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Departamento de Geologia

Faculdade de Ciências

Curso: Licenciatura em Geologia Aplicada

Cadeira: Jazigos Minerais - 3° Nível

Tema: Processo Formador de Depósito Hidrotermal

Discentes:

Bembele, Yuri

Nhanala, Mário

Docente:
Dra. Fátima Chaúque

Maputo, Maio de 2023


Lista de Figuras
Figura 1-. (A) Os principais tipos de água líquida que existem na superfície da Terra
ou perto dela. (B) Gráfico de hidrogénio (δDpermil) e oxigénio (δ^18 O permil)
razões isotópicas para vários tipos de água (após Taylor, 1997). A média padrão da
água oceânica ................................................................................................................. 6
Figura 2-A formação e as características das águas conatas/de formação. (a) Perfil de
profundidade ilustrando a taxa de liberação de água devido à compactação inicial e
redução da porosidade seguida pela desidratação de minerais argilosos como a
montmorilonite............................................................................................................... 8
Figura 3-A relação entre a produção de fluido conato durante a diagénese e a
produção de fluido metamórfico devido a reacções sistemáticas de desidratação
envolvendo a quebra de um conjunto mineral em outro contendo menos água. As
condições pertencentes aqui for ..................................................................................... 8
Figura 4-Diagrama simplificado ilustrando o balanço hídrico na superfície da Terra
ou próximo dela (após Berner e Berner, 1996). Os fluxos de precipitação estão em
10^6 km^3 ano^(-1) e volumes de reservatórios em 10^6 ............................................ 9
Figura 5-Imagem que ilustra o fluxo dos fluidos hidrotermais ao longo uma direcção
preferencial e sua difusão lateral.................................................................................... 9
Figura 6-Localização e geologia da área de Kalgoorle. (A) O cratão de Yilgarn como
um mosaico de gnaisse amalgamado, granitoides(tons vermelho dependendo do
terreno/domínio) e Greenstone(verde) contendo terrenos e domínio. O retângulo de
cor cinza indica a local ................................................................................................. 13
Figura 7-Sequencias de rochas que ocorrem nesta região, mostrando a variação do
mineral de alteração com a litologia (Nixon et al.,2014 colocar nas referências). O
Upper Black flag Beds, até a data não albergam qualquer mineralização de ouro
conhecida. .................................................................................................................... 14
Figura 8-Paragénese mineral da sequência dos filões Fimiston nos depósitos Golden
Mile e Mt Charlotte. O rectângulo vermelho mostra, o depósito em estudo, Golden
Mile(s (Vielreicher.,2016 em Clout et al., 1990; Shackleton et al., 2003; Mernagh et
al., 2004; RM V. ........................................................................................................... 16
Figura 9- Tabela resumida, dos estudos da região de Kalgoorlie, das duas principais
jazidas, mostrando as datações de Sr aumetando nos membros tardios e secundários
(félsicos). Adaptado de Vielrecher et al., 2016 em (R. Vielreicher; dados nao
publicados) ................................................................................................................... 18

I
Índice
Lista de Figuras ................................................................................................................................ I
1. Introdução ................................................................................................................................ 4
2. Generalidade ............................................................................................................................ 5
2.1. Objectivos ................................................................................................................................... 5

2.1.1. Objectivos geral ............................................................................................................. 5

2.1.2. Objectivo específico ....................................................................................................... 5

2.2. Metodologia ................................................................................................................................ 5

Capítulo I .......................................................................................................................................... 6
3. Fluido na crosta e sua origem .................................................................................................. 6
4. Fontes hidrotermais ................................................................................................................. 7
4.1. Água meteórica .......................................................................................................................... 7

4.2. Água conata (de formação) ....................................................................................................... 7

4.3. Fluido metamórfica ................................................................................................................... 8

4.4. Água do mar............................................................................................................................... 9

5. Movimento dos fluidos e precipitação ...................................................................................... 9


6. Alteração Hidrotermal ............................................................................................................. 9
6.1. Tipos de alteração e associação mineral ................................................................................ 10

6.2. Secreção lateral ........................................................................................................................ 11

Capítulo II ...................................................................................................................................... 11
7. Apresentação de um estudo de caso de um depósito característico ....................................... 11
8. Enquadramento geológico...................................................................................................... 12
8.1. Contexto tectónico e metalogénico de Kalgoorlie ................................................................. 12

8.2. Geologia da jazida de ouro de Kalgoorlie .............................................................................. 13

8.3. História estrutural ................................................................................................................... 15

9. Natureza dos minérios (Textura) ........................................................................................... 15


10. Mineralogia ........................................................................................................................ 16
10.1. Paragénese mineral ............................................................................................................. 16

11. Composição isotópicas ....................................................................................................... 17


11.1. Composição de isótopos radiogénicos ................................................................................ 17

12. Tempo de mineralização de Ouro ...................................................................................... 17


13. Génese do gigantesco campo de ouro de Kalgoorlie .......................................................... 17
Conclusão ....................................................................................................................................... 19
Referencias Bibliográficas .............................................................................................................. 20

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1. Introdução
Os processos hidrotermais são caracterizados por soluções aquosas quentes responsáveis pela
formação do depósito Mineral.

Os processos hidrotermais de formação de minério são omnipresentes e dificilmente existe um


depósito de minério em qualquer lugar da Terra que não tenha sido formado directamente a
partir de soluções aquosas quentes que fluem através da crosta, ou modificado em vários graus
por tais fluidos (Robb, Laurence. 2005)

Os fluidos percorrem um determinado meio no interior da crosta e geram diversas


mineralizações a partir da solução original, que pode ser muito ou pouco modificada (Skinner,
1997).

Campo de minério gerados por esse tipo de depósito é limitado, mostrando que eles possuem
uma consistência química, notada principalmente pela concentração de sulfetos (Skinner, 1997)

Para o estudo de um depósito, mundialmente conhecido. Escolheu-se o Golden Mile, kalgoorlie


na Austrália.

É um campo de ouro neoarqueano, localizado na austrália ocidental, que contém depósitos de


Golden Mile e Mt Charlotte de classe mundial. É um depósito constituído de veios dúcteis e
frágeis de brecha que estão alojados na soleira dolerito, altamente fracionada. Os filões são
disseminados de pirite, quartzo com alteração dominada por sericite, carbonato (Vielrecher et
al.,20160, com um tamanho enorme (> 1.457 toneladas de ouro) e os teluretos são responsáveis
por aproximadamente 20% da produção de ouro. (Bateman.R, 2003)

O restante do ouro (5–10%) ocorre como “ouro invisível” [ou seja, ouro que ocorre em solução
sólida ou como coloides (Bateman.R, 2003)

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2. Generalidade

2.1. Objectivos
2.1.1. Objectivos geral
➢ Processo formador do depósito hidrotermal

2.1.2. Objectivo específico


➢ Descrever os fluidos na crosta e sua origem
➢ Caracterizar os aspectos fundamentais para a mineralização hidrotermal
➢ Apresentar um caso de um depósito hidrotermal mundialmente conhecido

2.2.Metodologia

Para elaboração do trabalho, baseou-se na revisão bibliográfica que compreende: artigos livros
científicos publicados, livros e sites, que abordam o tema do trabalho de investigação.

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Capítulo I

3. Fluido na crosta e sua origem


Existem quatro outros tipos principais de água na superfície da Terra ou perto dela. Embora
todos possam ter tido origens semelhantes, cada um desses reservatórios de fluidos é diferente
em termos de composição e temperatura e, portanto, desempenharão papéis diferentes na
formação dos depósitos de minério. Os principais tipos de água são definidos como água do
mar, água meteórica, água conata e água metamórfica, listados normalmente em ordem
crescente de profundidade (e temperatura) na crosta. Um quinto reservatório de fluido, onde as
águas são derivadas da mistura de dois ou mais outros tipos de água, também é descrito abaixo,
especificamente porque os fluidos misturados podem ser muito importantes em certos
ambientes de formação de minério

O aspecto fundamental para a mineralização hidrotermal ocorra são: Fonte dos fluidos
hidrotermais e metais; Alteração hidrotermal; Estabilidade de sulfetos e; Transporte e
precipitação dos metais.

A B

Figura 1-. (A) Os principais tipos de água líquida que existem na superfície da Terra ou perto dela. (B) Gráfico
de hidrogénio (δDpermil) e oxigénio (δ^18 O permil) razões isotópicas para vários tipos de água (após Taylor,
1997). A média padrão da água oceânica

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4. Fontes hidrotermais
4.1.Água meteórica
A água meteórica tem sua origem imediata dentro do ciclo hidrológico e, portanto, esteve em
contacto com a atmosfera. Em um contexto geológico, refere-se à água subterrânea que se
infiltrou na crosta superior, por meio de chuva ou infiltração de águas superficiais ou correntes.
Os fluidos hidrotermais, no entanto, penetram ao longo de fracturas até níveis profundos na
crosta e estão, portanto, envolvidos na circulação generalizada ao longo do regime da crusta. É
responsável pela formação de diferentes tipos de depósitos de minério hidrotermais, mas
especialmente aqueles caracterizados por transporte de temperatura relativamente baixa e
precipitação, como arenito hospedado e minérios de urânio superficiais.

4.2.Água conata (de formação)


A água que está incluída nos espaços porosos intersticiais do sedimento à medida que é
depositada. Tais fluidos movem-se invariavelmente através da sequência e frequentemente
estão envolvidos na formação de depósitos de minério. A temperatura dos fluidos conatos
aumenta com a profundidade na sequência sedimentar, sendo a taxa exacta de aumento uma
função do gradiente geotérmico local. As pressões dos fluidos também aumentarão com a
profundidade, embora a natureza da variação de pressão com soterramento progressivo
provavelmente seja complexa e dependa da quantidade de fluido dos poros presente em
qualquer unidade sedimentar e da interacção entre os gradientes de pressão hidrostática e
litostática.

Os fluidos conatos também sofrem aumentos de densidade (relacionados com aumento de


pressão e salinidade), como demonstram a (figura 2c) e salinidade está relacionado à interacção
de águas conatas com horizontes evaporitos que contêm minerais facilmente solúveis, como
halita, silvita, gesso e anidrita.

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Figura 2-A formação e as características das águas conatas/de formação. (a) Perfil de profundidade ilustrando a
taxa de liberação de água devido à compactação inicial e redução da porosidade seguida pela desidratação de
minerais argilosos como a montmorilonite.

4.3.Fluido metamórfica
À medida que as rochas são progressivamente enterradas e as temperaturas excedem cerca de
200 °C, o processo de diagénese evolui para um de metamorfismo (envolve várias reacções).
As reacções de desidratação e descarbonatação durante o metamorfismo progressivo são,
portanto, processos muito importantes que produzem volumes substanciais de água
metamórfica na crosta média e inferior.

Um exemplo da Bacia de Witwatersrand na África do Sul (Figura 3.) mostra que a cerca de 300
°C uma reacção metamórfica envolvendo a quebra de caulinita em pirofilita resultará na
produção de água metamórfica. Este último decorre do fato de que a caulinita contém mais
água do que a pirofilita, de modo que o excesso de água liberado pela transformação de fase
deve ser expelido na sequência sedimentar. Esta reacção é seguida a cerca de 400 °C pela
transformação de muscovita e clorita em biotita, quando mais fluido será produzido.

Figura 3-A relação entre a produção de fluido conato durante a diagénese e a produção de fluido metamórfico
devido a reacções sistemáticas de desidratação envolvendo a quebra de um conjunto mineral em outro contendo
menos água. As condições pertencentes aqui for

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4.4.Água do mar
A água do mar é amplamente circulada pela crosta oceânica e é responsável por ampla alteração e
redistribuição de metais nesta porção da crosta terrestre.

Figura 4-Diagrama simplificado ilustrando o balanço hídrico na superfície da Terra ou próximo dela (após
Berner e Berner, 1996). Os fluxos de precipitação estão em 10^6 km^3 ano^ (-1) e volumes de reservatórios em
10^6

5. Movimento dos fluidos e precipitação

Difusão- em mais de uma direcção,


variação lateral da composição, e a
precipitação é por substituição de
reacções ‘
Infiltração – em uma direcção, e
grandes distâncias, munda abrupta
da composição. Precipitação directa
(veios, cavidades, space filling)

Figura 5-Imagem que ilustra o fluxo dos fluidos hidrotermais ao longo uma direcção preferencial e sua difusão
lateral

6. Alteração Hidrotermal
A alteração hidrotermal é um processo complexo que envolve alterações mineralógicas,
químicas e texturais, resultantes da interacção de fluidos aquosos quentes com as rochas por
onde circulam, em condições físico-químicas evolutivas
Em essência, os fluidos hidrotermais atacam quimicamente os constituintes minerais das rochas
da parede, que tendem a se reequilibrar formando novos conjuntos minerais que estão em
equilíbrio com as novas condições. O processo é uma forma de metassomatismo, ou seja, troca
de componentes químicos entre os fluidos e as paredes-rochas.

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Os principais factores que controlam os processos de alteração são: (1) a natureza das rochas
da parede; (2) composição dos fluidos; (3) concentração, actividade e potencial químico
dos componentes do fluido.

6.1.Tipos de alteração e associação mineral

➢ Alteração Potássica: caracterizada por feldspato potássico e/ou biotita, tendo como
acessório quartzo, magnetita, sericita e clorita.
➢ Alteração Propilítica: caracterizada principalmente pela associação clorita-epídoto com
ou sem albita, calcita, pirita, e como acessórios o quartzo-magnetita-illita. Caracteriza
as margens de depósitos de cobre pórfiro, bem como minérios epitermais de metais
preciosos.
➢ Sericítica: quartzo e sericita com minerais acessórios como clorita, illita e pirita, porém
com predominância de sericita. Está associada a depósitos de cobre pórfiro, mas
também a minérios de metais preciosos mesotérmicos e a depósitos maciços de sulfetos
vulcanogênicos em rochas félsicas
➢ Alteração Tipo Greisens: Caracterizado por moscovita de granulação grossa, feldspato
e quartzo, com ou sem topázio e/ou turmalina. Esta alteração ocorre principalmente
associada a fases pneumatolíticas em rochas graníticas diferenciadas que contêm
mineralização de Sn e W,
➢ Carbonatação: refere-se à formação de minerais carbonáticos (calcita, dolomita,
magnesite, siderita, etc.) durante a alteração de uma rocha. Os depósitos de ouro do
cinturão verde arqueano representam um tipo de depósito de minério onde a alteração
carbonática é virtualmente omnipresente e é acompanhada por um conjunto que
compreende quartzo, moscovita, biotita, albita e clorita.
➢ Hematização: a alteração associada a fluidos oxidantes geralmente resulta na formação
𝐹3+
de minerais com alto teor de 𝐹2+ e, em particular, hematita com K-feldspato associado,

sericita, clorita e epidoto. No ambiente magmático-hidrotérmico, ocorrências como o


depósito Cu-Au-Fe-U do tipo Olympic Dam, hospedado em granitóides, no sul da
Austrália, são caracterizadas por esse estilo de alteração. Também tipifica outros corpos
de minério, incluindo os minérios de Cu-Co estratiformes, hospedados em sedimentos,
do Cinturão de Cobre da África Central.

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6.2.Secreção lateral
Formação de depósitos minerais por lixiviação de metais e sílica da rocha hospedeira. O magma
segrega os elementos químicos das rochas adjacentes, interagindo com a encaixante devido
abertura provocada por fracturas.

Exemplo – Caso histórico do Yellowknife Goldfields – O Depósito Mineral ocorre em lentes


de quartzo-carbonato em zonas de cisalhamento clorítica cortando anfibolitos. Os principais
minerais são quartzo, carbonatos, sericita, pirita, arsenopirita, stibnita, calcopirita, pirrotita,
esfalerita, galena e ouro nativo. adjacentes aos depósitos.

Capítulo II
7. Apresentação de um estudo de caso de um depósito
característico
Os depósitos hidrotermais podem ser derivados de vários processos, como anteriormente
referidos. Resultando na formação de depósitos, resultantes da precipitação destas soluções a
nível mundial, e Moçambique não é uma exceção. Entretanto há dentre estes vários, os que
são usados como modelo de pesquisa, dada a sua representatividade a nível de classificação
dos depósitos hidrotermais. Alguns dos mais conhecidos e importantes, são a seguir
mencionados:
➢ Depósitos de Au, Ag e sulfetos em veios de quartzo, com exemplo dos depósitos de
Golden Mile, Kaigorlie, Austrália; Hollinger-Mclntyre localizado em Timmins,
Ontario, Canadá
➢ Depósitos de Cu, Pb e Zn em Sulfetos? Maciços Vulcanogênicos (SMV), são na sua
maioria pequenos, mas há os gigantes(>50Mt). Por exemplo, Kidd Greek; Distritos de
Rio Tinto, Espanha e Neves Corvo em Portugal
➢ Depósitos de Zn, Pb e Ag em Sedimentos Exaltivos (SEDEX). Com exemplo, Red
Dog, Alaska, EUA; Rampura, India; Changba (China); na Austrália os depósitos de
Mount ISA, Century, Mc Arthur River e Broken Hill e em Canadá os depósitos de
Sullivan, Columbia Britânica
➢ Depósitos de Zn e Pb do tipo vale Mississípi (DVM). OS exemplos destes depósitos
encontram-se na América do Norte: Distritos do sudoeste do Wisconsin, Tri-State
(Missouri-Oklahomakansas), Old Lead Belt e Viburun Trend; No território oeste do
Canadá, nos distritos de Pine Point
➢ Depósito de Zn do tipo Irlandês (IRISH). Com exemplo na Irlanda, depósito de Nevan
Este relatório centrará o estudo e descrição do depósito de Ouro em Kaigorlie, Austrália.
Conhecido por Depósito Golden Mile.

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8. Enquadramento geológico
Neste enquadramento será feito com base no contexto de sua tectónica, história estrutural e
sob o ponto de vista litológico.
8.1.Contexto tectónico e metalogénico de Kalgoorlie
Boa parte dos depósitos de ouro em vários terrenos ao longo do Kalgoorlie, e nas outras
províncias Australianas podem ser comparadas com outros depósitos Neoarqueanos ao longo
do mundo (Província superior do Canadá), (Vielcher et al 2016) e mesmo a nível
moçambicano segundo (Notícia Explicativa (1995) no Greenstone Belt de Manica, cratão do
Zimbabwe. Considerando as rochas hospedeiras, alterações potássicas, conjunto de minério
com baixo teor de sulfuretos e teluretos, um período pós apogeu em rochas verdes, grau de
ouro e geometria de filão que são controlados estruturalmente.
O terreno Kalgoorlie é um dos vários alongados no sentido norte-sul(N-S), que foram
acrescidos à margem continental do terreno Youanmi no limite oriental do cratão Proto-
Yilgarn no neoarqueano. (Figura 6). As sequências rochosas deste terreno registam um
vulcanismo relacionado com plumas, e um vulcanismo característico de um cenário
extencional de arco antecedido de um arco maduro rifteado (Vielcher et al 2026 em
Gindalbie; Barley et al,1989,2008; Krapez e Barley 2008). O terreno adjacente, Kurnalpi, a
leste, é definido por andesitos formados num sistema intra-arco
Foram propostos dois modelos principais para o cenário tectónico durante a formação e
deformação das rochas de 2,72-2,69 Ga dos terrenos Kalgoorlie e Kurnalpi relacionados com
o arco
1. Uma combinação de vulcanismo relacionado com plumas e arcos num rift autóctone
desenvolvido acima de uma zona de subdução dirigida à oeste que se estendia por baixo do
actual terreno Youanmi a leste e acrecção de ambos os terrenos ao proto Yilgarn (2,66- 2,63
Ga) (Vielcher et al 2016 em Czarnota et al., 2007,2010; Blewett et al,2010)
2. Uma bacia associada a falhas de deslizamento e amalgamação de terrenos associados aos
arcos, semelhante ao arquipélago moderno das Filipinas (Vielcher et al., 2016Barley et al,
2008; Krapez e Barley., 2008)
No que se refere à mineralização de ouro, estudos geológicos e geocronológicos, mostram
que estes depósitos formaram-se durante a acreção do terreno Kalgorlie ao youanmi, antes da
estabilização do cratão, Yilgarn(Vielreicher et al., 2015). São, então, depósitos orogénicos,
entretanto a origem dos fluídos contendo estas mineralizações compreende duas teorias:
1. O fluído formou-se abaixo das rochas supracrustais mineralizadas na crusta continental
através de devolatilização metamórfica (Vielcher et al.,2016 em Phillips e Powell,2009)
2. Devolatização da rocha abaixo, com sedimentos oceânicos sobrejacentes, ou da litosfera
abaixo. Mas há ainda os modelos magmático-hidrotermal, que relacionam um fluído
magmático local e uma fonte de metal relacionada com sienitos. Ou intrusões de
monzodiorito tonalito com elevado teor de Mg (Vielcher et al,.2016 em Robert,2001;
Muller.,2015)

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Figura 6-Localização e geologia da área de Kalgoorle. (A) O cratão de Yilgarn como um mosaico de gnaisse
amalgamado, granitoides (tons vermelhos dependendo do terreno/domínio) e Greenstone(verde) contendo
terrenos e domínio. O retângulo de cor cinza indica a local

8.2.Geologia da jazida de ouro de Kalgoorlie


Gold mile, está localizado no terreno de Kalgoorlie. Que é limitado a oeste por uma falha
regional, a falha Ida, que mergulha para este. E a leste é limitada pela falha Mount Monger,
que também mergulha para leste (Vielrecher et al., 2016 em Swager,1989).
Este terreno compreende seis domínios estruturais, com sequências de rochas
metamorfizadas, correlacionáveis de 2,73 – 2,65 Ga
Esta região, é marcada por quatro sequências lito-estratigráficas dispostas de forma
discordante uma em relação a outra. A sequência Kambalda, predominantemente vulcânica,
seguida da sequência Kalgoorlie, de rochas na sua maioria vulcanoclásticas e as sequências
kurrawang e Merougil de rochas sedimentares siliciclásticas (Vielrecher et al., 2016em
Swager et al.,1992; Morris.,1993; Krapez et al., 2000 e Krapez e hand, 2008). Neste relatório
serão destacadas as duas primeiras (Figura 7)
A unidade basal de sequência de Kambalda, o basalto de Lunnon (tholeiitic pilloe basalt and
flows), não é mostrado porque não aparece na área, embora esteja exposta mais a sul em
Kambalda

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A sequência kambalda subdivide-se em importantes unidades (da mais antiga à mais recente):
Lunnom Basalt, Kambalda Komatiite, Devon Consol basalt e Pparinga Basalt, com finas
unidades sedimentares intercaladas. A jazida de ouro esta situada neste domínio, num
afloramento de Komatiítos e basaltos, que é sobreposta e cortada discordantemente por uma
sucessão de mais de 3000m de espessura com quatro sequências de rochas vulcanoclásticas e
epiclásticas de tonalito-trondjenitodacito (TTD), com riólito, andesito, basalto toleítico em
menor quantidade e dominada por rochas daciticas da sequência Kalgoorlie (grupo Black
Flag).
E intruídas por soleiras subvulcânicas de riólito e dacito, gabro-doleritico e granitoídes do
tipo I, constituindo a parte mais jovem desta sequência (Vielrecher et al., 2016 em Krapez e
hand,2008) (Figura 9). Nesta sequência segundo (Vielcher et al., 2016 em Ramussen et al,
2009) constatou que o principal hospedeiro da mineralização, é o dolerito considerado soleira
intruída e colocado no grauvaque carbonoso ao longo do contacto superior do Paringa Basalt.

Figura 7-Sequencias de rochas que ocorrem nesta região, mostrando a variação do mineral de alteração com a
litologia (Nixon et al.,2014 colocar nas referências). O Upper Black flag Beds, até a data não albergam qualquer
mineralização de ouro conhecida.

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8.3.História estrutural

A Jazida de Ouro de kalgoorlie está alojada numa sequência de rochas dobradas, falhadas e
movimentadas lateralmente (falha de Boulder Lefroy), regionais com strike de cerca de
100km, com tendência NNW

A história é controversa, mas há um modelo que tem sido usado como base
Após a extensão inicial (De) e a extrusão de rochas de rochas ultramáficas/máficas
(Sequência Kambalda) para rochas vulcânicas e vulcanóclasticas intermédias/félsicas
(Sequência Kalgoorlie)
As rochas foram depois dobradas, cisalhadas e sujeitas a falhas durante a compressão ENE e
WSW e E e W associadas a D2 a D4. Estas deformações polifásicas são descritas como
produto da orogenia de kalgoorlie (Vierlrecher et al 2016 em Weinberg e Van der Borgh,
2008), ou múltiplas deformações, que provalmente registram a acrecção do terreno
Kalgoorlie do cratão proto-Yilgarn
Assim pode resumir que a deformação D2, é marcada por dobras verticais e sistemas de
zonas de cisalhamento e falhas, que são cortadas transversalmente, reactivadas por falhas
inversas dextral D3 e zonas de cisalhamento.
A geometria estrutural da jazida de ouro de Kalgoorlie é resultado da deformação D2, quando
a estratigrafia regional e as estruturas D1 foram inclinadas para a actual atitude, com uma
foliação penetrativa, cisalhada, falhada e dobrada. O cisalhamento é sinistral (Vierlrecher et
al 2016 em Muller et al., 1988), sinistral reverso (Vierlrecher et al 2016 em Bateman et al,
2001), ou dextral reverso (Vierlrecher et al,2016 em Clout et al.,1990)
As outras estruturas D2 foram reactivadas durante a deformação D4, responsável pelo
desenvolvimento de falhas íngremes, de orientação NNE, laterais à direita, com um
movimento inverso, e pela formação de veios dominados por Quartzo.

9. Natureza dos minérios (Textura)


Dada a similaridade da geometria da maioria dos depósitos em Kagoorlie, foram agrupados e
descritos como sendo Fimiston. com pelo menos um dos dois tipos de minério ‘‘end-menber’’
Golden mile ou Mt Charlotte, com as seguintes características:
Fimiston, com filões aproximadamente planos, com declive acentuado, de grãos finos de
sílica-sericite, sulfureto-telureto com veios de quartzo-carbonato, brechas de crepitação, veios
quartzo-cabonato calcedónio em cinturões e zonas de stingr que definem veios de proto-
carbonato de escala milimétrica e centimétrica, ultramilonitios, que estão intercalados ou em
lentes de microbrecha e cataclasito.

O depósito Golden Mile, como já referido, o dolerito que aparece em forma de soleira, da
sequência Kalgoorlie é o principal hospedeiro do minério. A mineralização de ouro, apresenta
a geometria em forma de filões em todos os depósitos controlados por uma interação
complexa estrutural, contrastes reológicos e químicos nas rochas hospedeiras e intrusão de
diques.
Os filões são classificados em quatro grupos com base na orientação: Principal (320/90-
85SW); Counter (280-230/65-80SE); Easterly (160/70-90 ENE); Cross (220-230/65-85SE). A
jazida de Charlotte, apresenta características semelhante assim como boa parte dos restantes
depósito.

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10. Mineralogia

10.1. Paragénese mineral


As rochas de Kalgoorlie são
metamorfizadas, com assembleia mineral
da fácies xisto verde superior (350-400
o
C; Vielreicher et al., 2016 em M. Kucki
e Robert,2003). Este conjunto
metamórfico está mais retrabalhado e
substituída pela alteração relacionada
com ouro.
Estudos petrográficos indicam, que as
alterações relacionadas ao ouro, de
Golden e Charlotte, são posteriores ao
pico do metamorfismo regional das fáceis
xisto verde (Mikucki e Roberts.,2003
As texturas ígneas e sedimentar,
primárias são bem preservadas em zonas
de baixa deformação, mas as fases
originais como piroxénio, plagióclase e
titanomagnetite no dolerito, são
substituídas por actinolite (± biotite) –
albite/epídoto- ilmenite/titanite-quartzo
(Vielreicher et al.,2016 em Clout et al
1990). A paragénese é generalizada na
(Figura 8)
O dolerito mineralizado neste depósito
assim como o Mt Charlotte indica que a
maior parte do ouro, foi depositado
relativamente tarde nestes sistemas de
minério.

Figura 8-Paragénese mineral da sequência dos filões Fimiston nos depósitos Golden Mile e Mt Charlotte. O
rectângulo vermelho mostra, o depósito em estudo, Golden Mile (s (Vielreicher.,2016 em Clout et al., 1990;
Shackleton et al., 2003; Mernagh et al., 2004; RM V.

Alguns aspectos adicionais, referem que a mineralogia do fluído, que é dominado pelo CO2,
que reagiram com as rochas metabásicas e levaram a desagregação de actinolite a clorite e
carbonato; A sericite nas zonas de alteração é resultado da adição de potássio no fluído
(Vielreicher et al.,2016 em White et al.,2003); A pirite da sulfetização do Fe, nas rochas
hospedeiras (Vielreicher.,2016 em Neall,1987)

16
11. Composição isotópicas
Para o estudo em termos de datação, da região, Golden mile assim como Mt Charlotte, foram
feitos estudos baseando-se na composição dos isótopos estáveis e instáveis. Este relatório irá
concentrar-se na composição dos isótopos radiogénicos, de Sr (estrôncio), por serem mais
representativos para entendimento lito-estratigráfico.
11.1. Composição de isótopos radiogénicos

Clout (1989), descreveu três gerações de minerais de sulfato (primários, tardios e secundário)
de Golden Mile e apresenta dados isotópicos de Sr para cada grupo. (Figura 9)
Os sulfatos primários da mineralização do estilo Fimiston tem baixos valores da razão
87
Sr/86Sr e baixos conteúdos de Rb, e são interpretados como estando próximos dos valores
iniciais do manto resultantes do equilíbrio com rochas derivadas do manto.

As amostras de sulfato tardios e secundários tem razão progressivamente mais elevados e são
consideradas como indicando diferenças substanciais nas idades de cristalização, ou uma
maior contribuição de fontes radiogénicas (crustaís) ricas em Rb e de Sr
Os autores (Mc Naughton et al, 1992), sugeriram que a natureza radiogénica dos depósitos
tardios e secundários é resultado da mistura de fluídos. Visto que regionalmente, as
composições isotópicas de Sr e Rb, mais radiogénicos são mais comuns em depósitos nos
domínios granito-gnaisse.

12. Tempo de mineralização de Ouro


Assim como muitos eventos desta região é controvérsia, o tempo de mineralização. Alguns
autores, os agrupam como múltiplos eventos de mineralização de retrabalhamento durante
cerca de 4.5 Ma de deformação. Mas a maioria concorda, que a mineralização é pós pico de
metamorfismo regional, entretanto a cronologia estrutural dos filões a contesta.

Alguns dos autores referem, que os filões formaram -se antes da deformação D1, uma vez
que são cortados por todas as estruturas, incluindo suaves falhas D2 que mergulham para
oeste e que localmente albergam filões de Bonança Green-Leader ou estilo Oroya.
Dados adicionais, indicam que o minério de Mt Charlotte se formou depois do minério de
Fimiston, deve concluir-se que ambos formaram -se à 10 Ma um do outro em cerca de
2,64Ga (idade máxima Fimiston e idade mínima para a deformação de Mt Charlotte).

13. Génese do gigantesco campo de ouro de Kalgoorlie


Para a génese deste depósito foram considerados várias hipóteses, às primeiras:
1. Depósito sinvulcânicos associados à sequência félsica (Vielrecher et al.,2016 em Gustafson
e Miller,1937; Travis et al 1971; Clout,1989) e que é epitérmico de ouro e telureto, fluído
derivados não só de magmatismo félsico, mas também de águas do mar ou meteóricas, e a
dessulfidação de fluídos durante a interação com rochas quimicamente favoráveis
(Clout,1989; Clout et al, 1990)

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2. Depósitos epigenéticos temporalmente relacionados com a deformação (Vielrecher et
al.,2016 em D3: Mueller,2015), com fluídos de mineralizações derivados do metamorfismo,
magmatismo ou ambos (Vielrecher et al.,2016 em Campbell,1953; Woodall, 1965; Golding,
1982; Boulter et al., 1987; Mueller et al., 1988), relacionado com magmatismo calcário-
alcalino episódico sinorogenico.
Entretanto dados geocronológicos precisos, indicam que ambos os estilos de mineralização se
formaram aproximadamente na mesma altura (Mt Charlotte e Golden Mile), com uma
diferença de cerca de 10 Ma entre si, por volta de 2,64 Ga, ou seja, cerca de 20-30m após o
pico da intrusão dos diques pórfiro feldspato -férrico (2,67Ga) e após a deposição das rochas
vulcanoclásticas- sedimentares de Black Flag na área (2,69 a 2.655 Ga em Krapezz et al
2004)
Assim sendo, os modelos que invocam uma cronologia sinvulcânica para mineralização de
ouro podem agora ser excluídos.

Figura 9- Tabela resumida, dos estudos da região de Kalgoorlie, das duas principais jazidas, mostrando as
datações de Sr aumentando nos membros tardios e secundários (félsicos). Adaptado de Vielrecher et al., 2016
em (R. Vielreicher; dados não publicados)

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Conclusão
Os depósitos hidrotermais podem ser derivados de diversos processos, de soluções quentes
misturados de gases ou saís, que dissolvem elementos químicos (𝐴𝑢; 𝐴𝑔; 𝐶𝑢; 𝑃𝑏; 𝑍𝑛; 𝑒𝑡𝑐) na
rocha, transportando esses elementos, posteriormente são concentrados e depositados em
armadilhas. Este consiste no princípio principal de formação desses depósitos: Fonte,
Aplicação de energia, transporte e armadilha. Responsável pela formação dos principais
depósitos mundiais, o Golden Mile é um exemplo e o objecto de estudo

Esta jazida de ouro, compreende dois tipos de minério dominantes, ambos com a deposição
de um fluído aquoso juvenil, potássico, de baixa salinidade e com CO2. A geocronologia
suporta o facto de ambos os estilos de depósitos (Golden Mile e Mt Charlotte), que muitas
vezes são mencionados no relatório, dada a similaridade e essencial para o entendimento das
mineralizações nesta região. Que concluíram terem sido depositados a menos de 10Ma um do
outro (limite de idades U-Pb e Ar-Ar) em torno de 2,64 Ga.
A fonte exata do fluído continua a ser especulativa, mas actuais dados sobre a composição do
fluído, incluindo a fusão do fluído e as composições de isótopos estáveis e radiogénicos, são
consistentes de um fluído metamórfico derivado de partes profundas das sequências
supracrustais vulcânicas ou mesmo mais profundas e que reagiu com rochas crustaís ao longo
da falha à escala crustal ou zonas de cisalhamento que controlavam as trajectórias dos fluídos
regionais.

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Referencias Bibliográficas
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Geosciences; Geoscience Fronteirs7 3569-374
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22 de Maio de 2023

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