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Funçoes didacticas

A rápida reflexão realizada tem o propósito de fazer notar que, de facto, uma aula não é um todo
indissociável, mas sim composta de diferentes fases, também designadas por “funções
didácticas”.

As funções didácticas são elementos ou partes que constituem a actividade principal do processo


de ensino-aprendizagem, o qual se manifesta na coordenação, subordinação, combinação e
relação destas, de modo a garantir que o PEA se realize de forma eficaz, isto é, que as várias
partes do PEA possam constituir uma unidade de conhecimentos.

A organização das funções didácticas é uma sequência lógica de aquisição e apropriação


dos conhecimentos e a sua posterior aplicação na vida prática. Uma aula é realizada com mais
de uma função didáctica.

As Funções Didácticas são estudadas separadamente, mas são aplicadas de forma


interrelacionada durante uma aula.

Cada etapa ou passo da aula corresponde a uma função didáctica, que é dominante, o que
significa que pode haver o envolvimento das restantes, com o fim de, no conjunto, elas
assegurarem a eficácia da assimilação da matéria. Em cada função didáctica é proposto o tempo
da sua duração, o método dominante, o conjunto de meios e formas de ensino e também as
actividades do professor e do aluno. Assim, as funções didácticas encontram-se interligadas e
fazem parte integrante de uma aula que compreende um sistema , sobressaindo a ideia de que, na
prática docente, elas devem ser usadas de forma integrada, ou seja, numa relação dialéctica entre
todas elas. Por esse facto, enquanto num dado momento o professor realiza uma certa função
didáctica como sendo a predominante, nela integra elementos doutras funções didácticas.
Esquema 2: Sistema das funções didácticas

A. Introdução/motivação

Esta função didáctica visa a preparação e introdução da matéria, correspondendo


especificamente ao momento inicial de preparação para o estudo da matéria nova e compreende
actividades interligadas, tais como:

 Preparação prévia do professor;

 Preparação dos alunos;

 Introdução da matéria nova;

 Colocação didáctica dos objectivos.

Antes de entrar na sala e iniciar a aula, o professor precisa de se preparar, através de uma
planificação sistemática da aula ou conjunto de aulas.

A preparação sistemática de aulas assegura a dosagem da matéria a tempo, o esclarecimento de


objectivos a atingir e das actividades que serão realizadas, bem como a preparação dos meios de
ensino adequados.
No início da aula, a preparação dos alunos visa criar condições de estudo, mobilização da
atenção, para criar uma atitude favorável ao estudo, organização do ambiente, suscitar interesse
e ligar a matéria nova à anterior.

A motivação inicial inclui perguntas para averiguar se os conhecimentos anteriores estão


efectivamente consolidados e prontos para o conhecimento novo. Aqui o empenho do professor
está em estimular o raciocínio dos alunos, instigá-los a emitir próprias opiniões/ideias sobre o
que aprenderam e fazê-los ligar os conteúdos às coisas ou eventos do dia-a-dia.

Como foi referido, a introdução do assunto é a ligação da matéria anterior com a matéria nova.
Constitui, desta forma, a ligação entre as noções que os alunos já possuem em relação à matéria
nova, bem como o estabelecimento de vínculos entre a prática quotidiana e o assunto. É
importante que os alunos tenham amplas oportunidades de expressar as ideias que já possuem,
pois, crianças têm conhecimentos tácitos, dos quais não são necessariamente conscientes, até
que sejam encorajadas a verbalizá-los.

O melhor procedimento para aplicar a introdução é apresentar a matéria como um problema a ser
resolvido. Mediante perguntas, troca de ideias/experiências, colocação de possíveis soluções,
estabelecimento de relações causa-efeito, os problemas relacionados ao tema vão-se
encaminhando para se tornarem também problemas para os alunos na sua vida prática. Com isso,
vão sendo apontados os conhecimentos que é necessário dominar e as actividades de
aprendizagem correspondentes.

O professor fará, então, a colocação didáctica dos objectivos, uma vez que é o estudo da nova
matéria que possibilitará o encontro de soluções. Os objectivos indicam o rumo do trabalho
docente e ajudam os alunos a terem certeza dos resultados a atingir.

O aluno é o agente da própria aprendizagem, isso significa que a cada conteúdo que o professor
pretenda abordar, há sempre um e outro aluno que tenha um conhecimentomínimo sobre o
assunto, e poderá então associar este conhecimento anterior ao novo conhecimento que o
professor irá abordar. É neste contexto que se privilegia a troca de experiência dos alunos e o
estabelecimento de relações de causa-efeito, porque permitem ao aluno associar o conteúdo novo
com os conhecimentos da vida prática e, por sua vez, optimizar esses conhecimentos, ou seja,
usar esses novos conhecimentos com mais solidez ao longo das tarefas com que se deparar ao
longo da vida.

B. Mediação/assimilação

Depois de suscitada a atenção e a actividade mental dos alunos na etapa anterior (Introdução e


Motivação), é o momento dos alunos familiarizarem-se com o conhecimento que irão
desenvolver e um dos procedimentos práticos é a apresentação do conteúdo como um problema a
ser resolvido, embora nem todos os conteúdos se prestem a isso. Assim, a “Mediação e
Assimilação” constituem a etapa ou passo da Aula, onde se realiza a percepção de fenómenos
ligados ao tema, a formação de conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de
observação, imaginação e raciocínio dos alunos. Pode também ser percebida como sendo o
momento da aula, isto é, a função didáctica na qual o mediador dá orientações, explicações
necessárias, organiza as actividades dos alunos que os possam conduzir à assimilação activa
dos conhecimentos para desenvolver atitudes, convicções, habilidades, hábitos, etc..

É nesta fase em que os alunos devem ter amplas opoprtunidades de se ocupar e empenhar com a
matéria da aula, de forma activa e colaborativa. A actividade dos alunos (seja individual, aos
pares, ou em grupos) pode ser iniciada ou seguida por uma exposição pelo professor. Desta
forma, os alunos não apenas decoram factos, mas sim adquirem e desenvolvem habilidades e
competências.

A função do professor é de mediar o processo de construção do conhecimento. Assim, a figura


do professor como transmissor de conhecimentos desaparece, para dar lugar à figura de
mediador, facilitador ou orientador, concebendo o aluno como o sujeito da sua própria
aprendizagem.

C. Domínio/consolidação

Esta etapa consiste na organização, aprimoramento e fixação dos conhecimentos por parte dos


alunos, a fim de que estejam disponíveis para orientá-los nas situações concretas de estudo e de
vida. Trata-se, também, de uma etapa em que, em paralelo com os conhecimentos e através
deles, se aprimora a formação de habilidades e hábitos para a utilização independente e criadora
dos conhecimentos. A consolidação de conhecimentos e formação de habilidades e hábitos inclui
exercícios, a recapitulação da matéria, o resumo, a aplicação dos conceitos aprendidos para
outros contextos, as tarefas de casa e a sistematização. Entretanto, estes dependem do facto de
que os alunos tenham compreendido bem a matéria e de que estes sirvam de meios para o
desenvolvimento do seu pensamento independente, do seu raciocínio e da sua actividade mental.

Nesta etapa pretende-se conseguir o aprimoramento do novo saber dos alunos, por isso, o
professor deve criar condições de retenção e compreensão da matéria, através de exercícios e
actividades práticas para solicitar a compreensão.

Não é aconselhável apresentar aos alunos muitos conteúdos, sem que tenham a oportunidade de
pôr em prática o que têm aprendido e, muito menos, aproveitar- se do conteúdo aprendido para
as aprendizagens posteriores, através de repetição, sistematização e aplicação. Através da
repetição o professor pode: reafirmar os conhecimentos e capacidades fundamentais; controlar o
nível da situação inicial do aluno; obter uma base para avaliar a cada aluno ou a todo o grupo.

A aplicação é uma etapa fundamental para o processo de ensino-aprendizagem, porque permite


que haja aumento e desenvolvimento das capacidades através da resolução de problemas e
tarefas em situações analógicas e novas. Esta etapa é a ponte para a prática profissional, visto que
desenvolve as capacidades que devem possibilitar ao aluno o poder de aproveitar a teoria e,
posteriormente, pôr os seus conhecimentos no trabalho produtivo. Daí a importância da aplicação
para realizar a unidade entre a teoria e a prática.

D. Controle/avaliação

Esta etapa permite o acompanhamento de todo o processo de ensino-aprendizagem e forma ao


mesmo tempo a conclusão das unidades do ensino. O professor pode dirigir efectivamente o
processo de ensino-aprendizagem e conhecer permanentemente o grau das dificuldades dos
alunos na compreensão da matéria. Este controle vai consistir, também, em acompanhar o PEA
avaliando as actividades do professor e do aluno em função dos objectivos definidos. Através do
controlo e avaliação, o professor pode providenciar e, se necessário, rectificar, suplementar ou
mesmo reorganizar a aprendizagem.

Pela avaliação é possível saber-se se a aprendizagem está a efectuar-se conforme o previsto ou


não e, ao mesmo tempo, permite ao professor certificar-se sobre o que o aluno aprendeu e, então,
saber que rumo dar aos trabalhos das novas aulas (se é para repetir, ou prosseguir dependendo da
situação vivida no momento quanto ao saber, saber fazer e saber ser-estar dos alunos).

Quadro 17: Exemplo da matriz de passos e organização do ensino em diferentes funções

Método/
Funções didácticas Tempo Conteúdo/Passo
Organização/Materia

Apresentação do tema Toda turma

5 –10 mi Apresentação dum problema, Demonstração


Introdução e motivação (Introdução)
n. fenómeno ou duma questão /
imagem / texto/ obje
Informação sobre a aula concretos

Exploração do tema
Trabalho
Exposição do assunto a
 colectivo
explorar
Mediação e assimilação (Exploração do 15 – 20   em pequenos
Experiências ou actividades
tema, situações de descoberta) min. grupos
práticas
 por pares
Discussão
 individual
Resolução de problemas

Domínio e Consolidação (Síntese, 5 – 10 mi Recolha de resultados Trabalho


integração, aprofunda- mento) n.
Apresentação do trabalho (em  colectivo
grupos, por pares, individual)
 em pequenos
Discussão grupos

Resolução de exercícios  por pares


egisto dos resultados (no
 individual
quadro / nos cadernos)

Síntese e sistematização do
trabalho

Resumo dos assuntos tratados


Controle e avaliação (aplicação, 5 – 10
Avaliação dos resultados de Toda a turma
exercício) min.
aprendizagem

Registo dos resultados (no


quadro / nos cadernos)

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