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Rosário Francisco Raposo

Trabalho de campo-II (Bacia de Moatize-Tete)

Licenciatura em Geologia

Universidade Pedagógica

Beira

2014
Rosário Francisco Raposo

Trabalho de campo-II (Bacia de Moatize-Tete)

Relatório dirigido aos docentes das Prática Pedagógicas, Para


Efeitos de Teste, Faculdade de Ciências da Terra, Departamento de
Geociências, Curso de Geologia, Delegação da Beira.

Mscs: Mateus Munharage e Ubaldo G. O. Gemusse

Universidade Pedagógica

Beira

2014
Índice
Conteúdos Pág.

Introdução ........................................................................................................................................ 3

2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO ............................................. 4

2.1 Localização Geográfica ......................................................................................................... 4

2.2 Clima ..................................................................................................................................... 5

2.3 Hidrografia e Orografia ......................................................................................................... 5

3. GEOLOGIA DA REGIÃO .......................................................................................................... 6

3.1 Enquadramento Geológico de Tete ....................................................................................... 6

3.2 Enquadramento Geológico de Moatize ................................................................................. 8

4. Actividades desenvolvidas ........................................................................................................ 10

4.1Objectivos ......................... ................................................................................................... 10

4.2 Aula sobre a bacia carbonífera de Moatize ......................................................................... 11

Conclusão ...................................................................................................................................... 18

Bibliografia .................................................................................................................................... 19
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Introdução
O presente relatório espelha o desenvolvimento das aulas de campo-II, realizadas em Moatize-
Tete de 24 à 27 de Agosto de 2014, pelos estudantes do 2º Ano do curso de licenciatura em
Geologia da Universidade Pedagógica Delegação da Beira, no âmbito do cumprimento do
Programa Curricular desta Universidade, com objectivo principal proporcionar aos estudantes
um contacto com a realidade da sua futura profissão.

Tete é interessante sob ponto de vista geológico, pois possui ambientes de deformação dúctil e
quebradiço e também tendo em conta as rochas metamórficas, há rochas com elevado grau de
metamorfismo. Na provincia de Tete, as aulas de campo versam fundamentalmente aspectos
relacionados com os processos sedimentares, incluindo a sedimentogénese, sedimentologia, e as
rochas sedimentares.

O relatório segue a cronologia dos conteúdos previamente estabelecidos pelos docentes da


cadeira, mas é possivel também observar que alguns pontos que se acharam pertinentes foram
acrescentados. A metodologia usada para redigir o relatório baseou-se na observação,
experimentação e consultas bibliográficas, tendo sido selecionados e consultadas obras que
versam sobre a localização e o enquadramento geológico da área em estudo.
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2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO

2.1 Localização Geográfica

A Província de Tete situa-se no extremo noroeste do país, e faz fronteira com 3 (três) Países
numa extensão total de 1480Kms, nomeadamente com a República do Malawi 610 Kms, com a
República da Zâmbia 420 Kms e com a República do Zimbabwe 450Kms. Zâmbia e Malawi a
norte, Malawi a este, Zâmbia e Zimbabwe a oeste e a sul com o Zimbabwe e três províncias
Moçambicanas, Zambézia a este, Manica e Sofala a sul e entre as coordenadas de 14º00'S e
17º42'01"S e 30º13'E e 35º20'07"E.

Fig. 1: (A) Mapa de localização geográfica da província de Tete, de acordo com (José, 2009,
Adapatado: Dinageca, Fevereiro/2003).
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2.2 Clima

Tete situa-se na região centro de Pais, onde em termos gerais, o clima, tal como no resto do Pais,
é influenciado pela zona de convergência intertropical e, mais especificamente, pela frente
intertropical Sul. A temperatura média mensal nos meses mais quentes: Outubro, Novembro,
Dezembro, Janeiro e Fevereiro é cerca de 28 a 29°C e nos meses mais frios, Junho e Julho de
22°C. Identificam-se na província de Tete três tipos de climas:

 O Clima Tropical Seco: que ocupa uma pequena faixa a esquerda do rio Zambeze e toda a
região a direita excepto uma pequena faixa no distrito de Mutarara que possui o clima
tropical húmido, com temperaturas máximas médias anuais na ordem dos 32°C e a
precipitação máxima de 180 mm;
 O Clima Tropical Húmido: que ocupa uma faixa alongada no sentido este-oeste no
interior da região norte de Tete;
 O Clima Modificado pela Altitude: desde o rio Aruângua (Zumbo) ao distrito de
Tsangano causado pelos planaltos da Marávia-Angónia com temperaturas máximas
médias anuais na ordem dos 26°C e com uma precipitação máxima média de
aproximadamente 360 mm.

2.3 Hidrografia e Orografia


A Bacia Carbonífera de Moatize está englobada na Bacia Hidrográfica do rio Zambeze a qual, em
território nacional, se estende no sentido Oeste-Este do Zumbo (na fronteira com a Zâmbia e o
Zimbabwe) até à sua foz no Oceano Índico (Chinde), e da Zâmbia/Malawi ao Zimbabwe, no
sentido Norte-Sul. A Bacia Hidrográfica do rio Zambeze ocupa, em Moçambique, uma extensão
de cerca de 137.000 km2 (Vasconcelos, 1995 citando Real, 1966).

Na zona de Moatize, o Rio Zambeze tem uma largura bastante grande, com margens
relativamente baixas. Na cidade de Tete a largura atinge cerca de 2 km. Nesta zona, o principal
afluente do Rio Zambeze, situado na sua margem esquerda, é o Rio Revúboè, que corre de norte
para sul e corta a Bacia Carbonífera de Moatize. O Rio Moatize, que corre de leste para oestre, é
um subsidiário do Rio Murongozi o qual, por sua vez, é subsidiário do Rio Revúboè. Este rio,
durante a época seca, não tem caudal de superfície. A rede fluvial que drena a Bacia Carbonífera
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de Moatize é uma rede de drenagem dendrítica que conflui no Rio Revúboè, a norte do Monte
M’Pandi (zonas central e noroeste do graben) e, a sudeste deste monte, a rede drena para outros
afluentes do Rio Zambeze os quais têm curso NE-SW. A rede de drenagem da região é
caracterizada por rios de curso impersistente (Vasconcelos, 1995 citando Vasconcelos 1948).
Durante os meses da estação seca (Abril à Dezembro), e considerando a natureza permeável dos
terrenos, os rios apresentam leitos secos. Nos restantes meses, caracterizados por chuvas
torrenciais, os rio têm caudais turbulentos que impedem a navegação e aceleram a erosão.

Em termos de relevo, a bacia situa-se num graben com uma largura variando de 2.5 km à 8 km e
uma extensão de mais de 20 km, estando a superfície, plana e levemente ondulada, situada a uma
latitude entre 140 m e 220 m acima do nível do mar. as zonas bordejantes do graben, de idade
precâmbrica, situam-se a altitudes maiores (cerca de 300 m). Outra manifestação de relevo, na
área é a Serra da Caroeira, no topo da qual se encontra uma estação de telecomunicações. A Serra
da Caroeira é constituída por rochas sedimentares do Karoo Superior e situa-se na margem direita
do rio Zambeze a poucos quilómetros da cidade de Tete.

3. GEOLOGIA DA REGIÃO

3.1 Enquadramento Geológico de Tete


Em termos do seu enquadramento geológico regional, Tete localiza-se num graben orientado
aproximadamente NW-SE, que pertence ao Baixo Zambeze. O Baixo Zambeze é a zona da bacia
hidrográfica do rio Zambeze, no oceano Índico. O graben onde se localiza a cidade de Tete
formou-se durante o período pós-Cambrico, tendo sido preenchido por sedimentos continentais
do Karoo. As séries inferiores do Karoo são constituidas por sedimentos fluvio-lacustres, com
textura fina (pelitos) onde ocorrem leitos de carvão provenientes da flora gonduânica. Esta
sequencia é denominada por “Camadas produtivas de carvão” e pertence à Bacia Carbonífera de
Moatize-Minjova (Real, 1966 in Afonso et al., 1998). Sobre as séries inferiores do Karoo, datadas
do Carbonífero superior, assentam aluviões quaternárias, associados ao transporte e deposição de
sedimentos do rio Zambeze e seus afluentes.

Na margem de Tete, a cerca de 5 km a SW do rio Zambeze, afloram granitos e gnaisses que


constituem o soco da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova. Por outro lado, na margem
Moatize, a cerca de 10 km a NE do rio Zmbeze, afloram gabros e anortosite subordinada.
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De acordo com a carta geológica de Moçambique de Recursos industriais e de materiais de


construção, folha no 1633, à escala 1:250,000, na margem norte da confluência do rio Revúboè
com o rio Zambeze ocorre um terraço fluvial datado do Quaternário constituido por areias e
cascalho.

A província de Tete tem grandes reservas de recursos minerais sendo a mais beneficiada do país
tanto em quantidade como em variedade. Há jazidas de minerais metalíferos, não metalíferos,
rochas ornamentais, mármores, pedras de adorno entre outras. Grande parte destas jazidas ainda
está intacta.

No entanto, as reservas de carvão pertencem ao Supergrupo do Karoo, as mais importantes do


País, sendo de menção especial a Bacia de Moatize, a mais conhecida delas todas. Outras bacias
importantes na Província de Tete são: Mucanha-Vúzi (uma sub-bacia da Bacia de Chicôa-
Mecúcoè), a Bacia de (Moatize)-Muarázi-Minjova (a leste de Moatize), a Bacia de Ncondédzi-
Minjova-Mutarara (ao longo da fronteira com o Malawi) e a Bacia de Sanângoè-Mefidézi (a
sudoeste da cidade de Tete).

Outros importantes jazidas, desde filões de quartzo carbonatados constituídos por sílica calcite,
jazidas de ferro e chumbo (magnetita, hematita e apatita), jazidas de coríndon, jazida de fluorite e
inúmeras jazidas de titanomagnetites vanadíferas (Ferro, titânio e vanádio). Os filos quartzo-
carbonatados, unicamente constituídos por calcite e sílica situam-se nos arredores da Vila de
Moatize. As jazidas de ferro e chumbo, essencialmente constituídos por magnetita, hematita e
apatita, localizam-se no Monte Muande, situando-se nas proximidades do Rio Zambeze, junto ao
limite ocidental. A jazida de corindo localiza-se na região de Cachoeira, próximo da EN 103 –
Moatize /Zóbuè (José, 2009, citando GTK Consortium, 2006).

A jazida de fluorite localiza-se no Monte Muambe. Há ocorrências de minerais polimetálicos de


cobre, ouro, prata, volfrâmio e chumbo (essencialmente constituídos por calcopirita aurífera e
argentífera Shelite e galena), em Capanga nos arredores da Vila de Moatize. Existem, ainda,
minerais radioactivos (constituídos por davitite, samarsquite, estibitanlite e pecholenda) e de
rutilo na região de Mabvudzi, praticamente no limite entre o distrito de Moatize e Chiúta. No
respeitante aos materiais de construção, salienta-se a existência de calcários cristalinos, rochas
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gabro-dioríticas e especialmente de anortositos (rocha ornamental de beleza rara), bem como de


argilas, areias e saibro, o que confere a este distrito a total auto-suficiência em recursos minerais
no domínio da construção civil.

Fig. 2: Mapa Geológico da área de Tete-Moatize, de acordo com (Vasconcelos, et al, 2009,
adaptado de Folha No. 1633, 1:250.000, GTK Consortium, 2006).

3.2 Enquadramento Geológico de Moatize


A bacia carbonífera de Moatize localiza-se na província de Tete, a cerca de 20 km a nordeste da
capital provincial, e a uns escassos 6 km do aeroporto de Chingódzi. A capital distrital de
Moatize localiza-se dentro da bacia carbonífera, e situa-se na estrada que liga Tete ao Malawi,
através da vila fronteiriça do Zóbuè (cerca de 90 km). Perto de Moatize há ainda a estrada que vai
para a Zâmbia, através da fronteira de Cassacatiza.
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A rede fluvial na Bacia de Moatize é constituída pelo Rio Revúboè, que corta a bacia no sentido
NE-SW em direção ao Rio Zambeze, e pelos seus afluentes Rio Moatize, que corre na direção
ESE-WNW, e Rio Murongódzi, que corre na direção NS. Em termos de orografia, a Bacia de
Moatize apresenta um relevo aplanado algo ondulado, sendo bordejado a NE, NW e SW por
zonas de montanhas referentes às formações precâmbricas. A feição mais notória é o Monte
M’pandi, no limite SW da bacia, junto ao Rio Revúboè, com uma altitude de 321 m (GTK
Consortium, 2006).

Esta bacia, pertence ao Supergrupo do Karroo. A sequência estratigráfica tem seis camadas de
carvão principais, designadas de baixo para cima como: Sousa Pinto, Chipanga, Bananeiras,
Intermédia, Grande Falésia e André. A camada Chipanga é a mais espessa de todas e a única que
foi explorada. Sobreposta à Formação de Moatize encontra-se a Formação de Matinde. As
formações de Moatize e Matinde são respectivamente equivalentes ao Dwyka Superior/Ecca
Inferior e ao Ecca Médio/Superior da Bacia. A bacia carbonífera de Moatize está orientada no
sentido NW-SE e está rodeada por gabros e anortositos da Suite Tete, de idade Mesoproterozóica
(1600-1000 M.a), o limite NE da bacia é uma falha normal de cerca de 30 km de comprimento,
orientada NW-SE. O limite SW é tanto por inconformidade, como também por contacto de falha,
como é o caso da Falha do Monte M’pandi (Real, 1978).

A idade da série produtiva pode ser determinada devido à presença de numerosos fósseis
vegetais, que são:
 Glossopteris Indica Shimper;
 Glossopteris Browniana Brongr;
 Glossopteris Brancae Gothan;
 Glossopteris Stricta Bunb;
 Gangamopteris Cf. Obvata
 Gangamopteris Cyclopteroides;
 Sphenophyllum Specioum Royle;
 Sphenophyllum thonnii Mabr;
 Oblingifolium e;
 Sigillariasp.
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A Bacia Carbonífera de Moatize pertence a uma bacia maior que se extende de Tete a Minjova,
na fronteira com o Malawi, que por sua vez se continua por este país adentro para a Bacia de
Lengwe. Os limites NE e SW do graben são definidos por falhas de bordadura com direcção NW-
SE. O graben de Moatize tem um comprimento aproximado de 35 km e uma largura média de 2
km. O acidente orográfico mais importante é o Monte M’pandi, com uma altitude de 320.8 m,
situado na margem SW do graben, representando um braquianticlinal das rochas do
embasamento.

4. Actividades desenvolvidas
A referida aula de campo realizada em Moatize-Tete, fez com que a turma deslocasse aos locais
que formaram objecto de aula de campo-II, tendo escalado os vários locais com os respetivos
objetivos.

4.1Objectivos:
O primeiro objectivo das actividades de campo para um estudante de Geologia é entender na
prática as Ciencias da Terra, conseguir ver os fenómenos que acontecem na Terra. No entanto é
necessário:

 Dominar profundamente todo processo da organização para trabalhos de campo;

 Identificar e descrever os diferentes tipos de rochas no campo;

 Descrever e documentar e orientar estruturas num plano geográfico;

 Usar a bússola geológica para orientar estruturas;

 Utilizar o mapa topográfico e o GPS para localização no campo;

 Compilar e sintetizardados de campo.


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4.2 Aula sobre a bacia carbonífera de Moatize


No primeiro dia de campo isto é, no dia 24/09/2014, iniciou-se por uma aula no Instituto Superior
Politécnico de Tete (ISPT), orientado pelo Eng° David que versou sobre a bacia carbonífera de
Moatize, com o objectivo de situar os estudantes quanto a geologia local, principais camadas de
carvao de Moatize, características distintas, composição química e aproveitamento económico.
Nesta aula foram citadas as seguintes camadas:

1. Andre 1 a 2m;

2. Grande Falesia 12m;

3. Intermedia muito pequeno;

4. Bananeira 18m;

5. Chipanga 36m e

6. Sousa Pinto 14m

Fig. 1: Esboço simplificado da série produtiva de Moatize, segundo (Vasconcelos, 2005)


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STOP - 1: Pelas 10:07h de 25/09/2014 visitamos a Zona de Contacto que localiza-se no


“Chipanga” entre as coordenadas 16° 9’ 17” Latitude Sul e 33° 46’ 22” Longitude Este.

Ao longo do percurso para a zona de contacto, notou-se a presença de rochas sedimentares


texturalmente imaturos ( Arenito, Arcose Conglomeratico e Argilito pobre em sílica e rico em
Cálcio), viu-se também que da zona mais baixa para zona mais alta o grau de maturidade das
rochas que sofreram transporte por gravidade encosta a baixo da rocha mãe ia diminuindo
gradualmente.

Na zona de contacto ocorrem rochas metamórficas (Carvao Xistoso metamorfisado), ígneas do


Pré-câmbrico do outro lado ocorrem rochas sedimentares do Super grupo Karoo. As rochas
sedimentares estão intercaladas de Argila Siltosa com bancadas de arenito fino com diaclasses.
Na zona de rocha metamórfica encontra-se um gnaisse bastante fracturado. A zona de contacto
esta caracterizado por uma falha em que no tecto apresenta rochas sedimentares do Karoo e no
muro rochas metamórficas.

A principal evidência de transição entre o Pré-câmbrico e o Karoo (Fanerozoico) é a ocorrência


do Gabro-Anortosito, rocha ígnea constituída principalmente pelo mineral Labradorita. Este local
é designado geologicamente por Grabben de Moatize. A direcção da falha é de 52/50NW e a
inclinação do plano de falha (mergulho) é de 322NW

Fig. 3: (A) Fotografia da zona de contacto do grabben de Moatize e (B) carvão xistoso
metamorfizado. Fonte: Própria
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STOP – 2: No mesmo dia pelas 11:07h de 25/09/2014 chegamos noutro afloramento denominada
“Camada Sousa Pinto” que localiza-se a margem esquerda da ponte (Catbang do rio Moatize) a
100m a Oeste da ponte, onde o rio faz um meandro para o Norte no rio Revumbwe. Coordenadas:
16°, 9’ 17” Latitude Sul e 33°, 46’ 22” Longitude Este.

Este afloramento de camada Sousa Pinto é de um deposito lacustrino que de vez em quando
recebe material dos rios. É onde ocorre a camada de carvão com intercalações de Argilito
Carbonoso e Siltoso. Há presença de estruturas Liesgang1 e o Argilito aqui existente faz uma
alternância (um laminado e outro maciço). O material laminado para que se deposite é necessário
que o ambiente de deposição seja calmo, e a laminação ocorre porque os minerais de argila estão
em placas.

Esta camada é do Carbonifero Superior. E quando determinadas as direcções e inclinações das


camadas temos 175º /10º.

Sequencialmente a camada Sousa Pinto está ordenada da seguinte forma:

4º Marga (Solo margoso);

3º Xisto Cinzento;

2º Xisto Escuro e

1º Xisto Carbonoso.

Estas quatro camadas são intercaladas por bancadas de Arenito compactos com aneis Liesgang e
Argila siltosa orgânica laminada referidos anteriormente. Observa-se também a descontinuidade
nas camadas, isto é bem visível ao longo de uma falha que ocorreu no afloramento. A camada de
Argila Siltosa Carbonica tem maior espessura na base e no topo tende a diminuir.

A camada de arenito tem maior espessura e resistência na base em relação ao topo e apresenta
algumas formas lenticulares e descontinuas. A frequência do corpo de arenito é maior no topo
em relação a base, e na base a camada de arenito encontra-se sobreposta e apresenta estrias de
arastos com uma estrutura ondulada. Da base para o topo há uma diminuição da matéria orgânica,

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são linhas concêntricas obtidas pela meteorização do arenito maciço.
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isto e, a matéria orgânica na parte superficial oxida-se (não se preserva), razão pela qual na base
tem uma cor preta (escura) e no topo uma cor castanho claro.

Fig. 4: Fotografias da camada Sousa Pinto com intercalações, e o Ph da água do rio é de 8.

Fonte: Própria

STOP – 3: Continuando com a excurão pelas 11:39h de 25/09/2014 fomos num afloramento das
“Águas termais” que afloram dentro do rio Moatize entre as coordenadas 16º 8’26” longitude Sul
e 33º 46’1” Este. E o Ph da água na fonte é de 7 e onde se escoa é 8.

Fig. 5: Fotografia mostrando afloramento das águas termais, (A) na fonte (na altura o autor
medindo o Ph da água) e (B) onde se escoa.

Fonte: Própria
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STOP – 4: Procedendo, as 12:04h de 25/09/2014 chegamos na camada “Bananeira” entre as


coordenadas 16º 7’25” Latitude Sul e 36º 45’17” Longitude Este ainda no rio Moatize.

Fig. 6: Fotografia da Camada “Bananeira”.

Fonte: Própria

STOP – 5: No fim do dia pelas 12:28h de 25/09/2014 visitamos um afloramento denominada


“Camada André” entre as Coordenadas 16°7’3” Latitude Sul e 33°45’ 16” Longitude Este.

Esta camada representa a serie reprodutiva das camadas de carvão. As camadas aparecem bem
definidas, isto é, não há evidencias de descontinuidade entre as linhas que separam as camadas e
o arenito encontrado neste local é mais grosseiro em relação as outras camadas. Neste local,
primeiro depositou-se o material fino e depois de se consolidar, mais tarde veio a se depositar o
arenito, isso tem haver com um evento de transporte repentino. Este afloramento tem cerca de 6
camadas sobrepostas:

6ª camada: É um arenito um arenito conglomerático muito grosseiro;

5ª camada: É um argilito carbonoso laminar;

4ª camada: É constituído de Carvão;


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3ª camada: Argilito Carbonoso laminar;

2ª camada: Arenito conglomerático muito grosseiro e

1ª camada: Argilito Carbonoso laminar.

Fig. 7: Fotografia da Camada André.

Fonte: Própria

STOP – 6: Pelas 09:52h de 27/09/2014 visitamos mais uma zona de contacto geológico que se
localiza no “Rio Chinchi” entre as coordenadas 16° 5’ 47” Latitude Sul e 33° 43’ 4” Longitude
Este. As camadas aparecem bem definidas, isto é, não há evidencias de descontinuidade entre as
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linhas que separam as camadas e o arenito encontrado neste local é mais grosseiro em relação as
outras camadas.

Neste local, primeiro formou-se o material sedimental (karoo inferior) e depois de se consolidar,
mais tarde veio a se formar o dique dolerítico, e o material metamórfico surgiu no contacto entre
o dique dolerítico e material sedimentar. Neste local é evidente as diaclases; a sequência das
camadas é a mesma dos stops anteriores; um dos aspectos importantens é a apresença de dobras
secundárias; e por sua vez as camadas apresentam sulfuretos e alguns oxidos. A direção e
inclinação das camadas é de 165º Az/71º.
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Fig. 8: Fotografia da Camada que aflora no “rio Chinchi”, (A) mostrando o contacto e (B)
mostrando o dobramento.

Fonte: Própria

STOP – 7: Enfim, pelas 12:57 de 27/09/2014 visitamos um afloramento de dolerito (Horst de


Moatize) que se localiza no “Monte Cruz” entre as coordenadas 16º 7’43’’ latitude Sul e 33º
44’22’’ longitude Este; neste afloramento a rocha máfica (dique) foi devido o período de
transgressão e regressão marinha;
No mesmo stop aflora também o calcite. Com um sistema cristalográfico trigonal. A sua
composição química é carbonato de cálcio - CaCO3. Com algumas Propriedades Físicas: Hábito-
variando entre prismático à romboédrico; Clivagem- clivagem perfeita; Dureza é do termo 3 da
escala de Mohs; Cor- branca; Risca- branca.

Fig. 9: Fotografia mostrando o afloramento do dolerito (A) afloramento de calcite (B).


Fonte: Própria
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Conclusão
Após observações dos diferentes fenómenos e características geológicas que a província de Tete
apresenta, conclui-se que:

No mapeamento deve-se ter em conta aos pontos de referências naturais ou infraestruturas que
possam durar muito tempo nesse local, como por exemplo uma ponte, estrada, um rio, uma
elevação ou uma linha féria. Na sua esquematização e importante o uso de uma escala que reflita
o máximo possível a realidade;

Com a medição de direcções e inclinações de eixos de dobras, do plano axial, do mergulho e


foliações ficamos a conhecer a orientação preferencial das camadas, dando-nos assim a
informação de escoamento ou espelimento do magma aquando da erupção;

Os processos de descrição de um afloramento que foram apreendidas com rigor, como” os


elementos de orientação, elementos de estruturas internas, elementos de litologia e elementos da
parte biológica;

Aprendeu-se nas Aju’s a fazer uma interpretação dum afloramento que se baseia em ver as
estruturas geológicas que ocorrem, fazer uma história de como terão se formado essas estruturas
para chegarem a tempo de formarem talvez as dobras, as falhas, as lineares, as estriações, etc.

Conclui-se também que, o trabalho de Campo-1, foi a base da percepção destes conteúdos, tendo
em conta que durante o trabalho referido apreendemos a fazer uma descrição geral de um
afloramento.
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Bibliografia
AFONSO, Rui, S., et al, a evolução geológica de Moçambique, Lisboa, 1998.

JOSÉ, D., Selemane, SAMPAIO, C., Hoffmann, estado da arte da mineração em moçambique:
caso carvão de Moatize-Tete, Universidade Federal do Rio Grande do Sul- RS, Brasil, 2009.

LEINZ, viktor , AMARAL, Sérgio Estanislau do, Geologia geral, 11a edicção: revista, São
Paulo, 1989.

O autor (observação e experimentação).

VASCONCELOS, L., MUCHANGOS, A., SIQUELA, E. elementos-traço em cinzas de carvões


aflorantes de moçambique, Deptº Geologia, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, 2009.

VASCONCELOS, L., Contribuição para o conhecimento dos carvões da Bacia Carbonífera de


Moatize, província de Tete, República de Moçambique, Tese para a candidatura ao Grau de
Doutor em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. 1o V-texto, Porto,
1995.

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