Você está na página 1de 59

1.

INTRODUÇÃO
A extracção de bens minerais resulta em uma quantidade expressiva de materiais de pouco ou
nenhum valor económico, como o minério futuro e o estéril. A remoção de estéril da área de
lavra e a sua deposição final representam apenas custos no desenvolvimento de uma mina
com implicações, não só de ordem económico, mas também, no que diz respeito à segurança e
ao meio ambiente.

O manuseamento de estéril de forma desordenada impõe diversos factores como: o aumento


do volume de material movimentado nas operações mineiras, a maior escassez de áreas
adequadas a deposição, a maior exigência dos órgãos fiscalizadores principalmente nos
aspectos ambientais, e o amplo leque de possibilidades para a utilização futura desses
depósitos. Desta forma é necessário um esforço maior de planeamento das actividades do
projecto de mineração, construção ou deposição ordenada, operação e reabilitação das
estruturas finais geradas pela movimentação dos estéreis, (Couzens,1985).

Na Mina Clean Tech Mining em Manica-Penhlonga o manuseio deste estéril é feito com base
nas máquinas seguintes: Tractor de esteira (bulldozer) e pá escavadeira. Este estéril é
depositado ou armazenado duma forma desordenada nas frentes ou laterais das cavas (pit),
sem considerar as condições de estabilidade dos taludes, segurança das cavas e progressão das
novas frentes de desmonte.

Neste trabalho, através de observação directa na deposição do material estéril nas laterais das
cavas, ruptura das paredes das cavas e poluição ao meio ambiente, é proposta uma solução
para o melhoramento do sistema de deposição do material estéril, com vista a minimizar os
acidentes de ruptura da cava (pit), perda de vidas humanas e equipamentos. E também haja
monitoramento na deposição do estéril e controlo no impacto negativo ao meio ambiente e o
não abandono das cavas exauridas cheias de águas subterrâneas.

Dentre os objectivos descrito neste trabalho, propõe-se a tornar uma empresa eficiente, segura
e produtiva como é definida na escolha do método de extracção e a sua técnica de deposição
do material estéril nesta empresa mineradora.

1
1.1. Formulação do Problema

Os estéreis são normalmente considerados materiais sem valor económico proveniente do


decapeamento do depósito mineral, sendo estocados sob forma de pilhas em entulho e
encostas nas proximidades da cava.

Os estéreis são descartados em pilha na condição natural, sua deposição se dá de forma


contínua durante toda etapa de extracção do minério.

Os impactos ambientais associados à deposição de estéril representam um passivo ambiental


na actividade de extração mineral considerando principalmente o volume de estéril gerado,
bem como as extensas áreas destinadas à sua estocagem.

Além disso, a ocorrência de grandes acidentes relacionada a estruturas de deposição de


estéril, exigem um controlo de segurança do sistema de deposição de estéril.

Na mina da Clean Tech Mining Lda, o estéril é removido nos trabalhos de lavra e é descartado
nos terrenos ao redor da cava (pit) formando pilha de maneira desordenadas, em condições
precárias de estabilidade, segurança, e o meio ambiente.

Este material depositado nas lateriais da cava (pit) em forma de uma pilha, criam ruptura das
paredes da cava, obstrui a progressão das novas frentes de desmonte e provoca o impacto
negativo ao meio ambiente.

Diante desta abordagem, surge a seguinte pergunta de pesquisa: Como melhorar o sistema de
deposição de material estéril na mina Clean Tech Mining Lda?

2
1.2. Justificativa

A actividade de exploracção do ouro aluvionar na Empresa Clean Tech Mining Lda, é feita
através de máquinas e equipamentos. O processo de remoção do solo vegetal e o capeamento
traz consigo a produção de uma quantidade variável de material estéril.

A remoção do material estéril nas frentes de lavra é feita por escavadeira de balde único com
capacidade de 2,3m3, esse material é depositado na superfície de forma desordenada nas
laterais ou atrás da cava, formando um entulho ou pilha de estéril, em condições precárias de
estabilidade e com uma altura de 18m, sem primeiro ter estudado a geotecnia do solo, o que
resulta em ruptura das cavas. Para além disso, o material estéril depositado na superfície de
forma desordenada, também obstrui a progressão das novas frentes de desmonte.

A acumulação e a remoção deste estéril, exigem gastos desnecessário de combustível,


acessório do equipamento, o tempo inefectivo e risco de acidentes. Tendo em conta que o
processo de deposição de estéril nos dias actuais, exige a observância de normas reguladoras
que respeitem o meio ambiente, pretende-se com este trabalho avaliar as condições de
movimentação e armazenamento do estéril.

Para garantir uma boa gestão do estéril é necessário a implementação de método de lavra por
tira (Strip Mining) que é a técnica ou forma adequada de deposição de estéril em cava, para a
exploração deste tipo de minério, que consiste em remover o estéril na frente de desmonte e
depositar na área adjacente ou já lavrada.

Essa situação justifica a escolha do tema ‘‘Melhoramento do sistema de deposição de estéril


na mina da empresa Clean Tech Mining,Lda”.

1.3. OBJECTIVOS

1.3. 1. Objectivo Geral

Avaliar o sistema de deposição de material estéril na cava, com vista a melhorar a


técnica de deposição do estéril da Mina Clean Tech Mining Lda

1.3.2. Objectivos Específico

 Identificar os problemas associados a deposição do material estéril de forma


desordenada na mina em estudo;

3
 Analisar o sistema de deposição do estéril nas laterais da cava, tomando em conta o
método em uso na empresa;
 Avaliar condições de estabilidade da cava durante o tempo em que o estéril é depositado
nas laterais;
 Propor uma técnica adequada de movimentação e deposição do estéril visando uma
operação de lavra ambientalmente sustentável.

1.4. Hipóteses

Diante da pergunta de pesquisa para este trabalho, pode-se identificar as seguintes hipóteses
básicas:

 A escolha da técnica de lavra adequada às condições do depósito mineral;

 Boa gestão e manuseamento correcto do estéril, respeitando os critérios ambientais de


sua deposição visando garantir uma mineração sustentável;

 O uso do sistema ou técnica de deposição do material estéril em cavas exauridas, esta,


que facilita a maior eficiência e minimiza o trabalho de reabilitação das áreas
degradadas e também a inexistência de águas sulfectados nas cavas abandonadas pela
empresa Clean Tech Mining Lda.

1.5. Características físico-geográficas da área de estudo

1.5.1. Localização Geográfica do Distrito de Manica

O distrito de Manica localiza-se na parte central da Província de Manica, com formato


alongado e estreito, limitado a Norte pelo distrito de Bárue, a Sul pelo distrito de
Sussundenga, a Este pelo distrito de Gondola e a Oeste, em toda a sua extensão pela
República de Zimbabwe (MAE, 2014).

A figura 2 ilustra a mapa da localização geográfica do distrito de Manica e a respectiva área


de estudo da empresa Clean Tech Mining lda.

4
Fig. 1 Mapa de Localização da área de estudo

Fonte: MAE, 2014

1.5.2. Localização Geográfica da Mina

De acordo com MAE,(2014), a Localidade de Penhalonga fica à 22 Km da cidade de Manica,


Província do mesmo nome, em direcção NW. A mina estende-se numa área de 3.661,83 ha
(3600 Km2), na Serra Penhalonga, no Distrito de Manica, Província de Manica. Esta encontra-
se ao longo da bordadura E da fronteira entre Moçambique e Zimbabwe, entre os paralelos
32o42´30´´, 32o47´30 E e 18o47´20´´, 18o50´00´´ S. A área concessionaria é constituida por 20
vértices conforme mostra a tabela 1, com detalhe das coordenadas de cada vértice no sistema
de coordenadas geográficas.

5
Tabela 1: Coordenadas da Concessão Mineira da área de estudo

Nº de Latitude Longitude Nº de Latitude Longitude


Vertices Vertices
1 18o 51’ 30” S 32o 45’ 45” E 11 18o 55’ 15” S 32o 44’ 45”
E
2 18o 51’ 30” S 32o 48’ 15” E 12 18o 55’ 15” S 32o 44’ 15”
E
3 18o 53’ 30” S 32o 48’ 15” E 13 18o 55’ 00” S 32o 44’ 15”
E
4 18o 53’ 30” S 32o 46’ 45” E 14 18o 55’ 00” S 32o 44’ 00”
E
5 18o 55’ 15” S 32o 46’ 45” E 15 18o 54’ 30’’S 32º 44’ 00’’
E
6 18o 55’ 15” S 32o 46’ 00” E 16 18º 54’ 30’’ S 32º 43’ 45’’
E
7 18o 55’ 30” S 32o 46’ 00” E 17 18º 53’ 45’’ S 32º 43’ 45’’
E
8 18o 55’ 30” S 32o 45’ 30” E 18 18º 53’ 45’’ S 32º 44’ 00’’
E
9 18o 55’ 45” S 32o 45’ 30” E 19 18º 53’ 00’’ S 32º 44’ 00’’
E
10 18o 55’ 45” S 32o 44’ 45” E 20 18º 53’ 00’’ S 32º 45’ 45’’
E
Fonte: Clean Tech Mining (2018)
A figura 2 ilustra o local onde está localizada a mina da Clean Tech e os respectivos pontos de
delimitação da área concessionária. E a ceta indica a zona em operação.

Mina Clean Tech


Mining, Lda

Fig. 2: Mina da Clean Tech Mining Lda e Mapa de localização da Concessão Mineira

Fonte: Clean Tech Mining (2018)

6
1.5.3. Relevo

Segundo Napido (2006), o relevo da região de Manica é formada basicamente por cadeias
montanhosas ocorrendo de Sul a Norte da província, numa faixa fronteiriça com o Zimbabwe
constituindo o denominado “Cratão de Zimbabwe”, que as suas cotas chegm a atingirem 1200
m. É nesta região que se situam as serras Vumba, Vengo, Mangota, Isitaca, Moriangane e
Penhalonga.

Geralmente, quando altitude for maior, maior é a precipitação anual e com o período chuvoso
longo. Os solos deste distrito, mostram uma estreita relação com a geologia e o clima da
região e são localmente modificados pela topografia e o regime hídrico. Em geral, os solos
são desenvolvidos sobre materiais do Soco do Pré-câmbrico, rochas ácidas como granito e
gnaisse e de fácil criação de erosão, (MAE, 2014).

1.5.4. Hidrografia

A região é percorrida pelo rio Revue, que conta como principal afluente na encosta da serra
Penhalonga do lado moçambicano os rios Munene, Chua e Mutambarico.
Existem numerosos cursos de água que escorrem da serra Penhalonga dentro da concessão
mineira alimentando os rios atrás citados junto aos aluviões existentes, possibilitando ainda a
existência de aquíferos bastante produtivos, o que confere a esta zona um verde na maior
parte do ano. (NAPIDO,2006).

Segundo Namuera, (2006), a rede de drenagem dominante na região de Manica é controlada


pelas estruturas do baseamento cristalino, formando vales ravinados quando contem xistos ou
cursos divagantes em planícies aluvionares. A área é relativamente húmida e há sempre uma
precipitação na época seca, constituída por uma chuva miúda designada por “Mubvumbi” na
língua local (Shona), tendo sido constatado no terreno. Este facto faz com que a rede
hidrográfica seja bem desenvolvida.

O rio Revué é a principal bacia hidrográfica da região de Manica, observa-se nela que é
alimentado pelos vários afluentes vindo das cadeias montanhosas do Greenston Belt.

1.5.5. Descrição da bacia hidrográfica do rio Revué

Sefane (2006), descrevendo o pensamento de (Dacach,1979), do ponto de vista conceitual,


bacia hidrográfica corresponde a uma unidade geomorfológica de base na terra, constituída

7
por planícies entre montanhas, formando um sistema físico capaz de recolher águas que por
esta convergem para um rio que corta.

A bacia hidrográfica do rio Revué ocupa uma área de total de 8350 km2, tem uma extensão de
cerca de 234 Km, onde é limitada no norte pela bacia hidrográfica do rio Pungue e a sul pela
bacia hidrográfica do rio Lucite.

O rio Revué nasce no povoado de Mangunda em Mucudo na localidade de Mharidza, junto da


fronteira com a Republica do Zimbabwe, a uma altitude cotada em 1750m, conferindo-lhe
características do rio de planalto.

Os principais afluentes do rio Revué, na área de Manica são: rio Chua, rio Chimedza, rio
Munene e o rio Mussambudzi, conforme ilustra a mapa hidrográfica, (SEFANE,2006).

A figura 3 ilustra afluentes do rio Revué e a área de estudo.

Fig.3 Mapa da Bacia Hidrográfica do rio Revué na região de Manica.

Fonte: SEFANE, 2006

1.5.6. Clima, Flora e Fauna

Na área de estudo predomina um clima tropical de altitude, caracterizdado por duas estações
do ano. Uma quente e húmida, que varia de 18 a 24 oC entre os meses de Outubro à Abril. A
precipitação neste período ultrapassa por vezes os 1000 mm por mês, com a máxima a ser
registada no mês de Fevereiro. A outra estação do ano é fria e seca, registando-se
temperaturas entre 8 a 16oC nos meses de Maio à Setembro, com o registo de fraca
precipitação pluviométrica. (NAPIDO,2006).

8
A área de Penhalonga é caracterizada por uma vegetação verde até as montanhas, parte dela
como intervenção humana, através do projecto de mineração e reflorestamento da empresa,
em Penhalonga, e, da empresa IFLOMA, cujo efeitos são claramente visíveis pelas inúmeras
plantações de eucaliptos e pinheiros, no sentido de reflorestar as áreas exploradas assim como
em défice, os quais em determinadas partes foram seriamente comprometidas, que, segundo
informações colhidas, é devido:

 Queimadas descontroladas produzidas por alguns caçadores locais;


 Pela empresa mineira Clean Tech Mining Lda, que usa o mesmo para a construção de
algumas infra-estruturas.
 Pela empresa IFLOMA, que usa os eucalíptos para fabrico de postes,
madeiras,e,pinheiro para extrair madeira para venda.
Regista-se uma fraca presença de animais bravios devido ao funcionamento da mina, e,
principalmente, as queimadas praticadas pelos caçadores locais (NAPIDO,2006).

1.5.7.Vias de Acesso e de Comunicação

O distrito de Manica é servido pelo corredor da Beira, Estrada Beira – Manica e pela via-
férrea ligando Beira à Republica de Zimbabwe, na fronteira de Machipanda e existe ainda
uma via terraplanada que liga a EN6 no distrito de Manica à localidade de Penhalonga.

A electricidade é fornecida pela empresa EDM (Electricidade de Moçambique), através de


uma linha de média tensão proveniente da vila de Manica. Existem também geradores
eléctricos na empresa que são usados em caso de falhas de fornecimento de energia da rede
pública.

O distrito de Manica possui actualmente rede rodoviária de 500Km de estradas classificadas e


379Km de estradas não classificadas, sob gestão da Administração Nacional de Estrada
(ANE).

As vias de acesso que ligam a cidade de Manica (sede do distrito) às diversas localidades são
boas, sendo constituídas por estradas de terra batida (SUMBURANE, 2004).

Dos serviços de telecomunicações existentes no país, até ao momento de abandono da área de


estudo, apenas funcionavam rede da movitel e nas elevações a rede vodacom , existente na
empresa, o mesmo que dá acesso a internet, que é seriamente afectada nos períodos com
muito nevoeiro (NAPIDO,2006).
9
1.5.8. Economia e Serviço

A relação de dependência económica aproximda de 1:1, isto é por cada 10 crianças ou anciões
existem 10 pessoas activas.
O distrito possui 95 escolas( dos quais 78 do ensino primrio nivel 1, 14 do nivel 2 e duas do
ensino secundario geral I e uma do ESG II).
Tem 17 unidades sanitarias, apesar de estar a evoluir a bom ritmo, é insuficinte, evidenciando
os seguintes índices de cobertura média:
Uma unidade sanitaria por cada 12 mil pessoas;
Uma cama por 1. 500 habitantes; e
Um profissional técnico para cada 2.700 residentes.
É notório a prática de garrimpo pelos exploradores artesanais locais em Penhalonga, explora-
se ouro aluvional para venda.
Existe também em Penhalonga actividades de caça artesanal, colheita de plantas medicinais e
lenha para consumo doméstico, (MAE, 2014).

A população de Penhalonga, sobretudo ao longo da serra Penhalonga, tem usado as argilas


bauxíticas de diversas cores na ornamentação das paredes e chão das suas casas de fabrico
precário.

Os solos aluvionares encontrados nos locais da serra são ricos para a prática da agricultura,
havendo actualmente grande produção de hortícolas, cereais e frutas típicas da época.
A população local tem uma técnica eficaz de construção de infra-estruturas de irrigação,
aproveitando a água que escorre de algumas nascentes na serra Penhalonga, com eficácia,
chegando até a desviar parte do curso de água para consumo doméstico à 500 m das suas
residências, em tubos convencionais, (MAE, 2014).

10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Planeamento de uma pilha de estéril

De acordo com Welsh, 1985 apud Aragão, 2008, O planeamento para uma pilha de estéril
consiste em uma série de estudos que são realizados nas seguintes fases: exploração, pré-
viabilidade, viabilidade e projeto preliminar.

A fase de exploração de uma mina contempla, entre outras actividades, a etapa em que as
informações necessárias para o planeamento de um depósito de estéril são coletadas. Na fase
de pré-viabilidade, são levantadas todas as informações a respeito dos possíveis locais para a
deposição do material, tais como, geologia, topografia, hidrologia, clima e vegetação e são
também, determinados os dados de quantidade, origem, tipo de material e os métodos para
deposição do estéril.

Aragão (2008), afirma que é necessário o conhecimento prévio dos possíveis locais para a
deposição de estéril e construção da pilha de estéril para verificar se esses são destinados a
parques ou constituem uma nascente de uma bacia hidrográfica. A identificação dessas áreas é
feita devido ao facto de que as mesmas necessitam da liberação de órgãos técnicos
competentes para serem ocupadas.

Deve ser considerada também os possíveis impactos ambientais causados pelo depósito de
estéril, dos quais pode-se citar o desmatamento, a modificação física e estética do meio
ambiente, a poluição das águas superficiais, a evasão forçada de animais existentes na área,
entre outros. Assim sendo, permite analisar o potencial de instabilidade, projeto e construção
e o tipo de monitoramento mais adequado.

Deste modo, realizar estudos e controlar a deposição de estéril pode significar uma medida
importante, evitando problemas técnicos e económicos no empreendimento mineiro como um
todo (COUZENS,1985).

Após as etapas anteriormente descritas, segue-se para a etapa de viabilidade, na qual são
realizados estudos acerca das condições do local e de sua exequibilidade, e são determinadas
também as características do material de fundação (como a resistência ao cisalhamento,
durabilidade, composição química, etc.), bem como as características dos materiais que irão
compor a pilha, para verificar o comportamento geotécnico dos mesmos sob empilhamento.

11
Para Drucker (1975), planear ou planificar é tomar decisões hoje, as quais terão influência no
curto e no longo prazo. Há necessidade de analisar a organização, determinando as condições
actuais e as desejadas no futuro.

O planeamento é um factor importante em toda actividade, com vista a atingir uma certa
finalidade actual ou futura. Seleccionar um local adequado para o depósito de material estéril,
deve ser um assunto prioritário, para desenvolver as suas actividades com segurança, e
estando isento de acidentes de rupturas das cavas.

Silva (2008), salienta que o planeamento deve ser estratégico e operacional para determinar o
melhor projecto da deposição de estéril, segundo uma estratégia previamente estabelecida na
redução dos riscos e o impacto ambiental.

Para Carvalho (2009), a deposição de estéril também pode ser realizada “in pit” ou dentro da
cava, sempre que o contexto operacional o permita, ou seja, quando o método em uso forneça
essas condições de lavra.
A deposição dentro da cava reduz o impacto das áreas degradadas, e diminui distâncias de
transporte e o tamanho da frota.

A Falta de planeamento estratégico e operacional para a deposição de material estéril nos


locais adequados na mina, resulta no acidente de ruptura ou desmoronamento das paredes na
frente de desmonte e a perda de vidas humanas, (EATON ET AL, 2005).

A figura 5 ilustra uma parede da cava a sofrer ruptura, por ter estéril ao seu redor.

12
Fig. 4 Ruptura ou desabamento duma parede da cava

Fonte: Eaton et al, (2005)

De acordo com Kennedy (1990) o objectivo do planeamento na deposição de estéril, é


projectar uma série de fases de deposição que minimizem a distância horizontal entre a mina
e a área de deposição. Como o manuseio de materiais representa o maior componente no
custo de lavra, depósitos bem planificados desempenham papel importante que pode afectar o
custo total da operação.

Os riscos de ruptura na área de circulação dos equipamentos e deposição são cada vez maior e
difícil de controlar, até chegar a criar danos materiais como mostra a figura 6.
Nela é possível observar aspectos relacionados a ruptura, por depositar o estéril em áreas não
planificadas.

13
A A

Fig. 5 A – rupturas na área de deposito de estéril

Fonte: Eaton et al, (2005)

A selecção de um local para a deposição ou construção de uma pilha de estéril envolve


algumas considerações de ordem económica, técnica e ambiental. Esses factores devem ser
primeiramente analisados e avaliados para melhor determinar o local, onde os objectivos
econômico e técnicos sejam maximizados e os impactos ambientais minimizados
(BOHNET,1985).

Conforme descrito em Eaton, et al (2005), nas fases de estudo de viabilidade e projecto


preliminar deve ser feita o estudo das características do material estéril quanto a resistência ao
cisalhamento, durabilidade, composição química e de outros materiais que vai compor a pilha.
O projeto preliminar é a última etapa do planeamento de um depósito de estéril, o qual deve
conter informações detalhadas dos planos preliminares, avaliação dos parâmetros ambientais,
os possíveis impactos e as medidas mitigatórias para minimizá-los (ARAGÃO, 2008).

Segundo as informações prestada pelos gestores e técnicos da Clean Tech Mining, dizem que
não fazem planos preliminares, convista a prever todas esses impactos e medidas mitigadoras,
como regem a lei ambiental e de minas, é por falta dos instrumentos de trabalho do pessoal
técnico profissional da área ambiental e de mina. Sendo assim encontram vários problemas no
acto da execução do projecto da deposição do estéril.

14
2.2. Local de Implantação de Depósitos de Estéril

Entre os critérios específicos mais importantes encontram-se os limites da área mineralizada,


que afecta o custo total da operação, a capacidade de armazenamento necessária, que vem
imposta pelo volume total de estéril adepositar, e as alterações potenciais que podem
produzir-se sobre o meio natural e as restrições ecológicas existentes na área onde o depósito
é realizado, BOHNET, 1985.

Por conseguinte, a selecção da área de implantação de uns depósitos obedece a um número de


objetivos, sendo a destacar os seguintes:

 Minimizar os custos de remoção;


 Obter a integração e restauração da estrutura, no final da lavra;
 Minimizar a área afectada;
 Evitar a alteração e impacto em locais e espécies protegidas.

2.3. Sistema de Deposição de Estéril na Mineração

Os estéreis constituem materiais de decapeamento da mina a céu aberto na fase de lavra, os


quais devem ser caracterizados, removidos, estocados comumente subforma de pilhas. As
rochas estéreis provenientes de explorações a céu aberto depositam-se, geralmente, em
montes que constituem os depósitos.

Santos et al, (2015) citando Silva, (2011) afirma que o sistema de deposição de estéreis deve
funcionar como uma estrutura projectada e implantada para acumular materiais, em carácter
temporário ou definitivo, dispostos de modo planificado e controlado em condições de
estabilidade geotécnica e protegido de acções erosivas, de modo a mitigar a geração de
resíduos e movimentos de massa.

De acordo com Eaton et al, (2005) citado por Petronilho, (2010), geralmente investigações
específicas para sistemas de deposição de estéreis não são realizadas durante a fase de
viabilidade da mina, mas informações básicas coletadas na fase de exploração, como
topografia, hidrologia, clima, etc podem ser avaliadas na fase de planeamento.

O mesmo autor afirma ainda que características básicas como o local para deposição,
distâncias de transporte, capacidade de armazenamento da área, condições de acesso,
geomorfologia da área (relevo, condição de fundação, declividades, etc), condições hídricas

15
locais, necessidade de desmatamento ou preparos prévios e impactos com áreas à jusante,
serão decisivas para a elaboração do projecto de uma pilha de estéril.

Freitas afirma também, que este processo é aparentemente mais económico, porém não atende
as condições mínimas de segurança, podendo causar escorregamento e erosão. Causando
danos ao meio ambiente que não são aceites pelas normas técnicas e padrões legais.

A deposição de estéril em uma mina e as operações de reabilitação compreendem uma série


de acções para a preparação da área, a deposição em si, e a reabilitação para uso futuro da
terra, as normas vigente do ambiente devem ser seguidas para cumprir as condições de
segurança, higiene, operação, economia e mitigação dos impactos no meio ambiente, de
acordo com padrões legais.

O sistema de deposição de estéril na mina da Clean Tech Mining Lda, deve ser planeado,
controlado e usando o método ou forma adequada de modo a não criarem os acidentes de
ruptura ou desmoronamento das paredes da cava, erosão, poluição das águas, e minimização
da área de deposição.

2.4. Métodos de deposição de Estéril

De acordo com Petronilho (2010) a deposição de estéril é comumente realizada em camadas


espessas, formando uma sucessão de plataformas de lançamento. A estabilidade do aterro
pode ser garantida por meio do controle da largura e do comprimento das plataformas e do
espaçamento vertical entre elas. Entre as plataformas são deixadas bermas para fins de acesso,
que actuam também como estrutura auxiliar na drenagem superficial e no controle de erosão e
de suavização do talude geral da pilha.

Com a crescente dificuldade de liberação, por parte dos órgãos ambientais, de novas áreas
para a deposição final dos resíduos de mineração, uma alternativa bastante viável seria
integrar estes sistemas de deposição em um mesmo depósito através da deposição de rejeitos e
estéril num mesmo espaço físico.

Quando a mistura de rejeito-estéril for realizada previamente ou efectivada no próprio


ambiente da deposição, tem-se o método definido por deposição compartilhada. Agora,
quando somente o material estéril for disposto no espaço físico dentro da cava exaurida ou em
operação, sem, contudo precisar misturá-lo com os rejeitos tem-se o método definido por
deposição em cava, (PEIXOTO, 2012).
16
O sistema ou método de deposição de estéril podem ser convencionais (ascendente ou
descendente), compartilhada e em cava.

2.4.1. Método ascendente

Este método é o mais indicado para construção de uma pilha de estéril, em virtude de
proporcionar maior segurança e estabilidade à mesma.
De acordo com Petronilho (2010), a deposição do estéril é realizada de jusante para montante,
isto é, de baixo (base) para cima. O estéril é basculado por camiões, gerando pilhas com altura
de 2,0 a 3,0 metros. Em seguida, o material das pilhas é nivelado com o auxílio de um trator
de esteira, formando camadas de 1,0 e 1,5 metros de espessura, as quais são compactadas pelo
próprio tráfego dos equipamentos, o que é suficiente para estabilizar a pilha.

A figura 7 ilustra o camião articulado a bascular o material estéril de forma ordenada e


formando uma pilha ascendente.

Fig.6 Deposição de estéril em pilhas por método ascendente

Fonte: Petronilho, 2010

2.4.2.Método descendente

Neste método, as pilhas são construídas sem nenhum controle geotécnico, ou o estéril é
simplesmente basculado a partir do ponto mais elevado da pilha e não é feita a sua
compactação e a preparação da base para a deposição do material.

A pilha construída por este método não apresenta um sistema de drenagem adequado e não
possui proteção superficial dos taludes contra a erosão, o que a torna uma estrutura bastante
instável e altamente susceptível a rupturas.

Segundo Carvalho (2009), apesar do método ser mais econômico, por reduzir a distância de
transporte, o mesmo não atende às condições mínimas de segurança. Devido a isto, este tipo
de depósito somente deve ser construído onde o terreno de fundação apresenta alta resistência
17
e o material a ser disposto é bastante granulado, pois se o estéril for constituído de grande
quantidade de finos, estes por estarem soltos, podem ser carregados para os cursos de água
situados próximos à pilha.

A figura 8 ilustra um camião a bascular o material estéril de forma descendente e desordenada


sem nenhuma compactação.

Fig.7 Deposição de estéril em pilhas por método descendente

Fonte: Carvalho, 2009

2.4.3. Deposição Compartilhada

Este método de deposição compartilhada refere-se ao rejeito e estéril, que geralmente se torna
opção desejável quando se tem disponível uma área única para deposição de resíduos como
cavas exauridas ou outras áreas mineradas. Quando existem outras áreas livres para a
deposição dos resíduos, torna-se mais económico a deposição dos mesmos em separado,
evitando-se a complexidade técnica e operacional (LEDUC, 2003).

A aplicação deste método de deposição compartilhada implica previamente a determinação


das propriedades geotécnicas dos materiais a serem misturados, particularmente em termos
resistência e drenabilidade. Outro aspecto fundamental a ser considerado é a
‘trabalhabilidade’ da mistura proposta para viabilizar a praticidade dos procedimentos
operacionais em campo.

Estudos específicos para a mistura dos materiais podem ser necessários na hipótese de
análises de percolação ou da estabilidade de estruturas compostas. Assim, por exemplo, no
caso de sistemas de co-deposição envolvendo estéril e rejeitos, a relação em peso da mistura
entre os dois resíduos (LEDUC, 2003).

Leduc (2003), aponta como vantagens e desvantagens deste método as seguintes:

18
Vantagens

 Redução de volume - melhoria das características geotécnicas pela mistura do estéril e


rejeitos;

 Melhoria das características de resistência e de deformabilidade quando os resíduos


misturados possuem granulometrias muito diferentes;

 Redução de comprometimento ambiental de áreas para deposição de resíduos;

 Recuperação de área minerada;

 Aproveitamento de áreas já utilizadas anteriormente para deposição de estéril lançado


sobre cavas exauridas.

Desvantagens

 Necessidade de maiores cuidados no projecto e de controlo durante a operação do


sistema;
 Possibilidade de comprometimento das características de resistência e de
deformabilidade quando resíduos muitos finos são misturados a resíduos grossos em
grandes proporções;
 Comprometimento ambiental quando um dos rejeitos for quimicamente activo ou
tóxico.

A deposição de estéril e rejeitos por meio do processo de mistura, realizada durante as actividades
de processamento, transporte ou no próprio depósito de estéril, constitui um método simples e
bastante flexível, permitindo o controlo durante o processo de mistura e homogeneização do
material. Sua desvantagem é a necessidade de equipamentos para terraplenagem, mistura e
transporte dos materiais, que elevam significativamente o custo de implantação e operação desta
técnica, restringindo o seu uso (LEDUC, 2003).

Este método, não precisa de equipamentos diferentes dos já comumente utilizados na


mineração, facto que simplifica sua execução, tornando-o, quando comparado a outras
técnicas citadas a seguir, o de menor custo operacional. Em contrapartida o depósito (pilha)
será construído de forma mais lenta, exigindo um planeamento eficiente de tal modo que as
proporções geradas não comprometam a estabilidade dos taludes das pilhas, minimizando
potenciais riscos de ruptura (LEDUC et al., 2003).

19
Assim, o método de mistura estéril-rejeito envolve algum tipo de deposição sem prévia
mistura.
A figura 9 ilustra a deposição de estéril e rejeito no mesmo espaço, quando há insuficiência de
locais para o depósito destes resíduos.

Fig. 8 Injecções de rejeito em furos verticais ou inclinados em depósitos de estéril

Fonte: Leduc et al. (2003)

2.4.4. Método em cava

De acordo com Ritchey (1989), esse método de deposição, dispõe o material estéril dentro de
uma cava exaurida de uma mina e dispensa a construção de diques e drenos de fundo. O seu
capeamento não é transportado para um bota-fora ou pilha de estéril, mas ser depositado
diretamente nas áreas adjacentes já lavradas. Assim, o manuseio de material consiste na
escavação e transporte, geralmente combinados em uma única operação e executados por um
único equipamento.

O facto de permitir depositar o material estéril em áreas previamente mineradas significa que
a operação de capeamento propriamente dita, fica concentrada em uma área restrita. Além
disso, a deposição de material estéril em seu destino final permite que seja feita a
recomposição do terreno imediatamente após a lavra, como o corte fica aberto por pouco
tempo, têm-se ângulos de taludes maiores (HARTMAN e MUTMANSKY, 2002).

Para Lage (2001), a deposição de estéril dentro da cava apresenta vantagens como:
estabilização das paredes da cava, controle de geração de drenagem ácida, redução na
lixiviação de metais pesados, prevenção de acidentes com barragens, e redução de custos com
manutenção da estrutura de contenção do resíduo, uma vez que a cava é mais estável do que
uma pilha. Para além disso, também é necessário estudar a geotecnia da cava e caracterização

20
geoquímica e hidrogeológica do resíduo, para ser analisado em conjunto a possibilidade deste
método de descarte.

Afirma também Kuyucak, (1999) que o uso de cavas exauridas para fins de deposição de
resíduos é uma prática bem aceita em diversos países do mundo, além da acomodação de
estéreis e rejeitos da mineração, refugos de outras actividades como resíduos de processos
industriais e lixos municipais.

A deposição de estéril em cava de mineração possibilita um ganho estético e uma melhor


reabilitação ambiental em termos de habitat potencial tanto para plantas como animais
aquáticos e terrestres, isto em relação aos métodos convencionalmente adoptados de acordo
com MEND (1997), citado por KUYUCAK (2001).

Vantagens do método de deposição de estéril em cava

 Aperfeiçoamento do processo de reabilitação de áreas degradadas na mina;

 Diminuição considerável da área degradada nos entornos da operação, com redução


significativa dos impactos ambientais na região;

 Possibilidade de deposição do estéril na mesma cava, reduzindo significativamente a


distância de transporte na mina e consequente aumento da produtividade.

 Redução da degradação de áreas virgens que eventualmente seriam necessárias para a


deposição de estéril;

 Redução de obras de infra-estrutura para a construção de barragens (diques) e valas


(drenos) de drenagem de novos depósitos de estéril;

 Eliminação de riscos de ruptura de taludes, já que parte do estéril será depositada de


forma confinada ou limitada dentro da cava exaurida.

 Redução de custos com estudos geotécnicos, hidrogeológicos, ambientais de áreas para os


novos depósitos de estéril.

Embora a utilização de cavas exauridas para depósitos de estéril seja uma prática comum em
alguns métodos de lavra, como por exemplo, a lavra em tiras conforme (Kennedy, 1990), o
método é adequado para qualquer sequenciamento de lavra e propicia exaustão ou
esgotamento de áreas estratégicas da mina para dispor estéril enquanto a lavra continua em
outras áreas.

21
2.5. Breve Historial da Mina

A Clean Tech Mining Lda, é uma empresa que produz ouro aluvionar em Penhalonga, distrito
de Manica, na Província do mesmo nome. A empresa começou a sua produção do ouro
primário em 1985 no modo subterrâneo com equipamentos de pequena escala e artesanais,
feito a parceria em 2013 com a Omnia Mining Lda uma empresa Libanesa, com vasta
experiência na área de mineração, passou a minerar o ouro aluvionar, em modo a céu aberto.

A empresa opera na mina de ouro na serra de Penhalonga em Manica-Moçambique,


actualmente é uma das empresas a nível nacional com maior escala de produção do mineral. E
ainda, está num processo avançado para a conclusão da segunda planta de processamento de
ouro aluvionar e planta de ouro primário.

Ouro é encontrado associado a minerais diversos, como o quartzo, a pirita etc. A forma de
ocorrência mais frequente é a metálica, geralmente em liga com a prata e ou metais do grupo
da platina.

O ouro é um metal com muitas características importantes como: ser nobres, é raro, maléavel,
dúctil, brilhante, conductor de calor e electricidade, dura, entre outros. E ainda o seu ponto de
fusão é 1064ºC e de ebulição é 2856ºC. O peso específico do ouro puro é 19,3g.cm3.

Comercialmente o ouro é mais procurado por varios paises por ser metal denso, dúctil, não-
corrosível, bom condutor de calor e eletricidade, e ainda reduz a resistência nos contactos
elétricos, o que o torna de grande utilidade na fabricação de peças susceptíveis a pequenas
correntes e que necessitam de alta confiabilidade, (DNPM,2009).

2.6. Enquadramento Geológico

2.6.1. Geologia Regional

Geologicamente a área de estudo enquadra-se nos terrenos do Gondwanaa Sul, concretamente


no Greenston Belt do grupo de Manica. O Greenstone Belt de Manica esta inserido no Cratão
do Zimbabwe, no sul pelo cinturão móvel do Limpopo, a norte pelo cinturão móvel do
Zambeze, a este pelo cinturão móvel de Moçambique e a oeste pelo cinturão móvel do
Irumide.

Segundo Sumburane (2004), em termos geológicos, os terrenos que compõem a África


Austral resultaram da acção sucessiva de várias orogenias que se fizeram sentir desde os

22
tempos Pré-câmbricos até ao Fanerozoico (orogenias arcaicas: 3600-2500 Ma (mil ano) ano,
grenvilliana: 1200-1000 Ma e pan-africana domina: 650-500 Ma). O continente africano pode
ser subdividido nos seguintes grandes domínios, com base na idade da deformação orogénica
mais tardia que os afectou. Durante a orogenia grenvilliana, os processos de acreção
continental culminaram na formação, há cerca de 1.0 Ga (giga ano), de um supercontinente
neoproterozóico conhecido por Rodinia.

Segundo Moores e Hoffman, (1991) citados por Sumburane, (2004), a fragmentação terá
ocorrido há aproximadamente 700 Ma e a subsequente amalgamação do continente
Gondwana estará associado à orogenia pan-africana (500 Ma).

A figura 4 ilustra a mapa da áfrica Austral com cinturões e cratões móveis na área de estudo.

Fig.9 Mapa simplificado da áfrica austral, mostrando a distribuição dos principais cratões e cinturões móveis

Fonte: Sumburane, 2004.

Cratão do Zimbabwe
O cratão do Zimbabwe localiza-se na África Austral onde ocupa uma área de
aproximadamente 2680 km2. É limitado por cinturões móveis com diferentes idades e foi
afectado, em diversos sectores, pela deformação associada a cada uma destas orogenias.

As rochas de idade arqueana na parte norte do cratão são atribuídas ao complexo metamórfico
de Mudzi, em conformidade com terrenos de gnaisses e migmatitos alóctones do Zimbabwe.
Mais para o sul, a margem do cratão de terreno granite –greenston, que inclui a parte oriental
do Greenstone Belt de Mutare-Odzi-Manica (CHAÚQUE, 2012).

23
As litologias desse cinturão de rochas verdes são atribuídas ao grupo de Manica, o qual foi
subdividido nas formações de Macequece e Vengo. Por outro lado, rochas granitoides félsicas
associadas ao cinturão de rochas verdes foram atribuídas ao complexo de Mavonde e por fim,
intrusões básicas do paleoproterozoico foram recentemente identificada por Mantari (2008) e
Sumburane (2001), citado por (CHAÚQUE, 2012).

Segundo Sumburane, (2004), citando o Blenkinsop, ( 1997), a litoestratigrafia dos cinturões


de rochas verdes foi revista por Campbell et al.(1992) e acabou por dar origem a um esquema
de classificação que envolve a distinção de quatro grandes unidades:

 Sebakwiano- constituídas por rochas vulcanicos ultramáficos, formações ferríferas,


anfibolitos, quartzitos e micaxistos.
 Bulawaiano Inferior- caracterizada por quartzitos, conglomerados, formações ferríferas
bandadas (BIF).
 Bulawaiano Superior – apresenta uma inconformidade sobre a qual assenta uma
sequência de sedimentos clásticos, segue-se uma sucessão de komatiitos e basaltos
toleíticos.
 Shamvaiano -Constituído por fragmentos de granitos.

2.7. Estratigrafia

O sistema de Manica é uma das formações do Mozambique belt e é caracterizado


litoestratigraficamente pelas unidades, das mais antigas para as mais novas: Formação de
Macequece e Formação de M´Beza Vengo, sendo todas envolvidas por rochas Granito-
Gnáissicas.

A Formação de Macequece é constituída por uma sequência alternada de rochas ígneas


metamorfizadas e sedimentares, sendo as rochas mais velhas as lavas do tipo basáltica e
peridotítica representadas por komatiítos. Estas rochas, devido a acção do metamorfismo,
passam a talcoxistos, xistos tremilíticos, anfibolitos, epidioritos, serpentinitos, clorititos, e
epidotitos. Este conjunto litológico, por exibir cores dominantemente esverdeadas, é
conhecido por “greenstones” (rochas verdes).

A Formação de M´Beza Vengo assenta discordantemente sobre a Formação de Macequece,


tendo como base um conglomerado bastante grosseiro que se junta a grauvaques, arcoses, grés

24
conglomerático, filitos, siltitos, quartzitos ferruginosos, quartzitos sericitosos, calcários, xistos
negros, xistos argilosos e xistos glandulares (SUMBURANE, 2004).

2.7.1. Estratificação e morfologia

Nesta região predomina cadeias montanhosas ocorrendo de Sul a Norte do distrito numa faixa
fronteiriça com o vizinho Zimbabwe onde o mesmo recebe o nome de Cratão Zimbabweano.
As unidades orogénicas fundamentais constituem cadeias montanhosas chegando a atingir
perto 2000 m de altitude, sendo as elevações mais importantes. A tabela 2 ilustra as unidades
orogénicas da cadeia montanhosa e suas altitudes.

Tabela 2. Altitudes da Cadeias Montanhosas da área de estudo

Unidade Orogênica Altura


Serra Mangota 1160 m
Serra Vumba 1574 m
Serra Isitaca 1636 m
Serra Panhalonga 1649 m
Serra Vengo 1767 m
Serra Moriangane 1913 m
Fonte: Sumburane, 2004

2.7.2. Tectónica

Uma vez que é na região de Manica que se localiza o Sistema de Manica, este é caracterizado
pela vasta influência dos mais variados fenómenos tectónicos. Assim, no caso da fracturação,
a que é mais evidente, no seu relatório sobre os jazigos de bauxite, de 1943, é a falha da
direcção-geral de NE-SW que rejeita todas as formações da mancha de Manica nas zonas da
parte oriental da serra Isitaca e do vale do Zambúzi, na parte central do vale de Revuè e a W
da serra Vengo (CARVALHO, 2009).

E a outra falha que merece também importância é “Thrust fault” que ocasiona o
cavalgamento da Série do Vengo por cima dos greenstones e do granito na parte central do
Chimedzi e a Sul do rio Chua. Vestígios daquele tipo de falha são evidenciados na outra parte
da mancha, assinalados por falhas cizalhadas e granitos milonitizados.

No que diz respeito ao dobramento, além do sinclinal, constituído por sedimentos da Série do
M’Beza e pelos sedimentos da Série do Vengo, encontram-se na mancha de Manica dobras e
25
plicaturas á escala média e microscópica devido aos movimentos tectónicos de compressão
que reduzem a mancha de Manica a uma faixa relativamente extreita como hoje se apresenta
(SUMBURANE, 2004).

2.7.3. Situação Mineira

Para Afonso et al., (1998), o sistema de Manica comporta as formações de Macequesse e


M´beza Vengo, é sede de ocorrência de ouro, calcopirite, asbestos, talco e argilas bauxíticas.
As ocorrências de ouro, cobre, bauxite, asbestos, talco, manganês, crómio e níquel sendo os
mais importantes os de ouro e cobre, foram objecto de exploração.

As mineralizações de ouro e de cobre ocorrem em jazidas singenéticas e epigenéticas


relacionadas com as rochas ígneas máficas e ultramáficas ou com os seus equivalentes
metamórficos. As jazidas epigenéticas de ouro são as de maior interesse e estão associadas a
filões quartzo-auríferos com sulfuretos. Os corpos mineralizados de sulfuretos contendo cobre
e outros metais estão encaixados nos komatiitos, felsitos, rochas talco-carbonáticas e
serpentinitos.

A camada mineralizada é caracterizada por vários tipos de aluviões provenientes de diferentes


áreas, fontes das cadeias montanhosas do Greenstone Belt adjacentes ao rio Revué. Esta
aluvião é constituída por vários pedregulhos bem arredondados de diferentes tipos de rochas e
minerais, tais como: serpentinito, quartzo, quartzo ferruginoso (bifs), granito, gabro, gnaisse,
diorito, amazonite, granito gnáissico, feldspatos e conglomerados (AFONSO, 1988).

De acordo com Afonso, na 2ª edição da Geologia de Moçambique,(1978), a calcopirite já era


explorada há longo tempo, situando-se na serra de Isitaca e a sua mineralização ocorre em
filonetes ao longo do contacto serpentina-greenstone, contacto que tem a direcção E-W.
Os asbestos encontram-se na região de Mavita, e no vale do Munhinga, e a mineralização é
constituída por antofilite que ocorre nas serpentinas da faixa de Mavita.

O talco ocorre nas serpentinas da serra Mangote, nas faldas de vertente Norte dessa serra, que
segundo Afonso, 1978, perto das “pedras douradas”, o talco ocorre em grandes massas verde-
pálidas.

Segundo a “Notícia explicativa da Carta Geológica de Moçambique, 2ª edição, de 1978, que


usa o termo “a bauxite”, tem sido explorado há longos anos junto do marco Snuta da serra

26
Moriangane, no distrito de Manica. A rocha mãe é um plagioclasolito que ocorre na zona de
contácto de granitos e gabros, contácto esse que se orienta E-W, à altitude de 1700 m.

Neesa serra de Manica encontra-se varias empresas a operar nesse ramo como: a Companhia
mineira de Gilé, Two full,Clean Tech Mining, Africa Ouro, Mina Alumina e Explorator
Mining. E ainda, existe associações registadas na DPRME, como forma de o governo
moçambicano controlar o garimpo, através de determinadas regras que minimizem os
impactos negativos aliviando a pobreza absoluta no país (GEÓIDE CONSULTORIA LDA,
2006).

2.8. Definição de Termos

Robertson, et al (1985) citado por Aragão, (2008), define o estéril como sendo um agregado
natural de um ou mais minerais, retirado da mina para liberar o minério e desprovido de valor
económico. É o produto minerado, mas que não é processado antes do destino em pilhas de
estéril.

Para Freitas, (2004), o estéril é definido como qualquer material não aproveitável como
minério e descartado pela operação de lavra antes do beneficiamento, em caráter definitivo ou
temporário, acondicionado em depósitos de estéreis.

Sistema de deposição de estéril é definida como uma estrutura projetada e implantada para
acumular materiais dispostos de modo planejado e controlado em condições de estabilidade
geotécnica e protegidos de acções erosivas.

2.9. Gestão Ambiental

A partir da década de 70, a protecção ambiental passou a ter maior importância na tomada de
decisões de sequenciamento de lavra, o que passou a ter sérias transformações na indústria
mineral. Essa evolução gerou uma mudança de visão em relação ao papel da mineração na
sociedade: actividade mineral passou a ser entendida como uma forma de uso temporário do
solo, e não de uso final, como era no passado (OLIVEIRA, 2001).

Numa operação de mineração, o gerenciamento ambiental é uma parte integrante na operação,


podendo ser planeado e organizado de maneira que contribua para a realização das metas da
empresa incluindo produtividade, qualidade do produto e lucratividade. O desempenho
ambiental também é um indicador do direito de cidadania colectivo. De forma generalizada, o

27
gerenciamento ambiental padrão pode representar uma peça chave na determinação de todo o
sucesso de uma operação para accionistas, empregados, comunidade local e o público em
geral.

Mas de maneira oposta, segundo o Higgins (1988), a gestão ambiental pouco eficiente, ou
total ausência dele, pode ser responsável por péssimo desempenho da empresa, ou em algum
momento pode decretar a sua falência financeira quando um trabalho dispendioso de
recuperação for requerido para satisfazer as obrigações ambientais.

Por causa desse potente impacto sobre o sucesso de um novo risco de mineração, problemas
ambientais devem ser incorporados dentro do planeamento do projecto. A incorporação
destes, dentro do planeamento de uma nova mineração deve levar em consideração dois
preconceitos:

 Em primeiro lugar, a construção e operação de uma mina, relativas às facilidades de


processamento e infra-estrutura, não estão isentos de qualquer impacto sobre o meio
ambiente;
 Em segundo lugar, o nível de impacto que seja aceitável será fortemente governado
pelas particularidades do projecto e suas características geográficas, ecológicas,
económicas e também pela política ambiental.

O ambiente natural tem muitos usos reais para o homem, um dos quais é a assimilação da
mineração e do estéril industrial. A tarefa da gestão ambiental é fazer o uso sensato da
capacidade ambiental em completa consideração de outras demandas dos recursos ambientais
(HIGGINS, 1988).

Para Sánchez (2008), a actividade tem causado grande impacto ambiental nas áreas ja
lavradas, e a solução pode advir do correcto planeamento das actividades baseado em
profissionalismo e agregação tecnológica para além do comprometimento com a execução do
projectado.

Segundo Moriwaki (2005), os principais prejuízos ambientais trazidos pela má deposição do


estéril na mineração são:

 A solubilização de diversos metais pesados, como Fe, Cu, pela água subterrânea,
contém um elevado teor de acidez que correm directamente para riachos, rios e campos

28
de cultivo, localizados nas imediações, ocasionam danos ambientais e danos à saúde da
população;

 Rebaixamento da superfície do solo, podendo causar subsistência de instalações


localizadas sobre a mina;

 Destruição de florestas para a operação, para depósitos de estéril, etc.

 Topografia alterada, solo estéril e a erosão.

Na mineração a céu aberto, a paisagem é descaracterizada devido à escavação superficial


profunda para a abertura de cavas. Dessa operação podem surgir pilhas de até 30 m (metros)
de altura de estéreis, dispostas ao longo da área minerada. Inicialmente isso era realizado sem
nenhum controle com a preservação do solo e da vegetação existente, expondo as camadas
litógicas inferiores e minerais sulfectados agregados. Outro factor que causa a alteração da
topografia do local é a área de depósitos de estéril, junto às minas, (POLZ, 2008).

Para Aguiar, (2008), uma forma mitigadora dos danos que afectam a paisagem é a
recomposição topográfica e revegetação realizadas concomitante com a lavra podem reduzir
os impactos visuais, expondo assim uma área menor do terreno sem cobertura vegetal. A sua
remoção, armazenamento do solo e a recolocação no terreno após a lavra, pode facilitar a
recomposição da camada vegetal após a mineração, já que sementes de espécies vegetais
presentes no solo armazenado podem estar disponíveis para germinação após a recolocação.

É certo que a mineração degrada o terreno, porém, é verdade também, que o ambiente natural
degradado pode ser reestruturado de forma aceitável, limitando o impacto ambiental negativo
a um curto período de tempo, conhecendo previamente, controlando a actividade de
extracção, monitorando-as tecnicamente, e implantando medidas mitigadoras destes impactos.

De acordo com Portes (2013), as vantagens e desvantagens deste método são:

Vantagens

 A facilidade de recuperação das áreas lavradas concomitante ao avanço da lavra;

 Redução de impactos ambientais e visuais;

 Redução de riscos;

 Minimização de custos operacionais.

29
Desvantagens

 Logística de extração de minério devido à construção de estruturas de contenção de


rejeito dentro da cava;

 Pouco volume disponível para deposição de rejeito dado o grande volume ocupado pela
estrutura de contenção (elevado desnível da cava);

 Problemas de percolação e estabilidade.

Segundo Santos (2004), o planeamento ambiental tem como estratégia estabelecer acções
dentro de contextos e não isoladamente, para assim apresentar um melhor aproveitamento do
espaço físico e dos recursos naturais com economia de energia, alocação e priorização de
recursos para as necessidades mais identificadas. Uma avaliação de impacto ambiental de uma
actividade visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as
consequências de uma determinada acção sobre a saúde e o bem-estar humanos.

A avaliação dos impactos ambientais é importante no projecto de pilhas de estéril, para que
depois dos impactos identificados, os mesmos sejam listados e classificados pela sua
magnitude, e pelo tempo em que eles ocorrerão a curto, médio ou longo prazo apesar da
degradação provocada no meio ambiente ser menor nesse segmento que algumas outras áreas
como a agricultura ou exploração de madeira, por exemplo, novos procedimentos vêm sendo
estudados procurando harmonizar mineração e ecossistema (SÁNCHEZ E MUNN, 1975).

Mesmo assim, a mineração provoca danos na vegetação ou não permite o seu


restabelecimento no término da actividade. Várias vezes, o solo superficial mais fértil é
retirado, deixando os solos profundos expostos, podendo causar erosão. Isso pode interferir
também na qualidade das águas dos rios e reservatórios da mesma bacia, na vazante do
empreendimento, devido às condições do material fino suspenso que é produzido, bem como
a poluição pelas substâncias presentes nos efluentes do processo mineração, transporte e
tratamento, como, por exemplo, óleos, graxa, metais pesados, sendo que estes últimos podem
também alcançar até mesmo as águas subterrâneas (CUNHA, 2007).

Para o processo de extração de ouro aluvionar na Clean Tech Mining, Lda tem consequências
negativas para o meio abiótico da área minerada isto é, originam danos ambientais que
afectam drasticamente no uso e aproveitamento de terra para a prática de agricultura bem

30
como para o reflorestamento, mudanças profundas das condições hidrogeologica da região,
alterações geotécnicas das rochas e solo, e alterações paisagísticas da região.

Os impactos negativos originados pela extração de ouro aluvionar na mina Clean Tech
Mining, Lda afectam: o solo, o relevo, a paisagem e a Água. Descrevendo esses aspectos
mencionados da seguinte forma:

A contaminação do solo é originada pelo óleo, grise libertado e combustível por


equipamentos de escavação e deposição de estéril e a mistura de solos é feito no acto da
reabilitação da área minerada por ter materiais de diferentes zonas da mina.

O relevo é originado durante o processo de extracção. Esta mudança de relevo está associado
com a presença de cavas abandonadas que existem nas áreas mineradas e por sua vez,
facilitam o processo de erosão, alteração da morfologia do terreno, redução da estética da
paisagem e redução das áreas disponíveis para a prática de agricultura na comunidade de
Ndirire e Penhalonga.

Os aspectos que alteram essas mudanças paisagísticas são: Presença de cavas abandonadas,
Desvio da Estrada Manica-Penhalonga, desvio do percurso natural do rio Revué.

Durante a extracção do ouro a contaminação da água é originado pelos seguintes impactos: o


assoreamento, a turbidez, óleos e combustível libertado pelos equipamentos. E também
quando o material estéril está depositado nas proximidades do rio há poluição por materiais
fino que são arrastados pela agente da geodinâmica externa.

31
3. METODOLOGIA

Para a materialização deste trabalho baseou-se ao tipo de pesquisa, coleta de dados


(observação), estudo de caso e consulta na internet. Lakatos & Marconi (2009) definem
metodologia como um conjunto de actividades sistemáticas e racionais que favorecem o
alcance de objectivos, traçando o caminho a ser trilhado, detectando possíveis erros e
auxiliando na tomada de decisões do pesquisador.

3.1. Tipos de pesquisas

Esse tipo de metodologia está classificada em: Quanto á natureza, quanto aos objectivos,
quanto á abordagem e quanto aos procedimentos técnicos.

3.2.1.Quanto à natureza

É pesquisa aplicada, porque o pesquisador conseguiu avaliar as causas da deposição de estéril


em locais inadequado ou nas laterais da cava naquela empresa. Esta natureza, visa aplicações
práticas, com o objectivo de solucionar problemas que surgem no dia-a-dia, que resultam na
descoberta de princípios científicos que promovem o avanço do conhecimento nas diferentes
áreas (LAKATOS E MARCONI 2009).

3.2.2.Quanto aos objectivos

Trata-se de pesquisa explicativa porque o estudo foi mais complexo, pois o autor, registou,
analisou, interpretou os factos e identificou as suas causas. A maioria das pesquisas
explicativas é experimental, em que se manipula e controla as variáveis (THIOLLENT, 1998).

Não obstante, permitiu o pesquisador familiarizar-se com com a realidade da empresa


mineradora Clean Tech Mining Lda, com intuito de conhecer as várias técnicas empregues no
processo de remoção e depósitos de estéril na mina em estudo e as demais razões da falta de
conservação do meio ambiente.

3.2.3.Quanto à abordagem

Segundo Mendonça, Rocha e Nunes (2008), é pesquisa qualitativa por apresentar uma
prioridade de ideias, coisas e pessoas que permite que sejam diferenciadas entre si de acordo
com as suas naturezas. Com este procedimento, o pesquisador conheceu as razões que
levaram a empresa mineradora Clean Tech Mining Lda - Penhalonga, a ter pouco cuidado

32
com o destino do estéril, e posteriormente fez uma análise crítica das ideias patentes em busca
de soluções conforme a sua natureza e origem do problema.

3.2.4.Quanto às técnicas e procedimentos utilizados

Pesquisa bibliográfica, sendo assim, a revisão da literatura uma parte essencial do processo de
investigação, visto que, por meio dela foi possível localizar, analisar, sintetizar e interpretar a
investigação prévia referente ao segmento da pesquisa. Tratou-se, então, de uma análise
bibliográfica pormenorizada sobre os trabalhos já publicados em relação ao tema.

A revisão bibliográfica, a observação e o estudo de caso preocupou a equipa da empresa como


engenheiros de minas, geólogos, e os supervisores de minas na procura de soluções para a
tomada de decisões do problema encontrado, apesar da falta dos técnicos ambientalistas na
empresa.

A finalidade da revisão ou pesquisa bibliográfica, segundo descrito em Araújo (2010), será a


de adoptar ao pesquisador de embasamento suficiente para que o mesmo possa garantir a
consistência do seu trabalho, de forma a desenvolver a sua consciência crítica através de
comparações realizadas a partir de opiniões dos mais diversos autores de trabalhos sobre a
temática em questão, adequando-o a uma situação específica.

O estudo de caso envolve a história de um fenómeno passado ou actual, obtido de múltiplos


recursos de evidências podendo incluir dados de observação directa e de entrevista
sistemática, bem como de arquivos públicos e privados (VOSS et al., 2002 in PINTO, 2007).

33
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

4.1. Apresentação de dados

O processo de extração do ouro aluvionar na Mina Clean Tech Mining Lda, em Manica-
Penhalonga é feito com base nas máquinas [Trator de esteira (bulldozer), pá escavadeira e
Camião Basculante]. Esse processo envolve basicamente desmatamento, remoção de solo
vegetal, decapeamento, armazenamento ou deposição de estéril, desmonte, carregamento e
transporte do material útil até a planta de beneficiamento.

O processo inicia com a fase de desmatamento que consiste em preparar o terreno para
abertura de uma nova frente de desmonte, primeiramente identifica-se a área que pretende
abrir a frente de trabalho, após a identificação e respectiva delimitação, usa-se o tractor de
esteira (bulldozer) para dar o início da remoção do solo vegetal.

Normalmente utiliza-se esse equipamento para todo processo de desmatamento, o material é


removido, arrastado e acumulado a uma distância aproximadamente de 200m em áreas onde
as actividades de desmonte não irão afectar o processo ou em áreas ainda não estudadas.

A figura 10, ilustra o tractor de esteira a remover ou arrastar o solo vegetal, para permitir boa
facilidade da delimitação do bloco de 100x50m, para ser minerado.

Fig.10 Processo de desmamento.

Fonte: autor (2018)


O decapeamento é a segunda fase realizado com o intuito de retirar toda a camada estéril, até
atingir a primeira camada mineralizada, durante esse processo utiliza-se uma ou duas
escavadeiras (336L e 365D) com capacidade de 2,3 á 5 m3 respectivamente, a mais utilizada é
a escavadeira 365D, da marca CAT (caterpillar) com a capacidade de 5 m3 da caçamba, que é
34
a maior de todas escavadeiras em termo da capacidade da caçamba actualmente em uso na
empresa. Essa escavadeira é mais utilizada por ter uma caçambada maior, e a quantidade do
material estéril removido em cada golpe, corresponde mais de duas vezes a escavadeira 336L
e gasta menor tempo para remover o estéril num bloco de 100x50m.

A remoção desse estéril nas frentes de desmonte é feita por escavadeiras de balde único, o
mesmo é depositado na superfície de forma desordenada nas laterais ou atrás da cava,
formando um entulho ou pilha de estéril, em condições precárias de estabilidade, e com uma
altura de 18m, sem primeiro ter estudado a geotecnia do solo, o que resulta em ruptura ou
desabamento das cavas. Para além disso, o material estéril depositado na superfície de forma
desordenada, obstrui a progressão das novas frentes de desmonte.

Na figura 11, pode-se observar duas escavadeiras a fazer a remoção e deposição do material
estéril nas laterais e a frente da cava, em forma desordenada e obstruindo as novas frentes
desmonte. A letra A refere o local onde que o estéril está sendo depositado.

Fig 11: Remoção e deposição de estéril nas laterais da cava

Fonte: autor (2018)


O estéril depositado na superfície é constituído de argila e cascalho grosseiro a fino, que por
sua vez esse cascalho grosseiro desloca-se as zonas baixas do entulho formado. Nesses locais
é depositado volume de estéril não quantificável, num período de tempo indeterminado em
áreas não planificadas, e também sem ter feito o estudo das características do solo na sua
generalidade. A falta de estudos geotécnicos dos solos em cada área ou local escolhida para
deposição de material estéril, tem provocado grandes prejuízos e acidentes na empresa.

35
A selecção do método de escavação requer estudos prévios sobre a natureza, qualidade e
quantidade do material a remover, seu arranjo espacial, seu comportamento quando removido, o
que por sua vez é função de factores geotécnicos. Depende ainda dos propósitos da escavação, dos
prazos previstos, da presença de água, da distância aos locais de deposição de estéril, bem como
dos equipamentos de lavra, transporte e apoio disponíveis.

O mineral ouro (Au) é explorado no modo à céu aberto, e o método escolhido pela empresa é
em tira, mas durante o estágio verificou-se que a técnica usada foi o desmonte mecânico e o
sistema de deposição foi em encosta, que consiste na acumulação de estéril ao redor ou nas
laterais da cava sem nenhuma técnica e propiciando eventuais deformações e mesmo ruptura
da frente do banco.

As técnicas de deposição e as deformações referidas acima, provoca vários impactos ao meio


ambiente, como: abandono das cavas já lavradas, poluição do solo pelos contaminantes em
suspensão e assoreamentos dos rios próximos do entulho.

A figura 12 ilustra a cava em operação e a cava abandonada, na figura 12A ilustra a cava em
operação e ao seu redor está depositado o material estéril, obstruindo a progressão da mesma,
e na figura 12B ilustra a cava exaurida e abandonada com cheio de água subterrânea e o
estéril disposto em forma desordenada.

B
A

Fig 12: A- Material estéril ao redor da cava B - Cava exaurida e abandonada

Fonte: autor (2018)

36
Segundo os geólogos da empresa, dizem que na falta dos instrumentos para os estudos
geotécnicos, hidrológicos e as outras características no local da deposição do material estéril,
provocam frequentes acidentes de rupturas das cavas. A tabela 4 ilustra o número de acidentes
e perda de vidas humanas no decurso das actividades de extracção de ouro aluvionar na mina.

Tabela3: Quantidade de acidentes por ano e perda de vidas humana

Ano Acidentes/ano Perda de Vidas Humana


2012 0 0
2013 0 0
2014 7 0
2015 6 3
2016 10 4
2017 4 2
2018 8 1
Fonte: autor (2018)

Para a progressão da cava, é necessário remover todo o estéril que está em frente ou nas
laterais da mesma, com vista a seguir o filão do mineral. O material removido é depositado
ainda no seu redor da progressão, ou onde que o material útil está sedimentado. Para tal, o
gasto de combustível nos equipamentos de remoção e deposição é maior em relação ao
previsto da empresa. Sabe-se que o custo de remoção do estéril na mineração a céu aberto é
um factor primordial para a liberação do minério a ser extraído.

A tabela 5 ilustra o consumo de combustível planificado e o consumo de combustível gasto


por litros nos equipamentos em cada dia da execução da actividade de remoção e deposição
de estéril. Na mesma tabela verifica-se que, quanto menor for a caçamba do equipamento,
maior é o consumo de combustível. Isso verifica-se na escavadeira 336L com a capacidade da
caçamba de 2.3m3 e também quando os equipamentos desta actividade forem poucos.

Os espaços que contêm um traço, representa os dias em que os equipamentos não se


encontravam em operação, mesmo assim, o consumo de combustível gasto é maior em
relação ao planificado.

37
Tabela 4: Comparação de Consumo diário de Combustível dos equipamentos, na remoção de estéril

Hora Consumo
Dia Equipamentos trabalhado planificado Consumo
gasto
1 Escavadeira336L 350 520
Escavadeira365D 400 450
Tractor de esteira 400 550
2 Escavadeira336L 350 500
Escavadeira365D 400 420
Tractor de esteira 400 530
3 Escavadeira336L 350 500
Escavadeira365D 400 540
Tractor de esteira 400 560
4 Escavadeira336L 350 540
Escavadeira365D 400 380
Tractor de esteira 400 550
5 Escavadeira336L 350 500
Escavadeira365D 400 480
Tractor de esteira 400 555
6 Escavadeira336L 350 460
Escavadeira365D 400 480
Tractor de esteira 400 520
7 Escavadeira336L 12 350 400
Escavadeira365D 400 460
Tractor de esteira 400 520
8 Escavadeira336L 350 480
Escavadeira365D 400 500
Tractor de esteira 400 560
9 Escavadeira336L 350 620
Escavadeira365D 400 450
Tractor de esteira 400 520
10 Escavadeira336L 350 530
Escavadeira365D 400 520
Tractor de esteira 400 580
11 Escavadeira336L 350 550
Escavadeira365D 400 430
Tractor de esteira - -
12 Escavadeira336L 350 600
Escavadeira365D 400 540
Tractor de esteira - -
13 Escavadeira336L 350 620
Escavadeira365D 400 520
Tractor de esteira - -
14 Escavadeira336L 350 580
Escavadeira365D 400 500
Tractor de esteira - -
38
15 Escavadeira336L 350 580
Escavadeira365D 400 480
Tractor de esteira - -
16 Escavadeira336L 350 600
Escavadeira365D 400 540
Tractor de esteira - -
17 Escavadeira336L 350 600
Escavadeira365D 400 520
Tractor de esteira - -
18 Escavadeira336L 350 560
Escavadeira365D 400 500
Tractor de esteira 400 520
19 Escavadeira336L 350 580
Escavadeira365D 400 480
Tractor de esteira 400 500
20 Escavadeira336L 350 600
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira 400 540
21 Escavadeira336L 350 640
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira 400 500
22 Escavadeira336L 12 350 650
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira 400 560
23 Escavadeira336L 350 640
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira 400 520
24 Escavadeira336L 350 600
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira 400 480
25 Escavadeira336L 350 600
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira 400 580
26 Escavadeira336L 350 650
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira - -
27 Escavadeira336L 350 810
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira - -
28 Escavadeira336L 350 800
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira - -
29 Escavadeira336L 350 820
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira - -
30 Escavadeira336L 350 840

39
Escavadeira365D - -
Tractor de esteira - -
Total 28.745 36.805
Fonte: autor (2018)

4.2. Análise de dados

De acordo com muitos autores referenciados na revisão bibliográfica sobre o tema abordado,
tem analisado diversas técnicas ou sistema de deposição de estéril que interferem na
segurança, na economia e na redução dos impactos ao meio ambiente, com vista o aumento da
produtividade de forma eficiente e de baixo custo de remoção e deposição de estéril.

Para a determinação dessas técnicas e sistema, é necessário um estudo profundo de alguns


aspectos relevantes na definição das necessidades do sistema, estudos de impacto ambiental,
estudos geológicos e geotécnicos, estudos hidrológicos (regime hidrológico, cheias máximas
prováveis, dimensionamento da drenagem superficial), projeto da pilha (geometria, acessos de
construção e manutenção, drenagens interna e superficial, análise de estabilidade de taludes) e
planos de fechamento.

Para tal, deve existir um planeamento de curto e longo prazo dessa actividade com vista a
melhorar os aspectos referenciados acima, segui-lo de forma eficiente e segura. Para que seja
eficiente e seguro, o planeamento deve ser estratégico e operacional, de modo que todas as
fases sejam obedecidas os seus critérios, evitando ruptura e o impacto ambiental.

Essas fases estão divididas em quatro operações, que são:

 Desmatamento ou remoção vegetal;


 Capeamento;
 Deposição;
 Remoção do estéril na área de progressão da cava

4.2.1. Desmatamento ou remoção vegetal

Esta é a primeira fase para a extracção do ouro aluvional na mina Clean Tech Mining Lda, em
que o tractor de esteira (Bulldozer) efectua o processo de desmatamento ou remoção da
vegetação que cobre a camada superficial da área que vai ser minerada. Neste processo
consiste na mata de arbusto e remoção do solo superficial e vegetal, para permitir o início da
fase capeante.

40
O material removido é arrastado com o mesmo equipamento, até uma distância de
aproximadamente de 200m, onde que é armazenado e posteriormente seja aproveitado para a
reposição da área já lavrada, sendo assim neste local o material armazenado é ainda
aproveitado com a população o seu arbusto para o uso de lenha e fabrico de carvão.

4.2.2. Capeamento (Striping)

O capeamento ou striping representa a segunda fase da extração do ouro aluvionar, que


consiste na retirada da camada estéril que é caracterizada pela relação estéril/minério (m3/ton)
ou coeficiente de capeamento.

Usa-se uma máquina escavadeira para remover o material estéril e por sua vez este estéril é
depositado nas laterais da cava, e servindo do processo de cobertura das trincheiras abertas ou
é usado na reabilitação da mina. O material estéril que cobre a camada mineralizada apresenta
uma diferenciação geológica, isto é, não corresponde ao mesmo tipo do material geológico,
dependendo do local de extracção, visto que tem zonas que são caracterizadas por argila
arenosa acastanhada a escuro e outras zonas caracterizadas por argila arenosa avermelhada.
Muitas zonas da mina Clean Tech Mining Lda, apresenta argila arenosa avermelhada com
difícil permeabilidade da água, e de menor resistividade.

A camada capeante de estéril chega a atingir uma profundidade media que varia 3m-7m de
espessura, existindo áreas em que a profundidade da camada estéril atinge 18m, isto é, os
solos com estas características são susceptível a ruptura, e com essa profundidade máxima
referida acima devia-se remover o estéril em forma de bancadas, mas por ser material
sedimentada e de baixa resistência, sempre aconteceria a ruptura dessas bancadas.

4.2.3. Deposição

O estéril removido no bloco onde se pretende minerar é depositado nas laterais da cava ou é
basculado em pontas de aterro, nas encostas circundantes às minerações daquela zona. Estes
depósitos são simplesmente feitos sem quaisquer preocupações quanto às características
físicas dos materiais do aterro, não se tem o cuidado com a resistência do material, bem como,
a estabilidade da estrutura.

A expansão crescente da produção mineira na Clean Tech Mining, exigiu o aprimoramento


dos métodos empregados para se dispor o material estéril, duma forma adequada e garantir a
estabilidade da estrutura, drenagem das águas e minimização dos impactos no meio ambiente.
41
De uma forma geral, a falta do estudo das características mineralógicas, geotécnicas e físico-
químicos do solo, traz dificuldades na obtenção de parâmetros físicos representativos,
interferindo directamente no controlo do material estéril e na estabilidade e segurança dos
taludes.

O gráfico1 mostra a frequência dos acidentes por ruptura das cavas, pela má deposição de
estéril nos locais ou laterais das cavas em operação, ilustrado na tabela 4, desde que iniciaram
as actividades de extracção do ouro aluvionar sempre houve acidentes deste tipo, provocando
danos aos equipamentos e a perca de vidas humanas. Ainda ilustra a variabilidade dos
acidentes em cada ano durante essa actividade de extracção do mineral.

Gráfico 1: Número de acidentes acontecido por ano e as vidas humanas perdidas

Fonte: autor (2018)

4.2.4. Remoção do estéril na área de progressão da cava

A remoção do estéril de uma área de lavra e a sua deposição final são responsáveis por grande
parte dos custos de desenvolvimento de uma mina, com implicações não só económicas, mas
também no que se refere ao meio ambiente envolvendo impactos significativos, tornando-se
fundamental a prior analisar a relação estéril-minério no planeamento de lavra a longo prazo
para garantir o dimensionamento adequado dos equipamentos e o sequenciamento das
operações de lavra.

A remoção do estéril depositado nas laterais ou em frente da cava para a progressão das novas
frentes de desmonte, gera maior gasto de combustível nessa actividade, como ilustra a tabela

42
5, em comparação com o planificado diário em cada equipamento que realiza esse tipo de
trabalho.

O gráfico 2, ilustra a diferença do planificado total e o gasto total do consumo de combustível


dos equipamentos durante um mês a executar esse trabalho.

Gráfico 2: Comparação de gasto de combustível diário dos equipamentos em relação ao planificado

Fonte: autor (2018)

4.2.5. Técnicas de deposição de estéril

Algumas técnicas referenciadas na revisão bibliográfica contribuem também para a


estabilidade, sendo mais favorável o método ascendente em forma de bermas, neste método
são adotados sistemas de drenagem adequados, bem como é realizada a proteção superficial
dos taludes, o que também contribui para a maior segurança da pilha.

Para o caso em estudo, a técnica escolhida na mina Clean Tech Mining é em tira, mais
verificado no local viu-se que o material estéril era removida e depositada (acumulado) nas
encosta das cavas em quantidade maior, mas não especificada o seu volume, o que torna uma
estrutura bastante instável e altamente susceptível a rupturas.

Sabendo que todo material estéril acumulado de forma inadequada, sem obedecer as devidas
técnicas escolhidas, provoca danos ao meio ambiente e torna um perigo para os trabalhadores
e os seus equipamentos.

43
Naquela mina, usando a técnica escolhida por eles, terá um ganho significativo porque o
material constituinte daquela zona é de baixa resistência e de fácil fracturação, atendendo que
são materiais transportado de outro lugar e sedimentados naquela zona baixa.

4.3. Interpretação de dados

O desenvolvimento deste trabalho consistiu na “Avaliação do sistema de deposição de estéril


na cava da mina Clean Tech Mining” com vista o melhoramento do sistema, usando algumas
técnicas ou métodos internacionalmente aceites.

Segundo muitos autores citados na revisão bibliográfica revelam que a má escolha da técnica
ou método para a deposição de estéril resulta em rupturas das pilhas ou cava, perda de
equipamentos e vidas humanas, na criação do impacto negativo ao meio ambiente, obstrução
da progressão das novas frentes de desmonte e o gasto de combustível no seu remanejamento,
visto que, com a implementação do sistema de deposição do estéril na cava ira minimizar
esses acidentes.

É sabido que o planeamento de um depósito de estéril não é, geralmente tão detalhado como
um projecto de lavra. Isto é natural, visto que o objectivo primeiro da mineração é a produção
do melhor minério possível para ser processado.

O desenvolvimento de uma mina depende em geral da remoção de estéril, deste modo,


promover um gerenciamento do depósito de estéril, pode significar a diferença entre o lucro e
o prejuízo e o planeamento do depósito deve, frequentemente, reclamar mais atenção do que o
esperado.

Para além disso, a deposição indiscriminada, sem considerar os problemas geotécnicos


envolvidos na mina em estudo, tende a acarretar uma série de problemas tais como:

i) Ruptura das paredes da cava, causando danos pessoais e a propriedades;

ii) Obstrução das novas frentes de desmonte;

iii) Modificação danosa das características fisiológicas do local.

As fases analisadas nesse processo, devem ser bem planificadas de modo que o sistema seja
seguido com todo detalhe, evitando acidentes, prejuízo, baixa produção, gasto desnecessário
de combustível (acima do planificado) e o impacto ambiental. A forma de deposição de estéril
feita na mineradora Clean Tech Mining Lda, é inadequada, visto que provoca vários

44
problemas tais como: ruptura, assoreamento dos rios pelo material fino transportado com
agentes da geodinâmica externa, perda de equipamentos e vidas humanas no desabamento das
cavas e obstrução das novas frentes de desmonte.

Foi possível observar pelo gráfico 1 o número de acidentes por ruptura de estéril e perda de
vidas humanas, acontecidos em cada ano, durante a execução dessa actividade de deposição
de estéril no processo de extracção do ouro aluvionar. No mesmo gráfico observa-se a
frequência dos acidentes em todos anos, pela não observância das boas técnicas para
minimizar esses aspectos.

E ainda revela-nos que a área onde está depositado o estéril, é de maior risco devido a
insaturação pelas águas subterrâneas do material constituinte daquela zona. Em termo de
ordem económica, um depósito de estéril deve ser localizado o mais próximo, possível do
centro de massa do estéril a ser lavrado, respeitando-se os limites da cava final e procurando
compatibilizar a forma do depósito a ser formada com o relevo do terreno disponível de modo
que este depósito seja permanentemente estável.

Através do gráfico 2, observa-se o consumo de combustível que está acima do planificado,


devido a falta dos técnicos da área de planificação ou seja a falta do plano de lavra, de modo
que o estéril não seja depositado em locais de progressão da lavra ou nas áreas onde há
minério em subsuperfície.

Para este trabalho, a interpretação das técnicas usadas na mina Clean Tech Mining Lda, indica
que:
 A medida que aumenta a taxa de deposição de estéril e a pilha se torna maior, aumenta a
possibilidade de rupturas, devido ao aumento das tensões ali impostas. Quando essas
tensões superam a resistência do material constituinte da pilha, inicia-se o processo de
ruptura no maciço;

 Há acidentes em todos anos e perda de vidas humanas devido a deposição desordenada


do material estéril;

 O material depositado não é quantificável, sendo acumulado no mesmo espaço provoca


o impacto negativo ao meio ambiente;

 Há obstrução na progressão da lavra, para a remoção deste estéril, os equipamentos


gasta trinta e seis mil oitocentos e cinco (36.805) litros de combustível em relação o

45
planificado de vinte e oito mil setecentos e cinquenta litros (28.750), durante um mês de
trabalho;

 O estéril é abandonado sem que haja o devido tratamento, para futuramente esses locais
trazerem benefícios a comunidade daquela zona mineira como a prática de agricultura.

4.3.1. Proposta para o Melhoramento do Sistema de Deposição de Estéril

Para o melhoramento do sistema de deposição de estéril começa com a identificação do


melhor método de extracção e em seguida a estimação de volumes e tipos de estéril que serão
empilhados.

A quantidade de estéril gerada pode ser estimada durante o planeamento de longo prazo, a
partir da cava operacional, e também deve considerar possíveis impactos ambientais e
estratégias para mitigação destes impactos, para que possa então ser avaliado pelos órgãos
ambientais competentes, responsáveis pela concessão da licença. Para isso deve existir uma
forma ou técnica eficiente que consiste em depositar o estéril sem criar maior danos ao meio
ambiente da empresa e assim como populacional.

O quadro 1 esclarece as formas e as condições para seleccionar os métodos para deposição de


estéril.

Tabela 5: Formas e as condições para selecionar os métodos de deposição de estéril.

Forma de Deposição Condição para a Selecção de método

Mina Subterrânea Natureza do processo de mineração

Cavas Exauridas das Minas Condições geológicas da região

Pilhas Condições topográfica da região

Empilhamento à Seco Propriedades mecânicas dos materiais

Em Pasta Poder de impactos ambiental de contaminantes

Fonte: Ibram (2016).

Algumas formas de deposição como as pilhas de estéreis são mais utilizadas para a contenção de
estéril, sendo assim, não apresenta melhores condições topográficas naquela região em estudo.

46
Apesar de esta técnica apresentar método convencional (ascendente e descendente), que consiste
em colocar o estéril em aterro controlado e fazendo a sua terraplanagem.

A figura 13 ilustra os equipamentos a depositar o estéril de forma controlada e obedecendo


todos os padrões exigidos internacionalmente pelos órgãos ambientais e fazendo a
terraplanagem do mesmo, para de seguida fazerem a revegetação da área.

Fig.13 deposição de estéril num aterro controlado

Fonte: Nbr13029 (2006)

O método ideal para a empresa Clean Tech Mining Lda, é o método em tira que já tem usado
e a sua forma de deposição seja em cava exauridas, porque as condições geológicas da região
permite e não em ponta de aterro o que tem feito.

Este método consiste em depositar o estéril na área já lavrada. Essa técnica de recomposição
da topografia de áreas mineradas é fácil e sem maior consumo de combustível devido a
unificação das operações como, remoção, deposição e reabilitação. Assim, o que acontece
normalmente é o preenchimento das cavas com estéril, facilitando logo o processo de
reabilitação.

A figura 14 ilustra os equipamentos a fazerem a remoção e deposição de estéril e a sua


revegetação. A figura 14A ilustra a escavadeira a obedecer o método em tira (depositar o
estéril na área já lavrada ou na cava exaurida) e a figura 14B ilustra o processo de revegetação
da área já terminada a reabilitação.

47
A B

Fig. 14 A-Método de deposição de estéril em cava exaurida B-Revegetação da área já reabilitada

Fonte: Lage (2001)

Em mineração de argilas aluvionares, o material estéril extraído é usado para preencher cavas
inutilizadas, como poderia acontecer na Clean Tech Mining Lda. Este procedimento dá luz à
uma técnica adequada naquela zona mineira. Dessa maneira, duas questões são solucionadas:
o preenchimento da cava e o depósito de resíduos. E também não haveria desmatamento da
área para a deposição do estéril.

Para o estéril da mina em estudo, pode ser depositado em cava, sabendo que a cava pode ser
conceituada como o efeito da exploração da mina, a qual não apresenta nenhum tipo de vegetação
e, geralmente, não tem um destino definido. Trata-se portanto, de um local que requer ser
reutilizado para que não cause futuros problemas ambientais. Segundo a natureza da mineração e
as condições topográficas daquela zona mineira é ideal o uso deste método escolhido.

No entanto, das várias razões que estão por de trás desse problema, segue-se a falta de um
instrumento adequado que os técnicos possam fazer um estudo detalhado das condições
topográficas do terreno antes e depois da exploração mineira.

Deste modo, é recomendada a aplicação do método de deposição de estéril em cava exaurida


à Clean Tech Mining Lda, por ser um sistema que se adequa a qualquer tipo de lavra,
principalmente em depósitos aluvionares pela flexibilidade operacional, considerando também
que dispensa a construção de diques e drenos de fundo.

Outra vantagem da deposição do estéril em cava é a não necessidade de um sistema de


drenagem interno e superficial, pois, o sistema de drenagem superficial precisa ser constituído
48
por canais de drenagem periférica ao longo dos contactos da pilha com o terreno natural,
descidas de água em degraus de gabião para descarte logo a jusante do pé da pilha, onde são
implantadas bacias de dissipação para redução do potencial erosivo do fluxo hidráulico, e isso
acarreta custos adicionais para a empresa.

O método também descarta o plano de monitoramento da pilha que prevê a verificação


visual, ou seja, inspecção local da pilha e a utilização de instrumentos, tais como:
 Medidores de nível de água: determinação do nível de água no maciço da pilha;

 Marcos topográficos: verificação de eventuais deformações na estrutura do maciço da


pilha.
Quanto ao aspecto ambiental, tem-se uma características muito apreciada ambientalmente, pois,
com a aplicação do método de deposição em cava exaurida do estéril se evita a necessidade de
degradação de áreas para deposição de estéril, confinando na cava esse material gerado.

A indústria de minério de ouro, desempenha um papel considerável no tocante ao crescimento


económico do nosso país, portanto, uma melhoria nas suas operações implicaria em um aumento
economicamente considerável.

A mina de ouro aluvionar da Clean Tech Mining Lda, explorou em grande escala de produção
em subsolo e a céu aberto por aproximadamente 25 anos, que resultaram em muitos quilos
(kg) de ouro e também grandes quantidades de estéril amontoado em pilhas de volumes
distintos, o que têm representado grande risco à saúde humana e fortes impactos ambientais e,
portanto, exigem acção correctiva.

4.5. Benefício sobre a proposta indicada

A proposta de melhoramento do sistema de deposição de material estéril na mina Clean Tech


Mining Lda, visa:

 Tornar uma empresa segura e isento de acidentes de ruptura da pilha de estéril;

 Evitar a obstrução da área para a progressão da lavra;

 A redução de custos com estudo geotécnico, hidrológicos e ambientais para os novos


depósitos de estéril;

 Uma boa técnica ou forma de deposição de estéril;

49
 Reduzir significativamente abandono de cavas com cheio de água subterrânea;

 Evitar assoreamento dos rios;

 Reduzir impactos negativos ao meio ambiente;

 Reabilitação mais fácil da área degradada na mina;

 Diminuição considerável da área degradada e a redução significativa dos impactos


ambientais na região;

 Deposição do estéril removido na mesma cava, reduzida distância de transporte na


mina e consequentemente aumento da produtividade;

 Não degradação de uma área virgem com colocação de estéril, quase em vales com
densa vegetação e nascentes;

 Possibilidade de melhor relacionamento com os órgãos ambientais;

 Dispensa a construção de diques e drenos de fundo, obras bastante caras;

 Redução de obras de infra-estrutura para a construção de barragens (diques) e valas


(drenos) de drenagem de novos depósitos de estéril;

 Com o material estéril depositado ficará confinado entre as paredes da mina não há
risco de ruptura dos taludes.

50
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Com base no estudo do melhoramento do sistema de deposição de estéril na mina da Clean


Tech Mining Lda, conclui-se que:

 O sistema de deposição efectuado naquela mina não é tecnicamente viável, visto que
não atende as condições topográficas do terreno e o método de lavra escolhida pela
empresa;

 Há falta do plano de lavra para a deposição do material estéril de forma eficiente e


segura sem provocando acidentes de rupturas das cavas;

 A inexistência dos técnicos qualificados da área para efectuar os estudos geotécnicos da


área onde depositam o estéril;

 Há comprometimento ambiental ou degradação paisagística da área onde o estéril é


depositado ou armazenado;

 Aumento de números de cavas exauridas abandonadas e cheio de água subterrânea;

 Os acidentes de ruptura na mina são frequentes devido a má deposição do estéril em


locais inadequado;

 O maior consumo de combustível dos equipamentos na mina como ilustra a tabela 5,


devido a obstrução da área de progressão das novas frentes de desmonte;

 Áreas extensas ocupadas por depósito de material estéril.

51
5.2. Recomendações

Pela proposição do sistema de deposição de estéril em cava exaurida, exige uma reavaliação
continuada e sistemática de sua operação, ao longo da vida útil do empreendimento. Uma vez
que a adequabilidade da proposta implantada na Clean Tech Mining Lda é fortemente
condicionada pela integração do tipo de resíduos gerados em operações de lavra, recomenda-
se o seguinte:

 Adopção de procedimentos e variantes que permitam adaptar o sistema, de tal forma


que consiga atender determinadas especificidades da operação a longo prazo;

 Existência de um plano de lavra para a deposição de estéril em local adequado e seguro;

 Formar ou ter técnicos qualificados da área, para atender as situações inerentes a


depósito de estéril;

 Fazer uma reavaliação contínua das técnicas de deposição do estéril a partir das áreas já
recuperadas em simultâneo com a lavra, devido à diversidade mineralógica dos
depósitos aluvionares;

 Evitar a degradação de grandes áreas para deposição de estéril;

 Reduzir o impacto negativo ao meio ambiente pela má deposição de estéril;

 Efectuar novas análises de produtividade e dispêndios na recuperação forçada de zonas


de cavas abandonadas, com vista a atender as exigências de inspecção, geralmente feitas
nas zonas lavradas;

 Redução de comprometimento ambiental de áreas para deposição de resíduos pela


recuperação de área minerais durante as operações de lavra;

 Reduzir o gasto de combustível nos equipamentos pela boa técnica de deposição do


estéril;

 Reduzir passivos e produzir com maior eficiência e melhores práticas;

52
6. BIBLIOGRAFIA

1. Afonso, R.S. et al. A Evolução Geológica de Moçambique, Instituto de Investigação


Cientifica, Tropical, Direção Nacional de geologia. Maputo.1998.

2. Aragão, Giani Aparecida Santana,. Classificação de Pilhas de Estéril na Mineração de


Ferro. Dissertação de Mestrado – Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
Departamento de Engenharia de Minas. Ouro Preto, Brasil. 2008.

3. Aguiar, Gerenciamento Ambiental de Projectos de Mineração:Dissertação de Mestrado


em Engenharia Mineral, Universidade Federal de Ouro Preto, (2008).

4. Bohnet, E.L., Optimum Dump Planning in rugged terrain, 1985.

5. C.W. e Holliday, R.J., Gold Bulletin, 2004.

6. Caruccio et al. (1984), Hidrogeotecnia de Pilhas de Estéril

7. Carvalho, M. G. A. Estratégia ambiental pró-ativa: Sequenciamento de lavra concomitante


com a disposição de estéril dentro da mina. São Paulo: Dissertação de Mestrado, USP,
São Paulo, 2009.

8. Chaúque, F.R. Contribuição para o conhecimento da evolução tectônica do cinturão de


Moçambique, em Moçambique, tese de Doutoramento, Universidade de São Paulo-Brasil.
Instituto de Geociências. 2012.

9. Corti, Gold Bulletin, Mining Engineering Handbook (Volume 2), 2nd Edition,

New York, 2004.

10. Couzens, T.R. Planning Models: Operating and environmental Implications and Mine
Waste Dump, New York.1985.

11. Cunha, Análise do estado da arte do fechamento de mina em Minas Gerais. Dissertação
(Mestrado) - Escola de Minas da Universidade de Ouro Preto, Ouro Preto, 2007.

12. DNPM- Departamento Nacional de Produção Mineral, (2009).Economia Mineral-


Produção e comercialização. cessado – 22.02.2019

13. Eaton, T.; Broughton, S.; Berger, K. C. Course Introduction Design and Operation of
Large Waste Dumps, Under Licence from the British Columbia Ministry of Energy and
Mines – Mine Dump Committee, 2005.

53
14. Freitas, Maria Angela, Deposição e Controle de Pilhas de Estéril. Apostila sobre
Formação de Pilhas de Estéril e Rejeito. Belo Horizonte: Editora Ietec, 2004.

15. GTK. Consortium. Notícia explicativa, Volume 2. Ministério dos Recursos Minerais,
Direção Nacional de Geologia, Maputo,2006.

16. HARTMAN, H. L.; MUTMANSKY, J. M. Introductory mining engineering. 2ª ed. New


Jersey, EUA: Jonh Wiley & Sons, Inc., 2002.

17. Higgins, R. Environmental management of new mining operations in: Salomon’s W &
Forstner, U. Environmental management of solid waste, USA, ed., (1988).

18. Kennedy, B. A. Surface Mining, 2nd Edition. Society of Mining, Metallurgy and
Exploration, Inc. Littleton, CO, USA, 1990.

19. KUYUCAK, N. Acid Mine Drainage Prevention and Control Options. Mine, Water and
Environment, IMWA Congress, Sevilla, Espanha, 1999.

20. Lakatos e Marconi, planeamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de


pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo, 2009.

21. LAGE, E. R. Utilização do método de corte e enchimento no fechamento de uma mina ao


céu aberto, Mineração S/A. Ouro Preto: Dissertação de Mestrado, Universidade Federal
de Ouro Preto,2001.

22. MAE-Ministério da Administração Estatal. Perfil do Distrito De Manica Província de


Manica. 2014.

23. Moriwaki, Dicionário de Direito Ambiental e Vocabulário Técnico do Meio Ambiente, 2ª


Edição, Jurídica Editora, Belo Horizonte, (2005).

24. Namuera, D.V. (2006), Caracterização geoquímica – mineralógica dos depósitos


aluvionare auriferos no nos rios Chua e Revué. Trabalho de Licenciatura.UEM.
Departamento de Geologia.

25. Napido, Mineralogia e Geologia Ilustrado, Lisboa-Portugal, 2006.

26. Nbr13029 (2006), Elaboração e apresentação de projecto de deposição de estéril em pilha.


Norma brasileira. p 1-9.

54
27. Oliveira, J. B. Desactivação de empreendimentos mineiros: estratégia para diminuir o
passivo ambiental, São Paulo, (2001).

28. Petronilho, M. R. Avaliação do comportamento geotécnico de pilhas de estéril por meio


de análises de risco. 2010. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto,
Ouro Preto, 2010.

29. POLZ, Manual de Procedimentos Ambientais, Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2008.

30. Sánchez, Livro avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. ed. Oficina De
textos, São Paulo, (2008).

31. Sánchez, e Munn, o passivo ambiental na desactivação de empreendimentos industriais.


Desengenharia, São Paulo, (1975).

32. Santos, E. G., et al. Recuperação Ambiental na Disposição de Estéril em Mineração de


Calcário – Universidade Federal do Pampa, Brasil. 2015.

33. Santos, R.F. Livro planeamento ambiental: teoria e prática. São Paulo, (2004).

34. Sefane. The Geology of Mozambique Belt and Zimbabwe Craton around Manica, Western
Mozambique. Tese de Mestrado, Universidade de Pretória, 2006

35. Silva, N. C. S. -Metodologia de Planejamento Estratégico de Lavra incorporando

riscos e incertezas para a obtenção de resultados operacionais, Escola Politécnica da


Universidade de São Paulo, 2008.

36. Sumburane, E.I – Caracterização Petrográfica e Geoquímica dos Granitoides de Manica:


Universidade de Aveiro Departamento de Geociências. 2004.

37. THIOLLENT, Metodologia da pesquisa - acção. 2. ed. São Paulo,1998.

38. Ritcey, G.M, Tailings Management, Problems and Solutions in the Mining industry,
Elsovier Sc. Pub.B.V, NY, USA, 1989.

55
ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... i

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ ii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .............................................................................. iii

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................ iv

ÍNDICE DE TABELA .............................................................................................................. v

RESUMO………………………………………………………………………..……………vi

ABSTRACT……………………………………………………………………………….....vii

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

1.1. Formulação do problema .................................................................................................. 2

1.2. Justificativa....................................................................................................................... 3

1.3. Objectivos......................................................................................................................... 3

1.3. 1. Objectivo Geral ............................................................................................................ 3

1.3.2. Objectivos Específico.................................................................................................... 3

1.4. Hipóteses .......................................................................................................................... 4

1.5. Características físico-geográficas da área de estudo ........................................................ 4

1.5.1. Localização Geográfica do Distrito de Manica ............................................................. 4

1.5.2. Localização Geográfica da Mina................................................................................... 5

1.5.3. Relevo............................................................................................................................ 7

1.5.4. Hidrografia .................................................................................................................... 7

1.5.5. Descrição da bacia hidrográfica do rio Revué .............................................................. 7

1.5.6. Clima, Flora e Fauna ..................................................................................................... 8

1.5.7.Vias de Acesso e de Comunicação ................................................................................. 9

1.5.8. Economia e Serviço ..................................................................................................... 10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 11


56
2.1. Planeamento de uma pilha de estéril .............................................................................. 11

2.2. Local de Implantação de Depósitos de Estéril ............................................................... 15

2.3. Sistema de Deposição de Estéril na Mineração ............................................................. 15

2.4. Métodos de deposição de Estéril .................................................................................... 16

2.4.1. Método ascendente ...................................................................................................... 17

2.4.2.Método descendente ..................................................................................................... 17

2.4.3. Deposição Compartilhada ........................................................................................... 18

2.4.4. Método em cava .......................................................................................................... 20

2.5. Breve Historial da Mina ................................................................................................. 22

2.6. Enquadramento Geológico ............................................................................................. 22

2.6.1. Geologia Regional ....................................................................................................... 22

2.7. Estratigrafia .................................................................................................................... 24

2.7.1. Estratificação e morfologia ......................................................................................... 25

2.7.2. Tectónica ..................................................................................................................... 25

2.7.3. Situação Mineira ......................................................................................................... 26

2.8. Definição de Termos ...................................................................................................... 27

2.9. Gestão Ambiental ........................................................................................................... 27

3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 32

3.1. Tipos de pesquisas .......................................................................................................... 32

3.2.1.Quanto à natureza ......................................................................................................... 32

3.2.2.Quanto aos objectivos .................................................................................................. 32

3.2.3.Quanto à abordagem..................................................................................................... 32

3.2.4.Quanto às técnicas e procedimentos utilizados ............................................................ 33

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ................................. 34

4.1. Apresentação de dados ................................................................................................... 34

4.2. Análise de dados............................................................................................................. 40


57
4.2.1. Desmatamento ou remoção vegetal............................................................................. 40

4.2.2. Capeamento (Striping) ................................................................................................ 41

4.2.3. Deposição .................................................................................................................... 41

4.2.4. Remoção do estéril na área de progressão da cava ..................................................... 42

4.2.5. Técnicas de deposição de estéril ................................................................................. 43

4.3. Interpretação de dados .................................................................................................... 44

4.3.1. Proposta para o Melhoramento do Sistema de Deposição de Estéril .......................... 46

4.5. Benefício sobre a proposta indicada............................................................................... 49

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 51

5.1. Conclusões ..................................................................................................................... 51

5.2. Recomendações .............................................................................................................. 52

6. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 53

58
ÍNDICE DE FIGURAS

Fig. 1 Mapa de Localização da área de estudo ........................................................................... 5

Fig. 2: Mina da Clean Tech Mining Lda e Mapa de localização da Concessão Mineira ........... 6

Fig.3 Mapa da Bacia Hidrográfica do rio Revué na região de Manica. ..................................... 8

Fig. 4 Ruptura ou desabamento duma parede da cava ............................................................. 13

Fig. 5 A – rupturas na área de deposito de estéril..................................................................... 14

Fig.6 Deposição de estéril em pilhas por método ascendente .................................................. 17

Fig.7 Deposição de estéril em pilhas por método descendente ................................................ 18

Fig. 8 Injecções de rejeito em furos verticais ou inclinados em depósitos de estéril .............. 20

FIG.9 Mapa simplificado da áfrica austral, mostrando a distribuição dos principais cratões e
cinturões móveis ....................................................................................................................... 23

Fig.10 Processo de desmamento. .............................................................................................. 34

Fig 11: Remoção e deposição de estéril nas laterais da cava ................................................... 35

Fig 12: A- Material estéril ao redor da cava B - Cava exaurida e abandonada ............. 36

Gráfico 1: Número de acidentes acontecido por ano e as vidas humanas perdidas ................. 42

Gráfico 2: Comparação de gasto de combustível diário dos equipamentos em relação ao


planificado ................................................................................................................................ 43

Fig.13 deposição de estéril num aterro controlado ................................................................... 47

Fig. 14 A-Método de deposição de estéril em cava exaurida B-Revegetação da área já


reabilitada ................................................................................................................................. 48

ÍNDICES DE TABELAS

Tabela 1: Coordenadas da Concessão Mineira da área de estudo .............................................. 6

Tabela 2. Altitudes da Cadeias Montanhosas da área de estudo .............................................. 25

Tabela3: Quantidade de acidentes por ano e perda de vidas humana ...................................... 37

Tabela 4: Comparação de Consumo diário de Combustível dos equipamentos, na remoção de


estéril ........................................................................................................................................ 38

Tabela 5: Formas e as condições para selecionar os métodos de deposição de estéril............. 46

59

Você também pode gostar