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Dércio José Albano Colaço

Pesquisa geológica de Grafite a partir de abertura de Trincheira: “Estudo de Caso do


Posto Administrativo de Intutupue, Distrito de Ancuabe, província de Cabo Delgado”
(Curso de Licenciatura em Geologia com Habilitação em Mineração)

Universidade Rovuma – Nampula


Campus de Napipine
2021
Dércio José Albano Colaço

Pesquisa geológica de Grafite a partir de abertura de Trincheira: “Estudo de Caso do


Posto Administrativo de Intutupue, Distrito de Ancuabe, província de Cabo Delgado”
(Curso de Licenciatura em Geologia com Habilitação em Mineração)

Projecto de Pesquisa a ser entregue no Departamento


de Ciências da Terra no Curso de Licenciatura em
Geologia com Habilitação em Mineração, na
Faculdade de Geociências da Universidade Rovuma,
para fins de apreciação com vista na elaboração da
Monografia Científica. Sob orientado pelo:

Supervisor: dr. Reinaldo António Domingos

Universidade Rovuma – Nampula


Campus de Napipine
2021
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................3
2. OBJECTIVOS DA PESQUISA..........................................................................................4
2.1. Objetivo geral..............................................................................................................4
2.2. Objectivos específicos.................................................................................................4
3. JUSTIFICATIVA...............................................................................................................5
4. PROBLEMA/PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................5
5. HIPÓTESE..........................................................................................................................5
6. METODOLOGIA...............................................................................................................6
6.1. Trabalho de Gabinete..................................................................................................6
6.2. Trabalho de Campo.....................................................................................................6
6.3. Processamento, Análise e Interpretação......................................................................6
6.4. Compilação do Relatório.............................................................................................6
7. Revisão Bibliográfica.........................................................................................................6
7.1. Localização Geográfica da área do estudo..................................................................6
7.2. Topografia e Geomorfologia.......................................................................................7
7.3. Hidrografia..................................................................................................................8
8. Enquadramento Geológico.................................................................................................9
8.1. Geologia Regional e Local..........................................................................................9
9. Definições.........................................................................................................................12
9.1. Pesquisa e Prospecção Mineral.................................................................................12
9.2. Ambiente Geológico De Formação Do Grafite.........................................................12
9.3. Mineralizações de Grafite..........................................................................................13
10. Trincheiras De Pesquisa................................................................................................14
10.1. Planejamento de abertura das Trincheiras.............................................................14
10.2. Mapeamento Geológico.........................................................................................16
10.3. Coleta das Amostras..............................................................................................18
10.4. Amostragem de canal.............................................................................................18
10.5. Amostragem de fragmentos...................................................................................19
10.6. Redução das amostras............................................................................................19
11. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES........................................................................20
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................21
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1. INTRODUÇÃO
O primeiro uso do mineral grafita grafite está perdido na mística do tempo. O homem
primitivo usava grafita grafite para desenhar nas paredes das cavernas e os egípcios para
decorar objetos cerâmicos. De um modo geral, o potencial de grafite na província de Cabo
Delgado foi relatado pela primeira vez nos anos 70 e mais tarde, nos anos 80 pela equipe de
pesquisa da Bulgargeomin, que descobriu vários depósitos e afloramentos na extremidade
oriental do Cinturão de Lúrio, próximo do limite entre as rochas pré-cambrianas e sedimentos
costeiros.

A Bulgargeomin, descreveu e fez a avaliação de vários afloramentos e depósitos de grafite,


tendo concluído que estas possuem uma das mais promissoras reservas de grafite da África
Austral. Alguns dos principais depósitos descritos por BULGARGEOMIN (1983) fazem
parte das licenças de GK, nomeadamente Taquinha, Milevile, Megaruma, Muerrota e
Nipacué. Estima-se que estes cinco depósitos perfazem juntos 21.11 milhões de toneladas de
grafite massivo e em flocos (reservas indicativas com base no mapeamento geológico,
abertura de trincheiras e poços) (GMSC, 2010). O distrito de Ancuabe em particular conta
com uma mina localizada nos Povoado de Natócua e Muaguide a sul do rio Muaguide que
fora explorada na década 90 pela empresa Kenmare, e presentemente encontra-se em
reabilitação, estimando-se um tempo de vida útil da mina de 10 anos.
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2. OBJECTIVOS DA PESQUISA
2.1. Objetivo geral

 Avaliar a ocorrência de grafite a partir de aberturas de trincheiras no Posto


Administrativo de Intutupue, Distrito de Ancuabe, Província de Cabo Delgado.
2.2. Objectivos específicos

 Efetuar um mapeamento geológico superfial da área de estudo;

 Efetuar aberturas deAbrir 4 Trincheiras (TR21 01,02,03) para a realização do estudo;

 Efetuar medições do nível topográfico das trincheiras;

 Efetuar a dDescreiçãover das mineralógica e izações de grafite nas paredes da trincheira e


a sua base (chão) assim como medições de estruturasestruturalmente o grafite de
Ancuabe;
 Efetuar amostragem das trincheiras;

 Realizar uma Interpretação geológica da trincheira de modo a ilustrar as extremidades dos


limites dos grafites nas trincheirasInferir a delimitação do corpo de minério e suas
características transicionais.
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3. JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa justifica-se pelo facto do autor ter estagiado na Gk GK Ancuabe
Graphite Mine, SaSA, onde os trabalhos de Geologia no campo foram realizados no posto
administrativo de intutupue Intutupue no âmbito de actividades de prospecção e pesquisa de
grafite, pois a empresa é titular da Licença nº 3915L, para tal, e de acordo com o respetivo
título a sua duração é de 5 anos podendo ser renovado por mais 3 anos de acordo com o
regulamento. dai que houve um interesse da minha parte de poder abordar sobre este tema,
para compreender o que estará por de trás das mineralizações de grafite nas trincheiras assim
como a mudança das estruturas que este deposito apresenta, visto que a geologia de
moçambique ainda não foi estudada no seu todo, a carece de estudos que documentão as suas
ocorrências minerais.

4. PROBLEMA/PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA
Durante as actividades de prospecção e pesquisa na licença 3915L, foram realizadas diversas
actividades, começando pelo reconhecimento preliminar da área, mapeamento superficial e
abertas de 09 trincheiras como forma de se selecionar as áreas mais promissoras no que
concerne a qualidade do depósito de grafite existentes na licença, mas durante o ano corrente
foram abertas novas trincheiras com vista a delimitar as áreas de mineralização do grafite.
Assim, coloca-se a seguinte questão para realização da pesquisa proposta:
 Até que ponto a abertura destas novas trincheiras TR21 (1,2, e 3)
podem pode nos dizer, quais são as extremidades em que o grafite
começa e terminaajudar a delimitar a mineralização do grafite?

5. HIPÓTESE
 Acredita-se que o deposito de grafite deve começar na TR21 01 e terminar na TR21
02;
 Acredita-se que o deposito de grafite deve começar antes da TR21 01 e termina depôs
da TR21 02.

6. METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho, estará dividida em 4 Etapas:
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6.1. Trabalho de Gabinete

Esta etapa consistira basicamente na análise de documentos, cartas geológicas, mapas


topográficos, entre outros documentos que de algum modo vão fornecer informações sobre a
geologia e hidrogeologia da área em estudo.

6.2. Trabalho de Campo

Esta etapa ira consistir na deslocação da área de estudo para realizar o mapeamento geológico
superficial, Pesquisa Geológicas, aberturas de trincheiras, identificação do perfil topográfico
das trincheiras, medições de estruturas (Dip, Dip valor e Strik), descrições das
mineralizações de grafite e outros minerais na parede das trincheiras e na base da trincheira
(chão) e colheita de amostras.

6.3. Processamento, Análise e Interpretação

Esta etapa irá consistir na análise e interpretação dos dados da amostragem processados no
laboratoriais e interpretados através de sistemas informáticos Excel, Q giz e Auto CAD.

6.4. Compilação do Relatório

Etapa final da pesquisa, consistira na elaboração do relatório final da pesquisa onde estará
patente todas as informacoes das actividades realizadas no campo durante a pesquisa
geológica de grafite a partir de aberturas de trincheiras na área de estudo.

7. Revisão Bibliográfica
7.1. Localização Geográfica da área do estudo

A licença de prospecção e pesquisa em aprecio possui uma área de 24 000 hectares, localiza-
se no posto administrativo de intutupue, Distrito de Ancuabe na província de Cabo Delgado
(Veja a Error: Reference source not found). O distrito de Ancuabe está localizado na parte sul
da Província de Cabo Delgado, a cerca de 100 km da Cidade de Pemba. A Norte limita-se
com o distrito de Meluco, a Sul com o distrito de Chiúre, a Este com os distritos de Pemba,
Metuge e Quissanga e a Oeste com o distrito de Montepuez. O acesso à área da licença pode
ser feito através de Posto Administrativo de Intutúpue deixando a estrada nacional (EN) 106
sentido Pemba- Metoro, acedendo a estrada de terra batida do lado esquerdo num percurso de
aproximadamente 1 000 metros. Pode-se ter acesso a área do projeto de Intutúpue através de
uma antiga estrada portuguesa de terra batida (a 11 km).O tempo de condução é de
aproximadamente 45 à 55 minutos devido a más condições da estrada
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Fig. 1: Mapa de localização ilustrando a área do Projecto de Grafite de Intutupue na LPP 3915L situada na
Província de Cabo Delgado no norte de Moçambique. O mapa apresenta, também, outras Licenças a favor da
GK.
Fonte: Gk_Ancuabe Graphite Mine SA

7.2. Topografia e Geomorfologia

Uma parte considerável do interior do distrito de Ancuabe é de altitudes compreendidas entre


os 200 e 500 metros, de relevo ondulado, interrompido por vezes pelas formações rochosas
dos “Inselbergs”(MAE, 2014; Fig. 2).Fisiograficamente a área é constituída por duas
planícies internas baixas que, gradualmente passa para um relevo, mas dissecado com
encostas mais declivosas intermédias da zona subplanáltica de transição para zona litoral
(MAE, 2014).

Na maior parte predomina uma declividade ondulada (0 a 10%). Registando-se também


formas isoladas, uma declividade de quase ondulado (0 a 2%), colinoso (0 a 35%) numa
grande extensão do distrito (declive superior a 35%). Maior parte do território situa-se na cota
de 200 a 300 metros de altitude e pequenas áreas experimentam altitudes que variam de 0 a
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100 e 300 a 500 metros, a leste e oeste, podendo se destacar o monte Yocola e Saka a Norte
do rio Megaruma.

Fig. 2: Mapa topográfico ilustrando a Localização, acesso e a topografia na área da LPP 3915L.
Fonte: Gk_Ancuabe Graphite Mine SA

7.3. Hidrografia

Segundo (MAE, 2014) o distrito é atravessado por vários cursos de água, quase todos eles de
regime periódico. Os principais rios são: Muaguide, Montepuez e Megaruma. O distrito
apresenta 11 (onze) rios secundários, dentre ele, o rio Unculo, Uanapula, Namutua, Nipupo,
Niquerecuere, Necapa, Miticué, Mecorre, Colué, Chiba e Upulo. Contudo a área da LPP
3915L é atravessada pelo rio Uanapula que desagua no rio Megaruma, também é possível
observar vários riachos todos de regime período.
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Fig. 3: Mapa hidrogeológico do Distrito de Ancuabe.


Fonte: Gk_Ancuabe Graphite Mine SA

8. Enquadramento Geológico
8.1. Geologia Regional e Local

A área de estudo (coberta pela licença 3915L) está localizada a NE de Moçambique, ao longo
do Cinturão de Moçambique (HOLMES, 1951). Esta área enquadra-se no terreno do
Gondwana Este, constituindo parte dos três terrenos que compõem o Soco Cristalino
Moçambicano, sendo que os outros dois são denominados por terrenos de Gondwana Oeste e
Gondwana Sul (GTK CONSORCIO, 2006).

Os terrenos Gondwánicos colidiram entre si a aproximadamente 500 Ma durante a Orogenia


Pan Africana tendo resultado na formação de Cinturões móveis que envolvem Cratões
antigos culminando com o desaparecimento da Bacia de Moçambique e consequente
formação de uma crusta continental juvenil Neoproterozóica (STEN 1994).

De acordo com VIOLA et al. (2008), o NE de Moçambique, na qual se enquadra a área da


Licença, é constituído por cinco unidades megatectónicas com idades que variam desde o
Paleoproterozóico ao Neoproterozóico (Fig. 4). Fazem parte da área de estudo as mega
unidades 2 que engloba o Complexo de Nairoto e Meluco e a unidade 3 de onde faz parte o
Complexo de Lalamo, sendo todas de idade Neoproterozóico.

Do ponto de vista estrutural a área de estudo está inserida numa estrutura de caracter regional
(Cinturão de Moçambique) com orientação N-S com um retrabalhamento Pan - Africano que
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é caracterizado por um metamorfismo regional e intrusões graníticas e granodioríticas que se


pressupõem que estejam relacionadas com as mineralizações de grafite.No que concerne a
origem da grafite de uma maneira geral é metamórfica, embora que os enriquecimentos locais
estejam relacionados com actividades tectónicas (NORNCONSULT, 2007).

Fig. 4: Mapa geológico do Nordeste de Moçambique ilustrando a Geologia Regional e a sequência tectónico-
estratigráfica exibindo os principais domínios (Norconsult Consortium, 2007). O retângulo vermelho indica a
área de estudo.
Fonte: Norconsult Consortium, 2007
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Conforme mencionado anteriormente as rochas dominantes na área da licença pertencem aos


Complexos Mesoproterozoicos de Nairoto e Meluco e Neoproterozóicos de Lalamo.
Litologicamente, o Complexo de Nairoto é composto por P2NRgr (gnaisses graníticos a
tonalíticos, localmente migmatitos). O Complexo de Meluco é formado por P2MCgd
(gnaisses granodioríticos) P2Mcgr (gnaisses graníticos). E finalmente o Complexo de Lalamo
é composto por P3LMbg (gnaisses biotíticos localmente graníticos, interestratificado com
metarenito, quartzito e anfibolitos), P3Lma (mármores), P3Lmag (gnaisses anfibolitos -
metagabro), P3LMma (rochas ultramáficas) (NORCONSULT, 2007). As rochas
mineralizadas por gnaisse grafitoso fazem parte só no complexo de Nairoto que incluem
maioritariamente gnaisses granodioritico/granitico/tonalitico e gnaisses migmatíticos. (Fig.
5). Há já vários estudos que fazem referência a existência de metais estratégicos na área, tais
como Ouro, Cobre, Metais Básicos e Minerais Associados, BULGARGEOMIN (1983),
(AFONSO & MARQUES; 1998), LÄCHELT (2003).

Fig. 5: Mapa ilustrando a geologia local na área de estudo.


Fonte: Gk_Ancuabe Graphite Mine SA
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9. Definições
9.1. Pesquisa e Prospecção Mineral

A Pesquisa e Prospecção Mineral é um conjunto de conhecimentos, técnicas e ferramentas


utilizadas para a descoberta e estudo de Depósitos Minerais.
Geralmente, há sempre alguma confusão em relação aos termos prospecção e pesquisa,
havendo mesmo algum desfasamento entre a terminologia usada em Portugal e no Brasil e
porventura noutros Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Assim, em língua
portuguesa, prospecção pode ser considerado sinónimo de pesquisa. É esse o entendimento
no Brasil. Portanto, LEINZ & MENDES (1963), assumem o termo prospecção equivalente
aos ingleses prospecting e prospection; por outro lado, FEITOSA & FILHO (2000) ignoram o
termo prospecção e definem o termo Pesquisa como “o conjunto de operações ou estudos que
permitem a localização e a caracterização qual quer mineral em quantidade e qualidade
adequadas ao fim pretendido”. Estes últimos autores consideram, ainda, como equivalentes
de pesquisa os termos investigação e exploração. Resumindo, pode-se definir prospecção e
pesquisa: a prática de operações visando a descoberta dos recursos e a determinação das suas
características, até à revelação da existência de valor económico-social.
2.1.1. Grafite
É um mineral cinzento-escuro metálico e macio, constituído essencialmente por carbono, ou
seja, A grafita é um mineral preto lustroso que cristaliza no sistema hexagonal, com simetria
romboédrica).
9.2. Ambiente Geológico De Formação Do Grafite

A Grafite natural, é largamente distribuído na natureza em rochas ígneas, sedimentares,


metamórficas e em meteoritos de ferro-níquel. Encontra-se na forma laminada, agregada em
flocos e disseminado em rochas xistosas. O mineral ocorre também em veios e exibe uma
estrutura folhada. Os diferentes tipos de grafite podem ser encontrados em rochas
metamórficas como xisto, gnaisses e mármores. A classificação e qualidade de grafite pode
variar de acordo com o teor de carbono, tamanho das partículas e tipos de impurezas (Lobato,
2009). O grafite é uma das três formas alotrópicas do carbono, os outros dois são o diamante
(natural) e o fullereno (artificial) apud DOS SANTOS (2018). No que concerne o grau de
cristalinidade e da forma de ocorrência, que pode ser classificada em três formas distintas:
 Grafite amorfo (60-85% de C);
 Grafite em flocos cristalinos (“flake”) (80-97% de C);
 Grafite em veios cristalinos (“lump”) (> 90% de C).
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• Grafita em flocos - Como o próprio nome indica, tem a morfologia de flocos. Os


ambientes geológicos típicos incluem o contato ou metamorfismo regional em depósitos de
calcários ou argilas com material orgânico.
• Grafita em veio cristalino - è encontrada em veios cristalinos bem definidos ou
acumulada em pacotes ao longo dos contatos intrusivos entre pegmatitos e calcário. Exibe
uma morfologia acicular com cristais orientados perpendicularmente à rocha encaixante. As
impurezas incluem: quartzo, feldspato, pirita, piroxénio, apatita e calcita.
• Grafita amorfa - A grafita amorfa possui, caracteristicamente, uma aparência preta
terrosa e macia ao tato. Certos depósitos desta forma do mineral foram formados por
metamorfismo de contato, enquanto outros são, provavelmente, resultados da dinâmica
(regional)do metamorfismo. A grafita amorfa pode ser encontrada com teor de carbono que
varia entre 75 e 90%.
9.3. Mineralizações de Grafite

Segundo Pasteris (1999), existem dois tipos de mineralizações de grafite, denominadas como
depósitos singenéticos e depósitos epigenéticos. Os depósitos singenéticos recebem este
nome, pois são gerados juntamente com a formação da rocha hospedeira, durante o
metamorfismo. Enquanto que os depósitos epigenéticos são gerados após a formação das
rochas hospedeiras.
7.5.4.1. Depósitos Singenéticos
Os depósitos de grafite singenéticos resultam da transformação, in situ, da 5matéria orgânica
primária em grafite, através do metamorfismo regional e/ou metamorfismo de contato, cujo
processo é chamado de grafitização. A depender do grau metamórfico da rocha hospedeira,
são formadas nesse tipo de depósito o grafite do tipo flake e amorfa, cujo minério apresenta-
se estruturado como tabular, lenticular ou irregular. O grafite do tipo flake geralmente ocorre
em gnaisses de alto grau, quartzitos ou rochas de fácies granulito. Contudo, nesses depósitos
o grafite pode variar bastante com a quantidade de impurezas minerais, com variações de 80 a
97% de carbono (Gautneb & Tveten, 2000).
7.5.4.2. Depósitos Epigenéticos
Segundo Luque et al. (2013), os depósitos epigenéticos de grafite são resultados de fluidos
ricos em C-O-H, que se tornaram saturados e se cristalizaram na forma de grafite. A
saturação nos fluidos se dá por fontes de carbono proveniente do metamorfismo de fácies
granulito nos metassedimentos ricos em materiais orgânicos e, ou por reações de
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descarbonatação. O transporte dessas fontes de carbono ocorre principalmente por fluidos


ricos em CO2, que posteriormente se precipita como grafite por arrefecimento (queda de
temperatura), remoção de água através de reações de desidratação ou por redução de fluido
rico em CO2, quando passa por rochas com teores relativamente de baixo O2.

10. Trincheiras De Pesquisa


Trincheiras são valas retilíneas abertas com o objetivo de fazer as rochas aflorarem
artificialmente, ou seja, Trincheiras são valas ou furos, com pequena profundidade, as quais
servem para ver continuidade e sequência de camadas de um solo, servem para fazer um
afloramento artificial das rochas ou de alguma camada de solo. É de costume que não se
tenha trincheiras com profundidades superiores a três metros, devido a fatores de segurança
para amostragem. Entretanto, não se tem alguma profundidade máxima a ser utilizada pois
isso depende da litologia e da competência da rocha, ou solo a qual é escavada a trincheira.
As trincheiras podem ser abertas manualmente, com o uso de máquinas ou, até mesmo,
usando explosivos quando se tem uma material dureza mais elevada. As trincheiras podem
ser perpendiculares ou paralelas ao sentido da tendência geológica regional.

Fig 6. Trincheiras abertas manualmente (neto 2010).


Fonte: Manual de Investigações em superfície e subsuperfície
15

10.1. Planejamento de abertura das Trincheiras

Durante o planejamento da Trincheira tomam-se por base as informações até então


disponíveis de campo, como Mapa Geológico, Geofísica, Geoquímica, etc. e dos objetivos
que se pretende alcançar com a realização desses serviços.
O planejamento inclui a localização, consequentemente a orientação em relação ao “trend”
(paralelo ou perpendicular), a profundidade, o espaçamento entre os piquetes na trincheira, a
escala do levantamento, a distância entre as Estações (ver a seguir) e o que será mapeado
(piso ou parede). Uma etapa de campo para validar o planejamento deve ser realizada. As
trincheiras devem ser abertas com o monitoramento de sua direção, uma vez que devem ser
retilíneas. Esse monitoramento pode se dar visualmente, com GPS, com bússola, teodolito
(ou nível ou estação total) e mira, etc. Na abertura das trincheiras é muito importante o
posicionamento do material desmontado.
Este não pode ficar alojado de forma a propiciar o soterramento da vala. Portanto, verificar a
direção dos ventos, a inclinação do terreno, entre outros aspetos é muito importante para que
o retorno do material a vala não ocorra ou, pelo menos, seja dificultado até que os serviços de
pesquisa mineral estejam concluídos.
As trincheiras perpendiculares ao “trend” têm por objetivo (dentre outros) verificar relações
de contato, continuidade de uma sequência de rochas e relações estratigráficas. Aquelas
paralelas ao “trend” visam principalmente verificar a continuidade do corpo mineralizado.

Minério Rocha encaixante Trincheira


Fig 7. Trincheiras transversais encima (delimitar o corpo, composição) e Trincheiras longitudinais em baixo
(minério muito irregular) .
16

Fonte: Manual de Investigações em superfície e subsuperfície

7.6.2. Mapeamento Topográfico


Após a instalação dos piquetes e nivelamento, a trincheira está pronta para ser mapeada. A
topografia e a geologia podem ser feitas concomitantemente ou separadamente. Aqui
trataremos em separado por questão didática. Cada Caminhamento é composto por Estações
(vide Capítulo sobre Registro Gráfico de Depósitos Minerais). A equidistância das estações
foi definida previamente na fase de planejamento e depende da escala do levantamento.
Quanto maior o detalhe, menor a distância entre as estações.
Em alguns casos as Estações são planejadas de modo a coincidirem com os piquetes.
Portanto, cada piquete define uma estação. Os equipamentos básicos para o levantamento
topográfico são praticamente os mesmos do Nivelamento (exceto nível e prumo), quais
sejam: duas trenas, papel milimetrado, prancheta, escalímetro, lápis, borracha, entre os
essenciais. Uma trena é esticada unindo os dois piquetes consecutivos que definem o
caminhamento. Essa trena é chamada aqui de Linha Base (ou LB). O levantamento consiste,
basicamente, em medir a distância da LB aos limites perpendiculares ao comprimento da
trincheira.
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Fig 8. Levantamento topográfico planimétrico do piso de uma trincheira. Os pontos de 1 a 7 são piquetes
sequencialmente numerados, onde se instala uma trena Linha Base (LB).
Fonte: Manual de Noções de prospecção e pesquisa mineral

10.2. Mapeamento Geológico

A mesma sistemática utilizada para o levantamento topográfico deve ser utilizada para o
mapeamento geológico. Obviamente, ao invés de medir a distância entre a LB e os limites da
trincheira perpendicular ao seu comprimento, se medirá aqui os contatos geológicos e
estruturas geológicas.
As Estações devem ser pintadas e/ou ter inserido seu símbolo gráfico, conforme ilustra a
figura 9. Nessa figura, além da representação gráfica e colorida da litologia em cada Estação
(inclusive em uma Estação intermediária), apresentamos também uma descrição resumida das
litologias mapeadas. Em áreas de Geologia bem conhecidas as empresas de mineração
adotam siglas, geralmente iniciais da descrição da rocha. Pelo mesmo motivo de espaço,
apresentamos somente a descrição resumida dos quatro primeiros caminhamentos. Os demais
caminhamentos até o sexto seguem a mesma sistemática dos quatro primeiros.
Após o Mapeamento de cada Estação, passa-se à fase de interpretação do mapa, onde serão
traçados os contatos geológicos. Essa tarefa deve ser executada dentro da trincheira
observando-se os aspetos da geologia com o que está sendo interpretado, de modo que o
mapa geológico represente fielmente as relações de campo.

Figura 9 – Mapeamento Geológico da parede de uma Trincheira aberta em terreno plano e respectiva descrição
resumida em caderneta de campo.
Fonte: Manual de Noções de prospecção e pesquisa mineral
18

A B

C - Parede D- Piso( Chao)


Figura 10 – Estilo de Mapeamento de Trincheira conjunto PISO + PAREDE, utilizado quando a sequência a ser
mapeada tem inclinações medianas entre horizontalizadas e verticalizadas e quando se deseja ter uma
visualização tridimensional da geologia. Em alguns casos mapeia-se as duas paredes e mais o piso.
Fonte: Manual de Noções de prospecção e pesquisa mineral

10.3. Coleta das Amostras

O processo da coleta de amostras pode ser realizado de diversas maneiras: amostragem de


canal, amostragem de fragmentos, amostragem semindustrial, amostragem com sondas. A
seguir serão expostas e discutidas as amostragens de canal e fragmentos
10.4. Amostragem de canal

O processo consiste em abrir um canal na face exposta do minério, estes canais têm
profundidade e largura constantes, o material recolhido cai sobre uma lona que é colocada em
baixo do canal, quando o minério aflora nos poços, trincheiras e galerias, seus fragmentos
caem sobre a lona. Quando o minério não é homogêneo, abre-se canais tanto na parte pobre,
quanto na parte rica a ser estudada. Estas amostras podem ser misturadas posteriormente e
utilizadas como uma única amostra. Essa maneira de recolhimento é indicada, para que não
haja um favorecimento a partes onde o material seja rico. A maneira de como vai ser aberto
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este canal, vai depender sempre da orientação e da geometria do minério. Ele deve ser aberto
sempre da maneira que tenha maior contato com este minério. A distância destes canais vai
depender também da regularidade do minério.
Deve-se limpar a superfície do minério ou a faixa a ser amostrada antes da realização da
amostragem, para que possa ter um alívio nos contaminantes na amostra, como lamas, sais
solúveis, etc. Quando a limpeza é difícil pode utilizar escova de pelo duro e os fragmentos
que se soltarem podem ser removidos e descartados. Depois do processo, numeram-se as
amostras, fazem-se todas as anotações em termos de esquemas geológicos, particularidades
do minério e da mineração dos locais amostrados. Anota-se também a espessura, mergulho e
o comprimento do minério e do canal.

Figura 11 – Estilo de amostragem em canal daTrincheira.


Fonte: Manual de Noções de prospecção e pesquisa mineral

10.5. Amostragem de fragmentos

É a técnica que consiste em uma amostragem que se recolhe uma série de fragmentos que são
retirados das faces expostas do corpo de minério. Os fragmentos recolhidos devem ter o
mesmo peso. É recolhido em média 12 a 16 fragmentos por cada local amostrado. Quando se
tem depósitos muito irregulares recolhe maior número de fragmentos podendo chegar a 50
fragmentos em cada local amostrado. A distância entre postos de amostragem pode ser
definida do mesmo modo que na de canal. Também é aconselhável a lavagem do minério
antes da amostragem para evitar as mesmas complicações da amostragem de canal.
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10.6. Redução das amostras

Em qualquer método ou processo de amostragem, a quantidade em volume das amostras é


muito grande para laboratórios, então é preciso fazer sua redução. Entretanto, essa
diminuição deve ser feita de tal forma que o conteúdo de importância dessas amostras não
sofra alguma diminuição ou aumento em quantidade relativa. Admite-se erros por redução
somente da grandeza de gramas, o que dá uma grande importância a essa fase da
amostragem. De certa maneira, todas as amostras passam por uma britagem, ou uma redução
primária, a qual tende a deixar homogêneo o material da amostragem. Dependendo da
granulometria deste material, a britagem pode ser feita com moinhos. Após essa primeira
redução, o material é aferido granulometricamente com o auxílio de peneiras ou manuais ou
vibratória. Isso vai depender do tamanho das amostras. O material aferido e aprovado no teste
de granulometria passará por uma segunda redução seja ela feita por quarteamento, ou com o
auxílio de aparelhos aos quais chamamos de redutores. O quarteamento é quando se reúne a
amostra em um cone, que é subdividido em quatro partes iguais. Quando se tem pequena
quantidade de material é utilizado aparelhos aos quais denominamos redutores, podem ser
eles do tipo Jones, Splitter ou Kolomeichenko’s Splitter, eles promovem uma redução mais
correta.

Fig 12 - Quarteador do tipo Jones


(Fonte: SondaTerra.)
21

11. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES


Etap Act\Per Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
a (mês) 2021 2021 2021 2021 2021
Identificação
1a do Tema
Elaboração do
2a projecto
Trabalho de
3a Gabinete
Trabalho de
4a Campo
Processament
5a o, Análise e
Interpretação
dos Dados
Compilação
6a do Relatório
Entrega da
7a Monografia
22

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ARISTIDES BANDA, relatório anual para a licença de prospecção e pesquisa no 3915lP
grafite kropfmuehl de moçambique limitada: 01.01.2018 – 31.12.2018;
MANUAL PROSPECÇÃO GEOLÓGICA, Investigações em superfície e subsuperfície;
MÁRIO TAVARES de Oliveira Cavalcanti Neto e ALEXANDRE MAGNO Rocha da
Rocha; Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia e Mineração/:
Editora do IFRN-RN, 2010.,
LUIZ OTÁVIO BARBOSA DE OLIVEIRA, prospecção geoquímica de solos e rochas da
sequência supracrustal da serra de cláudio, mg, 2017

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