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Angelina Abudo

Cordelha Alberto Pariela

Délio Humberto Vasco Lopes

Felismina Artur

Francisco Luísa A. Moamba

Hélio Manuel Eurico

Ísis Ernesto Naoque

Jesualdo Bernabé Nchopa

Juventino Clemente

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pius

Reinata Mariano Robath

Principais Bacias Sedimentares de Moçambique

(Curso de Licenciatura em Geologia com Habilitações em Mineração)

Universidade Rovuma
Nampula
2023
Angelina Abudo

Cordelha Alberto Pariela

Délio Humberto Vasco Lopes

Felismina Artur

Francisco Luísa A. Moamba

Hélio Manuel Eurico

Ísis Ernesto Naoque

Jesualdo Bernabé Nchopa

Juventino Clemente

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pius

Reinata Mariano Robath

Principais Bacias Sedimentares de Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de Geologia de Moçambique, curso de
Licenciatura em Geologia, 3º Ano,
leccionada pelo Docente: Dr. Sumalge
Muteliha

Universidade Rovuma
Nampula
2023
Índice

Indice de Figuras e Tabelas.......................................................................................................iii

1. Introdução...........................................................................................................................3

1.1. Objectivos do Trabalho................................................................................................3

1.2. Metodologia.................................................................................................................3

2. Principais Bacias Sedimentares de Moçambique...............................................................4

2.2. Bacias Sedimentares de Moçambique..........................................................................4

2.3. Bacia Sedimentar de Moçambique...............................................................................5

2.3.1. Localização geográfica da Bacia Sedimentar de Moçambique............................5

2.3.1.1. Período de fragmentação...................................................................................7

2.3.1.2. Período de estabilização....................................................................................7

2.3.1.3. Período de rifting...............................................................................................8

2.3.2. Tectónica...............................................................................................................8

2.3.3. Estratigrafia da Bacia de Moçambique.................................................................9

2.4. Bacia sedimentar do Rovuma.....................................................................................14

2.4.1. Estratigrafia da Bacia do Rovuma......................................................................14

2.5. Bacia sedimentar de Maniamba (ou Graben de Maniamba)......................................16

2.6. Bacia Sedimentar do Médio Zambeze.......................................................................16

2.7. Bacia Sedimentar do Baixo Zambeze........................................................................17

2.7.2. Estratigrafia da Bacia do Baixo Zambeze...........................................................17

2.8. Bacia Sedimentar de Niassa.......................................................................................18

2.8.1. Localização Geográfica......................................................................................18

2.8.2. Estratigrafia.........................................................................................................18

2.9. Tabela Geocronológica das Principais Bacias Sedimentares de Moçambique..........20

3. Conclusão..........................................................................................................................22

4. Referências Bibliográficas................................................................................................23
iii

Indice de Figuras e Tabelas

i. Índice de Figuras

Figura 1: Localização das Principais Bacias Sedimentares de Moçambique em relação à


fragmentação do supercontinente Gondwana (ECL, 2000)........................................................6
Figura 2: Estratigrafia geral da Bacia de Moçambique (ECL, 2000)......................................13
Figura 3: Estratigrafia da Bacia de Rovuma. Fonte: (ECL, 2000)..........................................15

ii. Índice de Tabelas

Tabela 1: geocronologia das bacias sedimentares (Adaptado pelos Autores, 2023)...............20


3

1. Introdução

O presente trabalho visa abordar sobre as principais bacias sedimentares de Moçambique.


Bacias sedimentares são depressões existentes no relevo, que são preenchidas por sedimentos
de origem orgânica (vegetais e animais) e pelo material rochoso que passou por processo de
erosão, transporte e acumulação.

As bacias sedimentares de Moçambique representam uma importante fonte de recursos


naturais, como petróleo, gás natural e carvão mineral, que têm impulsionado o
desenvolvimento econômico do país.

1.1. Objectivos do Trabalho


1.1.1. Objectivo Geral
 Abordar sobre as principais Bacias Sedimentares de Moçambique.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Definir conceitos;
 Seleccionar as principais bacias sedimentares;
 Localizar e explicar a formação de cada uma das bacias sedimentares;
 Construir a tabela geocronológica das bacias sedimentares.

1.2. Metodologia

Para a realização do presente trabalho, foi desenvolvido na base do método de pesquisa


bibliográfica que consistiu na consulta de artigos, teses e obras literárias que abordam sobre o
tema em alusão. No que tange a estrutura, o presente trabalho apresenta uma introdução,
objectivos do trabalho, metodologia usada, desenvolvimento da pesquisa e por fim a
conclusão e as referências bibliográficas.
4

2. Principais Bacias Sedimentares de Moçambique


2.1. Conceito

Bacias sedimentares são regiões da superfície terrestre que apresentam uma subsidência
prolongada cujo principal mecanismo conducente a esta subsidência estão realaionados
principalemente, a processos tectónicos que ocorrem na litosfera terrestre (Allen, 2005).

2.2. Bacias Sedimentares de Moçambique

Em Moçambique existem 6 grandes Bacias Sedimentares (ECL, 2000), designadamente:

 Bacia de Moçambique;
 Bacia do Rovuma;
 Bacia do Lago Niassa;
 Bacia de Maniamba;
 Bacia do Médio Zambeze;
 Bacia do Baixo Zambeze.

As bacias sedimentares marginais do Rovuma e de Moçambique são as principais bacias do


país, quer em volume de sedimentos acumulados, quer em ocorrências de hidrocarbonetos, no
que se conhece até à data. Nestas bacias está concentrada grande parte das actividades de
pesquisa de hidrocarbonetos convencionais.

As duas bacias marginais contém sequências sedimentares Onshore e Offshore. O termo


Onshore refere-se aos depósitos no Continente e Offshore aos depósitos no mar.

As bacias marginais foram formadas como resultado da fragmentação do Gondwana e da


formação do Oceano Índico no final do Mesozóico. A cobertura sedimentar está dividida em 2
unidades:

 Unidades Gondwana: Formações de Karoo;


 Unidades Pós-Gondwana: Formações Pós-Karoo.

As unidades Pós-Gondwana são compostas por sequências sedimentares do Jurássico Médio a


Superior, ao Cenozóico que são sequências sedimentares de Bacia Leste Africana.

Para além das bacias anteriormente referidas, existem, ainda, as bacias intracratónicas que se
localizam no interior de regiões tectonicamente estáveis (os cratões) ou o Supergrupo do
Karoo (SGK), ou simplesmente Karoo.
5

O SGK compreende o Karoo superior e o Karoo inferior depositados em fossas tectónicas


intracratónicas e em bacias profundas associadas a um rifte abortado ou numa fase de
desmembramento do Gondwana, tendo terminado com a instalação da Grande Província
Ígnea de Karoo de idade jurássica inferior (~190 Ma) e de outras manifestações ígneas na
costa nordeste de Moçambique (GTK Consortium, 2006b; Vasconcelos & Jamal, 2010).

As formações do SGK tiveram o seu início no Carbonífero Superior, terminando no Jurássico


Inferior (Paulino et al., 2010; Vasconcelos & Jamal, 2010).

O SGK pode ser subdividido em Karoo Inferior e Karoo Superior (Afonso,1978), ambos
depositados num rifte abortado ou numa fase de desmembramento do Gondwana.

As rochas do Karoo em Moçambique ocorrem em várias estruturas de ríftes do tipo graben.


Estas constituem de norte a sul, o graben de Metangula (província de Niassa), a bacia do
Rovuma (província de Cabo Delgado) e o graben do Medio Zambeze (província de Tete).
Este período ocorreu entre o fim do Eocénio (35 Ma) e o recente, e relaciona-se com o
desenvolvimento do sistema de Rift-Este Africano.

2.3. Bacia Sedimentar de Moçambique


2.3.1. Localização geográfica da Bacia Sedimentar de Moçambique

A Bacia de Moçambique abrange o centro e sul e as partes Onshore e Offshore de


Moçambique, com uma superfície de cerca de 185 000 Km 2, e estende-se para além da
plataforma continental.
Segundo Salman e Abdula (1996), esta é composta por rochas sedimentares pertencentes ao
Jurássico superior, Cretácico e Cenozóico que assentam em discordância sobre os basaltos do
Karoo.
O registo sedimentar está articulado em cinco sequências deposicionais, limitadas por
importantes descontinuidades ou hiatos. As mudanças de fácies registam geralmente uma
transição, em direcção a leste, de depósitos continentais, parálicos e marinhos pouco
profundos, e de depósitos marinhos típicos em direcção às zonas depocêntricas, as quais
podem registar espessuras significativas, superiores a 10.000 metros como o que se observa
na região do delta do Zambeze.
Segundo os mesmos autores, a bacia foi afectada pela tectónica da fase Pós–Gondwana, que é
composta por três períodos: fragmentação, estabilização e rifting.
6

Figura 1: Localização das Principais Bacias Sedimentares de Moçambique em relação à fragmentação


do supercontinente Gondwana (ECL, 2000).
7

2.3.1.1. Período de fragmentação

A fase de fragmentação é marcada pela formação de dois grandes blocos no Continente da


Gondwana: o bloco ocidental (África e América do Sul) e o bloco oriental (Madagáscar,
Antártica, India, Sri Lanka, Seychelles e Austrália). A separação de Madagáscar em relação
ao bloco de Africa no Oxfordiano culminou com o desenvolvimento do fundo oceânico na
Bacia da Somália e na formação do Canal de Moçambique. O período de fragmentação
ocorreu entre o Jurássico médio (157,6) e o Cretáceo inferior (118 Ma) sendo os depósitos
sedimentares constituídos marinhos e continentais, os quais compreendem, na base do topo, as
Formações de Areias Vermelhas, Lupata, Maputo e Sena.

Neste período ocorreu a primeira transgressão marinha acumulando os sedimentos da


Formação de Maputo, depositando calcários intercalados com argilitos e arenitos
glauconíticos seguidos de uma deposição de arenitos arcósicos, conglomerados e argilas ricas
em detritos de carvão correspondentes a Formação de Sena.

Os sedimentos da Formação de Areia Vermelha são continentais, equivalentes à Formação de


Lupata no Norte da bacia. No Cretácico inferior e médio houve uma sedimentação
correspondente a um conjunto de eventos tectónicos que afectam o soco cristalino e a
cobertura do Karoo, demostrando dominância da deriva no Cretácico inferior e médio e
pulsações térmicas no Terciário.

As prolongadas forças tectónicas resultaram da criação de grabens, separados por horsts, e por
uma subsidência importante em certas porções da margem continental.

2.3.1.2. Período de estabilização

O período de estabilização na margem continental do Este Africano ocorreu entre o Cretácico


inferior (118 Ma) e o fim do Eocénico (35 Ma) e é caracterizado por uma expressiva
transgressão marinha, depositando mais sedimentos marinhos do que continentais, estes
últimos marcando intervalos curtos de abaixamento do nível do mar. O Cenomaniano superior
- Turoniano é caracterizado pela deposição de arenitos quartzosos intercalados por argilas
negras pertencentes à Formação dos Arenitos de Domo, depositados durante uma regressão
marinha. Logo após o Turoniano e até ao Senoniano houve uma transgressão que durou cerca
de 8 Ma resultando na Formação das Argilas de Domo Superior que foram sobrepostas por
argilas com bandas de arenitos arcósicos com glauconite.
8

O aprofundamento dos grabens culminou no Maastrichtiano e acomodou sequências espessas


de sedimentos marinhos. Fora dos limites do grabens os sedimentos são compostos por
litologia diferentes, e são muito menos espessos ou podem até mesmo estar ausentes. Todavia,
o Paleocénico foi caracterizado por uma descida e posterior subida de nível do mar resultando
na deposição discordante (sobre a formação de Grudja Inferior) de sedimentos de mar pouco
profundo (areias glouconiticas, margas com bandas de calcário) pertencentes a Formação do
Grudja Superior.

2.3.1.3. Período de rifting

Este período ocorreu entre o fim do Eocénico (35 Ma) e o recente, e relaciona-se com o
desenvolvimento do sistema de Rift-Este Africano. É constituído por um ciclo de regressão
marinha de escala regional, provocada por um grande fluxo de sedimentos continentais em
direcção ao interior da bacia. Este processo culminou com o desenvolvimento dos deltas do
Zambeze e do Limpopo. Após a regressão Oligocénica, a bacia experimentou uma subida
relativa do nível do mar que contribuiu com a deposição de dolomites e argilitos vermelhos da
Formação de Inharrime. Esta formação é subjacente a uma espessa camada de gesso
correspondente à Formação de Temane.

No Miocénico médio a superior, a subida relativa do nível das águas do mar, terminou com a
transgressão marinha que resultou na deposição de sedimentos carbonatados (calcários,
calcarenitos e calcários arenosos) da Formação de Jofane. O Pliocénico foi caracterizado por
uma intensa regressão marinha dominada por dunas continentais.

2.3.2. Tectónica

Ao longo da história da sua formação, a Bacia de Moçambique está directamente relacionada


com a fragmentação do Gondwana e uma tectónica de distensão, a partir do Jurássico
superior. Sendo assim, ela é caracterizada por falhas normais que se desenvolveram até à
formação de grabens.

Durante este processo, desenvolveu – se uma fase de rifting local que originou a formação de
horsts e grabens. Todavia, antes da fragmentação de Gondwana, parte da Bacia de
Moçambique era formada por uma placa estável com uma deposição dominante de fácies
terrígeno e lacustres dentro de pequenas Bacias desenvolvidas, como fase de infra – rifting
entre o Carbonífero superior e o Triássico, conhecidos como depósitos de Karoo (Flores, 1970
in Mendes, 2007).
9

Os trabalhos prévios não descrevem com detalhe a situação da tectónica da região mais a sul
da bacia. Os eventos tectónicos registados a partir de dados gravimétricos e magnéticos,
sugerem um desenvolvimento contemporâneo do Sistema de Grabens de Funhalouro –
Mazenga, Graben de Chidenguele e Xai-Xai. Segundo ECL (2000), associados a duas fases
de extensão dos grabens supracitados: a primeira no Jurássico superior - Cretácico inferior e, a
segunda, no Cretácico médio-superior. Este é o fundamento que caracteriza uma reactivação
da Bacia de Moçambique durante a segunda fase.

2.3.3. Estratigrafia da Bacia de Moçambique

A Bacia de Moçambique possui várias formações geológicas. Da base para o topo da


sequência encontram-se as seguintes formações:

1. Formação das Camadas Vermelhas

Supõe-se que seja do Jurássico Superior e Cretácico Inferior onde, na base da secção
sedimentar do pós-Karoo se encontram sedimentos continentais e camadas vermelhas com
uma espessura de mais de 900m na parte sul da bacia, que são conhecidas como a Formação
das "Camadas Vermelhas". A Formação das Camadas Vermelhas é distribuída nos grabens da
Palmeira e de Chidenguele e é desenvolvida na zona axial no sistema graben de Changane
para oeste. Correspondendo a estes depósitos na parte noroeste da bacia, ocorrem os arenitos
continentais do Grupo da Lupata (Salman & Abdula 1995).

2. O Grupo da Lupata

Sequência vulcano-sedimentar, contém carbonatitos e rochas ígneas da Província Alcalina de


Chilwa, ocorrendo no Sul de Malawi e as regiões adjacentes de Moçambique, um grupo de
intrusões ígneas dominantemente alcalinas do Jurássico Superior a Cretácico Inferior. O
Grupo da Lupata está representado pela Formação (arenito conglomerático) de Monte
Mazambulo. Esta unidade é localmente conhecida como Formação do Rio M’Fidze e está
exposta ao longo de um polígono de direcção NNW-SSE com cerca de 20km de
comprimento, consistindo de arenito cor-de-rosa a esbranquiçado e arenito tufácio, com
granularidade variável, mostrando similaridades com os arenitos de Sena (GTK Consortium,
2006a).
10

3. Formação Maputo

Sequência de grés glauconíticos com camadas e nódulos calcários, indicando condições de


deposição costeira á de mar aberto, ambiente que é condicionado pelo desenvolvimento de
duas estruturas de rifte profundas, grosso modo paralelas e alinhadas N-S, ou seja, o Graben
de Mazenga (a Este) e o Graben de Funhalouro (a Oeste) (GTK Consortium, 2006a).

4. Formação Sena

É caracterizada por arenito arcósico, de granulometria média a groseira, seixos e


conglomerados. Os seixos são compostos de granito, gnaisse, quartzito e, às vezes, riolitos e
lavas alcalinas derivadas do embasamento cristalino, do Karoo vulcânico e do Grupo da
Lupata.
A parte inferior desta unidade compreende camadas de calcários impuros com restos de
fósseis de fauna e pedras calcárias de barro com fragmentos de escamas de peixe, artrópodes e
fósseis de flora. Cores acastanhadas dominam assim como tons vermelhos e amarelo e cinza.
A deposição acredita-se ter ocorrido uma inundação na planície aluvial seguida por deposição
num ambiente lacustre (Lucas & Afonso, 1965).
A Formação Sena reflecte as fácies continentais da subsidência da bacia na margem interior
da planície costeira e está presente ao longo de vastas áreas nas regiões centro-oeste e norte da
Bacia de Moçambique. Esta formação foi depositada durante a grande e prolongada
transgressão senoniana e é caracterizada pela ocorrência de arenitos arcósicos de grão médio a
grosseiro, localmente com calhaus e conglomerados arenosos maciços, alternando com
intervalos de siltitos (GTK Consortium, 2006a).

5. Formação Domo de Xisto Inferior

Amplamente distribuído no offshore da Bacia de Moçambique e são dominados por argilitos


marinhos (até 1500m de espessura), com bandas ocasionais de arenitos arcósicos (ECL,
2000). Esta formação do Cenomaniano assenta discordantemente nos sedimentos da
Formação Sena onde ocorrem argilitos escuros com lentículas de arenitos arcósicos. Uma
sucessão fina de rochas argilosas, com a presença de fauna marinha é uma clara indicação de
sua origem marinha. A espessura da formação dentro de campo de Pande é de 120m (Salman
& Abdula, 1995).
11

6. Formação Domo de Xisto Superior

Sequência de argilas densas com 600- 650m de espessura aumentando na parte central da
bacia para 1225m a Norte (Salman & Abdula, 1995). Estes depósitos são também conhecidos
na parte central da bacia onde estes estão em arenitos continentais e se tornam parte da
sequência da Formação Sena para o noroeste (Salman & Abdula, 1995).

7. Formação Domo de Areia

Trata-se de sedimentos de idade Albaniano- Cenoniano (Cretácico Inferior). A Formação


Domo de Areia está representada por arenitos quartzosos com intercalações de argilitos
escuros que recobrem os sedimentos da Formação Domo de Xisto Inferior. A formação tem
uma espessura de 95m na área de Pande-Temane (Salman & Abdula, 1995).

8. Formação de Grudja

A Formação de Grudja é marcada, na base, pela presença de uma camada com Alectryonia
ungulata, usada como horizonte de referência e associada a uma descontinuidade
estratigráfica de idade senoniana. A Formação é caracterizada, em geral, pela ocorrência de
calcarenitos, por vezes glauconiticos e ricos em fósseis, siltitos e margas, intercalados entre
níveis de calcários, minoritários (Tab. 1). A presença de uma descontinuidade datada do
Paleoceno inferior possibilita a divisão da formação de Grudja em dois membros (superior e
inferior, GTK Consortium, 2006). Estes depósitos representam o preenchimento da bacia,
desde o Cretácico superior até ao recente; a sedimentação iniciada com sedimentos
essencialmente siliciclásticos foi substituída por depósitos de natureza carbonatada,
coincidindo com o início do Terciário e representados pela Formação de Cheringoma.

I. Formação do Grudja Inferior

Estende-se desde a região central e sul da Bacia de Moçambique. É caracterizada por


depósitos marinhos pouco profundos pertencentes ao Senoniano-Maestrichitiano, onde
prevalecem areias, siltes, argilas e calcário, e correspondentes a uma fase de estabilização da
bacia. A Norte da bacia, os depósitos desenvolvem-se ao longo da depressão ocidental do
Delta do Zambeze. Os depósitos carbonatados com características marinhas estão presentes na
zona ocidental da Bacia em resposta às flutuações do nível do mar.
12

Durante a elevação verificada no Eoceno Inferior, a Formação do Grudja Inferior foi erodida
em alguns locais, coincidindo com as zonas mais elevadas que limitam os grabens. No graben
de Mazenga, a formação atinge a espessura máxima de todo o bloco (661 m).
II. Formação Grudja Superior:
É caracterizada por intercalações de arenitos siltosos e arenitos margosos, calcários siltosos e
areias. A espessura total da formação é de cerca de 300- 400m. Os sedimentos são da Idade
precoce do Paleoceno-Eoceno. A Formação do Grudja Superior representa a sequência basal
das transgressões marinhas do Terciário (Salman et al.,s/d).
9. Formação de Cheringoma
A Formação de Cheringoma é caracterizada por arenitos e calcários com fósseis, depositados
durante uma regressão marinha ocorrida no Eocénico. As fácies deposicionais desta formação,
rica em fósseis, correspondem a fácies marinhos rasos de alta energia na zona fótica,
incluindo águas marinhas oxigenadas e tropicais.
As fácies desta formação medem 50m de espessura e representam um ambiente aberto infra-
litoral, com águas claras, livres de finas partículas clásticas e de clima quente.
10. Complexo deltaico do Zambeze
Este complexo apresenta sedimentos recentes com uma espessura total de 4000m. A secção
compreende uma intercalação de conglomerados, arenitos e xistos, com as camadas e
inúmeras interfácies de hiatos e antigos canhões de erosão.
11. Formação Inharrime
Compreende uma sequência de dolomitos vermelhos, argilas vermelhas, e arenitos com
bandas individuais de anidrite. A espessura desta formação é de 100-350m, cujos sedimentos
foram depositados num ambiente lagunar restrito (Salman et al., s/d).
12. Formação Temane
Consiste em anidrites intercaladas em rochas sedimentares com argilas e arenitos vermelhos
que foram formados na parte central de uma lagoa salobra. As anidrites de Temane ocupam a
parte central da bacia e são similares em idade às camadas de Inharrime. A espessura da
formação é de 110m (Salman et al., s/d).
13. Formação Jofane

Ocorre principalmente como um carbonato de fácies de calcários marinhos, calcarenitos e


calcários arenosos. Estes são distribuídos praticamente em todos os lugares dentro da planície
costeira e atinge uma espessura até 400m (Salman et al., s/d).
13

Figura 2: Estratigrafia geral da Bacia de Moçambique (ECL, 2000)


14

2.4. Bacia sedimentar do Rovuma

A Bacia do Rovuma localiza-se no Norte de Moçambique ocupando mais de 29 500 km 2


desde a zona costeira continental à marítima.
Os sedimentos nesta Bacia depositaram-se entre o período Jurássico e o Quaternário.
As sequências dos pós-Karoo na Bacia do Rovuma ocorrem em forma de sedimentos
marinhos do Jurássico Superior, Cretácico e Terciário, cuja deposição está associada a
formação da margem continental Este-Africano.
As bacias do Rovuma ocorrem em duas zonas distintas, ambas ao longo da bordadura do
Pré-câmbrico com as rochas Fanerozóicas da província administrativa de Cabo Delgado.
A zona norte contém uma série de pequenas manchas separadas entre si, constituídas
por grés e conglomerados silicificados. A zona sul aparece numa mancha orientada N-S,
constituída por grés e conglomerados.
A Bacia do Rovuma é de origem tectónica, a actividade tectónica, em especial as falhas
e outras deslocações ao longo do tempo geológico, criaram rupturas na continuidade das
formações de diversas idades. As falhas são normalmente orientadas de norte para sul,
quase que em paralelo à costa.
Estas são essencialmente falhas normais que descem em direcção a leste, sendo, sendo
interpretadas como falhas lístricas de crescimento através de sedimentos do Terciário.

2.4.1. Estratigrafia da Bacia do Rovuma

A sequência estratigráfica da Bacia do Rovuma é composta por diferentes unidades


geológicas, e essas unidades são divididas em várias formações geológicas, cada uma
com características específicas (ver figura 3 abaixo).
15

Figura 3: Estratigrafia da Bacia de Rovuma. Fonte: (ECL, 2000)


16

2.5. Bacia sedimentar de Maniamba (ou Graben de Maniamba)

O Graben de Maniamba apresenta uma estrutura de um graben completo delimitado por falhas
que separam os terrenos precâmbricos dos sedimentos do Karoo. Para além de falhas
limítrofes, existem no interior da bacia falhas paralelas ao eixo principal do graben e outras
normais ao referido eixo. Trata-se de falhas normais e subverticais, o que sugere que a
formação desta bacia se deveu a um regime de forças distensivas (Afonso, 1986).

A concordância do alongamento da bacia na direcção NE-SW com a direcção dos


alinhamentos, na mesma direcção do Cinturão de Moçambique, leva a supor que a bacia do
Karoo se instalou num rifte embrionário pré-Karoo devido ao reajustamento de estruturas
precâmbricas. Esta bacia embrionária, à medida que se foi enchendo de sedimentos, foi
progressivamente afundando-se (Afonso, 1986). Nesta bacia, as formações sedimentares
distribuem-se desde o Pérmico Inferior ao Jurássico Inferior, e na sua parte sul encontram-se
camadas de carvão.

2.6. Bacia Sedimentar do Médio Zambeze

A Bacia Sedimentar do Médio Zambeze está localizada na região central de Moçambique,


seguindo aproximadamente o curso do rio Zambeze. Estende-se pelo centro do país,
abrangendo principalmente as províncias de Sofala, Manica, Tete e parte da província da
Zambézia.
Esta bacia cobre uma área geográfica muito grande, com um comprimento de mais de 500
km, e por isso a sua geologia não pode ser facilmente resumida.
As formações do SGK foram depositadas em bacias tectónicas ao longo do Rio Zambeze,
sendo a sua orientação E-W desde o Zumbo (entrada do rio em Moçambique) até Cahora
Bassa, e de NW-SE a jusante de Cahora Bassa. Estas duas orientações correspondem ao
Cinturão Móvel do Zambeze, localizado entre os Cratões do Zimbabwe e do Congo. Assim,
pode falar-se nas Bacias Ocidentais e Orientais do Karoo em Tete.
As bacias são limitada por falhas de bordadura e são paralelas às direcções principais do
Cinturão Móvel do Zimbabwe. Estas falhas, e outras que se encontram no interior das bacias,
são muitas vezes preenchidas por diques doleríticos intruídos na fase final do SGK. As bacias
da parte ocidental têm uma estrutura de semi-graben, com as falhas de bordadura a norte, ao
passo que as da zona oriental possuem mais estrutura de graben.
17

As falhas de bordadura e as formações ígneas (que se referem adiante) estão ligadas ao rifte
do Jurássico Inferior que originou as primeiras subsidências, permitindo a preservação das
formações do SGK nos grabens (Afonso, 1976).
A bacia do Médio Zambeze assenta sobre várias rochas do Meso- e Neoproterozóico.
A bacia ocidental está englobada na Bacia de Chicôa-Mecúcoè , ao passo que a oriental pode
ser dividida nas Bacias de Sanângoè-Mefidézi e Moatize-Minjova, esta com as extensões de
N’Condédzi para NW e de Mutarara para SE.
As formações sedimentares desta bacia apresenta idades que vão do Carbonífero Superior ao
Triássico Inferior (na zona de Moatize-Minjova) e ao Jurássico Inferior (nas zonas de Chicôa-
Mecúcoè e Sanângoè-Mefidézi) (Paulino, 2009).
Estas bacias são todas caracterizadas pela ocorrência de grandes depósitos de carvão.
As bacias do Médio Zambeze são ainda caracterizadas pela ocorrência de extensa actividade
ígnea.

2.7. Bacia Sedimentar do Baixo Zambeze


2.7.1. Localização Geográfica

A Bacia do Baixo Zambeze é uma bacia sedimentar localizada no sudeste da África,


abrangendo partes de Moçambique, Zimbábue e Malawi.

2.7.2. Estratigrafia da Bacia do Baixo Zambeze


A estratigrafia da Bacia do Baixo Zambeze pode ser dividida em várias unidades
principais, que representam diferentes períodos geológicos. Aqui estão algumas das
principais unidades estratigráficas encontradas na bacia:

1. Formação de Karoo
Esta é a unidade estratigráfica mais antiga da Bacia do Baixo Zambeze e consiste em
uma espessa sequência de rochas sedimentares do período Permiano. A Formação de
Karoo é composta principalmente por arenitos, folhelhos e carvão, e registra a deposição
de sedimentos em um ambiente de planície de inundação.
2. Formação de Batoka
Esta unidade é composta por uma sequência de rochas sedimentares depositadas durante
o Triássico Superior. A Formação de Batoka é composta principalmente por arenitos,
folhelhos e conglomerados, e indica a presença de rios e deltas na região durante esse
período.
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3. Formação de Victoria
Essa unidade é composta por uma espessa sequência de rochas sedimentares que foram
depositadas durante o Jurássico Inferior. A Formação de Victoria é composta
principalmente por folhelhos, calcários e arenitos, e indica a presença de um ambiente
marinho raso durante esse período.
4. Grupo de Rhaetiano
Este grupo é composto por uma sequência de rochas sedimentares depositadas durante o
Jurássico Superior. O Grupo de Rhaetiano é composto por arenitos, folhelhos e
calcários, e indica a presença de um ambiente marinho raso durante esse período.
5. Grupo de Inhassoro
Esta é uma unidade estratigráfica mais recente, composta por rochas sedimentares
depositadas durante o Cretáceo. O Grupo de Inhassoro é composto principalmente por
arenitos, folhelhos e calcários, e registra a deposição de sedimentos em um ambiente
marinho raso.

2.8. Bacia Sedimentar de Niassa


2.8.1. Localização Geográfica

A Bacia Sedimentar de Niassa é uma bacia localizada no norte de Moçambique,


abrangendo uma extensa área na região do lago Niassa (ou lago Malawi).

2.8.2. Estratigrafia
A estratigrafia dessa bacia é caracterizada por uma sequência de rochas sedimentares
que registram a evolução geológica da região ao longo de milhões de anos.
A estratigrafia da Bacia Sedimentar de Niassa pode ser dividida em várias unidades
principais, representando diferentes períodos geológicos. Aqui estão algumas das
principais unidades estratigráficas encontradas na bacia:

1. Grupo de Songwe
Essa é a unidade mais antiga da bacia e consiste em uma sequência de rochas
sedimentares depositadas durante o Neoproterozoico. O Grupo de Songwe é composto
por formações como a Formação de Inselberg, Formação de Bandawe e Formação de
Nthiwa, que são principalmente compostas por conglomerados, arenitos, folhelhos e
siltitos. Essas formações registram a deposição em ambientes fluviais, deltaicos e
lacustres.
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2. Grupo de Karoo
Essa unidade é composta por uma sequência de rochas sedimentares depositadas durante
o Permiano e Triássico. O Grupo de Karoo é subdividido em várias formações, como a
Formação de Luangwa, Formação de Madiba e Formação de Luwegu. Essas formações
são compostas principalmente por arenitos, folhelhos e siltitos, e indicam a deposição
em ambientes fluviais, lacustres e deltaicos.
3. Grupo de Ruhuhu
Esta é uma unidade estratigráfica mais recente, que ocorre principalmente no sul da
Bacia de Niassa. O Grupo de Ruhuhu é composto por uma sequência de rochas
sedimentares depositadas durante o Jurássico e Cretáceo. Ele inclui formações como a
Formação de Songwe, Formação de Manda e Formação de Chiweta. Essas formações
consistem em arenitos, folhelhos e calcários, representando ambientes marinhos rasos,
fluviais e lacustres.
4. Grupo de Malawi
Essa unidade está presente na região do lago Niassa e consiste em rochas sedimentares
depositadas durante o Cretáceo e Paleogeno. O Grupo de Malawi inclui formações como
a Formação de Chitimwe, Formação de Kapirichitatu e Formação de Kambwe. Essas
formações são compostas principalmente por arenitos, folhelhos e calcários, indicando a
deposição em ambientes fluviais, lacustres e deltaicos.
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2.9. Tabela Geocronológica das Principais Bacias Sedimentares de Moçambique

Tabela 1: geocronologia das bacias sedimentares (Adaptado pelos Autores, 2023)

Bacias Idade Unidades Caracterização


dos eventos
Maniamba Carbonífero Pré-fragmentação
superior – --------- do Gondwana
Triássico
Carbonífero Pré-fragmentação
Baixo Superior- ---------- do Gondwana
Zambeze Triássico

Médio Carbonífero Pré-fragmentação


Zambeze Superior- ---------- do Gondwana
Triássico
Rovuma Jurássico- Sin-fragmentação
Terciário --------- do Gondwana
Formação de camadas
vermelhas
Grupo Lupata
Formação Maputo
Formação Domo de
Xisto inferior
Formação Domo de
Moçambiqu Jurássico- Xisto Superior Sin-fragmentação do
e Terciário Formação Domo de Gondwana
areia
Formação
Grudja inferior
Formação
Grudja superior
Formação Inharrime
Formação Jofane
Formação de Temane
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Lago Niassa Mioceno- Relacionada com


Plioceno ---------------------- o Sistema de
Rifte-Este-
Africano

Nota: Esta tabela geocronológica foi feita levando em conta ou tomando como critério a
fragmentação do Gondwana. Portanto, esta tabela está sujeita a mudança quando o
critério for diferente.
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3. Conclusão

Moçambique é um país rico em recursos naturais e abriga várias bacias sedimentares de


importância geológica significativa. Portanto, ocorrem bacias sedimentares formadas
antes (pré), durante (sin) e pós- fragmentação do Gondwana.

As bacias de pré-fragmentação são intra-cratónica, inclui neste grupo os grabens do


médio, baixo Zambeze e Maniamba.

As bacias de sin-fragmentação são bacias de margem passiva, relacionadas com a


fragmentação do Gondwana e formação do Oceano Índico, inclui as bacias de
Moçambique e Rovuma.

As bacias de pós-fragmentação são relacionadas com o sistema de Rifte Este Africano,


inclui neste grupo a bacia do Lago Niassa.

As Bacias costeiras de Moçambique e do Rovuma constituem as principais Bacias


Sedimentares no país quer em termos de volume de sedimentos acumulados, assim
como ocorrências de hidrocarbonetos.
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4. Referências Bibliográficas

Afonso, R.S., 1978. A geologia de Moçambique: notícia explicativa da carta geológica de


Moçambique, 1:2 000 000, Serviço de Geologia e Minas, Moçambique, Imprensa Nacional de
Moçambique, 191p.

CONSORCIO GTK (2006). Notícia Explicativa; Volume I: Folhas 2434/2435. Geologia


das Folhas de Espungabera/Chibabava, Nova/Mambone, Massangena, Chidoco,
Save/Bazaruto, Chicualacuala, Machaila (2232), Chigubo, Mabote/Vilanculos, Rio
Singuédzi/Massingir, Rio Changana, Funhalouro/Inhambane, Chilembene, Chókwè,
Zavala/Inharrime, Maputo, Xai-xai/Zavala e Bela-vista, Moçambique. Direcção
Nacional de Geologia, Ministério dos Recursos Minerais, Maputo, Moçambique.
ECL (2000). The Petroleum Geology and Hydrocarbons Prospectivity of Mozambique.
Artigo Não publicado.
Paulino, F., Vasconcelos, L., Marques, J., 2010. Estratigrafia do Karoo em Moçambique.
Novas Unidades. In: Flores, D., Marques, M., (Eds.), Memórias nº14, XVI Semana de
Geoquímica/X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa, Porto, 1285-
1294.

Vasconcelos, L., Jamal, D., 2010. A Nova Geologia de Moçambique. In: Flores, D., Marques,
M., (Eds.), Memórias nº14, XVI Semana de Geoquímica/X Congresso de Geoquímica dos
Países de Língua Portuguesa, Porto, 53-66.

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