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O programa e os manuais de ensino são instrumentos que permitem a execução eficaz das actividades
de ensino e aprendizagem. Assim, é necessário que antes da actividade de planificação, o professor
esteja atento aos instrumentos com os quais irá trabalhar. A análise de programas e manuais escolares
pode seguir vários modelos, dependendo das finalidades e especificidades dessa análise. Para o nosso
caso, a proposta de análise desses documentos será de matiz comparativa, e passa necessariamente
por:
Fazer o levantamento dos conteúdos (programas e manuais) de acordo com as necessidades (níveis) dos
alunos;
Mapear as diferentes línguas que os alunos falam (a língua ou línguas que cada aluno conhece e fala);
Os programas e os manuais são a fonte de estudo e orientação dos professores. Funcionam como
instrumentos básicos de trabalho e suporte, pois auxiliam o professor na execução da sua tarefa diária
de proporcionar aos alunos o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, com vista a
enfrentarem, de forma adequada, os desafios que lhes são colocados no dia-a-dia. Por esta razão, é
inevitável tomá-los em consideração em todo o trabalho de planificação analítica e diária.
Importa salientar que os programas e manuais são abertos e flexíveis, podendo ser adaptados à
realidade dos alunos e da escola. Portanto, a planificação não pode ser apenas uma simples transcrição
dos programas, sem se considerar as reais condições da comunidade, da escola e das particularidades
que os alunos apresentam.
Comentário ao documento
Estas razões são de carácter formal e apriorístico, e não de carácter empírico. Não é feita – nem, que eu
tenha visto, citada – nenhuma avaliação do programa anterior, dos seus conteúdos, da sua extensão,
nem dos dados objectivos respeitantes aos resultados dos alunos em exames e testes nacionais e
internacionais de Matemática.
Analogamente, não é feita nenhuma referência à articulação entre o 3º ciclo e o Secundário, nem aos
graves problemas observados na crucial transição entre esses dois ciclos, e causadores de tanto
insucesso e abandono.
Afirma-se “a necessidade de uma intervenção urgente”, que é ainda menos explicada e justificada.
II
Para uma análise abrangendo outros ciclos e outras áreas ver: Amália Bárrios, Eduardo Marques de Sá,
Isabel Cunha, Joana Castro, Jorge Dias de Deus, José Vítor Adragão, Paulo Feytor Pinto, Teresa Peña,
Inovações nos Planos Curriculares dos Ensinos Básico e Secundário. Reflexões sobre Programas de
Língua Materna, Matemática e Ciências, Instituto de Inovação Educacional, Dezembro de 1999.
(disponível em http://www.mat.uc.pt/~emsa/PMEnsino/programasPortMatCi.doc)
III
Estes processos, com a abrangência e centralidade que o documento lhes confere, não são adequados
aos escalões etários em causa, correspondentes aos ciclos escolares iniciais. A ênfase excessiva em tais
objectivos tem como consequência inelutável a desvalorização relativa do conhecimento factual
organizado e cumulativo.
Não sei se os programas actuais são demasiado extensos. Mas parece-me óbvio que os objectivos
listados no documento – e as correspondentes propostas metodológicas – excedem o tempo disponível
para a disciplina de Matemática. Na linguagem dos químicos, que “resíduo seco” ficaria depois de todas
aquelas explorações, experimentações, problematizações e conjecturas?
IV
Nos ciclos iniciais deve ser dada prioridade à aquisição de competências calculatórias básicas, com
recurso à memorização. É um erro a utilização de calculadoras pelos alunos nestes níveis.
Os principais riscos associados ao uso das calculadoras no ensino são: a ênfase nos sítios errados, a
impreparação dos professores para a subtileza da distinção entre os vários papéis possíveis da
calculadora, o risco de distracção mortal com o seu uso em turmas numerosas (pela sedução própria da
tecnologia), o valor formativo duvidoso.
Pode sempre dizer-se que o problema não está nas calculadoras, mas sim no seu uso indevido: a
questão está em que nestas idades (e mesmo mais tarde), o uso tende a ser sempre indevido.
É de resto interessante que uma abordagem que tanto privilegia a compreensão admita o uso de
calculadoras, que inevitavelmente acabarão a substituir qualquer tipo de raciocínio.
V
Nos 1º e 2º ciclos, não se justifica a introdução de temas de História da Matemática no ensino. Os alunos
desses níveis escolares estão numa fase muito imatura do seu desenvolvimento intelectual, e a
concentração do ensino da Matemática nos correspondentes ciclos de escolaridade deve incidir na
aquisição de conhecimentos e técnicas de base. A referência à origem e evolução histórica de algoritmos
e resultados muito introdutórios – admitindo que tal origem é simples de deslindar – teria nestes níveis
um sério efeito de distracção e confusão.
A partir do 3º ciclo, a situação muda um pouco, e já se justifica a referência – embora muito ocasional –
a nomes e curtas biografias de matemáticos e a contextos históricos de aparição de resultados. Isto
pode ser complementado com a reprodução de cálculos clássicos “no terreno”. Alguns exemplos no
campo da Geometria são a determinação de áreas triangulares usando o Teorema de Herão, o cálculo
de alturas de edifícios ou elevações com o Teorema de Tales, a determinação do perímetro da Terra
com o método de Eratóstenes (por exemplo em colaboração com turmas de outras escolas do país).
Em nenhuma fase as referências históricas devem ser excessivas ao ponto de prejudicar o verdadeiro
objectivo do estudo da Matemática, que é a aquisição de conhecimentos e técnicas importantes e úteis
e o desenvolvimento progressivo de um espírito lógico e rigoroso.
A Matemática é uma actividade humana, em progresso e mudança como outra qualquer. Mas os
critérios de verdade em Matemática são os mesmos há séculos, ou mesmo milénios, apenas
sucessivamente mais afinados. Convém portanto não abusar de critérios de historicidade, nem usar
vagas referências “históricas” como ilustrando uma alegada contingência temporal da actividade
matemática. Se a História da Matemática é para servir para isso, mais vale deixá-la totalmente de lado
no ensino: não só se transformaria numa perda de tempo, como prejudicaria seriamente o verdadeiro
estudo e aprendizagem da Matemática.
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Transcrição:
Prefácio Caro Professor! É com prazer que colocamos, nas suas mãos, os Programas do 1º Ciclo do
Ensino Primário, das disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Educação Física. Os presentes
Programas resultam da revisão pontual do Plano Curricular e dos respectivos Programas de Ensino
Básico introduzidos em 2004, com o objectivo de incrementar a qualidade do Ensino Primário em
Moçambique, traduzida no desempenho qualitativo dos alunos na literacia, numeracia e nas habilidades
para a vida. Esperamos que estes Programas revistos possam auxiliá-lo na execução da sua tarefa diária
de proporcionar aos alunos o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes - com vista a
enfrentarem, de forma adequada, os desafios que lhes são colocados no dia-a-dia - para que se tornem
cidadãos participativos, reflexivos e autónomos, contribuindo, deste modo, para a melhoria da sua vida,
da vida da sua família, da sua comunidade e do País. É nossa pretensão, também, que os alunos sejam
educados dentro do espírito patriótico, versado pela preservação e desenvolvimento da cultura
moçambicana, pela preservação da unidade nacional, pela cultura de paz, pelo aprofundamento da
democracia e respeito pelos direitos humanos. Importa ainda salientar que os Programas são abertos e
flexíveis, podendo ser adaptados à realidade dos alunos e da escola. Estamos certos de que os
Programas serão um instrumento de base para as discussões pedagógicas na sua escola, planificação de
aulas, reflexão sobre a prática educativa, análise do material didáctico e elaboração de projectos
educativos, contribuindo para melhorar o seu desempenho profissional que, afinal, é um direito seu. O
Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano Professor Doutor Luís Jorge Manuel António Ferrão 2
Ficha Técnica Título original: Programas das Disciplinas do 1º Ciclo do Ensino Primário Edição:
INDE/Ministério da Educação e do Desenvolvimento Humano Autor: INDE/MINEDH Capa: INDE Arranjo
gráfico: INDE Impressão: Tiragem: No. De Registo:
Índice Introdução... 1 Programa de Língua Portuguesa do 1º Ciclo... 11 Visão Geral dos Conteúdos do 1º
Ciclo da Disciplina de Língua Portuguesa... 14 Porgrama de Língua Portuguesa 1ª Classe... 27 Programa
de Língua Portuguesa 2ª Classe... 86 Programa de Matemática 1º Ciclo...115 Visão Geral dos Conteúdos
do 1º Ciclo da Disciplina de Matemática... 118 Programa de Matemática 1ª Classe...120 Programa de
Matemática 2ª Classe...146 Programa de Educação Física 1º Cíclo...165 Visão Geral dos Conteúdos do 1º
Ciclo da Disciplina de Educação Física... 167 Programa de Educação Física 1ª Classe... 168 Programa de
Educação Física 2ª Classe...172
3º ciclo: 6ª e 7ª classes, de 11 para 9 disciplinas. Reorganização dos Programas das diferentes disciplinas:
Integração de algumas disciplinas; - No 1º ciclo, as competências das disciplinas de Educação Visual,
Ofícios e Educação Musical foram integradas nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. - No 2º
ciclo, a 3ª classe apresenta as mesmas características das classes do 1º ciclo, sendo a classe de
consolidação das competências de leitura e escrita iniciais e numeracia. - Na 4ª e 5ª classes, as
competências das disciplinas de Educação Visual, Ofícios e Educação Musical foram integradas nas
disciplinas de Língua Portuguesa, Ciências Sociais, Matemática e Ciências Naturais. Elaboração das
competências por ciclos e respectivas evidências de desempenho; Especificação da carga horária;
Reorganização dos lectivos, de forma a permitir que os alunos possam adquirir, desenvolver e consolidar
a literacia e a numeracia no Ensino Primário. 2
Guia de Leitura Os Programas do Ensino Primário revistos enquadram-se nos princípios básicos que
nortearam a transformação curricular do Ensino Básico, especificamente: A concepção da escola como
agente de transformação, e não apenas como meio de transmissão de conhecimentos; O
reconhecimento da necessidade de formação integral da personalidade, o que leva a que as diferentes
disciplinas sejam abordadas em uma perspectiva integrada; Exigência de Programas flexíveis facilmente
adaptáveis à realidade: características locais, pontos de partida e ritmos de aprendizagem diversificados
e; O predomínio dos aspectos relativos ao desenvolvimento das capacidades de análise, síntese e ao
estímulo da criatividade, da livre crítica, do sentido de responsabilidade e da capacidade de integração
em grupo. Com estes Programas do Ensino Primário, pretende-se tornar o ensino relevante, de modo a
responder às reais necessidades do aluno e da sociedade moçambicana. Esta relevância fundamentase
na percepção de que a Educação é fundamental para o desenvolvimento do capital humano e, por
conseguinte, deve ter em conta a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, para que se torne um
factor por excelência de coesão social e não de exclusão, formando cidadãos capazes de se integrarem
na vida, aplicando os conhecimentos adquiridos em benefício próprio e da comunidade. Neste contexto,
os Programas do Ensino Primário são uma fonte de estudo e de orientação dos professores para o
desenvolvimento de um ensino de qualidade, um ensino que permite que os alunos desenvolvam as
competências determinadas nos diferentes ciclos de aprendizagem e as utilizem para a resolução dos
diferentes problemas do dia-a-dia, da sua comunidade, distrito, província, país, bem como para
responder aos desafios da globalização. 3
II - Currículo Local O que é Currículo Local? O Currículo Local (CL), é uma componente do currículo
nacional correspondente a 20% do total do tempo previsto para a leccionação de cada Disciplina. Esta
componente é constituída por conteúdos definidos localmente como sendo relevantes, para a
integração da criança na sua comunidade. Qual é o espaço que se considera local? É o espaço onde se
situa a escola que pode ser alargado até à Zip, distrito e mesmo província. Quem define os conteúdos
relevantes a nível local? A definição dos conteúdos relevantes, a nível local, é feita por todos os
intervenientes na educação da criança, isto é, todos os elementos que fazem parte da comunidade onde
se situa a escola, nomeadamente: Professores; Alunos; Encarregados de educação; Líderes e
autoridades locais; Representantes das diferentes instituições afins; Organizações comunitárias. Este
processo é coordenado pela Direcção da Escola e pelo Conselho de Pais a quem cabe a planificação das
actividades que culminarão com elaboração de um Programa do CL para a escola. Estas acções incluem a
realização de encontros com as comunidades para a recolha de informação que deverá ser
sistematizada pelos professores obtendo assim o conjunto de con teúdos do CL a serem leccionados na
escola. Nesta fase cabe aos professores enquadrar os conteúdos nas diferentes classes e disciplinas (na
respectiva área temática) de forma lógica e coerente, tendo em conta o nível dos alunos. 6