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Datação palinológica dos sedimentos glaciogénicos da Formação Tilítica de Vúzi,

sondagem ETA 65, Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova, Moçambique:
resultados preliminares Palynolog...

Article  in  Comunicações Geológicas · January 2014

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Gilda Lopes Zelia Pereira

Laboratório Nacional de Energia e Geologia
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Paulo Fernandes João Manuel Marques

Universidade do Algarve GONDWANA Empreendimentos e Consultorias, Limitada
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Quaternary environmental changes in Inhambane, Southeastern Mozambique, and their role in human evolution View project

Palynology of the Moatize-Minjova Basin, Karoo, Mozambique View project

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IX CNG/2º CoGePLiP, Porto 2014
Datação palinológica dos sedimentos glaciogénicos da Formação
Tilítica de Vúzi, sondagem ETA 65, Bacia Carbonífera de
Moatize-Minjova, Moçambique: resultados preliminares
Palynological dating of the glaciogenic sediments of the Vúzi Tillite
Formation, ETA 65 borehole, Moatize-Minjova Coal Basin,
Mozambique: preliminary results
G. Lopes1,2*, Z. Pereira1, P. Fernandes2, J. Marques3
© 2014 LNEG – Laboratório Nacional de Geologia e Energia IP
Resumo: Foram obtidos os primeiros dados biostratigráficos (pólenes
e esporos) dos sedimentos glaciogénicos da Formação Tilítica de Vúzi
na sondagem ETA 65, do Karoo Inferior da Bacia Carbonífera de
Moatize-Minjova, em Moçambique. Com base nos resultados obtidos,
o topo da Formação Tilítica de Vúzi foi datada do intervalo
Kunguriano/Roadiano (Pérmico Inferior – Médio). O estudo
palinostratigráfico desta e de outras sondagens recolhidas nesta bacia
tem como principais objectivos datar o final da glaciação do Paleozóico
Superior no Supercontinente Gondwana e compreender a geologia e
estrutura da bacia em profundidade, especialmente das camadas de
carvão exploradas. Novos dados são esperados com a continuação
deste estudo.
Palavras-chave: Palinostratigrafia, Karoo Inferior, Pérmico, Esporos
e pólenes; Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova.
Abstract: The first biostratigraphic data (pollens and spores) were
obtained from the glaciogenic sediments of the Vúzi Formation in the
ETA 65 borehole, Lower Karoo of the Moatize-Minjova Coal Basin in
Mozambique. According to the palynological results the uppermost
part of the Vúzi Tillite Formation is dated has being
Kungurian/Roadian in age (Lower – Middle Permian). The main
objectives of this palynostratigraphic study which also involves the
study of several other boreholes drilled in this basin, is to constrain the
age of the end of the Late Palaeozoic Gondwana glaciation in
Mozambique and to better understand the subsurface geology and
structure of the Moatize-Minjova Coal Basin, especially the correlation
of the exploited coal seams. New data are expected during the course of
this study.
Keywords: Palynostratigraphy, Permian, Spores and pollen, Lower
Karoo, Moatize-Minjova Coal Basin.
1
LNEG-LGM, Rua da Amieira, Ap. 1089, 4466-901 S. Mamede Infesta,
Portugal.
2
CIMA — Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do
Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, Portugal.
3 correlações palinológicas com base nos escassos dados
Gondwana Empreendimentos e Consultorias, Limitada, Rua B, nº233, Bairro
da COOP, Caixa Postal 832, Maputo, Moçambique.
*
Autor correspondente / corresponding author: gilda.lopes@lneg.pt
Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial I, 481-484
ISSN: 0873-948X; e-ISSN: 1647-581X
Artigo Curto
Short Article
1. Introdução
O Supergrupo do Karoo (SGK) está bem representado em
Moçambique, ao longo do vale superior do rio Zambeze na
província de Tete, sendo encontrado em várias bacias
sedimentares (Afonso et al., 1998; GTK Consortium, 2006;
Vasconcelos & Achimo, 2010). Do ponto de vista litológico
o SGK pode ser dividido em duas unidades distintas, uma
unidade inferior mais antiga formada por rochas
sedimentares de idade Carbónico Superior/Triásico, e uma
unidade superior e mais recente, constituída por rochas
ígneas intrusivas e extrusivas de idade Jurássico Inferior que
se relacionam com o início da fase de rifting responsável
pela fragmentação do Supercontinente Gondwana. As
amostras estudadas neste trabalho são argilitos da Formação
de Vúzi de natureza glaciogénica, posicionada na base do
SGK e pertencentes à Bacia Carbonífera de Moatize -
Minjova, a cerca de 55 km da cidade de Tete (Fig. 1). Esta
bacia carbonífera inclui várias formações sedimentares de
natureza clástica, cujos detalhes relativos à sua estrutura e
estratigrafia estão em Fernandes et al. (2014) e Pereira et al.
(2014). Por correlação com o Grupo Dwyka da Bacia
Principal do Karoo da África do Sul, à Formação de Vúzi é-
lhe atribuída idade de Carbonífero Superior - Pérmico
Inferior.
Os estudos palinológicos do Karoo de Moçambique são
raros; conhecem-se apenas os trabalhos de Verniers et al.
(1989) e Mugabe (1999), o primeiro realizado no Graben de
Metangula, também conhecido como “Mancha do Lago” na
província do Niassa no Norte de Moçambique, e o segundo
efetuado na Bacia de Moatize na província de Tete. Embora
o estudo de Mugabe (1999) não tenha compreendido o
estudo dos sedimentos glaciogénicos, o trabalho de Verniers
et al. (1989) fornece alguns dados palinológicos sobre este
tipo de sedimentos, embora seja difícil estabelecer
fornecidos por aqueles autores.
A sondagem selecionada (ETA 65) para o estudo
palinostratigráfico foi realizada para a prospeção de carvão
 482
na Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova. Neste trabalho
são apresentados os novos dados palinostratigráficos obtidos
na sondagem ETA 65 e que pretende identificar e classificar
as associações palinológicas (esporos e pólenes) presentes
no topo da Formação de Vúzi para, assim, constranger a
idade do final da glaciação do Gondwana em Moçambique.
Este estudo é o início de um projeto mais abrangente com o
Fig. 1. A - Mapa geológico geral da região de Tete, Moçambique. 1.B - Mapa geológico simplificado da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova, com a
localização da sondagem estudada (ETA 65).
Fig. 1. A - General geological map of Tete region, Mozambique. 1.B – Simplified geological map of Moatize-Minjova Coal Basin with the location of the
studied borehole (ETA 65).
2. Material e métodos
Neste trabalho foram amostradas e processadas 6
amostras de siltitos e argilitos intercalados com
camadas de conglomerados matriz a clasto suportados
da Formação de Vúzi. As amostras foram processadas
segundo procedimentos estandardizados para o estudo
de amostras palinológicas, envolvendo eliminação da
fração mineral e concentração da matéria orgânica. O
resíduo orgânico obtido apresentava-se escuro e opaco
ao microscópio, sendo necessário proceder à oxidação
deste durante cerca de 1 minuto. Das seis amostras
processadas da sondagem ETA 65, apenas três
revelaram resultados positivos para a palinologia, tendo
sido observados e identificados palinomorfos (pólenes,
esporos) moderadamente preservados.
O estudo dos palinomorfos efetuou-se num
microscópio de luz transmitida, Olympus BX41,
equipado com uma máquina fotográfica Olympus
C5050. Os resíduos e lâminas estudadas encontram-se
arquivados nas instalações da UGHGC/LNEG.
Os esquemas biozonais seguidos neste trabalho
basearam-se nos esquemas propostos para a Bacia do
Karoo por Falcon (1975) (Zimbabwe), Utting (1978)
(Zâmbia, Vale Zambézia), MacRae (1988) (África do
G. Lopes et al. / Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial I, 481-484
objetivo de melhor compreender a geologia e estrutura da
Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova em profundidade e
correlacionar as diferentes camadas de carvão. Pereira et
al. (2014) apresentam o estudo palinostratigráfico da
sondagem ETA 72 da mesma bacia que inclui dados sobre
a idade dos sedimentos pós - glaciares da Formação de
Moatize.
Sul) e Modie (2007) (Botswana).
3. Resultados e discussão
Com apenas 12,42 m de profundidade a sondagem ETA
65 intersectou desde a base até ao topo, cerca de 6,5 m
de espessura de sedimentos da Formação de Vúzi,
consistindo em conglomerados clasto a matriz
suportados intercalados com finas camadas de siltitos e
argilitos, aos quais se seguem cerca de 2,7 m de
espessura de xistos negros carbonosos, xistos cinzentos
e finas camadas de carvão da Formação de Moatize e, a
topo, cerca de 3,3 m de espessura de solo. As amostras
positivas (M16, M18 e M20) estudadas nesta sondagem,
pertencentes unicamente à Formação de Vúzi,
permitiram a identificação de uma associação de
palinomorfos da passagem Kunguriano/Roadiano
(Pérmico Inferior - Médio) (Fig. 2). A associação
estudada apresenta uma reduzida percentagem de
esporos triletes e monoletes, assim como, de pólens
monossacados e colpados, sendo dominada por pólenes
bissacados (taeniados e não taeniados). Na associação
palinológica recuperada não foram observados
palinomorfos aquáticos (algas e acritarcas).
 Palinostratigrafia da Bacia de Moatize-Minjova
Fig. 2. Log estratigráfico detalhado da sondagem ETA 65 com a
indicação das amostras recolhidas (amostras positivas assinaladas com
asterisco) e alguns palinomorfos selecionados da sondagem ETA 65
(cada exemplar é identificado pelo nome, formação, número da amostra e
coordenadas de microscópio (MC)): a – Lueckisporites virkkae Potonié e
Klaus, 1954, Formação Vúzi, amostra 20, lâmina 20_2, MC 1404-85; b –
Platysaccus papilionis Potonié e Klaus, 1954, Formação Vúzi, amostra
20, lâmina 20_2, MC 1420-15; c – Alisporites potonie (Lakhanpal, Sah e
Dube) Somers, 1968, Formação Vúzi, amostra 20, lâmina 20_2, MC
1232-238; d – Protohaploxypinus limpidus (Balme e Hennelly) Balme e
Playford, 1967, Formação Vúzi, amostra 20, lâmina 20_2, MC 1275-212;
e – Striatopodocarpites cancellatus (Balme e Hennelly) Hart, 1963,
Formação Vúzi, amostra 20, lâmina 20_2, MC 1359-58; f – Weylandites
lucifer (Bharadwaj e Salujha) Foster, 1975, Formação Vúzi, amostra 20,
lâmina 20_2, MC 1314-165; g – Vittatina costabilis Wilson, 1962,
Formação Vúzi, amostra 20, lâmina 20_2, MC 1357-172; h –
Striatopodocarpites fusus (Balme e Hennelly) Potonié, 1958, Formação
Vúzi, amostra 20, lâmina 20_2, MC 1287-218; i – Alisporites ovatus
(Balme e Hennelly) Jansonius, 1962, Formação Vúzi, amostra 20, lâmina
20_2, MC 1358-123.
Fig. 2. Detailed stratigraphical log of borehole ETA 65 with the location
of collected samples (positive palynological samples are marked with *)
together with some selected palynomorphs identified in this borehole
(each figured specimen is identified by taxonomic name, followed by the
unit, sample number, slide number and microscopic coordinates (MC)): a
– Lueckisporites virkkae Potonié e Klaus, 1954, Vúzi Formation, sample
20, slide 20_2, MC 1404-85; b – Platysaccus papilionis Potonié e Klaus,
1954, Vúzi Formation, sample 20, slide 20_2, MC 1420-15; c –
Alisporites potonie (Lakhanpal, Sah e Dube) Somers, 1968, Vúzi
Formation, sample 20, slide 20_2, MC 1232-238; d – Protohaploxypinus
limpidus (Balme e Hennelly) Balme e Playford, 1967, Vúzi Formation,
sample 20, slide 20_2, MC 1275-212; e – Striatopodocarpites cancellatus
(Balme e Hennelly) Hart, 1963, Vúzi Formation, sample 20, slide 20_2,
MC 1359-58; f – Weylandites lucifer (Bharadwaj e Salujha) Foster, 1975,
Vúzi Formation, sample 20, slide 20_2, MC 1314-165; g – Vittatina
costabilis Wilson, 1962, Vúzi Formation, sample 20, slide 20_2, MC
1357-172; h – Striatopodocarpites fusus (Balme e Hennelly) Potonié,
1958, Vúzi Formation, sample 20, slide 20_2, MC 1287-218; i –
Alisporites ovatus (Balme e Hennelly) Jansonius, 1962, Vúzi Formation,
sample 20, slide 20_2, MC 1358-123.
483
As espécies identificadas, características desta idade,
incluem: Alisporites spp.; A. ovatus; A. potonie; A.
splendens; Apiculatisporis sp.; Caheniasaccites flavatus;
Calamospora sp.; C. breviradiata; C. plicata;
Cannanoropollis spp.; C. janakii; ?Cristatisporites sp.;
Cycadopites sp.; C. glaber; Cyclogranisporites sp.;
Fabasporites sp. 1; Gnetaceaepollenites sp.; G. sinuosus;
Granulatisporites sp.; ?Hamiapollenites sp.; Illinites sp.;
Illinites unicus; Laevigatosporites colliensis; L. vulgaris;
Limitisporites sp.; Lophotriletes sp.; Lueckisporites virkkae;
Lunatisporites spp.; Marsupipollenites striatus;
?Meristocorpus sp.; Platysaccus papilionis; Plicatipollenites
sp.; P. gondwanensis; Protohaploxypinus spp.; P. limpidus;
P. cf. suchonensis; Pteruchipollenites sp.; P. gracilis; P.
landianus; Punctatisporites sp.; Spelaeotriletes sp.;
Striatopodocarpites cancellatus; S. gondwanensis; S. fusus;
S. pantii; Striomonosaccites sp.; Vallatisporites sp.;
Verrucosisporites sp.; Vittatina sp.; V. costatibilis; V.
simplex; V. fasciolata; V. subsaccata; ?Waltzispora sp.;
Weylandites sp. e W. lucifer. Deste conjunto destacam-se as
espécies Lueckisporites virkkae, Striatopodocarpites
cancellatus, S. gondwanensis, S. fusus e Platysaccus
papilionis que permitem restringir do ponto de vista
estratigráfico este intervalo de idades. Estas espécies são
comuns nos esquemas biozonais utilizados relativos à parte
inferior do Supergrupo do Karoo.
No Botswana (segundo Modie, 2007; Modie & Le
Hérrisé, 2009) as associações palinológicas desta idade
correspondem à transição entre as biozonas KK2 e KK3,
respetivamente Cyclogranisporites gondwanensis e
Platysaccus papilionis, descritas em fácies areníticas,
siltíticas e argilíticas. A presença de espécies descritas por
Modie (2007) como diagnósticas da biozona KK2
(Kunguriano) nas associações estudadas (Alisporites
potonie; Protohaploxypinus limpidus e Striatopodocarpites
cancellatus), conjuntamente com a identificação de espécies
diagnósticas descritas para a biozona KK3, do Roadiano
(Alisporites ovatus; Lueckisporites virkkae; Platysaccus
papilionis; Striatopodocarpites fusus) indicam um regime
de transição entre as duas zonas de associação.
No trabalho de MacRae (1988), efetuado para os
sedimentos do Karoo da África do Sul, as espécies
Striatopodocarpites cancellatus e S. gondwanensis, cujo
primeiro aparecimento se verifica na base da biozona E
(Roadiano), estão presentes na associação estudada. Estas
espécies foram identificadas nas amostras estudadas,
conjuntamente com as espécies Laevigatosporites vulgaris;
Plicatipollenites gondwanensis; Pteruchipollenites gracilis e
Weylandites lucifer; que terminam no topo da biozona D
(Kunguriano) ou imediatamente próximo da base da biozona
E (Roadiano).
No Vale Superior do rio Zambeze (Zâmbia), segundo
Utting (1978), a associação identificada nas amostras
estudadas na sondagem ETA 65 apresentam exemplares
típicos da biozona Apiculatisporites levis – Vesicaspora
potonie (actualmente, Alisporites potonie), cujo intervalo de
idades vai desde a base do Sakmariano ao topo do
Kunguriano, como: Alisporites potonie; Cirratriradites
africanensis e Striatopodocarpites cancellatus. Por sua vez,
 484
esta última espécie é típica dos sedimentos de topo desta
biozona. Relativamente à biozona Vittatina africana
(actualmente, Weylandites lucifer) – Gondispora
vrystootentis, representada a partir da base do Roadiano, a
associação estudada nas amostras, apresenta a espécie
diagnóstica Vittatina africana (actualmente, Weylandites
lucifer) da associação referida por Utting (1978). Assim, os
dados obtidos permitem situar a associação de palinomorfos
da sondagem ETA 65 no intervalo Kunguriano/Roadiano.
No estudo apresentado por Falcon (1975), a associação
identificada na sondagem ETA 65 apresenta características
que a permitem localizar na passagem entre as biozonas III e
IV, ou seja, na passagem entre as subzonas F e G, da base
do Pérmico Médio. A presença de exemplares do género
Vittatina, cujo primeiro aparecimento se verifica no topo da
biozona III (subzona F), assim como, da presença de
exemplares de Striatopodocarpites cancellatus (primeiro
aparecimento dentro da biozona III), permitem correlacionar
a associação estudada com o topo da biozona III (subzona
F). Já a presença de exemplares de Cirratriradites
africanensis (espécie índice da subzona G), indicam que a
associação de palinomorfos estudada também apresenta uma
correlação com a base da biozona IV (subzona G),
indicando uma idade compreendida entre o Kunguriano e o
Roadiano.
4. Conclusões
O estudo palinológico efetuado, ainda de caráter preliminar,
possibilitou a obtenção de uma idade para os níveis
superiores da Formação Tilítica de Vúzi de origem
glaciogénica, permitindo datá-los da passagem
Kunguriano/Roadiano (Pérmico Inferior - Médio).
Comparando os dados palinológicos agora obtidos com os
do estudo da sondagem ETA 72 (Pereira et al., 2014), a
idade do topo da Formação Tilítica de Vúzi, correlaciona-se
com a idade com a mesma formação presente da sondagem
ETA 72. No entanto, com a finalidade de se compreenderem
melhor as paleofloras e paleoecossistemas que vigoraram
nesta bacia, encontram-se a ser realizados estudos
quantitativos e qualitativos de caracterização
palinoflorística, assim como, estudos de correlação
biostratigráfica na bacia. Uma das dificuldades observadas
na sondagem estudada corresponde à ausência de
informação relativa à profundidade a que o soco se encontra,
dificultando a correlação das fáceis glaciogénicas e a idade
aqui identificada, com outras sequências bem conhecidas do
Karoo, a exemplo, África do Sul (MacRae, 1988) e
Botswana (Modie, 2007).
Com base nos primeiros dados obtidos neste estudo e no
trabalho de Pereira et al. (2014), obtêm-se uma das
primeiras idades biostratigráficas para os sedimentos
glaciares da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova.
Pretende-se, assim, diminuir a escassez de estudos neste tipo
de fáceis em detrimento das fáceis produtivas de carvão, a
topo, possibilitando datar com mais precisão o fim da
glaciação do Paleozóico Superior no Supercontinente
Gondwana. Na Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova, a
View publication stats
G. Lopes et al. / Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial I, 481-484
datação da glaciação e das camadas produtivas, será uma
mais-valia para a compreensão da estrutura da bacia em
profundidade e para a exploração deste recurso.
Agradecimentos
Os autores agradecem às empresas ETA STAR
Moçambique, S.A. e Gondwana Empreendimentos e
Consultorias, Limitada, pela disponibilização das
sondagens amostradas e de toda a informação relativa a
estas. Aos técnicos do LNEG, Fernando Oliveira e Nicolau
Silva o apoio laboratorial e a preparação das amostras.
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