráfico 1: Temperatura e Precipitação Médias Mensais da Cidade de Pemba [Fonte: Autor, 2020].

36
4.2.2. Solos
Conforme Norconsult (2007), em termos pedológicos, a cidade de Pemba é constituída de
solos franco-arenosos, castanhos acinzentados profundos (FE e FS) na região Sul, solos
argilosos castanhos (WP1) de profundidade moderada na região Oeste, areia castanho-
acinzentada (DC) na região Este e areia grossa, castanho-avermelhado-escura (G) na região
Centro e Norte.

Figura 8: Enquadramento pedológico da área de estudo [Fonte: Norconsult, adaptado pelo autor a partir do
ArcGIS 10.5].

4.2.3. Hidrografia
De acordo com a Direcção Nacional de Águas - DNA (1987), a cidade de Pemba não
apresenta redes hidrográficas.

4.2.4. Vegetação
Em relação à vegetação, o território de Pemba é caracterizado essencialmente por
vegetação autóctones sobre sistemas dunares costeiros: savanas, palmeiras, bambus,
pradarias, mangais e por formações arbustivas de litoral. Predominam sobre a zona

37
mangueiras, imbondeiros, cajueiros e ainda manchas de coqueiros junto a costa. As linhas
de água são na direcção Sul a Sudeste, ou seja, para o interior da baía que é também uma
zona bastante assolada pela insolação (Pereira, 2012).

4.3. Enquadramento Geológico


4.3.1. Geologia Regional
Regionalmente, a geologia da área de estudo enquadra-se na Bacia Sedimentar do Rovuma
(GTK Consortium, 2006).

A Bacia do Rovuma é uma estrutura do tipo graben que faz parte das rochas depositadas
durante o evento do Karoo a qual anuncia a separação abortada do Gondwana (GTK
Consortium, 2006). Esta Bacia situa-se no extremo sul do sistema de bacia de margem
passiva da África Oriental que se estende da Somália a Moçambique e seu
desenvolvimento estratigráfico é relacionado com a ruptura progressiva do Gondwana no
Sudoeste e o subsequente tectonismo intra-continental associado ao sistema de Rift Este
Africano (Norconsult, 2007).

Sua extensão Norte-Sul é de aproximadamente 400 km desde o sul da Tanzânia até Nacala.
A sua largura máxima a Leste-Oeste é de aproximadamente 160 km no Norte de
Moçambique: a área terrestre aproximadamente 17.000 km2 e a área marítima 12.500 km2
(Fores, 1973; Lonropet SARL, 2000 citados em Norconsult, 2007).

4.3.2. Geologia Local


A nível local, a geologia da área de estudo apresenta-se de forma distinta, a faixa litoral e a
faixa continental. Na faixa litoral, as unidades lito-estratigráficas presentes (Qss, Qdi, Qmr,
Qst e Qcs) são do período Quaternário (Norconsult, 2007, pp. 395-401). A seguir é feita
uma breve descrição dessas unidades, baseada em Norconsult (2007):

Lama aluvial de origem fluvio-marinha (Qst)

Composta de areia branca de quartzo, minerais pesados e escuros. A areia é solta e de


granulação fina e média, é composta de grãos sub-arredondados a sub-retangulares, por
vezes contem conchas. O solo mais baixo do estuário é de lama cinzenta escura e sedosa.

Lamelas de areias com cascalhos locais (Qss)

As areias são ricas em quartzo e os grãos variam de bem arredondados a sub-retangulares e


de muito finos a grossos, são castanho-acastanhadas a cinzentas médias, incluem pequenas

38
manchas de cascalho e cascalho arenoso cortado por trechos de areia aluvial cinzenta.
Contem areias parcialmente consolidadas que fazem parte da Formação Mikindani e estão
expostas para o sul.

Areia da praia, dunas interiores e areia eólica (Qdi)

Areias predominantemente brancas e ricas em quartzo são uma característica espectacular


do litoral. Areias finas e soltas formaram dunas localmente em cumes aproximadamente
paralelos à costa. Eles geralmente ocorrem no interior de praias arenosas e são
estabilizadas pela vegetação. Contem areias finas, brancas e de grão médio, que parecem
estar parcialmente soprado, embora os cumes sejam menos distintos. As dunas paralelas
são compostas de areia fina, solta, lustrosa a marrom clara com grãos subangulares a
arredondados, principalmente de quartzo, fragmentos de calcite conchas e camadas de
minerais pesados.

Recifes marinhos, corais e sedimentos bioclásticos (Qmr)

Recifes de coral elevados mostram uma sequência que possui um calcário de base grossa e
mal classificada, composta principalmente por placas calcárias e uma matriz que consiste
em detritos orgânicos de grão fino a muito fino.

Os detritos bioclásticos cimentados, incluindo corais e bivalves, bem como granulados


grosseiros em seixos de quartzo, estão bem expostos ao redor da península de Pemba, a
oeste da praia de Wimbi.

Estes recifes são parcialmente elevados acima a altura marca da maré e são resistidas
irregularmente. O cimento local tende a ser um calcário escasso derivado dos detritos
bioclásticos e isso também pode ser a fonte do cimento carbonatado nas proximidades
(Grés costeiros).

Grés costeiros (Qcs)

Os recifes quaternários mais antigos de (Grés costeiros), ou seja, da costa até o meio
consolidado entre marés e o arenito de grão grosso contêm alguma casca de detritos e
cimento calcário. Esses recifes podem ter vários metros de espessura e geralmente são
adjacentes ou cercado por areia da praia. Na praia de Wimbi, a Este de Pemba, os recifes
locais bem desenvolvidos estão agora parcialmente elevado acima do nível da maré alta.

39
Isso inclui unidades e zonas cruzadas nas quais camadas de minerais pesados foram
escavadas e subsequentemente cimentados com carbonato.

Na faixa continental, a área de estudo está constituída de uma cobertura essencialmente de


rochas metamórficas da idade Arqueana e Proterozóica (Lächelt, 2004) e de rochas
sedimentares consolidadas e não consolidadas de Idade Fanerezóica, que pertencem às 9
(nove) formações geológicas (Norconsult, 2007) que constituem a bacia do Rovuma que
são: Formação N'Gapa, do Rio Mecole, Macomia, Chinda, Pemba, Quissanga, Alto
Jingone, Mifume e Mikindani, sendo as quatro (4) últimas pertencentes à área de estudo.

Formação Mikindani (TeK)

Em Moçambique, não foram encontrados fósseis que pudessem ajudar na datação absoluta
da formação Mikindani, porém na Tanzânia os depósitos da formação Mikindani pareciam
sobrepor-se ao Terciário Superior marinho e são considerados como sendo da idade
Mioceno-Plioceno (Norconsult, 2007). Em termos de suas litologias (Key, et al., 2008)
estão em unânime que esta formação é subdividida em duas (2) partes: unidade inferior,
composta por arenito com camadas significativas de conglomerados basais parcialmente a
bem graduados e uma secção superior mais espessa, geralmente arenosa.

Formação Quissanga (TeQs)

A Formação Quissanga compreende uma unidade de arenito inferior sobreposta por


calcários micríticos. Arenito de granulação média, branco, bem classificado e distinto com
cimento caulinítico ocorre dentro da formação e é considerada a parte inferior da formação.
O arenito é bastante maciço, mas parece ter um baixo mergulho abaixo, ocorrem também
calcários conglomeráticos e micríticos considerados parte superior da Formação
(Norconsult, 2007).

Formação Alto Jingone (TeAj)

A Formação Alto Jingone é da idade desde Paleocene para o início de Neocene e


compreende (Norconsult, 2007) calcários e arenitos bioclásticos com pedras, os calcários
ocorrem em camas de até cerca de 50 cm de espessura e os arenitos são finamente
alojados, fortemente bioturbados com abundantes tocas de minhoca e cortados por veias de
calcite, alguns dos arenitos contêm numerosos detritos vermelhos de feldspato detrítico.

40
Colónias e clastos de coral são característicos e pequenos clastos de quartzo e calcário
branco também estão presentes.

Formação Mifume (CrMf)

Esta formação é considerada como sendo do Cretáceo devido ao seu conteúdo em


microfósseis, a formação tem uma espessura de aproximadamente 200 m a Oeste de
Pemba, mas é extensivamente coberta por sedimentos terciários ao sul. Arenitos e calcários
são as principais litologias (Flores & Noseda, 1961 em Norconsult, 2007).

Figura 9: Representação cartográfica da geologia da área de estudo [Fonte: Norconsult, 2007, adaptado de
ArcGIS 10.5 pelo autor].

4.4. Enquadramento Hidrogeológico


De acordo com a DNA (1987), a cidade de Pemba é formada por aquíferos porosos,
fracturados e fissurais. Estes aquíferos pertencem aos domínios hidrogeológicos das rochas
sedimentares da bacia do Rovuma e são constituídos por rochas da idade desde Cretáceo
até Quaternário. Os aquíferos mais produtivos desta zona correm sérios riscos de
salinização.

41
Os aquíferos desta área pertencem aos domínios hidrogeológicos A3, B2, B3 e C2 (DNA,
1987) e são descritos a seguir, com base em DNA (1987):

Aquíferos do Domínio A3: corresponde aos aquíferos em que a água circula


predominantemente através de espaços intergranulares, os poros. Geralmente estes
aquíferos são contínuos e constam de material não consolidado ou semi-consolidado
(areias de dunas). Os caudais prováveis situam-se entre 3-10 m3 /h.

Aquíferos do Domínio B2 e B3: B2 são constituídos de calcários e calcarenitos da costa e


B3 pertencem as camadas da Formação Mikindani, os dois compreende aquíferos em que a
água circula através de fracturas e de fissuras, têm como suporte rochas consolidadas. Os
caudais previstos variam entre 10 e 20 m3 /h para B2 e entre 3 e 10 m3 /h para B3.

Aquíferos de Domínio C2: estes aquíferos abrangem áreas em que a ocorrência de águas
subterrâneas é limitada, ou local, e áreas desprovidas de recursos em águas subterrâneas, o
C2 abrange áreas com formações fissuradas de baixa produtividade, cujos caudais
previstos são inferiores a 3 m3 /h.

42
Figura 10: Mapa hidrogeológico da área de estudo [Adaptado de DNA, 1987, a partir de ArcGIS 10.5].

A Figura 10 mostra a distribuição espacial dos 12 furos analisados e a respectiva


hidrogeologia da área estuda. Os furos encontram-se inseridos nos bairros de Nanhimbe,
43
Maringanha, Natite e Chuiba e pertencem aos aquíferos de domínio A3, constituídos de
areias médias a muito finas, argilas de origem eólica e/ou marinha, e com vazões variando
de 3 a 10 m³/h.

4.5. Abastecimento de água


A cidade de Pemba é abastecida de água potável a partir de um sistema de abastecimento
de água do FIPAG, que tem início no distrito de Metuge a mais de 50 km de distância.

Segundo Pereira (2012), a captação é feita através de furos no aquífero do Rio Muaguide.
As zonas não abrangidas pelo sistema são abastecidas por poços e furos locais.
Actualmente apenas 6% dos agregados familiares na cidade de Pemba tem água canalizada
dentro da casa, 55% fora de casa e 29% é abastecido pelos fontanários. Os restantes são
abastecidos por poços a céu aberto, lagoas e água das chuvas.

44
CAPÍTULO V: Apresentação e Discussão dos Resultados
O conhecimento das características mineralógicas, estratigráficas e estruturais dos
materiais geológicos permite entender o processo de passagem da água para o subsolo, a
forma como ocorre o seu armazenamento e a sua transmissão assim as influências nos seus
aspectos relacionados à qualidade e quantidade.

Análise físico-química das amostras de água


Perfil do furo
Ca2+ Mg2+ Dureza CE STD Cl- SO 4 2- HCO 3 -
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (µs/cm) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
pH

7,8 3,2 10,24 50 523 130,7 49,6 14,2 134,2

7,8 7,2 6,3 44 796 91,9 67,3 51,4 100

45
7,4 10,4 7,32 56 327 81,4 67,3 11,4 172

8,0 32 10 40 685 165 121,2 2,8 366

7,9 5,6 5,36 36 600 144,6 112 1,4 350,1

46
8,0 6,4 6 40 547 106,2 47,1 41,4 212,2

7,8 9,6 8 56 373 72,5 67,3 18,5 117,1

8,0 16 8,34 74 795 189 90,4 1,4 180

47
8,4 76,1 56,1 420 4090 735 439,5 2,8 427

7,2 16,8 5,8 66 611 91,9 81,5 22,8 129,3

8,9 8,8 6 50 606 152 65,2 22,8 139

48
8,0 88,1 63,4 480 3920 727 450,2 29,9 439,2

Tabela 8: Perfis dos furos e respectiva análise físico-química da água [Fonte: Iris Ministries, Inc, 2018].

A Tabela 8 mostra os perfis litoestratigráficos dos pontos de amostragem, conforme os


dados de perfuração obtidos no Ministério Arco Íris, referentes aos 12 furos de águas
analisados e seus respectivos parâmetros físico-químicos qualitativos da água. Os perfis
são geralmente constituídos de areia fina, areia grossa, areia vermelha, argila e cálcario. As
primeiras camadas são maioritariamente constituídas de areias finas com espessura que
varia de 4 a 15 metros, as camadas intermédias são essencialmente constituídas de argilas e
argilas vermelhas e as camadas de base são compostas de calcários.

Litotipos atravessados Possíveis minerais


Argila Montmorilonite, vermiculite, ilite, caulinite.
Areia fina Fragmentos de quartzo
Areia grossa Fragmentos de quartzo
Areia vermeha Fragmentos de quartzo, hematite
Calcário Calcite, dolomite
Tabela 9: Principais litotipos da área de estudo, com os possíveis minerais [Fonte: Autor, 2021].

A profundidade das zonas saturadas depende do relevo, e para os furos de amostragem


varia de 4,5 metros nas zonas mais baixas, até mais de 15 metros, em zonas altas. A água é
geralmente armazenada nos calcários e por vezes nas areias.

49
Figura 11: Altimetrias da cidade de Pemba [Fonte: Autor, 2021].

5.1. Análise físico-química da água


As análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório Provincial de Águas de Cabo
Delgado, na cidade de Pemba.

As análises laboratoriais das as águas desses furos foram mais inclinadas aos aspectos
físico-químicos, conforme a essência da pesquisa, que é da correlação entre a composição
iónica das águas e os padrões pedológicos e petrográficos.

Foram determinados os seguintes parâmetros: pH, Condutividade eléctrica, Turvação,


STD, Cor, Sabor, Nitratos, Nitritos, Cloretos, Alcalinidade, Bicarbonato, Sulfatos, Dureza,
Cálcio, Magnésio, Fluoretos e Ferro total.

5.1.1. Parâmetros físicos


 Condutividade Eléctrica (CE)

O Gráfico 2 mostra a Condutividade Eléctrica dos 12 furos analisados nos bairros de


Nanhimbe, Maringanha, Natite e Chuiba, cidade de Pemba.

50
A Condutividade Eléctrica (CE) é directamente proporcional a temperatura, ou seja, a
condutividade aumenta com elevação da temperatura, e é condicionada pelos teores
elevados de sais dissolvidos em forma de iões.

CE
Condutividade Eléctrica (µs/cm)

4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0

Gráfico 2: Condutividade Eléctrica [Fonte: Autor, 2021].

Os valores de CE variam entre 327 e 4090 µs/cm, com uma média de 1151,91 µs/cm. Em
termos de potabilidade, para este parâmetro os furos F9 e F12 apresentam valores fora dos
limites admissíveis (50-2000 µs/cm) de acordo com o Diploma Ministerial nº 180/2004.

Furo Condutividade
Mineralização Qualidade da água
(µs/cm)
F1: Maringanha 523 Média Boa
F2: Nanhimbe 673 Importante Utilizável
F3: Chuiba 327 Pouco acentuada Excelente
F4: Chuiba 685 Importante Utilizável
F5: Chuiba 600 Média Boa
F6: Chuiba/Koba 547 Média Boa
F7: Chuiba 373 Pouco acentuada Excelente
F8: Maringanha 795 Importante Utilizável
F9: Maringanha 4090 Excessiva Não utilizável
F10: Maringanha 684 Importante Utilizável
F11: Maringanha 606 Importante Utilizável
F12: Maringanha 3920 Excessiva Não utilizável
Tabela 10: Classificação da água quanto aos valores de condutividade elétrica, com base Mendes e Oliveira
(2004).

51
 Sólidos Totais Dissolvidos (STD)

Sólidos Totais Dissolvidos (STD) corresponde a concentração de todo material dissolvido


na água.

STD
Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L)

800
700
600
500
400
300
200
100
0

Gráfico 3: Sólidos Totais Dissolvidos [Fonte: Autor, 2021].

Os valores de STD variam entre 72,5 e 735 mg/L, com uma média de 228,175 mg/L. Os
furos F8, F9 e F12 exibiram altos valores de STD, como consequência de apresentar altos
valores de CE. Em termos de potabilidade, para este parâmetro todos os furos analisados
apresentam valores dentro do limite máximo admissível (1000 mg/L) de acordo com o
Diploma Ministerial nº 180/2004.

5.1.2. Parâmetros químicos


 pH

Segundo Esteves (2011) pH pode ser considerado como uma das variáveis ambientais mais
importantes, ao mesmo tempo uma das mais difíceis de se interpretar. Esta complexidade
na interpretação dos valores de pH se deve ao grande número de factores que podem
influenciá- lo.

52
pH de água dos furos
9
8
7
6
5
pH

4
3
2
1
0

Furos por bairros

Gráfico 4: Concentração hidrogeniónica da água (pH) [Fonte: Autor, 2021].

Para a área de estudo, o armazenamento das águas nos calcários, influenciou em altos
valores de pH de água dos furos F4, F6, F8, F9, F11 e F12. Importa referir que os valores
de pH de todas as amostras analisadas estão na faixa de alcalinidade (maiores que 7), e
variam entre 7,2 e 8,9 com valor médio de 7,93.

Em termos de potabilidade, para este parâmetro a água do furo F11 não reune condições
necessárias para o consumo humano, isto é, apresenta valor 8,9 fora dos limites
admissíveis (6,5-8,5) de acordo com o Diploma Ministerial nº 180/2004.

53
Parâmetros químicos
600
Concentração dos parâmetros (mg/l)
500

400

300

200

100

Cálcio Magnésio Cloretos Bicarbonatos Sulfatos Alcalinidade Dureza

Gráfico 5: Parâmetros químicos [Fonte: Autor, 2021].

 Cálcio (Ca2+)

Este parâmetro é um dos responsáveis pela dureza da água, e é geralmente condicionada


pela presença de rochas carbonatadas, como é o caso de calcário e mármore (Feitosa et al.,
2008). Apesar de na área de estudo predominarem rochas calcárias conforme mostram os
perfis, não influenciaram significativamente neste parâmetro, os seus valores variam entre
3,2 e 88,1 mg/L, com uma méda de 26,525 mg/L, onde os furos F9 e F12 com 76,1 mg/L e
88,1 mg/L respectivamente, encontram-se fora do limite máximo admissível (50 mg/L) de
acordo com o Diploma Ministerial nº 180/2004.

 Magnésio (Mg2+)

O magnésio ocorre, principalmente, em rochas carbonatadas, junto com o cálcio, influencia


na dureza da água, e produz gosto salobro (Feitosa et al., 2008). Os valores do ião
magnésio para as amostras analisadas variaram entre 5,36 e 63,4 mg/L, com média de
16,32 mg/L. Dessa forma e atendendo este parâmetro, os furos F9 e F12 estão fora do

54
limite admissível (50 mg/L), de acordo com os critérios de potabilidade estabelecidos pelo
Diploma Ministerial nº 180/2004.

 Cloretos (Cl-)

Os resultados das análises químicas dos 12 furos indicaram pouca influência da geologia
local nas águas em termos do ião cloro. Como os furos estão localizados na zona costeira,
assume-se que o cloro presente nessas águas é proveniente do cloreto originado em
ambiente marinho, e da concentração do mesmo, por evaporação, da água da chuva e
"spray" marinho.

Os valores deste parâmetro estão no intervalo entre 47,1 mg/L e 450,2 mg/L, com valor
médio de 140,875 mg/L, mostrando estarem dentro do limite máximo admissível (250
mg/L).

 Bicarbonatos (HCO3 -)

Não se oxida e nem se reduz em águas naturais. Precipita facilmente como bicarbonato de
cálcio. Sua presença está relacionada com a dissolução de calcários, de dolomites e a
hidrólise de silicatos em presença de CO 2 (Feitosa & Filho, 2000).

Os seus valores variam entre 100 e 439,2 mg/L, com uma média de 230,5 mg/L . Em
termos de potalidade, nada se conclui, pois, este parâmetro não está previsto no Diploma
Ministerial nº 180/2004.

 Sulfatos (SO4 2-)

Os iões sulfatos encontram-se distribuídos nos minerais das rochas que constituem a crusta
terrestre, nas águas subterrâneas se encontram em pequenas concentrações.

Os seus valores estão no intervalo entre 1,4 e 51,4 mg/L, com média de 18,4 mg/L. Em
termos de potabilização, estão dentro do limite máximo admissível (250 mg/L).

 Alcalinidade total

De acordo com Fillho (1994), somente as rochas orgânicas e carbonáticas possuem


elevadas concentrações de alcalinidade. Este sistema é o mais importante na hidrosfera,
possibilitando constantes trocas entre a superfície da água e a atmosfera, a química
aquática, estruturas biológicas dos organismos e deposição de sedimentos carbonatados.

55
As amostras analisadas registaram valores compreendidos entre 96 e 500 mg/L com média
de 177,75 mg/L.

Calcite (CaCO 3 ) e dolomite [CaMg(CO 3 )2 ] são os minerais que se manifestaram como


tampão, contribuindo para valores elevados de alcalinidade nos furos F4, F5, F8 e F10.

Nesta pesquisa, considerou-se a alcalinidade total como tendo origem das concentrações de
bicarbonatos, em função da faixa de pH (7,2-8,9).

 Dureza

Apesar de predominarem rochas calcárias na área de estudo, os resultados laboratoriais


indicam que não há influência significativa das mesmas na dureza da água. Os valores
variam entre 36 e 480 mg/L, com média de 126,5 mg/L. Em termos de potabilidade, os
valores encontram-se na faixa potável (500 mg/L) de acordo com Diploma Ministerial nº
180/2004.

5.2. Índices hidrogeoquímicos


Neste presente trabalho foram estudados os seguintes índices hidrogeoquímicos:

 Índice rMg2+/rCa2+

A partir do gráfico 6, verifica-se que a razão rMg2+/rCa2+ indica que a


maioria dos furos contêm águas continentais que possivelmente sofrem influência de
terrenos dolomíticos, o que é evidente, pois as águas estão armazenadas em região de
rochas carbonáticas.

56
Gráfico 6: Correlação entre os iões de magnésio e cálcio nas águas amostradas [Fonte: Autor, 2021].

O gráfico apresenta uma linha de tendência com uma correlação muito baixa, com R2 =
0,19 e declive muito distante de 1, indicando uma diminuição desta razão, facto que
comprova a dissolução do calcário nessas águas.

 Índice rCa2+/rHCO3 -

Assim como a razão rMg2+/rCa2+, a razão rCa2+/rHCO 3 -, indica que o as amostras


analisadas para a presente pesquisa possui um registo compatível com águas
continentais.

Gráfico 7: Correlação entre os iões de cálcio e bicarbonato nas águas amostradas [Fonte: Autor, 2021].

57
O declive da recta de correlação possui um valor de 0,82 indicando uma relação próxima
de 1:1. O gráfico 7 mostra a correlação linear entre estes dois iões, com R2 = 0,82,
apontando para uma origem comum e dissolução de calcite e dolomite.

 Índice rSO4 2-/rCa2+

Esta razão geralmente tem sido usada para avaliar a contribuição do SO 4 2- nas águas
subterrânes, em regiões que afloram rochas carbonáticas, embora que iões sulfatos
encontram-se distribuídos nos minerais das rochas que constituem a crusta terrestre, estes
não tiveram impacto na qualidade de águas analisadas.

Gráfico 8: Correlação entre os iões sulfato e cálcio nas águas amostradas [Fonte: Autor, 2021].

A correlação linear entre estes dois iões é muito baixa, com R2 = 0,02, o que indica que os
iões sulfatos contribuiram de forma insignificante para a mineralização das águas.

Por outro lado, o ião cálcio como quociente desta razão, a sua presença resultante da
dissolução de calcite, mostrou maior influência.

5.3. Classificação das águas analisadas


As informações sobre as fácies hidrogeoquímicas juntamente com às suas relações iónicas
expressas em (meq/L) têm sido usadas para confirmar a análise química e ajudar na
dedução da rocha original.

58
Figura 12: Diagrama de Piper para classificação da água dos furos da área de estudo [Fonte: Autor, 2021].

Nesta pesquisa, destacaram-se cinco (5) fácies hidrogeoquímicas (Figura 12): águas
bicarbonatadas magnesianas, águas bicarbonatadas cálcicas, águas cloretadas magnesianas,
águas mistas magnesianas e águas mistas cálcicas.

As águas mais abundantes nesta região são bicarbonatadas magnesianas com uma
contribuição de 41,67%, seguidas de bicarbonatadas cálcicas com um peso de 17%.

59
CAPÍTULO VI: Conclusões e Recomendações
6.1. Conclusões:
A partir do trabalho realizado e dos resultados obtidos concluiu-se o seguinte:

A área de estudo é constituída de aquíferos freáticos que pertencem ao domínios A3 e C2,


com cobertura de areias, margas e calcários.

A profundidade das zonas saturadas varia de 4,5 metros nas zonas baixas, até mais de 15
metros, em zonas altas e, as vazões variam de 3 a 10 m3 /h.

Estão presentes na área de estudo os seguintes litotipos: argilaas, areias finas, areias
vermelhas, areias grossas e calcários e, estes estão associados aos minerais
montimorilonite, caulinite, ilite, vermiculite, fragmentos de quartzo, hematite, calcite,
dolomite e aragonite.

O principal litotipo que influenciou na qualidade de água é o calcário, sendo calcite e


dolomite minerais condicionantes. Os parâmetros afectados significativamente são pH,
Cálcio, Magnésio e CE. Os resultados obtidos confirmam a necessidade do tratamento
convencional da água para corrigir os parâmetros afectados.

Em termos de fácies hidrogeoquímicas, predominam na área de estudo águas


bicarbonatadas magnesianas como consequência da presença de calcários.

6.2. Recomendações:
 Recomenda-se que se faça a caracterização mineralógica dos solos/rochas a partir
das técnicas clássicas tais como DRX, ATD, IV e ATG;
 Recomenda-se ainda que se use um modelo hidrogeoquímico, para caracterizar o
comportamento da água subterrânea da área estudada.

60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ceará - UFC.

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Salto (SP). Tese de Doutoramento. São Paulo: Universidade de São Paulo-Instituto de
Geociências.

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Dissertação de Mestrado em Geociências (Geoquímica) - Universidade Federal
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Engenharia Agrícola do Sector de Ciências Agrárias.

65
APÊNDICES E ANEXOS
Apêndice A: Fotos de visita ao campo e colheita de amostras

66
Apêndice B: Pontos de amostragem

Coordenadas em UTM
Furo X Y
F1: Maringanha 671730 8564235
F2: Nanhimbe 669741 8564247
F3: Chuiba 669729 8562342
F4: Chuiba 668748,43 8560468,1
F5: Chuiba 669748 8560468
F6: Chuiba/Koba 668965 8560472
F7: Chuiba 669880 8562341
F8: Maringanha 671652 8565411
F9: Natite 664240 8567044
F10: Maringanha 671040 8565639
F11: Maringanha 671188,01 8564239,01
F12: Natite 664231 8567052

Apêndice C: Imagens do
laboratório

67
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Apêndice D: Geometrias observadas no Diagrama de Stiff das amostras de águas .

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71
72
73
74
75
Apêndice D: Tipologias químicas das águas analisadas.

Furo Tipologia química da água


Bicarbonatada Magnesiana
F1: Maringanha
Mista, Cálcica
F2: Nanhimbe
Bicarbonatada Magnesiana
F3: Chuiba
Bicarbonatada Cálcica
F4: Chuiba
Bicarbonatada Magnesiana
F5: Chuiba
Bicarbonatada Magnesiana
F6: Chuiba/Koba
Mista, Magnesiana
F7: Chuiba
Bicarbonatada Cálcica
F8: Maringanha
Cloretada Magnesiana
F9: Natite
Mista, Cálcica
F10: Maringanha
Mista, Magnesiana
F11: Maringanha
Bicarbonatada Magnesiana
F12: Natite

Anexo A: Dados climatéricos da cidade de Pemba

76
Anexo B: Boletins de análise de água

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81
Anexo C: Parâmetros de qualidade de água para o consumo humano-Água não
tratada (Poços, Furos). Fonte: MISAU (2006).

Parâmetro Limite Máx. Admissível Unidade


Microbiológica
Admissível
Coliformes totais Nº de colónias. /100 ml
Coliformes fecais < 10 Nº de colónias. /100 ml
Vibro Cólera Ausente /100 ml
Análise Físicas e Químicas
Cor Incolor
Condutividade Eléctrica 50-2000 µmho/cm
pH 6.5-8.5
Sólidos Totais Dissolvidos 1000 mg/L
Turvação 5 UNT
Amoníaco 1.5 mg/L
Cálcio 50 mg/L
Cloretos 250 mg/L
Cloro Residual ___ mg/L
Dureza Total 500 mg/L
Fluoretos 1.5 mg/L
Ferro Total 0.3 mg/L
Magnésio 50 mg/L
Matéria Orgânica 2.5 mg/L
Nitritos 3 mg/L
Nitratos 50 mg/L
Sulfatos 250 mg/L
Arsénio 0.01 mg/L
Crómio 0.05 mg/L
Cobre 1.0 mg/L
Cádmio 0.003 mg/L
Cianeto 0.07 mg/L
Chumbo 0.01 mg/L
Manganês 0.1 mg/L
Mercúrio 0.001 mg/L
Níquel 0.02 mg/L
Sódio 200 mg/L
Selénio 0.01 mg/L
Zinco 30 mg/L
Pesticidas Totais 0.0005 mg/L
Hidrocarbonetos Totais 0.0001 mg/L

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