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Angelina Abudo

Délio Humberto Vasco Lopes

Jamal Momade Sualehe

Jamila Arlindo Bernardo

Jesualdo Bernabé Nchopa

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pios

Reinata Mariano Robath

Sérgio Eusébio Ranque

Método Magnetométrico

(Licenciatura em Geologia, com Habilitações em Mineração)

Universidade de Rovuma

Nampula

2023
Angelina Abudo

Délio Humberto Vasco Lopes

Jamal Momade Sualehe

Jamila Arlindo Bernardo

Jesualdo Bernabé Nchopa

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pios

Reinata Mariano Robath

Sérgio Eusébio Ranque

Método Magnetométrico

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Prospecção Geofísica I, curso de
Licenciatura em Geologia, 3º Ano,
leccionada pelo Docente: MSc. Moisés
Justino Aires.

Universidade Rovuma

Nampula

2023
Índice

Índice de Figuras e Tabelas .......................................................................................................iii

1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos do Trabalho ................................................................................................... 4

1.2. Metodologias ............................................................................................................... 4

2. Método Magnetométrico ..................................................................................................... 5

2.1. Origem do Campo Magnético Terrestre ...................................................................... 6

2.2. Magnetismo dos materiais geológicos ......................................................................... 6

2.3. Magnetização das rochas ............................................................................................. 7

2.3.1. Magnetização Induzida ......................................................................................... 7

2.3.2. Magnetização remanente ou permanente ............................................................. 8

2.4. Susceptibilidade de Rochas e Minerais ....................................................................... 9

2.5. Medições magnéticas ................................................................................................. 12

2.5.1. Magnetómetro de precessão de protões .............................................................. 12

2.5.2. Magnetómetros de fluxo saturado (Fluxgate) ..................................................... 13

2.6. Técnicas de levantamento .......................................................................................... 13

2.6.1. Levantamentos terrestres .................................................................................... 13

2.6.2. Levantamentos aéreos......................................................................................... 14

2.6.3. Levantamentos marítimos .................................................................................. 14

2.7. Tratamento dos dados ................................................................................................ 15

2.7.1. Interpretação (monopolo) ................................................................................... 16

2.8. Aplicações .................................................................................................................. 17

3. Conclusão .......................................................................................................................... 18

4. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 19


iii

Índice de Figuras e Tabelas

i. Índice de Figuras

Figura 1: Magnetómetro GSM-19T de precessão de protões. Fonte: (LOCZY; LADEIRA,


1976). ........................................................................................................................................ 12
Figura 2: Magnetómetro Fluxgate. Fonte: (LOCZY; LADEIRA, 1976). .............................. 13
Figura 3: Levantamento Magnetométrico com VANT. Fonte: (KEAREY; BROOKS; HILL,
2002). ........................................................................................................................................ 15

ii. Índice de Tabelas

Tabela 1: Susceptibilidade magnética das principais rochas. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995)
.................................................................................................................................................. 11
Tabela 2: Susceptibilidade magnética de alguns minerais. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995). 11
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1. Introdução

O método magnético é o mais antigo, sendo uma das técnicas geofísicas mais utilizadas para a
exploração da subsuperfície terrestre. É um método considerado relativamente barato com
diversas aplicações, principalmente, na determinação do limite crosta-manto e dos materiais
magnéticos em subsuperfície. A magnetometria pode ser aplicada em diferentes ambientes: por
terra, aérea navegável e por satélite. (HINZE, 2013).

O método magnético é baseado na medida e análise da perturbação, ou das anomalias geradas


pelo campo magnético terrestre, causadas pelas variações laterais de magnetizações de
materiais em subsuperfície (HINZE, 2013). Dos minerais que formam as rochas, poucos são
magnéticos, portanto, esses minerais correspondem a um pequeno grupo de Óxidos de ferro e
Titânio, sendo mais comum a magnetita (série magnetita-titanomagnetita (SUMIDA, 2017)).
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1.1.Objectivos do Trabalho

1.1.1. Geral
➢ Fazer uma abordagem em relação ao Método Magnetométrico;

1.1.2. Específicos
➢ Falar da origem do campo magnético terrestre, magnetismo e os materiais geológicos;
➢ Explicar o processo de magnetização das rochas;
➢ Explicar sobre a susceptibilidade das rochas e minerais;
➢ Mostrar as medições magnéticas e técnicas de levantamento;
➢ Explicar sobre o tratamento dos dados, interpretação (o monopolo) e,
➢ Identificar as aplicações.

1.2.Metodologias

Para concretizar os objectivos traçados neste trabalho, recorremos ao método bibliográfico e


hermenêutico, o primeiro método baseado na consulta bibliográfica, e o segundo cinge-se na
interpretação das informações consultadas.

Estruturalmente, o trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: elementos pré-textuais


(Introdução: onde apresentamos, de forma titular os aspectos que posteriormente serão
abordados); elementos textuais (desenvolvimento); elementos pós-textuais (Conclusão e a
referência Bibliográfica).
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2. Método Magnetométrico

O método da magnetométrico é baseado no estudo das variações locais do campo magnético


terrestre, provenientes da existência de materiais geológicos ou antrópicos, que apresentam
contraste de amplitude do campo magnético, tais como rochas básicas e ultrabásicas. É um
método classicamente aplicado em trabalhos de prospecção e pesquisa mineral, desde etapas
regionais que abrangem amplas áreas sob a forma de aerolevantamentos ou de detalhamento
por meio de levantamentos terrestres.

A magnetometria é uma técnica que faz uso das informações retiradas do campo magnético
terrestre para a investigação das estruturas em subsuperfície e, por sua rapidez no
processamento de dados. Este método mede as variações do campo magnético da Terra,
atribuídas a variações na estrutura da crosta ou na susceptibilidade magnética de certas rochas
próximo a superfície.

Cada rocha é magnetizada de acordo com a sua susceptibilidade magnética, que depende da
quantidade e do modo de distribuição dos minerais magnéticos presentes. A concentração de
minerais magnéticos produz distorções locais no campo magnético terrestre, que podem ser
detectadas e fornecem informações da subsuperfície acerca, por exemplo, da presença de
ocorrências minerais potencialmente econômicas.

Portanto, a magnetometria irá medir a susceptibilidade magnética dos diferentes tipos de


minerais presentes nas rochas, tendo afinidade maior com a magnetita e principalmente com
outros tipos de minerais ferromagnéticos, mas também podendo ser utilizada para minérios de
manganês, entre outros.

Medidas mais precisas da intensidade do campo magnético e das suas componentes são
efetuadas, com equipamentos denominados de magnetómetros. Os levantamentos magnéticos
podem ser realizados em terra, no mar e no ar. Geralmente a intensidade do campo magnético
é medida em nanotesla (nT) do sistema internacional (SI), onde 1 nT corresponde a 10-9 T.

Variações do campo geomagnético principal são produzidas, em maior ou menor intensidade,


em razão da presença de minerais magnéticos nas rochas. Os principais minerais magnéticos
são a magnetita, a pirrotita e a ilmenita. Estes podem fornecer informações sobre a distribuição
de minerais não magnéticos que são economicamente importantes, tais como a calcopirita,
galena, asbesto e calcocita. Além de permitir a localização de minerais economicamente
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importantes, as medidas magnéticas podem ainda ser usadas na identificação de contatos


geológicos e estruturais, como falhas e dobras (LUIZ & SILVA, 1995).

2.1.Origem do Campo Magnético Terrestre

O campo magnético da Terra é gerado no núcleo do planeta, graças a enorme quantidade de


ferro líquido presente por lá, o material se movimenta, gerando corrente elétrica e
impulsionando o magnetismo. Devido à localização e às temperaturas extremas desse material,
os cientistas não são capazes de medir diretamente o campo magnético do planeta.

Entretanto, quando alguns desses minerais chegam à superfície da Terra por actividades
vulcânicas, por exemplo eles podem ser estudados. Foi assim que a equipe de Tarduno pode
estudar pequenos cristais de zircão, um dos minerais mais antigos que conhecemos, encontrados
na Austrália.

Isso porque os zircões, com cerca de dois décimos de milímetro, contêm partículas magnéticas
ainda menores que armazenam informações sobre o magnetismo terrestre de quando os cristais
foram formados. Foi estudando esse material que Tarduno e sua equipe concluíram que, quando
a rocha original da Terra (contendo zircão) esfriou pela primeira vez, o campo magnético foi
criado.

No núcleo externo da Terra, acredita-se haver ferro e níquel em estado de fusão, a cerca de 3
mil km de profundidade. Esse fluido está em constante movimento, o que gera correntes
elétricas e, por consequência, um campo magnético. Essa explicação, chamada de Teoria do
Dínamo, é atualmente a mais plausível para compreender-se como é gerado o campo magnético
do planeta. As altíssimas temperaturas do núcleo da Terra, muito acima do chamado Ponto
Curie, não permitem que o ferro e o níquel estejam no estado sólido, de modo que eles não
podem estar funcionando como um ímã.

2.2.Magnetismo dos materiais geológicos

A maioria dos minerais que compõem as rochas não apresenta propriedade magnética,
entretanto, algumas rochas contêm minerais magnéticos suficientes para produzir anomalias
magnéticas.

O magnetismo é uma propriedade que tem origem na estrutura atômica dos minerais e ela define
como o material irá se comportar na presença de um outro campo magnético. Dessa forma,
existem três classificações possíveis para o comportamento magnético dos materiais:
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2.2.1. Diamagnéticos

São materiais que estabelecem em seus átomos um campo magnético no sentido contrário ao
que foi submetido e que desaparece assim que o campo externo é removido. Exemplo: quartzo
e calcite.

2.2.2. Paramagnéticos

São similares aos materiais diamagnéticos, porém ao se submeterem a um campo magnético


externo estabelecem em seus átomos um campo magnético que se alinha no mesmo sentido e
que também desaparece assim que o campo externo é removido. Ambos os tipos apresentam
campo magnético induzido extremamente baixo, e são considerados como não-magnéticos do
ponto de vista da prospecção geofísica, pois não produzem respostas mensuráveis
significativas. Exemplo: olivina e anfibólio.

2.2.3. Ferromagnéticos

São materiais que ao serem submetidos a um campo magnético externo, adquirem um campo
magnético no mesmo sentido do campo que foram submetidos e este permanece quando o
campo externo é removido. Exemplo: magnetite e hematite.

2.3.Magnetização das rochas

Há dois tipos de magnetização pertinente às rochas: induzida e remanente. Alguns materiais


exibem ambas, seja um tipo dominante sobre outro ou não, ou exibem apenas um tipo; ou
mesmo nenhum.

O magnetismo de um corpo é a soma vectorial da magnetização induzida (𝐽𝑖 ) e da remanente


(𝐽𝑟 ) (KEAREY; BROOKS; HILL, 2009).

2.3.1. Magnetização Induzida

Quando um material é colocado num Campo Magnético, este pode adquirir magnetização na
direcção desse campo, a qual perde-se quando o material é removido do campo. A este
fenómeno dá–se o nome de magnetização induzida ou polarização magnética, que resulta do
alinhamento dos dípolos individuais dentro do material na direcção do campo magnético.

Como resultado desse alinhamento o material adquire polos magnéticos distribuídos sobre a
sua superfície, que corresponde as extremidades dos dípolos. A intensidade da magnetização
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induzida (Ji) de um material é definida como o momento do dipolo por unidade de volume do

material:

O campo magnético induzido em um corpo é paralelo ao campo magnético que causou a


indução (KEAREY; BROOKS; HILL, 2009).

Nesta magnetização temos a presença do campo magnético terrestre, rochas com mineiras
ferromagnéticos, (principalmente a magnetita).

2.3.2. Magnetização remanente ou permanente

Em determinados casos/materiais, o campo externo causa mudanças irreversíveis na


propriedade magnética do material, de modo que quando o campo magnético externo é retirado,
resta uma magnetização intrínseca ao próprio material, resultado do alinhamento dos spins dos
electrões desse material quando na presença do campo magnético externo (DENTITH;
MUDGE, 2014).

A intensidade e orientação da magnetização remanente é relacionada ao campo magnético


externo no momento de sua formação e também afectado pelo conteúdo de mineral magnético
na rocha, além de factores como tamanho dos grãos magnéticos e sua disposição na matriz da
rocha. Do ponto de vista do tempo geológico, a magnetização remanente não é temporalmente
constante, embora a consideremos assim para os objectivos do estudo de anomalias magnéticas
(DENTITH; MUDGE, 2014; KEAREY; BROOKS; HILL, 2009).

Nesta magnetização temos a presença materiais ferromagnéticos, e podem reter uma


magnetização do campo na época de algum evento geológico.

2.3.2.1.Magnetização permanente primária


2.3.2.1.1. Magnetização Termoremanente (TRM)

Adquirida durante a solidificação e das rochas ígneas quando os seus minerais magnéticos
arrefecem passando pela T Curie. É a magnetização mais importante que ocorre nas rochas
ígneas e metamórficas de alto grau. Muitas rochas ígneas solidificam-se a temperaturas acima
de 1000°C. Nestas temperaturas os grãos magnéticos já estão desenvolvidos, mas a temperatura
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dos grãos está bem acima da temperatura de Curie que para a magnetita é de 578°C e para a
hematita é de 675°C.

2.3.2.1.2. Magnetização remanente detrítica (DRM)

Adquirida quando partículas magnéticas de um sedimento alinha-se dentro do campo magnético


Terrestre durante a sedimentação.

2.3.2.2.Magnetização permanente secundária


2.3.2.2.1. Magnetização remanente química (CRM)

Adquirida durante a recristalização de minerais magnéticos ou crescem durante a diagénese ou


metamorfismo.

2.3.2.2.2. Magnetização remanente viscosa (VRM)

Adquirida lentamente por uma rocha jazendo num campo magnético ambiente, na medida que
o domínio da magnetização relaxa na direção do campo.

Toda a rocha que contenha minerais magnéticos pode possuir tanto a magnetização induzida
como a remanente.

2.4.Susceptibilidade de Rochas e Minerais

A susceptibilidade magnética é uma propriedade física que vem das rochas e solos, depende do
tamanho e quantidade dos grãos minerais e principalmente de como está distribuído estes
minerais nas rochas. Podendo ser destes grãos finos dispersos em um conjunto de minerais
diamagnéticos e paramagnéticos formados por silicatos GRANT; WEST (1965).

A susceptibilidade magnética das rochas é condizente ao conteúdo e tamanho de minerais que


as constituem.

A susceptibilidade, medida em unidades adimensionais, é definida como a medida da


capacidade do material ser magnetizado. Quanto maior a susceptibilidade do material, maior
será a magnetização do mesmo. As rochas possuem seu carácter magnético directamente
proporcional ao conteúdo de minerais magnéticos que contêm.

As rochas ígneas máficas apresentam alta concentração de titanomagnetita e ilmenita em


relação as rochas félsicas.
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As rochas sedimentares efectivamente, não apresentam propriedades magnéticas, a não ser que
contenham magnetite na fracção dos minerais pesados.

Dificilmente, pode-se determinar com precisão a litologia a partir da anomalia magnética. Mas,
no geral, anomalias magnéticas em zonas com cobertura sedimentar serão provocadas por
rochas ígneas ou metamórficas subdjacentes ou uma intrusão ígnea na sequência sedimentar.
Entretanto, as causas mais comuns das anomalias magnéticas são: diques, falhas, soleiras
dobradas ou truncadas, fluxos de lavas, intrusões massivas, rochas metamórficas do
embasamento e corpos de minérios de magnetite.

Entretanto, a disponibilidade de minerais magnéticos nas rochas sedimentares está relacionada


a abundância desses materiais na área fonte da sedimentação, bem como a dinâmica do processo
de transporte e de deposição dos sedimentos.

Entre os principais minerais constituintes das rochas sedimentares está magnetita originada
principalmente de rochas vulcânicas e hematita de rochas sedimentares químicas. (LANZA;
MELONI, 2006).

Já nas rochas metamórficas, as condições para presença de minerais magnéticos é dependente


de um maior número de processos, em virtude das condições químicas e mineralógicas do
protólito, a presença de fluídos, o tempo do(s) evento(s) metamórfico, das condições de P e T
ao longo do tempo para cristalizar ou preservar novos minerais magnéticos, sendo essas
variáveis controladas pelo grau metamórfico.

Em alguns casos, na fácies xisto verde a clorita apresenta grande disponibilidade de ferro, em
estágio de menor grau metamórfico pirita é formada, enquanto na transição para a fácies
anfibolito hematita é cristalizada.

A magnetita pode ser preservada na fácies xisto verde até anfibolito, bem como pode ser
formada durante aumento do grau metamórfico durante a transição para a fácies granulito
(LANZA; MELONI, 2006).
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Tabela 1: Susceptibilidade magnética das principais rochas. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995)

Tabela 2: Susceptibilidade magnética de alguns minerais. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995).


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2.5.Medições magnéticas

O campo magnético terrestre pode ser medido através de instrumentos chamados


magnetómetros. Antes, as medidas eram feitas com bússolas, na intenção de localizar
concentrações de minerais magnéticos. Depois vieram instrumentos chamados “variómetros
magnéticos” que eram capazes de medir variações da componente horizontal e vertical do
campo e tinham uma sensibilidade em torno de 10 nT (LOCZY; LADEIRA, 1976).

O magnetómetro é um instrumento usado para medir a intensidade do campo magnético total


da Terra em uma determinada localização. Muitos objectos, incluindo os produzidos pelo
homem, e estruturas geológicas, apresentam uma distorção elevada em relação à suave alteração
do campo magnético total da Terra. Isso se deve a propriedade de cada material, isto é, ao seu
teor de materiais ferrosos na sua estrutura.

Existem basicamente três tipos de magnetómetros, utilizados nas actividades em que a medição
ou detecção de campo magnético é necessária: os dispositivos supercondutores de interferência
quântica (Superconducting Quantum Interference Devices ou SQUIDs), as bobinas de indução
(Precessão de Protões) e os magnetómetros de fluxo saturado ou “fluxgates”, nomeados pela
maneira que eles medem a força do campo magnético da Terra (LOCZY; LADEIRA, 1976).

2.5.1. Magnetómetro de precessão de protões

O magnetómetro de precessão de protões mede a frequência de precessão (spins) do núcleo


hidrogénio (protão). Uma garrafa preenchida com um fluido rico em hidrogénio (água ou
querosene) é energizada por uma corrente eléctrica passando através da bobina.

Figura 1: Magnetómetro GSM-19T de precessão de protões. Fonte: (LOCZY; LADEIRA, 1976).


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2.5.2. Magnetómetros de fluxo saturado (Fluxgate)

O magnetómetro Fluxgate funciona com duas bobinas primárias opostas envoltas por uma
segunda bobina de medição. Uma corrente continua passa através da bobina primária. O campo
H reforça um dos campos primários e reduz o outro. A voltagem induzida na bobina secundária
é proporcional ao campo geomagnético.

Figura 2: Magnetómetro Fluxgate. Fonte: (LOCZY; LADEIRA, 1976).

2.6.Técnicas de levantamento
Os levantamentos magnetométricos fazem-se por meio terrestre, aquático e aerotransportado.

2.6.1. Levantamentos terrestres

Os levantamentos magnetométricos terrestres são geralmente realizados sobre áreas


relativamente pequenas, sobre alvos predefinidos e com espaçamento entre as medidas de,
geralmente, entre 10 e 100 metros.

Levantamentos terrestres são basicamente aplicados no detalhamento de corpos mineralizados.


Correcções diurnas e de variações erráticas geralmente não são realizadas, pois em prospecção
mineral (maior aplicação dos levantamentos terrestres) as anomalias são em geral maiores do
que 500 nT. A sensibilidade do magnetómetro usado (em tomo de 1 nT) requer que as estações
fiquem localizadas distantes de qualquer objecto de dimensões consideráveis contendo ferro
em sua composição.
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Correcções de latitude podem ser desprezadas, entretanto, a influência da topografia deve ser
levada em consideração quando existem formações próximas constituídas por minerais
metálicos (tais como magnetita), neste caso a correcção de terreno se torna necessária.

Levantamentos terrestres são principalmente usados em exploração mineral e possuem como


objectivo identificar detalhadamente estruturas mineralizadas tais como sulfetos e ouro.

2.6.2. Levantamentos aéreos

Para dados aeromagnetométricos o espaçamento entre as linhas de voo depende do grau de


detalhe exigido para o alvo de exploração desejado e dos recursos financeiros disponíveis. Para
o reconhecimento de áreas, geralmente são realizados espaçamentos entre 1 e 2 km, e para
levantamentos de detalhe as linhas são espaçadas de 100 a 250 metros. Cabe ressaltar que a
altura do voo deve ser a mais baixa possível, de modo que não afecte a segurança do
levantamento.

Levantamentos aéreos são realizados em uma etapa de reconhecimento sobre áreas


relativamente extensas com o objectivo de detectar respostas magnéticas de macro feições. São
bastante usados em exploração de petróleo em uma etapa preliminar à sísmica para fornecer
profundidade, topografia e características composicionais das rochas do embasamento. Isso
porque as susceptibilidades das rochas sedimentares são em geral pequenas e contrastam com
as altas susceptibilidades das rochas ígneas do embasamento.

2.6.3. Levantamentos marítimos

Nesses levantamentos o elemento sensor é colocado a uma distância de 150 a 300m do navio
(para reduzir os efeitos da anomalia magnética oriunda da embarcação) em um receptáculo a
prova de água o qual é rebocado a 15 metros abaixo da superfície do mar.

Fornecem algumas vantagens significativas em relação aos aerolevantamentos, mas, a menos


que seja realizado em conjunto com gravimetria ou sísmica, oferecem desvantagem económica.
A principal aplicação tem sido em levantamentos oceanográficos de larga escala relacionados
à física da Terra e pesquisa de petróleo. A maior parte das evidências da teoria de tectónica de
placas foi colectada através de levantamentos magnéticos marítimos.

Actualmente existem levantamentos sendo realizados a partir de VANTs (veículo aéreo não
tripulado) que irão acoplar o magnetómetro para realizar o levantamento. Estes conseguem dar
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um maior grau de detalhe em relação aos levantamentos com helicópteros ou aeronaves e


conseguem percorrer áreas maiores que o levantamento terrestre.

Figura 3: Levantamento Magnetométrico com VANT. Fonte: (KEAREY; BROOKS; HILL, 2002).

2.7.Tratamento dos dados

Após a aquisição de dados obtidos em um levantamento magnetométrico, é necessário remover


todas as causas de variação que não tenham relação com os efeitos magnéticos da subsuperfície.
Para isto é aplicado algumas correcções, processamentos ou transformações do campo
magnético, a fim de facilitar a fase de interpretação dos dados (KEAREY; BROOKS; HILL,
2002).

Anteriormente a qualquer tratamento, é necessário fazer algumas correcções nos dados para
eliminar as variações devidas às causas não geológicas, como a variação diurna, que é feita para
remover as interferências magnéticas de externas, oriundas de tempestades magnéticas
(KEAREY; BROOKS; HILL, 2009). A correcção topográfica (desnível dos pontos de
amostragem), às vezes, correcções de latitude (escalas meso a macroscópica) e a remoção do
IGRF (International Geomagnetic Reference Field – Campo geomagnético de referência
internacional). É a representação teórica do campo magnético normal da Terra (KEAREY;
BROOKS; HILL, 2009).

Os métodos potenciais podem facilitar as interpretações geológicas através de tratamentos dos


dados medidos. Esses tratamentos, em geral, não são directamente definidos pela distribuição
de fontes, porém fornecem ideias que auxiliam na construção de um entendimento geral da
natureza das fontes magnéticas (Blakely 1996).
16

O tratamento de dados magnetométricos, definido como filtragem, baseia-se em técnicas


matemáticas aplicadas sobre os dados. Os filtros têm o propósito de realçar, atenuar, eliminar
ou transformar determinadas feições lineares e/ou planares, em função dos dados e objectivos
de integração com dados geológicos.

2.7.1. Interpretação (monopolo)

Frequentemente os dados de magnetometria são interpretados qualitativamente. Isso significa


que a simples avaliação visual dos mapas pode revelar importantes informações sobre a
estrutura geológica em subsuperfície. Para tanto, é necessário que o intérprete possua
experiência considerável em análise de dados magnetométricos.

É possível realizar sobre dados de magnetometria uma interpretação quantitativa, a qual


depende essencialmente das etapas de modelagem directa e inversa. Na primeira, o objectivo é
obter uma relação físico-matemática entre o campo magnético registado e propriedades tais
como magnetização e geometria dos corpos em subsuperfície. Para tanto, é necessário
parametrizar o meio, isso é, determinar uma linguagem matemática para descrever
adequadamente o meio geológico, extraindo parâmetros matemáticos que o caracterize, e
permitam estabelecer as equações de modelagem directa. Existem várias formas de
parametrização, dentre as quais as mais conhecidas são:

2.7.1.1.Parametrização prismática
O corpo é avaliado como um conjunto de pequenos prismas rectangulares, onde cada prisma
possui magnetização constante.

2.7.1.2.Parametrização laminar
O corpo é seccionado em finas fatias limitadas por seções poligonais representando seu
contorno estrutural. O efeito magnético de cada lâmina é calculado e depois integrado na
vertical para a obtenção do efeito total.

2.7.1.3.Parametrização poliédrica
Um corpo de forma qualquer é representado por um poliedro adequadamente construído de
forma tal a se assemelhar ao corpo original.

A modelagem directa pode ser usada na interpretação quantitativa através de um procedimento


de tentativa e erro, isto é, modela-se sucessivamente o meio, variando-se os parâmetros, até que
se consiga obter um mapa magnético sintético que melhor se ajuste ao mapa medido em campo.
17

Uma alternativa é utilizar a modelagem inversa, na qual se procura correlacionar os dados


medidos aos dados sintéticos obtidos pela modelagem directa. Os métodos de inversão podem
ser classificados em determinísticos (mínimos quadrados linear e não linear, SVD etc.) e
estatísticos (algoritmo genético, etc.) e, apesar de possuírem certas limitações, apresentam
resultados satisfatórios mesmo em meios com estruturas geológicas complexas.

Para a interpretação temos que tem que se fazer o estabelecimento do alvo (alvos regionais, ou
seja, tectónica local), fazer a delimitação de lineamentos magnéticos, zonas de cisalhamento e
suturas identificação de grandes estruturas, corpos profundos.

Na modelagem directa temos 2D ou 3D, o usuário deve criar o modelo ajustado ao sinal, e na
inversão temos 2D ou 3D, o usuário deve entrar com os dados. Para alvos locais temos presença
de magnetização remanente significativa, delimitação de limites laterais de corpos anómalos,
estimativas de profundidade e volume e corpos rasos.

2.8.Aplicações

Esse método é bastante útil para se definir em grandes áreas lineamentos magnéticos que podem
ser indicativos de concentração de minerais ferromagnéticos em contatos geológicos, diques,
falhas e lineamentos estruturais, que são definidos por anomalias estreitas e longas, em geral,
definidas por altos gradientes. Além disso, esse método é amplamente utilizado para prospecção
de minérios de ferro, níquel, cobalto e pode ser aplicável a prospecção de minerais metálicos
de uma maneira geral.

Ele também pode ser utilizado para minérios que não são ferromagnéticos, mas estão associados
a minerais ferromagnéticos no contexto geológico da região onde está sendo realizado o
levantamento, para isso é imprescindível que se tenha um amplo conhecimento do contexto
geológico da região para aplicar o método correcto.

Algumas aplicações deste método são:

➢ Prospecção de jazidas de minerais ferromagnéticos e hidrocarbonetos;


➢ Mapeamento estrutural e exploração mineral;
➢ Caracterização do embasamento de bacias;
➢ Exploração espacial;
➢ Vulcanismo e Arqueologia;
➢ Mapeamento de sedimentos contaminados;
➢ Localização de estruturas metálicas enterradas e/ou submersas.
18

3. Conclusão

Finda a realização do trabalho, chega-se a ilação de que a magnetometria é um método geofísico


que se baseia no campo magnético da Terra e sua interacção com os minerais e rochas, gerando
campos magnéticos anómalos (TELFORD; GELDART; SHERIFF, 1990). Esse método pode
ser aplicado em levantamentos terrestres, marinhos e aéreos. A magnetometria é amplamente
aplicada na resolução de problemas diversos envolvendo materiais magnéticos, tais como
prospecção de minerais metálicos, localização e definição da geometria de falhas e outras
estruturas geológicas, geologia de engenharia, arqueologia, entre outras aplicações (MILSON,
2008).

O objectivo final do método magnetométrico é de fornecer informações quantitativas sobre a


fonte causadora da anomalia, ou seja, um modelo geológico.
19

4. Referências Bibliográficas

Campus de Rio Claro/SP.2014. GRANT, F.S.; WEST, G.F. Interpretation Theory in Applied
Geophysics. McGraw-Hill, 583 p., 1965.

KEAREY, P.; BROOKS, M.; HILL, I. An introduction to geophysical exploration. 3rd. ed.
United Kingdom: Blackwell Publishing Company, 2002.

LANDIM, P. M. B. Análise estatística de dados geológicos. 2. ed. São Paulo. Editora Unesp,
2003. LOWRIE, W. Fundamentals of geophysics. 2. ed. New York: Cambridge University
Press, 2007.

LOWRIE. W. Fundamentals of Geophysics, Cambridge, 381 p., 2 ed., 2007.

LUIZ, J. G.; SILVA, L. M. C. Geofísica de prospecção. Belém: Universidade Federal do Pará,


1995.

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