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Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique

Engenharia Geológica e de Minas

3º ano

Disciplina: Geologia de Moçambique

Tema: Geologia de Sofala

Discentes: Docente:

Diandra Chioze Maurício Guiliche

Shanila Salé

Sheila Eva

Maputo, Janeiro de 2022


ÍNDICE
Introdução .................................................................................................................................................... 3
Localização Geográfica ............................................................................................................................. 4
Fig 1. Mapa da localização geográfia da província de Sofala ................................................. 4

Geologia da Província de Sofala .............................................................................................................. 4


Fig 2. Mapa de localização das unidades litoestratigráficas .................................................... 5

Planalto de Cheringoma ou Inhaminga ....................................................................................... 5

Formação de Grudja .................................................................................................................... 6

Formação de Cheringoma. .......................................................................................................... 6

Graben” do Urema – vale do “Rift” ............................................................................................ 7

Fig 3. Informação geológica sintetizada da Província de Sofala ............................................. 9

Suíte Intrusiva de Gorongosa .................................................................................................................... 9


Sequências do Rifte da África Oriental ................................................................................................... 9
Complexo Carbonatítico Xiluvo. .............................................................................................. 13

Fig 4. Mapa de distribuição das unidades litoestratigráficas ................................................. 13

Os Recursos Minerais e Energéticos ..................................................................................................... 14


Ocorrências de Minerais não metálicos .................................................................................... 14

Depósitos de calcário de Cheringoma ....................................................................................... 14

Depósitos de Búzi...................................................................................................................... 15

Ocorrências em Terraços Aluviais ............................................................................................ 15

Ocorrências de argilas comuns em Sofala................................................................................. 15

Jazigo de fluorite de Geramo-Djalira ........................................................................................ 15

Fig 5. Mapa de ocorrência de recursos minerais e energéticos ............................................. 15

Importância Económica de Recursos Minerais e Energéticos ........................................................... 16


Fig 6. Mapa de ocorrência de recursos minerais e energéticos ............................................. 16

Conclusão .................................................................................................................................................. 17
Referências Bibliográficas ...................................................................................................................... 18

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Introdução
O presente trabalho intitulado Geologia de Sofala, surge no âmbito da cadeira de Geologia de
Moçambique, visando descrever a província no que tange a localização geográfica, principais
unidades litoestratigráficas com as respectivas litologias, idade, recursos minerais e energéticos.

Moçambique é caracterizado pela ocorrência de uma grande diversidade geológica


(geodiversidade), da qual fazem parte locais geológicos com carácter excepcional do ponto de
vista científico, didáctico, turístico, etc., denominados por geossítios.Sofala já era conhecida há
muitos séculos. No século X, Al-Masudi descreve as terras de Sofala e da importância da
mineração e comércio entre o Império dos Mwenemutapas e os árabes e indianos que ali se haviam
estabelecido. Nessa época, Sofala abrangia toda a costa centro e norte do actual Moçambique.
Quando os portugueses entraram em contacto com a África Meridional-Oriental (pelo Cabo da
Boa Esperança), foram informados do comércio com Sofala: grandes

traficantes muçulmanos de Ormuz, de Adem e de outros lugares recebiam o ouro de outros


mercadores muçulmanos que captavam o metal para com ele poderem obter os panos de algodão
de Cambaia e outras peças vindas do mar Vermelho ou de Guzarate. O território da actual província
era parte integrante da concessão da Companhia de Moçambique, estabelecida em 1891. Com a
reversão do território para a administração colonial directa portuguesa em 1942 foi constituído o
“Distrito da Beira”, que passou a ser denominado “Distrito de Manica e Sofala” em 1947. Em 5
de Agosto de 1970 este distrito foi dividido no distrito de Sofala e no distrito de Vila Pery (antigo
nome da cidade de Chimoio) Durante o período do Governo de Transição (de 7 de Setembro de
1974 a 25 de Junho de 1975) o distrito de Sofala passou a província de Sofala.

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Localização Geográfica
A província de Sofala situa-se no centro de Moçambique, patilhando a norte e a nordeste o rio
Zambeze com as províncias de Tete e da Zambézia. Já a leste a província encontra o Oceano
Índico. A sul é separa pelo rio Save da província de Inhambane enquanto a oeste está ligada à
província de Manica.

Fig 1. Mapa da localização geográfia da província de Sofala

Geologia da Província de Sofala


Geologicamente a província de Sofala é dominada por dois dos quatro principais ciclos de erosão
característicos da paisagem do Sul de África e da África Austral, representados pelas superfícies
de aplanação correspondendo à região dos planaltos médios ou Ciclo do Zumbo e à zona de
planície costeira ou Ciclo do Congo.

A existência destes ciclos, segundo Real (1966), é evidenciada por uma morfologia especial em
que as várias zonas de aplanação, separadas por importantes escarpas de erosão, originam o já
referido aspecto de escadaria. A geologia constitui a base na qual se desenvolvem as principais
formas de relevo e, consequentemente responsável pela enorme diversidade de solos que ocorrem
na província de Sofala e distribuídos segundo a sequência topográfica local (catena de solos).
Porque tais atributos de terra são ainda influenciados por processos ecológicos, cujos efeitos
variam no espaço e no tempo, para além do grau de intervenção e a acção do homem, resulta nas
diferenças agro-ecológicas significativas e potencialmente aptas para o desenvolvimento agrário.
De um modo geral, a região ocorre na Bacia Sedimentar de Moçambique e para uma melhor
caracterização geológica, Real (1966) defende como, a maioria dos sedimentos das formações

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conhecidas, as suas características morfológicas e litológicas dominantes, são semelhantes a dois
tipos principais:

 Os sedimentos Cretácico continentais da região de Sena, designando-os como "Grés de


Sena", formado essencialmente por grés e conglomerados;
 O Cretácico marinho, fossilífero, representado por grés de grão fino e grés calcários com
películas de calcários gresosos. Geomorfologicamente, a província pode ser distinguido
em duas unidades principiais e cinco subunidades nomeadamente:
1. A parte Central que, compreende o Planalto de Inhaminga/Cheringoma, representando
o Cretácico continental;
2. A oeste, pelos vales dos rios Zungué e Macua que, corresponde à planície de afundamento,
vulgarmente conhecida por “Graben” do Urema - Vale do Rift, em que dominam os
depósitos quaternários;
3. A este, pela planície de eluviação arenosa e argilo-arenosa de transição;
4. A vasta planície Deltaica Quaternária do Zambeze, de aluviões em geral alagadiços
resultantes, principalmente, da importante meanderização do Zambeze;
5. As zonas de antigos cordões litorais e de dunas, mais ou menos consolidadas que, se
orientam em geral, paralelas à costa.

Fig 2. Mapa de localização das unidades litoestratigráficas

Planalto de Cheringoma ou Inhaminga


É o principal complexo geológico que directa ou indirectamente, contribuiu na formação das
unidades geológicas mais recentes quer na parte Oeste (“Graben” do Urema e/ou Vale do Rift)

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quer na faixa costeira da área de estudo. A maior altitude segundo Tinley (1995) atinge os 394
metros perto da localidade de Condué. O planalto está altamente peneplanizado devido à sua
localização central entre os Grabens do Urema e do Zambeze, pertencendo ao Terciário Médio,
correspondendo à época de renovação do rift. O planalto de Cheringoma é composto
essencialmente pelas formações do Cretácico continental, do Cretácico marinho e do Terciário
marinho. Na zona do planalto, o grés do Cretácico continental distribuem-se em estreita faixa
orientada na direcção NNE, constituindo a bordadura ocidental do maciço. Do planalto de
Inhaminga, segundo Ferro e Bouman (1987), distinguem-se diferentes Formações segundo as
idades e a ocorrências dos principais eventos geológicos que, determinam a sua distribuição quer
a leste quer na vertente ocidental que, no seu conjunto correspondem à grande falha de Inhaminga,
constituindo superfícies de contacto com depósitos quer do Cretácico marinho, quer do Terciário.
O Cretácico continental também conhecido por Grés de Sena, descrito por Real (1966), é formado
por grés carbonatados de grão médio a grosseiro, de cor castanha, por vezes vermelha, amarelo-
acastanhada a cinzento-clara, ou ainda, por grés de grão anguloso a sub-rolado em que, os
elementos constituintes são, principalmente quartzo e feldspato.

Formação de Grudja

É aquela que melhor representa os depósitos do Cretácico marinho na região planáltica, coberta
pela transgressão Cretácica (Real, 1966). As camadas do Cretácico marinho dispõem-se na
margem ocidental do planalto, assentando sobre os sedimentos continentais dos Grés de Sena. No
terreno, observa-se uma transição representada por grés grosseiro castanho, grés de grão fino e
grés margoso. Estes estratos marinhos são formados essencialmente por grés grosseiros amarelos,
siltitos amarelos ou vermelhos. Sobrepõem-se-lhe grés calcários finos, siltíticos, de cor amarela a
cinzento-esbranquiçada, e grés finos, glauconíticos, de cor vermelha, amarelada e cinzento-clara.
A parte superior da Formação de Grudja é constituída por grés glauconiosos, pertence ainda ao
mesmo período, terciário marinho.

Formação de Cheringoma.
Esta assenta sobre o grés calcário de Grudja e ocupa também largas áreas na região do planalto.
Estes depósitos estão separados da Formação de Grudja, a oeste, por nítida escarpa. Na Formação
de Cheringoma predominam calcários gresosos, grés calcários, grés glauconiosos (na base) e
lentículas estreitas de calcários dolomíticos. São identificados ainda níveis de calcários maciços,

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bem estratificados. Os níveis calcários desta formação revelam, por vezes, sinais de classificação
sendo numerosas as grutas (Real, 1966).

Os depósitos do Miocénico (Terciário marinho) correspondem a nova transgressão marinha que,


resultou na cobertura dos estratos das Formações de Cheringoma, Grudja, e Sena, sendo
representados parcialmente pela Formação de Mazamba que, se subdivide em duas partes distintas,
o Grés de cor púrpura e as Camadas de Inhaminga. Os afloramentos de grés da Formação de
Mazamba, de cor púrpura, estão melhor representados na zona do rio Mazamba, a cerca de 25 km
a sudoeste de Inhaminga, cobrindo enormes áreas do planalto de Cheringoma, constituídos por
grés argilosos de grão fino e médio de cor vermelha viva, de estratificação pouco nítida. Na parte
superior do grés os sedimentos são mais grosseiros podendo distinguirem-se elementos como
granito, gnaisse, quartzito e Basalto. A parte superior da Formação de Mazamba corresponde às
camadas de Inhaminga que se sobrepõem ao grés de cor púrpura, sendo constituída por rochas do
tipo de grés arcósicos, de grão médio a grosseiro, de cor amarelo-acastanhada que, passam na parte
superior, a grés de cor branca ou amarela pálida. Estas duas últimas ocorrências, são evidenciadas
por afloramentos rochosos ao longo das escarpas e em superfícies planas, representando a transição
brusca entre o Planalto de Cheringoma e a planície de afundamento do “Graben” do Urema - vale
do “Rift”.

Entre os vários degraus do planalto, ocorrem alguns terrenos com fisiografia plana a quase plana,
alongados e paralelos ao planalto, constituídos por materiais (maioritariamente não consolidados)
transportados e depositados quer pela acção mecânica, quer por água e/ou combinação destas,
vulgarmente designados por coluviões. A composição litológica é resumida na Tabela 1. Em geral,
as superfícies aplanadas resultaram da meteorização das rochas mais susceptíveis (p.e. de natureza
calcária) e posterior transporte e deposição dos materiais não consolidados, facto evidenciado pela
presença de detritos e concreções de carbonatos de cálcio na superfície do solo ou nas camadas do
subsolo.

Graben” do Urema – vale do “Rift”


Como testemunhos dos movimentos tectónicos mais recentes, surgem na região do vale do rio
Urema e do rio Zangué, a oeste do planalto de Cheringoma, uma série de importantes falhas
paralelas, orientadas na direcção N-S ou NNE-SSE, que deslocam camadas do Cretácico marinho,
originando escarpas bem definidas. Estas falhas são designadas por Falha de Inhaminga,

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integrando-se nos importantes sistemas de falhas do “Graben” do Urema ou Vale do Rift que,
limita a oriente, uma zona afundada - o vale do Urema, onde depósitos do Cretácico marinho e do
Terciário estão cobertos por aluviões do quaternário.

Mais a oeste, este afundamento é limitado pela zona de fracturas da região da Gorongosa. A
ocorrência de rochas vulcânicas no planalto de Cheringoma, cortando estratos eocénicos, pode ter
sido consequente dos movimentos que levaram ao afundamento da região do vale do Urema e
subsequente formação do respectivo planalto.

A faixa de transição para o litoral, é marcada pela ocorrência de uma extensa planície eluvionar
arenosa e argilo-arenosa, onde a cobertura arenosa é de espessura variável (10-30 m). É de realçar
que, o aluvião argilo-arenoso logo depois da Formação de Mazamba, ocorre ao longo das linhas
de drenagem paralelas e sub-paralelas que começam em pequenas depressões circulares (dambos),
consolidando-se numa extensa planície inclinada no sentido W-E, antecedendo os aluviões mais
recentes das formações quaternárias que se encontram à costa média inferior a 20 metros de
altitude. A costa de Cheringoma estende-se desde o Delta do Zambeze, sensivelmente a sul dos
rios Mungari e Sanga até ao rio Zuni, como que representando a continuidade da vasta planície de
inundação, dominadas por formações aluvionares do Quaternário e recentes, localmente de
características hidromórficas (Vilanculos et al., 1999), sustentando um dos mais importantes
sistemas de mangal presentes no delta, intercaladas por dunas paralelas à linha costeira, alternando
com bacias de inundação influenciadas pelo regime de marés. O sistema de dunas arenosas
costeiras marca o limite entre o continente e o Oceano.

A ocorrência de rochas vulcânicas no planalto de Cheringoma, cortando estratos eocénicos, pode


ter sido consequente dos movimentos que levaram ao afundamento da região do vale do Urema e
subsequente formação do respectivo planalto.

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Fig 3. Informação geológica sintetizada da Província de Sofala

Suíte Intrusiva de Gorongosa


A Suíte Intrusiva de Gorongosa, que mede 30 km a N-S e 25 km a E-W, consiste de um núcelo
félsico, circundado por rochas ígneas máficas, que juntos formam o proeminente marco
geomorfológico da Serra de Gorongosa (1862 m), situado no limite entre SDS 1833 e SDS 1834.
As litologias do seu núcelo compreendem Micropegmatitogranito e sienito (JrGg), composto por
albite, ortoclásio, quartzo, clinopiroxênio e hornblenda, que intrudiu uma intrusão máfica mais
antiga, composta por gabro toleítico, Norita e olivina gabro (JrGb), que, por sua vez, intrudiu
litologias circundantes do Grupo Macossa do Complexo Báruè. A Suíte Intrusiva Gorongosa é
associada com um enxame de diques félsicos e máficos de direcção NNE-SSW, que radiam a norte
e sul da intrusão.

A datação TIMS de duas fracções de zircão do sienito, efectuada por Consórcio GTK, forneceu
idades concordantes e idênticas de 181±Ma, contemporâneas com a Suíte Rukore.

Sequências do Rifte da África Oriental


O Supergrupo Karoo, manifestando a fase derifteamento abortado, são seguidas por um período
de rifte continental, migração e dispersão do Gondwana. Esta fase é contemporânea com o
desenvolvimento do Sistema de Rifte da África Oriental (SRAO), cujo desenvolvimento iniciou
no Cretáceo, mas foi acelerado durante o Terciário. A separação continental continua até hoje,
como demonstrada pela recorrente actividade tectónica ao longo da SRAO. Nas partes centrais e
sul de Moçambique, este processo deu o início ao surgimento do rifte Luia de direcção NW-SE e

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ao Graben da Baixa Zambeze, ambos super postos no Graben Karoo do Médio Zambeze, de
direcção E-W. A Bacia Moçambique também se iniciou como uma complexa estrutura rifte, com
estruturas Horst e Graben de segunda ordem, mas desenvolvidas em uma margem passiva, em
basada por rochas vulcânicas do Karoo Tardio de idade Jurássica Inferior e cobertos por sucessões
sedimentares do Cretáceo Médio e mais jovens, porém, com um hiato de ~40 Ma entre estes.

Estas sucessões incluem uma série de sequências de plataforma rasa e de águas mais profundas,
restritas a várias estruturas de rifte estreitas e rochas sub-vulcânicas subordinadas (para detalhes,
vide a Nota Explicativa do Mapa, GTK Consortium 2006a). Seis maiores sequências
disposicionais podem ser reconhecidas e incorporadas no esquema estratigráfico para toda bacia
(costa dentro e costa fora) (cf. Coster et al. 1989):

Sequência 1: Deposição Jurássica Superior - Cretáceo Inferior do Grupo Lupata e o


Emplaçamento contemporâneo de rochas vulcânicas da Província Alcalina de Chilwa com
inconformidades Neocomianos (Berriasiano até Barremiano) e Aptianos.

Sequência 2: Deposição Cretáceo Superior da Formação Sena e inconformidade intra- Senoniano


a nível de toda bacia. Compreende as Formações Sena e Mágoè.. As rochas sedimentares
assinaladas à Formação de Sena (CrS) cobrem o Supergrupo Karoo e Grupo Lupata ou jazem
diretamente sobre o embasamento cristalino. Estas rochas ocupam grandes extensões do país,
notavelmente na área do Canal de Lupata. As areias e cascalhos Cretáceos formam a planície
monótona do interior. Nos mapas aeromagnéticos, estas rochas mostram uma susceptilidade
magnética muito baixa. A sua radioactividade natural é moderada, mas um zoneamento distincto
pode ser observado na região entre Rios Pompue e Nhamapasa (SDS 1733/34 e SDS 1833/34) e
aparece ser relacionado com a proporção de material arenoso versus argiloso.

A Formação de Sena (TeS) é predominantemente composta de grés conglomerando avermelhado,


fracamente cimentado, com clastos vulcânicos. A porção basal da unidade compreende camadas
impuras de calcário, com restos de flora fóssil e argilitos calcáreos com fragmentos de escamas de
peixe, artrópodos e flora fóssil. O Consórcio GTK distingue três unidades mapeáveis com o status
de membros nesta formação (da base para o topo): (1) o Membro Gré Thorium, (2) o Membro
Conglomerado Basal, e (3) o Membro Conglomerado Gré Superior. Grés arcóseos do Membro
Grés Thorium (CrSt), com alta assinatura de tório, forma uma zona com largura de 10-25 km, com
direcção norte, que ocorre ao longo do limite Pré- Cambriano-Fanerozóico entre as montanhas

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Súdeza e Panda (SDS 1634 e 1934), sul do povoado de Nhamatanda). No fundo de algumas
perfurações de petróleo profundas deformações Sena têm sido encontradas calcáreos impuros e
xistos calcáreos com fragmentos de flora fóssil, escamas de peixe e artrópodos. Mais para cima na
sequência sedimentar da Formação Sena, camadas conglomeráticas são interestratificadas com
grés de granulação média a grosseira, tentativa mente assinaladas ao Membro Conglomerado Basal
(CrSb), com clastos de granito, gneisse, quartzito, fragmentos de feldspato e lavas. A erosão de
camadas conglomeráticas deu origem a superfícies de debris de clastos, que frequentemente
cobrem o grés da Formação Sena. A deposição do Membro Conglomerado Basal manifesta um
ambiente de alta energia fluvial, incluindo rios entrelaçados e leques aluviais, com conglomerados
interdigitados com areias fluviais em uma bacia Cretácea, controlada por falhas. Áreas aleatórias
de gréses grosseiros e grés conglomeráticos, assinalados ao Membro Conglomerado-Gré Superior,
ocorrem no centro e no canto sudeste da Folha de Chemba (SDS 1734), onde formam feições
geomorfológicas tabulares, como colinas alongadas e elevadas com a típica, densa floresta.

Uma idade Albiana-Turoniana (Cretácico Médio) ou Barremiana-Maastrichtiana (Cretácico


Médio a Superior) é geralmente atribuída aos depósitos da Formação Sena.

Sequência 3: Deposição Cretáceo Superior (Campaniano-Maastrichtiano) a Paleoceno da parte


basal da Formação Grudja, separada da parte superior das formações Grudja e Mágoè por uma
inconformidade Paleocênica Inferior. A Formação de Grudja (CrG), que ocorre
predominantemente na área coberta pelas Folhas 1834 e 1835, sendo composto por grés
glauconítico, com limite calcário e grés calcário subordinados e de cor amarelo-esverdeados,
contendo fósseis de Lopha (Alectronya ungulata) na base, seguido por calcário maciço e
fossilífero, com até 200 m de espessura. A idade Turoniana- Campaniana (Cretáceo Superior) é
aceita para a parte inferior desta unidade. A parte superior da sequência é atribuída à idade
Mastrichtiana-Paleocênica.

Sequência 4: Deposição Eocênica da Formação de Cheringoma por cima da inconformidade do


Eoceno Inferior e em baixo das inconformidades intra-e tardo Oligocênicas: a formação de
Cheringoma (TeC) forma uma faixa contínua ao longo do limite nordeste da depressão Zângue-
Urema (SDS 1834), cobrindo áreas extensas a N do Rio Búzi (SDS 1934). Esta unidade, separada
por um hiato Paleocênico-Eocênico dos depósitos Cretáceos subjacentes, é composta por calcáreos
glauconíticos e dolomíticos, com grés calcários no topo. As fácies deposicionais desta formação,

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rica em fósseis, correspondem à fácies marinho raso de alta energia na zona fótica, incluindo águas
marinhas oxigenadas e tropicais. A idade Eocênica Média a Superior é geralmente aceita à
Formação Cheringoma.

Sequência 5: Deposição Oligocênica-Pleistocênica das formações Inhaminga e Mazamba,


produtos da erosão e rede posição em outros lugares: os Grés Terciários da Formação de Inhaminga
(Tel) são predominantemente encontrados fora da área da Nota Explicativa do Mapa e somente
pequenas, limitadas ocorrências existem na Folha de Beira (SDS 1934). Estes depósitos, separados
por um hiato das formações subjacentes, são compostos por grés argilíticos e grés grosseiros (topo)
púrpuras e vermelhas. A idade Miocênica é comummente aceita como sendo a idade da Formação
Inhaminga.

Grés arcóseos e horizontes conglomeráticos casuais da Formação de Mazamba (TeZ) jazem sobre
os grés púrpuras da Formação Inhaminga no canto sudeste da área da Nota Explicativa do Mapa
(SDS 1834-1934). Estes depósitos compreendem predominantemente grés arcóseos de granulação
média a grosseira, de cor amarelo-acastanhado, pobremente cimentados e em certos locais,
fracamente silicificados, que mudam a grés brancos a amarelo pálidos na parte superior da
sequência. A fácies inicial da Formação Mazamba é litorânea, com raros fósseis, passando a fácies
continentais a oeste. As rochas têm idade Pliocênica.

Os Veios de quartzo brechados formam cristas proeminentes, sinuosas a irregulares, possuindo


uma textura brochada, com fragmentos angulosos e irregulares de rochas encaixantes ou quartzo
em uma matriz carbonática ou silícica. A “massa sílica pulverizada de falha” (fault gouge) marca
frequentemente o limite entre o embasamento cristalino e as rochas Fanerozóicas de cobertura.
Estas brechas possuem comummente cavidades e vãos nos quais são às vezes encontrados cristais
de quartzo bem desenvolvido. Os veios de brecha contêm também outros minerais, como feldspato
alcalino, calcita, fluorite, barite, hematite e, em menor proporção, sulfitos. Acredita-se que estes
se formaram durante períodos de tempo longos, através do rejuvenescimento episódico e repetido
das falhas do embasamento.

Sequência 6: Depósitos Quaternários subdivididos em depósitos Pleistocênicos, como Terraços


Fluviais e Depósitos Coluviais e Depósitos Holocênicos, como depósitos de composição areno-
argilosa e lamosa, dunas costeiras e depósitos aluviais.

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Complexo Carbonatítico Xiluvo.
Composto por sovita e alvikita, é localizado a ~ 14 km a W do povoado de Nhamatanda (Quadrante
NW da Folha de Beira), SDS 1934). Morfologicamente, o Xiluvo é caracterizado por uma série de
elevações, formando grosseiramente uma estrutura sub-circular, com 4,5 km de diâmetro. O
complexo Carbonatítico de Xiluvo é formado por uma estrutura anelar na seguinte sequência:

 Núcleo central constituído de carbonatito a calcite;


 Um anel ao redor do núcleo central, constituído por brechas vulcânicas, que podem
apresentar fragmentos de rochas carbonatíticas com calcite a cimento ferruginoso e
componentes de quartzo, feldspato, xisto, quartzito e rocha básica;
 Uma zona externa muito complexa ao redor do anel, na qual rochas traquíticas e profiláticas
cortam densamente a rocha quartzo-feldspática encaixante.

O emplaçamento de magma carbonatítica foi seguido por uma fase hidrotermal, resultando em
diques de quartzo brechados. Contemporaneamente ao emplaçamento carbonatítico, rochas
piroclásticas foram projectadas não só ao redor da cratera, mas também mais longe, como pode
ser observada em afloramentos de aglomerados até há 10 km da cratera. As rochas carbonatíticas
são cobertas por solo avermelhado, apresentando às vezes feições kársticas.

O Carbonatito Xiluvo foi emplaçado durante o Cretáceo Inferior e Médio, após à intrusão de pipes
e diques de traquitos hiper-alcalinos com augite-aegirina. Uma série de corpos carbonatíticos foi
emplaçado na zona de empurrão milonítica, em baixo da soleira da alóctone Suite Tete.

Fig 4. Mapa de distribuição das unidades litoestratigráficas

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Os Recursos Minerais e Energéticos
A carta da província indica a ocorrência de formações sedimentares (karroo e Jurássico) e ainda
formações extensivas (o caso do Cretácico que existe na Serra de Gorongosa).

Mas tal província, não há estudo geológico profundo. Verificam-se ocorrências de m minerais,
destes a ser pesquisados para se avaliar a sua reais potencialidades económicas, na província da
Sofala destacam-se as seguintes ocorrências:

Ocorrências de Minerais não metálicos


Nesta secção estão incluídos os minerais e rochas industriais a seguir indicados que ocorrem no
território moçambicano e que poderão ser utilizadas na indústria nacional ou exportados: como a
fluorite, gesso, quartzo, argila comum, areia, calcário, rochas ornamentais, guano, água termal/
água mineral de nascente, e argila plástica.

Em Moçambique, as formações produtivas de hidrocarbonetos, de idade compreendida entre o


Cretácico Superior e o Terciário Inferior, ocorrem na bacia do Rovuma/ Moçambique e na bacia
do Baixo Zambeze e do Save/ Limpopo. Destas formações, aquela que é mais favorável à geração
de hidrocarbonetos é a formação de Grudja do Cretácico Superior. É neste contexto geológico que
se situam os jazigos de gás natural de Pande, de Temane e de Búzi (ENH, 1986). No que se refere
a hidrocarbonetos líquidos, estão definidas áreas potenciais nas plataformas continentais ao largo
da foz dos rios Púngoè, Zambeze e Rovuma.

Monte Xiluvo – Esta região carbonatítica, que está ligada a fracturas profundas relacionadas com
o sistema de rifte, é sede de mineralizações de fluorite, fosfatos e terras raras.

Distrito de Nhamatanda- trata-se de um segmento cratónico encravado no Moçambique Belt,


como ocorrências auríferas.

Depósitos de calcário de Cheringoma


Este depósito de calcários situa-se acerca de 20 Km a NNW de Muanza, no distrito do mesmo
nome. Estes calcários pertencem a formação de Cheringoma, do Terciário Inferior. São arenitos,
com espessura de cerca de 15 m, com níveis de calcário maciço que progressivamente vão
passando, no topo, arenito calcário. O murro desta rocha carbonatada é constituído por arenito
glauconítico. A formação calcária estende-se para NNE-SSW, com cerca de 20 Km de
comprimento, desde Muanza a Inhaminga, e tem 70 Km de espessura (Dias, 1952).

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Depósitos de Búzi
Os calcários deste depósito, com um enquadramento geológico idêntico aos de Cheringoma,
encontram-se a 50 Km a WSW da vila do Búzi. Esta matéria-prima carbonatada ocupa uma faixa
com cerca de 80 Km de comprimento e uma largura variando de 1.8 a 10 Km. As reservas
prognósticas deste depósito de calcário são da ordem dos 28000 milhões de toneladas.

Ocorrências em Terraços Aluviais


Constituem jazidas de areias que ocorrem ao longo dos leitos e terraços dos rios Save e Púngoè.
Trata-se de bacias de areias brancas não calibradas, apropriadas para construção civil.

Ocorrências de argilas comuns em Sofala


As jazidas argilosas que estão espalhadas por diversos locais do território moçambicano são de
origem residual ou aluvial de idade Quaternária. Todavia, ocorrem, com pouca frequência, argilas
dos períodos Karoo, Cretácico e Terciário.

Jazigo de fluorite de Geramo-Djalira


Este jazigo, situado na região Marínguè-Macossa-Canxixe, no distrito de Maríngue, dista cerca de
180 km da povoação de Sena e 200 km de Nhamantanda.

Fig 5. Mapa de ocorrência de recursos minerais e energéticos

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Importância Económica de Recursos Minerais e Energéticos
Os minerais úteis e as rochas que ocorrem naqueles jazigos possuem uma importância capital na
indústria e desenvolvimento técnico-económico da província de Sofala e Moçambique, visto que
a utilização dessas substâncias inorgânicas na joalharia, nas indústrias químicas, na produção de
todos os géneros de materiais de construção e na indústria de pedras ornamentais que atingem uma
amplitude considerável.

Fig 6. Mapa de ocorrência de recursos minerais e energéticos

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Conclusão
Chegado ao fim do trabalho, conclui-se que geologicamente, a região de Sofala ocorre na Bacia
Sedimentar de Moçambique e para uma melhor caracterização geológica, Real (1966) defende
como, a maioria dos sedimentos das formações conhecidas, as suas características morfológicas e
litológicas dominantes, são semelhantes a dois tipos principais:

• Os sedimentos Cretácico continentais da região de Sena, designando-os como "Grés de Sena",


formado essencialmente por grés e conglomerados;

• O Cretácico marinho, fossilífero, representado por grés de grão fino e grés calcários com películas
de calcários gresosos. Geomorfologicamente, a província pode ser distinguido em duas unidades
principiais e cinco subunidades nomeadamente:

1. A parte Central que, compreende o Planalto de Inhaminga/Cheringoma, representando o


Cretácico continental;

2. A oeste, pelos vales dos rios Zungué e Macua que, corresponde à planície de afundamento,
vulgarmente conhecida por “Graben” do Urema - Vale do Rift, em que dominam os depósitos
quaternários;

3. A este, pela planície de eluviação arenosa e argilo-arenosa de transição;

4. A vasta planície Deltaica Quaternária do Zambeze, de aluviões em geral alagadiços resultantes,


principalmente, da importante meanderização do Zambeze;

5. As zonas de antigos cordões litorais e de dunas, mais ou menos consolidadas que, se orientam
em geral, paralelas à costa.

Nesta secção estão incluídos os minerais e rochas industriais a seguir indicados que ocorrem no
território moçambicano e que poderão ser utilizadas na indústria nacional ou exportados: como a
fluorite, gesso, quartzo, argila comum, areia, calcário, rochas ornamentais, guano, água termal/
água mineral de nascente, e argila plástica.

Os minerais úteis e as rochas que ocorrem naqueles jazigos possuem uma importância capital na
indústria e desenvolvimento técnico-económico da província de Sofala e Moçambique.

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Referências Bibliográficas
AFONSO, R.S. A geologia de Moçambique (notícia explicativa da carta geológica de
Moçambique, escala 1: 200.000, Maputo, 1970.

AFONSO, R. S. & MARQUES, J. M, Recursos Minerais da República de Moçambique, Lisboa


& Maputo, 1998.

BOUMAN & FERRO (1987). Notícias Explicativas da Carta Hidrogeológica de Moçambique.

MAFALACUSSER, J. M & MARQUES, M. R. (1999). O potencial dos Recursos Agrários do


Distrito de Gorongosa e Possibilidades de Desenvolvimento, INIA-DTA, Maputo, Moçambique.

SGM, (Cartas Geológicas, SUL-E-36, folhas Q, R, L e Z), 1968.

GTK Consortium (2006a). Map Explanation; Volume 2: Sheets 1630 – 1934. Geology of Degree
Sheets Mecumbura, Chioco, Tete, Tambara, Guro, Chemba, Manica, Catandica, Gorongosa,
Rotamda, Chimoio and Beira, Mozambique. Ministério dos Recursos Minerais, Direcção
Nacional de Geologia, Maputo.

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