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UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Amélia Massiquine
Elísio Hama
Michael Balbino
Patrício Américo
Renahaz Pedro
Beira
2022
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Amélia Massiquine
Elísio Hama
Michael Balbino
Patrício Américo
Renahaz Pedro
Beira
2022
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 4
2. Objectivos ................................................................................................................................ 4
2.1. Geral:.................................................................................................................................... 4
2.2. Específico:............................................................................................................................ 4
3. Metodologia ............................................................................................................................. 4
4. Ritos ......................................................................................................................................... 5
7. Conclusão .............................................................................................................................. 11
1. Introdução
A expressão “ritos de iniciação” não é uma denominação conhecida pelas pessoas que realizam
essas práticas, ela foi concebida pelos observadores externos e estudiosos dessas práticas. Os seus
praticantes usam outros nomes, que se traduzidos literalmente das suas línguas para a língua
portuguesa ter-se-ia uma variedade de designações conforme a diversidade de grupos
sociolinguísticos existentes. A designação “ritos de iniciação” teve início nos circuitos
acadêmicos, principalmente com o surgimento da antropologia como disciplina científica, como
forma de “rotular” ações culturais cujas significações se encerrariam dentro do contexto do grupo
que as cria e as realiza. É assim que o olhar conceitual das palavras ‘rito’ e ‘iniciação’ se insere na
perspetiva cultural, da simbolização e significação, da introdução das gerações mais novas aos
segredos dessa realidade perene construída ao longo dos séculos pelos grupos sociais.
Na visão antropológica há, então, o reconhecimento de que “no rito se fundem o éthos e a visão
do mundo, ‘o mundo imaginado’ e o ‘mundo vivido’” (TERRIN, 2004, p. 31), mesmo que o seja
no âmbito da simbolização e da interpretação (GEERTZ, 1989). O rito possibilita a realização da
vontade do ser humano em viver o ‘imaginado’.
2. Objectivos
2.1.Geral:
• Compreender os ritos de iniciação como mecanismo de socialização.
2.2.Específico:
• Definir os ritos de iniciação;
• Analisar a importância educativa dos ritos de iniciação para a sociedade;
• Analisar o rito de indiciação com a socialização do indivíduo no mundo.
3. Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho e a conclusão do mesmo, foi feito uma revisão bibliográfica
dos manuais físicos tanto como eletrónicos disponibilizados no website (internet).
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4. Ritos
Nas primeiras abordagens teóricas sobre os ritos, estes são relacionados com a magia e a religião,
por isso, são compreendidos como componentes processuais de uma crença mágica ou religiosa.
Esse processo sedimentador tem função importante no ritual, devido sua condição estruturante,
dentro de uma realidade estruturada. Portanto, as significações presentes no time ritual, tendem a
ser sedimentadas, conscientes (ou não), pelos seus atores, que incorporam valores,
comportamentos, normas, 85 crenças ou outros elementos constitutivos do processo ritualístico e
da estrutura social que fundamenta sua origem.
Van Gennep (1977) destaca que os ritos se constituem como instrumentos que exercem um
controle simbólico sobre as ameaças e os perigos presentes nas fases transitórias da evolução do
homem entre posições de status, papéis ou estados sociais integrantes da estrutura social em que
o rito ocorre. Dessa forma, o homem crê que tem o domínio sobre os processos (naturais ou
sobrenaturais) que estavam à mercê de forças até então incontroladas.
Essa crença só se torna possível à medida em que os atores incorporam e sedimentam o conjunto
de relações sociais significantes que fazem parte constitutiva do ritual.
Portanto, os rituais, por mais que possam parecer sistemas restritos a vida religiosa ou mágica
como nos estudos de Durkheim (1996) e de Radcliffe - Brown (1973), fazem parte de um processo
socializador ao qual os indivíduos ficam sujeitos ao entrarem em contato com as instituições
partícipes desse processo.
Esses ritos são uma ‘escola’ que concilia o conhecimento à vida, onde acontece uma tríplice
revelação: do sagrado, da morte e da sexualidade. E cabe ao iniciando conhecê-las, assumi-las e
integrá-las na sua personalidade. Adquire, assim, a iniciação um valor educativo eficaz que
estrutura a personalidade para toda a vida, e para a vida em comunidade e na comunidade. Isso
acontece porque “ não se pode conceber nem explicar o indivíduo bantu isolado de uma
comunidade” (Ibid. p. 110). É assim que seus verdadeiros protagonistas individuais e sociais são
os grupos, desde a família ao grupo étnico-lingüístico.
A formação da pessoa ocorre para que possa assumir os direitos e deveres sociais. Os ritos de
iniciação tornam-se, assim, uma “escola do cidadão e da vida”, pois são aprendidos os significados
dos símbolos e rituais, o sentido e o funcionamento da magia, a hierarquia dos antepassados, a
teodiceia, as relações que deve observar com o mundo individual e as normas da ética; é uma
iniciação religiosa e, também, a descoberta dos mistérios da vida, o significado e o valor do sexo
e a preparação para a sua função social. Assim, os ritos de iniciação são empreendimento educativo
porque são responsáveis pela transmissão e perpetuação da experiência humana, da cultura
(FORQUIN, 1993).
A importância social dos ritos é inquestionável, o que se confirma com as seguintes palavras de
Van Gennep: “se os ritos não resolvem a vida social, sabemos que sem eles a sociedade humana
não existiria como algo consciente, uma dimensão a ser vivenciada e não simplesmente vivida,
como ocorre com os gestos mais pesados da rotina cotidiana” (1977, p. 11)
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6. O Ritual e a Socialização
Os rituais ao realizarem um processo estruturante, reiteram valores, símbolos, regras, normas
e comportamentos para os atores que participam ativa ou passivamente da ação ritualística.
O historiador Hobsbawn (1984) percebeu isto quando definiu as tradições inventadas como um
conjunto de práticas reguladas por regras, em que, "tais práticas de natureza ritual ou simbólica,
visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição".
É por isto que Leopoldi (1978), ao expressar a relação entre os rituais e o ambiente social em
que estão inseridos, considera-os como uma "expressão fundamental da ordem social em que
emergem". Desta forma, os rituais evidenciam e manifestam a ordem em que emergem, dentro
de uma lógica estruturada, mas ao mesmo tempo estruturante e reiteradora àqueles que
desenvolvem e participam do rito realizado.
Assim, (Alberto & Maciel, n.d.) sugeriram nessa reflexão que os ritos, no processo de
socialização, tendem a realizar três funções importantes deste mesmo processo: comunicação
e articulação; pedagógica (educa / treina / adestra) e legitimadora / controladora.
Desta forma, existe um problema gerado pelo aparecimento acentuado de vários subuniversos
de significação que crescem "rapidamente com a progressiva divisão do trabalho e os
excedentes econômicos" (Idem, p. 117). O problema está em como garantir a integração entre
estes subuniversos de significação tão variados e distintos.
Este papel se desenvolve à medida em que os rituais permitem uma comunicação entre os
subuniversos de significação, sem que ocorra uma homogeneização destes. Esta comunicação
pode permitir uma articulação integradora entre subuniversos de significação que, permanecem
distintos, mesmo quando se "acomodam" dentro de uma base social maior.
Isto quer dizer que a comunicação - articulação que os rituais propiciam entre os diversos
subuniversos de significação social objetivam alcançar uma integração funcional importante
para o sistema maior. Sem que ocorra essa integração funcional entre os subuniversos de
significação poderia existir o risco de um fechamento hermético dos subuniversos a ponto de
se distanciarem da base objetiva das relações sociais que o formou, ou seja, a sociedade.
6.2. Pedagógica
Sendo verdade que em uma dada sociedade existem subuniversos de significação separados,
distintos, particulares, que emergem de uma mesma base social, também é verdadeiro que os
indivíduos se movem entre estes subuniversos, realizando passagens entre os mesmos (Gennep,
1977).
Ora, essa passagem, consciente (ou não), implica na necessidade de que o indivíduo tenha
domínio dos códigos, valores e condutas do subuniverso que está entrando. Nesse sentido,
acredita-se que os rituais contribuem no processo pedagógico de educar / treinar / adestrar o
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Assim, o ritual, ao desempenhar esse preparo pedagógico do indivíduo, faz com que o mesmo
"antecipe" subjetiva e comportalmente o mundo em que vai entrar, de que vai fazer parte. Essa
"antecipação se caracteriza pelo desenvolvimento de uma forte identificação do indivíduo com
um grupo de social ao qual ainda não pertencia" (Motta, 1996). Desta forma, o indivíduo vai
"adotando os comportamentos e condutas dos membros do grupo que passará a fazer parte"
(Idem, 1996).
Esse processo fica marcado fortemente nas instituições totais (Goffman, 1988) em que "os
indivíduos devem esquecer os papéis que desempenhavam fora, e às vezes mesmo o seu nome
e suas propriedades. Com frequência essa perda de identidade se traduz na substituição das
roupas pessoais por uniformes, na substituição dos nomes por números" (Motta, 1996, p. 55).
Nesse aspecto, devemos considerar que as observações de Turner (1974), expõem uma
compreensão superficial e fenoménica do processo ritualístico, quando discute a liminaridade
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dos ritos de passagem, apresentando que esta condição liminar pode implicar em uma ausência
de status social ou na falta de um relacionamento estruturado.
Ora, o ritual ao fazer parte do processo socializador não está separado da base social que o
origina, mas faz parte e alimenta essa mesma base social, nutrindo-a com as relações sociais
necessárias à sua manutenção e preservação.
Assim, à medida em que o indivíduo está "aprendendo" novas condutas, relativas aos papéis
sociais que deverá desempenhar no subuniverso de significação em que está entrando, devemos
lembrar, então, que "os papéis participam do caráter controlador da
institucionalização".(Berger, 1985).
Desta forma, o ritual tende a executar uma função controladora e legitimadora de uma estrutura
social, à medida em que molda e controla o que "nasce", marcando a fronteira entre o que
"nasce" e o que "morre".
7. Conclusão
De acordo com Cipre (1996), os ritos de iniciação como um mecanismo de socialização, são,
por um lado, de grande importância para a organização da vida da pessoa iniciada e sua inserção
na vida comunitária. Por outro, a passagem do rapaz ou da rapariga pelos ritos de iniciação
confere-lhe, segundo Alfane (1995), o reconhecimento como ser humano socialmente
completo e devidamente integrado no seu meio social, encontrando-se em condições de
cumprir com o seu papel de homem e de mulher. Por conseguinte, processa-se a ascensão à
categoria de adulto através das cerimónias iniciáticas.
A socialização é aqui entendida como sendo “o processo através do qual o indivíduo aprende
e interioriza o sistema de valores, de normas e de comportamentos de uma determinada cultura”
(MAIA, 2002, p. 350). A socialização não só permite uma estabilidade comportamental,
através da interiorização de normas e valores, como também promove a coesão e integração
entre os membros de um grupo determinado (MAIA, 2002).
8. Referências Bibliográficas
Alberto, C., & Maciel, B. (n.d.). RITO , SOCIALIZAÇÃO E PODER : reflexões e indagações
teóricas . 83–99.
AUGRAS, M. Morte e Renascimento, In: PITTA, Danielle Perin Rocha - org. O Imaginário e
a Simbologia da Passagem. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1984.
DA MATTA, R. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio
de Janeiro: Guanabara, 1979.
DURKHEIM, É. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
HOBSBAWN, E. e RANGER, T. A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
LEOPOLDI, José Savio. Escola de Samba, Ritual e Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1978