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Faculdade de Ciências

Departamento de Geologia
Trabalho de Campo IV
Curso de: Cartografia e Pesquisa Geológica & Geologia Aplicada

Relatório das Ajus‟s IV

Discentes: Docentes:
Dzimba, Luciano Eduardo Dr. João Unguana
Intxoroma, Graciel Osório Dr. Luís Magaia
Joaque, Luís Rafael
Massango, Zainadino Alfredo
Zandamele, Edna Francisco

Maputo, Janeiro de 2021


Índice
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1. Objectivos ............................................................................................................... 2
1.1.1. Objectivo Geral ................................................................................................... 2
1.2. Materiais e Metodologia usada ................................................................................ 3
1.2.1. Materiais ............................................................................................................. 3
3. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO ......................................................................... 6
3.1. Localização geográfica do Distrito de Moamba ....................................................... 6
Vias de acesso ................................................................................................................... 6
3.2. Localização geográfica do Distrito de Marracuene .................................................. 7
3.3. Clima e Hidrografia do distrito de Maoamba ........................................................... 7
3.4. Clima e Hidrografia do distrito de Marracuene ........................................................ 7
3.5. Topografia do Distrito de Moamba.......................................................................... 8
3.6. Topografia do distrito de Marracuene ...................................................................... 8
3.7. Vegetação do distrito de Moamba ........................................................................... 8
4. HIDROGEOLOGIA REGIONAL .................................................................................. 9
5. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO ............................................................................ 9
5.1. Geologia regional do distrito de Moamba .............................................................. 10
Geologia regional do distrito de Marracuene .................................................................... 11
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 12
6.1. Técnicas de Aquisição de Dados ........................................................................... 13
6.1.1. Sondagem Eléctrica Vertical .............................................................................. 13
6.2. Tipos de Arranjos .................................................................................................. 14
7. APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........ 17
7.1. Moamba ................................................................................................................ 17
7.2. Marracuene (Macaneta)......................................................................................... 21
7.3. Interpretação dos resultados .................................................................................. 31
7.3.1. Distrito de Moamba ........................................................................................... 31
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 35
Anexos ................................................................................................................................ 36
Índice de Ilustrações

Figuras
Figura 1: Instrumentos usados para a realização do Trabalho de campo. ................................ 4
Figura 2: Mapa de localização geográfica do distrito de Moamba .......................................... 6
Figura 3: Mapa geológico do distrito de Moamba ................................................................ 10
Figura 4: Mapa geológico do distrito de Moamba ................................................................ 11
Figura 5: representação esquemática de campo da técnica SEV (modificado de Oliva). ....... 13
Figura 6: Arranjos de desenvolvimento da SEV (Braga, 2007) ............................................ 14
Figura 7: Esquema de arranjo dipolo-dipolo utilizado em caminhamentos elétricos (adaptada
de Elis, 1998). ..................................................................................................................... 15
Figura 8: SEV do Ponto 1 - Moamba ................................................................................... 18
Figura 9: SEV do Ponto 2 – Moamba .................................................................................. 19
Figura 10: perfil de caminhamento eléctrico de Moamba ..................................................... 20
Figura 11: SEV do Ponto 1 - Marracuene ............................................................................ 22
Figura 12: SEV 2- Macaneta ............................................................................................... 23
Figura 13: Areia grossa (0m - 1m)……………..…………………………………………….25
Figura 14: Areia grossa clara (1m - 1,5m)…………………………………………………...26
Figura 15: Areia humida, (Escurecimento da areia aos 2,5 m, uso duma broca longa). ......... 26
Figura 16: Areia fina clara (0m - 1m) .................................................................................. 27
Figura 17: Areia húmida escura (2,5m)………………………..……………………………..27
Figura 18: Argila (0 m - 0,5 m)…………………………………………….…...……………28
Figura 19:Areia grossa e húmida (0,5 m - 1 m)………………………………...……………28
Figura 20:Poço de água doce (próximo a estrada para praia de Macaneta) ........................... 29
Figura 21: Poço de água doce a 120 m do ponto 5 ............................................................... 30
Figura 22: Perfil de caminhamento eléctrico de Macaneta ................................................... 30
Figura 23: Modelo de Elevação Digital de Moamba .............................................................. 1
Figura 24: Modelo de Elevação Digital de Marracuene ......................................................... 1
Figura 25: NDVI de época seca de Moamba .......................................................................... 2
Figura 26: NDVI de época chuvosa de Moamba .................................................................... 2
Figura 27: NDVI de época seca de Marracuene ..................................................................... 3
Figura 28: NDVI da época chuvosa de Marracuene ............................................................... 3
Tabelas

Tabela 1: resistividades médias de algumas rochas (Fernandes, 1984) ................................. 12


Tabela 2: Terceiro trado ...................................................................................................... 23
Tabela 3: Quarto trado......................................................................................................... 24
Tabela 4: Quinto trado......................................................................................................... 24
1. INTRODUÇÃO
O trabalho de campo é uma actividade científica fundamental para a aprendizagem das
ciências geológicas, e constitui um meio de obtenção de dados primários e de
aprendizado prático pelo qual faz-se um contacto directo, com os afloramentos. Sendo
assim, todos anos realizam-se as actividades de ca po Aju s co vista a colocar e
prática os conhecimentos teóricos estudados na sala de aulas, bem como ensinar o
estudante a usar as ferramentas de campo.

Neste ano, o trabalho de Campo IV realizou-se nos distritos de Moamba e Marracuene,


Província de Maputo.

O trabalho foi realizado entre os dias 17-23 de Dezembro de 2020, e compreendeu duas
fases: a primeira fase foi em Moamba (2 dias) e a segunda fase em Marracuene (3 dias).

Durante as actividades de campo foram aplicados os métodos de Electrorresistividade


no solo com base na Sondagem Eléctrica Vertical (SEV) e a Tomografia de
Resistividade Eléctrica (SEV-Continua), com o objectivo de determinar a sequência
estratigráfica dos pontos em estudo com base nos diferentes valores de resistividade
obtidos a partir das medições efectuadas e definir a existência ou não de água nesta
região e a qualidade da mesma.

Sendo a região de Moamba e Marracuene alvo dessa pesquisa de devido a frequente


queixa dos habitantes em relação a falta de água.

Usou-se também a técnica de sondagem a Trado Manual, que tem como objectivo de
colher amostras que auxiliaram na caracterização das diferentes litologias que foram
encontradas nos diferentes pontos visitados.

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1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
Determinar a estratigrafia das camadas geológicas e hidrogeológicas dos distritos de
Moamba e Marracuene, com recurso aos métodos de Electrorresistividade, Trado
Manual e GIS.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Aplicar as técnicas de SEV e SEV-Continua para a colheita de dados de
resistividade aparente da subsuperficie dos pontos visitados;
 Aplicar as técnicas de sondagem a trado manual com vista a colher amostras que
ajudem na caracterização do tipo de rocha;
 Comparar os dois métodos usados e fazer a integração dos dados para
determinação da estratigrafia final,
 Mapear os poços de água subterrânea no distrito de Marracuene e determinar o
avanço da cunha salina;
 Testar os modelos geológicos dos pontos em estudo;
 Identificar se as áreas visitadas são susceptíveis a formar aquíferos ou são
aquíferos de modo a acabar com a escassez de água nestas regiões.

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1.2.Materiais e Metodologia usada
1.2.1. Materiais
Os materiais que facilitaram a realização deste trabalho de campo são:

 Seleccionador de Eléctrodos (C) – como o nome diz, é um aparelho que é


usado para seleccionar os eléctrodos, comandado pelo resistivímetro;
 Resistivímetro ABEM Terrameter SAS 4000 (B) - é um aparelho que é usado
para medir a resistividade e a resistividade aparente, e é adequado para
diferentes tipos de aplicações.
 Cabos – têm a função de conduzir a corrente eléctrica;
 Bateria (E) – aparelho responsável pela transformação da energia desenvolvida
numa reacção química em corrente eléctrica;
 Eléctrodos (H): barras metálicas que servem para transmitir a corrente na
subsuperficie;
 Conectores (F): com a função de conectar a abateria com os eléctrodos;
 Díodo (A): tem a função de conectar os cabos onde terminam, e permite a
passagem da corrente apenas em um único sentido;
 Jumpings (F)- para ligar os eléctrodos;
 Martelo para fixar os eléctrodos
 GPS para posicionamento;
 Um Trado manual para colheita de Amostras na subsuperficie (G e D);
 Uma caderneta e caneta para anotações de dados colhidos no campo;
 Fita métrica;
 Um telefone para fotografias.

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Figura 1: Instrumentos usados para a realização do Trabalho de campo.

1.2.2. Metodologia
A metodologia utlizada para a realização deste trabalho, é a seguinte:

Com vista alcançar os objectivos para a realização deste relatório de campo, as


actividades foram divididas em 3 fases a saber:

1a Etapa: Trabalho de campo

O trabalho de campo foi realizado na Província de Maputo, concretamente nos distritos


de Moamba e Marracuene. Nesta fase, consistiu em fazer uma visita de estudo nos
pontos seleccionados, e a colheita de dados com aplicação dos métodos de
Electrorresistividade (SEV, SEV-Continua, usando o arranjo Schlumberger) e Trado
Manual, com o principal objectivo de determinar a sequência estratigráfica e a
caracterização das diferentes litologias das áreas de estudo.

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2a Etapa: Pesquisa bibliográfica

Esta etapa consistiu na consulta e revisão de toda informação existente referente a


geologia, hidrogeologia, clima das áreas de estudo e também dos métodos geofísicos
usados durante as actividades de campo. As informações foram colhidas em relatórios,
trabalhos de licenciatura, GTK, mapas geológicos e topográficos.

3a Etapa: Processamentos, interpretação e compilação de dados

Nesta etapa foram processados os dados obtidos no campo usando o Softwares IP2win
para obter a curva de resistividade e saber o número de camadas que ocorrem em cada
ponto e suas espessuras, QGIS para produção dos mapas geológicos, de Modelos de
Elevação Digital (DEM) e Índice de Normalização Vegetal (NDVI). Nesta fase
também, foi feita a compilação e a interpretação das informações obtidas e posterior
elaboração do relatório final.

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3. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO
3.1.Localização geográfica do Distrito de Moamba

Figura 2: Mapa de localização geográfica do distrito de Moamba


O distrito da Moamba está situado na parte norte da província de Maputo, a 75 Km da
capital do país, a que está ligado pela EN2/4, e está posicionado entre os paralelos 24°
27‟e 25°50‟Sul e os eridianos 31° 59‟e 32° 37‟Este.

Tem como limites geográficos a Norte o Rio Massintonto que o separa do distrito de
Magude, a Sul os distritos de Boane e Namaacha, a Este os distritos da Manhiça e
Marracuene e a Oeste uma linha de fronteira artificial com a província Sul-Africana do
Transvaal

Vias de acesso
O distrito de Moamba é atravessado pelo Estrada Nacional no 4, ligando a cidade de
Maputo e Ressano Garcia. As ligações entre os postos Administrativos são feitas por
estradas de terra planada ou picada, onde as dificuldades em transitar são notórias,
sobretudo na época das chuvas.

A via-férrea Maputo – Ressano Garcia serve o distrito com comboio de cargas e de


passageiros diários.

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3.2.Localização geográfica do Distrito de Marracuene
O distrito de Marracuene está situado na parte oriental da Província de Maputo, está
localizado a 30 Km a norte da cidade de Maputo entre a latitude de 25º 41‟ 20‟‟ Sul e
longitude de 32º 40‟ 30‟‟ Este. É li itado a Norte pelo distrito de Manhiça a Sul pela
cidade de Maputo, a Oeste pelo distrito de Moamba e cidade da Matola, e a Este é
banhado pelo Oceano Índico.

3.3.Clima e Hidrografia do distrito de Maoamba


Do ponto de vista climático, o distrito de Moamba, segundo a classificação de Koppen,
é dominado pelo clima seco de estepe, com uma temperatura média anual que oscila
entre 23o a 24o C e uma pluviosidade anual entre 580 a 590 mm. O distrito tem duas
estações, uma quente de temperaturas mais elevadas e de pluviosidade acentuada que
vai de Março a Outubro e, outra, fresca que se estende de Abril a Setembro. ((
Ministério da Administra rio da Administração Estatal, Edição 2005 PERFIL DO
DISTRITO DE MOAMBA PERFIL DO DISTRITO DE MOAMBA PROVÍNCIA DE
MAPUTO)).

Três rios principais abastecem esta área, o rio save, o rio limpopo e o rio incomate, a
região apresenta ainda vários rios secundários que durante a época seca, secam.
(Maputo no geral).

3.4.Clima e Hidrografia do distrito de Marracuene


O distrito de Marracuene é dominado pelo clima tropical chuvoso de savana,
influenciado pela proximidade do mar. Caracteriza-se por temperaturas quentes com um
valor médio anual superior a 20º C e uma amplitude de variação anual inferir a 10 oC. A
humidade relativa varia entre 55 a 75 % e uma precipitação moderada, com um valor
médio anual entre 500 mm no interior e 1.000 mm no litoral. A estacão chuvosa vai de
Outubro a Abril, com 60 a 80 % da pluviosidade concentrada nos meses de Dezembro à
Fevereiro. O distrito é atravessado no sentido N-S ao longo de uma extensa planície
pelo Rio Incomáti, que vai desaguar no Oceano Índico, no delta de Macaneta.

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3.5.Topografia do Distrito de Moamba
O distrito possui extensas planícies situadas maioritariamente a cotas inferiores a 100m,
sendo o monte Corumana com 275 m, o único destaque do relevo. Podem-se observar
três zonas distintas:

 Vales e planos ligeiros com altitudes médias de 60 a 80 m;


 Pequenas elevações de 80 e 170 metros que vao subindo no sentido oeste e;
 Zonas acidentadas com cotas que se elevam abruptamente a altitudes entre 200 e
400 m, que constituem um alongamento da cadeia dos Libombos.

3.6.Topografia do distrito de Marracuene


Distrito de Marracuene situa-se na zona das grandes planícies costeiras do país, com a
altitude a aumentar suavemente da costa para o interior do distrito. Pode-se considerer
que o distrito tem altitudes máximas inferiores a 100 m.
Toda a costa tem áreas contíguas com menos de 5 m de altitude. A principal classe
altimétrica é a da classe dos 25 aos 50 m (cerca de 26 % do distrito), sendo que 63 % do
distrito tem áreas com menos de 25 m de altitude e 37 % da área tem altitudes entre os
25 e os 100 m.

3.7.Vegetação do distrito de Moamba


O distrito de Moamba fitogeograficamente está incluído na região Subano-Zambeziaca
no domínio das savanas e florestas Sul-Africanas e apresenta as seguintes principais
formações vegetais (Marques, 1976 em MAE, 2005).

 Floresta de baixa altitude, compreende as zonas de Muxia, Sábie e junto ao rio


Massitonto a norte do distrito com uma cobertura de 70% (floresta de baixa
altitude fechada). E cerca de 40-79% de cobertura de vegetação associada a
pradarias e matagais, com alturas entre 3 – 7 metros, colonizam a zona noroeste
de posto Administrativo de Moamba;
 Floresta Arbustiva – compreende toda a faixa fronteiriça na parte Oeste do
distrito com 0,5 – 3 metros de altura;
 Matagais – largamente visíveis junto á albufeira, em Corumana e em pequenas
manchas junto aos rios em Moamba-Sede, Chinhanguanine e a Sudoeste do
distrito.

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4. HIDROGEOLOGIA REGIONAL
Estudo indicam a presença de um aquífero na província de Maputo, sendo suas águas
exploradas no sistema aquífero sedimentar formado pelos Sedimentos Tércio -
Quaternários. O substrato do aquífero é formado pela camada de marga argilosa a argila

Cinzenta. Regionalmente, distinguem-se duas unidades aquíferas. O Aquífero Superior,


de natureza livre formada pelas areias finas a grosseiras a pouco argilosa das dunas
interiores e o Aquífero Inferior, constituído por arenitos e arenitos calcários. Os dois
aquíferos são separados por uma camada semi-impermeável de areias argilosas.

Localmente, a ausência contínua da camada semi-impermeável (areias argilosas), entre


as areias finas a grosseira e os arenitos, faz com que a circulação das águas destes dois
sectores se ligue, sem descontinuidade. Existem lugares onde as areias grosseiras
assentam directamente sobre a camada de argila, desenvolvendo condições de semi-
confinamento.

O nível de água dos poços rasos varia nesta área entre 1.5 e 9.3 m de profundidade, com
uma média de 3.8 m (Muchimbane, 2010). Mas essa água não se apresenta em
condições para o consumo pois o aquífero da área estudada é vulnerável à
contaminação, em função do seu carácter freático, tipo de formações geológicas (areias
grossa, fina e arenitos), intrusão salina de água fossilizada e do mar, actividades
agrícolas e sistemas sépticos e alta densidade populacional. ((AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO GRANDE MAPUTO Lucas
TAMELE Jr.1))

5. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO
Em termos geológicos as regiões enquadram-se na Bacia Sedimentar de Moçambique a
Sul do rio Save (Salman & Abdula, 1995). A bacia localiza-se na margem continental
passiva, e faz parte das bacias do Terciário e Quaternário, que se situam ao longo da
costa africana, e é limitada pelo cinturão de Moçambique a Norte, Cratão do Zimbabwe
a Noroeste e pelo Cratão de Kapvaal a Sudoeste. A formação e evolução desta bacia
esta relacionada com a fragmentação do Gondwana e a formação do canal de
Moçambique (Salman & Abdula, 1995).

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5.1.Geologia regional do distrito de Moamba
Em Maputo, varias formações são aflorantes distrito de Moamba existem diversas
formações geológicas que datam da sedimentação do Karro, que começou na
Swazilândia e Transvaal Lowveld com a fragmentação da Gondwanalândia.

No quaternário formou-se uma faixa relativamente estreita ao longo da fronteira com a


República da África do Sul. Corresponde a litologia de rochas de origem vulcânica, do
sistema de Karro a série Stomberg. As rochas vulcânicas que se destacam são os
riolitos, basaltos e os tufos vulcânicos. O quaternário possui uma maior representação
no distrito. Destacam-se dunas inferiores, terraços e formações aluviais e assinala-se a
ocorrência de formações sedimentares.

O cretáceo é constituído essencialmente por conglomerados de grés, xistos argilosos e


calcários compactos. No interior deste distrito a representatividade deste sistema é
baixa, ocorrendo em pequenas manchas, que juntamente com o sistema terciário bordam
o Rio Incomáti.

Figura 3: Mapa geológico do distrito de Moamba

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Geologia regional do distrito de Marracuene
Todas as rochas do distrito são sedimentares, sendo a maior parte do distrito (93 %)
ocupada por rochas do Quaternário1, com algumas unidades (menos de 7 %) do
Terciário2. As rochas do Quaternário são dominadas pelos aluviões recentes (41 % da
área total do distrito), as dunas interiores (40 %) e as areias costeiras (10 %).
Na zona costeira ocorrem as areias de dunas costeiras e grés costeiro.
Todo o interior do distrito é ocupado por duna interior de areia vermelha eólica
interrompido no vale do Rio Incomáti por aluviões recentes. Alguma areia eólica ocorre
na fronteira com os distritos da Moamba e Manhiça.
As formações do terciário compreendem areia eólica, siltito e grés vermelho da
Formação da Ponta Vermelha e abrange toda a área da sede do distrito e do seu
prolongamento na direcção do Município de Maputo.

Figura 4: Mapa geológico do distrito de Moamba

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6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A electrorresistividade é um método geoeléctrico baseado na determinação da


resistividade eléctrica dos materiais, tendo sido utilizado nos mais variados campos de
aplicação das geociências.
O método da electrorresistividade baseia-se no estudo do potencial eléctrico tanto dos
campos eléctricos naturais, existentes na crosta terrestre, como dos campos
artificialmente provocados. A partir de medições do potencial eléctrico na superfície
pode-se determinar, no subsolo, a existência de corpos minerais e reconhecer estruturas
geológicas (Telford et al., 1990).

Os campos eléctricos estudados em prospecção são bastante variados. Alguns minerais


podem actuar como uma bateria e criar seu próprio campo eléctrico, constituindo um
método especial chamado de Potencial Espontâneo. O mais frequente é enviar energia
ao terreno, criando assim, campos artificiais cuja deformação permite deduzir
características geológicas ou minerais do subsolo. Para tal, utiliza-se corrente contínua
ou corrente alternada, sendo esta última a mais usada.

A resistividade é designada por (ρ), dada em ohm.m e a condutividade (σ), dada em


S/m, sendo a relação entre elas ρ = 1/σ. Numericamente, a resistividade é igual à
resistência (em ohm) medida entre os lados opostos de um cubo do material que se
desejar medir.

Tabela 1: resistividades médias de algumas rochas (Fernandes, 1984)

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6.1.Técnicas de Aquisição de Dados

No método da electrorresistividade existem várias técnicas de levantamentos de campo,


divididas basicamente em sondagem eléctrica e caminhamento eléctrico, dentro das
quais existe uma grande variedade de configurações possíveis de eléctrodos que confere
ao método grande versatilidade. Normalmente, os ensaios de sondagem eléctrica são
aplicados quando se deseja uma informação pontual, com observação da variação
vertical da resistividade. O caminhamento é aplicado quando o alvo de interesse é o
estudo da variação lateral da resistividade, mantendo-se uma profundidade teoricamente
constante (Elis, 1998; 2000).
Os dispositivos para medidas de resistividade consistem de um sistema de quatro
eléctrodos, sendo dois deles usados para enviar uma corrente elétrica (I) ao solo
(eléctrodos A e B), e os outros dois (eléctrodos M e N) usados para medir a diferença de
potencial ∆V entre eles.

6.1.1. Sondagem Eléctrica Vertical


A técnica de Sondagem Eléctrica Vertical consiste numa sucessão de medidas de
resistividade, efectuadas a partir da superfície do terreno, mantendo-se uma separação
crescente entre os eléctrodos de emissão de corrente e recepção de potencial.

Nesta técnica, quanto maior for a separação dos eléctrodos de corrente o campo
eléctrico atinge profundidades cada vez maiores, e obtêm-se um perfil vertical das
diferentes camadas atravessadas pela corrente.

Figura 5: representação esquemática de campo da técnica SEV (modificado de


Oliva).

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6.2.Tipos de Arranjos
Os arranjos mais comuns usados em SEV são Schlumberger e Wenner, devido a
facilidade e rapidez de implementação que estes possuem. Contudo existem outros
usados em técnicas do método geoeléctrico.

6.2.1. Arranjo Schlumberger

No arranjo Schlumberger, empregado principalmente em Sondagens Elétricas Verticais


SEV‟s os quatro eléctrodos são dispostos e linha sendo que os eléctrodos de
potencial (MN) são colocados entre os de corrente (AB) e distribuídos simetricamente
em relação a um ponto central, sendo que a distância MN deve ser menor que a
distância AB/2.

A corrente eléctrica é injectada no solo através do contacto directo feito por eléctrodos
metálicos ou porosos. A resposta é medida na forma de diferença de potencial
(voltagem), observada também através de contacto directo com o solo. Tendo-se os
valores da corrente e do potencial registado, é possível estimar a resistividade dos
materiais do local investigado.

Figura 6: Arranjos de desenvolvimento da SEV (Braga, 2007)

6.2.2. Arranjo Dipolo-Dipolo

O arranjo dipolo-dipolo pode ser utilizado tanto em sondagens eléctricas verticais como
em caminhamentos elétricos. Neste arranjo, os eléctrodos AB de injeção de corrente e
MN de potencial são dispostos segundo uma linha e o arranjo é definido pelos
espaçamentos entre os eléctrodos X=AB=MN. A profundidade de investigação cresce
com a distância entre os eléctrodos de potencial e os de corrente (R) e, teoricamente,
corresponde a R/2. As medidas são efetuadas em várias profundidades de investigação

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(n), isto é, n = 1, 2, 3, 4, 5... é o ponto de intersecção entre uma linha que parte do
centro do arranjo de eléctrodos AB e outra que parte de centro do arranjo MN, com
ângulos de 45o.

Figura 7: Esquema de arranjo dipolo-dipolo utilizado em caminhamentos elétricos


(adaptada de Elis, 1998).
6.3.Trado Manual

A sondagem a Trado Manual é um método de investigação geológico-geotécnica que


utiliza como instrumento o trado, um tipo de amostrador de solo constituído por lâmina
cortante, que pode ser espiraladas (trado helicoidal ou espiralado) ou convexas (trado
concha). Tem por finalidade a colecta de amostra deformadas, determinação do nível de
água e identificação dos horizontes do terreno.

O trado é constituído por uma haste metálica, onde é fixado um haste ortogonal numa
das extremidades, enquanto na outra extremidade podem ser fixados diversos tipos de
perfuradores, no caso da utilização de trados ocos é possível introduzir amostradores
pelo seu interior, possibilitando assim a amostragem.

A colecta de amostra da sondagem a Trado é feita a cada metro de avanço ou quando


ocorre mudança do tipo de material perfurado. O objectivo da sondagem a Trado é de
determinar o perfil estratigráfico do solo em pequenas profundidades, sem a obtenção
dos índices de resistências e observação do nível do lençol freático. O trado manual
geralmente é usado até profundidades de 6 m e em solos pouco consistentes. Os furos
assim abertos podem requerer ou não a tubagem de revestimento.

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Uma sondagem deve fornecer informações do solo como:

 Espessura e dimensão de cada camada do solo até a profundidade desejada;


 Existência de água com a posição do nível de água encontrado durante a
investigação do solo;
 Profundidade da camada rochosa ou do material impenetrável ao amostrador;
 As propriedades do solo ou da rocha como permeabilidade, compressibilidade e
resistência ao cisalhamento.

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7. APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.1.Moamba
Esta interpretação tem em vista, que as variações da resistividade podem se dar por
conta da mudança de litologia, variação da concentração de certos minerais presentes
compactação do solo, da humidade presente, da granulometria do material, do arranjo
dos graus assim como do teor de humidade.

De acordo com Braga 1999, as camadas geoelétricas correspondem as variações


verticais de resistividades do subsolo mais estas podem não corresponder as camadas
geológicas da área em estudo devido a vários factores.

Os matérias mais dominantes nesta região são solos arenosos, argilosos, grés, marga,
silte, cascalho podendo ocorrer calcário, entre outros matérias “e necessário ter se e
conta que este material a cima citado, também se encontra de forma consolidada ou a
mistura. São grande parte destes relacionados com a deposição fluvial e alguns com a
transgressão de fáceis marinhas no cretácico

Os resultados aqui expostos são baseados na esquematização de Borges 2002.

Ponto 1 – Moamba – Ponte sobre o Rio Incomati

Dia: 14/12/2020

Localização: 4,30 km da vila de Moamba

Coordenadas geográficas: 25o33‟50.35‟‟ S e 32o15‟7.21‟‟

Altitude: 62m

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Interpretação da SEV baseada em Borges 2002

Figura 8: SEV do Ponto 1 - Moamba


A análise dos dados das investigações eléctricas foi realizada com base na interpretação
quantitativa. A interpretação quantitativa permite caracterizar os materiais de
subsuperfície determinando-se as espessuras e as resistividades das camadas (Borges
2002).

Analisando-se o modelo, nota-se que a camada superior (1) que vai da profundidade de
0,00 à 0,5m possui uma resistividade aparente por volta de 169ohm.m, sendo a mesma
caracterizada como uma camada de material arenoso solto, conforme observado em
campo.

A segunda camada (2) vai da profundidade de 0,5m à 1.3m possui uma resistividade em
torno de 137ohm.m. Esta camada pode ser caracterizada como uma camada de material
arenoso variando no seu teor de humidade ou na granulometria.

A terceira camada vai da profundidade de 1,3 à 1,5m possui uma resistividade em torno
de 61ohm.m. Esta camada pode ser caracterizada como uma série de camadas de arenito
podendo ou não conter argilas que esta saturada.

A camada (4) possui uma espessura de 2,1m e vai da profundidade de 1,5m, à 3,6m
possui uma resistividade em torno de 50ohm.m podendo ser caracterizada como uma
camada de solo arenoso com teores de humidade bastante elevados.

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A quinta camada (5) vai da profundidade de 3,6m à 8,1m possui uma resistividade em
torno de 46ohm.m. Esta camada pode ser caracterizada como uma camada de material
arenoso saturado ou areno-argiloso.

A última camada vai da profundidade de 8,1m em diante, possui uma resistividade em


torno de 105ohm.m. Esta camada pode ser interpretada como uma camada de solo
arenoso relativamente mais compacto que as camadas anteriores.

Ponto 2 – Moamba – areião próximo a Escola Primária e Secundária Samora


Machel

Dia: 15/12/2020

Localização: 9,07 km da vila de Moamba

Coordenadas geográficas: 25o34‟48‟‟ S e 32o19‟28” E.

Altitude: 112m

Interpretação de SEV com o seu respectivo trado

Figura 9: SEV do Ponto 2 – Moamba


Analisando o modelo obtido, nota-se que a camada superior (1) que vai da profundidade
de 0,00 à 0,9m possui uma resistividade aparente por volta de 2651ohm.m, sendo a
mesma caracterizada como uma camada de material argilo-arenoso (aterro) com maior

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percentagem de areia, conforme observado em campo e colhido no trado, em que a
profundidades superficiais torna-se bastante compacta.

A segunda camada (2) vai da profundidade de 0,9 à 4,1m possui uma resistividade por
volta de 11,6 ohm.m. Esta camada é caracterizada como uma camada de material
argiloso-arenoso em que seu teor de humidade tem tendência a aumentar continuamente
com a profundidade assim como o teor das argilas.

A camada (3) vai da profundidade de 4,1 ohm.m a uma profundidade indeterminada, e


possui uma resistividade por volta de 960ohm.m sendo caracterizada, com base no trado
feito no local, como uma camada de argilito compacto com algumas percentagens de
silte.

Abrigada antecedente colheu amostras com o trado até uma profundidade de 7 metros
que indicavam a presença de areia argilosa, mas não acharam água, sendo que a segunda
brigada uma semana depois no mesmo furo achou água, isso se deve a baixa
transmissividade das argilas que dificultam a circulação da água nos sistema
configurando o que denominamos Aquiclude – material impermeável, com certa
capacidade de armazenar água, mas sem capacidade de transmitir (ex: argilas);( J
chapter 9)

Interpretação do perfil de caminhamento eléctrico de Moamba

Figura 10: perfil de caminhamento eléctrico de Moamba

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A figura acima mostra uma pseodo-seção de resistividade aparente do perfil de
caminhamento eléctrico, podem ser distinguidas 3 unidades e ser feitas as seguintes
interpretações em relação a hidrogeologia de Lhembe:

 A primeira camada, ou a camada superficial apresenta um alto valor de resistividade


e tem uma espessura relativa de 5m, por ser um solo arenoso e por estar seco;
 Dos ± 5metros de profundidade aos 40m o comportamento do solo muda, sugerindo
uma mudança na litologia ou no teor de humidade, na verdade ambos demostram
uma mudança continua, o solo vai relativamente se empobrecendo em areia e
tornando-se relativamente mais rico em argilas.
 Dos 45 adiante o processo de mudança gradual continua, mas pela sua tendência em
possuir valores muito baixos de resistividade sugere que o material „e bastante
condutor, o que é típico de algumas argilas ou de águas salgadas.

7.2.Marracuene (Macaneta)
As SEV‟s foram feitas seguindo um perfil com orientação NW-SE, e repetiu-se as
medições da resistividade da primeira SEV devido a erros muito grandes, registados
enquanto usava-se uma corrente de 1mA, pelo que se mudou para 2mA,

Dia: 21.12.2020

Ponto 1: Primeiro trado manual e SEV em Macaneta

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 12.0‟‟S e 32º 43‟ 32.9‟‟E

Altitude: 7m

Interpretação da SEV 1

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Figura 11: SEV do Ponto 1 - Marracuene
Analisando o modelo, nota-se que a camada superior (1) que vai da profundidade de
0,00 à 0,9m possui uma resistividade aparente por volta de 1,51ohm.m, sendo a mesma
caracterizada como uma camada de material argiloso (lama) com matéria orgânica,
saturada em água com elevada condutibilidade, conforme observado em campo.

A segunda camada (2) vai da profundidade de 0,90 à 3,2m possui uma resistividade por
volta de 7,9ohm.m. Esta camada é caracterizada como uma camada de material argiloso
de coloração acizentada (lama) com areia fina e saturada.

A camada (3) possui uma espessura de 3,2m e vai da profundidade de 3,2 à 6,5m possui
uma resistividade por volta de 0,9ohm.m, sendo caracterizada como uma camada de
transição da argila a areia fina.

A última camada detectada pela sondagem vai da profundidade de 6,5m em diante, com
a resistividade de 6,7ohm.m. Esta camada é interpretada como sendo areia fina satura de
água.

Os valores muito baixos evidentes em todas as camadas desta extensão podem ser
devido a salinidade da água, tratando-se de uma água salobre, que tem valores de
resistividade abaixo de 10 ohm.m, pois os valores de resistividade da areia saturada
dependendo do autor, rondam em tornos de 100 a 300 ohm.m.

Interpretações da SEV 2

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 09.7‟‟S e 32º 43‟ 29‟‟E

Altitude: 8m

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Figura 12: SEV 2- Macaneta
A primeira camada apresenta uma espessura de 0,15m. Esta camada é interpretada como
sendo argila acizentada bastante condutora, devido ao valor da ρa estar por volta de 0,5
ohm.m, e por observações dos trados.

A segunda camada (2) detectada pela SEV, vai da profundidade de 0,15m a 0,43m e
possui uma resistividade de 0,8 ohm.m. pelo fato da amostra colhida no trado não
apresentar nenhuma mudança relevante, as diferenças na resistividade podem ser
consequência da diferença nas propriedades do solo.

A terceira camada vai da profundidade de 0,43 à 0,7m possui uma resistividade por
volta de 1,2 ohm.m. Devido às características da curva, a camada 2 é considerada como
sendo um pacote de argila saturada com intercalações de silte, definida como uma
camada de argila muito condutora, conforme o seu valor de resistividade.

A camada (4) possui uma resistividade aparente por volta de 6,2 ohm.m e apresenta uma
espessura de 1,3m. Esta camada pode ser dada como areia saturada de água.

A última camada vai da profundidade de 2m em diante, possui uma resistividade em


torno de 6,6ohm.m. Esta camada é interpretada como sendo a mesma que a anterior.

Terceiro Trado em Macaneta

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 13.8‟‟S e 32º 43‟ 34.8‟‟E

Altitude: 3m

Profundidade (metros) Descrição Litologia

0-1.5 Argila cinzentada Argila

1.5-1.75 Argila com areia saturada de Argila


água

1.7-3.5 Areia saturada com água Areia fina

Tabela 2: Terceiro trado

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Quarto trado em Macaneta

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 15.6‟‟S e 32º 43‟ 37.6‟‟E

Altitude: 5m

Profundidade (metros) Descrição Litologia

0- 1.0 Argila Argila

1.0-1.5 Argila arenosa saturada de Argila


água

1.5-2.1 Areia saturada com água Areia fina

Tabela 3: Quarto trado

Quinto trado em Macaneta

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 16.6‟‟S e 32º 43‟ 40.8‟‟E

Altitude: 5m

Profundidade (metros) Descrição Litologia

0-0.5 Argila Argila

0.5-1.5 Argila arenosa Argila

1.5-2.0 Areia saturada com água Areia fina

Tabela 4: Quinto trado

Sexto trado em Macaneta


Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 49.3‟‟S e 32º 43‟ 43.6‟‟E

Altitude: 4m

Profundidade (metros) Descrição Litologia

0- 0.5 Argilas Argila

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0.5-1.5 Argila arenosa Argila

1.5-2.0 Areia saturada com água Areia fina

Data: 22.12.2020

1 Ponto

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 24 56‟‟S e 32º 43‟ 53 38‟‟E

Altitude: 10 m

Trado 1

 0m – 1m metro areia grossa;


 1m – 1.5m areia grossa com uma coloração clara;
 1,5m – 2m areia húmida;
A granulometria diminui com a profundidade, e a medida que se aumenta a
profundidade a areia tende a ficar mais clara;
 2m -2.5m areia altamente húmida;
Aos 2,5m mudou-se a broca para uma mais longa, com objectivo de se perfurar
com mais facilidade, a humidade aumentou e resultou no escurecimento da
areia.

Figura 13: Areia grossa (0m - 1m) Figura 14: Areia grossa clara (1m - 1,5)

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Figura 15: Areia humida, (Escurecimento da areia aos 2,5 m, uso duma broca
longa).

Ponto 2

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 23‟‟S e 32º 43‟ 56‟‟E

Altitude: 0 m

Descrição:

Há 200 metros do nosso primeiro ponto. Encontrou-se um poço de 5 metros de


profundidade com água doce.

Nota-se que a água das chuvas é o factor principal que recarrega os aquíferos. Ha
existência dum material impermeável que separa o aquífero livre do freático.
Dificultando a passagem da água.

Ponto 3

Trado 2

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 24 38‟‟S e 32º 43‟ 47 50‟‟E

Altitude: 3 m

Página 26
Descrição:

 0m - 1 m Areia fina (com uma coloração clara)


 1m – 1,5 m Areia húmida e ainda mais clara.
 1,5 m - 2 m Areia grossa e húmida
 2m – 2,5 m Areia húmida e escura.
 A partir dos 2,5 metros tem-se camada saturada.

Figura 16: Areia fina clara (0m - 1m) Figura 17: Areia húmida escura (2,5m)

Ponto 4

Trado 3

Coordenadas geográficas: 25º 44‟ 21 6‟‟S e 32º 43‟ 45 95‟‟E

Altitude: 2 m

Descrição:

 0 m – 0.5 m Argila
 0.5 m – 1 m Camada de areia grossa e húmida.
 1 m – 1.5 m tem-se camada saturada de água salobre.

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Figura 18: Argila (0 m - 0,5 m) Figura 19:Areia grossa e húmida (0,5 m - 1 m)

Ponto 5

Coordenadas geográficas: 25º 45‟ 26‟‟S e 32º 43‟ 48‟‟E

Altitude: 10 m

Descrição:

Tem-se um poço de 7.8 metros de profundidade com água doce.

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Figura 20:Poço de água doce (próximo a estrada para praia de Macaneta)

Ponto 6

Coordenadas: 25º 44‟ 60‟‟S e 32º 43‟ 47‟‟E

Altitude: 6 m

Descrição:

Tem-se um poço de 2,5 metros de profundidade, com água doce

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Figura 21: Poço de água doce a 120 m do ponto 5

Interpretação do perfil de caminhamento eléctrico de Macaneta

Figura 22: Perfil de caminhamento eléctrico de Macaneta

Página 30
Com base no modelo acima pode se ver que a região apresenta resistividades
muitíssimo baixas, onde as resistividades altas atinge os 13 Ωh e as resistividades
mais baixas encontram-se no intervalo de 0.3-1.3 Ωh . Confrontando o odelo e dados
obtidos com recurso ao trado manual pode se dizer:

 A primeira camada geoéletrico tem uma espessura de aproximadamente 1


metros, com uma resistividade que se encontra no intervalo de 1.2-2.5 Ωh e se
trata de argila cinzenta ou shale;
 A segunda camada geoéletrico tem uma espessura de aproximadamente 4
metros, com resistividades muito baixas que se encontram no intervalo de 0.5-
2.2 Ωh e se trata de arenito saturado de água com argilas mas com grandes
graus de humidade, por isso se justifica a baixa resistividade. Possivelmente esta
seja a camada aquífera. O tipo de resistividade que se verifica nesta região e
típica de zonas com água salobre;
 A terceira camada geoéletrico tem uma espessura de aproximadamente 20
metros e com resistividades baixa que se encontram entre 2.8-7 Ωh e trata
possivelmente de uma camada de arenosa (arenito) mas com nível de humidade
relativamente baixa. Aqui o nível de camada não foi confirmado pelo trado
manual, mas foi conferida com informações obtida através de entrevista de gente
local usando referência de poços existentes nesta região;

7.3.Interpretação dos resultados


7.3.1. Distrito de Moamba
Para a vila de Moamba para o nosso objecto de pesquisa observou-se a predominância
de argilas e areias de granulometria fina, sendo que no ponto um mais a NW, nas
proximidades do rio incomate a areia apresenta-se compactada a profundidades mais
elevadas em relação ao segundo ponto mais para o este (E). As litologias desta secção
encontram-se saturadas de água a profundidades de 4m (p1) e 9m( p2) respectivamente,
sendo que por se não ter feito o trado no ponto 1 faltam-nos dados para fazer
correlações e certificar as litologias neste local (podendo ser areia que da origem a um
bom aquífero, ou argila que da origem a um aquiqude), e no ponto dois constatou-se que
a litologia presente na zona saturada é a argila, esta por sua vez não constitui uma boa
litologia para a formação de um aquífero pela sua baixa permeabilidade que influi na
transmissividade do material, ou seja na capacidade de circulação, transição da água por
toda a extensão do aquífero, levando assim a denominação de aquiqude. Para moamba
Página 31
sua principal fonte de recarga é o rio, mas durante a época seca é possível que este
mesmo faca o uso da mesma água para sua recarga.

7.3.2. Macaneta

Duas interpretações foram levantadas:

 Pelo facto desta zona apresentar valores muito baixos de resistividade (abaixo de
10), isto pode significar que aquela área esteja sobre influencia de uma intrusão
salina pois a resistividade da água do ar „e de cerca de 10 hmm;
 Mas essa resistividade baixa pode advir dos minerais presentes na argila, como
óxidos de ferro e etc, que são bastante condutores e reduzem o valor da
resistividade dos solos nesta região.

No distrito de Marracuene, em geral, a morfologia das curvas não apresenta muitas


variações, sendo maioritariamente idênticas em todos os pontos onde se realizou a SEV.

Todos os dados de SEV são correspondentes de 3 camadas com litologias que variam
desde argilas na parte superior e a areia fina saturada de água na medida que a
profundidade aumenta.

Na área de estudo, as águas subterrâneas são exploradas no sistema aquífero sedimentar


formado pelos sedimentos do Terciário e Quaternário.

O distrito de Marracuene e formado por aquífero superior de natureza livre, formada


pelas areias finas a grosseiras e pouca argilosa e o Aquífero Inferior, constituído por
arenitos.

Com base nas amostras colhidas com recurso ao trado manual pode-se verificar que as
litologias de Macaneta, variam de areias médias a finas e areias argilosas. O nível
freático do aquífero em Macaneta encontra-se a baixas profundidades,
aproximadamente 1m a 2m.

Dados de Satélite

Índice de vegetação por diferença normalizada

Para os dois distritos visitados, os dados de NDVI para as diferentes épocas do ano
mostraram que:

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Para época chuvosa: os valores de NDVI do distrito de Moamba passam de 0,4 e para o
distrito de Marracuene passam de 0,3.
Para época seca: os valores de NDVI do distrito de Moamba passam de 0,3 e para o
distrito de Marracuene passam de 0,4.
Sendo água um dos principais factores que controla a vegetação, ambas regiões
superficialmente apresenta areias bem sorteada no qual torna o solo altamente
permeável e que facilita a drenagem da água.
Para tempos secos a água facilmente drena e a ocorrência de vegetação é bem menor, ao
passo que, em épocas chuvosas por mais que o material tenha uma alta permeabilidade,
com contínuo fornecimento das águas das chuvas o solo satura-se e pode criar
condições para que haja uma humidade ou acumulo da água na superfície
proporcionando um alto desenvolvimento da vegetação

Dados do Modelo de elevação digital (DEM)


Os dados da DEM contribui para o estudo da profundidade em que a crusta se encontra
em relação ao nível médio do mar.
Para Moamba os dados estabelecidos pelo Mapa DEM indicam que o nível do mar esta
a profundidades altas em relação a região de Marracuene comprovando assim a
ocorrência de aquíferos a profundidades baixas em Marracuene e aquíferos a
profundidades altas na zona de Moamba.

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8. CONCLUSÃO

Feito o trabalho chegou-se as seguintes conclusões:


Para distrito de Moamba

 Com base na tomografia foi possível perceber que a os aquíferos encontram se a


profundidades elevadas e com baixos valores de resistividades, podem
corresponder a camadas que apresentam água salobra ou mesmo argilas.
 As sondagens realizadas no distrito de Moambe, demonstraram uma
heterogeneidade das camadas.

Para o distrito de Marracuene

 A semelhança quanto morfologia das curvas, sendo que em todos os pontos onde
se realizou a SEV as curvas não apresenta muitas variações, logo, a uma
homogeneidade nas camadas.
 Pelos trados realizados podes concluir que as litologias desta região variam
desde areia fina solta sem humidade na parte superior a areia fina com humidade
a medida que a profundidade aumenta.
 Os aquíferos nessa região encontram se em profundidades rasas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, A.C.O. 1997. Métodos Geoelétricos Aplicados na Caracterização


Geológica
e Geotécnica - Formações Rio Claro e Corumbataí, no Município de Rio Claro
-0
SP. Rio Claro, 169 p. Tese (Doutorado em Geociências) - Instituto de
Geociências e Ciências Exactas, Universidade Estadual Paulista.
DNA. (1987). Notícia Explicativa da Carta Geológica de Moçambique Escala
1:1.000.000.
G. SALMAN, I. ABDULA. (1994) Development of the Mozambique and
Rovuma Sedimentary basins, Offshore Mozambique.
Ministério de Administração Estatal (MAE), (2005). Perfil do Distrito de
Moamba.
OLIVEIRA, M.A.C & BARBOSA A.C.L; Aplicação da eletrorresistividade na
prospecção de água subterrânea em rochas cristalinas.
Tamele, L. J., Juizo, D., Mussa, F., & Muteto, P. (2018). Avaliação da
qualidade das águas subterrâneas do grande Maputo. Lucas. 14o SILUSBA.
Vasconcelos, Lopo & Jamal, Daud. A nova geologia de Moçambique.
Departamento de Geologia, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo,
Moçambique.

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Anexos

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Figura 23: Modelo de Elevação Digital de Moamba

Figura 24: Modelo de Elevação Digital de Marracuene


Figura 25: NDVI de época seca de Moamba

Figura 26: NDVI de época chuvosa de Moamba


Figura 27: NDVI de época seca de Marracuene

Figura 28: NDVI da época chuvosa de Marracuene

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