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Universidade Wutivi – UniTiva

Faculdade de Engenharias, Arquitectura e Planeamento Físico


Licenciatura em Geologia Aplicada

ARQUIPÉLAGO DO BAZARUTO

Discentes:
Delara Mariyamo Ibraimo Cassamo
Jenifa Yacub Adam
Joana Carlos Macandza
Vasquez Inês Joaquim Muayevela

Docente:
Drª Sandra Sitoe

Maputo, Abril de 2020


1. Índice

1. Índice ......................................................................................................................... 1

2. Introdução.................................................................................................................. 2

3. Objectivos.................................................................................................................. 3

3.1. Objectivo geral ................................................................................................... 3

3.2. Objectivos específicos ....................................................................................... 3

4. Metodologia .............................................................................................................. 3

5. Arquipélago do Bazaruto .......................................................................................... 4

5.1. Localização Geográfica ..................................................................................... 4

5.2. Classificação do Arquipélago ............................................................................ 5

5.3. Caracterização Geomorfológica......................................................................... 6

5.4. Gênese e Processo de Formação ........................................................................ 6

5.5. Evolução Geomorfológica ................................................................................. 8

5.5.1. Dunas Antigas............................................................................................. 8

5.5.2. Cordão Dunar Oceânico ............................................................................. 9

5.5.3. Unidades Costeiras Recentes .................................................................... 10

6. Conclusões .............................................................................................................. 12

7. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 13

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2. Introdução

Um arquipélago é um conjunto de ilhas que, além de estarem próximas uma das outras,
possuem a mesma origem e estruturas geológicas, que geralmente ocorrem em mar aberto
e são pouco comuns próximo ao continente (VASENTINI, 2011). O Arquipélago de
Bazaruto é constituído por cinco ilhas principais: de Bazaruto; de Benguere; de
Maguruque; de Santa Carolina e de Bangué,. Estas fazem parte de uma classe de ilhas
barreiras, pois são formas do relevo alongadas constituídas por areia ou cascalho, e
geralmente paralelas à linha da costa. Essas ilhas foram formadas durante o período em
que houve estabilidade na variação do nível do mar, e seguiram como resultado da acção
das ondas.

As ilhas pertencentes a este arquipélago compõem fundamentalmente em areias de


quartzo não consolidadas, contendo uma pequena porção de carbonatos derivados do
esqueleto de organismos marinhos. Ocorrem dunas parabólicas em Bazaruto e Benguerua,
dispostas transgressivamente, também são constituídas por uma série de lagoas que se
formam nas encostas das dunas, na sua parte ocidental, que formam um importante
ecossistema e habitats para muitas espécies animais e vegetais. As principais lagoas:
Mbite, Nhassasse, Lengué, Maubué, Manuvubué, Quinuqué e Nhamuaré ficam na ilha do
Bazaruto, concentradas na zona centro-sul, na Ilha de Benguérua existem duas lagoas
principais - Zivane e Bomopomo.

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3. Objectivos

3.1. Objectivo geral


O principal objectivo do presente trabalho é estudar o Arquipélago do Bazaruto.

3.2. Objectivos específicos


Para se realizar o estudo do Arquipélago do Bazaruto neste trabalho, foi necessário ter
em conta os seguintes pontos:

 Classificar o Arquipélago do Bazaruto quanto ao tipo;


 Caracterizar o Arquipélago do Bazaruto no ponto de vista geomorfológico;
 Debruçar no que tange a gênese e processo de formação do Arquipélago de
Bazaruto; e
 Inferir a evolução geomorfológica do Arquipélago de Bazaruto.

4. Metodologia

Visto que o trabalho é de natureza teórica, foi necessário uma pesquisa bibliográfica
baseada em sites da internet, livros encontrados em bibliotecas, e alguns artigos
científicos.

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5. Arquipélago do Bazaruto

5.1. Localização Geográfica


O Arquipélago de Bazaruto constitui uma parte insular de Moçambique que situa-se entre
as latitudes 21º 30’ 00’’ S e 22º 10’ 00’’ S e em longitudes 35º 22’ 00’’ E e 35º 30’ 00’’
E, entre o cabo São Sebastiao e Mabone, no costa nordeste da província de Inhambane,
entre os distritos de Vilakulo e Inhambane. Com 600 Km representa 0,8% da superficie
total da província de Inhambane.

O Arquipélago do Bazaruto localiza-se a sul do actual delta do Rio Save. Situando-se


junto a plataforma da costa Moçambicana, contendo numerosos depositos dos detritos
dos Rios Limpopo e Save.

Figura 1: Mapa de localização geográfico do Arquipélago do Bazaruto

Fonte: Google Earth

O Arquipélago de Bazaruto é composto por cinco ilhas, sendo a maior delas a Ilha do
Bazaruto com aproximadamente 120.5 Km2. Depois seguem-se as ilhas de Benguérua
com 32.86 Km2 (conhecida antigamente como Ilha de Santo António); Magaruque com
2.96 Km2 (ou Ilha de Santa Isabel como topónimo antigo); Santa Carolina com 2.10 Km2
(previamente conhecida como Ilha do Paraíso); e a minúscula Ilha de Bangué com cerca
de 0.66 Km2.

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Figura 2: Mapa de localização do Arquipélago do Bazaruto, com ênfase as ilhas que o compõem

Fonte: Google Earth

5.2. Classificação do Arquipélago


Segundo VASENTINI (2011) os arquipélagos e ilhas, são classificados tendo em conta
os processos que estiveram patentes durante a sua formação, e sendo assim são
classificados em arquipélagos continentais, vulcânicos e coralinos.

Sendo assim o arquipélago do bazaruto é classificado como um arquipélago continental,


pois durante o seu processo de formação a movimentação entre plascas tectônicas fizeram
com que uma parte do continente de desprendesse, formando uma ilha ou conjunto de
ilhas. E em virtude da formação estão geralmente próximas ao continente que as gerou.

Figura 3: Ilustracao de um arquipelago continental

Fonte: Arquipelago , disponivel em :


https://www.google.com/amp/s/escolakids.uol.com.br/amp/geografia/arquipelago.htm .
Acessado aos 18 de Maio de 2020 ,pelas 21:43

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5.3. Caracterização Geomorfológica
Segundo REBELO et al. (2013), as ilhas que compõem o Arquipélago do Bazaruto em
termos de morfologia são caracterizadas por:
 Relevo dunar costeiro, ao longo de toda a sua margem oriental, chegando a atingir
a altura de 107m a sua da Ponta Chilola, com excepção do seu extremo norte (onde
as areais estão fixadas por vegetação);
 As partes centrais e ocidental, são caracterizadas por relevos que correspondem
aos braços de grandes dunas parabólicas, e as interdunares destas são
frequentemente preenchidas por pântanos e lagoas em consequência da
intersecção do nível freático com a superfície do relevo, e
 As zonas aplanadas (que apesar da sua menor expressão), têm grande importância,
pois funcionam como deposito natural da agua para recarga dos aquífero. Estas
são zonas relacionadas com paleo-depositos entre marés, que se encontram
actualmente separadas por estruturas costeiras recentes.
 A presença de rochas costeiras em volta das ilhas formam o encaminhamento do
sistema actual das ilhas e influenciam profundamente nos padrões de refracção
das ondas.

5.4. Gênese e Processo de Formação


O arquipélago originou-se a partir da actual península do Cabo São Sebastião a sul do
arquipélago, resultado das incisões que ocorreram durante a variação do nível do mar,
provocada pela glaciação e desgelo.

As ilhas formaram-se durante o período em que houve uma estabilidade na variação do


nível do mar, e surgiram como resultado da acção das ondas. Uma vez formadas houve
deposição de areia durante a variação das marés dando-lhes uma configuração linear, com
um sistema de lagoas expostas ao mar aberto do lado oceanico. Os ventos prevalecentes
transportaram areias ao redor, formando dunas de areia que se alinham paralela e
perpendicularmente a direcção dos ventos, tendo uma maior reincidência do lado este, a
partir do oceano.

No arquipélago de bazaruto a formacao das ilhas foi de acordo com as seguintes fases:

 A primeira ocorreu a 12.000 anos atrás, formando a ilha de Santa Carolina pelos
processos acima mencionados. As rochas costeiras submersas a norte da ilha de
Santa Carolina, representam uma extensão erodida, da cadeia que forma a série

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de ilhas. Evidências da origem desta cadeia de ilhas proveém da existência da
cadeia de rochas costeiras junto a Santa Carolina expostas acima do nível do mar.
 Após a formação da ilha de St. Carolina, o nível do mar baixou e, quando voltou
a subir, uma nova barreira de ilhas foram formadas ( Benguérua e Magaruque),
isto aconteceu entre 5.000 e 7.000 anos atrás.
 As ilhas subsequentes sofreram modificações até as condições actuais. O mais
provável é que estas ilhas tenham inicialmente sido uma massa arenosa contínua,
ligada ao continente pelo Sul. A separação entre ilhas resultou de sucessivos
ciclones.

Bangué teve uma genese diferente à das outras ilhas, tendo surgido da acção das ondas
em originar um delta. Como estes deltas apenas surgiram após a formação da cadeia das
ilhas principais, Bangué é a ilha mais jovem com apenas 3000 a 4000 anos.

Figura 4: Processo de formação de uma ilha barreira

Fonte: Bird, 2008

Legenda:
A: recessão, com perda de tempo nas dunas de pilotagem
B: Costa
C: Mar

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Figura 5: resultado final da formação de uma ilha barreira

Fonte: Bird, 2008

5.5. Evolução Geomorfológica


Segundo REBELO et al. (2013), o Arquipélago do Bazaruto, constitui a uma ilha
barreira formada por empilhamento de várias pulsações dunares, cuja areia teve origem
em depósitos costeiros provenientes do Oceano Indico. O sentido de transporte eólico,
inferido a partir da forma de relevos dunares. Distinguem-se assim três principais
unidades:

5.5.1. Dunas Antigas


Com uma idade de aproximadamente 178 mil anos, são encontradas nas partes central e
ocidental, apesar de que em alguns locais destas partes podem ser encontrados evidencias
de remobilização recentes. Nesta época ocorreram duas pulsações importantes em épocas
distintas, sucessivas reativações ao longo do tempo levaram a suavização do relevo que
actualmente se observa.

Sabendo-se que nas zonas costeiras existe estreita relação entre o aquífero livre das dunas
e o nível do mar, a existência de lagoas a ocupar as depressões interdunares dá uma
indicação de que o nível freático actual está acima do que existiria no momento da
formação das dunas, pois estas terão migrado para o interior, afastando-se da linha da
costa por acção dos ventos, originando assim um sistema transgressivo em rampa. As
dunas são em geral são mais altas no lado oeste, do que leste e tendem a ser mais baixas
para o norte, levando assim que a unidade desapareça para norte a partir da zona sul da
Ponta Sitone,

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5.5.2. Cordão Dunar Oceânico

O lado leste da ilha é formado por um cordão dunar bem desenvolvido, não sendo idêntico
em toda a sua extensão, que a norte é formado por um empilhamento de dunas parabólicas
apresentando um carácter transgressivo mais evidente, enquanto que a sul é mais contínuo,
dispondo-se paralelamente à linha de costa, isto devido aos diferentes processos eólicos
e marinhos que influenciam a zona costeira da ilha.

Apesar de apresentar um carácter mais transgressivo a norte, verifica-se que o sistema se


encontra fixo por vegetação maioritariamente no sul, devido ao carácter mais continuo do
transporte eólico, que não permite a fixação da vegetação. Em contraste com o que ocorre
a norte, onde a movimentação da areia para o interior se faz através de pulsações,
permitindo que a vegetação se desenvolva nos períodos em que o transporte eólico é
reduzido.

No Cordão Dunar Oceânico, as dunas mais antigas, são representadas pelos eoleanitos
costeiros da baía da Ponta Govane com idade de aproximadamente 90 mil anos,
sobrepondo-se a estas dunas, existe uma sucessão de dunas que se distingue pelas
diferentes cores que estão relacionadas com a fonte do sedimento, sendo que se a duna
está a ser formada com areia da praia ou pela erosão de dunas castanhas claras, a cor da
sua areia é esbranquiçada, e se a areia da duna móvel provém do desmantelamento das
dunas mais antigas, pode apresentar uma cor acastanhada ou alaranjada:

 Por cima do eoleanito ocorrem dunas cor-de-laranja, às quais se sobrepoem dunas


acastanhadas;
 Dunas de cor branca correspondentes às remobilizações recentes.

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Figura 6: Cordão Dunar Oceânico, representado pela Baía da Ponta Govane

Fonte: Rebelo et al., 2013

Legenda:
1.Eoleanito

2.Dunas

3a. Dunas brancas fixas

3b. Dunas brancas moveis

4.Dunas alaranjadas moveis

5.5.3. Unidades Costeiras Recentes


As unidades costeiras recentes estão essencialmente representadas por praias, depósitos
interditais, dunas frontais e praias consolidadas (beachrocks). Estas desempenham uma
função protectora contra a acção do mar, retardando o recuo da linha de costa. Para se
compreender as actuais unidades costeiras e o modo como hoje evoluem, há que recuar
um pouco no tempo. Nesta região do indico (costa leste de África), entre os 5000 e os
1500 anos atrás, o mar terá atingido uma cota 3,5 m acima do actual nível do mar
(RAMSAY & COOPER, 2002). Este facto terá originado uma configuração distinta da
zona costeira daquela que se verifica na actualidade. As zonas mais baixas, que se
encontravam em contacto o mar, terão sido alagadas dando origem a um conjunto de
pequenas baias.

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 Em contraste com a formação das baías, a subida do nível do mar terá levado na
sua fase inicial, ao aparecimento de erosão intensa nas zonas costeiras mais
salientes e expostas à inundação levando à formação de falésias de erosão marinha
nas dunas existentes.
 Com o abaixamento do nível do mar para valores semelhantes aos actuais, ter-se-
ão desenvolvido um conjunto de pequenas ilhas barreira, com sistemas de dunas
frontais associadas. Esta evolução terá levado à preservação das estruturas
erosivas (falésias) e deposicionais (planícies interditais e pequenas praias) criadas
durante o anterior período de alto nível do mar.

Actualmente, e provavelmente devido a nova subida do nível do mar, verifica-se estar a


ocorrer um recuo generalizado da linha de costa na Ilha do Bazaruto, sendo evidentes as
morfologias de erosão na faixa costeira. Como consequência dessa erosão, algumas ilhas
barreiras e dunas frontais já desapareceram e outras romperam-se recentemente, levando
à invasão pelo mar de áreas anteriormente afastadas da linha de costa. A reativação de
falésias da unidade das Dunas Antigas, anteriormente protegidas pelas estruturas costeiras
que desapareceram, e a existência de beachrocks destacados da actual linha de costa,
formando ilhas, são igualmente indícios da nova fase erosiva que afecta o arquipélago.

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6. Conclusões

Com base nos objectivos anteriormente inferidos, chegou-se as seguintes conclusões:

 Quanto ao tipo o Arquipélago de Bazaruco, é classificado como um arquipélago


continental;
 No ponto de vista geomorfológico, o Arquipélago de Bazaruto é caracterizado por
um relevo dunar costeiro na sua margem oriental, as partes centrais e ocidental
por relevos que correspondem aos braços de grandes dunas parabólicas, as zonas
aplanadas funcionam como deposito natural da agua para recarga dos aquífero e
a presença de rochas costeiras em volta das ilhas formam o encaminhamento do
sistema actual das ilhas influenciam profundamente nos padrões de refracção das
ondas;
 O arquipélago originou-se a partir das incisões que ocorreram durante a variação
do nível do mar, provocada pela glaciação e desgelo. As ilhas formaram-se
durante o período em que houve uma estabilidade na variação do nível do mar, e
surgiram como resultado da acção das ondas, houve deposição de areia durante a
variação das marés dando-lhes uma configuração linear, com um sistema de
lagoas expostas ao mar aberto do lado oceânico, os ventos prevalecentes
transportaram areias ao redor, formando dunas de areia, tendo uma maior
reincidência do lado este, a partir do oceano;
 A evolução geomorfológica do arquipélago dá-se por meio de três diferentes
estruturas: as dunas antigas, o cordão dunar oceânico e as unidades costeiras
recentes. De salientar que as unidades das dunas antigas deixam de aflorar a norte
da Ponta Guniça; e para norte, vê-se que a progressão das areias do cordão dunar
oceânico passa a ocorrer sobre as unidades costeiras recentes.

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7. Referências Bibliográficas

 BIRD, E,.(2008). Coastal Geomorpholy : An Introduction . 2ª edição . Wiley .


Austrália

 MITADER. (2016) . Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto: plano de


maneio 2016-2025 de uma área de conservação marinha. 2º Volume.
Inhambane, Moçambique

 RAMSAY, P,J,. & COPPER, J,A,G,. (2002). Late Quaternary sea-level change
in South Africa .Quaternary Research . South Africa

 REBELO, L, P, et al. (2013). Geologia da Ilha do Bazaruto: sua importância


para a correcta gestão territorial. LNEG. Maputo

 VASENTINI, J,W,. (2011) . Geografia: o mundo em transição. Ática. São Paulo

 https://www.google.com/amp/s/escolakids.uol.com.br/amp/geografia/arquipelag
o.htm ; << acesso aos aos 18 de Maio de 2020 ,pelas 21:43 >>

 https://www.infoescola.com/geografia/arquipelago/ , <<acessado aos 18 de Maio de 2020


, pelas 21:56>>

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