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Rio de Janeiro
2021
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Reitor
Ricardo Lodi Ribeiro
Vice-reitor
Mario Sergio Alves Carneiro
Conselho Editorial
EdUERJ
Editora da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã
CEP 20550-013 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Tel./Fax.: 55 (21) 2334-0720 / 2334-0721
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eduerj@uerj.br
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC
ISBN 978-65-87949-09-3
1. Engenharia. 2.Cidadania 3. Ciências Sociais Aplicadas. I. Título.
CDU 62
Apresentação
O propósito e a pertinência deste trabalho
Como este trabalho busca atender ao seu propósito?
Da permanência dos temas e da volatilidade dos conteúdos
Como utilizar este trabalho num curso de engenharia?
6 – O engenheiro-líder
A importância do líder
O que é liderança?
Autoridade, poder e legitimidade
Das características do líder
Tipos de líderes
Estilos de liderança
A liderança nas organizações
Qual o melhor tipo e estilo de líder?
O engenheiro como líder
Exercícios de avaliação de conteúdo
Exercícios vivenciais
11 – O engenheiro-administrador
Administrar é uma atividade da vida
O que é administração nas organizações?
Teoria Geral da Administração (TGA): breve história e princípios
Os processos de certificação
A escolha da melhor Teoria de Administração
O engenheiro administrador
A administração das nossas vidas e das atividades profissionais
Exercícios de avaliação de conteúdo
Exercícios vivenciais
14 – O engenheiro-legal
Acabei a faculdade: posso trabalhar?
O sistema de reconhecimento profissional
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
O CREA e o registro profissional
O sistema CONFEA/CREA: o que são essas instituições?
Das obrigações legais dos engenheiros
Alguns normativos importantes
Remuneração dos profissionais
Atividades e atribuições profissionais
Ética profissional
A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)
O exercício ilegal da profissão de engenheiro é falta grave
As entidades de classe e sua importância
Exercícios de avaliação de conteúdo
Exercícios vivenciais
15 – E o futuro da engenharia?
Profissões do passado e do futuro
Como desenhar o futuro?
Dimensão Paradigma
Paradigma mecanicista
Questionando o paradigma mecanicista
Novo paradigma: a nova física
Impactos do novo paradigma nas sociedades e nas profissões
Dimensão Ciência
As áreas da ciência que impactarão as tecnologias futuras
Os computadores na nossa vida diária
Desafios para a engenharia no campo computacional
A ciência biomolecular
Questões éticas relacionadas à revolução biomolecular
Desafios e promessas da física quântica
Desafios na área de energia para a física quântica
Outros desafios para a engenharia
O domínio do hiperespaço
A união das três áreas: computação, genética e quântica
Dimensão demandas sociais
Novas engenharias
Exercícios de avaliação de conteúdo
Exercícios vivenciais
Notas
Referências
Sobre o autor
Apresentação
Dividido em quinze temas, este trabalho projeta sobre a engenharia uma visão
humanista, olhando-a sob a perspectiva das ciências sociais e humanas. Assim como a
luz branca se dispersa num prisma, a engenharia funciona aqui como um prisma, que,
quando iluminado pelas ciências sociais e humanas, pode ser apreciada com várias
tonalidades: da psicológica à sociológica, passando pela filosófica, pedagógica,
administrativa e legal. Estas são as cores dos quinze temas.
Sobre a luz destas ciências, é possível ver no tema 1, “Uma visão da engenharia pelas
ciências sociais e humanas”, os contornos das ciências sociais e humanas e suas
diferenciações em relação às ciências naturais, além de se discutir a metodologia
científica. No tema 2, “Engenharia: uma breve visão filosófica e histórica”, vemos o
esboço do espírito que moveu e move a engenharia. O tema 3, “Contribuições Sociais
da Engenharia”, traça um panorama dos campos em que a engenharia atua e como
contribui para a sociedade com sua atuação. No tema 4, “Atividades do engenheiro e
sua adequação ao perfil individual”, apresenta-se uma visão das atividades que um
engenheiro desenvolve ao longo da sua vida profissional, buscando auxiliar o estudante
na definição, em tempo oportuno – de preferência, ainda na fase inicial de seu curso de
formação –, da atividade que mais se adequa ao seu perfil pessoal, por meio de uma
visão geral do escopo e de como se desenvolve cada uma dessas atividades.
No tema 5, “Engenheiro-cidadão: uma visão sociológica”, existe a proposta de uma
reflexão crítica sobre o que é cidadania a partir do movimento histórico deste conceito.
Com esta reflexão, espera-se que o estudante possa extrair para si uma visão sobre o que
é e como deve agir um engenheiro-cidadão. O tema 6, “O engenheiro-líder”, se propõe
a dar uma base teórica que permita ao estudante observar e avaliar a atuação dos líderes
com os quais convive, seja durante estágios, trabalhos em grupo ou atividades sociais,
com visão crítica e reflexiva, buscando se identificar com algum tipo de liderança que
se adeque mais ao seu perfil, ganhando robustez na forma de atuar como líder.
O tema 7, “Aprendizagem contínua: uma visão pedagógica da profissão”, aborda os
conhecimentos, as habilidades e as atitudes que resultam em um engenheiro
competente, buscando estimular o processo de autoaprendizagem e auto-formação.
Nesse caminho também passa o tema 8, “Demandas da sociedade contemporânea na
formação dos engenheiros: uma visão psicopedagógica”, o qual busca, por meio da
identificação de características típicas da sociedade contemporânea, olhadas do ponto
de vista psicossocial e vivencial, algumas das demandas de conhecimentos, habilidades
e atitudes que devem ser adquiridas pelos engenheiros que ingressam no mercado de
trabalho.
O tema 9, “Desafios atuais da sociedade para a engenharia: uma visão
sociotecnológica”, procura estimular os futuros engenheiros a pensarem sobre as
dificuldades enfrentadas pelas sociedades e as implicações políticas, sociais e
econômicas dos problemas a serem resolvidos pela engenharia no presente e num
futuro próximo. Como resultado adicional do tema tratado, espera-se que o estudante
desperte seu interesse por algum tema atual e sinta-se estimulado a aceitar o desafio de
contribuir para a solução de problemas que possa identificar como impactantes para a
sociedade.
O tema 10, “O engenheiro-ético: visão histórico-filosófica”, tem o propósito de
despertar, de forma embasada, o senso ético do cidadão-engenheiro e do engenheiro-
cidadão. Com este objetivo, parte-se de uma visão histórica do desenvolvimento do
conceito e do senso ético e discute-se o que é ética profissional, como um subconjunto
de reflexão sobre o tema.
O tema 11, “O engenheiro-administrador”, procura, antes de situar o engenheiro
como um administrador, apresentar um resumo das posições teóricas das principais
escolas de administração que foram desenvolvidas na história da administração. No
curso da discussão do tema, foram tecidos comentários sobre sistemas de gestão e
processos de certificação, visando familiarizar o estudante com estes conceitos e
despertar-lhe o interesse por tais assuntos. Com isto, espera-se que o engenheiro em
formação possa desenvolver competências para “aplicar conceitos de gestão para
planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de Engenharia” (Brasil,
2019a, art. 4º), além de “implantar, supervisionar e controlar as soluções de
Engenharia” (Brasil, 2019a, art. 4º).
O tema 12, “Importância da motivação e dos paradigmas nos nossos planos de vida:
visão psicológica”, e o tema 13, “Pensando o futuro profissional: um plano estratégico”,
têm um objetivo comum que é o de projetar o estudante para uma situação futura
ideal, estabelecendo uma visão motivadora – a motivação é discutida no tema 12 – e,
na medida do possível, descolada dos paradigmas que o estudante, sem perceber, coloca
como limites na sua visão de mundo. Motivado a quebrar paradigmas, o estudante
pode exercitar sua criatividade, além de projetar futuros novos para si, desenvolvendo,
o objetivo do tema 13, elaborar um Plano Estratégico Pessoal que desenvolva a sua
“capacidade de sonhar, independentemente dos recursos que se tenha sob controle”
(Brasil, 2015, p. 29), e que permita “a cada egresso conceber a sua trajetória ao longo da
vida e no mundo do trabalho” (Brasil, 2015, p. 29).
O tema 14, “O engenheiro-legal”, tem por finalidade discutir a legalidade no
exercício da profissão, destacando o papel dos Conselhos de Engenharia na
regulamentação e fiscalização da profissão. O tema discute alguns aspectos da legislação
relacionada à atividade de engenharia, buscando despertar o aluno para a importância
dos normativos que regulamentam não só a vida profissional dos engenheiros, mas a
dos cidadãos.
Por fim, no tema 15, “E o futuro da engenharia?”, tem-se o propósito de levar o
leitor a pensar em como será a engenharia que está sendo gestada nos laboratórios de
centros de pesquisa ao redor do mundo, e que mudará cada vez mais o contorno da
profissão, uma vez que disciplinas de várias áreas de conhecimento vêm se
interceptando e propiciando criações de características multidisciplinares e novas
engenharias.
Uma vez que as competências comportamentais demandam mais tempo para serem
assimiladas do que as técnicas, as discussões em torno das humanidades, ciências sociais
e cidadania na engenharia deverão, preferencialmente, ser feitas na fase inicial dos
cursos de formação de engenheiros, de modo a permitir que, ao longo do curso, sejam
praticadas e observadas. Nesta visão, a disciplina ou o bloco do qual essas discussões
farão parte, deve ser incluído na formação básica do engenheiro, cabendo numa
disciplina como Introdução à Engenharia, por exemplo.
Por sua abordagem didática, este trabalho apresenta ao final de cada tema dois
blocos de exercícios. O primeiro, “Exercícios de avaliação de conteúdo”, procura
reforçar a assimilação dos conteúdos e levar o estudante a buscar entendê-los melhor.
O segundo bloco, “Exercícios vivenciais”, procura gerar ações práticas ligadas à
aplicação do conteúdo com o objetivo de desenvolver reflexão e competência sobre ele.
Os exercícios vivenciais são propostos para serem feitos pelo estudante
individualmente ou em equipe. Por meio deles, nos trabalhos individuais, será possível
desenvolver e avaliar a capacidade do estudante organizar seu pensamento, ter visão
crítica e humanista, bem como sua habilidade de comunicação escrita e oral. A
capacidade de o estudante pesquisar e aplicar os conteúdos dos temas e de suas
pesquisas na solução do exercício vivencial proposto também poderá ser avaliada em
alguns dos exercícios.
Nos trabalhos em equipe, será estimulada a capacidade dos alunos se auto-
organizarem, observarem e praticarem habilidades de planejamento, liderança, gestão,
cooperação; considerarem aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais
e de segurança nos trabalhos executados, além de refletirem sobre aspectos técnicos da
engenharia. Esses trabalhos terão como eixo a engenharia transpassada pelo olhar das
ciências sociais e humanas.
Os trabalhos elaborados em equipe deverão privilegiar a constituição do grupo com
estudantes de diferentes modalidades/especialidades de engenharia, desenvolvendo,
assim, uma das competências desejadas para os engenheiros – “trabalhar e liderar
equipes multidisciplinares” (Brasil, 2019a, art. 4º).
Para o desenvolvimento de um aprendizado baseado em metodologias ativas, o
ideal é que os alunos leiam o conteúdo do tema a ser discutido, previamente à aula,
buscando, por iniciativa própria, informações adicionais relacionadas a ele e enfocadas
nos exercícios vivenciais.
Os estudantes devem ainda opinar, sempre que possível, sobre os impactos sociais,
econômicos, ambientais, éticos e legais dos trabalhos e projetos elaborados, atuando de
forma concreta no desenvolvimento da competência desejada de “conhecer e aplicar
com ética a legislação e os atos normativos no âmbito do exercício da profissão”,
realizando assim “a avaliação crítico-reflexiva dos impactos das soluções de Engenharia
nos contextos social, legal, econômico e ambiental” (Brasil, 2019a, art. 4º).
Estas abordagens críticas em relação aos vários temas humanos e sociais tornam os
trabalhos extraclasse, em sala de aula ou em auditórios de palestras verdadeiros
laboratórios onde os estudantes podem pesquisar e refletir sobre os aspectos humanos
do exercício profissional, desenvolvendo as suas habilidades e atitudes a partir de
experiências vividas.
Interessante também, de modo a trazer mais densidade e realidade à discussão dos
temas e vivências propostas, é o convite de “profissionais de empresas capazes de
apresentar e discutir problemas concretos, seja do setor produtivo, seja da sociedade
em geral” (Brasil, 2015, p. 31) para proferirem palestras para os estudantes sobre os
temas em discussão.
É possível, pela experiência de sala de aula, que cada um dos quinze temas seja
discutido num espaço de duas a quatro horas-aula, conforme a profundidade que se
queira dar às discussões, o interesse que ele desperte nos estudantes e a sua relevância
para o contexto político-social e de formação dos alunos. Um curso de 30 a 60 horas-
aula, presencial ou à distância, permitirá cobrir todos os temas.
–1–
Uma visão da engenharia pelas ciências sociais e humanas
Foi aceita, de forma consensual entre os cientistas, a divisão das ciências factuais em
Ciências Naturais e Ciências Sociais. A física, a química e a biologia, por exemplo,
foram enquadradas nas classificações como Ciências Naturais. A sociologia, a
psicologia social, grande parte de economia, entre outras, como Ciências Sociais.
No grupo das ciências naturais ficaram aquelas que procuravam descobrir leis ou
traçar teorias sobre o funcionamento da natureza, excluindo desta “natureza” o ser
humano enquanto protagonista dos fatos históricos, políticos e sociais, e como
produtor de cultura, como, por exemplo, da literatura, da arte em geral e da filosofia.
O encargo de olhar as atividades do ser humano enquanto vivendo em sociedade
passou a ser o espaço de ação das ciências sociais. Assim, as atividades política,
econômica e social, por exemplo, passaram a ser estudadas pelas ciências sociais e,
nestes exemplos, pelas ciências Política, Econômica e Social, respectivamente.
Fonte: Autor.
O caminho ou as etapas a serem seguidas pelos cientistas, apresentadas no quadro 1,
são as mesmas para ambas as “áreas de conhecimento”.2
Assim, os conhecimentos elaborados de acordo com esta metodologia são aceitos
pelo mundo científico como “conhecimento científico” e, portanto, com conclusões
validadas como científicas. Neste caso, em particular, as ciências naturais e as sociais,
buscando atender à metodologia científica, fazem jus ao título de ciência e, neste
aspecto, se entreolham reconhecendo suas identidades.
Hoje, a maioria dos cientistas, sejam eles das ciências naturais ou sociais, reconhece
os benefícios destas áreas das ciências se olharem não só à procura de suas identidades,
mas também os benefícios que suas diferenças podem trazer umas às outras.
Reconhecem os ganhos de se olharem com a curiosidade dos que buscam aprender,
procurando completar suas deficiências e se deixando transpassar umas pelas outras.
Os que pensam o mundo contemporâneo percebem o quanto as Humanidades
podem ajudar no desenvolvimento das emoções humanas, na criatividade, na crítica e
no resgate do espírito que move as ideias e as ações humanas. E a engenharia é
responsável por materializar boa parte destas emoções, criatividade, ideias e ações na
forma de bens e serviços para a sociedade.
Então, onde estão as diferenças que ainda mantém algum estranhamento entre as
ciências naturais e as sociais e humanas? Por outro olhar, no que podem as Ciências
Sociais e as Humanidades iluminarem as engenharias?
Nas ciências sociais nem sempre poderemos repetir os experimentos, como fazemos
com as ciências naturais. Nas ciências naturais, por exemplo, é fácil repetirmos o
experimento de deixarmos um corpo cair de uma determinada altura para verificarmos
a relação entre o espaço por ele percorrido e o tempo necessário para percorrer este
espaço; Galileu fez isto diversas vezes na torre inclinada de Pisa. Nas ciências sociais,
como já comentamos, não é viável repetirmos experiências como uma guerra ou o
desemprego para testarmos se os nexos causais se repetem.
Os impactos da invenção da máquina a vapor no desenvolvimento industrial da
Inglaterra e do mundo podem ser explicados pela observação dos acontecimentos
relacionados com este fato; porém, a experiência da Inglaterra é única e não pode ser
estendida, sem mais considerações, para a França e Portugal, por exemplo. Mesmo na
Inglaterra, não será possível reproduzir esta experiência em um laboratório, na
complexidade em que ela ocorreu nos séculos XVIII e XIX na Europa.
Além das dificuldades práticas de se executar experimentos em ciências sociais, o
fato de termos muitas variáveis neles envolvidas, entre elas, a humana, torna difícil
controlarmos todas para vermos a influência de cada uma isoladamente no fenômeno
observado, tal como é feito nas ciências naturais.
Nos experimentos realizados dentro das ciências naturais, temos variáveis que
podemos controlar com facilidade como correntes elétricas, temperaturas, pressões,
entre muitas outras. Podemos manter algumas delas constantes e variarmos outras de
forma a verificarmos os efeitos das diferentes variáveis nos experimentos,
estabelecendo assim relações de causa e efeito.
Nas ciências sociais, tal controle não é tão fácil devido ao grande número e à
aleatoriedade das variáveis envolvidas, dificultando o tratamento dos fenômenos
sociais por dados numéricos, por meio de modelos matemáticos ou estatísticos,
levando o cientista social, não raro, a explicitar os fenômenos que observa com dados
qualitativos.
O fato de não se poder controlar todas as variáveis, algumas das quais se desconhece
se têm ou não influência no resultado de um fenômeno observado, dificulta ainda a
previsão dos resultados de acontecimentos futuros como se pode fazer no caso das
ciências naturais.
O problema se agrava com a presença da variável humana, menos suscetível ao
controle e à previsão no seu comportamento. As ciências sociais e humanas, ao
contrário das ciências naturais, têm o comportamento humano como variável a ser
considerada.
Assim, tomemos um exemplo simples: se um homem perde a sua fortuna, não se
pode afirmar qual será o seu comportamento de forma objetiva. Nesta situação ele
poderá tomar ações para iniciar um empreendimento que lhe dê novos ganhos, poderá
se tornar um monge, abraçar causas políticas que julgue terem influenciado o desfecho
do seu destino, pode se tornar um homem resignado e religioso e até se suicidar, enfim,
não podemos afirmar, de forma objetiva e previsível, o que vai acontecer, pois não
conhecemos todas as variáveis que influenciarão o seu comportamento.
Pela presença do ser humano como objeto de observação e ao mesmo tempo como
observador dos fenômenos humanos, ocorre outra diferença importante entre as
ciências naturais e as sociais e humanas, que é a subjetividade envolvida na análise dos
dados.
Enquanto os dados das ciências naturais são numéricos, grande parte das ciências
sociais tende a trabalhar mais com dados descritivos e que, desta forma, muito
dependerão da percepção humana para serem escolhidos e analisados. Ainda quando
trabalham com dados numéricos, as ciências sociais ficam sujeitas à subjetividade
humana na escolha destes dados e na sua interpretação.
O fato das ciências sociais e das humanidades terem o ser humano como o ponto
central de seus estudos dificulta, portanto, uma abordagem mais objetiva de análise dos
dados por parte do cientista social, uma vez que é difícil que este deixe de ver os fatos
que analisa de acordo com seu ponto de vista pessoal. Nas ciências naturais, isto não
ocorre – ou ocorre de uma forma mais reduzida.
Na realidade social há, no fundo, coincidência entre o sujeito e objeto, já que o
sujeito que estuda é um ser humano, o qual faz parte da realidade estudada, ou seja, faz
parte da atividade humana. “Assim, não há como estudar de fora, como se fosse
possível sair da própria pele para ver-se de fora” (Demo, 1995, p. 28).
Os objetos das humanidades e ciências sociais são criados a partir de paixões, de
sentimentos e afetos. As ciências naturais, por sua vez, estudam seus objetos sem
levarem em conta os sentimentos ou afetos destes, mas somente os seus aspectos que
podem, em grande parte dos casos, ser quantificados e olhados objetivamente.
Com um olhar mais humano e outro mais centrado no resultado da experiência, a
forma de olhar o mundo se torna diferenciada e, muitas vezes, o saber de uma ciência é
de difícil inteligibilidade para a outra.
Devido à eventual impossibilidade de se adotar um tratamento matemático para os
dados e fatos tratados pelas ciências sociais, muitas discussões, que ainda perduram,
ocorreram ao longo da história, com ênfase se as ciências sociais são de fato ciências ou
não.
No mundo acadêmico, o entendimento daqueles que não são cientistas da natureza e das regras sociais da
ciência tem provavelmente sido mais significativamente influenciado pelo trabalho de historiadores, filósofos
e sociólogos voltados para a ciência que pelas mudanças dentro da ciência em si mesma. (Snow,1993, p. xlviii)
Estas visões levantam questões que dizem respeito à engenharia, porém não de um
ponto de vista técnico-científico. Na visão técnico-científica, as perguntas que se
colocam para a engenharia são do tipo: qual o modelo matemático que se aplica ao
objeto estudado? Qual o princípio físico que regula o funcionamento e o desempenho
de um determinado circuito ou máquina? Como otimizar o funcionamento de um
determinado processo? Como viabilizar o aproveitamento de tal forma de energia?
Como transformar esta matéria-prima em produto acabado?
Estas perguntas são normalmente respondidas olhando-se os resultados das
aplicações técnicas já utilizadas, das experiências em projetos realizados e buscando nas
ciências naturais o paradigma para suas explicações.
As humanidades e as ciências sociais transpassam esta visão, indo da ótica técnico-
científica para aquela que tem como centro o ser humano. Dentro desta perspectiva,
outras perguntas podem ser feitas, em função do ângulo pelo qual se observa a
engenharia. Os temas que se seguem a este, neste trabalho, buscam suscitar perguntas e
alinhavar respostas sobre a engenharia com o olhar das humanidades e das ciências
sociais.
De uma forma sintética pode-se dizer que um mergulho nos temas de
Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania em Engenharia, tratando a engenharia
com outras visões que não a estritamente técnico-científica, ajudará no
desenvolvimento de engenheiros com perfil de competências e habilidades que
atendam às expectativas de formação do engenheiro brasileiro; ou seja, um profissional
com visão holística e humanista, crítico, reflexivo, criativo, cooperativo e ético e com
forte formação técnica, considerando em seus trabalhos aspectos globais, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais (Brasil, 2019a, art. 3º).
1.1. Em que sentido a matemática é uma ciência e por que dizemos que é uma
ciência “formal”?
1.2. Quais as etapas a serem seguidas por uma pesquisa que se orienta pela
metodologia científica?
1.3. Cite três áreas do conhecimento que podem ser classificadas como
Humanidades e três que podem ser classificadas como Ciências Sociais.
1.4. Por que não é adequado classificar as Humanidades como ciência?
1.5. Que particularidades existem na aplicação da metodologia científica às ciências
sociais, quando comparadas com a aplicação desta metodologia às ciências naturais.
1.6. Qual a diferença entre o método indutivo e o dedutivo?
1.7. Cite uma pergunta que você faria olhando a engenharia sob um ponto de vista
filosófico, histórico, ético e legal (uma pergunta para cada ponto de vista).
Que resposta(s) você daria às suas perguntas? (Uma rápida leitura nos temas 2, 10 e 14
deste livro poderá ajudar na sua resposta)
Exercícios vivenciais
Entre as reflexões que faremos, numa tentativa de enxergar a engenharia sob a ótica
das ciências sociais e humanas, a primeira delas tenta observá-la com uma visão mais
filosófica e responder à pergunta: o que é a engenharia? A resposta a esta pergunta dará
ao engenheiro em formação uma melhor dimensão da importância do seu papel social.
Para avançarmos nesta reflexão, nos guiaremos por uma análise da etimologia da
palavra engenharia e por um passeio sobre a tentativa de demarcar os contornos da
definição do que seja a profissão. Demarcando a profissão do engenheiro, poderemos
enxergar melhor o que o diferencia de outros profissionais com os quais partilha o
mesmo campo de atividades, notadamente, os técnicos e cientistas.
Na sequência desta reflexão, buscaremos identificar os elementos que interagem
propiciando um desenvolvimento sistêmico da atividade de engenharia.
A segunda visão que se quer ter da engenharia é pela janela da história. Esta nos dá
uma dimensão da grandiosidade da profissão e do espírito que a impulsionou durante
sua estruturação como área de conhecimento.
Assim, tentaremos delinear um esboço do desenvolvimento histórico da
engenharia. Para tanto, resumiremos seus principais feitos ao longo de sua história, a
qual tem como marco inicial as primeiras transformações que o ser humano impôs aos
elementos da natureza, de forma inteligente. Em seguida visitaremos, de forma breve, a
evolução do ensino da engenharia e, em particular, o ensino no Brasil.
Olhando a etimologia
[…] o trabalho do engenheiro é diferente do trabalho do cientista, que normalmente enfatiza mais a
descoberta de leis do que a aplicação de tais fenômenos no desenvolvimento de novos produtos. A
Engenharia é essencialmente uma ponte entre uma descoberta científica e sua aplicação em produtos. A razão
da Engenharia não é o desenvolvimento ou aplicação da Matemática, da Ciência ou da Computação como
fim em si mesma. Antes, ela é um instrumento para a promoção do crescimento social e econômico e uma
parte integral do ciclo comercial. (Wickert, 2013, p. 3).
Para chegar às suas leis, o cientista se utiliza da pesquisa científica. Para chegar aos
seus produtos, o engenheiro toma mão da pesquisa tecnológica.
A pesquisa tecnológica não se confunde com a científica. A pesquisa científica é
ligada à ciência pura e é atividade dos cientistas. A pesquisa tecnológica busca
transformar o conhecimento da pesquisa científica em algo aplicado e útil à sociedade.
A pesquisa tecnológica é seguida pela atividade de desenvolvimento de produto,
que é, em geral, também realizada pelos engenheiros e por uma equipe com técnicos e
tecnólogos.
Para conceituarmos o que é a pesquisa tecnológica e o desenvolvimento de
produto, vamos tomar o exemplo da construção de sensores/geradores de sinais
ultrassônicos. Sabemos que a ciência descobriu que, quando aplicamos uma tensão
alternada em duas das faces adequadamente escolhidas de alguns materiais, como os
cristais, ocorre a oscilação de outras duas faces. A frequência de oscilação dependerá da
frequência da tensão alternada aplicada, podendo esta ser tal que gere um sinal
ultrassônico. Da mesma forma, se provocarmos oscilação das duas faces por aplicação
de esforços de compressão variáveis, será gerada uma tensão elétrica alternada em
outras duas. Estas ocorrências foram denominadas de efeito piezoelétrico e foram
descobertas nos anos 1880 pelos irmãos Jacques e Pierre Curie.
O efeito piezoelétrico é uma descoberta científica. O que fazem os engenheiros?
Pesquisam o potencial da descoberta científica e buscam aplicações por meio da
pesquisa tecnológica. Buscam também a melhor forma de construir os produtos a
serem comercializados, pelo desenvolvimento do produto.
Assim, com base no princípio piezoelétrico, depois das fases de pesquisa tecnológica
e do desenvolvimento do produto, a engenharia pode construir aparelhos ultrassônicos
como produtos de uso social, que podem ser utilizados para inspeções em materiais
diversos e diagnósticos de doenças, entre muitas aplicações.
Para chegar a disponibilizar um aparelho ultrassônico como um produto para a
sociedade, a engenharia passou, então, pelas fases de pesquisa tecnológica e de
desenvolvimento.
Durante o processo de pesquisa tecnológica, o engenheiro pesquisador buscou, no
exemplo dado, descobrir propriedades do efeito piezoelétrico testando diferentes
materiais e estabelecer relação entre as variáveis envolvidas nas medições, como as
faixas de frequências mais adequadas para trabalhar com o material pesquisado, quais
as menores e maiores falhas que poderiam ser detectadas com o uso do sensor
ultrassônico, quais os materiais que teriam boa resposta às medições e como melhorar a
qualidade das informações medidas, ou seja, dados para aplicações práticas e
possibilidades aplicativas para o material piezoelétrico.
O processo que se segue ao de pesquisa tecnológica é o de desenvolvimento do
produto. Nesta fase, busca-se definir, por exemplo, as melhores montagens para criar o
medidor físico, os melhores circuitos para fazer o material piezoelétrico vibrar, as
melhores formas de fixação e arrumação do produto e a melhor sequência de
montagem para gerar o produto final.
A fase de desenvolvimento do produto pode acontecer num laboratório ou numa
planta-piloto, em geral, construindo-se protótipos a serem testados. O resultado do
desenvolvimento é a disponibilidade de métodos de fabricação, técnicas de uso do
produto, aplicações recomendadas, dados funcionais do produto, correlações entre
variáveis para o produto final, comportamentos de diferentes materiais que podem ser
utilizados na construção, resultados de reações químicas, resistência dos materiais às
condições de operação, entre outros resultados, gerando dados para fabricação e uso do
produto. Como define o Dicionário de Engenharia, desenvolvimento é “o trabalho
exploratório requerido para determinar a melhor técnica de produção para trazer um
processo novo ou parte de um equipamento para o estágio de produção” (Parker, 1994,
p. 142, tradução nossa).
É adequado dizer que a pesquisa tecnológica foca no “saber por que” (know-why)
enquanto o desenvolvimento busca “saber como” (know-how). O “por que” se
relaciona com os princípios científicos aplicados no produto e o “como” com o
processo de construção e aplicação do produto. Dominar o know-why e o know-how é
dominar a tecnologia.
Assim, podemos dizer de outra forma que o engenheiro é o grande responsável pela
criação de tecnologia, executando funções que interligam a atividade dos cientistas
com a dos técnicos e tecnólogos.
b) Difusão do conhecimento
d) Técnica
Na sua origem, a palavra técnica (do grego τέχνη, téchne) significa a habilidade
humana de fazer e produzir. Os romanos a traduziram com a palavra “arte” (Buzzi,
1983, p. 133). Técnica pode ser entendida como o procedimento ou o conjunto de
procedimentos para se fazer algo, com o objetivo de obter um determinado resultado,
seja no campo da ciência, da tecnologia, das artes ou em qualquer outra atividade.
A arte de se utilizar um pedaço de madeira como alavanca ou arma, por exemplo,
não depende só do conceito ou da aplicação que vemos possível para esse objeto, mas
de como o manipularemos, de como faremos para utilizá-lo como arma e como
alavanca.
De forma geral, a utilização de uma ferramenta, desde uma pedra lascada até um
bisturi a laser, não depende somente do conceito de uso ou da disponibilidade da
tecnologia, mas também de como manejá-la, de como manuseá-la, de como fazer para
utilizá-la. Chamamos de técnica a melhor forma ou a correta de utilizar ou executar
algo.
O domínio e o aprimoramento da técnica são fundamentais para o
desenvolvimento da engenharia. Saber usar os instrumentos, as ferramentas e operar os
processos são atividades do fazer técnico, sem os quais os produtos “engenheirados”
perderiam todo ou muito de seu valor. Termos ferramentas precisas, máquinas
inteligentes, raio-X, ultrassons e outras tecnologias à nossa disposição, de nada servirão
se não conhecermos a técnica de seu uso, os procedimentos e a forma correta de utilizá-
las.
e) Know-how
f) Tecnologia
Fonte: Autor.
Assim, quando se cria uma técnica, esta nova forma de fazer se transformará em um
novo conhecimento. Com ele, pode-se fazer algo de forma mais simples, mais precisa,
com menor custo, viabilizando novos procedimentos (know-how), novos conceitos e
novas tecnologias.
Se temos uma nova tecnologia mais robusta e eficiente, podemos produzir mais e
melhor – como, por exemplo, com uma impressora 3D –, com mais qualidade e
precisão, produzindo máquinas, ferramentas e produtos que podem gerar novos
conceitos e exigir novos procedimentos e formas de fazer (novo know-how e novas
técnicas).
O ciclo de realimentação contínua representado na figura 2 pode gerar o que
chamaríamos de avanço ou desenvolvimento incremental da engenharia, ou seja,
aquele que ocorre sem “saltos”, de forma gradativa e contínua, ou o avanço abrupto ou
descontínuo da engenharia.
Os avanços abruptos estão, em geral, associados a uma nova descoberta científica
ou uma nova criação tecnológica com conteúdo completamente novo. Assim, por
exemplo, a descoberta da característica semicondutora de materiais à base de silício
permitiu a criação de artefatos completamente novos no campo da eletrônica, trazendo
uma descontinuidade em relação à tecnologia utilizada para construção dos
dispositivos eletrônicos.
Os avanços incrementais são os mais comuns em engenharia e são entendidos,
muitas vezes, como aprimoramentos. Comparados à distância no tempo, pode-se
observar sua ocorrência e seus resultados de forma evidente.
Assim, se compararmos a indústria da aviação, iniciada no início do século XX,
com os equipamentos de voo do século XXI, podemos notar que houve um grande
avanço no que diz respeito às tecnologias de motores, às técnicas de navegação, aos
procedimentos de segurança e aos conceitos dos equipamentos de voo. A maioria
destes avanços foram, no entanto, incrementais.
Avanços descontínuos no campo aeronáutico foram trazidos com os motores
chamados “a jato”, com os foguetes que utilizam tecnologia de propulsão diferenciada,
com os sistemas de navegação de controle remoto e com características diferenciadas
de materiais para permitir a navegação aérea fora da atmosfera terrestre.
Podemos ilustrar a interação dos seis fatores estruturais de desenvolvimento da
engenharia retomando o exemplo do princípio piezoelétrico e da construção, a partir
deste princípio, de medidores ultrassônicos.
A descoberta do princípio piezoelétrico foi fator que permitiu o desenvolvimento
de produtos da engenharia com base neste princípio, porém, se a ciência do princípio
piezoelétrico não tivesse sido difundida, não teria chegado ao conhecimento daqueles
encarregados da pesquisa tecnológica e do desenvolvimento de produtos. Precedendo à
pesquisa tecnológica, houve a criação de um conceito de medidor. A pesquisa e o
desenvolvimento produziram técnicas de utilização e procedimentos de fabricação
(know-how) que viabilizaram a tecnologia dos medidores ultrassônicos. Estes
medidores, utilizados pela própria engenharia, permitem o avanço dos seis fatores de
desenvolvimento.
Outro exemplo é o da evolução das ferramentas. O início da história das
ferramentas pode ser pensado a partir das primeiras ferramentas de pedra lascada. Com
estas, as de pedra polida puderam ser feitas e, com o uso destes artefatos, foram
desenvolvidas ferramentas de metal e de corte a laser, por exemplo, numa escalada em
que podemos observar uma tecnologia permitindo o desenvolvimento de outra, com a
exigência de novas técnicas e assim por diante, num processo continuamente
realimentado. Se a engenharia cria uma nova tecnologia, esta permitirá novos
procedimentos, exigirá novas técnicas e assim sucessivamente.
Em resumo, o movimento em um dos seis fatores estruturais altera os demais, os
quais, se alterando, modificam os outros, num processo sistêmico e continuamente
realimentado.
Transformando a ciência em tecnologia, ou seja, “engenheirando” a ciência, a
engenharia avança e cria ferramentas para o desenvolvimento da sociedade e do seu
próprio desenvolvimento enquanto fenômeno social.
Assim, quando a engenharia modifica a sociedade por conta de alguma criação sua,
ela também é modificada pelo resultado social desta mesma criação.
O ensino da engenharia
Embora a concepção de Ciência remonte aos tempos da Grécia, a organização do trabalho científico tem
início, em grande parte, no século XVII, com o aparecimento das academias ou sociedades científicas,
fundadas por opulentos patronos e desenvolvidas fora das universidades, com o intuito de patrocinar as
experiências científicas. (Bell, 1973, p. 415).
A organização das ciências vai sendo construída ao longo dos séculos XVII e XVIII.
Exercícios vivenciais
2.6. Escolha algum nome que tenha contribuído de forma relevante para as
descobertas científicas (Newton, Maxwell, Hertz, Bernoulli, Hooke, Henri Fayol,
John Bardeen, Jean Hoerni, por exemplo), descobertas estas que tiveram impacto na
engenharia, e descreva pontos interessantes da biografia desse personagem e como ele
chegou às suas descobertas e criações (interesses, influências, formação,
acontecimentos que levaram às descobertas, entre outros aspectos relevantes).
2.7. Muitas pesquisas tecnológicas têm sido desenvolvidas para materializar
equipamentos de diagnóstico médico, levar o homem para o espaço, melhorar as
telecomunicações, criar equipamentos e artefatos em geral, criar sistemas autônomos
capazes de operar sem a intervenção humana direta, melhorar a produção de
alimentos, melhorar sistemas de transporte, dar facilidades para a vida social e atender
a outras expectativas e necessidades da sociedade. Escolha uma pesquisa tecnológica da
sua área de engenharia que seja atual e, olhando a grade curricular do seu curso, tente
identificar quais disciplinas poderiam ser úteis para o desenvolvimento desta pesquisa.
2.8. Com relação à pesquisa escolhida no item anterior, faça um plano para
desenvolvimento do produto que deverá resultar dela (exemplos: teste para vários
materiais, envelhecimento do produto em condições simuladas de laboratório,
desenvolvimento dos métodos de fabricação, estruturação da equipe de programadores
e colocação entre clientes escolhidos de um modelo β).
2.9. Coloque-se na posição do gestor do projeto de desenvolvimento do produto do
item anterior. Monte um organograma com as funções necessárias (técnico, assistentes
técnicos, tecnólogos, engenheiro da especialidade Y, por exemplo) capazes de
operacionalizar o desenvolvimento proposto, definindo de forma sumária a atividade
de cada um. Uma rápida leitura no tema 11 – O engenheiro-administrador pode lhe
ajudar a entender o que faz um gestor.
2.10. Junte-se a dois outros colegas, de preferência de modalidades/especialidades
diferentes da sua (se tiver dúvidas quanto ao que é modalidade e especialidade, leia o
tema 3). Escolha um produto ou serviço gerado pela engenharia, com alta tecnologia.
Para este produto ou serviço, identifique dois fatores conjunturais e três estruturais
que facilitaram ou dificultaram o seu desenvolvimento no Brasil. O Brasil faz pesquisas
tecnológicas sobre este produto ou serviço? Tem tecnologia dominada para fornecer o
produto ou serviço em consideração? Tem know-how para fornecê-lo? Domina a
técnica de uso?
2.11. Com relação aos pontos anteriores, explicite duas áreas de conhecimento,
duas habilidades e duas atitudes que ajudariam a dominar e avançar com o
desenvolvimento do produto ou serviço considerado. (Se tiver dúvidas sobre o que é
conhecimento, habilidade e atitude, leia o tema 7 - Aprendizagem contínua).
2.12. Junte-se com um colega e tente identificar, para a época, alguns impactos
políticos e sociais da criação da primeira escola de engenharia no Brasil, a Academia
Real Militar, oficialmente fundada em 1810.
–3–
Contribuições sociais da engenharia
As modalidades na engenharia
I – atribuição: ato geral de consignar direitos e responsabilidades dentro do ordenamento jurídico que rege a
comunidade;
[…]
V – campo de atuação profissional: área em que o profissional exerce sua profissão, em função de competências
adquiridas na sua formação;
No parágrafo IV, do mesmo artigo 2º, da Resolução n.º 1.010, é definida a atividade
profissional como a “ação característica da profissão, exercida regularmente”, atividade
profissional esta que discutiremos no tema 4.
O CONFEA (2002b) define também alguns títulos profissionais característicos
das modalidades de engenharia, que vão sendo atualizados conforme a evolução das
modalidades e especialidades ocorre. Alguns títulos são:
Engenharia acústica
Engenharia agrícola
Engenharia agronômica
Engenharia de alimentos
Esta atividade cuida do segmento posterior às atividades ligadas aos engenheiros
agrônomos e agrícolas. Seu objeto são os produtos alimentícios. Esta atividade busca
reduzir custos, melhorar qualidade e processos de fabricação, conservação,
armazenamento, transporte e embalagem na indústria de fabricação de alimentos de
origem vegetal e animal. Nesta atuação se ocupa também de atualizar a tecnologia e
melhorar as técnicas para todas as etapas da indústria alimentícia.
Engenharia ambiental
Engenharia de aquicultura
Engenharia biomédica
Engenharia cartográfica
Engenharia civil
Engenharia de computação
Engenharia de custos
Engenharia econômica
Engenharia elétrica/eletrônica
Engenharia de embalagens
Engenharia de energia
Engenharia física
Esta especialidade, que vem melhor definindo seus contornos, busca aplicar os
conhecimentos da física na criação e desenvolvimento de produtos que os utilizem,
como sensores, geradores de ondas, detetores de partículas e outros. Sua atividade
resulta, em geral, em projeto e construção de partes que vão compor máquinas,
equipamentos e instrumentos.
Engenharia florestal
Engenharia genética
Este ramo da engenharia recebe o nome de engenharia pelos métodos e técnicas que
utiliza para manipular genes. Seu objetivo é alterar, separar, reproduzir e transferir
genes de um ser vivo para outro, com o uso de técnicas específicas das áreas de química
e biologia. Seu campo de ação não se reduz ao humano, sendo suas técnicas aplicadas a
qualquer organismo vivo e entre organismos vivos de diferentes tipos e classificações.
As modificações ou manipulações genéticas, como são tratados os processos da
engenharia genética, não são feitas naturalmente pelos processos reprodutivos. As
alterações que sofrem os organismos objetivam conferir-lhes características especiais,
sendo muito comuns alterações genéticas no ramo de alimentos, de forma a dar a estes
melhor qualidade ou alterar ou introduzir neles novas propriedades. No campo da
zoologia, mudanças genéticas podem levar à modificação de características de animais,
como sua esterilização, de modo a provocar redução quantitativa das espécies, por
exemplo. Na competência da engenharia genética está a produção de insulina,
interferons, albumina e de outras substâncias que sejam importantes para o bom
funcionamento do corpo humano e que possam ser obtidas por suas técnicas.
Este ramo da engenharia tem seu foco de atenção voltado para as águas, em especial,
para bacias hidrográficas. Sua preocupação é a de garantir a manutenção das bacias
hidrográficas no que diz respeito à sua preservação, perenidade e qualidade. Sua
atividade se estende desde as áreas de exploração das minas de água até o consumo
humano ou industrial deste insumo natural. Com planejamento adequado e planos de
gestão que permitem o uso racional do manancial hídrico, esta engenharia evita danos
gerados pela má utilização da água pelas indústrias, pela agropecuária e por setores
independentes da sociedade.
Engenharia de instrumentação
Engenharia de manutenção
Engenharia de materiais
Engenharia mecânica
Engenharia metalúrgica
Engenharia naval
Engenharia nuclear
Engenharia de pesca
Engenharia da qualidade
Engenharia química
Engenharia robótica
Engenharia sanitária
Engenharia de segurança
Tem como objetivo aplicar a ciência para a prevenção de acidentes. Neste sentido,
este ramo da engenharia tem como enfoque a segurança de instalações industriais de
terra e de mar, instalações comerciais e demais instalações prediais, segurança em
veículos de transporte e segurança em geral dentro de ambientes de uso coletivo. Sua
atividade abrange a elaboração de procedimentos e ações para atendimento às normas
de segurança, elaboração de planos de segurança para obras, fábricas e instalações
industriais em geral e demais instalações de utilização humana e que possam, com a sua
presença (das instalações), ameaçar a saúde física, a mental ou a vida dos que possam
ser atingidos por danos, acidentes, operação ou uso inadequado desses locais, em
especial, seus trabalhadores.
Engenharia de telecomunicações
Engenharia têxtil
Engenharia de transportes
Outras modalidades/especialidades
Exercícios vivenciais
3.5. Identifique uma obra de engenharia da sua área que desperte seu interesse e sua
admiração. Analisando a grade curricular do seu curso, identifique as “disciplinas”, ou
temas, ou blocos de conhecimentos que são necessários para você executar a mesma
obra. Além dos conhecimentos identificados, o que mais lhe faltaria para realizar as
obras consideradas? (Ler o tema 7, Aprendizagem Contínua, pode lhe ajudar a
identificar algumas habilidades e competências que um engenheiro deve ter).
3.6. Procure identificar a área científica que lhe despertou mais interesse até aqui.
Reflita sobre alguma atividade de lazer ou produtiva ou especulativa ou filantrópica ou
qualquer outra que desperte o seu interesse. A engenharia que você escolheu ou vai
escolher tem relação com a área científica e a atividade de interesse identificadas?
–4–
Atividades do Engenheiro e sua Adequação ao Perfil
Individual
Fonte: Autor.
1. estudos técnicos;
2. planejamento de tarefas e atividades em geral;
3. projeto e especificação de equipamentos, produtos e sistemas;
4. supervisão, coordenação e atividades ligadas à gestão técnica;
5. supervisão, coordenação e atividades ligadas à gestão;
6. orientação técnica;
7. estudo de viabilidade técnico-econômico-ambiental;
8. elaboração de orçamento;
9. vistoria, perícia, avaliação técnica;
10. elaboração de laudo e parecer técnico;
11. atuar em ensino;
12. atuar em pesquisa e desenvolvimento;
13. experimentação e divulgação técnica de resultados;
14. atuar em padronização, mensuração e controle de qualidade;
15. executar e fiscalizar obras e serviços técnicos;
16. conduzir (liderar) equipes para instalação, montagem, operação, reparo ou
manutenção de equipamentos, sistemas e obras diversas;
17. executar instalações, montagem, reparos, operar e manter equipamentos e
instalação, construções e sistemas diversos;
18. execução de desenho e documentos técnicos em geral;
19. prestar assistência, assessoria e consultoria técnica.
Nas análises que faremos a seguir, procuraremos responder às perguntas: O que são,
em linhas gerais, estas atividades? Onde elas se desenvolvem? Quais as características
(perfil) do profissional que atua em cada uma dessas atividades? O que pode o
engenheiro formado ou em formação fazer para melhor se capacitar para trabalhar em
cada uma das atividades?
A atividade
Pela natureza do seu trabalho, o engenheiro pesquisador tem gosto por estudar e,
em particular, pela pesquisa, seja ela bibliográfica, de laboratório ou de campo. É de
bom tom que tenha interesse pela ciência pura, de forma a poder aplicá-la no
desenvolvimento de seus estudos de cunho mais prático.
Como pesquisador e eventual inventor, o engenheiro pesquisador deve questionar
o cotidiano e, neste sentido, ter um perfil filosófico de indagar sobre os porquês e
contestar o que todos consideram normal. A criatividade e a inventividade são
atributos que em muito facilitam seu trabalho e permitem que ele se diferencie pela
novidade de suas ideias e realizações.
Um pesquisador deve estar atualizado com o tema de seu interesse de trabalho, ou
seja, com o “estado da arte” do que pesquisa. Deve estar a par das tecnologias de
fronteira (de ponta) e frequentar espaços de saber que viabilizem a troca de
conhecimentos (congressos, seminários e palestras em geral). Seu interesse deve ser
focalizado, sendo do seu perfil o aprofundamento em temas específicos.
Se o desejo é ingressar por esta área, é preciso estar bem preparado para ser
competitivo no mercado. Conhecimentos matemáticos mais avançados são sempre
desejados e facilitam o trânsito pela linguagem utilizada na estruturação do
conhecimento científico. Igualmente, o conhecimento de estatística permitirá a
realização de coleta e análise de dados que estruturarão, de forma objetiva, os
resultados das pesquisas.
Estudantes que tenham a oportunidade de fazer iniciação em ciência, trabalhando
junto a professores pesquisadores dentro das universidades, poderão avaliar sua
vocação e ganhar conhecimento metodológico para o desenvolvimento deste tipo de
atividade. Conhecimento de metodologia científica é obrigatório para todos aqueles
que vão se dedicar a esta área.
O pesquisador, por trabalhar na fronteira do conhecimento, tem que avançar além
da graduação em engenharia, por intermédio de cursos de pós-graduação stricto sensu
(mestrado, doutorado e pós-doutorado) de forma a ganhar conhecimento e network.
Sua presença em seminários, apresentando o resultado dos seus estudos, o coloca em
posição privilegiada e lhe dá credibilidade.
Ensino
A atividade
O perfil do engenheiro que atua na área de ensino tem muito em comum com o do
profissional que atua na área de pesquisa. Seu saber científico pode ser inferior ao de
outro – se o engenheiro atua em uma área de ensino mais prática –, porém a
organização do pensamento, o gosto pelo ensinar, a vontade de passar conhecimento
para outros, o pensamento lógico e o domínio de uma linguagem simples devem ser
dominantes no seu perfil.
A capacidade de comunicação, verbal principalmente, está dentro das habilidades
desejadas para aquele que pretende ensinar, porém o domínio do tema e a capacidade
de exemplificar e de tornar visível à imaginação o que é ensinado podem compensar a
dificuldade de comunicação.
O engenheiro que se dedica ao ensino gosta de sistematizar o conhecimento
adquirido. Em um curso de engenharia, é importante que se saiba relacionar o seu
campo de saber com as demais áreas de conhecimento da engenharia. O engenheiro
que traz exemplos práticos e conta histórias de suas experiências profissionais traz para
os seus alunos, além do conhecimento, atitudes a serem adotadas por esses profissionais
em formação.
Projeto
Implementação de projetos
A atividade
Por ter que liderar equipes e lidar com pessoas de diferentes formações, o
engenheiro de implementação de projetos se desenvolve melhor nas suas atividades
quando apresenta traços de liderança e capacidade de coordenação.
Como motor e ponto focal das ações de execução, ele deve ter iniciativa e tomar
decisões com rapidez, viabilizando frentes de trabalho para sua equipe. O
pragmatismo, o qual leva à soluções de campo com visão prática, e o gosto pelo fazer,
fazem parte do seu perfil.
Em geral, as habilidades de negociação e de relacionamento pessoal ajudam muito
no sucesso de seus trabalhos, pois elas permitem que o engenheiro atue junto a seus
pares de outras áreas, como gerentes de manutenção, de operação, engenheiros de
projeto, que muitas vezes trabalham sob outras lideranças, negociando com os líderes
dessas equipes os recursos de que necessita para o bom andamento da implementação
sob sua responsabilidade. Esta habilidade é muitas vezes chamada de “lateralidade”, ou
seja, o bom relacionamento e trânsito com líderes de equipe do seu mesmo nível
hierárquico.
A visão prática dos processos de fabricação e de construção ajuda muito no
desempenho do engenheiro de implementação. Atuando como gestor dos projetos, sua
visão de gestão deve ser desenvolvida, focalizando o planejamento e o controle dos seus
projetos e a qualidade daquilo que está sendo implementado.
Engenheiro de suporte
Atividade
Ações de capacitação
Engenheiro de vendas
A atividade
A atividade de vendas é crítica em qualquer empresa, porque todas têm por função
vender algo: um serviço, um produto, uma solução. Sem vendas, a empresa não
funciona.
Quando falamos em vendas, podemos pensar em vender livros, frutas ou materiais
de consumo e achar estranho um engenheiro trabalhar em tal atividade, porém, as
vendas de que tratamos em engenharia são de grandes serviços, grandes equipamentos
e, muitas vezes, de materiais especiais e de alto conteúdo técnico e tecnológico.
Uma empreiteira, por exemplo, tem que vender serviços de construção de prédios,
estradas ou fábricas. Fabricantes de turbinas, motores, tomógrafos, grandes sistemas de
telecomunicações, de refrigeração e de navegação têm que vender seus produtos.
Ocorre que os conteúdos técnicos desses serviços são muito grandes; envolvem
tecnologias e conhecimentos que não podem ser descritos, apresentados, ofertados e
finalmente vendidos sem uma abordagem mais técnica quanto ao seu desempenho,
suas qualidades e suas características.
Em geral, as empresas têm uma área comercial encarregada das vendas, dos
contratos de serviço e do relacionamento com os clientes. A atividade do engenheiro
que atua nessa área passa por descobrir os mercados, as oportunidades de negócios,
estabelecer relacionamento com os clientes e promover as apresentações técnicas para
os potenciais clientes. Essas apresentações mostram não só aspectos técnicos e de
qualidade, que em geral encantam os técnicos se bem demonstrados, mas também os
benefícios econômicos de seus produtos, o que costuma seduzir aqueles que decidem
pelos investimentos.
Dadas as condições técnicas que podem ser exigidas nos contratos, o
desenvolvimento dos termos dos contratos é também atividade da área e, muitas vezes,
conduzida pelo engenheiro de vendas. O desenvolvimento dos termos de contratos e o
acompanhamento do fornecimento após a sua negociação é também atividade da área
de vendas e, muitas vezes, é conduzida pelo engenheiro de vendas, dadas as condições
técnicas que podem ser exigidas nestes contratos. Efetivada a venda, cumpre ainda ao
engenheiro de vendas o acompanhamento do atendimento de pós-venda, com
eventuais intermediações das ações necessárias à pré-operação dos seus produtos, junto
ao cliente.
O engenheiro de vendas pode ainda ser dono do seu próprio negócio, atuando
como representante técnico e promotor de alguma empresa sediada no país ou no
exterior.
Engenheiro-administrador (gestor)
Atividades
Ações de capacitação
Engenheiro-empresário
A atividade
O perfil do engenheiro-empresário
Antes de tudo, deve ter determinação para superar as dificuldades inerentes ao dia a
dia da implantação e condução da empresa. Seu perfil de liderança fará a diferença no
seu resultado. Ser capaz de direcionar os esforços da sua equipe, conduzindo-a na
construção do negócio, é habilidade decisiva para o sucesso.
A iniciativa – a atitude de tomar as ações necessárias ao sucesso do negócio, fazendo
com que elas aconteçam em tempo e na forma adequada – é uma atitude que empurra
a empresa nas horas de dificuldade e dá a ela novos caminhos no curso diário.
O perfil empreendedor – ou seja, o de querer fazer as coisas acontecerem, de olhar
as dificuldades e ver oportunidades de negócios – é característica de todos os
empresários de sucesso. Empreendedores sempre estão pensando negócios novos,
pensando quais as novas oportunidades que estão se apresentando, enfim, buscando se
realizar produtivamente. Importante também a capacidade de articulação do
engenheiro-empresário, a qual o transforma no elemento capaz de juntar as pessoas e as
instituições e coordená-las para obtenção dos resultados desejados.
Outro fator de sucesso é o domínio de conceitos básicos de economia, de forma que
o profissional-empresário possa avaliar os resultados econômicos do seu negócio e
tomar decisões de investimento fundamentadas em dados e avaliações técnicas.
Finalmente, faz parte do perfil do empresário a capacidade de assumir riscos e
trabalhar sob pressão. Seu trabalho não é igual ao de um profissional assalariado que
sabe quanto ganha no mês e planeja os seus gastos. O empresário sabe o quanto terá
que gastar no mês e que poderá ter despesas não planejadas que precisará
contingenciar. Com base nos resultados estimados ou no seu histórico, avalia seus
ganhos – que podem ser maiores ou menores que as estimativas –, que, caso não
ocorram, podem levar o negócio a sucumbir.
Perito técnico
A atividade
A perícia técnica é uma atividade de suporte a decisões, em geral, decisões jurídicas
ou aquelas que envolvem indenizações e prêmios de seguro. Um engenheiro pode ser
perito em acidentes por incêndio, em automóveis, em avaliação de navios, em
plataformas de petróleo, máquinas específicas, sistemas elétricos, estruturas de
construção civil e assim por diante.
A essência de seu produto é a emissão de laudos e relatórios técnicos, realizados
após inspeções, vistorias e avaliações de campo dos sistemas periciados.
Os relatórios apresentam, com base técnica, os resultados do que foi avaliado e a
consequente conclusão técnica do perito sobre o objeto periciado. Este objeto pode ser
uma simples máquina, de forma a avaliar seu valor para, por exemplo, servir de garantia
em uma demanda judiciária, ou pode ser uma perícia que vise avaliar se uma
plataforma de petróleo que vai ser segurada atende aos requisitos internacionais de
segurança. Pode ser uma perícia para verificar se um acidente ocorrido com um
automóvel é de culpa do fabricante ou se foi provocado por inabilidade do condutor.
Pode ser a tarefa de avaliar se o acidente em um parque de diversões foi por falta de
manutenção, mau uso ou operação indevida. Enfim, o trabalho pericial é suporte para
decisão.
Os relatórios e pareceres são apresentados de forma lógica, estruturados em
linguagem escrita, ilustrados sempre que possível com imagens gráficas, fotográficas ou
desenhos.
Eventualmente, o perito pode ser chamado para testemunhar em juízo e apresentar
seu laudo técnico, de forma oral, para um grupo de profissionais que atuem ou não em
engenharia ou outros peritos.
Perfil do engenheiro-perito
As ações de capacitação para quem quer seguir a linha pericial e ainda está em
período de formação podem se dar a partir de estágios em companhias seguradoras ou
que tenham relação com tal atividade, como entidades normativas, empresas de
vistorias, entre outras.
Cursos na área de perícia técnica estão disponíveis em várias instituições e
preparam o profissional para a atividade, fornecendo ferramentas e discutindo
procedimentos de trabalho.
A comunicação escrita deve ser dominada, o que torna treinamentos neste campo
de extrema importância.
A formação de uma boa rede de relacionamento com profissionais da área jurídica
ou outros que atuem nos temas de sua perícia ajuda muito, principalmente no início da
carreira.
De forma imprescindível na formação do perito está o domínio técnico do objeto
da perícia. A formação no tema periciado faz-se importante para que o perito tenha
reconhecido saber no tema e tenha sua atuação validada.
Consultor
A atividade
Perfil do engenheiro-consultor
O consultor tem que ser descoberto como tal para poder vender seus serviços.
Assim, deve participar de seminários e congressos técnicos sobre os temas da sua
consulta, expondo sempre que possível suas ideias em apresentações. Desta forma, é
necessário treinar comunicação escrita e oral.
Este profissional também deve, antes de tudo, dominar o seu tema de consultoria,
tendo uma formação teórica diferenciada que o qualifique de fato como um consultor
com bagagem técnica e com mais conhecimentos do que os seus clientes.
Os estágios e a elaboração de trabalhos técnicos ligados ao tema de consultoria vão
acumulando conhecimentos e dando desenvoltura para este profissional, pelo que deve
ser exercitado sempre que possível. O aprendizado contínuo sobre o tema objeto da
consultoria deve ser feito por autoaprendizagem ou cursos de formação, de forma a
manter o profissional atualizado.
Comentários finais
Apesar das atividades aqui descritas não esgotarem as possibilidades, elas englobam
quase a totalidade daquelas que são desenvolvidas pelos engenheiros.
A experiência tem mostrado que a maioria dos profissionais que ingressa no
mercado de trabalho se aloca nas atividades de elaboração de projetos, na sua
implementação e fiscalização, bem como nas atividades suporte, como manutenção,
por exemplo. Outra parte menos significativa vai para a atividade de vendas, incluindo
as representações. Poucos se dedicam à atividade empresarial, embora os engenheiros-
empreendedores sejam muito valorizados e adquiram um considerável status entre os
seus pares.
Atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento têm sido oportunas para
engenheiros que atuam dentro das universidades, mas ocupam um pequeno percentual
dos profissionais de engenharia. O mesmo ocorre com as atividades de perícia e
consultoria, que têm também uma pequena densidade de ocupação.
Exercícios vivenciais
4.5. Entre no site do CONFEA e procure por Resoluções que tratem de atividades
dos engenheiros. Extraia da Resolução encontrada as atividades ali listadas e diga com
qual delas você mais se identifica e por quê.
4.6. Identifique, entre os tipos de atividades descritas no tema 4, a que mais lhe
atrai. Procure na internet duas instituições e cursos por elas oferecidos que poderiam
melhorar sua competência no desenvolvimento desta atividade.
4.7. Descreva brevemente, pesquisando sobre o tema, como você deveria proceder
para se qualificar como Gestor de Projetos.
4.8. Forme uma equipe com mais 4 colegas. Vocês escolherão um produto de
engenharia a ser elaborado. Escolha um líder de equipe (se quiser saber mais sobre
líder, leia o tema 6).
a. Defina com o líder, caso ele não seja você, quais as atividades (pesquisa,
treinamento de equipe, desenvolvimento de produto, projeto, implementação do
projeto etc.) que devem ser desenvolvidas para a materialização deste produto
escolhido;
b. quais as modalidades/especialidades de engenharia e quais as outras áreas
profissionais que deverão participar do desenvolvimento deste produto;
c. ajude o seu líder a identificar em que atividade cada membro da equipe da qual
você faz parte melhor se encaixaria, considerando o perfil de cada um;
d. peça a outro elemento do grupo para identificar os conhecimentos ou as
habilidades ou as atitudes que indicaram cada um para a atividade na qual foi
alocado;
e. escolha, com sua equipe, um membro do grupo, que não o líder, para identificar
como o líder se comportou no que diz respeito ao tipo e ao estilo de liderança que
foi exercido no desenvolvimento dos trabalhos.
4.9. Você se sente com perfil para atuar como empresário? Por quê?
–5–
Engenheiro Cidadão – uma visão sociológica
A importância da profissão
Art. 1º- A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição. (Brasil, 1988).
[…] implica sentimento comunitário, processos de inclusão de uma população, um conjunto de direitos civis,
políticos e econômicos e significa também, inevitavelmente, exclusão do outro. Todo cidadão é membro de
uma comunidade, como quer que se organize, e esse pertencimento, que é fonte de obrigações, permite-lhe
também reivindicar direitos, buscar alterar as relações no interior da comunidade, tentar redefinir seus
princípios, sua identidade simbólica, redistribuir os bens comunitários. (Pinsky e Pinsky, 2016, p. 46).
recomendava aos trabalhadores do campo a aceitação passiva do sofrimento, uma vez que trazia em si a
purificação e o caminho seguro dos céus, e que, de outro lado, tranquilizava a consciência dos nobres (e do
próprio clero) ao fomentar a virtuosidade de uma vida na mais profunda ociosidade. (Pinsky e Pinsky, 2016,
p. 116).
Do objetivo da profissão:
A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos
maiores a preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores.
Como parte do tecido social, o engenheiro tem deveres e direitos. Como cidadão,
deve se orientar pela Constituição do seu país e pelas leis que regem o funcionamento
das instituições. Como profissional, se obriga a seguir orientações dos órgãos que
regulam as profissões e dos órgãos de classe aos quais estiver vinculado, exercendo sua
profissão com honradez.
Sobre a honradez da profissão, o Artigo 8º do Código de Ética do CONFEA
(2014) explicita: “A profissão é alto título de honra e sua prática exige conduta
honesta, digna e cidadã.”
No Brasil, o Código de Ética do CONFEA define ainda alguns dos direitos e
deveres do profissional de engenharia,24 além das demais profissões vinculadas a esta
entidade.
No Artigo 9º, “Dos deveres” do engenheiro, podemos destacar os de oferecer seu
saber para o bem da humanidade (inciso I, alínea a); empenhar-se junto aos
organismos profissionais para a consolidação da cidadania e da solidariedade
profissional, e da coibição das transgressões éticas (inciso II, alínea e); alertar sobre os
riscos e responsabilidades relativos às prescrições técnicas e às consequências
presumíveis de sua inobservância (inciso III, alínea f); atuar com lealdade no mercado
de trabalho, observando o princípio da igualdade de condições (inciso IV, alínea a);
orientar o exercício das atividades profissionais pelos preceitos do desenvolvimento
sustentável (inciso V, alínea a).
No Artigo 10, o Código de Ética do CONFEA explicita as “Condutas Vedadas”,
como, por exemplo, ante o ser humano e a seus valores, usar de privilégio profissional
ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins discriminatórios ou para
auferir vantagens pessoais (inciso I, alínea a). Ante a profissão, aceitar trabalho,
contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha efetiva qualificação (inciso
II, alínea a); nas relações com os demais profissionais: referir-se preconceituosamente a
outro profissional ou profissão (inciso IV, alínea b); e atentar contra a liberdade do
exercício da profissão ou contra os direitos de outro profissional (inciso IV, alínea d).
Os aspectos de “Direitos” são também cobertos pelo Código de Ética. O Artigo 11º
destaca na alínea “a” que “são reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes às
profissões, suas modalidades e especializações, destacadamente: à livre associação e
organização em corporações profissionais.”
No tocante à remuneração, o Artigo 12º destaca que “são reconhecidos os direitos
individuais universais inerentes aos profissionais, facultados para o pleno exercício de
sua profissão, destacadamente: à justa remuneração proporcional à sua capacidade e
dedicação e aos graus de complexidade, risco, experiência e especialização requeridos
por sua tarefa”.
Conclusão
Exercícios vivenciais
A importância do líder
O que é liderança?
Além disto, cabe ao líder ainda monitorar as atividades do grupo, atuando quando
estas levam a desvios dos objetivos, e a agir de forma que o grupo reconheça sua
liderança, o que envolve lealdade, respeito, ética e outros atributos de valor para o
grupo.
Observe-se que a liderança pode ser exercida mesmo sem contato direto com os
liderados. Muitos líderes religiosos, ou de ideias filosóficas e mesmo líderes de empresas
têm sua influência disseminada pela ação de liderados aos quais ele outorga autoridade.
Uma vez que a influência do líder sobre seu grupo liderado tem relação direta com
a autoridade do líder e com o poder que emana desta autoridade, o tema “autoridade e
poder” assume um papel importante no entendimento da liderança.
a. a imposta pelo monopólio, quando, por exemplo, uma pessoa tem o monopólio
de alimentos ou de terras férteis e, em razão deste poder, impõe sua vontade a
outros que dependem dele para se alimentar;
b. a dominação em virtude de autoridade, que significa para ele o poder de mando
de quem tem esta autoridade e o dever de obediência de terceiros.
O líder deve ter alguma característica nata para desempenhar seu papel, ou
qualquer pessoa que assim o deseje pode tornar-se líder?
As respostas clássicas a esta pergunta seguem duas visões: a) a que entende que o
líder tem determinadas características necessárias (que podem ser adquiridas ou natas);
e b) a que entende que o líder se forma e aparece conforme a situação de demanda. Esta
última é a que ocorre no tipo de liderança chamada de situacional.
Na primeira visão, é determinante que o líder tenha algumas características, como
iniciativa e identidade com as pessoas que lidera. Outro fator é sua motivação para ser
líder, a vontade de estar na posição de liderança (Maximiano, 2000, p. 400).
As escolas mais modernas tentam identificar algumas competências e habilidades
que um líder deve ter ou desenvolver. Algumas são:
Tipos de líderes
Diferentes são as razões pelas quais um grupo aceita a liderança. Estas razões
permitem a identificação de diferentes tipos de líderes.
O líder pode ser aceito pela competência demonstrada para conduzir o grupo numa
situação dada, pode ser aceito pela posição que ocupa numa estrutura organizacional
de uma empresa ou em razão de seu caráter, entre outras.
Apresentaremos alguns tipos de líderes que podem ser identificados pela
abordagem de Max Weber (1999, p. 197-355) sobre autoridade e pelas escolas de
administração humanista e comportamental.
A classificação baseada em Weber se fundamenta no tipo de autoridade que
sustenta o poder do líder. Weber identificou três tipos puros de autoridade: a) a
tradicional; b) a carismática; e c) a racional ou burocrática. Estas geram três tipos puros
de lideranças: a) a tradicional; b) a carismática; e c) a racional ou burocrática.
Líder tradicional
Líder carismático
Neste caso, o líder é aceito pelo grupo por causa do seu carisma. Carisma, no grego,
significa dom.25 Pode ser entendido como dom concedido por Deus (Chiavenato,
2013, p. 158). Encontramos ainda, no dicionário, carisma como “atribuição a outrem
de qualidades especiais de liderança, derivadas de sanção divina mágica, diabólica ou
apenas de individualidade excepcional” (Ferreira, 2018).
É neste último sentido, relacionado à personalidade do líder, ao seu caráter, que
Weber trata esta autoridade. A autoridade do líder carismático é aceita devido à sua
forte personalidade, a qual é capaz de exercer grande influência sobre o grupo. Esta
autoridade não tem base racional e não é delegada nem recebida por herança, como
ocorre no poder legitimado pela autoridade tradicional. O poder é legitimado pela
personalidade do líder, pela autoridade que emana de suas palavras, pela devoção e
confiança que o grupo manifesta em relação a ele.
A autoridade carismática é encontrada em líderes religiosos, em grande parte dos
líderes políticos e em pessoas de notória influência sobre as opiniões e crenças dos
grupos sociais. Moisés, líder dos judeus durante a saída do Egito, era um líder
carismático. Gandhi, na Índia, também o era.
O líder carismático não é escolhido por suas habilidades ou conhecimentos, mas
pela admiração e poder de sedução que exerce sobre os seus liderados. Ele é admirado
pelo seu grupo, sendo, em geral, capaz de alterar, com suas palavras ou com seus atos, as
emoções que conduzem o grupo, levando-o a estados mais próprios para ações de
fundo emocional. Este tipo de líder costuma levar ao grupo visões ousadas e grandiosas
que o motivam até mesmo a sacrifícios e atos extraordinários.
Um líder carismático costuma ser visionário, ou seja, traça visões futuras e cenários
com clareza e emoção, levando o grupo a ter expectativas elevadas. Além disto,
incentiva o grupo a transpor as dificuldades, mantendo o seu entusiasmo pessoal e a
sua demonstração de autoconfiança e, como característica também marcante, busca
tornar o grupo capaz de agir, seja pela organização ou pelo apoio pessoal que dá aos
seus membros, pelos quais expressa sua empatia e confiança.
A autoridade carismática é aquela que “desperta a devoção dos seguidores do líder”
(Maximiano, 2000, p. 398).
Líder burocrático
[…] a ‘validade’ de seu poder de mando expressa-se num sistema de regras racionais estatuídas (pactuadas ou
impostas) que, como normas universalmente compromissórias, encontram obediência quando a pessoa por
elas ‘autorizada’ a exige. Neste caso, o portador individual do poder de mando está legitimado por aquele
sistema de regras racionais, sendo seu poder legítimo, na medida em que é exercido de acordo com aquelas
regras. (Weber, 1999, p. 197).
Assim sendo, a liderança legitimada pela autoridade burocrática, legal ou racional,
se baseia em leis, normas e ritos que o grupo aceita como legítimos para validar a
autoridade do líder. De forma geral, a autoridade da liderança é explicitada de maneira
formal por meio de documentação escrita.
A legitimidade do poder legal se baseia, portanto, em normas formalmente
definidas. Assim é, por exemplo, a liderança de um chefe em uma empresa que assume
a função por escolha formalizada por um líder superior na hierarquia e reconhecido
como tal pelo grupo.
Em geral, alguns ritos acompanham a formalização da atribuição de autoridade ao
líder, como, por exemplo, a solenidade de posse de um presidente. Nesses casos, esses
líderes são aceitos como tal, porque o grupo liderado entende que a autoridade tem
fundamento legal e se baseia em normas que regem o funcionamento do grupo, como a
Constituição de um país, por exemplo.
Do mesmo modo ocorre a escolha de um “chefe” de um grupo dentro de uma
organização, que na maioria das vezes atua como um “gerente”. Esta escolha se dá por
meio de um processo formal baseado em procedimentos da organização, como, por
exemplo, a indicação dos nomes feita pelo escalão imediato e a escolha do nome entre
os indicados, pelos ocupantes de dois escalões acima na empresa.
Em muitas organizações burocráticas, são comuns os símbolos de autoridade, que
indicam, inclusive, a hierarquia das autoridades, como os uniformes para os militares,
os tamanhos das salas para os diferentes níveis gerenciais das empresas e os serviços de
que dispõe o líder para seu uso particular.
A atuação do líder formalmente indicado tem, em geral, tempo de duração, o qual,
uma vez terminado, levará à escolha e à formalização do próximo líder sucessor.
Líder situacional
a. o líder é escolhido pelo grupo por ser a pessoa com características mais adequadas
para levá-lo a tomar as decisões certas para caminhar em direção aos seus
objetivos, considerando a situação em que o grupo se encontra. Tendo as
características mais adequadas, o líder é capaz de reduzir as incertezas do grupo,
dando a ele mais confiança e coesão para atingir seus objetivos. Assim, um perito
em fugas em ambientes com fogo, se tiver voz de comando, tende a ser o líder de
um grupo na fuga de um incêndio;
b. o líder é visto como a pessoa que possui ou pode controlar os meios de satisfação
das necessidades do grupo, podendo indicar os caminhos mais adequados para
cada um de seus componentes ou para o grupo como um todo. Este tipo de
relação pode se estabelecer, por exemplo, entre o possuidor dos meios de
produção e os seus empregados. Neste caso, o grupo tem necessidades
(econômicas) que são atendidas pelo líder;
c. o líder é visto como aquele que sabe adequar as características dos indivíduos do
grupo às necessidades que a situação exige. Este caso de liderança é aquele no qual
a situação exige características específicas do líder e de seus subordinados a fim de
superar as dificuldades momentâneas. Assim, num centro cirúrgico, o cirurgião
tenderá a ser o líder, organizando o grupo para a obtenção dos resultados que a
situação exige e buscando que cada um exerça as competências profissionais
necessárias ao bom resultado da cirurgia.
Líder transacional
Este tipo de líder troca, “transaciona”, negocia com o grupo liderado. Ele troca o
apoio de seus liderados por algum tipo de recompensa que tenha como oferecer, seja
ela material ou social. Se o grupo atingir os objetivos definidos ou cumprir a missão
que lhe foi dada, receberá uma recompensa como “prêmio”. Por esta razão, esse líder
também é conhecido como líder de recompensa. Sua autoridade de líder decorre,
portanto, de seu poder de premiar as pessoas, sendo este poder reconhecido pelo seu
grupo.
Exemplo deste líder é o “chefe” tradicional, que define os empregados que serão
promovidos ou ganharão aumentos ou premiações diversas. Os liderados tendem a
seguir as orientações e ordem do seu “líder”, devido à obtenção de vantagens que este é
capaz de lhes conceder, mesmo que seus objetivos não sejam os mesmos do líder.
Neste caso, existe uma racionalidade que sustenta a relação do grupo, havendo
pouca ou nenhuma motivação de fundo emocional. A liderança transacional pode
conceder recompensas morais, como elogios públicos, demonstração de
reconhecimento, e outras, ou materiais, como aumentos salariais, bônus e premiações.
Líder transformador
Este tipo de líder tem o papel principal de criar nos liderados uma visão a ser
seguida por eles, seja para o grupo atingir seus objetivos, ou, no caso de empresas, para
alinhar os objetivos do grupo com a visão da empresa, levando os seus liderados a
agirem de modo a concretizarem esta visão.
Esta liderança é muitas vezes identificada como liderança autêntica. A motivação
do grupo para aceitar o líder como tal é de fundo emocional. O líder se vê com uma
missão de natureza moral por envolver a passagem de ideais ou desafios para o grupo
liderado. Este tipo de líder também pode ser, por esta razão, chamado de líder moral
(Maximiano, 2000, p. 397).
A missão de natureza moral se aproxima da autoridade carismática, no caso do líder
evocar valores e ser, para os liderados, o seu condutor. Pode ser ainda identificada com
a liderança baseada na autoridade tradicional, onde o líder é reconhecido por atender
às exigências normativas ou tradicionais.
Considerando o fator que legitima a autoridade do líder diante do grupo, temos
outros tipos de lideranças.
Líder coercitivo
Este líder é, de forma geral, capaz de imputar sofrimentos físicos ou psicológicos aos
seus liderados. Sua liderança decorre deste poder coercitivo, porém o grupo reconhece
o direito do líder de aplicar as punições. Os liderados, neste caso, farão o que o líder
desejar pelo medo de serem punidos, de sofrerem algum tipo de dor ou desconforto.
Um exemplo deste tipo de liderança é a de um militar superior que é capaz de
prender seu comandado caso ele não cumpra as suas ordens; é o tipo de liderança
exercida onde a relação de poder é baseada na força, no mais forte, no mais agressivo. O
poder coercitivo ocorre também nas empresas de forma mais sutil. Nelas, o líder é
capaz de demitir seus liderados, de impor a eles advertências e punições que os deixam
profissionalmente desqualificados.
Neste tipo de liderança, o grupo não tem uma motivação positiva para atender ao
líder, mas o faz por medo das consequências negativas possíveis de serem a ele
imputadas pelo líder. Mesmo podendo haver o reconhecimento de que o líder tem
direito a agir de forma coercitiva, sendo a liderança aceita pelo grupo, a motivação dos
liderados não será positiva.
Este tipo de líder se vale da sua capacidade de acesso a dados e informações que
afetam o direcionamento do grupo. Seu poder reside basicamente nas informações a
que tem acesso e das quais pode dispor em detrimento de outros membros do seu
grupo.
Um exemplo desse tipo de liderança é o exercido por um indivíduo que tem acesso
a reuniões com os decisores de algum tipo de movimento político. Ele se reúne com a
cúpula do movimento, da qual emanam as deliberações e posições que devem ser
adotadas pelo grupo. Como responsável pela sua divulgação e único conhecedor das
decisões tomadas pelas lideranças maiores, passa a deter o poder de orientar e
interpretar para o grupo o significado das decisões.
O poder da informação permite que uma maioria seja dominada por um pequeno
número de pessoas.
A ‘vantagem do pequeno número’ é plenamente eficaz quando os dominadores guardam segredo de suas
intenções, das decisões e do conhecimento, atitude que se torna mais difícil e improvável com cada
acréscimo. Todo aumento do dever de guardar o ‘segredo oficial’ é um sintoma da intenção dos dominadores
de intensificar o poder por eles exercido ou da convicção de este estar exposto a uma ameaça crescente.
(Weber, 1999, p. 196).
Estilos de liderança
Os líderes muitas vezes adotam estilos que são próprios de suas personalidades e,
em muitos casos, mais adequados a uma dada organização ou situação vivida.
Podemos identificar três estilos puros de liderança: autocrático, liberal e
democrático. Estes estilos levam em conta a forma como o líder se relaciona com o seu
grupo.
Liderança autocrática
Neste estilo de liderança, o líder centraliza o poder de decisão com respeito às ações
do grupo. Como líder, ele define diretrizes e não pede a opinião do seu grupo de
liderados. O líder que atua de forma autocrática define as tarefas de cada membro do
seu grupo e também, no caso das organizações, dos participantes dos grupos de
trabalho. Nesse estilo de liderança, o líder tende a não confiar no seu grupo e a não
delegar poderes para os seus liderados. Também costuma impor as suas ideias e
decisões para o grupo, não solicitando participação dos membros na construção dessas
ideias e decisões. De forma geral, não dirige elogios ao grupo e, quando o faz, os
direciona a pessoas específicas, e não ao coletivo.
Por seu estilo centralizador, não estimula a participação de seus liderados nas
decisões nem tampouco a assumirem responsabilidades dentro do seu grupo. Desta
forma, o grupo deixa para o líder, ou “chefe”, o ônus dos erros e os benefícios dos
acertos, apontando-o então como o responsável pelos resultados.
Alguns líderes autocráticos se tornam demasiadamente centralizadores e se sentem
extremamente poderosos, podendo se tornar autoritários e exercer poder coercitivo.
Líder democrático
Este líder procura debater com seu grupo de liderados as ideias, deixando que o
grupo decida as ações e as atividades de cada membro e atuando predominantemente
como facilitador da comunicação e ativador das ideias do grupo. Divide seu poder com
o grupo e não se sente ameaçado por ele. Funciona também como orientador das
discussões, atuando muitas vezes como conselheiro e sugerindo alternativas para
escolha do grupo. As atividades são divididas por escolha do grupo, assim como são
definidos os seus membros, no caso de grupos de trabalho. Nos elogios e críticas,
procura objetividade, buscando sempre se apoiar em fatos, não em sentimentos.
Quanto mais liberal o líder, mais ele repassa poder aos membros do grupo (o que é
chamado de empowerment), para que eles possam atuar de forma responsável e
comprometida.
Este tipo de líder delega as decisões sobre tarefas e direções a serem tomadas aos
membros do grupo liderado. Tem nenhum ou pouquíssimo controle sobre o que faz
cada liderado e, nas organizações, não acompanha as suas tarefas. Sua presença é pouco
realçada, sendo mais destacada a participação do grupo.
Os membros dos grupos de atividade (e de trabalho, no caso das organizações)
dividem entre si as tarefas, sem intervenção do líder, e a escolha dos próprios membros
é de responsabilidade do grupo. Quando o líder intervém, o faz apresentando não
decisões ou linhas de ação definidas, mas uma série de ideias, que, em geral, coleta
dentro do próprio grupo, disponibilizando-se para eventuais consultas. O líder liberal
não controla o que faz seu grupo nem avalia os seus membros.
Qual o melhor tipo de líder e o estilo de liderança mais adequado? Olhando pela
visão da Teoria das Contingências das organizações (Chiavenato, 2013, p. 323-63), em
que não se considera nada absoluto dentro das organizações, na qual a modificação do
ambiente externo exige modificações e adaptações constantes das empresas, o líder
deve seguir o mesmo eixo contingencial, em que a visão é a de que não se tem um tipo
ou estilo único e melhor para o líder. Estes dependerão da situação; do entorno da
organização. São líderes situacionais.
Os administradores de empresas tendem a gostar da utilização desta visão de líder
situacional, uma vez que nas empresas serão encontradas diferentes situações e
necessidades, exigindo formas diferentes de liderança que se adaptem.
Assim, um gerente mais centralizador pode ser adequado quando a tarefa a ser feita
não é bem assimilada pelos seus liderados; um mais democrático para um grupo mais
maduro e autônomo; um líder que tenha mais facilidade de usar seus poderes de
recompensa e punição pode ser mais interessante num grupo motivado pela
recompensa, e outro que utilize mais o estilo de convencimento do que o de imposição
pode ser melhor para grupos emocionalmente motivados.
As motivações dos liderados (Maximiano, 2000, p. 389), para serem influenciados
pelo líder, devem, tanto quanto possível, ser identificadas para que o tipo de liderança
seja ajustado a elas.
Se os liderados esperam recompensas do líder, sejam elas morais, como, por
exemplo, a lealdade, a defesa das ideias do grupo, a definição de caminhos a serem
seguidos para o grupo atingir seus objetivos, ou recompensas materiais – no caso das
motivações por interesses –, o líder deve ser visto pelo grupo como capaz de atendê-las.
Assim, como visto nos “tipos de lideranças”, um tipo de líder transacional, que troca,
transaciona, no caso da motivação material ou um líder transformador, no caso da
motivação moral, pode ser o mais adequado.
Quanto à natureza da tarefa ou missão a ser executada pelo grupo, quanto mais
estruturada e rotineira ela for e quanto mais amadurecido for o grupo, menos o líder
tende a interferir nas atividades, tendo mais tempo para atuar como um líder moral.
Nesta situação, um líder de estilo mais liberal mostra-se mais adequado. Ao contrário,
se as tarefas são menos estruturadas e inovadoras e são executadas por um grupo
imaturo, aparecerá a exigência de um líder mais presente e com um nível de
intervenção maior, cobrando mais e talvez premiando mais pelos resultados. Neste
caso, um estilo mais autocrático pode ser mais recomendado.
De forma geral, líderes com tendências mais liberais devem ser colocados em
funções de menos execução e de maior concepção, por serem líderes menos moldáveis a
tarefas em que o seu nível de atuação junto aos seus liderados exija comandos e
controles. Estes líderes liberais também tendem a funcionar mal onde não haja
maturidade suficiente dentro dos membros do grupo para que possa efetivamente
delegar tarefas e funções.
Quanto ao melhor estilo de liderança adequado à cada organização, pode-se ainda
considerar o sistema administrativo vigente na organização. Este pode ser classificado
em: a) autoritário coercitivo; b) autoritário benevolente; c) consultivo; ou d)
participativo. Conforme o sistema administrativo, o líder tende a adotar diferentes
estilos (Maximiano, 2000, p. 216-17; 226).
No caso do sistema autoritário coercitivo, é comum que o líder adote um estilo
mais centralizador e pouco comunicativo com seus liderados, principalmente de
maneira informal, que não consulte seu grupo para tomar decisão e que seja formal no
seu tratamento, se atendo às regras formais e punindo os que não as seguem. Seu estilo
tende a se aproximar mais do autocrático.
O líder que atua no sistema autoritário benevolente pratica, em geral, alguma
delegação de responsabilidade, sem perder o controle dos atos gerados por essa
delegação, se comunica com os subordinados imediatamente abaixo dele e reconhece
alguma organização informal dentro da organização. Dentro do seu estilo
administrativo, costuma recompensar materialmente elementos do grupo que se
destacam de forma exemplar. Seu estilo nestas organizações oscila entre o autocrático e
o democrático.
O líder que atua numa administração consultiva tende a permitir a delegação de
autoridade aos níveis inferiores, a consultar os níveis abaixo do seu para tomar decisões,
a buscar maior comunicação com os níveis inferiores da organização e a confiar nas
pessoas, permitindo que se organizem informalmente, desde que não prejudiquem o
bom desempenho da organização, praticando recompensas e punições de natureza
material (salários) e social (reconhecimento). Este estilo de liderança mais se aproxima
do democrático-liberal.
Por fim, o líder que atua numa organização participativa tende a descentralizar
decisões, buscando deixar mais explícitas as políticas da organização e a atuar menos
nas decisões que geram ações operacionais; é eficiente na comunicação, gosta de
trabalhar em equipe e dá ao grupo recompensas materiais e sociais, raramente
exercendo punições dentro de seu grupo. Este líder tende a um estilo mais liberal.
Fonte: Autor.
6.1. Explicite algumas situações de sua vida em que você exerceu o papel de líder.
6.2. Defina com suas palavras liderança, autoridade e poder.
6.3. Explicite uma característica que possa distinguir poder de autoridade.
6.4. Quando é adequado dizer que uma liderança é legítima?
6.6. Identifique três livros de autoria de Max Weber. Entre eles, está o trabalho de
referência que apresenta as reflexões de Weber sobre liderança? Qual é este livro?
6.7. Quais os tipos de autoridade identificados por Weber?
6.8. Identifique a diferença entre as autoridades tradicional, carismática e
burocrática.
6.9. O que você entende por liderança situacional?
6.10. Entre os tipos puros de liderança identificados com base na visão de Weber,
qual deles um gerente de empresa exerce com certeza?
6.11. Como você descreveria um líder transacional e um transformador? Qual você
considera melhor para uma organização do tipo “fabricação de produtos
manufaturados”, no que tange à liderança do corpo de técnicos da fábrica?
6.12. Explicite duas diferenças quanto à conduta de um líder autoritário e
democrático junto à sua equipe de liderados.
Exercícios vivenciais
Não é necessário identificar os integrantes por nomes. Pode ser por números, sendo
você um destes numerados.
6.15. Para o exercício anterior, é possível identificar algum tipo ou estilo de
liderança entre os padrões apresentados na discussão deste tema 6, que tenha sido
exercido dentro do grupo? Que comportamentos você pode explicitar para justificar
esta(s) identificação(ões)?
6.16. Que habilidades e competências de um líder você considera importantes para
um professor? E para um engenheiro que liderará uma equipe de especialistas em
alguma área da engenharia?
–7–
Aprendizagem contínua: uma visão pedagógica da profissão
O que é formação?
Por certo, um engenheiro não é capaz de fazer tudo de engenharia, embora seja, a
princípio, capaz de aprender tudo de engenharia a partir de seus conhecimentos
básicos. O que ele desenvolve ao longo de sua vida são competências. Competência é
entendida como a “qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto,
fazer determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade.27
O profissional competente para exercer determinadas atividades deve ter os
conhecimentos, as habilidades e as atitudes necessárias para tal.
Neste ponto, observamos que a visão da estruturação curricular dos cursos de
engenharia e dos cursos superiores, em geral, tende a evoluir da exigência de absorção
dos conteúdos para o desenvolvimento de competências.
O que se espera do engenheiro formado não é que tenha conhecimento dos
conteúdos de cálculo, física, modelagem matemática e outros, típicos dos cursos de
engenharia. Por certo, estes conteúdos serão importantes, mas o que se espera do
engenheiro é que ele tenha, por exemplo, competência para realizar determinadas
tarefas, como transformar um problema real em modelos físicos e matemáticos e que
seja capaz de obter respostas simuladas para estes modelos, prevendo a realidade.
Assim, formação tem a ver com competência, e esta, com conhecimentos, habilidades e
atitudes.
Sobre as habilidades
Habilidades são caracterizadas pela destreza que temos para fazer bem alguma
coisa. O termo vem do latim “habilitas” (English, [201-]), que significa exatamente
aptidão, ser hábil para executar alguma atividade; destreza para fazer algo.
Quando alguém faz algo, demonstrando capacidade de fazer com perícia, precisão,
qualidade, agilidade e rápido aprendizado, dizemos que este alguém tem habilidade
neste fazer.
Assim, se uma pessoa aprende rapidamente um novo programa de computador, o
utiliza para executar tarefas com rapidez e precisão e é capaz de resolver problemas
novos utilizando o programa aprendido e demonstrando destreza e perícia no seu uso,
diremos que esta pessoa tem “habilidade em informática”, pelo menos no que diz
respeito ao uso desse ou de outros programas.
As habilidades têm componentes natos, mas podem também ser aprendidas e
desenvolvidas se nos dedicarmos ao seu aprendizado e desenvolvimento.
São exemplos de habilidades a matemática, a sensibilidade para perceber a emoção
de outros (empatia), a comunicação, a capacidade de planejamento, a capacidade de
organização do espaço e das ideias, a capacidade de dançar, jogar futebol bem, conhecer
seus próprios sentimentos, desenhar, pintar, tocar instrumentos, aprender músicas,
dominar idiomas com facilidade, entre outras tantas.
As habilidades dão distinção a quem as possui e são um diferencial na formação
profissional. Um profissional, engenheiro ou não, se distingue dos demais se tiver
habilidades de interesse para as atividades que deverá desenvolver ou se essas
habilidades trouxerem benefícios ou admiração por parte dos que convivem com ele.
Assim, pouco adianta a alguém ter a habilidade de jogar muito bem futebol se sua
atividade não for ou se relacionar com este esporte, muito embora possa angariar bons
amigos e admiradores que poderão ajudar, abrindo alguma oportunidade de interesse
profissional.
Um engenheiro capaz de se comunicar em vários idiomas é, em geral, considerado
mais qualificado que outro que não tem tal habilidade, principalmente se um dos
idiomas for de interesse da empresa em que trabalha ou do grupo de pesquisas do qual
participa.
Quando se disponibiliza um curriculum vitae (CV) para uma empresa, deve-se
procurar descobrir quais as habilidades que ela está buscando nos candidatos para a
vaga oferecida, pois aí poderá estar o diferencial na escolha do profissional.
Habilidades podem ser desenvolvidas. Pesquisas mostraram que algumas estão mais
relacionadas ao hemisfério direito do cérebro, e outras, ao esquerdo. Embora não haja
consenso absoluto sobre tal especialização, aceita-se que algumas funções humanas são,
preferencialmente, realizadas por áreas mais especializadas do nosso cérebro.
Desta forma, numa pessoa destra, o lado esquerdo do cérebro é mais lógico,
matemático, preciso. O lado direito é aceito como cuidando mais das funções
intuitivas, emocionais e poéticas.
Assim, atribui-se ao hemisfério esquerdo do cérebro a habilidade de manipular
números, bem como a faculdade de elaborar raciocínios com clareza, lembrar e
organizar fatos vividos em uma sequência correta. Por sua parte, no hemisfério direito,
parece se situar a habilidade de reconhecer fisionomias, melhorando nosso
relacionamento social, a habilidade de desenhar e as capacidades artísticas.
A ideia mais corrente hoje, no entanto, é de que, embora a dominância de algumas
habilidades seja de um dos hemisférios do cérebro, algumas funções, como o raciocínio
lógico, o reconhecimento de imagens e a habilidade musical, entre outras, são divididas
entre os dois. A habilidade com a linguagem, a de controlar e planejar, por exemplo,
que se concentram de forma dominante no hemisfério esquerdo, também não são
exclusivas dele, sendo aceitas pelos teóricos como divididas entre os dois hemisférios.
Por esta não exclusividade dos hemisférios na execução de atividades, uma pessoa que
tenha tido um acidente vascular cerebral (AVC), danificando um dos hemisférios do
cérebro, pode recuperar as funções típicas deste hemisfério exercitando e
desenvolvendo mais o outro.
Algumas habilidades foram relacionadas com as chamadas inteligências. Estudos do
psicólogo Howard Gardner28 identificaram sete tipos de inteligências que estão
associadas às habilidades específicas.
Historicamente, o termo inteligência se referia à inteligência racional e à
capacidade de raciocinar e juntar partes logicamente. Gardner estendeu o conceito. Na
sua visão, exposta no seu primeiro trabalho importante, Frames of Mind: The Theory of
Multiple Intelligences, de 1983, Gardner (1994) identificou, além da inteligência
lógico-matemática, medida pelos tradicionais testes de Quociente de Inteligência (QI),
mais seis tipos, estendendo e discutindo o conceito de inteligências em outro trabalho
posterior (Gardner, 2001).
Partindo de oito critérios ou sinais de validação das inteligências, explicitados no
seu livro, Gardner (1994, p. 47-50 e 2001, p. 46-56) reconheceu sete tipos de
inteligências relacionadas com algumas habilidades. A primeira delas é a linguística.
Esta “envolve sensibilidade para a língua falada e escrita, a habilidade de aprender
idiomas e a capacidade de usar o idioma para atingir certos objetivos” (Gardner, 1994 e
2001). A segunda inteligência, a lógico-matemática, “envolve a capacidade de analisar
problemas com lógica, de realizar operações matemáticas e investigar questões
científicas”.29
Seguem-se três tipos de inteligência muito relacionadas à arte: a musical; a físico-
cinestésica, a qual envolve a capacidade de usar o corpo para resolver problemas ou
produzir coisas, habilidade que também é muito útil em profissões como médicos-
cirurgiões, mecânicos, dançarinos e outras de cunho técnico; e a inteligência espacial,
que é apresentada por aqueles que têm habilidade para se orientar no espaço e
trabalhar nele, como escultores, navegadores e pilotos (Gardner, 1994 e 2001, p. 57).
As outras duas inteligências são relacionadas com as pessoas. A interpessoal permite
a quem a possui entender melhor intenções, motivações e desejos das pessoas com
quem se relaciona, e a intrapessoal, que denota a capacidade da pessoa ter
autoconhecimento (Gardner, 1994 e 2001, p. 57-8).
Depois de 1983, Gardner (2001) sugeriu a inclusão da inteligência naturalística,
que se refere à capacidade de se relacionar com a natureza – fauna, flora, minerais – de
forma produtiva, como fazem caçadores, biólogos e agricultores.
O sucesso profissional parece depender da adequada associação das inteligências e
das habilidades resultantes, o que resultaria em algo que poderíamos chamar de
“inteligência social” e que se relacionaria com a habilidade do indivíduo ser bem-
sucedido socialmente.
O que observamos dentro de sala de aula nos cursos de engenharia e no trabalho
profissional do dia a dia é que, de forma comum, muitos alunos brilhantes, capazes de
fazer rápidas inferências, têm dificuldade de se motivar para o trabalho prático e de
definir qual será o seu papel dentro da sociedade, começando cursos diversos, muitas
vezes sem terminá-los, tendo de forma geral dificuldade de achar seu espaço no tecido
social.
Esta “inteligência social” não exige dominância de nenhuma das oito inteligências
anteriormente citadas, mas da habilidade de perceber necessidades, da capacidade de se
automotivar, de enfrentar dificuldades, de saber se estimular por desafios e de
ambicionar um espaço distinto dentro da sociedade.
Como já dissemos, as habilidades podem ser natas ou aprendidas e desenvolvidas.
Podemos destacar algumas habilidades valorizadas socialmente e que devem fazer parte
da formação dos engenheiros e dos profissionais, de forma geral.
Comunicação
Esta é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Uma comunicação eficaz não
necessariamente exige domínio de um idioma ou da forma escrita de uma linguagem,
mas da capacidade de transmitir ideias e levar emoção associada ao discurso ou ao que
se escreve. Sem dúvida, o domínio do idioma e da escrita enaltece a comunicação e a
facilita. A sociedade valoriza profissionais que são capazes de dizer o que querem, de
transmitir suas ideias, de apresentar suas propostas de forma simples, numa linguagem
adequada ao público ao qual se direciona, utilizando uma forma atraente, inteligível e
motivadora de se comunicar.
Habilidade de negociação
Organização
Saber onde as coisas estão, saber priorizar e resolver cada coisa a seu tempo,
apresentar cálculos de forma ordenada, utilizar bem o espaço de trabalho, manter as
informações catalogadas e acessíveis, encontrar os contatos, as fotos, os papéis que
procura, listar o que precisa para começar e terminar algum trabalho e planejar as
atividades que serão executadas são características de um profissional organizado. Esta
habilidade tem relação com a inteligência espacial. A capacidade de organização tem
sido valorizada, pois melhora a eficiência do trabalho e o fluxo de informação dentro
da empresa. Organização não é neurose. Ter momentos de amontoar papéis e permitir
algumas exceções na ordenação de coisas é salutar. A habilidade de organização não
deve inibir a flexibilidade, que é uma habilidade desejada dentro das empresas para que
estas possam acompanhar as mudanças de forma rápida.
Habilidade de autodesenvolvimento
Trabalho em equipe
Habilidade matemática
Habilidade computacional
Habilidade de liderança
Alguns consideram que os líderes nascem prontos. A posição mais aceita hoje em
dia é a de que a liderança é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Embora a
liderança seja entendida nas empresas como situacional, onde cada situação exige um
diferente tipo de líder, e também exista diferentes estilos de liderança, a habilidade de
liderar pode ser desenvolvida. A capacidade de expressar ideias com clareza e tomar
decisões nos momentos certos, assumindo riscos possíveis, pode ser adquirida com a
experiência e o aumento da autoconfiança. Nas empresas, os gerentes funcionam como
líderes. Muitos técnicos que conduzem equipes de pesquisa, de projetos e de outras
atividades funcionam como líderes, sendo esta habilidade mais ou menos valorizada
em função da posição a ser ocupada pelo profissional.
Resiliência
Sobre as atitudes
Cada indivíduo reage de diferentes formas às situações que a vida lhe impõe. Assim,
por exemplo, alguns alunos, quando reprovados em uma disciplina, podem entender
que não têm condições de vencer esta dificuldade e abondonam o curso que fazem;
outros, diante da mesma situação, decidem que vão estudar exaustivamente e se
destacar como o melhor; outros adotam uma postura passiva de deixar a coisa
acontecer e aguardar que passem quando o professor entender que eles devem passar.
Muitas são as reações que temos diante da mesma realidade.
Estas reações às solicitações da vida diária, ou seja, como nos comportamos em
nossas atividades – profissionais ou não – do dia a dia, são as “atitudes” que adotamos e
praticamos. As atitudes têm sua gênese em predisposições natas, em hábitos adquiridos
e em experiências vividas. Nós as desenvolvemos conforme caminhamos nas nossas
experiências. Do ponto de vista comportamental, os estímulos reforçam atitudes e as
punições as enfraquecem.
Se buscamos, por exemplo, a solução de um problema profissional que transcenda
nossas atribuições profissionais – porque entendemos que seria bom fazê-lo e o “chefe”
nos parabeniza, elogiando nossa atitude –, tendemos a repetir a atitude adotada. Se,
por outro lado, somos punidos por agir fora de nossas atribuições, nos desestimulamos
a adotar atitudes da mesma natureza.
Com o passar do tempo e a sua repetição, as atitudes acabam passando a ser traços
do caráter do indivíduo; traços da sua personalidade.
Nos ambientes profissionais, algumas atitudes são desejadas; outras, nem tanto. As
atitudes valorizadas e as não valorizadas dependerão da atividade que exercemos.
Listamos, a seguir, alguns exemplos de atitudes.
Cooperativa
Cooperar é operar junto. Fazer com os outros, contribuir com a nossa parte na
construção do todo. A atitude cooperativa nos predispõe a trabalhar junto com outros
na solução de problemas ou na realização de tarefas de interesse de um grupo ou da
coletividade da qual participamos, seja ela profissional ou não. Atitudes cooperativas
costumam ser bem vistas. A atitude individualista pode ser vista como a contrária à
cooperativa.
Realizadora
Flexível
Reativa
A atitude reativa é, em geral, mal vista pelas organizações. A atitude desta natureza
leva a quem a adota a dizer “não” antes de pensar na possibilidade do “sim”. Se o
gerente, por exemplo, leva ao seu subordinado a proposta de reorganizar seu espaço de
trabalho, o gerenciado pode simplesmente aceitar a sugestão sem reclamar ou pode
criticá-la, buscando adequar suas necessidades às do seu gerente, ou pode, simplemente,
justificar com inúmeros argumentos o porquê de não poder mudar o lay-out do seu
espaço de trabalho. Estes argumentos, em geral, possuem aspecto racional, mas de
fundo emocional (o que se chama em psicologia de racionalização). Desta forma,
adota, portanto, na situação descrita, uma atitude que pode ser interpretada como
reativa à mudança.
Pró-ativa
Esta atitude é a de antecipação de soluções para problemas que ainda vão surgir. É
ainda a atitude de quem busca solução e age sem necessidade de comando externo
diante das dificuldades, no sentido de resolvê-las. Se, por exemplo, meu computador de
trabalho enguiça, me impedindo de executar minhas tarefas, posso simplesmente parar
de trabalhar e esperar que alguém venha consertá-lo. Outra atitude possível é pedir a
alguém competente que venha consertá-lo enquanto eu uso o computador do colega
que está em férias. Posso ainda tentar sanar o defeito, buscando ajuda no local onde
fica o técnico competente, tentando assim agilizar o reparo, e procurando um
computador reserva para executar as minhas atividades enquanto não tenho o meu
consertado. São muitas as atitudes que podem ser tomadas. Algumas, passíveis de
espera, de passagem de responsabilidade e de aguardo de orientações; outras, de ação na
direção da solução, ainda que ninguém tenha assim solicitado. A adoção desta última
atitude caracteriza uma atitude pró-ativa. O contrário da atitude pró-ativa é a atitude
passiva.
Busca de excelência
Buscar excelência é buscar fazer o melhor possível. Não é ser perfeccionista, uma
vez que perfeito é algo ideal e inatingível e, provavelmente, nosso perfeito poderá ser
superado. Tentar fazer como os melhores fazem, buscando sempre aprimorar aquilo
que se faz, é buscar excelência. A atitude de buscar excelência é valorizada e é, no
fundo, uma atitude pró-ativa de quem quer fazer o melhor. Deve-se observar que o
perfeccionista, em geral, não termina suas tarefas (tende a não ser realizador), pois não
se satisfaz com o resultado que tem, não o considerando um resultado final. Aquele
que busca excelência procura fazer o melhor dentro das suas possibilidades,
considerando o que conhece e entende como melhor, no tempo de que dispõe, fazendo
e concluindo o que começa.
Objetiva
A atitude objetiva se identifica naquele que não foge do foco das discussões.
Quando a discussão se desvia do tema em debate, aquele que tem a atitude objetiva a
traz para o eixo central dos interesses, levando a discussão a conclusões e resultados
práticos. A falta de objetividade nos locais de trabalho dá espaço para longas reuniões
que terminam, em geral, sem desfecho, sem atas e sem resultados que possam ser
aplicados. Começam motivadas por dificuldades a serem resolvidas e acabam com as
mesmas dificuldades e, por vezes, outras adicionais geradas durante os debates.
Discussões conduzidas por pessoas sem objetividade falam de temas alheios ao tema
central em debate, tais como esporte, situações de vida, dificuldades passadas por
outras áreas da vida que não a profissional e a apresentação de exemplos e comentários
sem relevância para o que se tem como foco de interesse. A atitude objetiva é
valorizada nas empresas. Se exagerada, porém, pode abortar o aparecimento de novas
ideias e de posições diversas, principalmente se quem coordena a discussão é
exageradamente objetivo.
Criativa
A atitude criativa busca soluções novas para os problemas e procura diferentes
caminhos para discussão. É uma atitude que considera as opiniões, os antagonismos, as
diferenças e busca as soluções capazes de resolver a “equação” composta por estes
fatores. A criatividade tem sido valorizada nas empresas em razão de estas estarem
sempre buscando a simplificação dos seus processos e produtos, bem como novos
produtos que possam lhes conferir um diferencial competitivo positivo em relação aos
seus concorrentes.
Humanista
Ter o ser humano como centro das decisões é a atitude humanista também
chamada de antropocêntrica (o homem no centro). Se um engenheiro faz um projeto
buscando somente o melhor resultado econômico, sem considerar os benefícios que
este projeto trará para o ser humano, não está adotando uma atitude humanista.
Buscar este benefício, tendo o ser humano como primeiro valor nas decisões, evitando
impactos prejudiciais à espécie humana, caracteriza essa atitude. A sociedade
contemporânea, embora tenha, muitas vezes, práticas que não podem ser
caracterizadas como humanistas, valoriza esta atitude. As obras de engenharia devem
considerar o homem como parte do projeto se quiserem ser bem sucedidas.
Otimista
Ousada
A atitude ousada é aquela que corre grandes riscos em busca de grandes prêmios.
Para que a ação de alguém seja considerada ousada, este alguém deve, em caso de
insucesso, assumir todos os ônus da ousadia. Este é o risco. Tomar atitudes extremas e
deixar as consequências dos riscos para outros não é uma atitude ousada, sendo mais
próxima da irresponsável. Buscar a última solução quando todas parecem esgotadas,
arriscar a vida por um propósito, investir todos os recursos numa oportunidade que
possa reverter em grandes ganhos são atitudes ousadas. A ousadia é valorizada em
empresas com alto nível de concorrência, podendo não ser bem aceita naquelas onde a
tradição e as regras rígidas são parte da sua estrutura de valores.
Reflexiva
Re (para trás) flexiva (que se dobra, que se flete) é a atitude que considera a história
passada, vivida, para decidir e construir novas ideias. Refletir é agir com ponderação e
prudência na tomada de decisões, nas discussões e nos embates profissionais e pessoais.
É falar com base em argumentos pensados e avaliados criticamente. A atitude reflexiva
é valorizada nas empresas, não devendo ser confundida com a indolência, o imobilismo
ou a procrastinação de ações gerada pela falta de ação em face das infinitas avaliações
sobre riscos e outros possíveis caminhos de decisão.
Prática
Crítica
A atitude crítica é aquela que busca separar as ideias, entender suas fundamentações
e julgá-las de forma embasada e consequente. A atitude crítica argumenta e separa o
que deve do que não deve ser feito, o que é melhor naquele momento do que não é
adequado; desconstrói verdades mostrando a falta de sustentação nas argumentações.
Na sua ação, a crítica busca identificar problemas e oportunidades de melhoria e
propiciar o encontro de novas soluções, sendo uma atitude valorizada nas empresas.
Não se deve confundir a atitude crítica com a atitude “queixosa” de quem se habitua na
vida a reclamar das novas soluções, criando argumentos que dificultam o avanço das
ideias, atitude que vem, em geral, acompanhada de uma visão pessimista e que defende
o status quo, focalizando o problema, e não a solução.
Apaixonada
Ética
A ética será tratada no tema 10. Uma atitude ética leva em conta o respeito às
instituições e às pessoas. Demonstra este respeito por meio de decisões e ações
respeitosas e que não acarretam a perda de confiança. Ser ético é, em linhas bem gerais,
fazer com os outros como gostaríamos que fizessem conosco. A atitude ética, embora
seja transgredida muitas vezes na nossa sociedade, é um valor admirado até pelos que
não agem eticamente.
Empreendedora
Determinada
Uma atitude determinada é aquela que não se deixa desanimar pelas derrotas
pontuais que ocorrem na busca dos objetivos finais. Uma pessoa determinada, por
exemplo, se deseja passar em um concurso e for reprovada na primeira prova, vai seguir
fazendo as provas tantas vezes quantas forem necessárias para conseguir seu intento. A
atitude determinada envolve persistência, paciência e esperança. É importante que seja
acompanhada de bom senso, de forma que o indivíduo possa avaliar quando é hora de
parar, evitando que a determinação se transforme em obsessão.
Sobre as competências
Exercícios vivenciais
a Sociedade agrícola é aquela cuja economia tem seu foco na agricultura e que
nasce com a descoberta da possibilidade de cultivo, o qual permitiu a fundação de
sociedades fixas geograficamente, com a criação das primeiras civilizações;
a Sociedade industrial tem sua economia baseada na produção industrial e
começa a surgir por volta do final do século XVII;
a Sociedade da informação tem sua economia assentada no domínio da
informação, principalmente da informação tecnológica, sendo a sociedade
estabelecida no lastro dos computadores e dos sistemas de comunicação.
Fonte: Autor.
No Brasil, a era da informação se faz presente. Para quem quer competir num
mercado mundial, pensar como se pensa na Era da Informação, ter os conhecimentos
que são úteis, as habilidades e atitudes que fazem a diferença, tendo as competências
para resolver o que se precisa resolver, é fundamental.
veteranos: enxergam valor na experiência das pessoas; buscam empregos para toda
a vida; demonstram respeito às instituições; são recompensados com a qualidade
do seu trabalho; têm respeito à autoridade;
baby-boomers: têm dificuldades com aparatos tecnológicos; são fiéis às
organizações em que trabalham; concentrados nos valores sociais; exercem
liderança enfocada no comando e no controle; são recompensados pelo dinheiro
e orientados aos processos e aos meios de se fazer;
geração X: fácil trato com a tecnologia; busca estabilidade no trabalho; atenta aos
valores sociais; exerce liderança enfocada no comando e no controle; preza a
liberdade; comunicação por e-mail;
geração Y: fácil trato com a tecnologia; gosta do desafio de novos conhecimentos
e novas atividades; é individualista; concentrada em valores individuais; gosta de
estruturas mais horizontalizadas sem comandos e controles; se sente gratificada
com o reconhecimento; se comunica por redes; prioriza interesses pessoais em
detrimento dos interesses da empresa; orientada a resultados;
geração Z: já nasceu conectada; é nativa digital e multifuncional; individualista;
concentrada em valores individuais; não gosta de comandos e controles;
comunicações por sistemas mais diretos; seus participantes são mais críticos,
exigentes e dinâmicos que os da geração Y; criativos e empreendedores; sensíveis à
necessidade de sustentabilidade das atividades e dos processos.
Conceitos recentes, de cerca de um século para cá, vêm exercendo grande influência
nos padrões de expectativas dos conhecimentos, habilidades e atitudes desejadas nos
profissionais contemporâneos. Podemos destacar alguns, cujos impactos serão melhor
analisados quando avaliarmos as demandas que trazem àqueles que se formam em
engenharia.
Um conceito que ganhou espaço na sociedade contemporânea é o de que o ser
humano não é tão racional, tendo um forte comportamento de origem inconsciente,
ao contrário do que se pensava em épocas anteriores.
Propostos de forma sistemática por Sigmund Freud (1856-1939) nos últimos anos
do século XIX, os estudos do inconsciente impactaram o pensamento do século XX e,
até hoje, ecoam seus efeitos no pensamento das sociedades contemporâneas.
A descoberta de que a conduta humana é fortemente influenciada por desejos e
emoções não revelados à consciência e de origem desconhecida levou à valorização
daqueles que conseguem entender o comportamento do outro, dirigindo-lhe as
energias de forma adequada e, no caso dos profissionais, de forma produtiva.
Valoriza-se, assim, a habilidade de se inter-relacionar, de se conseguir criar novas
ideias nas interfaces das diferenças e de se ter uma atitude flexível, entendendo que há
várias formas de se perceber o mundo, que as ações humanas não são guiadas, de forma
geral, pela racionalidade e que as pessoas têm desejos e sentimentos diferentes, o que,
em alguns casos, podem levá-las a resultados muito criativos.
Outro conceito importante foi o da evolução dos organismos vivos, que muito deve
à Charles Darwin (1809-82) e sua obra principal, A Origem das Espécies.
O conceito de evolução impactou as expectativas sobre as habilidades profissionais.
Dentro desta visão, “não são os mais fortes nem os mais inteligentes da espécie que
sobrevivem, mas os que se adaptam melhor às mudanças ambientais” (Chiavenato,
2013, p. 396). Assim, a flexibilidade e a criatividade são atitudes esperadas dos
profissionais.
A visão de evolução também impactou a administração das empresas em que
muitos profissionais de engenharia vão atuar. As empresas são vistas como organismos
vivos, passíveis de sofrerem solicitações do ambiente em que desenvolvem suas
atividades, exigindo um corpo de profissionais não apenas dedicado, mas também
criativo e flexível, capaz de levar a empresa a se adaptar às mudanças dos mercados, da
tecnologia e do ambiente econômico. Ser criativo e flexível tornam-se atitudes
desejadas nos profissionais contemporâneos.
O indeterminismo é outro conceito que impactou as expectativas da sociedade e
deve seu desenvolvimento à física moderna. Se relacionando com as teorias quânticas e
da relatividade, passou a enxergar a natureza como mais probabilística e menos
determinística.
O indeterminismo na ciência, inicialmente identificado pelo físico alemão Werner
Heisenberg (1901-76), trouxe de forma definitiva a visão de que não se pode
determinar precisamente, em um mesmo experimento, a posição e a velocidade de uma
partícula. “Se conhecemos uma destas grandezas com alta precisão, a outra não poderá
ser conhecida com esta mesma precisão” (Heisenberg, 1998, p. 74). Com esta visão, o
determinismo newtoniano, que pretendia prever com exatidão comportamentos
futuros, fica abalado.
Nesta visão probabilística da física, as partículas atômicas deixam de ser matérias e
passam a ser tendências probabilísticas, levando o mundo a ser visto como formado por
ondas de energia que se movimentam continuamente.30 Estes conceitos vão trazer para
a sociedade contemporânea sentimentos de possibilidades maiores que aqueles que
traziam a física determinista de Newton. A probabilidade de algo acontecer pode ser
pequena, mas existe.
Além da visão não-determinística, a física quântica traz o conceito de identidade
entre a matéria e a energia, trazendo também a percepção da fluidez e da mutação das
substâncias. Neste bojo, de forma análoga, vem a volatilidade dos conceitos e da
tecnologia, que desaparecem, se transformando ou se recriando a cada momento. O
profissional trabalha sempre no novo, tem que estar sempre se atualizando para escapar
da volatilidade do mundo, deve ousar para aproveitar as probabilidades e navegar pela
criatividade para encontrar novos caminhos.
Não menos impacto traz a Teoria da Relatividade proposta inicialmente por Albert
Einstein (1879-1955). Nesta física do século XX, o tempo deixa de ser uma grandeza
física absoluta, como era na física de Newton, e passa a ser uma variável dependente da
velocidade relativa entre o observador e o objeto observado.
A percepção da relatividade no mundo ganha força como um conceito válido. O
tempo, em particular, passa a ser percebido como duração. Uma tarefa pode demorar
muito do ponto de vista do tempo físico, mas, se for agradável de se executar, pode ter
uma duração psicológica curta. O tempo, nas medidas de resultados do trabalho, deixa
também de ser um fator de tanta importância; no resultado, ganha peso o prazer no
fazer. Buscam-se resultados com menores gastos de energia e mais alegria.
Outro conceito assimilado pelas ciências em geral e que chegou ao mundo das
empresas, partindo da física, foi o de entropia. A entropia indica o estado de ordem dos
sistemas.
Em qualquer sistema, pela segunda lei da termodinâmica, a entropia aumenta,
levando a um estado de desordem. Porém, a visão da ciência – em particular a da
Teoria da Complexidade, atribuída a Ilya Prigogine (1917-2003), que desenvolveu a
teoria dos sistemas adaptativos – indica que os sistemas complexos são capazes de se
adaptarem por meio de redes individuais que, interagindo, criam um comportamento
organizado e cooperativo, capaz de reorganizar os sistemas complexos. Este
entendimento impactou as teorias de administração (Chiavenato, 2013, p. 395-400)
com a visão de reorganização. A vida das empresas está sempre se adaptando, e os
profissionais devem trabalhar, de forma cooperativa, em equipes e em redes de
conhecimento e atuação para manterem a empresa sempre dinamicamente organizada.
Apesar do trabalho em equipe ser valorizado, a ação individual também é
importante, e a atitude de cada um, embora aparentemente de pequeno peso dentro
das organizações, pode trazer impactos grandes ao resultado. Esta visão é corroborada
pela teoria do caos desenvolvida por Edward Lorenz (1917-2008). Lorenz era
meteorologista e foi um pioneiro na teoria do caos, cunhando o termo “efeito
borboleta” e induzindo, numa forma metafórica, que o bater das asas da borboleta
poderia causar uma imensa mudança climática, produzindo um furacão.
Além dos impactos trazidos pelos conceitos anteriormente citados na formação dos
profissionais em geral, e dos engenheiros em particular – os quais olharemos com mais
profundidade no tópico a seguir –, grandes impactos nas exigências de formação, no
que tange a conhecimentos e habilidades, ficaram por conta dos avanços em tecnologia
da informação.
A concretização da internet como meio de comunicação, ambiente de negócios,
viabilizador de junção de dados e pessoas de diferentes partes do mundo, trouxe o
encurtamento dos espaços e dos tempos, permitindo uma proximidade entre as
pessoas, sociedades e organizações nunca antes experimentada.
O domínio das ferramentas de comunicação e o domínio das formas de se
comunicar, que vão desde idiomas que aproximem mais as pessoas até softwares que
permitam tornar mais inteligíveis, agradáveis e reais os objetos comunicados, faz-se
uma exigência entre os profissionais.
A vida também se virtualizou, e os bits substituíram dinheiros, papéis, fotos e
outros elementos comuns nas sociedades precedentes, exigindo dos profissionais
conhecimentos de informática, qualquer que seja o seu ramo de atuação.
Para os engenheiros em particular, a evolução dos modelos matemáticos e a
capacidade de processamento dos simuladores vêm permitindo fazer previsões
impossíveis de serem feitas sem estas ferramentas, exigindo habilidades de modelagem
matemática e conhecimento de uso de ferramentas de simulação.
Fonte: Autor.
a) Globalização
a.1) O que é?
b) Conexão 7x24
b.1) O que é?
c) Valor da informação
c.1) O que é?
d) Miniaturização
d.1) O que é?
e) Digitalização/virtualização da vida
e.1) O que é?
f) Criações multidisciplinares
f.1) O que é?
Uma das habilidades que deve fazer parte da formação do engenheiro para ser capaz
de desenvolver trabalhos multidisciplinares é a de trabalhar em equipes em que os
participantes têm conhecimentos diferentes do seu.
Para facilidade de compreensão e comunicação, o engenheiro deve entender a
linguagem do outro especialista, o que exige que, além de dominar sua especialidade,
tenha conhecimentos gerais da linguagem e dos conceitos de outros profissionais,
associados ao processo com o qual pretende trabalhar, seja este um processo humano,
industrial ou de outra natureza. Neste, em particular, a capacidade de pesquisa que
faculte seu autodesenvolvimento vem como outra habilidade que lhe favorece no
trabalho em grupo, pois pode, por sua iniciativa, avançar seu conhecimento em outras
áreas.
O engenheiro, neste contexto de trabalho, passa a ter uma demanda de formação
que podemos chamar de especialista e generalista, pois, para ter um papel de
importância no grupo, deve ser especializado em uma área de conhecimento e, para
entender e ser entendido, deve conhecer outras áreas além da sua. “Reducionismo e
holismo, análise e síntese, são enfoques complementares que, usados em equilíbrio
adequado, nos ajudam a chegar a um conhecimento mais profundo da vida” (Capra,
2006, p. 261).
g) Sociedade quântica
g.1) O que é?
A ciência que se desenvolveu a partir do início do século XX, empurrada pelas
visões de dois dos mais destacados físicos da era moderna, Einstein e Max Planck,
mudou a rota da física e trouxe olhares e valores originais para as sociedades. Dentre
eles, podemos primeiro destacar a ruptura com a visão de determinismo na física e de
continuidade na natureza.
O determinismo, ou seja, a capacidade de se prever com exatidão, o
comportamento futuro de um corpo, desde que conhecido o seu comportamento
presente, e a visão de continuidade da natureza, em que os processos e as trocas de
energia se passam de forma gradativa e sem saltos ou descontinuidades, reinaram
durante toda a Idade Moderna, até o início do século XX. Foi em 1905 que Einstein
apresentou dois trabalhos revolucionários no campo da física, um sobre a “Teoria da
Relatividade Restrita” e outro sobre o “Efeito Fotoelétrico”.
Em 1900, Max Planck havia proposto que as trocas de energia entre os corpos não
se passavam de forma contínua, mas que estes trocavam entre si quantidades mínimas
discretas de energia, ou, como ele chamou, em “quantum” de energia. Einstein
consolidou esta proposta como o seu trabalho sobre o “Efeito Fotoelétrico”.
Os trabalhos de Einstein e Planck abriram os horizontes dos físicos e inauguraram
uma nova conceituação de que a variável tempo não é absoluta e de que as trocas de
energia na natureza são descontínuas, avançando para o fim da visão determinista e
consolidando a de um mundo descontínuo. Isto deu início ao movimento que resultou
no que veio a se chamar de física quântica.
A física quântica evoluiu muito no século XX. Uma das propostas importantes
decorrente dela foi a de que não existem órbitas precisas nos movimentos dos elétrons,
mas o que percebemos como órbitas são localizações de maior probabilidade de
concentração de energia. Esta percepção trazida pelos físicos Warner Heisenberg
(1901-76) e Niels Born (1885-1962), aliada à afirmativa de que não se pode conhecer
todas as variáveis envolvidas em um fenômeno, pois, quando conhecemos uma,
alteramos outra, terminaram por trocar a visão determinista por uma visão
probabilística da realidade, dando origem à mecânica quântica.
Com a troca da ideia de existência pela de que algo é mais provável de existir, se
desenvolveu no mundo, principalmente depois da II Guerra Mundial, a ideia de que
“tudo é possível”. Tal sentimento é fortalecido pelas muitas realizações da tecnologia,
das quais os sistemas de processamento de informação e de comunicação são exemplos.
Os avanços no estudo da cosmologia também deixaram ver o humano como um ser
probabilístico dentro do universo. A Terra, um minúsculo ponto no Universo,
inexpressivo no que diz respeito à sua dimensão física, consolida a visão de que somos
seres probabilísticos e mesmo possíveis, pois resultamos, dentro de uma visão
materialista bastante disseminada na contemporaneidade, de algumas reações químicas
possíveis entre inúmeras outras.31
h.1) O que é?
i) Valorização do prazer
i.1) O que é?
Algumas das atitudes que denotam que o profissional tem prazer no trabalho são a
paixão pelo que se faz, o gosto pela qualidade, o dinamismo no fazer, o envolvimento
no trabalho executado e a busca constante de maior aprendizado no exercício de suas
atividades. Tais atitudes não são ensinadas na faculdade de maneira formal, mas podem
ser apreendidas com os professores que exercem seu magistério com paixão, nos líderes
de equipes que gerenciam seus liderados com dinamismo, com aqueles que nos
entregam trabalhos de nosso interesse com zelo, pontualidade e qualidade.
j.1) O que é?
Ainda saímos de casa com frequência para estudar, trabalhar e obter o que
necessitamos para viver, mas a cada dia as tarefas ao nosso encargo podem ser
executadas de qualquer parte do mundo, se dispusermos de alguns equipamentos de
comunicação e processamento de informações.
Os sistemas de comunicação e processamento trazem, para as sociedades que deles
dispõem, mudanças nas formas de organizar o trabalho e a produção. Estas mudanças
são irreversíveis, uma vez que os ganhos que proporcionam são de grande monta e as
estruturas que sustentam modos antigos de fazer vão se tornando obsoletas e mesmo
inexistentes.
Para as empresas, os sistemas de comunicação e processamento permitem a redução
dos espaços necessários para acomodar pessoas, equipamentos, materiais e produtos;
reduzem riscos de acidentes locais, permitem gerenciamento de atividades por sistemas
desenvolvidos para tal fim, de forma automática, reduzem o consumo elétrico, de água,
esgoto e ar-condicionado, entre outros benefícios.
Para a sociedade, há a redução de trânsito de pessoas se deslocando de casa para o
trabalho, há a oportunidade de criação de mais atividades comerciais por empresas on-
line e outros benefícios menos tangíveis, como a economia de tempo e o menor estresse
no dia a dia.
A cada dia, mais empresas adotam o home office como prática. Não são raras
também as empresas que têm operações remotas de seus processos, operações estas
levadas para locais centralizados, ou mesmo para as residências de seus empregados, de
onde estes passam a controlar processos industriais a partir de seus próprios
computadores.
Os sistemas informatizados trouxeram também a possibilidade de redução de
estoques uma vez que se tornou mais fácil e rápida a realização de inventários e
encomendas de materiais e insumos, fortalecendo o conceito de “just-in-time”. A
redução de estoques diminui capitais de giro, reduz espaços necessários nas empresas e
torna-se uma prática que dá a estas competitividade. O just-in-time faz parte da ordem
do dia.
Os sistemas de informação e comunicação trazem também a possibilidade de
divisão do trabalho no espaço internacional, com o consequente aumento de liberdade
na organização da produção, podendo especializar serviços e fábricas em um
determinado país que o faça de forma mais eficiente e barata. A produção torna-se
internacional.
k.1) O que é?
m) Novos materiais
m.1) O que é?
Não é por acaso que a engenharia de materiais tem sido uma das especialidades da
engenharia que mais vem ganhando importância na sociedade contemporânea.
O domínio do conhecimento da estrutura da matéria adquirido desde o início do
século passado, que vem caminhando na vertente da física quântica, da química e do
desenvolvimento de inúmeros processos de obtenção de novas estruturas de materiais,
vem trazendo para o mundo dos engenheiros um maior número de materiais com
surpreendentes propriedades.
De forma um pouco diferente da tradicional, em que se buscava saber as
propriedades de um material para definir as suas aplicações práticas, o domínio da
ciência dos materiais vem proporcionando a possibilidade de se escolher as
propriedades desejadas e, a partir daí, criar o material que as vai possuir, indo numa
linha mais criativa e proativa.
Novos materiais trazem mudanças de conceito e permitem que as tecnologias
avancem. O impacto dos semicondutores na eletrônica é um exemplo disto. A invasão
dos materiais plásticos, no universo de produtos antes dominado pelo aço e alumínio, é
evidente. A utilização de materiais desenvolvidos para utilização em tecnologias de
ponta, como os desenvolvidos pela NASA para as viagens espaciais, rapidamente são
utilizados em bens de consumo diário, como travesseiros, amortecedores e sistemas de
arrefecimento. O mundo dos materiais traz um vetor de desenvolvimento muito
importante para a engenharia.
A proliferação de novos materiais e produtos cresceu com tanta rapidez e
importância que foi dado um lugar específico para esta atividade dentro das
especialidades da engenharia, com a criação da Engenharia de Materiais. Esta
engenharia, entre outras de suas atividades, é capaz de alterar propriedades dos
materiais existentes e de desenvolver outros para atenderem às propriedades
especificadas pelos engenheiros que desejam utilizá-los em novos produtos e serviços
desenvolvidos por outras especialidades da engenharia.
As possibilidades que trazem os materiais ainda em desenvolvimento, como os
biomateriais e os supercondutores, permitem enxergar tendências da engenharia futura
e propiciam ações antecipadas de qualificação e estudos que podem abrir novos espaços
profissionais para quem tiver mais conhecimento, distinção e qualificação nesta área.
n.1) O que é?
Este cenário de busca e utilização de fontes de energia diferentes das que têm os
hidrocarbonetos como base vem trazendo para os engenheiros, principalmente para
aqueles que tratam diretamente com o tema energia, a necessidade de conhecerem os
princípios básicos da geração de energia a partir, principalmente, de fontes como a
nuclear, a solar, a eólica, a energia das marés, a energia das ondas, a energia gerada por
geotermia e as geradas por biomassa.
Estes conhecimentos colocam o engenheiro em condições de questionar as práticas
de utilização de energia e apontar para novas alternativas, trazendo para os seus
projetos uma dimensão atualizada e com grande receptividade no cenário atual, em
que o cuidado com o meio ambiente é fundamental.
p.1) O que é?
q) Conflitos mundiais
q.1) O que é?
Uma característica latente no nosso mundo são os conflitos. Conflitos entre tribos,
povos e nações sempre existiram e são consequência dos diferentes interesses e paixões
que movem os seres humanos. Nossa sociedade, no entanto, de forma diferente das
anteriores, vem marcada pela abrangência dos impactos que estes conflitos têm no
mundo. Numa sociedade globalizada, os impactos são mundiais. Uma crise econômica
na Bolsa de Valores de Tóquio ou da China traz impactos de flutuação nas bolsas de
São Paulo e Nova York. Uma guerra que eclode no Oriente Médio tem impactos nos
preços do petróleo, na circulação de mercadorias no resto do mundo e nos
movimentos migratórios humanos.
A intensidade dos conflitos também é grande, sendo ainda mais fermentada por
uma mídia que se esmera em detalhar as suas consequências negativas e, nos casos de
guerras, a detalhar com imagens e sons as atrocidades cometidas por cada parte em
conflito.
Os conflitos religiosos têm também marcado de forma nova as relações
internacionais. O ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, trouxe
um marco de ódio e dicotomia ideológica no mundo, reforçando os contornos de um
mundo dividido entre muçulmanos e não muçulmanos, como se as sociedades assim se
organizassem. A crescente onda de xenofobia trazida nas esteiras das migrações
desordenadas vem colocando o mundo cristalizado e sempre na eminência de uma
queda que o quebre em mil pedaços.
r) Volatilidade da informação
r.1) O que é?
O que temos como certo hoje não o será mais amanhã. O que sabemos ser verdade
hoje poderá não ser amanhã. Os dados de hoje serão diferentes no futuro. Novas
informações, resultados e novos conhecimentos são adicionados à sociedade de forma
acelerada. A informação se desatualiza com rapidez. A volatilidade não está restrita ao
campo das informações. Também no campo das relações humanas, que tendem a ser
voláteis, tendo, em geral, duração efêmera e sendo superficiais.
s) Misticismo
s.1) O que é?
Quadro resumo
Fonte: Autor.
Exercícios vivenciais
8.4) Faça uma rápida análise das atividades que mais consomem o seu tempo
durante o período em que você está desperto, tais como o estudo, redes sociais, família,
relacionamentos e lazer. Faça, em paralelo, uma lista, ordenando as atividades
identificadas anteriormente por ordem de importância para você. Verifique se as
atividades em que você gasta mais tempo são de fato as que considera prioridades. Caso
sim, verifique se seus projetos de vida estão ligados a estas atividades prioritárias. Caso
não, o que poderia fazer para obter mais coerência entre o tempo gasto nas diversas
atividades e nas suas atividades prioritárias?
8.5) Considerando as demandas de conhecimentos, habilidades e competências
desejadas para o engenheiro do século XXI, quais as ações práticas que você poderia
tomar para obtê-las? Exemplo de ações práticas são cursos de formação, atividades a
que deveria dedicar algum tempo, modificações no seu perfil de atitudes, exercícios que
deveria fazer para ganhar as competências desejadas. (Comece identificando as
demandas para depois pensar as atividades práticas).
–9–
Desafios atuais da sociedade para a engenharia: uma visão
sociotecnológica
Há 12.000 anos atrás, antes do domínio das práticas ligadas à agricultura, o mundo
era povoado por cerca de um milhão de pessoas (Smith, 2000, p.9). Por volta de 1800,
a população atingia a cifra de um bilhão. Decorridos mais 130 anos, em 1930, 2
bilhões. Nos 30 anos seguintes, 1960, aumentou em 1 bilhão e nos outros 30 mais 1,3
bilhões, chegando a 1990 a cerca de 5,3 bilhões de habitantes. No decorrer do século
XX a população aumentou de 1,6 para 6,1 bilhões, cifra atingida em 2000.
Conforme ONU (Nações Unidas, 2013), nos primeiros 13 anos do século XXI
somaram-se mais meio bilhão de almas ao mundo e nos 6 anos seguintes (2019), a
estimativa era o acréscimo de mais meio bilhão. Com um aumento populacional
estimado em cerca de 80 milhões de pessoas por ano, a estimativa é de termos em torno
de 8,6 bilhões de habitantes no mundo em 2033.
Embora as estimativas de crescimento populacional para o futuro sejam menores,
ou seja, menor crescimento a cada ano, estima-se que continuará a acontecer, chegando
o mundo, por volta de 2100, a algo em torno de 11 bilhões de habitantes.
A figura 7, adaptada a partir de informações das Nações Unidas no Brasil (ONU
Brasil, 2017), ilustra as estimativas de crescimento populacional até 2100.
Fonte: Baseado nas perspectivas da população mundial, revisão de 2017 (ONU, 2017);
estima-se que a população brasileira parará de crescer por volta do ano de 2047. O
crescimento recuará a partir daí, estimando-se que a população em 2060 será
igual a de 2034, cerca de 228 milhões de pessoas;
a população envelhecerá. Em 2060, mais de um quarto da população (~25,5%)
deverá ter mais de 65 anos;
estima-se que, em 2060, 67,2% dos brasileiros não estarão aptos a trabalhar, pois
terão menos de 15 ou mais de 64 anos. Para sobreviver, dependerão dos que serão
capazes de produzir. Em 2018, somente cerca de 44% da população vivia nesta
situação de dependência;
a maior expectativa de vida no Brasil ocorre em Santa Catarina e é da ordem de
79 anos, devendo subir até cerca de 84 anos, em 2060. Para o Brasil como um
todo, estima-se que a expectativa de vida ao nascer cresça em relação à estimativa
média entre homens e mulheres, de 76 anos em 2020, para cerca de 81 em 2060.
1.1) Habitação
Quais os conceitos que deverão ser utilizados nas moradias futuras de forma que
estas utilizem materiais menos poluentes e que gerem menos resíduos de obras?
Como facilitar a construção ou a montagem predial para se ganhar velocidade e
economia?
Quais os novos “designs” de prédios a serem construídos que possibilitarão a
otimização dos espaços de terreno e a redução do consumo de energia, água e
geração de efluentes?
Como construir prédios que tragam mínimos impactos ao meio ambiente, no
que tange à poluição, aspecto visual, bloqueio de luz solar, ventilação e que
permitam o máximo aproveitamento de resíduos?
Quais as soluções para o processamento do lixo domiciliar e industrial e como
reaproveitá-lo?
Quais as soluções para o tratamento de efluentes líquidos gerados nas residências
e na indústria?
Como se pode consumir menos energia nas instalações residenciais e fabris?
Como construir prédios sustentáveis do ponto de vista de geração elétrica e reuso
de efluentes?
Como melhorar a funcionalidade das instalações?
O que automatizar nas instalações prediais em geral?
Como materializar construções prediais para deficientes e para idosos, com
sistemas eficientes, automatizados e mobília adequada?
Como reurbanizar as áreas de moradia que cresceram sem planejamento
(comunidades e favelas)?
1.2) Alimentação
1.3) Transportes
Estima-se que um bilhão de pessoas carecem de acesso a um abastecimento de água suficiente, definido como
uma fonte que possa fornecer 20 litros por pessoa por dia a uma distância não superior a mil metros. Essas
fontes incluem ligações domésticas, fontes públicas, fossos, poços e nascentes protegidos e a coleta de águas
pluviais. (Nações Unidas, 2018).
Mas a qualidade da água em todo o mundo é cada vez mais ameaçada à medida que as populações humanas
crescem, atividades agrícolas e industriais se expandem e as mudanças climáticas ameaçam alterar o ciclo
hidrológico global. (Nações Unidas, 2018).
dois terços da população mundial atualmente vivem em áreas que passam pela
escassez de água por, pelo menos, um mês ao ano;
cerca de 500 milhões de pessoas vivem em áreas onde o consumo de água excede
os recursos hídricos localmente renováveis;
um quarto da população mundial não tem acesso a instalações sanitárias básicas;
quase 10% da população mundial não têm acesso a serviços básicos de
suprimento de água;
cerca de 29% da população não têm acesso a água para beber, com segurança de
que a terá disponível em qualidade e quantidade;
estima-se que 27% da população mundial não tenha acesso a água e sabão para
lavar as mãos.
O que vem sendo feito para a substituição de materiais de uso tradicional, como
plásticos, metais e vidros, por outros biodegradáveis?
Quais as dificuldades tecnológicas a serem vencidas para implementação do uso
de materiais biodegradáveis?
Quais as aplicações em que caberia a substituição dos atuais materiais por outros
biodegradáveis?
2.4) Água
3º bloco: energia
O cenário de consumo e produção de energia futuro, no curto e médio prazo, não
se alterará substancialmente. Os combustíveis fósseis ainda continuarão dominando a
matriz energética mundial e garantirão por muitos anos o atual fornecimento de cerca
de 80% da energia mundial.34
O petróleo ainda será responsável pelo fornecimento de cerca de 30% de toda a
energia consumida no mundo e continuará sendo uma fonte de suprimento
importante por muitos anos, devido, principalmente, ao aumento da produção
petroquímica e ao transporte por caminhão e aéreo. A produção de “shale gas” (gás de
xisto) nos Estados Unidos terá uma contribuição importante na produção mundial
necessária.35
Em 2040, o consumo de petróleo está estimado em cerca de 106 Mbbl/d (IEA,
2018a). Apesar do crescimento previsto para as energias renováveis dos níveis de 25%
da matriz energética mundial, no final da segunda década do século XXI, para cerca de
40% em 2040, num cenário onde as políticas de redução da emissão de carbono serão
adotadas, o consumo de petróleo seguirá subindo (IEA, 2018a).
Podemos considerar, em números redondos, as contribuições das várias fontes na
matriz energética mundial no início da década de 20, em cerca de 32% de petróleo,
27% de carvão mineral, 22% de gás natural, 5% de energia nuclear, 2% de energia
hidráulica e 12% de outras fontes (Brasil, 2017, p. 5).
O Brasil se destaca no cenário mundial por ser um dos países com maior percentual
de energias renováveis na sua matriz, em torno de 45%, principalmente pela sua
capacidade de geração de energia hidroelétrica (Brasil, 2019b, p. 4).
Em números redondos, ao final do segundo decênio do século XXI, pode-se
estimar que a matriz brasileira seja composta por 35% de petróleo, 5% de carvão, 12%
de gás, 1,5% nuclear, 12% hidráulica e 33,5% de outras fontes. São números estimados,
considerando dados existentes.36
As transformações em curso previstas para as próximas décadas podem ser
encontradas no relatório da International Energy Agency (IEA).37 As principais
transformações na matriz energética mundial se deverão ao crescimento da
eletrificação e da contribuição das energias renováveis. A evolução das matrizes
dependerá, principalmente, das políticas adotadas pelos vários países do mundo, em
termos de energia.
A IEA (2018a) considera três principais cenários mundiais futuros nas suas
análises:
Com estes cenários, o IEA estima a situação das matrizes energéticas do mundo em
2040. Assim, no cenário SDS, espera-se que a demanda de energia primária no mundo
esteja em torno de 13.750 Mtoe38 (Milhões de toneladas de petróleo equivalente) em
2040,39 demanda esta considerada a mesma do mundo em 2017. Esta manutenção do
valor de demanda se deverá à utilização de sistemas consumidores e geradores mais
eficientes, com maior rendimento de geração e menores perdas. Neste caso, espera-se
baixa emissão de CO2, ficando esta em torno de 17,5 Gt CO2.40
Caso o cenário futuro seja o CPS, a demanda de energia primária em 2040 deverá
estar em torno de 19.375 Mtoe, ou seja, cerca de 41% maior que a demanda em 2017.
Neste caso, a produção de CO2 deverá ser maior, sendo estimada em 42,5 Gt CO2.
Caso o cenário seja o NPS, a demanda de energia em 2040 ficará em torno de
17.500 Mtoe, e a produção de CO2 associada a este consumo, em cerca de 36 Gt CO2.
O aumento de consumo se deve ao aumento da população mundial e a algum aumento
na capacidade de consumo.
Num cenário de novas políticas (NPS), espera-se que, nas economias avançadas,41 a
geração por fontes primárias renováveis cresça. O aumento das fontes renováveis
também ocorrerá nas economias em desenvolvimento, o mesmo acontecendo com as
fontes de origem nuclear, ao contrário das economias avançadas que reduzirão a
geração nuclear até 2040.42
O consumo de gás no mundo deverá crescer de forma significativa até 2040, e a
produção de gás de xisto (shale gas) americana suprirá grande parte da demanda
energética. Nas economias avançadas, espera-se que os carros de passageiros deixem de
utilizar o petróleo como fonte de energia, reduzindo a demanda de petróleo para este
fim, enquanto, nas economias em desenvolvimento, o consumo de petróleo para
automóveis ainda continuará crescendo (IEA, 2018a).
Um prognóstico possível é de que as energias solar e eólica sejam responsáveis por
70% da matriz energética em 2050 (Brazil Windpower, 2017). Neste cenário, a energia
solar dominará como fonte de suprimento primário de energia e, em 2050, “metade da
energia primária produzida no planeta será oriunda de fontes não fósseis” (Brazil
Windpower, 2017).
Num cenário de desenvolvimento sustentável (SDS), espera-se que a geração de
energia eólica e elétrica por painel fotovoltaico tenha variado, de 2017 a 2040, cerca de
850%, indo de 1.500 TWh para cerca de 14.000 TWh. Caso o cenário seja o de novas
políticas (NPS), o crescimento das fontes de geração eólica e solar fotovoltaica seriam
menores, mas ainda teriam um aumento de cerca de 450% (IEA, 2018b).
A frota de carros elétricos também deve aumentar de forma substancial de 9,2
milhões de carros elétricos existentes em 2017 para cerca de 304 milhões em 2040,
num cenário de novas políticas (NPS), e para cerca de 630 milhões, num cenário de
desenvolvimento sustentável (SDS) (IEA, 2018b).
No que tange à geração de energia elétrica, a matriz energética mundial tem o
predomínio do carvão. Do total de energia gerada no mundo em 2016, em números
redondos, o petróleo foi responsável por 4% da geração; o carvão, por 38%; o gás, por
23%; a nuclear, 11%; a hidráulica, por 16%; e outras fontes, por 8% (Brasil, 2019).
No Brasil, os percentuais de contribuição das fontes primárias diferem bastante da
mundial, principalmente pela capacidade de geração de energia hidráulica. Enquanto a
geração elétrica a partir de óleo, carvão, gás e nuclear vale cerca de 1,5%, 2,2%, 8,6% e
2,5%, respectivamente, a hidráulica é estimada em valor próximo a 61% (Brasil, 2019,
p. 7).
O que se pode concluir é que, em qualquer cenário, a engenharia será desafiada a
construir sistemas de geração e consumo de energia mais eficientes, e que os
dispositivos com consumo de energia elétrica, notadamente os automóveis, vão crescer
como demandantes.
Além disto, pelas políticas estabelecidas no Brasil e no mundo, onde os programas
voltados para o desenvolvimento sustentável ganham força diariamente devido aos
impactos negativos que trazem para a vida no planeta, os dispositivos de geração
deverão caminhar para as fontes renováveis, sendo que a tendência é do predomínio da
geração elétrica a partir das energias eólica e solar. Estes desafios permanecerão para os
engenheiros das próximas décadas.
A superação dos problemas de suprimento de energia a partir de fontes renováveis
ainda esbarra na limitação da eficiência de armazenamento dos acumuladores. As
matrizes mundiais se modificam rapidamente, e as fontes de suprimento de energia
dividirão seu espaço com as células “fotovoltaicas e com o vento, o que requererá
reformas [em sistemas existentes], investimentos em redes de transmissão, bem como
[…] medidores inteligentes [para poderem medir a energia consumida e produzida
pelos atuais consumidores] e tecnologia de armazenamento em baterias” (IEA, 2018b).
Como algumas fontes, como a eólica e a solar, são capazes de gerar energia em uns
momentos, e não em outros, os acumuladores se fazem necessários para atender às
baixas e aos picos de demanda.
Assim, na ausência de vento, a geração eólica não acontece, e o mesmo ocorre à
noite com a geração de energia solar. Além disto, mesmo que se possa gerar energia
com estas fontes, pode ocorrer de não haver consumidores conectados no momento da
geração, exigindo que esta energia seja reduzida ou acumulada para momentos de
maior demanda. Nas situações de baixo consumo, a utilização de acumuladores faz-se
imprescindível.
Acumuladores que permitam, de forma barata, prática e sem impactos ambientais,
armazenar a energia gerada trazem, ao lado das gerações de energia, um desafio para a
engenharia.
As baterias convencionais com catodos e anodos à base de chumbo imersos em
solução de H2SO4 e as de níquel-cádmio são insuficientes, no que tange à capacidade
de armazenamento e de recarga e durabilidade, apresentando uma densidade de
energia (quantidade de energia armazenada por volume) ainda pequena. As baterias de
lítio-íon, com anodos de grafite e catodos de lítio, vêm ocupando espaço importante e
sendo muito utilizadas em pequenos equipamentos, porém estas tecnologias ainda
devem ser superadas. O uso do grafeno, uma variedade alotrópica do carbono, melhora
muito o desempenho dos acumuladores e vem como tema de pesquisa em aplicações
ainda incipientes.
O que se busca são baterias com maior densidade de energia e maior vida útil, com
maior poder de ciclagem (número de descargas e recargas possível). Outros tipos de
acumuladores, como a lítio-ar e a zinco-ar, que armazenam duas vezes mais energia que
a lítio-íon, representam possibilidades de melhorias.
Como caminho da cadeia que vai da geração elétrica ao consumidor, temos as
linhas de transmissão, com inúmeras perdas. Transmissão por corrente contínua
melhora o desempenho nas transmissões, mas ainda apresenta necessidade de
melhorias tecnológicas.
A transmissão sem fio de altas potências poderá trazer ainda melhor desempenho.
Nestes campos, mais cômodos para especialistas em engenharia elétrica, mas não
restrito a eles, muitos desafios ainda se apresentam.
O tema “energia” é de uma abrangência imensa, e muitos desafios podem ser
elencados. Algumas questões formuladas a seguir nos colocam diante destes desafios.
Quais são os produtos que vêm sendo desenvolvidos para reduzir a entrada de
radiação capaz de provocar aquecimento nas instalações prediais?
A que requisitos devem atender projetos e construções ecoeficientes?
Como reduzir o consumo de energia nas instalações industriais e domiciliares?
Quais os equipamentos que estão sendo e devem ser desenvolvidos para gerar e
consumir energias limpas?
Quais as otimizações que vêm sendo feitas nos equipamentos de geração e
consumo de energia (cogeração, uso de ímãs mais potentes e sistemas novos de
geração, por exemplo)?
Que itens devem ser modernizados em fábricas antigas (escolha uma fábrica e
pense)?
Como implantar a transformação digital nas indústrias e prestadoras de serviços?
Quais são alguns bons exemplos de fábricas e sistemas automatizados?
Quais as soluções para produção em pequena escala e em grande escala,
atendendo às especificidades dos clientes?
Que modificações nos processos produtivos industriais vêm sendo feitas para
garantir a competitividade das indústrias?
Quais as tecnologias implantadas em fábricas da era da 4ª Revolução Industrial?
Quais as soluções que têm sido adotadas pelas diversas engenharias para evitar
perdas, roubos, pirataria e sabotagem de informações, considerando as várias
especialidades da engenharia (civil, elétrica, informática, refrigeração e outras)?
Como garantir a segurança das transmissões de dados?
Como garantir a segurança dos sistemas (cuidados nos projetos, redundâncias,
casamatas, sistemas de refrigeração etc.)?
Como garantir a confidencialidade, integridade e disponibilidade das
informações?
Quais as normas que regulam a segurança de informação? Cite algumas
recomendações gerais da ISO/IEC 17799.
Quais as técnicas de criptografia e decifração?
4.5) Nanotecnologia
5.3) Automação
O que tem sido feito, com o uso de automação, para simplificar a vida doméstica?
O que vem sendo feito na automação dos transportes?
Qual o “estado da arte” dos sistemas de automação na indústria e nos escritórios?
O que é atual na tecnologia de robôs para fins domésticos?
Cite algumas aplicações para os BOTs.
5.4) Lazer
Outros temas
Exercícios vivenciais
9.6) Apresente, com seu grupo, o projeto proposto no item anterior aos demais
colegas da turma. Um dos alunos do seu grupo deverá ser destacado para, ao final da
apresentação do projeto, descrever os conhecimentos que foram importantes para
concebê-lo e as habilidades que serão importantes para materializá-los. Outros dois
alunos deverão avaliar os impactos políticos, sociais, ambientais, éticos e legais da
implementação do projeto. Outro aluno deverá identificar se algum membro do grupo
exerceu mais liderança durante a elaboração do projeto e identificar que tipo/estilo de
liderança mais se aproxima da forma como o líder do seu grupo conduziu os trabalhos.
Seu grupo é capaz de apresentar o trabalho se comunicando em inglês?
9.7) O projeto apresentado no item anterior pode ser desdobrado no seu Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC)? Faça uma proposta dos itens que poderiam compor o
índice deste seu TCC (exemplo: descrição do sistema a ser projetado; definição do
modelo do sistema; revisão bibliográfica; modelagem matemática do sistema,
construção do protótipo para teste, montagem de laboratório de teste; resultado das
medições; avaliação de custos e benefícios e conclusão).
9.8) Sua empresa de desenvolvimento de produtos recebeu um cliente que deseja
que você desenvolva um sistema com base em IA para monitorar crianças que dormem
sozinhas e fora do quarto dos pais. Deseja-se um sistema que verifique os movimentos
da criança monitorada, identifique quando os movimentos a põem em perigo ou não,
chamando os pais em caso positivo; identifique possíveis ocorrências de surtos de
febre; controle as condições do quarto, como temperatura, iluminação, umidade;
identifique se a criança necessita de cuidados especiais, como alimentação, troca de
fraldas etc. Que ações você tomaria para atender seu cliente? Que softwares e
hardwares você utilizaria para desenvolver o sistema?
9.10) Junte-se a mais três colegas, de preferência de modalidades/especialidades
diferentes da sua e identifique os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS
(Sustainable Development Goals – SDG) da ONU, explicitando brevemente seus
objetivos. Para cada um deles, reflita como a engenharia poderia ajudar na sua
consecução. Quais os impactos sociais e políticos das soluções propostas? Como as
soluções afetariam o sentimento de cidadania dos que delas se beneficiariam?
– 10 –
O engenheiro-ético: visão histórico-filosófica
Ética e moral
Fonte: Autor.
Entre a matemática ou o mundo da natureza, de um lado, e a vida ética do ser humano, de outro, há uma
diferença substancial ou de essência, enquanto lá vigoram o rigor do raciocínio e a precisão dos conceitos, no
campo da ética o ato de julgar supõe, necessariamente, uma margem irredutível de variações na apreciação
dos atos humanos. (Comparato, 2016, p. 98).
É comum citarmos como uma regra de ouro dentro da ética: “não faça ao próximo
aquilo que não gostaria que fizessem a você”. Com certeza, este princípio é quase
absoluto como diretriz das decisões corretas. O que é correto? Correto é o que é capaz
de gerar uma consciência individual tranquila e um convívio social harmônico.
A ética, de forma geral, se apresenta como a crítica que tenta banir da estrutura
social o que a desagrega, no sentido da confiança mútua de seus membros. Neste
sentido, passa a ser ético aquilo que não abala ou desestrutura a “confiança” social.
Tomemos um exemplo. Quando entramos num avião e nos arriscamos a fazer um
voo de longas horas, em geral, sabemos a empresa à qual a aeronave pertence, mas não
quem a projetou. Entramos no avião, em primeiro lugar, porque já vimos várias
aeronaves voando e imaginamos que a chance de ocorrer um acidente seja pequena.
Contudo, não é só por isto; entramos porque confiamos na empresa que vai nos
transportar. Acreditamos que ela fez as manutenções devidas, que contratou um piloto
habilitado, que vai pousar em aeroportos com pessoas competentes para orientar o
pouso e a decolagem, porque confiamos que os serviços de comunicação vão funcionar
e que o fabricante da aeronave tem experiência na fabricação deste tipo de
equipamento.
A confiança social é um processo remissivo, pois acreditamos que a empresa que
nos transporta foi autorizada pelo governo ou alguma instituição responsável por
emitir tal autorização. Não passa pela nossa cabeça que quem autorizou tal empresa a
funcionar recebeu algum tipo de benefício para conceder a autorização; que os
certificados de manutenção da aeronave são papéis que foram gerados sem que a
manutenção tenha sido feita; não imaginamos que o fabricante da aeronave nunca fez
uma aeronave antes, que o piloto não é qualificado para comandar e que estão nos
usando como cobaia para o teste da aeronave. Se a confiança se perde, as estruturas
sociais se desfazem.
Assim, sem muita análise, mas só para exemplificar, pode-se dizer que agir
honestamente é um comportamento ético, uma vez que todos esperam do outro a
honestidade.
Ressalte-se que não esperamos a honestidade quanto ao ato não ético, mas quanto
ao ato ético. Exemplificando, podemos confessar que sempre que temos oportunidade
de nos beneficiarmos em uma disputa, mesmo que mentindo ou trapaceando, o
faremos. Neste caso, estamos sendo honestos na nossa afirmação e, do ponto de vista
moral, agindo bem, pois o nosso grupo espera de nós a verdade. Do ponto de vista
ético, no entanto, nosso comportamento pode ser questionado, uma vez que mentir e
trapacear não é uma prática de aceitação universal, mesmo que confessemos estes atos.
Por razões análogas de confiança, nos deixamos cortar por um médico durante uma
cirurgia sem conhecermos, muitas vezes, suas habilidades, sem sabermos em que
faculdade ele se formou, acreditando que não o fez colando nas provas ou comprando
seu diploma. Por razões semelhantes, subimos em um prédio sem conhecermos o
engenheiro que o projetou e sem sabermos se recebeu autorização para executar o
projeto. Num exemplo do cotidiano, não daríamos o dinheiro para pagar algo se não
confiássemos que quem vai receber nos entregará o que compramos e nos devolverá o
troco a que temos direito.
Atitudes antiéticas são aquelas que destroem a confiança, confiança esta que
mantém a sociedade funcionando. Um auditor que se deixa subornar, age de forma
antiética; um político que, em lugar de cuidar do bem geral, se elege para cuidar dos
interesses de uma de suas empresas, não age de forma ética; um médico, um engenheiro
ou qualquer profissional que trabalhe numa área para a qual não tenha competência
socialmente reconhecida, buscando obter vantagens pessoais, age de forma não só
ilegal, mas também de forma antiética.
Portanto, a ética cuida, entre outras coisas, da manutenção das boas relações de
respeito, honestidade, cordialidade e solidariedade, como também da manutenção da
confiança nas instituições sociais.
Em contraste, uma frase sem conteúdo moral é uma sentença que não se presta a
uma avaliação moral. Exemplo:
Art. 6º - O objetivo das profissões e a ação dos profissionais volta-se para o bem-estar e o desenvolvimento do
homem, em seu ambiente e em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade,
nação e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura. (CONFEA, 2014).
a. aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha efetiva qualificação;
b. utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de direito profissional;
c. omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional;
Na robótica, a principal lei ética é: “Um robô jamais deve ser projetado para
machucar pessoas ou lhes fazer mal”.
Na biologia, um assunto que é bastante polêmico é a clonagem. Uma parte dos que
opinam sobre o tema considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser
usada, com seu devido controle, em animais e plantas para estudos biológicos, nunca
para clonar seres humanos.
Na Programação, nunca se deve criar programas (softwares) para prejudicar as
pessoas, como, por exemplo, para roubar ou espionar.
Na Internet, existe o que se pode chamar de “liberdade de expressão”, o que
possibilita a inserção de informações falsas na rede, trazendo desconfiança no uso das
informações. A ética dos usuários consiste, no mínimo, em não inserir dados falsos; se
possível, colaborar para a melhoria das informações, não buscar invadir dados alheios,
não criar e-mails falsos, não fazer comércio ilegal, não difamar pessoas e não fazer
apologia a crimes, atos ilícitos e pornografia.
Exercícios de avaliação de conteúdo
Exercícios vivenciais
10.9) Junte-se a um colega e imaginem que vocês são diretores de uma empresa e
que vão definir diretrizes para um grupo de trabalho elaborar o código de ética da
empresa. Que valores vocês definiriam para o grupo, de forma a dar a ele uma diretriz?
10.10) Durante a execução de um serviço para terceiros, o CREA verificou que o
engenheiro responsável não tinha emitido a ART (Anotação de Responsabilidade
Técnica) para a execução do serviço. Notificado, o engenheiro alegou desconhecer tal
obrigação. O fiscal do CREA respondeu que a ART era obrigatória e que o engenheiro
deveria saber que, pelo Código de Ética do CONFEA, todo engenheiro é obrigado a
conhecer os seus deveres. Identifique, no código de Ética do CONFEA, a qual artigo,
parágrafo e alínea o fiscal se referia. Se tiver dúvidas sobre a ART, leia o tema 14.
10.11) No seu grupo de trabalho, verificou-se que alguns participantes se distraem,
interagindo nas redes sociais durante as discussões, que alguns conversam e fazem
piadas sobre temas gerais e não colaboram com o grupo no seu objetivo. De forma a
balizar o comportamento do grupo, você decide propor um código de ética. Que
valores (morais ou materiais) você consideraria para a elaboração deste código? Escreva
cinco assertivas que constariam dele.
10.12) Escreva um resumido código de ética que estabeleça os direitos e deveres de
alguém (a sua escolha) que se relaciona profissionalmente, ou socialmente, ou
afetivamente com você, de forma a definir comportamentos adequados e inadequados
neste relacionamento.
– 11 –
O engenheiro-administrador
Henry Ford, criador da Ford Motor Company, em 1903, foi um dos que praticou os
princípios da Escola de Administração Científica, introduzindo métodos de trabalho e
administração que permitiram a chamada “produção em massa”. Para tal, buscou
simplificar os processos produtivos e acelerar a produção, diminuindo o tempo de
duração de cada tarefa, reduzindo estoques, de forma a evitar custos de capital, e
especializando o operário que trabalhava nas “linhas de montagem”.
A Administração Científica sofreu inúmeras críticas, muitas delas relacionadas à
sua visão mecanicista, em que pouca atenção era dada ao elemento humano. “Daí a
denominação ‘teoria das máquinas’ dada à administração científica” (Chiavenato,
2013, p. 50). A superespecialização do homem e a não percepção dos aspectos
informais das organizações também fragilizaram a proposta desta escola, na visão dos
críticos.
A Administração Clássica surge na França em 1916, pela mão de Fayol, quando
este publica seu livro Administration Industrielle et Générale. Assim como Taylor,
Fayol era engenheiro. Sua graduação era em Engenharia de Minas.
Com uma cultura menos pragmática que a da escola americana de Taylor, Fayol
buscava trabalhar mais no nível organizacional, tanto tendo como meta aumentar a
eficiência da empresa pela adequada estruturação de seus departamentos, divisões ou
partes identificáveis como tendo funções claras dentro da empresa. Tinha, assim, seu
enfoque na estrutura e nas funções da organização.
Enquanto a Escola Científica buscava o aumento da produção, atuando do campo
para a organização, modificando a atuação do operário para melhorar a produtividade,
ou seja, atuando de baixo para cima, a Escola Clássica atuava de cima para baixo, ou
seja, da parte administrativa da empresa para a sua parte produtiva. Procurava enxergar
a empresa de uma forma global e definir atribuições e linhas nítidas de comando e
decisão, para aumentar a produtividade da empresa.
Fayol identificou seis funções nas empresas (Chiavenato, 2013, p. 61):
divisão do trabalho;
autoridade e responsabilidade;
disciplina;
unidade de comando, na qual cada empregado recebe ordem de apenas um
supervisor;
unidade de direção, em que as atividades com o mesmo objetivo têm uma só
direção;
subordinação dos interesses individuais aos gerais;
remuneração do pessoal, a qual deve retribuir com justiça o empregado e a
organização;
centralização da autoridade no topo de organização;
cadeia escalar em que cada nível de gerência tem sua autoridade;
ordem, na qual cada coisa tem seu lugar;
equidade onde se prega que se deve agir de forma amável e justa com os
empregados;
estabilidade do pessoal, evitando a rotatividade e a substituição dos empregados;
iniciativa, buscando um plano para a empresa ou para a atividade e garantindo
sua realização;
espírito de equipe, no qual se busca união e harmonia dos empregados.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
O engenheiro administrador
Fonte: Autor.
É interessante observar que, embora a maioria das grandes e médias empresas façam
planos para o futuro – os chamados Planos Estratégicos –, definam metas e objetivos a
alcançar e que isso seja conduzido pelo seu alto escalão gerencial, os gerentes
responsáveis por delinear esses planos e definir as metas e objetivos empresariais não
adotam o mesmo procedimento para as suas vidas.
Poucos definem com clareza seus objetivos de vida em cada um dos processos que
constituem o seu macroprocesso, que é “viver”. As metas nem sempre são óbvias, e a
visão de futuro, com as ações que podem levar à sua concretização, ou não existem ou
são muito mal delineadas.
Temos muitos processos na vida para administrar: nossas finanças, nosso tempo,
nosso convívio familiar, nossas relações com os amigos, nossa saúde, nosso sono, nosso
lazer e nossa formação e atuação profissional, entre muitos outros processos que
podemos identificar. São processos que têm metas a serem atingidas, objetivos que
podem ser definidos e realizações futuras que podemos explicitar com maior ou menor
clareza, mas devemos explicitar.
Curiosamente, não nos habituamos a parar vez por outra para planejar e verificar se
o que realizamos, se o que executamos na nossa vida, foi o que de fato planejamos. Não
identificamos os desvios entre o planejado e o executado e, assim, não traçamos um
plano de melhoria mais consciente daquilo que fazemos; não gerenciamos nossa vida.
Algumas pessoas aproveitam épocas especiais, como a Páscoa, o Natal, o Ano Novo
e o aniversário, para refletirem sobre a vida e organizarem alguns projetos, buscando
renovar suas energias para conseguir realizá-los. Administrar a vida sem planejamento é
surfar em qualquer onda. Como diz o ditado popular, “pra quem não sabe onde quer
chegar, qualquer caminho serve”.
Dos processos da vida, nos interessam aqui aqueles que têm relação com nossa
atividade profissional de engenheiros. Nossa vida profissional é repleta de ações que
devemos tomar para que sejamos bem-sucedidos na profissão.
Ainda estudantes de engenharia, somos levados a escolher a modalidade que
queremos abraçar; dentro dela, a especialidade. Ao nos formarmos, definimos uma área
de subespecialidade dentro da especialidade que escolhemos. Assim, se definimos ser
engenheiros civis, na especialidade de projeto de estruturas, ainda temos que definir se
atuaremos na subespecialidade de edificação, estradas, sistemas de tratamento de
efluentes, pontes e viadutos ou outras em que a especialidade possa se dividir.
Cada escolha levará a um caminho, muitas vezes sem volta, uma vez que o tempo
disponível para novos acertos é cada vez menor.
Dessa forma, as ações que teremos que tomar para conduzir a nossa vida
profissional devem ser planejadas, controladas, redefinidas ou, em uma palavra,
administradas. Nossas escolhas futuras devem ser claras para podermos concentrar
energia nelas, aumentando nossa chance de sucesso.
Para administrarmos nossa vida profissional, podemos organizá-la em atividades
como, por exemplo, estudo, cursos, experiências de trabalho, relacionamento
(network), investimentos na profissão e na carreira.
Traçamos metas e objetivos para cada uma dessas atividades do nosso processo de
formação profissional e passamos a gerenciar nossa profissão, verificando se o que
planejamos, o que almejamos para o futuro, está sendo realizado como planejado. Que
correções devemos fazer em nossas ações para atingirmos nossas metas e objetivos?
No tema 13, que trata de Plano Estratégico, nossa proposta é a elaboração de um
Plano Estratégico Pessoal Profissional (PEPP). Para sua elaboração, vamos propor que
seja seguida a mesma metodologia utilizada pelas empresas para elaboração dos seus
Planos Estratégicos.
Quanto mais detalhados os nossos planos, quanto mais eficaz a gestão de nossa vida
profissional, mais chances de sucesso profissional teremos. Administração é uma
atividade da vida!
Como engenheiros, temos que administrar processos e atividades que transcendem
nossas responsabilidades técnicas: temos que gerir nossa ética, nossa imagem, nossas
relações humanas e sociais, entre outras.
Exercícios vivenciais
Teorias motivacionais
Necessidades Fisiológicas
Nesta classe de necessidades, vamos encontrar aquelas que nos trazem a sensação de
segurança e de que estamos menos sujeitos a ameaças à nossa vida.
Nem sempre os motivos são evidentes para as pessoas. Entre eles, podemos citar
nossas expectativas de não termos a nossa vida ameaçada por possíveis acidentes,
guerras, doenças e instabilidades econômicas. Daí vem o desejo de nos empenharmos
mais para progredir no trabalho, ou estudarmos mais para buscar melhor preparo e
melhores empregos que nos permitam dispor de seguros saúde, planos de
aposentadoria e ter acúmulo de recursos para eventuais emergências. Esta necessidade
se relaciona com a de autoproteção, segurança e a de se ter uma estrutura estável de
suporte à vida.
Necessidade de “autorrealização”
O conceito de paradigma
O termo paradigma vem dos gregos e significa padrão, modelo. Platão, que pregava
a existência de um mundo, o Mundo das Ideias, onde as “coisas perfeitas” existiam,
propunha que paradigmas eram modelos daquele mundo, a partir dos quais o real se
construía. Assim, o homem perfeito existente no mundo das ideias, como forma, ou
seja, essência, servia de modelo, paradigma, para a criação dos homens concretos e que
de fato existiam no mundo real (Lacerda, 2004).
O termo paradigma se consagrou após a publicação, em 1962, do livro de Thomaz
Kuhn (1922-1996), A Estrutura das Revoluções Científicas.
Como o próprio Kuhn explica, ele se apropriou do termo que era usado na
gramática: “amo, amas, amat é um paradigma porque mostra o padrão que se usará
para conjugar um grande número de verbos latinos […]” (Kuhn, 2006, p. 88, tradução
nossa). Ele manteve o sentido do termo: padrão ou modelo, porém, focalizou os
modelos de pensamento seguidos pelos cientistas de um determinado campo ao
desenvolverem suas teorias.54
Assim, existem vários exemplos de modelos de pensamento, de formas de se ver o
mundo, que vão sendo usados para explicar diferentes fenômenos nas ciências. Por
exemplo, o modelo mecanicista de Descartes, desenvolvido a partir do século XVII,
quando as ideias mecanicistas, sob forte influência da mecânica de Galileu e de
Newton, tinham dominância.
Descartes introduziu a rigorosa separação de mente e corpo, a par da ideia de que o corpo é uma máquina que
pode ser completamente entendida em termos da organização e funcionamento de suas peças. Uma pessoa
saudável seria como um relógio bem construído e em perfeitas condições mecânicas (Capra, 2006, p. 132).
A história do banco do quartel que era vigiado para que ninguém se sentasse nele é
ilustrativa. Os soldados se revezavam, vigiando o local dia e noite, durante muitos anos,
garantindo que ninguém se sentasse no banco. Quando alguém questionou por que
não se podia sentar no banco, um soldado respondeu que havia recebido ordens do
sargento, e este disse que as havia recebido do tenente, e assim por diante, até se chegar
ao general. Quando este último foi questionado, ele perguntou: que banco?
Identificado o banco, ele se lembrou de que havia sentado no banco que estava com
tinta fresca, ainda quando era capitão, e estragou sua farda, ordenando a prisão do
sargento que deu ordens para pintar o banco e não colocou nem uma placa nem uma
pessoa para evitar que os desavisados sentassem no banco. O então capitão deu ordens
para que se colocasse uma sentinela que impedisse que alguém se sentasse no banco. A
ordem não foi retirada e ninguém a questionou. O banco ficou sendo vigiado por
quinze anos, e ninguém se sentou nele até o general retirar a ordem que nem ele sabia
que ainda estava valendo.
História semelhante é a dos cinco macacos (YouTube, 2013). Enjaulados, tinham
no centro da jaula uma escada. Sobre esta, havia um cacho de bananas. Toda vez que
algum macaco tentava subir na escada para pegar as bananas, um chuveiro era ligado na
jaula, molhando com água fria os cinco macacos. Com o passar do tempo, os macacos
não subiam mais a escada para pegar as bananas e, se algum tentava, era duramente
reprimido pelo grupo, até com agressões físicas.
Nesta situação, um dos macacos foi trocado por um novo na jaula. O novo tentou
subir na escada para pegar a banana e foi duramente atacado pelos demais. Nas
repetidas vezes que tentou subir, o mesmo ocorreu. Um segundo macaco foi trocado e
o mesmo aconteceu, sendo que o primeiro macaco que substituiu o antigo participava
do espancamento e das represálias à tentativa do segundo macaco novo subir a escada.
Assim, foi com o terceiro, o quarto e, quando o quinto macaco foi substituído, embora
os cinco nunca tivessem recebido uma chuveirada, não permitiam que qualquer um
subisse a escada para pegar as bananas. Seguiam o paradigma estabelecido.
Um exemplo usualmente citado de paradigma que não foi quebrado, e sim
incorporado em novas criações, é o da colocação do volante do lado direito dos carros.
Bem sabemos que os carros foram uma continuidade das carruagens, em que os
“cavalos” foram substituídos por motores elétricos ou à combustão.
A maioria dos condutores de carruagens era destro e, portanto, chicoteava os
cavalos com o uso do braço direito. Para evitar que passageiros ao seu lado fossem
atingidos pelo chicote, os condutores os colocavam ao seu lado esquerdo, passando a
ser o lado direito o do condutor. Quando os carros substituíram as carruagens, o
condutor continuou do lado direito do veículo.
A história prossegue dizendo que os americanos questionaram este modelo,
observando que a passagem das marchas e a frenagem exigiam força e que os membros
direitos eram mais fortalecidos nos destros e mais aptos para efetuarem as manobras
necessárias. Desta forma, passaram o condutor para o lado esquerdo do veículo,
quebrando o paradigma.
Muitas criações exigem quebra de paradigmas. Estes podem se apresentar na forma
de preconceitos ou premissas pouco racionais que, em geral, não questionamos.
Substituindo paradigmas
Romper paradigmas não é fácil. Na visão de Thomas Kuhn, aqueles que seguem um
paradigma lutam para mantê-lo e justificá-lo, mesmo quando este começa a apresentar
anomalias,55 ou seja, a não explicar corretamente os fatos e a não resolver os problemas
que os fatos apresentam. Assim é na ciência e assim é na vida. Em geral, nos agarramos
a modelos de pensamento, que nos levam a formar modelos mentais com os quais
costumamos interpretar, perceber e justificar os nossos atos e guiar a nossa vida.
O avanço do pensamento, no entanto, vem quando quebramos os paradigmas.
Devemos sim explorar os paradigmas já consolidados e verificar sua adequação para
avançarmos com o conhecimento e ajustarmos as nossas atitudes. Uma vez que
apareçam alguns paradoxos, alguns conflitos importantes, é hora de pensarmos em
abandonar os antigos paradigmas, principalmente quando eles limitam nosso
desenvolvimento pessoal, nos limitam nas nossas atividades e nos tiram a motivação
para uma caminhada mais ousada.
Os paradigmas podem ser identificados em tabus, preconceitos, justificativas de
limites, falta de flexibilidade e fechamento cultural. Esses, não raro, levam a erros que
são muitas vezes explicados como: “Sempre foi feito assim, então, não vejo porque
mudar!”.
Como réplica, podemos dizer que “seguindo o mesmo caminho chegaremos ao
mesmo destino”. Se quisermos mudar nosso destino, é importante pensarmos em
mudar os nossos paradigmas.
Como mudá-los, ou romper ou quebrar nossos paradigmas? O primeiro passo é
questioná-los. Por que questionar? Porque eles parecem insensatos, irracionais, não
respondem às nossas perguntas, não nos dão conforto para agir na vida de forma
espontânea, porque não nos explicam os questionamentos, porque não se adequam às
nossas experiências e expectativas.
A ruptura com um paradigma antigo não se mantém, entretanto, se não tivermos
um novo paradigma que nos permita a construção de novos modelos mentais para
agirmos no mundo. Precisamos nos orientar, tomar decisões e agir no dia a dia. Para
formarmos novos paradigmas, muito ajuda conhecer outros pontos de vista sobre o
mesmo assunto.
O que dizem os cientistas sobre um determinado material ou sobre a tecnologia de
captação de energia solar? Diferentes opiniões podem nos ajudar, num processo muitas
vezes dialético, a movimentar as ideias em direção a uma nova proposta, um novo
paradigma, que pode não ser nem o antigo nem o outro que alguém propôs, mas um
paradigma próprio, desenvolvido conforme nossa criatividade e impulsionado pelas
diferentes posições dos diferentes paradigmas já propostos. Para se romper com um
paradigma, é necessário que se construa um novo.
Para garantirmos a consolidação de um paradigma novo, precisamos praticá-lo, ou
seja, aplicá-lo aos casos em que as suas explicações se adequem à nossa percepção da
realidade. Explicar e agir de acordo com o novo paradigma o consolida e ratifica seu
conceito.
O paradigma geocêntrico, por exemplo, serviu de modelo para as explicações
científicas por muitos anos. Com apoio nele, que vê a Terra e o homem como criação
acabada, não havia lugar para a elaboração de uma teoria desenvolvimentista no
modelo de Darwin, nem para se pensar a física e a química como “processo”, em que as
transformações ocorrem gradativamente, em que as trocas de energia são possíveis e em
que as mudanças de estado são uma “evolução” do estado anterior.
A ideia do paradigma geocêntrico é aquela que coloca a Terra no centro do
universo. Sendo assim, o homem, a figura central do universo que nela habita, só
poderia ter sido criado na forma em que se apresenta, não cabendo seu
desenvolvimento, ou qualquer processo que o modificasse. O paradigma heliocêntrico
foi adotado e praticado para explicar, com melhor resultado, os fenômenos observados
nos céus. Ele também mudou a explicação das criações. A partir dele pode-se chegar à
teoria do “big-bang”.
A ciência e os paradigmas
Não só os engenheiros, mas também as pessoas em geral tendem a ser seduzidas pela
expressão “a ciência prova que…”. Se uma afirmativa é objeto de dúvida, esta expressão
pode decidir de vez quem está com a verdade. Nossa sociedade “crê” naquilo que a
ciência diz.
A história nos mostra, porém, que a ciência não é algo tão confiável assim, tendo
em vista que as suas afirmativas, mesmo aquelas demonstradas com as ferramentas
disponíveis no seu momento de validade e provadas com os experimentos que as
justificam, têm ao longo do tempo modificado o seu entendimento sobre a verdade,
por este se tornar inadequado ou ultrapassado.
Foi refletindo sobre estas mudanças das visões nas ciências e outras questões
relacionadas, que o físico, filósofo e historiador das ciências, Thomas Kuhn, colocou
em evidência a importância e a existência dos paradigmas para a ciência.
O que ele observou foi que a ciência se desenvolve apoiada em paradigmas. Estes
aparecem pela aceitação da comunidade científica de verdades, que logo se
transformam em modelos de pensamento para os cientistas e que passam a ser seguidos
até que deixem de explicar convenientemente a realidade.
Os modelos da ciência ganham mais importância porque, não raro, se passam para
o cotidiano das pessoas, muitas vezes, de forma metafórica. Quando dizemos que a vida
passa com a velocidade da luz, estamos usando uma metáfora que tem seu significado
para quem sabe o que significa “velocidade da luz”.
Na visão de Kuhn, os paradigmas são os impulsionadores da ciência, mas não são
aceitos com facilidade.
A explicação sobre a natureza da luz, por exemplo, já passou por algumas
modificações, sendo entendida em diferentes épocas, de diferentes maneiras, pela
ciência.
Os antigos tinham vários entendimentos sobre a natureza da luz, não conseguindo
chegar a uma visão unificada. Para um dos grupos daqueles que poderiam ser
referenciados como “cientistas antigos”, entendia-se “que a luz constava de partículas
que emanavam dos corpos materiais; para outro grupo, era uma modificação do meio
interposto entre o corpo e o olho; outro grupo explicava a luz em termos de uma
interação entre o meio e uma emanação do olho” (Kuhn, 2006, p. 73-4, tradução
nossa). Desde os tempos antigos, as escolas, do que se podia entender como ciência, se
apoiavam em princípios que não eram exatamente científicos, mas que buscavam
argumentos para justificarem suas visões.
O primeiro consenso em relação à natureza da luz foi sobre a proposta do filósofo
cientista Isaac Newton. Seu modelo foi aceito pela comunidade de pessoas
consideradas cientistas, cristalizando os primeiros conceitos da física óptica. A partir
de Newton, aqueles que estudavam a luz partiam das conclusões dele para avançar nos
seus estudos. Em outras palavras, o modelo de pensar a luz, estabelecido na física óptica
de Newton, estabeleceu o modelo de pensamento que guiou os cientistas que seguiram
no estudo do tema nas décadas posteriores a Newton.
A estes modelos, que direcionam a forma de pensar dos cientistas, Kuhn chamou
de paradigmas da ciência. Dito de outra forma, na visão deste pensador, Newton
estabeleceu o primeiro paradigma para o estudo da ciência óptica.
Kuhn deu ao termo paradigma um sentido próprio dentro do campo das ciências.
Para ele, estes são “as conquistas científicas universalmente aceitas que durante algum
tempo fornecem modelos de problemas e soluções a uma comunidade de profissionais”
(Kuhn, 2006, p. 50, tradução nossa).
Assim, Kuhn mantém o conceito original de paradigma como modelo, padrão, mas
dá a ele um sentido de premissa assumida pelos cientistas que o aceitam na realização
dos seus trabalhos. Os paradigmas estão na base das conclusões científicas dos que o
seguem. Os cientistas de um determinado campo da ciência partem deles para concluir
as suas leis e definir os seus métodos de investigação.
Thomaz Kuhn buscou, em suas análises, explicar como as ciências se estabelecem
como tal. De como os paradigmas são aceitos e servem de guia para a constituição das
ciências durante algum tempo.
Na acepção de Kuhn, os paradigmas “fornecem modelos dos quais surgem tradições
particulares e coerentes de investigação científica” (Kuhn, 2006, p. 71, tradução nossa).
Os que já aceitaram os paradigmas de um determinado ramo da ciência, de certa
forma, convertem os que estão estudando temas com eles relacionados. A formação do
estudante de ciências o prepara para “converter-se em membro da comunidade
científica particular na qual haverá de trabalhar mais adiante” (Kuhn, 2006, p. 71,
tradução nossa). Aqueles cientistas e estudantes que, comprometidos com o paradigma
da ciência, seguirão as normas, regras e práticas ditadas pelo paradigma a que aderiram,
reforçarão, assim, de forma aparentemente natural, o consenso quanto às conclusões
obtidas pelo seu campo científico.
Facilitando a consolidação dos paradigmas, esses cientistas e estudantes também
direcionam os dados que são relevantes para a retirada de conclusões, influenciando
grandemente nos experimentos que são considerados válidos para um determinado
campo de estudo e contribuindo para manter os paradigmas aceitos.
Tendo em conta um paradigma para se guiarem, os cientistas trabalham
reforçando-o com suas experiências, artigos e estudos em geral. Falando de uma forma
fria, a atividade dos cientistas que aderem a um paradigma parece ser a de “meter à
força a natureza nos compartimentos pré-fabricados e relativamente inflexíveis
fornecidos pelo paradigma” (Kuhn, 2006, p. 89-90, tradução nossa). Assim
procedemos muitas vezes na vida quando assumimos um modelo de verdade para
explicar fatos do nosso mundo cotidiano.
Um paradigma na ciência tem implicações além das científicas. Em torno dele, de
forma geral, também acontecem fenômenos sociais como a “formação de revistas
especializadas, a fundação de sociedades de especialistas e a exigência de um lugar
especial nos currículos” (Kuhn, 2006, p. 83-4, tradução nossa)
Os paradigmas, porém, só permanecem válidos se se ajustarem bem à realidade.
Assim, no exemplo da luz, o primeiro paradigma que Newton criou na óptica veio a ser
questionado. A óptica de Newton, que ensinava que a luz era composta de corpúsculos
materiais, não explicava as experiências de Yong e Fresnel (Kuhn, 2006, p. 73;
Beléndez, 2015). As experiências destes induzem à natureza ondulatória da luz,
criando um novo paradigma que só vai ser quebrado com o desenvolvimento das
teorias quânticas que entenderam a luz como onda e partícula a um só tempo.
Motivação e paradigma
Motivação e paradigma são dois fatores de sucesso importantes que traçamos aqui
para um engenheiro que pretende se desenvolver na sua vida profissional, galgar
posições de destaque na sociedade e se realizar como profissional. A motivação é o
motor que impulsiona as ações; os paradigmas são as estruturas de base que vão
orientar nossas decisões, a definição de nossas metas e de nossas ações. Os dois se
complementam; os dois dialogam e trocam entre si energia. Energia esta de que
necessitamos para caminhar como profissionais no século XXI.
Exercícios vivenciais
Quanto mais clara e motivadora for a missão, maior será o valor do PEPP. Para ser
motivadora de fato, a missão deve ser factível e coerente com os interesses e o negócio
de quem elabora o Plano; deve trazer sentimento de realização, se atingida, e, sempre
que possível, o sentimento de grandeza.
Por sua natureza, a missão orientará a definição dos objetivos estratégicos que
vamos entender como importantes de serem atingidos para concretizarmos nossa
missão.
Para poderem ser realizadas, tanto a missão quanto a visão devem levar em conta o
que chamamos de “cenário futuro”, ou seja, como pensamos que o mundo, as
demandas, os problemas, a tecnologia etc. estarão no futuro. Estes acontecimentos
esperados são externos a nós e não dependem de nós. Podemos chamá-los de fatores
ambientais, externos. Em geral, por serem do ambiente externo e não dependerem de
nós, mas impactarem de forma positiva ou negativa nosso Plano Estratégico, os
chamamos de Oportunidades e Ameaças, como veremos no 6º passo.
Se o cenário que vejo para o mundo é de recessão, por exemplo, projeto um futuro
em que serão ofertadas menos oportunidades de trabalho. Se projeto para o futuro um
cenário em que as ideias ecológicas proliferarão, posso decidir seguir uma linha
profissional que me coloque com competências para fazer projetos ecossustentáveis.
Minha visão deve considerar um ou mais cenários futuros, podendo ser construída
uma visão para cada cenário.
De acordo com minha missão e visão, considerando os meus valores, posso tentar
definir objetivos futuros, ou seja, metas que são convenientes atingir e que indicarão
que estou caminhando com o meu Plano. Numa organização, objetivos estratégicos são
as metas globais da organização e devem estar diretamente relacionados com a missão
da empresa. Atingir um objetivo estratégico deve indicar que estamos mais perto de
atingir nossa visão.
Alguns exemplos de objetivos estratégicos empresariais são:
6º passo – Que avaliação eu tenho das oportunidades e das ameaças que podem ajudar
ou dificultar, respectivamente, a realização do meu Plano?
Veremos que, com o levantamento dos pontos fortes e dos pontos fracos,
poderemos relacioná-los às ameaças e às oportunidades que possam impactá-los. Isto
será feito com o uso da chamada matriz FOFA. Esta matriz, que veremos mais adiante,
permite uma visão de pontos fortes (F), oportunidades (O), pontos fracos (F) e
ameaças (A). Com esta visão podemos definir Planos Táticos mais eficientes.
Todos nós temos pontos fortes. Estes são qualidades, habilidades, conhecimentos
específicos e atitudes que temos e que nos diferenciam positivamente em relação aos
nossos concorrentes no mercado de trabalho, no caso, os outros engenheiros.
A identificação dos pontos fortes é importante para a definição do que nós temos
de melhor em relação aos outros e do que devemos aproveitar e desenvolver, para nos
tornarmos o profissional que desejamos ser.
Exemplos de pontos fortes ou forças que podem aparecer no PEPP são:
Os pontos fracos também fazem parte da nossa vida. Todos nós temos e, algumas
vezes, os valorizamos demais. É importante também identificá-los sem arrogância ou
sentimento de pequenez, mas tentando olhar aqueles comportamentos, hábitos e
sentimentos em relação a nós, que gostaríamos de modificar para nos sentirmos
melhor em relação à vida, em geral, e a profissional, em particular. Neste ponto, a
sinceridade é importante.
A identificação dos pontos fracos também é importante para que possamos saber
em que “arenas não devemos jogar”. Jogar em arenas que dependam de nossos pontos
fracos nos coloca em desvantagem em relação aos outros engenheiros que disputam
conosco o mercado de trabalho.
Exemplos de pontos fracos, ou fraquezas, que aparecem no PEPP são:
preguiça;
falta de ambição;
timidez excessiva;
falta de domínio do idioma inglês;
dificuldade de comunicação.
9º passo – Como construir a minha Matriz FOFA (ou matriz SWOT): Forças
(Strengths)-Fraquezas (Weekness)-Ameaças (Threats)-Oportunidades
(Opportunities)?
Com a definição das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças no PEPP que está
sendo desenhado, é conveniente construirmos uma tabela resumo chamada Matriz
FOFA, ou Matriz SWOT, em inglês, na qual aparecem as forças e fraquezas nas linhas
e as oportunidades e ameaças nas colunas.
O objetivo desta tabela é apresentar o quadro geral destes fatores, permitindo, de
forma consolidada, enxergá-los e relacioná-los, identificando que oportunidades
podem fortalecer ainda mais as nossas forças ou diminuir os riscos das nossas fraquezas
e que ameaças podem diminuir o potencial das forças ou enfraquecer ainda mais as
fraquezas.
Um exemplo de uma matriz FOFA (SWOT) está apresentado no quadro 6, onde
as linhas com “+” identificam as Forças e Fraquezas que se fortalecem com as
oportunidades, e as linhas com “-”, as Forças e Fraquezas que se enfraquecem com as
Ameaças.
Um Plano de Ação é um mapa que define ações para o futuro. Nele aparecem não
só as ações que serão realizadas (what), mas também os momentos, ou “quando” as
ações serão realizadas (when), onde serão realizadas (where), por que serão realizadas
(why), quem as realizará (who), como serão realizadas (how) e quanto custará para
realizá-las (how much).
É comum, para a construção do Plano de Ação, utilizarmos a técnica chamada de
5W2H, que são as iniciais das palavras inglesas what, when, where, why, who, how e
how much.
Estas palavras fazem parte das perguntas que serão respondidas na elaboração do
Plano de Ação. Observamos que a pergunta “who?” para um Plano de Ação, derivado
de um PEPP, onde se supõe que o próprio autor do plano executará todas as ações,
pode não caber.
O quadro 7 apresenta um exemplo de Plano de Ação.
Fonte: Autor.
Exercícios vivenciais
Cabe às Congregações das escolas e faculdades de Engenharia, Arquitetura e Agronomia indicar ao Conselho
Federal, em função dos títulos apreciados através da formação profissional, em termos genéricos, as
características dos profissionais por elas diplomados. (Brasil, 1966b).
Art.55 – Os profissionais habilitados na forma estabelecida nesta Lei só poderão exercer a profissão após o
registro no Conselho Regional sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade. (Brasil, 1966b).
Art. 24 – A aplicação do que dispõe esta Lei, a verificação e a fiscalização do exercício e atividade das
profissões nela reguladas serão exercidas por um Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA),
e Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA), organizados de forma a assegurarem unidade de
ação.
O CONFEA e o CREA não têm competência para criar Leis, porém, pelas
atribuições de sua competência são capazes de emitir decisões de grande impacto na
vida dos profissionais devidamente registrados nos seus cadastros.
Entre outras importantes decisões das quais o sistema CONFEA/CREA participa
estão as que regulamentam as atividades que podem ser desenvolvidas por cada
modalidade de engenharia, as que estabelecem os pisos de remuneração, as que regulam
a Ética Profissional e as que definem a necessidade de Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) para execução de serviços de engenharia.
A seguir, comentaremos brevemente cada uma delas.
O que cada engenheiro pode fazer (sua atividade) e quais responsabilidades pode
assumir (suas atribuições) dependerão da sua formação.
As diversas modalidades reconhecidas pelo CONFEA são objetos da Tabela de
Títulos Profissionais, Resolução 473/02 (CONFEA, 2002b). Esta Tabela é
periodicamente revisada de forma a incluir novas modalidades de engenharia que
sejam criadas. Dependendo de sua formação (de seu Título), um profissional de
engenharia poderá desempenhar atividades e ter atribuições diferentes de outro
profissional.
A Resolução 1073, de 19 de abril de 2016, define “título profissional”, e
“modalidade”, no artigo 2º, itens III e IX, respectivamente, como:
título profissional: título constante da Tabela de Títulos do Confea, atribuído pelo Crea ao portador de
diploma de conclusão de cursos regulares, expedido por instituições de ensino credenciadas, em
conformidade com as diretrizes curriculares, o projeto pedagógico do curso e o perfil de formação
profissional, correspondente a um campo de atuação profissional sob a fiscalização do Sistema Confea/Crea;
modalidade profissional: conjunto de campos de atuação profissional da Engenharia correspondentes a
formações básicas afins, estabelecido em termos genéricos pelo Confea […] (CONFEA, 2016).
Nesse tema, em particular, o Capítulo II, seção II, da Resolução 1073, explicita
dezoito classes de atividades que podem ser desenvolvidas pelas várias áreas de
engenharia, sendo mais específico em outros de seus artigos, sobre as atividades de
algumas áreas e modalidades. As dezoito atividades listadas são (CONFEA, 2016):
Ética profissional
A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos
maiores a preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;
Art. 6º - O objetivo das profissões e a ação dos profissionais volta-se para o bem-estar e o desenvolvimento do
homem, em seu ambiente e em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade,
nação e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura.
O corpo central do Código de Ética explicita os Princípios Éticos no seu artigo 8º.
No artigo 9º, Dos Deveres, sob os subtítulos: I - ante o ser humano e a seus valores; II -
ante a profissão; III - nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores; IV -
nas relações com os demais profissionais; e V - ante o meio (ambiente e sociocultural),
são explicitados os deveres do engenheiro, do ponto de vista ético.
No artigo 10 do Código de Ética discutem-se as condutas vedadas aos profissionais
ante os mesmos subtítulos anteriormente citados no item “Dos Deveres”. Os artigos
seguintes avançam para a discussão dos direitos dos profissionais (artigos 11 e 12), na
caracterização da infração ética (artigo 13) e na possibilidade de aplicação de processo
disciplinar para aqueles profissionais que desrespeitarem as disposições do Código
(artigo 14).
Sempre que o engenheiro prestar qualquer serviço técnico, desde uma consulta
técnica até uma obra de grande porte, na qual assuma a responsabilidade técnica pelo
serviço executado, antes do início da prestação do serviço, ele deverá fazer junto ao
CREA de sua região, uma Anotação de Responsabilidade Técnica (conhecida como
“ART”). Os engenheiros só podem executar qualquer serviço após a emissão da ART,
o que vale também para engenheiros lotados em órgãos públicos.
A ART foi criada pela Lei 6496/77, de 07 de dezembro de 1977, que institui a
necessidade de Anotação de Responsabilidade Técnica pelos Engenheiros.
No seu Artigo 1º, a Lei 6496 diz que “todo contrato, escrito ou verbal, para
execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à
Engenharia fica sujeito à ‘Anotação de Responsabilidade Técnica’ (ART)” (Brasil,
1977).
Sua função e forma de elaboração são tratadas em normativas específicas, como a
Resolução 1025, de 30 de outubro de 2009, que dispõe sobre a anotação de
responsabilidade técnica e sobre o acervo técnico profissional.
Na ART, o profissional deve explicitar os dados principais do seu contrato, em
formato próprio definido pelo CREA da região onde vai prestar o serviço. Os dados de
contrato incluem o nome do profissional, a indicação do local de serviço, o nome do
cliente, a indicação dos responsáveis técnicos pelo serviço e a descrição sumária dos
serviços a serem executados.
Após pagamento de uma taxa, o profissional registra sua ART no CREA e somente
após a expedição do número de registro pode começar a prestar os serviços
contratados.
Conforme Artigo 1º da Resolução 425, de 18/12/1998, do CONFEA, a Anotação
de Responsabilidade Técnica deve ser feita no CREA da região onde o profissional
executante desenvolverá sua atividade.
É prescrita multa para quem executar serviços sem a ART. A Resolução 425 dispõe
sobre a multa, dizendo em seu Artigo 10:
Art. 75 - O cancelamento do registro será efetuado por má conduta pública e escândalos praticados pelo
profissional ou sua condenação definitiva por crime considerado infamante.
Art. 76 - As pessoas não habilitadas que exercerem as profissões reguladas nesta Lei, independentemente da
multa estabelecida, estão sujeitas às penalidades previstas na Lei de Contravenções Penais (Brasil, 1966b).
Exercícios vivenciais
Contava meu pai que, quando não existia luz elétrica na cidade do Rio de Janeiro,
homens portando tochas andavam pelas ruas ao cair da tarde, acendendo lamparinas
para iluminar as principais vias públicas. Estes profissionais há muito não encontram
mais mercado de trabalho. As empresas que produziam lamparinas também tiveram
seus mercados drasticamente reduzidos ou precisaram se atualizar na tecnologia.
É natural que, com as modificações dos meios de produção, o desenvolvimento de
novas tecnologias e a demanda de novos produtos e serviços, profissionais de todos as
áreas desapareçam com suas profissões obsoletas, trazendo para a sociedade a demanda
de outros perfis profissionais.
Assim, não encontramos mais os tipógrafos que montavam as letras de metal,
chamados tipos, que eram utilizados como carimbos para imprimir jornais, revistas e
livros, nem os engenheiros que criavam e mantinham estas máquinas de impressão
funcionando. Não encontramos mais os maquinistas de trens a vapor nem os
engenheiros que criavam e cuidavam destes equipamentos; já se foi o tempo das
telefonistas de média e longa distância que faziam as interconexões dos telefones
manualmente; e os engenheiros que criavam e mantinham os equipamentos de
telefonia desta época também não existem mais.
As engenharias, assim como as demais profissões, tiveram que ir se adaptando às
demandas da sociedade e às novas tecnologias. Para atender a estas demandas e prover a
sociedade com tecnologias atuais, novas modalidades e especialidades de engenharia
foram e vão sendo criadas. Dessa forma ocorreu com as primeiras engenharias, tais
como a mecânica, química, agronômica, de minas e assim aconteceu nas últimas
décadas com a formação de engenheiros biomédicos, genéticos, de meio ambiente e
aeroespaciais, entre outros. Embora o desaparecimento e a criação de novas profissões
seja um fenômeno antigo, sua velocidade tem se incrementado com o aumento da
velocidade da criação e da obsolescência das tecnologias.
Diante deste quadro, algumas perguntas naturalmente são feitas pelos que
pretendem seguir o caminho da engenharia: que modalidade de engenharia (civil,
química etc.) melhor se encaixa nos meus gostos e tem mais chance de me propiciar
realização, reconhecimento, retorno social e econômico? Dentro da modalidade
escolhida, quais as especialidades mais promissoras no mercado de trabalho em que
pretendo ingressar? O que a sociedade futura a qual atenderei demandará?
Se pudéssemos prever o futuro, seria fácil responder a estas perguntas.
Muito embora não possamos dizer com precisão o que a sociedade demandará e no
que os engenheiros poderão ajudar no futuro para o atendimento destas solicitações,
podemos pensar, a partir do que temos no presente em termos de valores sociais, linhas
de pesquisa científica e demandas previsíveis da sociedade, o que será exigido dos
profissionais de engenharia no futuro. Assim fazendo, as nossas chances de acerto nas
previsões aumentam.
Embora muitas ocorrências inesperadas possam impactar o cenário futuro, como,
por exemplo, a queda de um grande meteoro na Terra, uma epidemia de proporções
maiores que a ocorrida em 2020 ou uma guerra de grandes dimensões, vamos supor
que o mundo continuará viável no futuro, de forma a podermos construir um cenário
vindouro.
Para tentarmos desenhar, com algum grau de precisão, o futuro que os engenheiros
vão encontrar como desafio para o exercício da sua profissão, tomaremos mão de três
dimensões que consideramos relevantes. A partir delas, poderemos esboçar uma visão
de como estes profissionais vão atuar no futuro e quais as demandas que serão
colocadas para as engenharias, inclusive para aquelas que ainda serão criadas. As
dimensões são:
Para analisarmos estas dimensões, tomaremos por base trabalhos de autores que, no
final do século XX e início do XXI, se interessaram em entender as tendências do
pensamento (Capra, 2006), as das tecnológicas, que desenharão muitas décadas do
século XXI (Kaku, 1998b), bem como as demandas que serão impostas às sociedades
que se estruturarão no futuro (Smith, 2010). Apesar de suas previsões terem sido feitas
há alguns anos, destacaremos aquelas que se mostram válidas e atuais nos nossos dias.
Buscaremos, a partir do olhar desses autores, amalgamado pela nossa visão e
experiência profissional, entender o legado que o conhecimento humano e científico
até então acumulado disponibilizou para os profissionais de engenharia. Partindo deste
legado, buscaremos delinear a que novos horizontes de necessidades as três dimensões
impulsionam as sociedades e a pensar em que competências os profissionais de
engenharia deverão ter para atender a estas necessidades.
Deve-se considerar que as três dimensões – paradigmas, tecnologias e demandas –
são elementos que interagem continuamente, alterando um ao outro a todo tempo, de
forma sistêmica. Assim, mudanças no pensamento e nos valores socioculturais trarão
demandas sociais novas e vão permitir a criação de tecnologias. Essas novas tecnologias
trarão novos valores socioculturais e demandas sociais; as novas demandas sociais
estimularão o pensamento e as pesquisas tecnológicas, num processo continuamente
realimentado.
Para se alinhar com as novas formas de pensar e agir, para atender às demandas
tecnológicas e sociais, novas modalidades e especialidades de engenharia deverão ser
estimuladas e criadas. Algumas destas já estão em pleno funcionamento, outras dando
os seus primeiros passos e outras ainda serão gestadas.
Dimensão Paradigma
Paradigma mecanicista
Novidades no campo da física surgem no século XIX com James Clerk Maxwell
quando, em 1861, ele unificou com suas equações os trabalhos de físicos como André-
Marie Ampère (1775-1836) e Joseph Henry (1797-1878), descrevendo os fenômenos
elétricos e magnéticos como um só fenômeno eletromagnético. Ao conceito
newtoniano de força foi adicionado o conceito de “campo de força”.
Ao mesmo tempo que a visão do eletromagnetismo disputava espaço com a física
newtoniana, surge a ideia de evolução, a qual se consolidou como paradigma dentro da
geologia. A teoria da evolução das espécies foi impulsionada pelos estudos de Jean-
Baptiste Lamarck (1744-1829), que, invertendo a visão de um mundo no qual
imperava a ideia de uma hierarquia estática entre as espécies, hierarquia esta que
começava com o homem e terminava nas formas mais inferiores de vida, propôs que o
homem fosse o último elemento a ser criado na cadeia e que esta começava com os
animais primitivos.
A partir da teoria de Lamarck, Darwin (1809-82), com seu espírito observador e
com dados objetivos, pode desenvolver o conceito de seleção natural e de sobrevivência
dos mais capazes de se adaptarem, resumindo e organizando suas ideias no livro
“Origem das Espécies”. Daí era natural a dúvida quanto a um mundo construído de
forma acabada como uma máquina pronta para funcionar, pondo em xeque o
paradigma mecanicista.
Se a biologia caminhou para a ideia de um sistema organizado e evolutivo, a física se
direcionou para uma concepção de crescente desordem. A ideia de “entropia” foi
proposta pelo físico Rudolf Clausius (1822-88) para explicar os processos irreversíveis,
que, conhecida como a segunda lei da termodinâmica, dá conta de que, embora a
energia total se conserve durante um processo termodinâmico, a energia útil, aquela
capaz de se transformar em trabalho útil, diminui, dissipando-se em variadas formas de
perdas, como ruídos, calor e fricção.
Os processos físicos, dentro da visão de entropia, caminham da ordem para a
desordem, ou de outra forma, para o aumento da entropia. A explicação matemática da
entropia só foi adequadamente possibilitada com a introdução do conceito de
probabilidade elaborado pelo físico e matemático Ludwig Boltzmann (1844-1906).
Boltzmann permitiu, assim, que a mecânica newtoniana se apresentasse como uma
mecânica estatística. Na sua visão probabilística, pode acontecer de não haver perdas
em sistemas microscópicos compostos de poucas moléculas, mas, em sistemas
macroscópicos, a entropia continuará aumentando até que o sistema atinja seu estado
de máxima desordem, ou máxima entropia.
Com a ideia de probabilidade, de um mundo em constante evolução e de
fenômenos eletromagnéticos não completamente explicáveis pela física newtoniana, o
predomínio da divisão cartesiana entre espírito e matéria, a ênfase no pensamento
racional como forma de se obter o verdadeiro e preciso conhecimento foi perdendo sua
forte influência. A visão do mundo como um sistema mecânico em que, se as peças
funcionarem corretamente, o sistema também funcionará, vai sendo superada.
Assim, o mecanicismo que “levou à bem conhecida fragmentação em nossas
disciplinas acadêmicas e entidades governamentais e serviu como fundamento lógico
para o tratamento do meio ambiente natural como se ele fosse formado de peças
separadas a serem exploradas por diferentes grupos de interesse”. (Capra, 2006, p. 37)
foi dando lugar a outras visões. Ganhou-se o sentido de que “os cientistas não lidam
com a verdade, eles lidam com descrições da realidade limitadas e aproximadas”
(Capra, 2006, p. 45).
Assim, do início do século XX para o início do século XXI, a visão dominante no
mundo passou “da concepção mecanicista de Descartes e Newton para uma visão
holística e ecológica” (Capra, 2006, p. 13).
A visão holística leva à ideia de que “vivemos hoje num mundo globalmente
interligado no qual os fenômenos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais são
todos interdependentes. Para escrever esse mundo apropriadamente, necessitamos de
uma perspectiva ecológica que a visão do mundo cartesiana não nos oferece” (Capra,
2006, p. 14).
O pensamento cartesiano não se mostra adequado para tratar os problemas do
nosso tempo, como a fome e a pobreza, que são problemas sistêmicos. Estes problemas
estão interligados e são interdependentes e não podem ser “entendidos no âmbito da
metodologia fragmentada que é característica de nossas disciplinas acadêmicas e de
nossos organismos governamentais” (Capra, 2006, p. 23).
Dimensão Ciência
Três são as áreas que impactarão todo o século XXI (Kaku, 1998b, p. 7-9):
as correntes elétricas encontradas nas máquinas atuais geram calor dentro dos computadores e, conforme a
velocidade de processamento aumente, também é necessário ter ainda mais eletricidade […] o calor excessivo,
totalmente prejudicial ao hardware, é eliminado com o uso de lasers. (Hecke, 2012).
A vantagem dos computadores constituídos de moléculas biológicas vem de seu potencial de funcionarem
em um ambiente bioquímico (até mesmo dentro de um organismo vivo) e interagir com ele através de
entradas e saídas em forma de outras moléculas biológicas. Um computador biomolecular poderia agir como
um ‘médico’ autônomo dentro de uma célula, por exemplo. Ele poderia perceber sinais do ambiente
indicando doença, processá-los usando seu conhecimento médico pré-programado e gerar um sinal ou um
remédio terapêutico como saída. (Scientific American, 2018; Ehud, 2006).
A ciência biomolecular
O domínio da ciência biomolecular trará estupendo desenvolvimento no domínio
das doenças e da vida. A ciência do século XXI será capaz de manipular com destreza o
curso da vida.
As técnicas de raio-X em amostras cristalizadas, aliadas à técnica de cortar a
molécula de DNA em pedaços com a utilização das “enzimas de restrição” e o uso dos
supercomputadores, permitiram o sucesso do projeto de decodificação do genoma
humano (Human Genome Project), com o mapeamento dos 100.000 genes humanos
escondidos nos 23 pares de cromossomos das células humanas.
Este conhecimento possibilitará que redesenhemos nossas vidas e a de outros seres
vivos. O conhecimento da sequência dos ácidos nucleicos denominados de A, T, C e G
permitirá o conhecimento dos códigos genéticos de todas as espécies vivas e sua
eventual manipulação (Kaku, 1998b, p. 96-8).
Com este conhecimento genético, muitas doenças geneticamente originadas serão
eliminadas pela substituição dos genes degenerativos por genes saudáveis. O domínio
do conhecimento dos processos celulares avançará no século XXI, indicando a
possibilidade de tornar os cientistas capazes de criar, em laboratório, órgãos críticos
para a vida, como fígados e rins, os quais hoje pacientes doentes só obtém por doações.
O domínio da medicina molecular permitirá a eliminação de muitas doenças
provocadas por vírus, hoje de difícil tratamento, como a AIDS e o Ebola. A técnica
“engenheirada” consiste em identificar pontos fracos nestes invasores.
O “HIV é o primeiro vírus a ser atacado pela força da medicina molecular. Ele foi
sistematicamente dividido, proteína por proteína, quase átomo por átomo, até que
todos os seus pontos fracos moleculares tivessem sido expostos” (Kaku, 1998b, p. 182,
tradução nossa). O AZT (azidothymidine), por exemplo, atua impedindo a conversão
do RNA do vírus da imunodeficiência humana (HIV) (que é a fôrma para reprodução
dos genes do seu DNA) em DNA, impedindo que o vírus faça um modelo de si
mesmo.
A ideia é que os médicos do futuro tenham um catálogo contendo os genomas dos
vírus e bactérias e nossos DNAs pessoais, de forma a prever os mecanismos de
contaminação por doenças e, efetivamente, atuar contra eles.
A maior aplicação da física quântica aos equipamentos de diagnóstico médico,
como os MRI (magnetic resonance imaging), o CAT (computerized axial tomography
scan) e o PET (Positron Emission Tomography) scan, permitirão melhor visualização de
microtumores do cérebro e do corpo no seu real funcionamento. A tarefa de construir
e aprimorar os equipamentos de diagnóstico médico caberá, em grande parte, aos
engenheiros eletrônicos e biomédicos.
A genética vai se tornando uma ciência da informação. A descoberta da função de
cada gene e a análise da interação entre os genes, identificando seus impactos nas
doenças poligenéticas, poderá ser objeto de análises de engenheiros genéticos e de
engenheiros de simulação.
Estas análises serão fundamentais para solucionar as doenças crônicas, que incluem
as doenças do coração, arritmias, doenças autoimunes, esquizofrenia, e outras similares.
Até mesmo as doenças somáticas poderão ser desvendadas pelo domínio da ciência
genética.
A decodificação genética vai permitindo, também, melhor entendimento da
evolução da vida na Terra e a origem dos povos no mundo por meio de relações e
simulações genéticas. A reconstrução genética, técnica já aplicada pelos arqueólogos e
antropólogos, permite reconstruir detalhes das pessoas, como o tipo de corpo, olhos,
cor de cabelo, sexo, doenças genéticas, forma do corpo e outros dados já perdidos. A
reconstrução de animais extintos a partir do DNA, ainda no nível da ficção
cinematográfica nas décadas iniciais do século XXI, poderá vir a ser realidade.
Na tarefa de decodificação e aplicação prática que os conhecimentos genéticos
permitirão aos seres humanos, são fundamentais a ajuda dos supercomputadores, dos
robôs e dos sistemas inteligentes, trazendo um forte laço entre a engenharia e a área
biomédica.
Coisas que interessam mais de perto à área de saúde, mas também à área de IA,
como a origem dos sentimentos, talvez ainda fiquem por ser decodificadas no século
XXI. Porém doenças de origem hereditária e a cura de doenças que trazem ainda
grande mortandade, como o câncer e a AIDS, deverão ser dominadas.
A identificação de nosso DNA pessoal permitirá que coloquemos num
computador nosso mapa genético pessoal e, com ele, saibamos se estamos sujeitos a
uma das centenas de doenças genéticas identificadas e qual a chance matemática delas
se manifestarem durante nossas vidas. Com o domínio da codificação genética, poder-
se-á saber a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver algum tipo de doença,
atuando antes de sua ocorrência.
Os avanços na biogenética devem ser tais que é de se supor que os cientistas serão
capazes de criar novos tipos de organismos, envolvendo a transferência de grande
número de genes, e não poucos como fazemos hoje, permitindo assim aumentar o
suprimento de alimentos e melhorar a nossa saúde. Questões éticas permitirão ou não
a interferência nos gostos e na inteligência das pessoas e mesmo definir como serão as
crianças que gestaremos.
A união dos conhecimentos médicos com os conhecimentos da engenharia, como o
da técnica de análise cristalográfica por raio-X, será fundamental para avanços na área
de saúde.
Existe uma grande esperança de que o mundo fique livre das doenças infecciosas no
século XXI, graças à ação da medicina molecular. Como foi feito com o vírus HIV que,
desmontado sistematicamente, proteína por proteína, permitiu ações para a sua
destruição, atuando nos seus pontos fracos, assim será com outros vírus.
Avanços são esperados também no campo das doenças psicossomáticas, por
exemplo, estabelecendo relação entre o estresse e as doenças que hoje são de difícil
diagnóstico (Kaku, 1998b, p. 197). Desafios para a medicina e engenharia são o
entendimento preciso de como a ligação mente-corpo opera no nível molecular. Os
avanços na medicina dependerão dos avanços tecnológicos, reforçando, assim, a
necessidade de novos equipamentos de diagnósticos, com grandes complexidades
técnicas e tecnológicas, que desafiarão os engenheiros que os criarão e os manterão
funcionando.
A expectativa na área de saúde é de que cheguemos ao domínio dos genes do
envelhecimento e consigamos aumentar, de forma significativa, a duração da vida
humana. A interrupção e a reversão do envelhecimento continuam sendo um projeto
humano.
Tratamentos com hormônios como o estrogênio, a progesterona, a testosterona e a
melatonina; redução do nível do metabolismo corporal, por meio de dietas ou ações de
remédios e redução dos radicais livres liberados nos processos de oxidação do nosso
organismo, por intermédio do uso de antioxidantes, são técnicas aplicadas na
contenção do envelhecimento, pois propiciam a redução do que se pode considerar a
razão do envelhecimento: a reprodução das células com erros.
Ocorre que estas ações, embora possam reduzir os efeitos aparentes do
envelhecimento, poucos resultados têm no aumento da extensão da vida, uma vez que
a degeneração dos órgãos internos do corpo é ainda inevitável. Neste sentido, novas
esperanças aparecem com a capacidade de se fazer crescer novos órgãos do corpo a
partir de células adequadamente tratadas, sejam células maduras ou células-tronco.
Neste caminho, podemos esperar que sejam “cultivados” fígados, rins e até mesmo
mãos, pés e outros órgãos.
A capacidade de se fazer crescer órgãos em laboratórios já foi demonstrada. A
colocação de uma célula tronco dentro de um molde feito de material biodegradável
permitiu que se criassem formas de organismos em laboratórios. À medida que a célula
se reproduz, ela vai tomando a forma desejada, e o material que a formata se dissolve,
deixando o tecido livre. Técnicas de crescimento celular direcionadas a determinadas
funções já são praticadas na criação de peles para cobrir danos de acidentes de
queimaduras, por exemplo.77
A expectativa é que, por meio do controle do crescimento das células, os
engenheiros biomédicos possam criar novos órgãos, fazer crescer ossos danificados e
resgatar a memória de células que atualmente não apresentam capacidade de
regeneração, como as da medula vertebral e demais fibras nervosas. Estas técnicas,
criando órgãos novos, permitirão que não venhamos a ter o destino de Titono,78 a
quem foi dado o dom da vida eterna, mas não foi dado o dom do não envelhecimento.
A influência genética no envelhecimento parece ser evidente. Observa-se na
natureza, por exemplo, a capacidade de se criarem formas mais resistentes de animais
por cruzamentos daqueles que vêm de famílias mais longevas: filhos de pais longevos
tendem a ter vida mais longa. “Cientistas descobriram, por exemplo, que 87 por cento
das pessoas que chegam à idade de noventa a cem anos tiveram no mínimo um dos pais
que viveu além da idade de setenta” (Kaku, 1998b, p. 213, tradução nossa). Isto parece
indicar uma ligação entre longevidade e hereditariedade. Doenças que provocam o
envelhecimento prematuro também dão pistas da existência de algum ou alguns genes
responsáveis pelo acompanhamento do tempo, os “genes relógios”. A solução para o
bloqueio da ação da “segunda lei da termodinâmica” no corpo humano, porém,
continua desafiando a ciência.
Questões que envolvem discussões éticas, como as da possibilidade de definirmos as
características das crianças que vão nascer – o seu sexo biológico, a sua capacidade
mental, as suas características físicas – e até mesmo a possibilidade de criarmos formas
de vida por meio de modificações genéticas, permearão o futuro e os pensamentos de
cientistas e esperarão por novas tecnologias desenvolvidas e dominadas pelos
engenheiros.
Embora as práticas de cruzamento, que são, em última análise, mutações genéticas,
já sejam praticadas pelos humanos há milênios, a sua aplicação em laboratórios,
gerando produtos transgênicos ou humanos geneticamente modificados, ainda espera
por resultados seguros e aceitação social, caso a tecnologia se desenvolva até a
maturidade destas discussões. Apesar disso, muitos progressos já foram alcançados na
área de engenharia genética. São exemplos: a produção de pesticidas pelas próprias
plantas, a maior resistência dos vegetais a doenças típicas obtidas por modificações
genéticas e o aumento da resistência das plantas a herbicidas.
Na área de saúde, são exemplos de aplicações dos cruzamentos genéticos a obtenção
de plantas capazes de produzir substâncias medicinais, obtidas pela inserção de genes
humanos em organismos vivos. É o caso da insulina, obtida desde 1978 pela injeção do
DNA humano na bactéria E. coli, e o hormônio do crescimento produzido pela
pituitária, que só era obtido em cadáveres humanos e que hoje pode ser produzido por
processos semelhantes à fermentação (Kaku, 1998b, p. 223).
No futuro, espera-se que a clonagem de plantas e animais, inclusive humanos, seja
uma prática corrente. Seja a partir da remoção da célula de embriões e sua cultura com
modificações genéticas e a criação em “mães substitutas”, seja por meio de células
maduras, provocando sua reversão para o estado embrionário, como foi pela primeira
vez realizado, em 1997, com a criação de um clone de ovelha, batizado como Dolly
(Kaku, 1998b, p. 226). A clonagem de seres vivos deve se desenvolver. No campo da
reprodução genética, “a promessa da engenharia genética é a habilidade para mudar o
genoma humano e, consequentemente, a raça humana” (Kaku, 1998b, p. 227,
tradução nossa).
No campo da reabilitação de funções, as dificuldades hoje existentes para se fazer
regeneração de tecidos da espinha dorsal, cérebro e sistema nervoso em geral, é
entendida como devida ao “esquecimento” de alguns genes presentes nas células
maduras de como se multiplicar, como fazem no estado embrionário. A capacidade de
“lembrar” os genes sobre como se multiplicar e se diferenciar ainda é um desafio para
os cientistas genéticos e servirá de ferramenta para trabalhos de engenharia genética –
que poderão reabilitar pacientes em cadeiras de rodas e imobilizados em hospitais.
Fora estes “genes esquecidos”, ainda temos muitos genes que foram desligados nos
milhões de anos e que contém informações de nossos ancestrais primitivos.
Assim, os avanços da genética vão se consolidando no século XXI. Por exemplo, a
identificação dos genes arquitetos, aqueles que definem a estrutura geral dos seres
vivos, e dos genes mestres, que são os “organizadores” da construção de diferentes
órgãos, foi de grande importância, uma vez que estes controlam a forma do corpo,
definindo, por exemplo, a altura, o peso e as características da face dos seres humanos.
Genes que têm relação com o comportamento também estão na lista de busca da
ciência e se tornarão matéria-prima para os engenheiros do futuro. A descoberta de
que “um simples gene, chamado fru, controlava quase inteiramente o ritual de
acasalamento do macho da mosca de fruta” (Kaku, 1998b, p. 232, tradução nossa) foi
uma importante descoberta da relação gene-comportamento. Outros estudos levantam
a hipótese de genes que controlam a “felicidade” e a atitude violenta de seres humanos
e talvez até a inteligência.
Outra importante descoberta, que permitirá avanços no tratamento do mal de
Alzheimer, é a descoberta, feita por cientistas do MIT, de que, em um pequeno
camundongo, desligando o gene do hipocampo do cérebro que recebe a proteína
quinase, responsável pelo armazenamento de informações espaciais neste hipocampo,
se retira a sua capacidade de orientação espacial, tornando-o incapaz de reconstruir os
caminhos já explorados. A perda de orientação e de memória recente são características
do mal de Alzheimer.
Para se ter melhor dimensão dos impactos da revolução molecular, podemos refletir
sobre os impactos de uma guerra atômica, comparando-os com os das manipulações
genéticas.
Se os malefícios de uma guerra atômica são incalculáveis, trazendo inclusive
degenerações genéticas, uma guerra genética, com armas de guerra obtidas pela
modificação genética, ou o estímulo a alguma função especial, é muito diferente.
Podemos pensar em eliminar as armas atômicas do mundo, mas pensar em reverter
mudanças genéticas é um trabalho muito mais árduo e talvez inalcançável.
A revolução genética nos permite pensar em criar humanos diferentes, com asas,
por exemplo, como os anjos das histórias religiosas. Antes disto, porém, temos que
achar não só os genes das asas, adormecidos pelo tempo, mas também aqueles que
produzem asas de seis metros de envergadura, ou que tornam os ossos ocos, de forma a
diminuir o peso a ser levantado para reduzir a possível envergadura das asas, os genes
que construirão os sistemas circulatórios e nervosos destas asas, enfim, temos que
dominar a “poligenia”.
Criar seres e modificar os existentes ainda é uma questão que será discutida no
futuro, impactando o trabalho dos engenheiros. Os riscos da mutação genética, da
clonagem e dos cruzamentos genéticos em alimentos ainda estão em discussão, muito
além das discussões técnicas. Questões morais, éticas, legais, sociais serão debatidas no
curso dos avanços tecnológicos.
A atitude ética dos engenheiros é cada vez mais importante para o futuro,
considerando os impactos que a tecnologia tem e terá sobre a sociedade. Se várias
conquistas na engenharia genética foram obtidas, como controle de doenças
hereditárias, tratamento do câncer, produção de drogas para tratamento de
enfermidades humanas, domínio da ação de vírus e bactérias pela ação da medicina
biomolecular e produção de alimentos com propriedades mais ricas e desejáveis, muitas
ameaças pairam sobre a humanidade com o domínio da engenharia genética.
Se os bebês Alfa, Beta, Gamma, Delta e Epsilon pensados por Aldous Huxley
(1894-1963) e descritos no seu livro de 1932, Brave New World, se tornarão uma
realidade ou não, dependerá não só do domínio técnico, mas também da decisão das
sociedades que venham a ser impactadas por essas tecnologias. A criação do primeiro
bebê de proveta, na Inglaterra, em 1978, abriu a possibilidade de criarmos bebês por
processos alternativos à fecundação uterina. Esta conquista não pode ser revertida.
Muitas ameaças genéticas vêm também de alimentos transgênicos que são, muitas
vezes, lançados no mercado sem serem testados à exaustão, como foi o caso da soja
americana, na qual foram enxertados genes de soja brasileira, trazendo problemas de
alergia a muitos consumidores (Kaku, 1998b, p. 244). A pressão do agronegócio pode
acelerar a aceitação de alimentos diários, como cenouras, cevada, amendoins, brócolis e
outros, sem os devidos testes, o que coloca em risco a sociedade.
Questões de privacidade também vêm à mesa das discussões: pode o código
genético de um indivíduo ser tornado público? Mesmo em casos como o de
identificação de assassinos, é legal a apropriação de informações pessoais e sua
divulgação? Como garantir a segurança e a proteção de nossos genes individuais?
Quem gostaria de ter sua suscetibilidade a diferentes tipos de enfermidades reveladas
publicamente? Nesta última situação, por exemplo, um artista famoso poderia perder
seu carisma e passar a ser visto como uma fábrica de possíveis doenças genéticas.
Companhias de seguro, por outro lado, gostariam de fazer seguro saúde e de vida
para clientes com códigos genéticos que indicassem baixa probabilidade de contraírem
doenças ou de morte prematura.
É bom para a sociedade escolhermos o sexo de nossos bebês? Qual o impacto social
se todos escolherem ter filhos do sexo masculino? Qual o risco de criarmos estereótipos
e preconceitos relacionando origens genéticas como inteligência e tendência à
violência? Podemos nos lançar a movimentos eugênicos, que acreditam na purificação
genética da raça, como ocorreu no nazismo da segunda guerra? A resposta a estas
perguntas delinearão os limites da revolução biomolecular.
Simuladores
Conquistando o espaço
O domínio do hiperespaço
“Em junho de 1988, três físicos (Kip Thorne e Michael Morris, do Instituto de
Tecnologia da Califórnia – California Institute of Technology – e Ulvi Yurtsever da
Universidade de Michigan) fizeram a primeira proposta séria para uma máquina do
tempo” (Kaku, 1998a, p. 245, tradução nossa). Usariam para atingir este objetivo um
buraco de minhoca (wormholes) que conectaria o passado com o futuro.
Será mesmo possível conectar dois mundos paralelos através dos buracos de
minhoca? Estes atalhos no tempo, que permitem viajar do passado para o futuro,
existem de fato e podem ser utilizados?
A existência dos buracos negros pode ser observada a partir de observatórios
espaciais, como o Telescópio Hubble e mesmo rádio-telescópios baseados na Terra.
Será que, ao final do funil central destes buracos celestes, para os quais tudo é sugado,
inclusive a luz, existe de fato um universo paralelo, como permite prever a matemática
da física moderna?
Estas perguntas poderão ser plenamente respondidas quando a ciência caminhar
com passos firmes no domínio espaço-tempo, desvendando segredos que ainda
intrigam a mente humana. A conquista do domínio espaço-tempo poderá levar a
ciência, a tecnologia e a engenharia para rumos nunca desbravados. Sem transgredir as
leis físicas, pode-se pensar em artefatos e realizações que ainda são objetos de filmes de
ficção, como a máquina do tempo e as viagens a outros universos. Realizações por certo
muito distantes, mas que, se acontecerem, levarão a humanidade para caminhos não
pensados.
Geometrias não euclidianas, como a fundada por George Bernhard Reimann
(1826-66), dão conta de estudar matematicamente espaços de maiores dimensões que
as três espaciais tradicionais: altura, largura e comprimento (Kaku, 1998a, p. 22).
Com a geometria não euclidiana, a euclidiana e seu desenvolvimento no espaço
tridimensional foi ultrapassada. A menor distância entre dois pontos deixou de ser
uma linha reta, pois “isto omite a possibilidade de que o espaço pode ser curvo, como
sobre uma esfera” (Kaku, 1998a, p. 33, tradução nossa). A soma dos ângulos de um
triângulo também deixou de ser, necessariamente, 180º. Em triângulos construídos
sobre superfícies curvas, a soma dos ângulos internos pode ser maior ou menor que
180º. A matemática Euclidiana só se aplica a espaços planos. A nova geometria foi de
grande valia para o desenvolvimento das teorias de Einstein e dos físicos que lhe
sucederam.
Entre os exercícios teóricos destes físicos está a procura da Teoria do Tudo. Esta
permite unificar em uma só equação as forças que estruturam o Universo. O Universo,
tal como o entendemos hoje, é estruturado por quatro forças: a eletromagnética (que
permite o funcionamento de sistemas como radares, rádios e TVs), a gravitacional (a
qual mantém as sistemas solares em funcionamento), as forças nucleares fortes (que
fazem o sol e as estrelas brilharem) e as forças nucleares fracas (responsáveis pelo
decaimento da radioatividade dos materiais radioativos). A integração destas forças em
uma só equação tem desafiado os cientistas desde Einstein.83
A conceituação das forças como sendo criadas pela troca de pacotes de energia, ou
na linguagem quântica, de “quanta” de energia, impulsionou a ciência e a tecnologia
para caminhos nunca imaginados. Esta conceituação permitiu a redução do número de
partículas subatômicas de dezenas para sete: os quarks, W e Z bósons, Gluons,
partículas Higgs, letrons e neutrinos (Kaku, 1998b, p. 347). Permitiu também a
melhor aproximação teórica para a Teoria do Tudo: a Teoria das Cordas.
A Teoria das Cordas elabora suas soluções num Universo decadimensional (um
hiperespaço de 10 dimensões), sendo esta a dimensão teórica do Universo. O que se
passa nas seis dimensões, além das quatro que conhecemos (três de espaço e uma de
tempo), ainda está por ser explicado. Uma das explicações é a de que as dimensões além
da quarta teriam formado outros universos (multiuniversos) que coexistiriam com o
nosso. Estes teriam sido formados no Big Bang e poderão ou não ter sobrevivido após
esta grande explosão.
A Teoria das Cordas permitiu à ciência entender vários paradoxos colocados pela
física moderna. Assim, por exemplo, “o elétron, o qual parece ser partícula pontual, é
atualmente uma pequena corda vibrante” (Kaku, 1998b, p. 349, tradução nossa).
Desta forma, o Universo seria uma sinfonia de cordas vibrantes: “árvores e montanhas
até as estrelas, são nada mais que vibrações no hiperespaço” (Kaku, 1998a, p. x,
tradução nossa).
“A essência da teoria das cordas é que ela pode explicar a natureza da matéria e do
espaço-tempo” (Kaku, 1998a, p. 152, tradução nossa). “Começando com a teoria das
cordas vibrantes, pode-se extrair as teorias84 de Einstein, Kaluza-Klein, teoria da
supergravidade, o Modelo ‘Standard’ e mesmo a teoria GUT (Grand Unified Theory)”
(Kaku, 1998a, p. 155).
Segundo Mikio Kaku (1998a), o hiperespaço será o grande desafio para a ciência,
tecnologia e, consequentemente, para a engenharia. Os desafios tecnológicos ainda
virão a médio e a longo prazo. Hoje, porém, mesmo sem sabermos bem como funciona
o hiperespaço, já atuamos dentro dele. Em cinco dimensões, por exemplo, a luz tem
uma simples explicação: “vibrações da quinta dimensão” (Kaku, 1998a, p. 8, tradução
nossa).
Avanços na Teoria das Cordas ainda são esperados. “Modelos originados desta
Teoria apontam para dimensões maiores, como a décima segunda dimensão (universo
duodecadimensional). A teoria mais aceita é a “teoria M””.85 “A maioria dos líderes da
física no mundo agora acredita que dimensões além das usuais quatro dimensões de
espaço e tempo podem existir” (Kaku, 1998a, p. 9 ).86
A Teoria das Cordas, rigorosamente, não pode ser comprovada porque não temos
como gerar a energia necessárias para testá-la. “[…] a teoria decadimensional não é uma
teoria no sentido usual, porque ela não é testável, dado o atual estado tecnológico do
nosso planeta” (Kaku, 1998a, p. 179).
Mesmo sem tê-la testado de forma plena, no entanto, podemos operar no
hiperespaço. Assim como trabalhamos com as ondas eletromagnéticas, sem bem
entendermos seu meio de propagação, se é que existe algum meio, podemos prever e
operacionalizar comportamentos típicos de fenômenos além dos tetradimensionais,
permitindo à engenharia realizações neste campo pelos engenheiros que vierem a
estudar e melhor dominar conhecimentos do hiperespaço.
É esperado que, com os grandes avanços nos temas precedentes, ocorra a unificação
de vários campos do conhecimento. A interligação de conhecimentos dos campos de
computação, genética e física quântica, principalmente, deverá dar grande impulso às
pesquisas científicas e às novas tecnologias. Engenheiros vão unir habilidades técnicas,
criatividade e arte para construir um mundo novo de artefatos para a sociedade.
Assim como o reducionismo cartesiano – que dividiu o conhecimento em pedaços
para melhor dominá-lo – permitiu os avanços obtidos até o início do século XXI,
espera-se que os desenvolvimentos futuros sejam obtidos por meio da visão integrada e
colaborativa dos vários campos de ciência, em particular, dos três aqui discutidos:
computação, genética e física quântica.
Os avanços da ciência já indicam este caminho de integração. A compreensão do
DNA, por exemplo, permitiu e permitirá novas arquiteturas computacionais, o
entendimento dos processos de pensar, da inteligência em si, e novas formas de
organizar a inteligência artificial. As máquinas e os aplicativos mais desenvolvidos
permitirão entender melhor os processos orgânicos e aprofundar mais nosso
conhecimento a respeito da matéria, numa visão sistêmica, que hoje domina o mundo
tecnológico.
Dentro desta visão, algumas disciplinas identificadas como motoras para o
desenvolvimento das empresas e das nações podem ser listadas: microeletrônica,
biotecnologia, ciência de materiais, telecomunicações, aviação civil, máquinas
ferramentas e robótica, softwares e hardwares para computação. Estas áreas estão
firmemente ancoradas nos três temas: física quântica, computação e genética.
Nesta linha de integração vemos também a moderna medicina substituindo várias
funções do corpo por meio do uso de próteses e órgãos artificiais e atuando em várias
funções biológicas por meio de dispositivos como implantes cerebrais e marca-passos.
Neste caminho, vemos crescer a biônica, que é um campo específico da ciência que se
dedica ao estudo dos implantes sintéticos em sistemas naturais.
A medicina, ocupando-se do estudo do funcionamento do corpo humano, ainda o
vê como uma máquina biológica, em que o coração, por exemplo, atua como uma
bomba hidráulica, o esqueleto como uma estrutura e o cérebro na produção de sinais
elétricos. Esta visão vem se atualizando para uma mais sistêmica e com ela vão se
adaptando ferramentas analíticas tradicionalmente usadas na engenharia, tais como a
modelagem de sistemas e a análise computacional, para a descrição de sistemas
biológicos.
A crescente aplicação dos princípios da engenharia à medicina vem desenvolvendo
a engenharia biomédica, que usa conceitos de ambas e toma mão de conhecimentos da
área de engenharia genética, computação, inteligência artificial, redes neurais, lógica
difusa e robótica nas suas soluções para o bem estar humano.
Embora extrema, não é ficção a visão de que, assim como os circuitos eletrônicos
são capazes de captar sinais eletromagnéticos quando devidamente projetados e
ajustados, os circuitos biológicos também serão capazes de captar os sinais da vida se
devidamente projetados e ajustados. O corpo humano é um dos mais complexos
circuitos biológicos. Se conseguirmos montar circuitos de elementos formados por
células, capazes de captar a energia vital, teremos um corpo vivo.
Neste caminho, embora o humano não controle a vida, poderá fazê-la aparecer
num circuito biológico, assim como, ao plantar uma semente, obtém uma árvore, sem
dominar a criação da vida. Um circuito eletrônico bem projetado por um engenheiro
eletrônico pode receber um sinal remoto e funcionar; um circuito biológico bem
projetado por um bioengenheiro poderá funcionar e receber sinais vitais da natureza.
Antes disto ocorrer, a mescla de sistemas eletrônicos com sistemas biológicos será o
passo mais próximo: teremos as máquinas eletrobiológicas. A integração de circuitos
eletrônicos e biológicos já é tarefa dos engenheiros. Alguns trabalhos de interconexão
de sistemas eletrônicos a partes componentes dos organismos vivos (pernas, mãos,
olhos e ouvidos) já são uma amostra do que poderá ser o futuro.
Como muitas realizações ainda vão acontecer sem o completo domínio tecnológico
de seus princípios, fornecendo soluções para problemas do mundo real sem a completa
compreensão do fenômeno no mundo científico, a experimentação e o conhecimento
empírico são competências que devem ser adquiridas pelos profissionais de engenharia.
Novas engenharias
Muitos desafios para os engenheiros estão em gestação na mão dos cientistas. Assim
como muitas ideias inicialmente criadas com fins estratégicos militares pelos Estados
Unidos, na época da guerra fria, visando garantir a segurança do Estado, como as
teleconferências, o GPS (Global Positioning System) e o email, vieram a se popularizar
nos anos subsequentes, vários outros inventos e sistemas que estão em
desenvolvimento e pesquisa hoje também serão colocados no mercado nos próximos
anos. Estes deverão incluir novos materiais, novos sistemas de orientação e
acionamento remoto, redes e sistemas de comunicação, tecnologia de robótica, novas
formas de alimentação para os humanos, formas de produção e armazenamento de
energia e sistemas de propulsão.
Estas ideias que estão em pesquisa e desenvolvimento manterão algumas
modalidades e especialidades de engenharia existentes no presente, mas certamente
criarão novas especialidades e novas modalidades de engenharia.
Se considerarmos que o termo engenharia tem sido cada vez mais utilizado em
vinculação com novas áreas de conhecimento não relacionadas à engenharia do século
XX, a expectativa é que muitas “novas engenharias” apareçam.
O termo tem se referido, cada vez mais, ao tratamento sistematizado da realidade, à
visão racional para a análise de problemas, ao uso, mesmo que esporádico, de
ferramentas matemáticas, abrangendo assim outras atividades.
Termos como Engenharia Social (Gestão da Segurança Privada, 2017) e
Engenharia Política aparecem para caracterizar práticas que se utilizam dos métodos
lógicos, organizados e racionais dos engenheiros, ainda que passem distante dos
conhecimentos das ciências naturais. Campos como a política, a sociologia e a
psicologia deverão, cada vez mais, aparecer organizados pela metodologia da
engenharia.
Os novos materiais que vão sendo desenvolvidos também trazem para a engenharia
possibilidades de projetos e soluções completamente diferentes. Sempre foi assim, mas
a velocidade com que os novos materiais são disponibilizados e as propriedades que
apresentam, como flexibilidade, esbeltez associada a resistência, supercondutividade e
propriedades elétricas, colocam a engenharia diante de possibilidades impensadas. Os
materiais biológicos também fazem parte deste cenário.
Por fim, cabe dizer que, se o conceito de engenharia for aplicado, como vem sendo,
a um número cada vez maior de atividades nas quais o emprego da matemática se
mostra eficaz, onde os processos de otimização são relevantes, naquelas em que o
potencial da natureza é direcionado conforme a vontade humana, onde o método
racional e analítico de solução é empregado e as soluções ordenadas são privilegiadas,
enfim, em atividades nas quais se mostre vantajoso o uso dos métodos de domínio de
engenharia, seja qual for o objeto de atenção e interesse, as engenharias se
multiplicarão, tornando-se, talvez, uma das profissões mais importantes da sociedade.
Com a ampliação dos conhecimentos das diversas áreas de especialidades de
engenharia, haverá a necessidade de se criarem subespecialidades, que logo se tornarão
novas especialidades. Talvez as modalidades denominadas hoje como mecânica, civil,
elétrica, entre outras mais convencionais, cedam lugar de importância para o que hoje
consideramos subespecialidades, como a engenharia de inteligência, engenharia
nanotecnológica e outras ainda inexistentes.
A tendência crescente à dependência entre especialidades da engenharia, e entre a
engenharia e outras áreas profissionais, para o desenvolvimento de projetos
multidisciplinares, também levará à criação de engenharias com títulos novos. Como
exemplo, destacam-se as já existentes engenharia mecatrônica, engenharia física,
engenharia genética e engenharia biomédica.
No futuro, uma boa parte dos projetos não serão mais de engenharia, mas, projetos
com engenharia… e aí o conceito do que é ser engenheiro talvez abrace não só as forças
da Natureza, mas também todas aquelas que contribuem para o bem-estar humano e a
preservação da vida.
15.13) Pesquise sobre o que se passa nos laboratórios das universidades e dos
centros de pesquisa e explicite algumas das áreas que estão no núcleo destas pesquisas
científicas.
15.14) No que as pesquisas científicas em curso poderão impactar sua área de
engenharia?
15.15) Faça uma proposta de áreas de conhecimento que melhor lhe capacitariam a
exercer, com competência, a atividade de engenharia que você escolheu ou escolherá,
considerando as tecnologias que deverão ser demandadas no futuro.
15.16) Junto com um colega, com a ajuda das discussões do tema 15 e por meio de
pesquisa, tente listar, como ensaio, os desafios que a sociedade colocará para a
engenharia nas áreas das ciências computacionais, da ciência biomolecular e da física
quântica.
15.17) Avalie, junto com outro colega, quais novidades tecnológicas a engenharia
poderá realizar se os conhecimentos sobre o hiperespaço forem de fato dominados.
15.18) Pensando no tema “Futuro da Engenharia”, proponha novas engenharias
que poderão ser criadas no futuro.
Notas
6 – O engenheiro-líder
25. Ver “carisma” em Ferreira (2009).
26. Ver Chiavenato (2013): grupos informais (p. 79) e liderança (p.85).
7 – O que é formação?
27. Ver “competência” em Ferreira (2009), verbete 2
28. Ver, principalmente, Gardner (1994), parte 2, e Gardner (2001), cap. 3.
29. Ver Gardner (1994), parte II, cap 7 e Gardner (2001, p. 56).
11 – O Engenheiro Administrador
46. Ver norma 16001 em Certificação (2014).
47. Para normas OHSAS 18001, ver British Standards Institution ([20..?]).
48. Para adhocracia, ver Chiavenato (2013, p. 327).
14 – O Engenheiro Legal
60. Para Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação, ver Brasil (2018a).
61. Para processo de encaminhamento e diretrizes curriculares dos cursos de graduação
em engenharia, ver Brasil (2015).
62. desde dezembro de 2011, os arquitetos não fazem mais parte do sistema
CONFEA/CREA, tendo criado seu próprio Conselho, o CAU/BR.
63. ver Cartilha do Novo Profissional. On-line. Disponível em:
http://www.confea.org.br/media/CARTILHA-NOVO-PROFISSIONAL.pdf.
Acesso em: 09 abril 2019.
64. A legislação do CONFEA pode ser acessada on-line. Disponível em:
http://normativos.confea.org.br/ementas/index.asp. Acesso em 25 set. 2019.
65. Modalidades de engenharias mais recentes como a engenharia aeroespacial, a
engenharia automotiva, a engenharia biomédica, a engenharia de software e a
engenharia nuclear têm suas atribuições, competências e sua inclusão na Tabela de
Títulos Profissionais através das Resoluções 1106 de 28/09/2018, 1105 de
28/09/2018, 1103 de 26/07/2018, 1100 de 24/05/2018 e 1099 de 24/05/2018,
respectivamente.
66. Ver também o artigo 1º da Resolução no 1073 (CONFEA, 2016), Disponível em:
http://normativos.confea.org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=59111. Acesso
em: 10 abr. 2019.
67. Para uma discussão mais detalhada sobre Ética, ver o tema 10 deste livro.
68. o Código Civil Brasileiro pode ser acessado online pelo endereço
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 15
abr. 2019.
69. Ver confederação em Ferreira (2009).
15 - E o futuro da engenharia?
70. Para valores e atitudes culturais associados aos paradigmas, ver Capra (2006, p. 36).
71. Para detalhes, ver Capra (2006, p. 351).
72. Para mais detalhes, ver Capra (2006, p. 378).
73. Para o tema tecnologia, ver Capra (2006, p. 390-99).
74. Para biografia de Mikio Kaku, ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Michio_Kaku.
Acesso em 01 set. 2019.
75. Ver KAKU (1998b, p. 15-6 e capítulo 5).
76. Para mais detalhes, ver Kaku (1998b, p. 83).
77. Para saber mais sobre o laboratório de produção de peles, ver Época (2019).
78. Personagem da mitologia grega cuja amante, Aurora, pediu a Zeus que concedesse a
ele a vida eterna, esquecendo-se de pedir também a juventude eterna. Desta forma,
Titano sofreu os males de uma velhice extrema, incluindo o afastamento da
amante.
79. Para mais detalhes sobre máquinas moleculares, ver Kaku (1998b, p. 266-67).
80. Para uma conceituação básica sobre os sistemas microeletromecânicos, ver
Wikipédia (2019a).
81. Informações gerais sobre os MEMs podem ser encontradas em Kaku (1998b, p.
269-70) e em Wikipédia (2019a).
82. Informações gerais sobre supercondutores podem ser obtidas on-line. Disponível
em: https://www.ted.com/talks/boaz_almog_levitates_a_superconductor. Acesso
em: 26 set. 2019.
83. Para discussão das forças, ver cap. 5 de Kaku (1998a, p. 112-35).
84. Para detalhes, ver capítulos 6 e 7 em Kaku (1998a, p. 136-77).
85. Para mais detalhes sobre a teoria M, ver Kaku (1998b, p. 349-50).
86. Ver também Kaku (1998b, p. 348)
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Sobre o autor
José Carlos Vilar Amigo é engenheiro mecânico, graduado pela UFRJ, em 1976,
licenciado em Filosofia, pela UERJ, em 1982 e Mestre em Educação, pela UERJ, em
1998. Especializado na área de Automação Industrial e com formação gerencial, o
autor trabalhou na Petrobras nas áreas de Projeto Básico de Automação, Negócios
Internacionais, Manutenção e Operação Industrial, foi o responsável pela construção
do novo Centro de Pesquisas da Petrobras, foi gerente da área Petroquímica do
COMPERJ, gerente responsável pelas empresas da Petrobras na América Latina,
tendo atuado, interinamente, como Diretor da área Internacional. Participou como
palestrante em vários seminários internacionais representando a Petrobras. Ministrou
na UERJ as cadeiras de Introdução à Engenharia do Petróleo, Controle de Processos,
Instrumentação e Controle, Mecânica Técnica e Engenharia na Sociedade, lecionando
atualmente as três últimas. Recebeu, em 2019, o prêmio Anísio Teixeira, como o
segundo melhor professor da área Tecnológica da UERJ. Como profissional de
engenharia, atuou como técnico, empresário, perito e gerente de diversas atividades
técnicas e não técnicas, dedicando-se atualmente ao magistério.