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Angelina Abudo Dumar

Benilda Remo Mucatare

Délio Humberto Vasco Lopes

Felismina Artur

Jesualdo Bernabé Nchopa

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pios

Reinata Mariano Robath

Sérgio Eusébio Ranque

Parentesco

(Curso de Licenciatura em Geologia com Habilitações em Mineração)

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Angelina Abudo Dumar

Benilda Remo Mucatare

Délio Humberto Vasco Lopes

Felismina Artur

Jesualdo Bernabé Nchopa

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pios

Reinata Mariano Robath

Sérgio Eusébio Ranque

Parentesco

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de Antropologia Cultural de Moçambique,
curso de Licenciatura em Geologia, 2º
Ano, leccionada pelo Docente: Jemusse
Abel.

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 4

2. Objectivos do Trabalho ........................................................................................................... 5

3. Metodologia ............................................................................................................................ 5

4. Parentesco ............................................................................................................................... 6

4.1. Conceitos .......................................................................................................................... 6

4.2. As unidades funcionais do parentesco e a sua importância ............................................. 6

4.3. As Formas do Parentesco ................................................................................................. 7

4.3.1. Consanguinidade .......................................................................................................... 7

4.3.2. Adoptivos...................................................................................................................... 7

4.3.3. Aliados .......................................................................................................................... 7

4.4. Os esquemas do parentesco .............................................................................................. 8

4.5. A Filiação ....................................................................................................................... 10

4.6. Grupos de Parentesco ..................................................................................................... 12

4.7. Aliança Matrimonial ...................................................................................................... 13

4.8. Residência e circulação matrimonial e seu impacto na organização social e política ... 14

5. Conclusão.............................................................................................................................. 16

6. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 17


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1. Introdução

O presente trabalho aborda sobre Parentesco. Os indivíduos, em vida, formam teias ou relações
sociais diversificadas.

Essas relações emergem desde a nascença a grupos de brincadeiras, passando pela escola, local
de trabalho, etc. Elas permitem que nos identifiquemos em relação a outros indivíduos, membros
do mesmo grupo ou num determinado meio. É no âmbito dessas relações, que se formam com a
vida.

O Parentesco tem uma base operatória, pela qual se identificam as relações sociais entre os
membros em referência. Trata-se aqui da Parentela e da Família. Nesta lição você vai
familiarizar-se com esses dois conceitos e a importância que os mesmos têm no sistema de
Parentesco.
Na vida quotidiana, nota-se que o Homem se guia por um conjunto de sinais que substituem os
objectos, coisas ou seres a que se referem, desde palavras, imagens, sons, objectos, etc.
Todo o indivíduo que existe está ligado a um laço de Parentesco que o liga às gerações anteriores
ou posteriores. É à volta dessas ligações que vamos falar da Filiação.
Seja em que meio for, nenhuma organização social é feita aleatoriamente. Essa característica
estende-se à residência e à circulação de membros num determinado território. De facto, a
residência é feita em função de certas regras e ela tem um certo impacto sobre a organização
social.
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2. Objectivos do Trabalho
2.1.Objectivo Geral
➢ Estudar sobre o Parentesco.

2.2.Objectivos Específicos:

➢ Explicar as unidades funcionais do parentesco e sua importância;


➢ Caracterizar as formas e esquemas de parentesco;
➢ Explicar a filiação;
➢ Classificar os grupos de parentesco;
➢ Explicar a aliança matrimonial;
➢ Conhecer a residendência matrimonial e seu impacto na organização social e política.

3. Metodologia
Para a realização do presente trabalho, foi desenvolvido na base do método de pesquisa
bibliográfica que consistiu na consulta de artigos, teses e obras literárias que abordam sobre o
tema em alusão.
No que tange a estrutura, o presente trabalho apresenta uma introdução, objectivos do trabalho,
metodologia usada, desenvolvimento da pesquisa e por fim a conclusão e as referências
bibliográficas.
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4. Parentesco
4.1.Conceito
Parentesco é um vínculo que liga os indivíduos entre si em vista da geração e da descendência
(Bernardi, 1978, p. 259).

Pode-se defini-lo como um sistema simbólico de denominação das posições relativas aos laços
de descendência e de afinidade.

O parentesco é um sistema simbólico de denominação das posições relativas aos laços de


descendência e de afinidade. O parentesco é definido em referência a um indivíduo (Ego).
Mesmo variando de uma sociedade para outra e com o tempo, o parentesco continua a definir as
relações sociais e as normas de comportamento. Se nos primórdios envolvia apenas aspectos de
consanguinidade, hoje ele alarga-se também à Adopção e a outros critérios.

4.2.As unidades funcionais do parentesco e a sua importância

A Parentela é a primeira unidade funcional do parentesco. É um grupo de pessoas que se forma à


volta de um Ego. Contudo, a Parentela não envolve necessariamente uma descendência.

Com a Parentela, as sociedades definem os seus parentes próximos (aqueles com os quais as
regras de comportamento são mais fortes), os parentes afastados (os que, apesar de serem
parentes têm relações menos fortes) e aqueles que não são parentes.

A outra unidade funcional que está intrinsecamente ligada ao indivíduo é a Família. A definição
de família é, por vezes, muito imprecisa, podendo designar, segundo Mello (2005, p.326-327), o
grupo composto de pais e filhos; uma linhagem (patrilinear ou matrilinear), um grupo que
descende do mesmo antepassado, um grupo de parentes e descendentes que vivem juntos.

A Parentela e a Família Nuclear tornam o Parentesco operatório e funcional. É dentro da


Parentela e da Família Nuclear que se definem os parentes próximos e os mais distantes.

O Parentesco pode ser alargado ou restrito, em função das teias de relações que comporta.

É na família que se fundam relações tipicamente humanas e ela desempenha diversos papéis,
como o de reprodução, socialização, económica, religiosa.
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4.3.As Formas do Parentesco

Segundo a forma como os vínculos se formaram ou o Parentesco surgiu, este pode:

➢ Ser real (a consanguinidade);


➢ Fictício (o da Adopção);
➢ Relações de aliança (Afinidade).

Apesar da Adopção criar laços fortes, a consanguinidade parece criar laços mais profundos. Em
função destes pressupostos, surgem os Parentes Consanguíneos e Aliados ou Afins.

4.3.1. Consanguinidade

Os Parentes Consanguíneos compreendem os da linha recta, isto é, os ascendentes (os que


nasceram antes de um Ego ou de você, como os seus avôs e pais) e os descendentes (os que
nasceram depois do mesmo Ego ou de você mesmo, como os seus filhos, os seus netos). Nestes
Parentes Consanguíneos são ainda integrados os da linha colateral (germanos, isto é,
descendentes do mesmo pai e mãe, no seu caso, os seus irmãos, os seus primos e os seus tios).

4.3.2. Adoptivos

Os Parentes Adoptivos ou Fictícios são os que resultam de um processo de Adopção de um


indivíduo por membros que não têm nenhuma relação de consanguinidade.

4.3.3. Aliados

Os Parentes Aliados são os indivíduos ligados a um determinado grupo de Parentesco por via de
casamento. São os membros com que se têm as relações de afinidade.

Estas relações surgem partindo-se do pressuposto segundo o qual na família, marido e mulher
não são parentes consanguíneos.

Estes laços de afinidade têm uma grande importância no conjunto da organização social de
qualquer agrupamento humano.

Este tipo de relação, mesmo em sociedades industrializadas, é, de certa forma, responsável pela
distribuição de benefícios ou aproximação de grupos sociais.
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4.4.Os esquemas do parentesco

A antropologia usa diferentes símbolos e esquemas de Parentesco, os quais permitem, a qualquer


leitor, identificar as relações entre os diferentes membros do grupo social em referência ou
representado. Assim, os seguintes símbolos têm o significado que está logo a seguir:

Indivíduo de sexo indiferenciado (isto é, pode ser Homem ou mulher)

Indivíduo falecido
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Para além dos símbolos, na Antropologia é usado um conjunto de abreviaturas para designar os
parentes primários, (aqueles cuja ligação não precisa de intermediário) secundários, (aqueles cuja
ligação tem um intermediário), terciários (os que precisam de dois intermediários para a sua
ligação) e os afins. O quadro que se observa abaixo, traz as abreviaturas dos Parentes Primários e
Secundários.

Abreviaturas dos Parentes Primários e Secundários

Fonte: Christian Ghasariam, 1999, p. 35-36.


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4.5.A Filiação

A Filiação entende-se como o conjunto das regras que definem a identidade social da criança em
relação aos seus ascendentes e que determinam a hierarquia dos membros da família, a forma de
herança dos bens, a transmissão dos cargos e funções, até a distribuição da autoridade nas
sociedades (Rivière, 1995, p. 64-65).

De forma geral, a Filiação pode ser unilinear (patrilinear ou matrilinear); Bilinear e


Indiferenciada.

Na Filiação Unilinear, o indivíduo não escolhe o seu grupo de pertença. Ele recebe-o. A pertença
ao grupo é determinada pelo facto de se ser filho do pai ou de se ser filho de determinada mãe, já
que em certas sociedades aponta-se que uma criança é gerada por um único dos seus
progenitores.

Umas consideram que a mãe é a única responsável pelo nascimento da criança, negando-se a
paternidade fisiológica.

Na Filiação Patrilinear, designada também por Agnática, a pertença ao grupo obtém-se pelo pai e
a relação com os outros membros deste grupo passa-se exclusivamente pelos indivíduos do sexo
masculino (os agnatos). Por exemplo, os filhos da irmã do pai não são membros do grupo de
Filiação, contrariamente aos do irmão do pai. A Filiação transmite-se do pai para o filho.

Na Filiação Matrilinear ou Uterina, o laço do Parentesco é transmitido pela mãe. O Ego


masculino, apesar de ser membro do grupo de Filiação da sua mãe, ao contrário do que acontece
com a irmã, não transmite a sua pertença aos filhos. Estas sociedades são geralmente sedentárias
e geralmente vivem da agricultura. Veja o esquema a seguir:
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A filiação bilinear, ou dupla Filiação, combina as duas filiações unilineares. A Filiação é


reconhecida de ambos lados (paterno e materno), mas com finalidades diferentes. Num dos lados
pode receber o apelido e no outro receber, por exemplo, poderes espirituais. Vejamos o esquema
a seguir:

A Filiação Indiferenciada, também designada Cognática ou Bilateral ignora o sexo para a


definição dos laços do Parentesco.

No sistema de Filiação Cognática, o Ego é membro de dois grupos de Parentesco: o do seu pai e
o da sua mãe. Geralmente este sistema cria uma teia complexa de relações que a Filiação
Unilinear e Bilinear. É característica dos países ocidentais.

O Ego recebe a Filiação dos quatro avôs, oito bisavôs, dezasseis trisavôs, entre outros.
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4.6.Grupos de Parentesco
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4.7.Aliança Matrimonial

Aliança Matrimonial ou simplesmente do casamento constitui uma união estabelecida entre dois
grupos exógamos, pelo cruzamento de um dos seus membros com alguém pertencente a outro
grupo.

O casamento é uma Instituição Social que visa o estabelecimento de vínculos de união estáveis
entre o homem e a mulher, baseados no reconhecimento do direito de prestações recíprocas de
comunhão de vida e de interesses, segundo as normas das respectivas sociedades.

A Aliança Matrimonial condiciona processos de filiação, de residência, de apelido, de herança,


de atitudes e é a base da procriação legítima no grupo conjugal.

A liança Matrimonial condiciona a mudança do estatuto dos novos esposos e a criação de laços
jurídicos, sociais e económicos.

De um modo geral, o casamento tem uma função social, quer como base de manutenção do
grupo social, a partir da procriação, quer pela manutenção de alianças entre grupos familiares,
tendo por isso uma função comunitária.

Geralmente o casamento dissolve-se por duas vias: por morte de um dos membros ou pelo
divórcio que, por sua vez, pode resultar de vários factores: infertilidade de um dos membros,
infidelidade, contradições entre os membros, maus tratos, concubinato, entre outros.
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4.8.Residência e circulação matrimonial e seu impacto na organização social e política

Os agrupamentos locais e residenciais são unidades funcionais que definem a circulação de


membros, quer masculinos quer femininos, no interior de uma comunidade.

O estabelecimento de um casal é objecto de regra. Existem vários tipos de residência. Como, a


residência unilocal pode ser definida pelas residências: patrilocal, virilocal, matrilocal e
uxorilocal.

É residência patrilocal, quando o casal vive nas terras ou na proximidade do grupo do marido.
Em Moçambique é característica nas comunidades de filiação patrilinear.

É virilocal, quando o casal se estabelece nas terras não do grupo do marido, mas nas terras
próprias do marido e pode ser num sistema matrilinear ou patrilinear.

De um modo geral, os filhos estando sob o controle do pai, a transmissão da herança e a


sucessão, na presença de um pressuposto de transmissão de um poder político, é feita de pai para
o filho.

O pai é o responsável pela transmissão dos rudimentos sociais do grupo ou da educação aos
filhos, controlando, por isso, a circulação destes. Este tipo de residência pode ser encontrado nas
famílias migradas por largos tempos ou definitivamente.

É residência matrilocal quando o casal se instala junto dos pais da esposa. Geralmente é a avó
materna que controla o grupo doméstico.

É uxorilocal, quando o casal se estabelece em casa da esposa. Quando a residência é do mesmo


tipo de filiação, por exemplo, filiação matrilinear e residência matrilocal, o regime é dito
harmónico.

Se uma residência unilocal admite o estabelecimento do domicílio ou do lado do marido ou da


mulher, isto é, deixa a escolha dos cônjuges, chama-se bilocal ou ambilocal. Mas ela pode ser
alternada, se primeiro é patrilocal e depois matrilocal, ou o inverso.

Mas também pode ser duolocal ou natolocal, quando os cônjuges podem, em certas ocasiões,
residir separadamente, com a sua família.
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Ela tem geralmente um carácter temporário, quando, por exemplo, o novo casal se encontra a
criar condições para o seu estabelecimento, ou quando, por exemplo, a mulher recebe assistência
na casa da mãe, durante um parto, período durante o qual, o homem visita amiudadas vezes a sua
esposa.

Os agrupamentos residenciais são unidades funcionais que definem a circulação de membros. O


estabelecimento de um casal é objecto de regra, podendo ser patrilocal, virilocal, matrilocal e
uxorilocal.

A residência pode ser ainda bilocal ou ambilocal, duolocal ou natolocal, avunculocal.


Geralmente nesses grupos residenciais estabelecem-se comportamentos que regem a relação
entre os seus membros, são os sistemas de atitudes, como as que existem entre o tio materno e o
sobrinho, sogros e genros, ou entre parentes aliados, como por exemplo o gracejo.
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5. Conclusão
Em forma de conclusão, parentesco é um sistema simbólico de denominação das posições
relativas aos laços de descendência e de afinidade. O parentesco é definido em referência a um
indivíduo (Ego). Mesmo variando de uma sociedade para outra e com o tempo, o Parentesco
continua a definir as relações sociais e as normas de comportamento. Se nos primórdios envolvia
apenas aspectos de consanguinidade, hoje ele alarga-se também à Adopção e a outros critérios.

O Parentesco pode ser formado por via da consanguinidade, da Adopção e por aliança. Por isso,
nem sempre é fácil distinguir a origem da parentela a partir da designação do parente. Na
essência existem dois sistemas de parentesco: descritivo e classificatório.

Os agrupamentos residenciais são unidades funcionais que definem a circulação de membros. O


estabelecimento de um casal é objecto de regra, podendo ser patrilocal, virilocal, matrilocal e
uxorilocal. A residência pode ser ainda bilocal ou ambilocal, duolocal ou natolocal, avunculocal.
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6. Referências bibliográficas
BERNARDI, Bernardo. Introdução aos Estudos Etnoantropológicos. Lisboa, Edições 70, 1978,
p. 257-306.
COPANS, J. et al. Antropologia. Ciência das Sociedades Primitivas? 2ª edição. Lisboa, Edições
70, p. 56-140.
GHASARIAN, Christian. Introdução ao Estudo do Parentesco. Lisboa, Terramar, 1999, 231 p.
MELLO, Luis Gonzaga de., Antropologia Cultural. Iniciação, Teorias e Temas. Petrópolis,
Editora Vozes, 2005, p. 313-339.
RADCLIFFE-BROWN, A. R. E FORDE, Daryll. Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e
Casamento. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1950, 223 p.
RIVIÈRE, Claude. Introdução à Antropologia. Lisboa, Edições 70, 2000, p. p. 61-88.

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