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Manuel Elias Júnior

RELATÓRIO DE PRÁTICA TÉCNICO - PROFISSIONAL DE CARTOGRAFIA


GEOLÓGICA.
(Licenciatura em Geologia com Habilitação em Mineração.)

Universidade Rovuma

Nampula

2022
ii

Manuel Elias Júnior

RELATÓRIO DE PRÁTICA TÉCNICO - PROFISSIONAL DE CARTOGRAFIA


GEOLÓGICA.

Relatório de carácter avaliativo da cadeira de Prática Técnico -


Profissional de Cartografia Geológica, Curso de Licenciatura em
Geologia com Habilitação em Mineração, 3º Ano,
acompanhadas pelos Docentes: Dr. Reinaldo Domingo, MSc.
Hilário Mucuto e MSc Deoclesiano Faro Nhazilo.

Universidade Rovuma

Nampula

2022
iii

ÍNDICE
RELATÓRIO DE PRÁTICA TÉCNICO - PROFISSIONAL DE CARTOGRAFIA
GEOLÓGICA. ............................................................................................................................ 6

1. INTRODUÇÃO. ................................................................................................................. 6

2. OBJECTIVO. ...................................................................................................................... 6

2.1. Objectivo Geral. ........................................................................................................... 6

2.2 Objectivo Específico......................................................................................................... 6

3. MATERIAIS USADOS. ..................................................................................................... 7

4. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA PROVÍNCIA DE ZAMBÉZIA. ........................... 7

4.1. Localização Geográfica do Distrito de Alto Molécuè e Muleva. .................................... 8

4.1.1. Localização Geográfica do Distrito de Muleva. .......................................................... 8

5. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO. ............................................................................... 8

5.1. Cinturão Orogénico Moçambicano. ............................................................................. 9

5.2. Contexto Evolutivo. ..................................................................................................... 9

5.2.1. Ciclo Orogénico Pan-Africano. .......................................................................... 10

5.3. Unidades Lito – Estratigráficas. ................................................................................. 11

5.3.1. Caracterização das Unidades. ............................................................................. 11

5.4. Jazigos Minerais (Recursos Minerais e Energéticos). ............................................... 13

6. MINA DE MUZUA – Nauéla. (Primeiro dia. 14 de Dezembro de 2021). ...................... 14

6.1. Localização Geográfica da Mina de Muzua. ............................................................. 14

6.2. Características do Gerais do Deposito. ...................................................................... 14

6.2.1. Aspectos Pectrográficos. .................................................................................... 14

7. MINA DE MORRUA – Mulevala. (Segundo dia. 15 de Dezembro de 2022). ................ 16

8. ENQUADRAMENTO FÍSICO-GEOGRÁFICO. ......................................................... 17

8.1. Localização Geográfica e Vias De Acesso. ............................................................... 17

8.2. Topografia e Drenagem. ......................................................................................... 18

8.3. Clima, Flora e Fauna. ............................................................................................. 18

9. INDUÇÃO DE HST. ........................................................................................................ 19


iv

9.1. Regras de HST Observadas Pela Empresa................................................................. 19

10. INDUÇÃO GEOLÓGICA. ........................................................................................... 20

10.1. ENQUDRAMENTO GEOLÓGICO. ..................................................................... 20

10.1.1. Geologia Regional e Mineralização. .................................................................. 20

10.1.2. Geologia Local. .................................................................................................. 20

11. MINA DE MARROPINO. (Terceiro dia, 16 de Dezembro de 2021). .......................... 26

11.1. ENQUADRAMENTO FÍSICO GEOGRÁFICO. ....................................................... 27

11.1.1. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO. ............................................................ 27

11.2. Fisiologia e Clima. .............................................................................................. 28

11.3. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO. ....................................................................... 29

11.3.1. Geologia Regional. ............................................................................................... 29

11.3.2. Geologia Local. .................................................................................................... 29

12. DESCRIÇÃO DOS PONTOS VISITADOS. ................................................................ 30

13. CONCLUSÃO. .............................................................................................................. 32

14. REFERÊNCIAS. ........................................................................................................... 33


v

Índice de Figuras

Figura 1. Mapa de Infra-estrutura da Mina de Morrua………………………………….........16

Figura 2. Localização geográfica da Mina de Morrua………………………………………..17

Figura 3. Vias de Acesso……………………………………………………………………….8

Figura 4. Geologia local da Mina de Morrua…………………………………………………21

Figura 5. Infra-estruturas da Mina de Marropino. Fonte: HAMC –


Marropino………………………………………………………………………………..……26

Figura 6. Localização Geográfica da Mina de Marropino. Fonte. HAMC – Marropino……..27

Figura 7. Geologia Local da Mina de Marropino. Fonte. HAMC – Marropino……………...30


6

RELATÓRIO DE PRÁTICA TÉCNICO - PROFISSIONAL DE CARTOGRAFIA


GEOLÓGICA.

1. INTRODUÇÃO.

No dia 13 de Dezembro de 2021, os estudantes do 3ºAno do Curso de Geologia da


Universidade Rovuma, Campus de Napipine-Nampula, partiram por volta das 10:00h rumo
Provincia de Zambezia, para uma aula de campo nos distritos de Alto Molocué (localidade de
Nawela, Mina de Mussua) e distrito de Mulevala sob a responsabilidade dos docentes dr.
Reinaldo Domingo, MSc. Hilário Mucuto e MSc Deoclesiano Nhazilo, do curso de Geologia
convista a realizar uma das componentes do programa curricular da cadeira Prática Técnico -
Profissional de Cartografia Geológica.

2. OBJECTIVO.

2.1.Objectivo Geral.
 Observar e discutir hipóteses explicativas dos aspectos estruturais com base nos
indícios e critérios de pesquisa previamente leccionados ao longo das aulas teóricas
referente a Pesquisa e Prospecção Geológica e a partir do mesmo raciocínio, descrever
de forma detalhada os Depósitos;
 Compreender eventos geológicos que ocorreram no passado que possibilitaram a
ocorrência de pegmatitos.

2.2 Objectivo Específico.


 Descrever os Depósitos;
 Identificar os Minerais maiores
 Identificar o tipo de Contacto existente no depósito.
 Conhecer a Topografia das áreas visitadas.
 Identificar e caracterizar afloramentos minerais associado a rochas e com base nos
seus indícios e critérios reconhecer situações geológicas favoráveis a mineralização.
 Analisar estruturas e formações geológicas dos depósitos;
 Caracterizar as Mineralizações dos Depósitos.
7

3. MATERIAIS USADOS.
 Cadernetas de notas: Para anotação de toda informação relevante;
 Esferográfica e lápis: Para anotação de toda a informação colhida durante o trabalho de
campo;
 EPI’s (Equipamentos de Protecção Individual);
 Tendas e Saco-Camas;
 GPS: Para a obter as coordenadas geográficas dos pontos visitados;
 Bússola: Para a retirada das medições da direcção e mergulho das estruturas;
 Martelo de geólogo: para a obtenção das amostras frescas;
 Maquina Fotográficas: para a aquisição de imagens do campo para posterior
materialização do relatório;
 Mapas Geológicos: Para a confirmação da informação da Região visitada.

4. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA PROVÍNCIA DE ZAMBÉZIA.


Zambézia é uma província situada na região centro de Moçambique a 16°52'0.00"S de
Latitude e a 37°9'30.00"E de Longitude. A sua capital é a cidade de Quelimane, localizada a
cerca de 1600 km ao norte de Maputo, a capital do país. Com uma área de 103 478 km², está
dividida em 22 distritos, e possui, desde 2013, 6 municípios: Alto Molócuè, Gurúè, Maganja
da Costa, Milange, Mocuba e Quelimane. No topo leste da zona central de Moçambique, a
Zambézia está limitada a norte pelas províncias de Nampula e Niassa, a leste pelo Canal de
Moçambique, no Oceano Índico e a sul pela província de Sofala. A oeste, para além a
província de Tete, surge também o Malawi.
Imagem 1: Ilustração do Mapa da província da Zambézia.

Fonte: Autor
8

4.1.Localização Geográfica do Distrito de Alto Molécuè e Muleva.

Alto Molócuè (oficialmente em Moçambique Alto Molócuè é um distrito da província da


Zambézia, em Moçambique, com sede na vila de Alto Molócuè. Tem limite, a norte com os
distritos de Ribaue e Malema, ambos da província de Nampula, a oeste com o distrito de
Gurue, a sul e sudoeste com o distrito de Ile e a leste com o distrito de Gilé. Coordenadas:
Latitude: 15°38'8''S; Longitude: 37°41'18''E.

4.1.1. Localização Geográfica do Distrito de Muleva.

Mulevala é um distrito da província da Zambézia, em Moçambique, com sede na povoação


de Mulevala. Foi criado em 2013, com a elevação a distrito do posto administrativo do
Mulevala que pertencia ao distrito de Ile. Tem limite, a norte com os distritos de Alto
Molócuè e Ile, a oeste com o distrito de Mocuba, a sul com os distritos de Mocubela e Pebane
e a leste com o distrito de Gilé. Coordenadas: Latitude 16º26'14''S; Longitude: 37º34'47''E

A distância entre Alto Molocuè e Mulevala é de 139 km através do Mercado Central da Pista
Velha.

5. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO.

Na Província Pegmatítica da Zambézia (região Centro-Norte de Moçambique) as


diferentes classes genéticas e geológicas de pegmatitos graníticos estão bem representadas.
Apesar dessa diversidade que também é geoquímica, a mineralização em bismuto é ubíqua e
independente das composições principais ou enquadramentos geológicos. Assim, conteúdos
em Bi altamente anómalos podem ser considerados uma assinatura comum na Província
Pegmatítica da Zambézia. Possivelmente é herdada de horizontes protolíticos
geoquimicamente enriquecidos, anteriores à anatexia e à geração dos magmas graníticos, ou
pode resultar de uma transferência local para o magma pegmatítico a partir de algumas rochas
encaixantes assimiladas, ricas em Bi. Para uma herança comum, os estilos contrastantes das
associações mineralógicas, podem ser atribuídos à variação de condições termodinâmicas
locais ou podem resultar de evoluções magmáticas individualizadas. Uma vez que tanto os
pegmatitos LCT como os NYF comportam minerais de bismuto, foram seleccionados pelo
contraste geoquímico, alguns pegmatitos do tipo LCT do Alto Ligonha – grupos de Naípa e
Namacotche – e do tipo NYF de Mocuba – grupo de Melatube. Estes podem revelar as
maiores tendências de mobilização e aprisionamento do Bi. A discriminação de fases e
análise microtextural dos minerais e seus intercrescimentos teve como ponto de partida a
9

observação de superfícies polidas em microscópio óptico de luz reflectida (MOLR),


acompanhada por contraste de fase em microscópio electrónico de varrimento – electrões
retrodifundidos (MEV-ER) e identificação por difractometria de Raios X (Rx). As análises
efectuadas em microssonda electrónica permitiram a determinação precisa das composições
dos minerais e eventualmente a descrição da sua variabilidade durante estádios sucessivos de
equilíbrio e evolução.

Os terrenos do NE de Moçambique encontram-se estruturados por dois principais eventos


orogénicos megascalares, nomeadamente, Cinturão Orogénico Moçambicano (COM) e Ciclo
Orogénico Pan-Africano (COP). Na bibliografia de língua inglesa, o COM é mais conhecido
por Mozambique Belt.

5.1.Cinturão Orogénico Moçambicano.

Os terrenos de Mocuba encontram-se posicionados na zona central da Orógeno


Moçambicano (Afonso & Pinto, 2001). A sua provável extensão e contexto evolutivo são, a
seguir, abordados.

5.2.Contexto Evolutivo.

A evolução litológica do COM ocorreu em ambiente de colisão, do tipo Himalaio,


entre os cratões de Kalahari e Indo-Antártico (Pinna et al., 1993; Pinna, 1995; Grantham et
al., 2003; Bingen et al., 2009), entre 1100 e 850 Ma (Pinna etal., 1993; Marques et al., 1995;
Afonso & Pinto, 2001), desenvolvendo-se, no norte de Moçambique, mantos sinmetamórficos
de carreamento referidos frequentemente como nappes do supergrupo do Lúrio, jazendo sobre
rochas supracrustais do Supergrupo de Chiúre, também alóctone. As duas sequências ficam
em posição de cavalgamento sobre os migmatitos autóctones do Supergrupo de Nampula
(Pinna et al., 1993; Afonso et al., 1998), particularmente na parte sul da Orogenia
Moçambicana (o Supergrupo de Nampula é, também, designado Complexo de Nampula por
Bingen et al., 2009 e Bloco de Nampula por Miller et al., 2013).

O Supergrupo de Lúrio é constituído, essencialmente, por materiais rochosos da crusta


inferior, de fácies granulítica, e o Chiúre por materiais da crusta superior, de fácies
anfibolítica e de xistos verdes. Em termos estruturais, reportam-se, nestas unidades
litoestratigráficas, dobras inclinadas com eixos curvos de orientação NNE-SSW e
estiramentos WNW-ESE. Por indícios associados ao cisalhamento tangencial na base dos
10

mantos de carreamento, sugere-se que o sentido de transporte dos materiais tenha sido de topo
para E (Pinna et al., 1993) a SE (Marques et al., 1995).

O pico do metamorfismo progressivo foi datado em 1110 - 1080 Ma, no sul do Lúrio,
(Bingen et al., 2009; Macey et al., 2010; Ueda et al., 2012) e cerca de 900 Ma ao norte
(Miller et al., 2013) da Orogenia. Para ambos os casos, são reportados elementos
estruturais de deformação orogénica mais tardia (Miller et al., 2013).

5.2.1. Ciclo Orogénico Pan-Africano.

O COP é representado por um cinturão Neoproterozóico, de idade semelhante à da


Orogenia Cadomiana da Europa Central e Ocidental e Baicaliana da Ásia (Kroner & Stern,
2004), todas elas relacionadas com a formação do Gondwana.

O COP contempla três fases principais seguintes:

i) Fase de desagregação do supercontinente Rodínia, durante o Neoproterozóico; a


abertura de grandes oceanos entre os cratões Brasiliano/Amazonas e Africano (Oceano
Adamastor), África Ocidental e Sahara-Congo (Oceano Farusiano ou TransSahara) e
entre África e Indo-Antártico (Oceano Moçambicano), fragmentou o supercontinente
Rodínia, a partir de 850 Ma (Grantham et al., 2003; Kröner & Stern, 2004).
ii) Colisão e acreção dos blocos pré-gondwânicos Ocidental e Oriental, durante o
Paleozóico Inferior; Os blocos pré-gondwânicos Oriental (Madagáscar, Índia,
Austrália e Antártida) e Ocidental (América do Sul e África), separados pelo Oceano
Moçambicano, colidiram entre si, marcando uma das principais fases da formação do
supercontinente Gondwana, suturando-o ao longo de uma zona axial designada
Orogenia da África Oriental.
iii) Fase pós Gondwana, posterior ao Câmbrico; Após a Orogenia Pan-Africana, os
terrenos Precâmbricos foram sujeitos a um arrefecimento lento, desde Ordovícico a
recente (Emmel et al., 2010). O arrefecimento seguiu-se ao rifting do Paleozóico ao
Mesozóico, período no qual, para além da intrusão de granitóides, se formou uma
cobertura Fanerozóica do Karoo (Pérmico a Triássico) e sequências do Sistema do Rift
da África Oriental. Durante o Karoo, sedimentos siliciclásticos ficaram depositados
em bacias de rift intracontinentais. A desintegração culminou com a formação da
crusta oceânica entre NE de Moçambique e Antártida/Madagáscar.
11

5.3.Unidades Lito – Estratigráficas.

 Grupo de Molócuè
 Suíte de Mocuba
 Gnaisses de Mamala e Rapale
 Suite Culicui
 Grupos de Mecuburi e Alto Benfica
 Suíte Serra Morrumbala.

5.3.1. Caracterização das Unidades.

 Complexo de Nampula.

O Complexo de Nampula é o maior e mais antigo segmento crustal Mesoproterozóico do


N de Moçambique e importante componente da Orogenia Oriental Africana. É limitado, a N,
pelo Cinturão do Lúrio (Macey et al., 2010), e é representado pelos agrupamentos de
Mocuba, Molócuè, Mamala e Culicui, segundo as divisões propostas por Bingen et al. (2007).

i) Grupo de Molócuè (1800-1000 Ma, Fritz et al., 2013) - representa uma sequência
de camada intermédia de rochas metapelíticas, calcossilicatadas, félsicas, gnaisses
metavulcanitos máficos e ultramáficos supracrustais; esta sequência está,
localmente, cortada pelo Cinturão de Cavalgamento de Namama (em Eberle et al.,
2010). Uma grande heterogeneidade de relações entre estas rochas mostra
interlaminações frequentes que se encontram dobradas e foliadas. Os metabasitos
estão representados por anfibolitos e alguns metagabros, gnaisses anfibólicos
portadoresde epídoto, piroxena e granada, xistos talcosos, cloríticos e antofilíticos,
epidotitos, piroxenitos, metadunitos (Cadoppi et al., 1987) e gnaisses talco-
tremolíticos. A sequência de gnaisses supracrustais migmatizados de Molócue
desenvolveu-se, supostamente, em ambiente de bacia de retro-arco (Fritz et al.,
2013).
ii) Suíte de Mocuba- representa uma sequência polideformada de gnaisses cinzentos
de grau anfibolítico superior e migmatitos associados a tonalito-
trondjemitegranodiorito e ortognaisses graníticos desenvolvidos entre 1148 e
1114 Ma (Bingen et al., 2007; Macey et al., 2010), num sistema de arco de ilhas
juvenil Mesoproteozóico (Macey et al., 2010). O evento deformacional D1,
12

Mesoproterozóico, é localmente representado por dobras intrafoliais e leucossomas


redobrados (Macey et al., 2013), associados ao metamorfismo de elevado grau e
migmatizações. Gnaisses bandados foram datados em 1127 Ma e auréolas
metamórficas em 1090 Ma (Macey et al., 2010). Além de eventos metamórficos
Mesoproterozóicos, vários autores observaram indícios de metamorfismo de idade
Pan-Africana (Kröner et al., 2003; Hauzenberger et al., 2007; Bingen et al.,
2009). A sequência de Mocuba está interlaminada com paragnaisses do Grupo
de Molócuè (Macey et al., 2010).
iii) Gnaisses de Mamala e Rapale - a subducção e acreção crustal terão contribuído
para a intrusão de Gnaisses de Rapale, entre 1095-1091 Ma (Macey et al.; 2010;
Macey et al. 2013; Fritz et al., 2013) e de gnaisses quartzo-feldspáticos de
Mamala (1090 Ma).
iv) Suite Culicui – é constituído por plutões graníticos volumosos e corpos tabulares
intermédios a ácidos, implantados em rochas supracrustais e granitóides, entre
1087 e 1028 Ma (Bingen et al., 2007; Macey et al., 2010; Fritz et al., 2013), na
fase final da actividade Mesoproterozóica; estas rochas distinguem-se dos
ortognaisses de Mocuba pela cor, composições graníticas a leucograníticas, um
episódio de deformação aparentemente mais desenvolvido e um baixo grau de
migmatização; o gnaisse granítico da área - tipo foi datado em 1077±26 Ma e o
episódio migmatítico em 505±10 Ma (em GTK Consortium, 2006); os granitos
foram considerados anatécticos, tardi- a pós-orogénicos do tipo A (Fritz et al.,
2013).
v) Grupos de Mecuburi e Alto Benfica- constituem unidades sobrejacentes de
gnaisses metassedimentares depositados inconformavelmente sobre o Complexo
de Nampula, no período posterior a 630 Ma; o Grupo Alto Benfica é
significativamente mais jovem (<610 Ma) e é relacionado ao evento extensional
pós-Rodinia e Pré-Pan-Africano.
 Suíte Serra Morrumbala
Carbonatitos e rochas alcalinas associadas ocorrem por toda área, particulamente nas
adjacências de Malawi e formam também parte da Província Alcalina Chilwa, definido por
Bloomfield (1961). A sua distribuição parece ser relacionada com as margens da Garganta de
Lupata, os Grabens de Chire e Urema, manifestando actividade ígnea associada com o
desenvolvimento da SRLA e reactivação de falhas mais antigas do embasamento.
13

A localidade-tipo da Serra Morrumbala (no meio de SDS 1735) é composta por um plug
alcalino arredondado, composto, na sua maior parte, por um granito alcalino, cercado por
sienito. O GTK Consortium identificou as seguintes unidades mapeáveis: (1) Veios de
quartzo (CrMRq), (2) Intrusões alcalinas (plug) e Diabásios (CrMRa), (3) Sienito (CrMRs) e
Tufitos e Brechas Vulcânicas (CrMRv).

Na parte mais à leste da SDS 1634, no pátio da ferrovia em Zemira, um conduto único
de lavas basálticas intrudiu grés da Formação Sena* do Cretáceo Médio a Superior.
Consequentemente, estas rochas foram emplaçadas posteriormente à Formação Sena do
Cretáceo Médio a Superior (<100 – 125 Ma). Deposição Eocênica-A presença de feições de
deformação D1 permite distinguir as rochas Mocuba dos gneisses (MamalaGneisses,
Complexo Molócuè, Gneisses Rapale e Suíte Culiculi) mais jovens (1095 – 1975 Ma),
constituindo a sub-Província Nampula (Macey etal. 2006b).

 Complexo de Mugeba.
O Complexo de Mugeba forma um klippe na parte ocidental do Cinturão de Lúrio. É
constituído por uma série de gnaisses granulíticos assentes sobre ortognaisses miloníticos a
flaser que formam a base da estrutura. Condições de metamorfismo de fácies anfibolítica
foram localmente identificadas. O pico de metamorfismo de fácies granulítica foi atingido a
614±8 Ma (Bingen et al., 2007).

5.4.Jazigos Minerais (Recursos Minerais e Energéticos).

Os depósitos minerais mais importantes, com um potencial económico significativo, são


as areias de minerais pesados ao longo da costa de Zalala (norte de Quelimane) até à Pebane-
Moebase. A zona de Moebase é a mais importante e bem estudada pelas companhias
internacionais de mineração. Outras ocorrências de minerais pesados identificadas entre o
delta do Zambeze e Quelimane são a Micaúne e Deia. As ocorrências entre a Quelimane e
Moebase incluem a Zalala, Macuse, Raraga, Gorai, Idugo, Pebane e Melai (Lächelt, 2004).
14

6. MINA DE MUZUA – Nauéla. (Primeiro dia. 14 de Dezembro de 2021).


6.1.Localização Geográfica da Mina de Muzua.

A Mina está localizada no povoado de Muzua a 15º21´47.7´´ S de Latitude e a 37º30´26.2´´ E


de Longitude ao longo da Localidade de Nauéla e a 10km da vila do Distrito de Alto Molocué
na Província da Zambézia. É uma mina que foi explorada desde 2016 e em 2018 as
actividades foram enceradas por motivos desconhecidos, os garimpeiros locais apontaram
duas possíveis razões; A primeira, dizem ser devido a ocorrência das chuvas que cobriu a
escavação que tinha sido feita, por outro lado, referiram que os investidores conseguiram
atingir as suas espectativas na Exploração dos recursos de interesse.

No dia 14 de Dezembro de 2021, Os garimpeiros locais, afim de retomar as actividades na


escavação coberta por águas, arranjaram motor-bombas com motor a gasolina que suporta 20
L e outros Instrumentos Artesanais para evacuar a água para uma vala de drenagem pré-
existente e remoção da camada de capeamento afim de reactivar a escavação com o objectivo
de extrair Quartzo de qualidade.

B
Imagem 2: A
imagem A representa o processo de Evacuação da água na escavação pela motor bomba e uma magueira e na
imagem B, ilustra a vala de drenagem da água evacuada. Fonte: Autor.

6.2.Características do Gerais do Deposito.

6.2.1. Aspectos Pectrográficos.

O deposito de Muzua é dado como deposito primário pegmatitico (formado por altas
temperaturas do magma granítico e com minerais individualizados) caracterizado pelo núcleo
15

isolado de quatzo com alguns fragmentos de feldspatos e micas ao longo do afloramento com
propriedades Semi-Preciosas. Mas é possível observar também uma outra composição, um
contacto entre quartzo e feldespatos. Mas devido as condições que o afloramento apresenta,
verificou-se a impossibilidade de observação total do depósito. O pegmatito1 do deposito
mostra que toda a rocha foi meteorizada, causando alterações físico-químicas dos minerais
constituintes que mais futuramente pode ocasionar na formação do caulino.

Imagem 3: Representação da rocha Meteorizada. Fonte: Autor.

Uma outra característica observada no depósito, foi o zoneamento e a fase hidrotermal que
intruiu sobre as fracturas existentes. O contacto entre o quartzo e feldspato no local apresenta
uma estratificação, um contacto subvertical de Feldspato e quartzo e mais para o NE tem-se o
contacto horizontal entre a encaixante e pegmatito ou seja, basamento e uma intrusão. Este
contacto entre a intrusão e a encaixante forma-se devido ao aquecimento interno causando
linhas inclinadas na formação que possibilitam o escoamento das águas à escavação.

Em termos de sucessão Mineralogica, encontrou-se massas de quartzo e não fáceis cristalinas


devido o seu arrefecimento lento em torno do seu núcleo em zonas de contacto contrariamente
noutras zonas.

1
Rochas ígneas intrusivas de composição basicamente granítica (quartzo, feldspato e mica) e granulação
grosseira igual ou maior que 20 mm exibindo cristais maiores na maioria das vezes.
16

Imagem 4. A imagem A1, representa Blocos de Pegmatito em contacto com a encaixante; A2 – Linhas
inclinadas no Pegmatito causadas pelo contacto entre a intrusão e a encaixante; A4 – Ilustração do contacto entre
quartzo e Pegmatito. Fonte: Autor.

7. MINA DE MORRUA – Mulevala. (Segundo dia. 15 de Dezembro de 2022).

Figura 1. Mapa de Infra-estrutura da Mina de Morrua.

Fonte: HAMC – Morrua.


17

8. ENQUADRAMENTO FÍSICO-GEOGRÁFICO.

8.1.Localização Geográfica e Vias De Acesso.


A Mina de Morrua (concessão 724C) localiza-se na zona centro de Moçambique, Província da
Zambézia com as coordenadas 16° 16' 52.7'' Sul, 37° 0' 20'' Este, na fronteira entre o distrito
de Mulevala (Norte) e Alto Molócuè (Sul). A maior porção da área encontra-se no Posto
Administrativo de chiraco, localidade Morrua, na margem direita do rio Melela. O distrito de
Mulevala e Molócuè situam-se na zona Norte da província da Zambézia.

Figura 2. Localização geográfica da Mina de Morrua.

Fonte: HAMC – Morrua.

A Localidade de Morrua situa-se a 312 quilómetros de Quelimane e a 50 quilómetros da Sede


do distrito de Mulevala. O acesso é feito pelo transporte rodoviário, usando estradas
secundárias de terra batida que ligam/interceptam a estrada nacional número 1, no troço
Quelimane – Nampula.

Ao longo do troço Quelimane/Mocuba – Nampula, o acesso é feito pelo entroncamento de


Mussaraua, conforme mostra a imagem a baixo.
18

Figura 3. Vias de Acesso.

Fonte: HAMC – Morrua.

8.2.Topografia e Drenagem.

Topograficamente a área coberta pela Licença 724 C, é relativamente plana, com altitude
entre 165 (Norte) e 230m (Este) da licença. A drenagem é do tipo dentrítica, sendo os rios
Melela e Lice as principais vias fluviais na área, ambos correndo na direcção NW-SE.

A morfologia é no geral ondulada na parte central e a Este, com cotas compreendidas entre
140 – 768 m, tendo o monte Morrua (768 metros) o ponto mais alto.

A região enquadra-se na zona de transição das planícies costeiras para os planaltos interiores.
O rio Melela corta a área da Licença na parte Sudoeste enquanto o Lice corta na zona
Nordeste.

8.3. Clima, Flora e Fauna.

O clima é tipicamente subtropical, ambiente húmido com volumes elevados de precipitação


nos meses de verão (Outubro - Março) do que do inverno (Abril - Setembro). A precipitação
média anual é de aproximadamente 1100 – 1200 milímetros, com a maioria da precipitação
ocorrendo nos meses de verão.
A temperatura média anual é de 24 – 26 °C, com as máximas entre 30 – 37 °C nos meses de
verão e baixas temperaturas nos meses de inverno.
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A vegetação é do tipo floresta galerias ao longo dos principais cursos de águas. Na parte
central, a vegetação é de médio porte e, ocasionalmente é rara dando lugar a vegetação
herbácea (capim) nas zonas semi-povoadas. A floresta assume o carácter fechado perto do
limite Nordeste em correspondência com afloramentos de rochas pertencente aos lito-tipos de
cobertura.

A agricultura é a base de sobrevivência. Na área, ocorrem animais de médio e grande porte a


destacar javalis, porcos, macacos, gazelas, antílopes e crocodilos nos rios de regime perene.

9. INDUÇÃO DE HST.

A Mina é explorada pela empresa mineira HAMC (HIGHLAND AFRICAN MINING


COMPANY, LDA) e conta com mais ou menos 400 trabalhadores actuando em três áreas
com operações activas designadas de (Pit), O Pit Norte, actualmente em exploração, o Pit
Sudeste cujas actividades foram paralisadas e o Pit Sudoeste que ainda não foi explorado. Os
estudantes e Docentes foram recebidos com O funcionário Laude Matsinhe, Director dos
Recursos Humanos que referiu que, antes da excursão, a empresa tem observado e induzido às
condições de Higiene e segurança de Trabalho para evitar danos e acidentes profissionais aos
utentes.

9.1.Regras de HST observadas Pela Empresa.


1. Uso de EPI´s (Equipamento de Protecção individual);
2. Realização de exame de álcool no Bafómetro;
3. Proibido passar por baixo de carga suspensa;
4. Proibido deitar lixo no recinto da empresa;
5. Proibido tocar nas plantas a fim de evitar choques eléctricos;
6. Com vista a distanciar-se dos riscos de atropelamento, foram criadas áreas de
deslocamento dos utentes.
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10. INDUÇÃO GEOLÓGICA.

A indução Geológica for realizada Pelos funcionários, Felex Fahela (Mineração e Geologia);
Dário Fernandes (Geologo); Dossílio Maxava (Geólogo) e Luciano Nanhala – Área de
Processamento.

10.1. ENQUDRAMENTO GEOLÓGICO.

10.1.1. Geologia Regional e Mineralização.

De acordo com os profissionais mencionados acima, Regionalmente, a concessão 724C/Mina


de Murrua, enquadra-se na Província Pegmatítica de Alto Ligonha, que se localiza ao longo
do Cinturão Móvel de Moçambique, que compreende rochas de alto grau metamórfico
(gnaisses e granulítos) associados geralmente a intrusões ácidas.

Os pegmatitos estão encaixados principalmente em anfibolitos, xistos anfibótilícos, xistos


biotíticos, xistos muscovite-biotíticos, gnaisses e quartzitos do Grupo de Molócuè.

A zona de contacto (base e topo) entre a rocha encaixante e pegmatitos do depósito de Morrua
está claramente bem definido e, é onde são reportados a ocorrências de alto teor de tântalo.
Não obstante, são também reportados, altos teor de tântalo associados a ocorrência de
espodumena.

10.1.2. Geologia Local.

A concessão 724C compreende unidades litológicas de um dos blocos tectónicos (complexo


de Nampula) resultantes da subdivisão tectnostratigráfica do Cinturão Móvel de Moçambique
(Mozambique Belt).
O complexo de Nampula é dominado por rochas do Mesoproterozóico (paragnaisses e
ortognaisses), de metamorfismo médio a alto grau, retrabalhados durante a orogenia Pan-
Africana e instruídos por granitóides e pegmatitos gerados na última fase do Pan-Africano.
Localmente, o embasamento compreende rochas gnáissicas cobertas por metassedimentos,
que foram metamorfizados para fácies anfibolítica.

As rochas gnáissicas são descritas como: gnaisse anfibolítico e outros máficos (P2Nmam) do
grupo de Molócuè; Gnaisse bandeado e gnaisse biotítico (P2NMgm) da Suíte de Mocuba
(figura 4).
21

Figura 4. Geologia local da Mina de Morrua.

Fonte: HAMC – Murrua.

O pegmatito para além dos seus mineirais essências apresenta os acessórios dentre eles, estão
a lepdolite magnotantalite, lepdolite, microlite, turmalinas negras, polocite (minierio de césio)
Morganite, Moscovite, espodomenas.

O pegmatito emgloba um conjunto de minerais de elevado interesse económico tais como o


tântalo, o lítio, as pedras preciosas e semipreciosas, os minerais de terras raras, entre outros.
Actualmente a HAMC, esta voltada à exploração do tântalo.

o Paragem 1. Mina Norte / Pit Norte.

A primeira paragem, foi feita na Mina Norte, caracterizada por pegmatito exposto constituído
por lepdolite magnotantalite, lepdolite, microlite, turmalinas negras, polocite (minierio de
césio) Morganite, Moscovite, espodomenas. Com contacto anfibolitico e anfibolitico, em que
toda a coluna mostra um mergulho e inclinação com orientação Norte. Foi possível observar
também estruturas geológicas, como falhas. A exposição do material é obtida através da
perfuração do Anfíbolito e Detonação da rochas superior para posterior realizar-se o
carregamento do material estéril de cerca de 6000mil Toneladas carregadas diariamente e só
1000 Toneladas do minério útil. No mesmo afloramento, observou-se Bancadas que facilitam
a circulação das maquinas que fazem a remoção dos blocos expostos. A detonação é feita
tendo em conta com o Afastamento, espaçamento e Profundidade. Acrescentou-se ainda que
22

o material estéril actualmente para a empresa não tem ainda nenhuma utilidade, talvez
futuramente com estudos que podem ser realizados.

Imagem 5. A- Ilustração da mina Norte. Com


Pegmatito exposto e material capeado. B –
Falha no Bloco de Pegmatito exposto. Fonte.
Autor

B
o Paragem 2. Deposito de Rejeito.

Coordenadas: 16º16´15´´S Latitude; 37º52´25´´ E Longitude.

Neste ponto de paragem, observou-se onde o material Rejeito da mina Sudoeste é depositado
desde 2020. A imagem abaixo ilustra o Depósito.

Imagem 6: Deposito de Rejeito do material extraido na mina sudoeste. Fonte. Autor.


23

o Paragem 3. Stock File.

Continuamente à excursão, a terceira paragem deu-se no depósito de Mineiro designadamente


de stock file. Neste deposito é o local onde o Pegmatito extraído é depositado pelo facto da
heterogeneidade do material em termos dos teores. Acumula-se o material esperando que se
atinja um teor de 500ppm, a menção do stock tem sido feita depois de ter-se formado um cone
do material com uma escavadora. Só depois é que o material é carregado para a pranta de
processamento para a lavagem e trituração nos moinhos. A imagem abaixo pode se observar o
deposito.

Imagem 7. Ilustração do Stock File. Fonte: Autor

o Paragem 4. Área de Armazenamento de Material Estudado.

Local onde são armazenados os testemunhos de sondagem dos estudos preliminares que
foram realizados não descoberta de Pegmatito rico em Tântalo associado a espodumena e a
lepdolite. Observou-se também duas maquinas manuais que são operadas para moer as
amostras afim de idêntica os seus constituintes e posteriormente ensaca-se em determinados
lotes selados e codificados para o Laboratório para outras avaliações.
24

Imagem 8. Ilustração de Testemunho de Sondagem obtido em amostragens preliminares do Deposito.

Fonte. Autor.

Imagem 9. Moedores de Amostras.

Fonte. Autor.

o Paragem 5. Planta de Processamento.

Como Referido acima, na paragem 3 do depósito de mineiro ou Stock file, o material


empoeirado só chega a planta de processamento após ter sido medido e atingido a meta diária
estabelecida de teor, e é de salientar que este material acumulado sempre que é removido para
a lavagem, o operador de máquinas deve sempre ajustar o nível de Cone para melhor controlo
da matéria que saiu e o material restante. Portanto, no processamento notou-se três fases a
saber:
25

1 – Lavagem do material extraído;


2 - Redução do tamanho do material de 75mm até 1mm nos moinhos diferenciados;
3 – Separação do material por densidade;
4 – Aquisição do concentrado de Manganotantalite para procura do tântalo depois da
secagem.
O sistema usado na planta de processamento é automatizado, mas existem alguns operadores
que fazem o acompanhamento. O material após ser lavado é automaticamente carregado por
algumas esteiras rolantes para moinhos de trituração até 1mm de tamanho que será
encaminhado para a separação por densidade que dará como resultado, o concentrado de
Manganotantalite, material fino, escuro e muito pesado, só depois leva-se para a secagem para
realizar-se a procura do Tântalo que se pertente. As imagens mostram os processos referidos.

Imagem 10. 1 – Moinho de Trituraççao. Imagem 11.2 – Esteiras de Transporte dos pedaços de rocha.

Imagem 12. 3 – Material tirturado até 15 mm. Imagem 13. 4 - Material totalmente Moido para separação.
26

Imagem 14. 5 – Mecanismo de Separaçao por Densidade. Imagem 15. 6 – Manganotantalite fino e
pesado/Tantalo.

11. MINA DE MARROPINO. (Terceiro dia, 16 de Dezembro de 2021).

Figura 5. Infraestruturas da Mina de Marropino. Fonte: HAMC – Marropino.


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11.1. ENQUADRAMENTO FÍSICO GEOGRÁFICO.

11.1.1. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO.

A mina de Marropino (Concessão 75C) localiza-se na localidade de Marropino, Posto


Administrativo de Chiraco, Distrito de Mulevala, Província da Zambézia (figura 1). O acesso
é feito através da estrada nacional N1, no troço Quelimane – Nampula, intercepta-se o desvio
na direcção Este, acessando a estrada secundária de terra batida que liga Mussaraua e a Sede
distrital de Mulevala, seguindo em direcção Norte a Nturo e desviando a Este seguindo para
Chiraco e por fim o desvio da Santa para Sul (figura 6).

Figura 6. Localização Geográfica da Mina de Marropino. Fonte. HAMC – Marropino.

A mina Marropino é uma grande mina localizada na parte Centro de Moçambique na


província da Zambézia, com as coordenadas 16° 30' 29'' Sul, 37° 53' 59'' Este. Marropino
representa uma das maiores reservas de tântalo de Moçambique com reservas estimadas de
21,7 milhões de toneladas de minério com teor de tântalo de 0,019%.

Em 2008, a mina de Marropino foi considerada a segunda maior operação de mineração de


tântalo do mundo. Suas operações foram estimadas para durar pelo menos 6 anos.
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Em Maio de 2009, as operações da mina foram colocadas em "cuidado e manutenção" para


enfrentar a crise de 2008. O operador da mina também relatou dificuldades de processamento,
baixas taxas de recuperação, alta energia e custos de transporte.

Em 2010, Noventa (anteriormente Highland African Mining Company - HAMC), o


concessionário da mina, estava a considerar a utilização do pequeno porto de Quelimane
como novo centro de exportação marítima da mina. Quando reabriu em Abril de 2010, a mina
parou a produção de Morganite. Patrick Lawless foi nomeado CEO da Noventa em Junho de
2010. No mesmo mês, a empresa anunciou o lançamento do Projecto Ligonha, uma avaliação
geológica preliminar de 3 meses do terreno das concessões. O projecto foi gerido em conjunto
com a Universidade de Glasgow e a Universidade Eduardo Mondlane.

Em agosto de 2010, o primeiro carregamento da Noventa (desde a reabertura) cerca de 8


toneladas de tântalo para um cliente asiático que saiu do país, em Quelimane.

No início de 2012, o ciclone Funso causou alguns danos aos edifícios da mina, além de
pequenas inundações. O ciclone também trouxe uma praga de besouros não endémicos e
venenosos que afectaram 30% da força de trabalho da mina.

Em Agosto de 2013, foi noticiado pelo jornal moçambicano Notícias que a mina de
Marropino tinha encerado as suas operações. Noventa explicou que os veios restantes de
tântalo eram muito profundos e com teores mais elevados de metais, tornando as operações
pouco rentáveis. Apesar do seu plano de usar Quelimane como porto de exportação, a
empresa teve que ficar com o porto duas vezes mais distante de Walvis Bay, o único no país
certificado para lidar com produtos da classe 7.

11.2.Fisiologia e Clima.

A morfologia da área de Marropino é geralmente plana a ondulada. A área enquadra-se na


zona de transição das planícies costeiras para os planaltos interiores. A drenagem é
geralmente dendrítica, com fluxos de drenagem preferencialmente na direcção NNE.

A vegetação dominante é de arbustos, capim alto, contudo existe áreas florestadas, em certas
zonas a vegetação é mais densa e mais complexa.

Em termos climáticos a região é caracterizada pêlo clima tropical a subtropical, ambiente


húmido com volumes elevados de precipitação nos meses de verão (Outubro a Março). A
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precipitação anual oscila aproximadamente nos 1100 – 1200mm por ano, com a maioria da
precipitação ocorrendo no verão.

A temperatura média anual é de 24 – 26º C, com um máximo de 30 - 35ºC nos meses de verão
e baixas temperaturas nos meses secos.

11.3. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO.

11.3.1. Geologia Regional.

Geologicamente, a região de Marropino enquadra-se na Província Pegmatítica de Alto


Ligonha, que ocorre dentro do cinturão móvel de idade kibariano (aproximadamente 1 Ga)
denominado Mozambique Belt que compreende predominantemente rochas do tipo gnaisse
granítico Pan-africano e Moçambicano-Luriano pertencente a idade do Proterozóico Pré-
Câmbrico do Cinturão de Moçambique e do material do Mesoproterozóico e Neoproterozóico
retrabalhados durante a Orogenia Pan Africana.

Em termos tectónicos, a mais importante estrutura da área é a extensão do “Namama Thrust


Belt”, que apresenta pegmatitos com metais raros.

Maioritariamente os pegmatitos estão encaixados em anfibolitos, xistos anfibólicos, xistos


biotíticos, xistos muscovite-biotite, gnaisses e quartzitos do Grupo de Molócuè (Formações de
Morrua, Nipiodi e Inrepele), que são restritas no Cinturão Orogénico de Namama.
Aproximadamente 54% dos pegmatitos estão encaixados nas rochas deste grupo.

As maiores concentrações dos pegmatitos ocorrem nos anfibolitos e xistos anfibólicos da


Formação de Morrua, que representa ~4.3% das rochas na área e ainda 25% de rocha
encaixante dos pegmatitos tipo potássicos e sodalíticos.

11.3.2. Geologia Local.

As intrusões pegmatíticas são comuns em rochas do Proterozóico. O Pegmatito de Marropino


ocorre na porção Sul da Província pegmatítica de Alto Ligonha, fazendo parte do Grupo de
Nampula. É um corpo granítico tabular, encaixado nos anfibolitos e xistos cloríticos. O corpo
pegmatítico está orientado aproximadamente na direcção Este-Oeste e inclinado 35 graus para
o Sul. Em corte transversal, o pegmatito atinge uma espessura máxima de cerca de 60 metros
na margem Sul do “pit”. A espessura do pegmatito diminui em direção ao Este e ao Sul.
30

O pegmatito contém uma assembleia mineral complexa incluindo metais raros e outras
espécies minerais tais como a tantalite, lítio, elementos radioactivos, minerais industriais e
gemas.

Figura 7. Geologia Local da Mina de Marropino. Fonte. HAMC – Marropino.

12. DESCRIÇÃO DOS PONTOS VISITADOS.

Na data de 16 de Dezembro de 2021, A actividade continuou e os estudantes junto dos


Docentes, deslocaram-se para a mina de Marropino Com a localização acima descrita.

Nesta mina Observou-se uma mina desactivada, um laboratório de difracção de Raio X, e uma
planta de Processamento.

A mina foi inaugurada no dia 10 de Abril 2000 por sua Excia Joaquim Alberto Chissano
Antigo Presidente da República de Moçambique.

Quando as amostras são recebidas na mina de Marropino é verificado o teor da Humidade e


são levadas a secagem caso estejam húmidas. Ainda no laboratório, pesam-se as amostras,
moem-se, compactam-se e no final são codificadas. Com o Raio X, é possível analisar as
amostras no laboratório em torno de seus teores. Isto é, teor abaixo de 1% a amostra designa-
se de Low-Grade e teor acima de 1% de High Grade. A empresa exporta o mineral de
interesse Pentóxido de tântalo (Tantalite Puro) acima de 32% de teor.
31

Estudo mais recente, de 2015 mostraram que o rejeito podia ser restaurado a fim de recuperar
a morganite. Os pegmatitos da mina de Marropino estão inclinados a 20º SE e podem ser
homogéneos e heterogéneos. Os heterogéneos são zonados, com minerais escuros na zona
norte é o caso das micas.

A planta de Processamento divide-se em duas partes, a primeira é da Morganite e a outra para


a Tantalite. Actualmente a mina esta sendo recuperada porque a exploração da Tantalite não
esta sendo possível devido as baixas quantidades que se apresenta.

o Recuperação da Tantalite Residual.

Designa-se de Dray Plante o equipamento Utilizado na recuperação dos materiais de acordo


com a sua granulometria por meio de uma balança que nos dá a quantidade do material a ser
trabalhado e só depois é que se leva o produto para um outro equipamento para se realizar a
separação por granulometria.

Granulometria + 250; Granulometria – 250; Granulometria + 500

Leva-se a Granulometria – 250 para Rotex e separa-se ainda o – 75, +75 e


+125 (+125, é levado para o Re-magnete para a separação do metal e ametal e dos ametais
dos mais leves e por fim, os leves dos mais pesados).

Imagem 16. Ilustração do sistema de análise das amostras em torno do teor. Fonte. Autor
32

13. CONCLUSÃO.
Após a realização do relatório que partiu de uma observação de afloramentos e colecta de
dados, análise de e interpretação dos eventos decorrentes nas formações Geológicas que
originaram as mineralizações dos três pontos visitados (Mina de Muzua, de Murrua e de
Marropino), conclui-se que todos os depósitos pertencem a província pigmatitica de Alto
Ligonha situada ao longo do cinturão móvel de Moçambique (Mozambique Belt). Todas as
formações, são o resultado da última fase o ciclo orogénico pan-Africano que compreende
rochas de alto grau metamórfico (gnaisses e granulítos), associados geralmente a intrusões
ácidas. Duas das três minas (Mina de Murrua e Mina de Marropino), são exploradas pela
mesma empresa (HAMC), com o principal foco actualmente na produção de Tântalo. E a
outra mina, é uma mina artesanal ainda inoperante, como possível extracção do quartzo de
qualidade pelos mineiros locais. Referente às duas minas, a empresa HAMC opera em três
áreas activas, designadas de pit, pit norte, pit Sudeste e pit sudoeste. Actualmente a mina de
Marropino Foi Desactivada, apenas é usada a instalação para Processamento do material que é
concentrado na mina de Murrua a morganite e pentoxito de tântalo (tantalite). Isso significa
que, apenas a mina de murua é tem produzido Tântalo em teores consideráveis para o
mercado internacional.
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14. REFERÊNCIAS.

Afonso R.S. Notícia Explicativa da Carta Tectónica de Moçambique, 1976 Maputo.

Afonso R. S. Geologia de Moçambique, Imprensa Nacional de Moçambique-1976.

FREITAS, A.J., (1957) - Notícia explicativa do esboço geológico de Moçambique (1 : 2 000


000). Acompanhada de carta e de uma bibliográfia geológica). Boletim do Serviço de
Geologia e Minas 23.Pp 29-37. Maputo, Direcção Nacional de Geologia.

Lehto, L., & Gonçalves, R. (2008). Mineral resources potential in Mozambique. Geological
Survey of Finland, 48, 307-321. Recuperado em 2015, junho 12, de
http://tupa.gtk.fi/julkaisu/specialpaper/sp_048_pag es_307_321.pdf.

PINNA, P., JOURD, G., GALVEZ, J. Y., MROZ, J. P. & MARQUES, J. M., (1993) - The
Mozambique belt in northern Mozambique: Neoproterozoic (1100-850 M.a.) crusta growth
and tectonogenesis, and superimposed Pan-African (800-550) tectonism. Precambrian
Research 62, pp 1-59. Great Britain, Elsevier Science.

PINNA, P., MARTEAU,P.; BECQ-GIRAUDON,J.;MANIGAULT, B (1987) – carta


geológica da república Popular de Moçambique, 1/1000000 B.R.G.M. Instituto Nacional de
Geologia., Maputo.

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