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Capital financeiro hoje

Corporações e bancos na crise global duradoura

Por

François Chesnais

Reconhecimentos

Durante toda a produção deste livro, tive o incentivo de Sebastian Budgen.

Tom Norfield, Laurent Baronian e Claude Serfati gentilmente leram e
comentaram certos capítulos em diferentes momentos de sua escrita,
enquanto Michael Roberts estava sempre pronto para responder perguntas ou objeções
sobre algumas de suas postagens no site. Meus agradecimentos também vão para
Simon Mussell e Danny Hayward, que foram particularmente úteis em sua edição.
Este esforço solitário nunca teria terminado sem o cuidado amoroso
LEIDEN | BOSTON
e apoio constante de Catherine Sauviat, a quem o livro é dedicado.
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Conteúdo
Agradecimentos ix
Lista de Figuras, Tabelas e Caixas x
Introdução 1
Sem Fim para a Crise em Vista 2
Capital Financeiro e Capital Financeiro 5
A Economia Mundial como Objetivo Analítico 10
Da Teoria da Internacionalização do Capital Industrial à Teoria da Globalização
Financeira 12
Financeirização conforme discutido neste livro 14
Não há 'desvio de lucros', mas a acumulação de fictícios
Capital 17
A 'Crise na Esfera do Crédito e do Dinheiro' em 2008 19
1 O cenário histórico da crise e seus traços originais 22
1 A Crise em uma Trajetória de Longo Prazo 24
2 Uma crise que não foi autorizada a seguir seu curso 35
2 Liberalização Financeira e Globalização a partir dos anos 1960 e o Retorno das
Crises Financeiras 44
1 Lucros industriais e o mercado do eurodólar no ressurgimento do
Capital com Juros Concentrado 45
2 O fim do sistema monetário de Bretton Woods e o advento da
Taxas de Câmbio Flutuantes 47
3 A Reciclagem de Petrodólares e a Armadilha da Dívida do Terceiro Mundo 51
4 O Crescimento da Dívida Pública no Coração do Sistema 56
5 As Implicações Políticas dos Esquemas de Aposentadoria Baseados no Mercado 56
6 dinheiro mundial desde o fim de Bretton Woods 58
7 A 'Semi-conclusão' da Globalização Financeira e do
Crises da década de 1990 62
Apêndice: O 'Clube de Paris' e Brady Bonds 64
3 A noção de capital remunerado no cenário do presente
Centralização e Concentração de Capital 67
1 Passos na Abordagem da Análise de Lucros Financeiros 68
2 Capital remunerado: exterioridade à produção e o embaçamento da
Linhas entre Lucro e Juro 78
3 A Teoria do Capital Fictício 81
vi conteúdo
Apêndice: A Centralização e Concentração do Capital no Marxismo
Teoria 88
4 As Modalidades Organizacionais do Capital Financeiro e o
Divisão Intra-Corporativa de Mais-valia 93
1 Breve Perspectiva Histórica da Relação Banco-Indústria 93
2 Questões Contemporâneas sobre Governança Corporativa e
Conselhos de Administração Interligados 102
3 Bancos como comerciantes e TNCs como capitalistas de dinheiro 109
4 Commodity Concentrado ou Capital Comercial e a Partilha do Valor Excedente
Total 113
5 Lucro do Monopólio Baseado em Recursos Naturais e Renda do Petróleo 121
Apêndice 1: Controle nos Estudos ETH Zurich 125
Apêndice 2: Atividades dos três principais bancos de investimento de Nova York em
Mercadorias 128
Apêndice 3: Três Exemplos de Propriedade de Corporação Industrial de
Corporações Financeiras 130
5 A Internacionalização do Capital Produtivo e a Formação de
Oligopólios Globais 133
1 A Internacionalização do Capital Produtivo: Teoria e
História 133
2 O Poder Coletivo Global de Monopólio das Transnacionais
Corporações 142
3 O Lugar das Corporações dos Países Emergentes no Mundo
Oligopólio 148
Apêndice: Desenvolvimentos Recentes que Afetam os Dados Estatísticos sobre o IDE 154
6 Os Modos Operacionais das TNCs nos Anos 2000 158
1 Capital Industrial: Da Internacionalização à Globalização 158
2 Cadeias de Valor na Teoria da Gestão Empresarial 159
3 Cadeias Globais de Mercadorias Orientadas pelo Comprador 161
4 Terceirização e Offshoring e Cadeias Globais de Valor em
Fabricação 163
'Modos não patrimoniais de produção internacional' 165 5
6 Transnacionais e a Configuração Atual do Comércio Mundial 167
7 Superexploração e a 'Lei Global do Valor' 169
A maior globalização dos ativos e mercados financeiros e a
7
Expansão de Novas Formas de Capital Fictício 173
1 Fatores subjacentes ao crescimento do mercado financeiro global
Transações 173
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conteúdo
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2 O Crescimento das Transações Globais em Derivativos 181
3 Globalização Financeira e Países em Desenvolvimento nos Anos 2000 188
8 Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 198
1 A Transformação do Banco nos Estados Unidos 199
2 Liberalização Financeira na Europa e 'Universal
Bancos 204
3 Securitização, o modelo originar para distribuir e a sombra
Sistema Bancário 209
9 Contágio Financeiro Global e Crise Sistêmica em 2008 220
1 Bancos de Investimento e Fundos de Hedge 220
2 Os Canais de Contágio Financeiro Internacional 232
3 Vulnerabilidade Sistêmica Específica na Banca Europeia
Sistema 235
10 Instabilidade Financeira Endêmica Global 245
1 Os Efeitos e Potenciais Contratempos do Quantitative Easing 246
2 A Muito Longa Queda Contínua das Taxas de Juros e o Crescimento da Dívida
247
3 Sociedades Financeiras Não Bancárias e Riscos Sistêmicos de Contágio
Hoje 249
4 O Potencial de Turbulência Financeira em Países Emergentes 252
Conclusão 256 As
Dificuldades Institucionais de Fazer Pesquisa Econômica Marxista
256 Crescimento Global Persistente Muito Baixo Acoplado à
Instabilidade Financeira Endêmica 258 Como o Crescimento Lento
pode ser encerrado e um novo início de longa ascensão? 260
Abordagens não ecológicas aos possíveis 'limites absolutos intrínsecos'
do capitalismo 264 O advento de uma nova barreira imanente mais
formidável e suas
Implicações 267
Referências 273
Glossário de Termos Financeiros 297
Índice de Tópico 302
Índice de Nomes 307
vii
Lista de Figuras, Tabelas e Caixas
Figuras
1.1 Curva de lucro dos EUA
31 1.2 Crescimento dos ativos financeiros globais e do PIB mundial (1990–2010) 37
2.1 Mudanças no peso relativo dos ativos financeiros globais 1980–90/91 (US$ bilhões)
62 8,1 ROE para os principais segmentos de produtos na Europa bancos em 2003
208 8.2 O processo de titularização 212 9.1 Interação do risco de crédito e de liquidez 232
9.2 Bancos Europeus no Global Shadow Banking System 234
Tabelas
2.1 Fuga de capitais de países em desenvolvimento (em bilhões de US$ 1987) 55 2,2
Dívida dos países federais e em desenvolvimento 1982–95 (milhões de US$) 57 4,1
Top 10 varejistas globais, vendas líquidas (2010) 118 4,2 Top 5 TNCs no varejo
indústria, classificada por ativos estrangeiros, 2012 118 6,1 Níveis salariais em
vestuário em países selecionados 162 6,2 Participação das exportações contabilizadas
pelos maiores exportadores em países selecionados
países 168
7.1 Propriedade estrangeira global estimada de ativos financeiros (1998–2007) 173 7,2
Entradas de capital nos Estados Unidos, 1997–2012 (em bilhões de US$) 176 7,3
Composição geral das transações financeiras globais: 2002–8 178 7,4 Dívida externa dos
países em desenvolvimento 2005–10 189 8,1 Estados Unidos: Endividamento por setor,
1980–2008 198 9,1 Dez principais fundos de hedge dos EUA e da Europa (2007) 227
Caixas
2.1 Empréstimos internacionais em A acumulação de capital de Rosa
Luxemburgo 51 3.1 A acumulação de capital emprestável como forma
separada 70 3.2 Capital fictício na forma de títulos do governo e ações 82
Machine Translated by Google XI
lista de figuras, tabelas e caixas

3.3 A forma fetiche do capital 86 Introdução

5.1 Concentração Mundial no Agronegócio 146

6.1 Motivos para Offshoring e Mudança de Fronteiras Corporativas 163
7.1 Um contra-exemplo para o Equador: o não cancelamento da dívida do apartheid
pela África do Sul 192
8.1 Securitização 210
9.1 Principais Características do Fundo de Hedge 225
Este livro concentra-se em duas dimensões interconectadas, porém distintas, da economia
capitalista mundial contemporânea. A primeira tem a ver com as formas e
as consequências do entrelaçamento de bancos globais altamente concentrados e
internacionalizados, grandes corporações transnacionais industriais e de serviços e
varejistas gigantes, que constituem o capital financeiro em sua
Formato. A segunda diz respeito às finanças enquanto finanças, nomeadamente os
processos associados e resultantes do crescimento espectacular nos últimos 40 anos de
activos (obrigações, acções, derivados) detidos por sociedades financeiras (grandes bancos
e fundos), mas também pelos departamentos financeiros das transnacionais e dos particulares
mercados em que operam.
No Relatório Anual de 2014 do Banco de Compensações Internacionais (BIS), um
lê que “é difícil, para seus autores, evitar a sensação de uma desconexa desconexa entre a
flutuabilidade dos mercados financeiros e os desenvolvimentos econômicos subjacentes
globalmente”.1 Em sua Revisão Trimestral de março de 2016, alerta novamente sobre os
perigos que isso traz. A lentidão do crescimento do PIB mundial (o crescimento global para
2015 é estimado pelo FMI em 3,1 por cento, 0,3 pontos percentuais abaixo de 2014; para
2016 é projetado 3,4 por cento)2 contrasta tanto com o
intensidade da exploração do trabalho no cenário de fábricas e escritórios em países
industrializados, ou de países como Bangladesh, e com a quantidade do que se considera
dinheiro, circulando incessantemente pelo sistema financeiro mundial
e passando de uma forma de ativo ou de um centro financeiro para outro. Voltando ao final
da década de 1980, só podemos ficar impressionados com o contraste extremamente
acentuado entre a tendência de queda das taxas de crescimento do PIB e do investimento,
o aumento da taxa de exploração à medida que as relações de poder político e social entre
capital e trabalho tendem cada vez mais a favor do capital, e o aumento cada vez mais
rápido do valor nominal dos ativos negociados em
mercados apenas brevemente interrompidos pela crise financeira de 2008. Um dos objetivos
o presente livro deve dar conta dessa divergência.
O contexto econômico e político da análise é o da atual crise econômica e financeira
mundial. Conforme argumentado no Capítulo 1, trata-se de uma crise de superacumulação
e superprodução, agravada por uma queda na taxa de lucro.
Ele estava em formação desde a segunda metade da década de 1990 e atrasado pela
massiva criação de crédito e pela plena incorporação da China à economia mundial. Alguns
estudiosos a chamaram de 'crise de financeirização' ou crise de

1 BIS 2014, p. 1.
2 http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2016/update/01/.
Machine Translated by Google
2 introdução
'capitalismo financeirizado'.3 Isso é enganoso. É uma crise do capitalismo tout
tribunal em um determinado momento de sua história, do qual a conclusão do mundo
mercado (globalização) e financeirização (conforme definido mais adiante nesta introdução) são
as principais características. Dado que os EUA, tanto como Estado quanto como capital, foram
absolutamente centrais na construção do capitalismo global4, não sem surpresa, foi lá que o
gênio das finanças escapou da garrafa. Tanto mais que
nos EUA mais do que em qualquer outro lugar do sistema mundial, o sistema de crédito foi
levado, pelo menos a partir de 1998, aos seus "limites extremos".5 Mas a crise em curso
é a do 'capital como um todo'. Mesmo em suas dimensões financeiras foi, desde o início, em
agosto de 2007, uma crise mundial. A recessão que começou no final de 2008 foi de natureza
global6 e não apenas uma 'Grande Recessão' norte-americana. Inicialmente atingiu principalmente
as economias industrializadas. Os países emergentes, que inicialmente pensaram que
permaneceriam amplamente imunes aos seus efeitos, a partir de 2010 perderiam essa ilusão. A
situação a nível mundial tem sido e continua a
ser de superacumulação e superprodução endêmicas. Cálculos de
a taxa de lucro dos dados nas contas nacionais documentaram sua queda. Chave
pedaços do sistema capitalista mundial estão quebrados ou em muito mau estado. Os EUA
é a economia e estado mais poderoso do mundo, mas não é mais um hegemon
do jeito que já foi. Nenhuma economia sozinha pode levantar o capitalismo global
da crise, como a economia norte-americana poderia na década de 1940 no contexto da Segunda
Guerra Mundial e suas consequências. A este respeito, como em alguns outros, 'American
Império', como analisado por Leo Panitch e Sam Gindin, pertence ao passado.7
A construção do capitalismo global foi de fato o resultado do estado e do capital dos EUA,
mas a globalização teve seu preço para a economia dos EUA como para todas as outras e
originou enormes novas tensões políticas domésticas.8
Sem Fim para a Crise à Vista
Se um 'fim da crise' é definido como o momento em que a acumulação global sustentada de
capital produtivo ganha força novamente no sistema mundial como
3 Lapavitsas 2012.
4 Panitch e Gindon 2012.
5 Marx 1991, p. 572.
6 McNally 2011.
7 Panitch e Gindin 2012.
8 Recordamos as palavras de Trotsky em 1932: 'o inevitável crescimento da hegemonia mundial
dos Estados Unidos acarretará ainda mais profundas contradições tanto na economia quanto
na política da grande república americana. Ao afirmar a ditadura do dólar sobre
todo o mundo, a classe dominante dos Estados Unidos introduzirá as contradições de todo o
mundo na própria base de seu próprio domínio” (Trotsky 1973).
introdução 3
como um todo, nove anos após o início da crise econômica e financeira mundial em julho de
2007 não há fim à vista. Cada um em seu próprio campo, as principais organizações internacionais
deixam isso claro. Com relação ao investimento e ao comércio, a UNCTAD caracteriza as
políticas públicas, quase sem exceção, como 'não abordando o aumento da desigualdade de
renda, a erosão constante do espaço político junto com a diminuição do papel econômico dos
governos e a primazia da
o setor financeiro da economia, que são as causas profundas da crise de
2008'.9 A OMC relata que sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial
Guerra, o comércio deixou de impulsionar o crescimento.10 O comércio mundial de mercadorias cresceu apenas
2,2% em média durante 2012–13, aproximadamente igual à taxa de crescimento de
PIB mundial.A OMC prevê uma taxa de crescimento de 2,8% em 2015, abaixo da estimativa
anterior de 3%.11 Em seus Relatórios de Estabilidade Financeira de 2014
e 2015, o FMI está preocupado com a contínua dependência dos países industrializados da
injeção de liquidez pelos bancos centrais e as formas de
instabilidade financeira que isso produz. Todas essas avaliações antecederam a marcação
desaceleração da taxa de crescimento chinesa e o colapso de seus mercados de ações.
A expressão 'da recessão global à longa depressão'12 pode ser usada para expressar
a transição que ocorreu durante a crise. As medidas tomadas em 2008-09 no G20 para preservar
o status quo internacionalmente, combinadas com
o fato de a China estar em uma fase de alto crescimento e receber financiamento do governo,
fez com que os efeitos purgativos clássicos das crises capitalistas
têm sido fracos. Pouca capacidade produtiva foi destruída para limpar os decks para nova
acumulação. O resgate concomitante dos bancos e a escala dos ativos comprados pelo Fed
limitaram fortemente a destruição do capital fictício desde o início, mesmo antes de as 'políticas
não convencionais' se tornarem a prática corrente dos bancos centrais.
Grandes corporações oligopolistas estão prosperando, mas como exemplificado pelos EUA
dados para o setor corporativo como um todo, a recuperação da taxa de lucro em 2010-11 foi de
curta duração. Além disso, o mercado mundial é aquele em que as condições macroeconômicas
que moldam as relações de poder entre capital e trabalho impedem que
da mais-valia produzida globalmente seja realizada. O capital enfrenta
um bloqueio em C' do processo de acumulação completo (MC . . . P . . . C'-M').13
No entanto, a expressão 'excesso de mais-valia' usada por Bhir14 é
9 UNCTAD 2014b.
10 OMC 2014.
11 OMC 2015.
12 Roberts 2013.
13 O fato de existir um 'problema de realização' ao lado da taxa de lucro insuficiente é agora
reconhecido com certa relutância por Michael Roberts (2016).
14 de abril de 2010.
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4 introdução
errôneo. O que pode ser visto analiticamente nesses termos, em uma leitura de Marx que enfatiza
a realização da mais-valia, é experimentado por
capital como um limite que deve romper a todo custo. A sede de lucro do capital é insaciável. Sua
periculosidade está aí. É também por isso que o termo 'estagnação' é enganoso. Dificuldades
globais acentuadas de realização são
respondeu no universo das empresas pelo aumento da concorrência com as suas consequências
tanto em termos de intensificação da exploração dos trabalhadores, de agravamento da
exploração dos recursos naturais e de uma acentuação do que o húngaro
filósofo Istvan Mészaros referido como 'produção generalizada de resíduos'.15
Paralelamente, uma fração crescente de M' não foi reinjetada como M no
processo de acumulação e, em vez disso, alimentou um processo de superabundância de capital
em busca de valorização nos mercados financeiros.
Em diferentes combinações com os efeitos da expansão territorial, e como
no século XX de grandes guerras, anteriores longas fases de acumulação
foram construídos sobre o surgimento de todo um novo conjunto de tecnologias que envolvem
grandes investimentos industriais e que exigem um maior número de trabalhadores. O crescimento
Os efeitos da revolução tecnológica não se assemelham aos que a precederam.16 Os
espetaculares desenvolvimentos do Big Data, do estado e
controle político e social corporativo, e em dispositivos pessoais de TI há árvores escondendo a
floresta. A noção de 'estagnação secular' ressurgiu e agora é discutida por economistas
keynesianos dos EUA.
perspectiva. No cenário do século XXI, a ausência de condições que permitam o lançamento de
uma nova fase de acumulação global, sustentada e de longo prazo do capital produtivo significa
que a sociedade humana é confrontada
com as consequências dos 'limites históricos' do capitalismo. Isso deixou de ser simplesmente um
conceito intuitivo. Hoje, o grau em que, nas palavras de Marx, “a produção é produção apenas
para o capital, e não o contrário, ou seja, os meios de
produção não são simplesmente meios para um padrão de vida em constante expansão para a
sociedade dos produtores, e até que ponto a manutenção e a valorização do valor-capital... . .
depende da espoliação e empobrecimento da grande massa dos produtores',18 é algo que os
números podem
agora ser colocado. Hoje, as desigualdades de riqueza são mais uma vez tão altas quanto eram
na década de 1920.19 Mesmo nos países industrializados, a alta insegurança no trabalho e os
baixos salários são a sina diária da grande maioria dos trabalhadores. O mundo está fedendo com
Em Além do capital, ele já analisa seu 'triunfo' (Mészaros 1995).
15 16 Gordon 2012.
17 Eichengreen 2015.
18 Marx 1981, Vol. III, pág. 358.
19 Piquete 2013.
introdução 5
dinheiro e, no entanto, com exceção dos orçamentos militares, qualquer investimento público
socialmente necessário é sempre 'muito caro'. Apesar de seu evidente fracasso em tirar suas
economias da crise, os governos parecem estar sempre comprometidos
mais às políticas económicas e monetárias moldadas pelos interesses dos mais ricos com
consequências cada vez mais graves para as camadas mais dominadas da
as classes trabalhadoras. No entanto, a crise climática e ambiental é, de
é claro, a dimensão mais grave do impasse histórico do capitalismo. Dado o domínio deste último
sobre a sociedade contemporânea, é um que põe em perigo a sociedade humana civilizada como
tal.20 Voltarei a isso no capítulo final.
Capital Financeiro e Capital Financeiro
Mantenho o termo capital financeiro usado por Hilferding e Lenin não por razões de “ortodoxia”,
mas de clareza analítica. Numa configuração necessariamente diferente da de Hilferding, uso o
termo para designar a concentração e centralização simultânea e entrelaçada21 do capital
monetário, capital industrial e capital mercantil ou comercial como resultado da concentração
doméstica e transnacional por meio de fusões e aquisições (M&As ).22
Isso é diferente do que hoje é geralmente chamado de capital financeiro, ou seja,
capital monetário concentrado operando nos mercados financeiros. Neste livro, o termo capital
financeiro designa o que as contas nacionais chamam de 'corporações financeiras', ou seja,
bancos e fundos de investimento de todos os tipos, ampliados para incluir os departamentos
financeiros de grandes 'sociedades não financeiras' industriais.23
20 Ver Moore 2014 e sua noção de Capitaloceno.
21 A economia industrial e a legislação antitruste mantêm o único termo de concentração. Então
Talvez eu tenha que fazê-lo, mas o termo adequado, nem sempre respeitado por Hilferding e Lenin,
é a centralização: 'O capital cresce a uma enorme massa em uma única mão em um só lugar, porque
foi perdido por muitos em outro lugar. Esta é a centralização propriamente dita, distinta da
acumulação e concentração” (Marx 1976, Vol. I, pp. 776-777). Sweezy 1944 foi muito
cuidadoso ao fazer a distinção.
22 No momento da revisão do manuscrito final deste livro, minha atenção foi
à definição proposta por Overbeek em 1982, que se aproxima mais da minha do que
qualquer outra: “Por capital financeiro entendemos a integração dos circuitos do capital
monetário, capital produtivo e capital-mercadoria nas condições de monopolização e
internacionalização do capital por meio de uma série de ligações e relações entre capitais
individuais' (Overbeek 1982, p. 102).
23 Em um artigo interessante, o economista turco Hoca 2012 tentou superar a dificuldade definindo
o capital financeiro como 'capital como mercadoria': 'O capital financeiro é capital
mercantilizado, que circula nos mercados financeiros e é controlado pela classe
Machine Translated
6 by Google introdução
Ao distinguir 'capital financeiro' e 'capital financeiro' estou partindo de
a posição tomada, por exemplo, pelos editores da Monthly Review.24 Em francês
o capital financeiro é designado pelo termo 'finance'.25 Em inglês, a última palavra é bastante
indeterminada. As organizações que acabamos de mencionar centralizam a mais-valia na forma de
dividendos, juros de dívidas governamentais e corporativas e lucros retidos, bem como fluxos de
renda corrente e poupança das famílias.
Eles procuram valorizar o dinheiro que administram por meio de empréstimos e da especulação nos
mercados financeiros. Os lucros financeiros pressupõem a centralização da mais-valia já criada. A
maior parte da actividade financeira, nomeadamente
operações de negociação nos mercados financeiros, diz respeito essencialmente à sua distribuição
e redistribuição sem fim entre as sociedades financeiras através da especulação. Como colocado por
Hilferding, 'os ganhos de um trader são as perdas de outro'.26 A massa de capital monetário
perseguindo o mesmo objetivo em um contexto de baixo investimento e criação insuficiente de mais-
valia necessariamente leva a episódios repetidos
de crise financeira mais ou menos grave. Muito mais importante ainda, no entanto,
é a força política e organizacional da pretensão do capital financeiro
de capitalistas financeiros principalmente por meio de instituições financeiras, e monopolistas industriais
capital por constituir uma grande e crescente parte dele, especialmente após crises" (Hoca 2012,
pág. 428). A sugestão de Hoca é discutível e eu não a segui, mas sua leitura cuidadosa de
Marx, Hilferding e Lenin foi muito útil.
24 John Bellamy Foster escreve 'ao usar o termo 'capital financeiro' não estou fazendo isso no sentido
específico . . . introduzido pela grande obra de Hilferding onde foi definido em determinado
momento como “capital controlado pelos bancos e utilizado pelos industriais”. Ao contrário, o termo é
significava, neste caso, referir-se ao emprego de capital monetário nos mercados financeiros
e especulação em geral” (Foster 2006, p. 12). Onde eu uso o termo capital financeiro, os
editores da Monthly Review usam amplamente o de 'capital monopolista'.
25 O termo finanças é usado por Lapavitsas em seu último livro. Ele o diferencia do crédito e o define
como 'uma ampla categoria econômica que se refere aos vários métodos pelos quais as
empresas capitalistas obtêm e empregam fundos para apoiar atividades lucrativas' (Lapavitsas
2013, p. 109). A teoria muito especial de classes de Duménil e Lévy
da periodização sob o capitalismo os leva a 'denotar como 'Finanças' as frações superiores das
classes capitalistas e suas instituições financeiras. (Finanças, direta ou indiretamente, possuem
toda a grande economia, não apenas as corporações financeiras.) Duas outras características devem
ser acrescentadas a essa ampla caracterização. Primeiro, o controle das instituições financeiras – agora
deveria trabalhar em benefício estrito das classes capitalistas – é um componente proeminente
da nova ordem social. Em segundo lugar, a transição, sob a liderança capitalista, para este novo
configuração de poder teria sido impossível se não tivesse sido conduzida em aliança
com as classes gerenciais, notadamente seus segmentos superiores' (Duménil e Lévy 2012). eu não
aceitar esta definição, sem falar na sua explicação da 'transição'.
26 'A perda de um é o ganho do outro. "Les affaires, c'est l'argent des autres" ' (Hilferding 1910,
Capítulo 8).
introdução 7
à autonomia. O que Marx chama de “autonomização da forma da mais-valia, a ossificação de sua
forma contra sua substância, sua essência” que
decorre da 'divisão do lucro em lucro da empresa e juros'27
atingiu um grau sem precedentes na história do capitalismo e
desfrutar do apoio infalível de bancos centrais e governos.
O estudo do capital financeiro começa com a noção de
capital. Implica prestar muita atenção (como é feito abaixo no Capítulo 3) à Parte Cinco do Volume
III do Capital sobre 'A divisão do lucro em juros e
lucro da empresa'. O ponto de partida é duplo. Primeiro 'dinheiro como capital
torna-se uma mercadoria. . .[O] possuidor de dinheiro que quer valorizá-lo como capital que rende
juros se desfaz dele para outrem, o põe em circulação, o transforma em mercadoria como capital;
como capital não só para si, mas também para os outros'.28 Em segundo lugar, 'juros . . .
originalmente aparece, originalmente é e permanece na realidade nada mais que uma parte do lucro,
isto é, a mais-valia, que o capitalista em funcionamento, seja industrial ou comerciante, deve pagar
ao proprietário e
emprestador de capital na medida em que o capital que ele usa não é seu, mas emprestado'.
No capitalismo, a produção é o 'momento predominante'.30
capítulos, juros em suas variadas formas (comissões e taxas de vários tipos) e lucros comerciais têm
sua fonte final em um único estoque
de mais-valia previamente produzida e realizada com sucesso, no terreno –
um campo de jogo muito desigual – da economia mundial. Mas novamente o contexto histórico é o
das relações de poder global muito desfavoráveis ao trabalho e
assim o apoio institucional respaldando a pretensão de autonomia do capital financeiro.
David Harvey se opôs classicamente à "visão de processo" das finanças, por exemplo, o
movimento do capital de empréstimo com juros, desenvolvido por Marx no Volume III
do Capital e "a visão do bloco de poder" que emergiu em Hilferding e Lenin.
A leitura de Marx feita por Harvey em 1982 continua sendo uma introdução indispensável às
complexidades do movimento do capital portador de juros. Ele era cético em relação à visão do bloco
de poder e argumentou em 1982 que “forças compensatórias simultaneamente criam e minam a
formação de blocos de poder coerentes dentro da sociedade”.
27 Marx 1981, Vol. III, pág. 966. Fazendo a ligação com o Capítulo 4 do Volume I (Marx 1976, Vol. I,
pág. 255), acrescenta que: “Se o capital apareceu originalmente na superfície da circulação
como o fetiche do capital, valor criador de valor, agora ele se apresenta novamente na figura
do capital portador de juros como sua forma mais estranha e peculiar” .
28 Marx 1981, Vol. III, pp. 463-4.
29 Marx 1981, Vol. III, pág. 493.
30 Ver Musto 2008 para um comentário inequívoco sobre este ponto na famosa Introdução
à Crítica da Economia Política nos Grundrisse.
Machine Translated
8 by Google introdução
a burguesia'.31 Aqui se argumenta que desde então, no contexto da liberalização e da globalização do
capital, uma fusão do capital financeiro como 'processo'
e como o 'poder' tem ocorrido progressivamente, levando efetivamente à formação dentro dos estados
de um único bloco de poder. Este bloco não se desfez em 2008–
9, como seria de esperar, mas pelo contrário, consolidou-se. Altamente
o capital financeiro centralizado, particularmente na forma de conglomerados bancários (ou corporações
de serviços financeiros diversificados, como são chamados), tem estado no centro das atenções, mas
essas entidades não estão de forma alguma no comando exclusivo sobre
capitais como um todo. O bloco de poder do capital financeiro não é, como na generalização de Hilferding
do caso alemão do século XIX ou no início dos Estados Unidos,
trusts monetários do século XX,32 sob a hegemonia dos bancos. Nos E.U.A,
os executivos da Exxon, General Motors ou Wal-Mart estão em pé de igualdade com os da Goldman
Sachs e JP Morgan, por exemplo, junto com os principais
acionistas (normalmente Warren Buffet). O capitalismo contemporâneo nos confronta com a centralização/
concentração simultânea e combinada de capital monetário, capital industrial e capital mercantil ou
comercial. A posição de Harvey de 1982 de que "não importa quais sejam as circunstâncias, o estado
nunca pode ser visto
como o parceiro sem problemas do capital industrial e bancário dentro de um bloco de poder
dominante'33 deve ser reavaliado à luz da crise de setembro de 2008 e
o comportamento então e desde então dos bancos centrais e governos.
Grandes corporações industriais estão atentas ao ativismo dos acionistas liderado pelos fundos de
hedge, mas não estão sob o controle dos bancos e estão profundamente engajados nas operações do
mercado financeiro, incluindo as mais especulativas. Os traços parasitários do capital portador de juros
intuídos por Marx
e mais tarde enfatizado por Lênin permeiam as operações de todo capital monetário, comercial e
industrial. À medida que se deixa o círculo interno das finanças
capital, a preeminência de bancos e fundos sobre as empresas começa a se afirmar.
As corporações menores são mais propensas do que as maiores a serem objeto de aquisições
alavancadas (LBOs) por fundos de capital de ações – a forma mais comum de capital predatório. Quando
alguém se move para a periferia do sistema mundial
analisado em sua dimensão de globalização financeira, notadamente para o 'quintal' dos EUA na
América Latina, o peso do capital financeiro é impressionante,
o investimento financeiro interage e se funde com a acumulação de capital nacional, consolidando
oligopólios baseados na predação de dotações de recursos naturais no agronegócio e mineração.34
31 Harvey 1982/1999, p. 283.
32 Consulte o Capítulo 4 abaixo.
33 Harvey 1982/1999, p. 323.
34 Isso influenciou o trabalho latino-americano. Assim, o economista mexicano Arturo Guillen
que segue Sweezy 1994 na substituição de 'capital financeiro' por 'capital financeiro' argumenta que
introdução 9
Alguns autores têm enfatizado a importância das funções
realizado pelas finanças como superando os problemas que cria para a gestão do capitalismo global.35
Da mesma forma, o termo "capital rentista" é considerado por
muitos para serem politicamente carregados e assim serem evitados. No entanto, em um marxista, clássico
('economia não vulgar') e perspectiva teórica kaleckiana, nenhuma análise dos fundamentos da
dominação social e política do capital, doméstica ou
internacionalmente, pode simplesmente deixar o termo de lado. A noção é central para as dimensões
econômicas, políticas e sociais específicas da filosofia hobsoniana e marxista.
teoria do imperialismo. Os sistemas de aposentadoria baseados no mercado contribuíram fortemente
para a “acumulação financeira”, conforme definido abaixo e discutido ao longo do
livro, e assim para o pleno ressurgimento do rentier,36 cuja eutanásia Keynes
considerado necessário. Os sistemas de aposentadoria baseados no mercado também deram um novo
dimensão para a análise de Lenin das raízes econômicas da 'aristocracia operária'.
Este é um fato desagradável com enormes consequências sociais e políticas em nível interno e
internacional. Em resultado do crescimento da dívida pública e do seu lugar nas carteiras financeiras na
sequência da crise económica de 2008
turbulência e a crise bancária da zona do euro de 2011, na União Europeia, em particular, a política
econômica em geral tornou-se pró-cíclica. É assim porque é pró-rentista. Os detentores de dívida pública,
uma parte da qual consiste em
trabalhadores com poupanças em bancos e seguradoras, devem ser pagos, quaisquer que sejam as
consequências económicas e sociais. A disseminação em toda a sociedade do 'fetichismo do dinheiro',
por meio de mecanismos bem estudados de 'financialização da vida cotidiana',37 explica em grande
parte por que os governos
ainda não encontraram mais resistência em seu apoio aos detentores de dívidas.
“o regime de acumulação dominado pelas finanças subordina toda a lógica do capital
acumulação para a valorização do capital financeiro. No topo da pirâmide financeira
são as empresas transnacionais, os grandes bancos, os bancos de investimento, as seguradoras
empresas, os operadores de fundos de investimento e de pensão, e a nata da safra
de grandes fundos de capital financeiro, que administram os recursos dos homens mais ricos do
planeta: fundos de hedge e fundos de private equity” (Guillen 2013, p. 12).
35 É o caso de um dos ensaios de Panitch e Gindin 2011.
36 Ver Joan Robinson: 'Usamos o termo rentier em sentido amplo, para representar capitalistas
em seu aspecto de donos de riquezas, em oposição ao seu aspecto de empreendedores.
Incluímos nas receitas dos rentistas os dividendos assim como os pagamentos de juros e
incluem as somas entregues às suas famílias por empresários que possuem seus próprios
negócios' (Robinson 1956, p. 247).
37 Konings (ed.) 2010 contém vários capítulos sobre este assunto.
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10 introdução
A Economia Mundial como Objetivo Analítico
A análise neste livro será colocada, tanto quanto possível, no cenário da realização do "mercado
mundial",38 que Marx, nos Grundrisse, argumentou estar contido no próprio conceito de capital. Por
mais imperfeitos que sejam os números e os cálculos, devemos tentar, seguindo Trotsky, tomar a
economia mundial não como uma soma de partes nacionais, mas como “uma realidade poderosa e
independente”.
ou ainda, como lembra McNally, uma totalidade.40 Com a entrada da China no
A OMC, 'o estabelecimento do mercado mundial' contido 'no próprio conceito de capital' como colocado
por Marx, é alcançado. No início do meu trabalho, defini a "economia mundial" como uma "totalidade
hierarquicamente diferenciada".41 No final do século XIX
século, a 'primeira globalização', como os historiadores a chamam, foi impulsionada pelo comércio, pela
grandes empréstimos direcionados para a criação de comércio internacional (em mineração, agricultura
e portos em particular) e, em menor grau, por investimento direto estrangeiro propriamente dito,
que Hilferding foi o primeiro a identificar especificamente. A partir da década de 1960, quando o processo
conducente à “segunda globalização” deslanchou, o investimento direto estrangeiro foi a força motriz. À
medida que se avança na década de 1980, a inserção dos países no sistema de comércio internacional
é cada vez mais moldada
pelo IDE e estratégias de subcontratação da TNC. Conforme discutido nos Capítulos 5
e 6, essas estratégias evoluíram à medida que a liberalização avançava. 'Produção como momento
predominante' significa que o investimento das transnacionais desempenha o papel central
38 Marx 1981, Vol. III, pág. 375.
39 'Prefácio à Revolução Permanente', Trotsky 1931: A análise marxista deve partir 'da economia
mundial vista não como uma soma de partes nacionais, mas como um poderoso
realidade independente que foi criada pela divisão internacional do trabalho
e o mercado mundial, e que em nossa época domina imperiosamente o mercado nacional
mercados'.
40 McNally 2009, p. 43: “Precisamos tratar a economia-mundo como uma totalidade que é mais do que
a soma de suas partes. Isso pode parecer um protocolo mundano, mas é regularmente violado.
Muita discussão sobre o período neoliberal se concentrou em uma série de
nações capitalistas desenvolvidas – Estados Unidos, Alemanha e Japão – e trataram a economia
mundial como um agregado dessas partes. Isso é tanto metodologicamente falho quanto
empiricamente enganosa”.
41 Chesnais 1994/1997. A noção de 'totalidade hierarquicamente diferenciada' como
de abordar a análise da economia mundial se inspira nas observações de Marx em uma
passagem dos Grundrisse sobre o método da economia política: "A conclusão a que chegamos
não é que produção, distribuição, troca e consumo sejam idênticos, mas que todos eles formam
momentos de uma totalidade, distinções dentro de uma unidade. . . . Interação mútua
ocorre entre os diferentes momentos. Este é o caso de todo todo orgânico'. Sobre a importância
fundamental da noção de totalidade, deve-se consultar novamente Musto 2008.
11
introdução
papel na formação do padrão do comércio internacional e na configuração dos canais ao longo dos
quais a mais-valia é centralizada nos centros financeiros.42
Tomar a economia mundial como ponto de partida é, obviamente, mais fácil falar do que fazer. Tudo
o que este livro conseguiu fazer, parcialmente nos Capítulos 1 e 2 e em algumas seções dos capítulos
posteriores, foi trazer outros protagonistas além do Estado e do capital dos EUA no processo de
acumulação financeira e globalização. Algumas discussões ignoram o protagonismo do City e do Reino
Unido
governos em recriar as bases institucionais da globalização financeira e em permitir que bancos e
mercados financeiros voltem a montar.43
Conforme argumentado por Norfield,44 o lugar da cidade no sistema financeiro global é
erroneamente minimizado em relação ao de Wall Street. No trabalho que recebeu atenção insuficiente
até o momento, Minqi Li tentou se aproximar do mundo
economia, colocando a China diretamente no centro da cena.45 Neste livro,
A China é colocada em cena de várias maneiras: como esteio da economia mundial,
capitalismo durante a primeira fase da crise mundial; como um locus importante de superacumulação e
superprodução; e, junto com a Índia, como parte central do exército industrial global de reserva colocado
à disposição do capital nacional e estrangeiro. O Japão ficou de fora apenas por falta de tempo para
fazer as
leitura. Claro, isso teria sido impensável há 20 anos e reflete o fato de que o crescimento japonês sofreu
um duro golpe com as ações de 1991
colapso do mercado e da bolha imobiliária. Mais uma vez, tudo o que diz respeito à banca
infelizmente, centra-se quase exclusivamente nos EUA e na Europa e, no caso dos mercados financeiros,
em Nova Iorque e Londres. África do Sul e Golfo
Estados, para os quais existem estudos marxistas de primeira classe,46 e países latino-americanos,
foram um pouco trazidos à cena.
O 'mercado mundial', plenamente estabelecido na década de 1990 pela ação do capital e do Estado
liderados pelos Estados Unidos, é o espaço em que as transnacionais desenvolvem suas operações,
além de ser o da rivalidade intercapitalista e interimperialista. Haverá muito, em particular no Capítulo 6,
sobre a nova globalização
formas de apropriação e centralização da mais-valia. Conforme argumentado por John Smith, o
funcionamento da lei do valor deve agora ser analisado no cenário
42 Respeitar o princípio metodológico de partir da produção fez com que o trabalho de
Charles-Albert Michalet (1985) importante.
43 É o caso de Peter Gowan 1999 e de Panitch e Gindin 2011. É também um dos
as fraquezas do relato de liberalização e globalização financeira dado por John Bellamy Foster e
Fred Magdoff (Foster e Magdoff 2009).
44 Norfield 2016.
45 Ver seu Capítulo 4, 'Pode a economia capitalista mundial sobreviver à ascensão da China?' (Li 2008).
46 Ashman, Fine e Newman 2011 e Hanieh 2012.
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12
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introdução
do capitalismo globalizado contemporâneo.47 No entanto, a abordagem da economia mundial através
da noção de mercado mundial escolhida neste livro difere do "conceito de todo" de Smith, que privilegia
uma dimensão da teoria do imperialismo de Lenin, a saber, a divisão entre o opressor e oprimido
nações, e o toma como ponto de partida.48 Aqui a ênfase está mais na
três primeiras características resumidas no capítulo final do Imperialismo, a Suprema
Estágio do Capitalismo: 'monopólio decorrente da concentração da produção em um estágio muito
elevado; a apreensão (pelos monopólios) das fontes mais importantes
de matérias-primas, especialmente para as indústrias básicas e mais cartelizadas da sociedade
capitalista; desenvolvimento dos bancos de intermediários modestos a monopolistas do capital
financeiro”. Além disso, é imperativo que a linha divisória entre nações opressoras e oprimidas seja
reconhecida como tendo
mudado. A China tornou-se um pilar do capitalismo mundial e economicamente uma nação opressora,
a sede de grandes oligopólios de petróleo e mineração.
Da Teoria da Internacionalização do Capital Industrial à Teoria da Globalização
Financeira
Escrevi acima que a crise não é uma 'crise de financeirização', mas do capitalismo
toutcourt em um determinado momento de sua história. Isso não significa que a noção de financeirização
possa ser contornada, muito menos ignorada. Foi dado significados diferentes por diferentes autores.
Muitas abordagens foram propostas.49
47 Smith 2011. Esta questão, bem como as diferenças na taxa de exploração entre os países
são discutidos no Capítulo 5.
48 Smith 2011, p. 3. A principal citação de Lênin é 'a divisão das nações em opressores e oprimidos
forma a essência do imperialismo' e a segunda é tomada como um bloco.
Certamente existem muitas nações verdadeiramente oprimidas, mas o lugar da China, Índia e
Brasil na estrutura hierárquica e no funcionamento do capitalismo mundial não pode ser englobado por
a noção de 'nações oprimidas'. O Partido Comunista Chinês e a classe burocrática capitalista
dificilmente podem ser chamados de burguesia 'comprador'.
49 Em meados dos anos 2000, Epstein 2005 cita o resumo de Krippner da discussão na época: 'alguns
escritores usam o termo 'financialização' para significar a ascendência do 'acionista
valor” como forma de governança corporativa; alguns o usam para se referir ao crescente domínio
de sistemas financeiros de mercado de capitais sobre sistemas financeiros baseados em bancos; alguns seguem
Hilferding lidera e usa o termo “financialização” para se referir ao crescente poder político e
econômico de um determinado agrupamento de classes: a classe rentista; para alguns, a
financeirização representa a explosão do comércio financeiro com uma miríade de novos
instrumentos financeiros; finalmente, para a própria Krippner, o termo refere-se a um “padrão de
acumulação em que a obtenção de lucro ocorre cada vez mais por meio de canais financeiros, e não por meio do comércio”.
introdução 13
Quadros teóricos pessoais e/ou campos de pesquisa levaram cada autor a dar ao termo financeirização
um conteúdo específico. Minha própria análise é resultado de mais de vinte anos de trabalho, durante
os quais minha avaliação e definições evoluíram bastante. O impulso inicial da primeira edição
de La mondialisation du capital veio do meu trabalho em empresas multinacionais (MNEs) na OCDE
e da minha participação no grupo liderado por Charles-Albert Michalet na Universidade de Nanterre.
Seu cenário intelectual era a pesquisa e
debate sobre a internacionalização do capital industrial entre os marxistas franceses
e economistas 'heterodoxos'.50 A teoria da 'mundialização do capital',
nomeada pelos franceses e, mais geralmente, pelos autores de língua latina, que
surge na França no final dos anos 1980, tem uma coloração distintamente marxista, ao contrário do
mundo anglófono onde, com exceção de Stephen
Hymer, a teoria da globalização produtiva desenvolveu-se primeiro sob o ímpeto de John Dunning e
depois nas escolas de administração de empresas. A teoria da internacionalização do capital produtivo
e as relações diferenciadas dos países com o mercado mundial, também analisadas pelos
regulacionistas,51
permitiu uma ampla interface com a questão do desenvolvimento econômico e
o mesmo aconteceu com os economistas do Terceiro Mundo, notadamente Samir Amin, Celso Furtado
e André Gunter Frank. A maior parte da edição de 1994 do meu livro sobre globalização dizia respeito
ao capital industrial, mas um longo capítulo já era dedicado à globalização financeira. exerce atividade
industrial' (groupes financiers à dominante indus trielle), conforme analisado e definido notadamente
por François Morin.
O livro de 1994 discute a internalização das finanças pelas grandes corporações sob a forma de
mercados financeiros intragrupo geridos pela holding.
Na edição revisada e ampliada de 1997,54 a análise da globalização financeira foi dividida em dois
capítulos: um sobre as operações financeiras da
e produção de mercadorias”'. Epstein continua dizendo que todas essas definições capturam
algum aspecto do fenômeno. Assim, ele propõe “lançar a rede amplamente e definir a
financeirização [como] o papel crescente dos motivos financeiros, mercados financeiros,
atores e instituições financeiras na operação do mercado nacional e internacional
economias'.
50 Os principais participantes do debate incluíram Charles-Albert Michalet, Christian Palloix
e depois Vladimir Andreff.
51 Taquigrafia para membros da École de la régulation.
52 In Chesnais 1994, p. 207, eu até chamo de 'o campo mais avançado da globalização'.
53 Morin 1974. Uma ampla gama de artigos pode ser encontrada na Revue d'Economie industrielle
1989.
54 Chesnais 1997.
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14
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introdução
EMNs que muito deveram à análise detalhada sobre a gestão interna de
liquidez corporativa e hedge cambial acaba de ser realizado por Claude
Serfati,55 e outro intitulado 'Um regime de acumulação global, dominado por
finança'. No último capítulo, a financeirização e a internacionalização da
corporações industriais foram analisadas em conjunto, em um quadro marxista que
tinha proximidade com a teoria regulacionista.56
Na França, o primeiro projeto de pesquisa completo sobre globalização financeira foi liderado por
Michel Aglietta e seus resultados publicados em 1990.57
O debate então se desenvolveu em torno de diferentes definições de 'dominado pelas finanças
regime de acumulação'58 e o 'poder das finanças'.59 A desconsideração deste
A discussão da maioria dos marxistas franceses da época baseava-se, para alguns, em sua rejeição da
teoria regulacionista e, para outros, em sua negligência da importância das finanças em Marx. A
iniciativa de Dominique Lévy, do Séminaire d'Etudes Marxistes que, em 2006, produziu um livro centrado
diretamente nas finanças.
pessoalmente a ler atentamente a Parte V do Volume III de O Capital e assim romper completamente
com a abordagem regulacionista. A palavra "financiamento"
aparece em inglês no final da década de 1990. Nos anos 2000, o trabalho dos marxistas anglófonos
decola e atinge massa crítica com a aceleração do trabalho
depois de 2008.
Financeirização conforme discutido neste livro
A financeirização diz respeito tanto às finanças quanto à produção, tornando-a indissociável do
capitalismo contemporâneo 'realmente existente'. Nos últimos 40 anos houve um forte crescimento
contínuo de ativos financeiros na forma de títulos, dividendos
55 Serfati 1996.
56 Paulani 2010b dá um bom relato em inglês da teoria regulacionista e seu uso por
alguns marxistas. Eu escrevi uma série de artigos ou capítulos de livros usando essa noção para a qual
Lapavitsas refere (Lapavitsas 2013). A última vez foi no meu capítulo em Coriat et al. 2006.
Veja, em português, a evolução das minhas posições em Sabadini e Lupatini 2014.
57 Aglieta et al. 1990.
58 Lapavitsas 2013 apresenta um dos únicos relatos em inglês desse debate francês.
59 Orleans 1999.
60 Alguns podem ter se sentido justificados nisso por causa do tratamento escasso da Parte V por
Mandel em sua Introdução à edição Penguin do Volume III do Capital (apenas cerca de três páginas)
(Mandel 1981).
61 Séminaire d'Etudes Marxistes 2006, com capítulos de Brunhof, Chesnais, Duménil,
Lévy e Hussson.
introdução 15
e moedas e em meados dos anos 2000 uma explosão de derivativos. Os capítulos 2 e 6 procuram
relembrar as fases sucessivas do processo de 'acumulação financeira' distinta da acumulação real62 e
do processo de
liberalização e globalização que constitui um dos seus pilares. Após sua destruição parcial nas décadas
de 1930 e 1940, a acumulação financeira recomeça
no final dos anos 1950 e 1960 com o entesouramento de uma parte do lucro e seu investimento em
Londres como capital de empréstimo, seguido pelo serviço da dívida do governo, primeiro no Terceiro
Mundo e depois nos países capitalistas centrais. O fim do sistema monetário internacional de Bretton
Woods abre um novo e enorme campo para a forma particular de lucro financeiro referente à
especulação cambial.
A dívida do governo do 'Primeiro Mundo' explode com os gastos militares sob a administração Reagan
(programa 'Star Wars'), mas aumenta rapidamente em outros
países industrializados à medida que os governos recorrem à dívida em vez de impostos.63
Mecanismos adicionais endógenos aos mercados financeiros então desenvolvidos na década de 1990,
levando ao crescimento muito rápido de ativos financeiros na forma de
títulos, ações, moedas e seus derivativos e, mais tarde, na década de 2000, cada vez mais em ativos
e títulos lastreados em hipotecas. A forma como a progressão da acumulação financeira ocorreu de
mãos dadas com a da globalização financeira é discutida nos Capítulos 2 e 7, enquanto os Capítulos 5
e 6 mostram
sua ancoragem na produção global e apropriação da mais-valia.
O Capítulo 2 também discute a maneira como a progressão da liberalização financeira e da globalização
viu o reaparecimento de crises financeiras internacionais com
fortes repercussões domésticas e internacionais, cada vez mais desencadeadas por
a entrada e retirada repentina de investimento estrangeiro em carteira.
Por trás de indicadores amplos, como a alta taxa de crescimento dos ativos financeiros e
seu nível em termos de PIB doméstico e mundial, a contenção do crescimento exponencial dos
derivativos e a escala do comércio financeiro internacional,64 a financeirização refere-se à difusão das
características do capital remunerado identificadas
62 O que Marx chama de 'a acumulação de capital monetário como tal' (Marx 1981, Vol. III, p. 606), ou
ainda 'acumulação financeira' distinta da 'acumulação real'. Lapavitsas 2013,
págs. 201–202. Veja o Capítulo 3 abaixo para uma discussão completa do termo.
63 Em Chesnais 2012 documentei o início do processo na França através do governo
políticas feitas durante a primeira presidência de Mitterrand.
64 A lista Forbes 400 dos americanos mais ricos é um indicador específico dos EUA (Foster e Hollemen
2010). Mostra que aqueles que derivam sua riqueza de ativos financeiros cresceram
de 9% em 1982 para 17% em 1992 e 18% em 1992 antes de saltar para 27,3% em 2007, com
mais de um terço dos 400 americanos mais ricos derivando sua riqueza principalmente de
finanças, seguros e imóveis (FIRE). O processo não acabou. O limite da lista da Forbes de 2015
diz: 'Fazer o Forbes 400 é mais difícil do que nunca. Admissão
para a lista começa em um recorde de US$ 1,7 bilhão, um aumento de US$ 150 milhões em relação ao ano anterior. É uma barra alta que
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16 introdução
por Marx na Parte V do Volume III do Capital.65 Eles devem ser tomados em combinação com as
implicações do grau muito alto de centralização/
concentração66 do capital em suas três formas. Assim, notadamente com o advento da financeirização,
(1) a visão de mundo do 'capital como propriedade' permeou o 'capital como função';67 (2) as operações
do capital industrial altamente concentrado em posição de oligopólio e monopsônio são direcionadas
para um alto grau à 'apropriação de mais-valia, ou mais-produto, distinta de sua criação'; (3) a
"financeirização" das empresas industriais diz respeito não apenas à dimensão das suas operações
financeiras e às receitas de juros e
especulação,68 mas também as formas mais recentes de organização empresarial, que
agora se concentra menos na exploração do trabalho intramuros do que na apropriação predatória da
mais-valia de empresas mais fracas, permitida por seu posicionamento monopolista e monopsônico ao
longo das cadeias de valor; (4) o crédito
o sistema passou por um processo de profunda degeneração que culminou no desenvolvimento e na
criação de um “banco paralelo”; (5) os mercados financeiros impulsionaram o processo de autonomização
do capital entendido como 'a tendência inerente do capital a se autonomizar a partir de seu próprio
suporte material'69
cada vez mais; (6) a massa de capital monetário vocacionada para a valorização nos mercados
financeiros recorre à detenção e comercialização de capitais fictícios sob a forma de activos cada vez
mais distantes dos processos de produção e apropriação de mais-valia e conduz a uma instabilidade
financeira permanente endémica; (7) o fetichismo por dinheiro é abundante nos mercados financeiros e
permeia
sociedade muito além deles por conta de um amplo conjunto de relações sociais moldadas por
finanças 'organicamente incorporadas no tecido da vida social';70 (8) o capitalismo
alcançou, em uma extensão ainda variando de país para país, formas de dominação que equivalem a
'a “real subsunção do trabalho ao financiamento”'.71
145 bilionários dos EUA não conseguiram limpar. Ainda assim, 25 recém-chegados estreiam graças a ações quentes, grandes
negócios e aumento do valor das propriedades'.
65 Estou ciente das controvérsias em torno do status do Volume III e desta parte em particular. Mas isso
não afeta a extrema importância das avenidas teóricas que Marx abre.
66 A distinção feita por Marx entre as duas noções e a forma como foi perdida é
discutido no Apêndice do Capítulo 3. Hoje o capital industrial alcançou o que Riccardo Bellofiore
chama de 'centralização sem concentração (Bellofiore 2014, p. 11).
67 Essa noção e várias outras usadas aqui são discutidas no Capítulo 3.
68 Em um quadro analítico marxista, há um non sequitur entre os dados valiosos
produzido por Gerta Krippner e a noção de 'lucros sem produção' que ela extrai dele (Krippner
2005).
69 Isso é bem desenvolvido pelos dois economistas brasileiros Teixeira e Rotta (2012, p. 450).
70 Konings 2010, p. 5.
71 Bellofiore 2014, p. 11.
introdução 17
Não há 'desvio de lucros', mas a acumulação de capital fictício
Williams e Kliman desafiaram vigorosamente a posição de vários
heterodoxo e alguns economistas marxistas que a causa da queda na taxa de
a acumulação de capital se deve ao desvio de lucros do investimento produtivo para usos financeiros.72
Paul Sweezy defendeu essa posição bem cedo,
relacionando o ressurgimento das finanças ao retorno da 'estagnação'.73 Na economia industrial
heterodoxa, esse desvio foi inicialmente argumentado como resultado da governança corporativa.74 A
tese foi então desenvolvida dentro de uma perspectiva pós-keynesiana
estrutura de Stockhammer,75 e defendida novamente por Krippner.76 Mas a
A noção de desvio de lucros do investimento produtivo também é bastante central para a crítica de
Duménil e Lévy ao “neoliberalismo”.77 Williams e Kliman argumentam, com base em dados estatísticos
sofisticados, que a queda na taxa de
acumulação (ou seja, a taxa de crescimento do investimento produtivo acumulado)
ao longo do período pós-guerra como um todo foi, ao contrário, inteiramente devido à queda na taxa de
lucro das corporações. As empresas não desaceleraram seus investimentos por falta de fundos, que
estavam disponíveis nos mercados financeiros, nem por causa da mudança na distribuição de lucros
entre lucros retidos e dividendos, mas porque a taxa de lucro caiu e, portanto, os investimentos rentáveis
diminuíram.
A queda da taxa de lucro leva necessariamente a um "açambarcamento forçado". Embora a um ritmo
mais lento, os lucros continuam a se acumular. Como a taxa de lucro e o total
72 Williams e Kliman 2014.
73 'A atividade financeira, principalmente de tipo tradicional, foi estimulada pelo boom do pós-guerra
das décadas de 1950 e 1960, sofrendo uma espécie de decepção com o retorno da estagnação.
Os financiadores estavam, portanto, à procura de novos negócios. O capital migrando da
economia real foi bem recebido no setor financeiro. Assim começou o processo que durante as
duas décadas seguintes resultou no triunfo do capital financeiro” (Sweezy 1994).
74 Lazonick 2000.
75 Stockhammer 2004. Por causa de seu uso do termo 'acumulação liderada pelas finanças'
(Stockhammer 2008), Stockhammer às vezes é considerado um regulador. Dentro
uma discussão com Boyer e Clévenot (Boyer e Clévenot 2011), ele explica como se afastou do
Regulacionismo por conta da impossibilidade de testar 'empiricamente',
por exemplo, estatisticamente e usando econometria, as hipóteses da Escola sobre a economia
capitalista e seu cenário institucional em mudança. Segundo ele, uma série de abordagens dentro
da economia marxista e certamente pós-keynesiana podem ser testadas estatisticamente.
76 Krippner 2011.
77 Duménil e Lévy 2011, p. 153, argumentam que a taxa de acumulação está intimamente relacionada com a
'nível de lucros retidos', o que resta aos administradores uma vez pagos os juros e dividendos.
Mais adiante no livro, quando eles oferecem seus conhecimentos aos formuladores de políticas dos EUA, um
ponto diz respeito à necessidade de 'inverter as tendências neoliberais para a desacumulação' (Duménil e Lévy 2011,
pág. 301).
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18
by Google introdução
econômico que isso gera torna o investimento produtivo cada vez menos atraente, esses lucros
devem ir para algum lugar. Eles serão confiados
aos departamentos financeiros das empresas e procuram, em concorrência com bancos e
fundos de pensões, mútuos e hedge, valorização através de empréstimos e
negociação de ativos nos mercados. À medida que a acumulação vacila e a quantidade de mais-
valia apropriada diminui apesar do aumento da taxa de exploração, um processo cumulativo se
instala.
forma de sede insaciável do capital por mais-valia) acentua a financeirização na forma de
inovações financeiras e o desenvolvimento do capital fictício em suas novas formas
contemporâneas.
Nos escritos marxistas recentes, a noção de capital fictício foi
um pouco mais de atenção do que anteriormente. O capital fictício tem várias dimensões inter-
relacionadas, discutidas no Capítulo 3, e se desenvolveu em novas formas, que são examinadas
no Capítulo 7.
Há 30 anos, em seu livro de 1982, Harvey o revisitou recentemente.78 É usado por
Ashman, Fine e Newman em sua análise do regime de acumulação específico da África do
Sul.79 Loren Goldner presta atenção considerável ao capital fictício,80 assim como Smith e
Butovsky81 e Maria Ivanova.82 Tony Norfield83
e David McNally84 em sua análise de derivativos agora estão usando regularmente o termo.
Outros pesquisadores de língua inglesa também estão começando a discuti-lo seriamente em
blogs e até explorando maneiras de avaliá-lo estatisticamente.85 Costas
Lapavitsas o viu, em uma publicação anterior, como uma 'caixa de viúva de argumentos
extraordinários sobre atividades financeiras'.86 Ele o trata com mais cuidado em seu último livro,
mas permanece muito cauteloso, se não reservado.87 Na França, Cedric
Durand publicou um livro com o termo no título.88 Nas seções dedicadas à noção, espero
argumentar com sucesso sobre a necessidade de reter e
desenvolvê-lo. O mesmo se aplica à noção de fetichismo do dinheiro.
78 Harvey 2012.
79 Ashley, Fine e Newman 2011.
80 Goldner 2013.
81 Smith e Butovsky 2013.
82 Ivanova 2011 e 2013.
83 Norfield 2012.
84 McNally 2011, p. 103.
85 Veja Michael Roberts, http://thenextrecession.wordpress.com/2013/12/19/the-us-rate-of
Lucro-estender-o-debate/.
86 Lapavitsas 2011, p. 614.
87 Lapavitsas 2013, p. 161.
88 Durand 2014.
introdução 19
A 'crise na esfera do crédito e do dinheiro' em 2008
O percurso até este momento crucial da crise mundial e seus desdobramentos são analisados
nos capítulos 7 e 8. Para Marx, as crises na esfera do crédito e do dinheiro
são uma 'parte integral' das crises de superprodução e superacumulação.
Isso se aplica à atual crise mundial; resta a tarefa de explicar como e
por que este é o caso. Marx observou que “Em um sistema de produção, onde toda a interconexão
do processo de reprodução repousa sobre o crédito, uma crise
deve evidentemente irromper se o crédito for subitamente retirado e só for aceito o pagamento
em dinheiro na forma de uma violenta disputa por meios de pagamento. No
primeira vista, portanto, toda a crise se apresenta como um crédito e
crise'.89 No contexto do capitalismo de meados do século XIX, envolvia 'simplesmente a
conversibilidade de letras de câmbio em dinheiro. A maioria destes
as contas representam vendas e compras reais, sendo a base de toda a crise
a expansão destes muito além da necessidade social'.90 Ele continua dizendo algo que soa
muito familiar na esteira dos assentamentos pagos a Wall
Bancos de rua por comportamento fraudulento em 2008: "Além disso, no entanto, um número
tremendo dessas contas representam negócios puramente fraudulentos, que agora
venha à luz e exploda; bem como especulações malsucedidas realizadas
com capital emprestado e, finalmente, capital-mercadoria que é desvalorizado ou não vendável,
ou retornos que nunca virão”. No contexto do início
No capitalismo do século XXI, com um sistema de crédito baseado na securitização, a retirada
de crédito ocorreu no mercado de fundos mútuos (MMF) e envolveu a corrida para substituir
títulos sem valor por outros ainda um pouco mais seguros. Em 2008, o colapso de uma forma
muito específica de crédito, os títulos garantidos por hipotecas dos EUA (MBS),91 vinculados a
um setor industrial (o setor de construção) e uma mercadoria (casas) possuindo a propriedade de
também ser um ativo financeiro, mas com liquidez muito baixa, tinha o potencial de pôr em perigo
'toda a interconexão do processo de reprodução' não apenas nos EUA, mas
também, devido à profundidade da globalização financeira, em todo o sistema financeiro
transatlântico, com mais repercussões noutras partes.
O Capítulo 8 concentra-se nas transformações do sistema de crédito, sua 'financiação'.
Começa por relembrar a organização do crédito bancário 'clássico', antes de examinar a forma
como começou a mudar com a liberalização e
desregulamentação impulsionada nos EUA pelo surgimento de fundos mútuos e de pensão como
emprestadores. A desintermediação do crédito restringiu os bancos a encontrar novas fontes de
89 Marx 1981, Vol. III, pág. 621.
90 Ibid.
91 Consulte o Glossário de termos financeiros para todas essas siglas.
Machine Translated by Google 21
20 introdução introdução

lucro. Os grandes bancos comerciais e os bancos de investimento de Wall Street fizeram capítulo termina com a crise bancária da zona do euro de 2011 e o mecanismo de
campanha pela revogação da Lei Glass-Steagall de 1933. Sistemas bancários em contágio da crise em ação no contexto institucional específico da UE e do
A Europa passou por seus próprios processos de liberalização e concentração zona do euro.

levando à plena restauração dos 'bancos universais'. O período foi marcado por uma expansão
qualitativa na securitização de empréstimos, na gama de ativos negociados e
a escala de alavancagem das sociedades financeiras sob a forma de dívida interna ao setor
bancário. Um novo modelo bancário 'originar para distribuir' foi concebido
juntamente com o desenvolvimento de um 'sistema bancário paralelo', não reconhecido até
2008, fora do sistema bancário regular, mas em estreita simbiose com ele. Em meados dos
anos 2000, 'papel com juros' passou a significar ativos e hipotecas
títulos (ABS e MBS) agrupados em outros tipos de títulos, notadamente CDOs,
o que chamei de capital fictício até o enésimo grau.92 Leda Paulani fala de processos sociais
que 'naturalizam os processos fictícios de formação e valorização do capital' e nos quais 'as
formas mais degeneradas de financiamento
activos parecem ser a fonte do seu próprio aumento'.93 O recurso ao crédito
criação após a crise asiática e russa de 1998 e ainda mais após a crise da Nasdaq de 2001-2,
em uma escala que se poderia falar de um 'regime de crescimento liderado pela dívida' dos EUA,
ocorreu em um momento em que esse novo modelo bancário estava se consolidando cada
vez mais. No mesmo período, os bancos europeus aderiram ao sistema bancário paralelo e o
tornaram transatlântico, enquanto a Zona Euro funcionava essencialmente como um mecanismo
de reciclagem lucrativa das poupanças dos países do Norte. Serviu para financiar a
superprodução na habitação e a acumulação excessiva na construção e nas indústrias para
alimentar a expansão interna associada do crédito em países como Espanha, Irlanda e Portugal,
O resgate do sistema financeiro americano e europeu em setembro-outubro de 2008 e o
surgimento de instrumentos de política financeira quase permanentes –
flexibilização quantitativa e formas não convencionais de apoio ao capital fictício – expressam
no campo das finanças o impasse da produção capitalista.
No Capítulo 10, conduzo os leitores pelos últimos relatórios do FMI e do BIS a serem publicados
antes de encerrar o manuscrito. Os problemas enfrentados pelas autoridades responsáveis pelo
sistema financeiro são os dos efeitos e
potenciais retrocessos de flexibilização quantitativa, a longa queda contínua nas taxas de juros
independentes daquelas fixadas pelos bancos centrais e a consequência disso para o
crescimento da dívida, a quantidade de dinheiro mantida por mútuo e hedge
gestores de fundos e o nível de risco de contágio sistêmico que isso acarreta hoje, e
finalmente, o potencial de turbulência financeira, em particular nos países emergentes, resultante
de tudo isso. Meu capítulo de conclusão volta a um ritmo de acumulação comandado por fatores
econômicos e políticos ainda não resolvidos e os intermináveis choques resultantes da
especulação financeira. Termina com reflexões sobre
a atualidade da noção de limites históricos da produção capitalista.

que os precipitaria em crise em 2009.

No capítulo 9, chego ao rumo tomado pela crise financeira de julho de 2007 a setembro de
2008. Aqui o principal autor francês engajado ativamente desde o
início na teoria da financeirização que me ajudou foi Aglietta.94 O capítulo apresenta os
dramatis personae da crise financeira, notadamente o de Nova York
bancos de investimento, os fundos de hedge dos EUA e os grandes bancos europeus
na difusão dos ativos estruturados opacos. Analisa a posição nodal
do mercado de empréstimos interbancários de muito curto prazo, mesmo overnight, a London
ICE LIBOR no final de agosto e depois em abril e especialmente em setembro de 2008 do
mercado de MMF de Nova York. A rapidez do contágio financeiro internacional
como base e terreno o sistema bancário paralelo transatlântico.

92 Chesnais 2007.
93 Paulani 2010a.
94 Aglietta, Khanniche e Rigot 2010.
95 Para uma análise de acadêmicos franceses que trabalham com finanças, ver Jeffers e Plihon 2013.
Machine Translated by Google
Capítulo 1
O cenário histórico da crise e
Seus traços originais
Embora em um cenário histórico muito diferente, a atual crise econômica e financeira mundial pertence
à mesma categoria da Grande Depressão que se seguiu ao crash de 1929 em Wall Street. No contexto
específico da globalização contemporânea, os eventos financeiros de 2007-2008 foram tipicamente
parte integrante do
uma crise 'na esfera do dinheiro e do crédito', cujas causas subjacentes são a superprodução e a
superacumulação em nível mundial, juntamente com um jogo efetivo da tendência de queda da taxa
de lucro, apesar do recurso do capital
aos fatores de compensação. A crise estava em gestação desde 1998 e tinha sido adiada
essencialmente pelo surto de acumulação na China e pelo recurso maciço à dívida nos EUA e em
alguns outros países. Em 2008, a brutalidade da
A crise financeira foi explicada pelo montante de capital fictício acumulado e pelo grau de
vulnerabilidade do sistema de crédito após a titularização. Teve um impacto imediato nos EUA na
produção e emprego nos setores (imobiliário) e indústrias (construção e automóvel) que mais
dependiam do crédito, desencadeando a Grande Recessão dos EUA com efeitos no comércio e
produção mundiais, em particular na Europa. Sua semelhança em termos de extensão e alcance com
a grande crise do século XX2 aumentou progressivamente à medida que o Brasil e outros países
produtores de commodities da América do Sul e do Sudeste Asiático deixaram de ser dissociados da
crise. Desde 2014, essa semelhança foi acentuada pela acentuada desaceleração do crescimento na
China. Uma grande diferença com a década de 1930 é que o comércio mundial retrocedeu, mas não
entrou em colapso e que a crise não levou a um confronto frontal direto.
entre as grandes potências.3
A crise levou naturalmente a um grande debate entre os marxistas, como entre os
remanescentes keynesianos, sobre as causas das crises capitalistas em geral e
o presente em particular.4 Grande parte do debate teórico marxista tem
1 A discussão completa está no Capítulo 8.
2 O termo “Depressão Menor” usado por Paul Krugman é um reconhecimento disso.
3 Esse ponto é enfatizado por Panitch e Gindin 2012.
4 Veja o longo capítulo em Callinicos 2014.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 23
dizia respeito à lei da tendência de queda da taxa de lucro (LTRPF).5 Harvey
tem razão ao dizer que foi o que mais chamou a atenção e deu origem ao
maior número de artigos, tanto em periódicos acadêmicos quanto em sites,6 que utilizam, ainda que
de forma diferente, os mesmos dados estatísticos produzidos por
sistemas contabilísticos, nomeadamente o dos EUA. Roberts afirma que a prioridade dada ao
comportamento da taxa de lucro ainda representa uma minoria
posição, sujeita ao 'peso da rejeição',7 mas claramente não há
da autoridade de Sweezy para expor a teoria das crises decorrentes do subconsumo.8 Heinrich tem
sido objeto de fortes ataques e tem
só foi realmente defendido pela Monthly Review e por Harvey.9
Devido ao meu interesse nos processos que conduziram à eclosão da crise, mas também
retardaram, presto muita atenção aos factores
contrariando a queda na taxa de lucro discutida por Marx no capítulo 14 do Volume III do Capital.
Também tomei uma forte liderança a partir da observação em
Capítulo 15 do Volume III que 'a produção capitalista busca continuamente superar suas barreiras
imanentes, mas as supera apenas por meios que estabeleçam
as barreiras de novo e em uma escala mais poderosa'.10 Nesse capítulo, Marx discute uma série de
questões, não apenas a LTRPF, mas também a superacumulação
capital e a superprodução de mercadorias que a acompanha, bem como
levantando a hipótese da 'superprodução absoluta de capital'11 que é
quase nunca mencionado nos debates de hoje. Então eu concordo com Harvey que há
não há uma única teoria causal da formação da crise e destaco, como ele, a mesma afirmação de
Marx: “As contradições existentes na produção burguesa [não apenas a LTRPF – FC] são reconciliadas
por um processo de ajuste, que, ao ao mesmo tempo, porém, se manifesta como crises, fusão violenta
de
fatores desconectados operando independentemente um do outro, mas correlacionados'.12
Se eu tiver uma pergunta, ela diz respeito à noção de 'reconciliação por um processo de
5 Alguns autores particularmente radicais, notadamente Carchedi e Roberts, afirmam que todas
as crises, maiores e menores, são precedidas por uma queda na taxa de lucro e que a saída da
crise requer um aumento na taxa de exploração e uma queda na composição orgânica do capital.
Mesmo que ele vá temperar a afirmação, Roberts 2014 escreve: 'Precisamos identificar o
causa subjacente ou última das crises da mesma forma que Newton identificou a causa
subjacente do movimento dos corpos terrestres na gravidade e na força e contra-força”.
6 Harvey 2014.
7 Roberto 2014.
8 Sweezy 1944, Capítulos X e XII.
9 Henrique 2013.
10 Marx 1981, Vol. III, pág. 358.
11 Marx 1981, Vol. III, pp. 359-360.
12 Marx 1981, Vol. III, pág. 357.
Machine Translated
24
by Google
capítulo 1
ajuste' hoje. O modo de produção ainda tem o escopo e o espaço para expansão e acumulação
renovada de longo prazo que tinha quando Marx
usou a expressão?
1 A crise em uma trajetória de longo prazo
Uma crise económica e financeira que abranja de forma diferenciada toda a economia mundial
deve ser enquadrada no seu contexto histórico. Tomando a liderança da avaliação de Engels da
primeira grande depressão mundial de 1873-1896, Paul Mattick observou:
a periodicidade da crise. . . é afetado por circunstâncias históricas. Se a razão última de
cada crise é o próprio capitalismo, cada crise particular
difere de seus predecessores apenas por causa da transformação contínua das relações
do mercado mundial e da estrutura do capital global.
Nestas condições, nem as crises em si nem a sua duração
e gravidade podem ser determinados antecipadamente.13
Ele acrescenta que a crise não pode ser reduzida a
eventos puramente econômicos, embora surja 'puramente economicamente', isto é, das
relações sociais de produção revestidas de formas econômicas. A luta competitiva
internacional, travada também por meios políticos e militares, influencia o desenvolvimento
econômico, assim como este, por sua vez, dá origem às várias formas de competição.
Assim, toda crise real só pode ser compreendida em conexão com o desenvolvimento
social como um todo.14
Os dois "desenvolvimentos sociais" mais importantes dos últimos 50 anos foram, primeiro, a
"globalização do capital" em suas três formas e, segundo, uma aceleração das transformações
pela humanidade, vivendo sob a produção capitalista e as relações capitalistas de propriedade,
dos ecossistemas que permitiram o desenvolvimento da civilização a ponto de comprometer
potencialmente
reprodução. O cenário da crise em curso é o pleno 'estabelecimento da
13 À medida que uma grande crise se estende no tempo, isso se torna progressivamente menos verdadeiro.
A perspectiva de uma nova guerra mundial cresceu a partir de 1933. Hoje pode-se prever uma
crescente convergência entre a crise econômica mundial e os efeitos econômicos, sociais e políticos
das mudanças climáticas.
14 Mattick 1981.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 25
mercado mundial'15 na configuração específica do final do século XX. A globalização dos fluxos
financeiros, investimento direto estrangeiro e comércio; o cheio
reconquista da URSS e seus estados satélites por capital; a incorporação de
China na OMC em 2001; e o rápido avanço da liberalização na Índia; tudo isso torna a crise 'global'
em um grau desconhecido para crises anteriores.
É por isso que a crise é verdadeiramente uma crise global de superacumulação de capital na
dupla forma de capacidade produtiva levando à superprodução
e de uma “pletora de capital” na forma de capital fictício e portador de juros aspirante.
1.1 Nos países capitalistas avançados, desacelerando a acumulação antes do Deep
Break em 2008
A crise em curso terminou por mais tempo – gradualmente mais lenta, mas mesmo assim
ininterrupta – fase de acumulação na história do capitalismo. Mais de 60 anos,
se o fim da Segunda Guerra Mundial for tomado como ponto de partida; um pouco mais de 40
anos, mesmo que 1976, que viu o fim da primeira recessão mundial do pós-guerra, seja escolhido.
Tomando como proxy a taxa de crescimento do PIB, o ritmo de acumulação em
as economias capitalistas avançadas desaceleraram continuamente, mas só quebraram em 2009.
Ao compreender a duração desta fase, a 'saída da crise' que marcou
o fim da Grande Depressão é muito importante. Na Europa, em um contexto de hegemonia
imperialista instável entre Alemanha, Grã-Bretanha e França, a Grande Depressão levou
diretamente à guerra. Nos Estados Unidos, o retorno ao pleno emprego só veio com a entrada na
guerra em 1942.16 Durante o pós-guerra
Idade de Ouro, o ímpeto da acumulação de longo prazo veio das oportunidades em larga escala
de investimento lucrativo decorrentes do resultado combinado de baixo investimento em parte da
Grande Depressão, a destruição maciça de
instalações, infraestruturas e habitações durante a Segunda Guerra Mundial, e tecnologias com
efeitos massivos no emprego cuja introdução tinha sido travada
com a Grande Depressão. Na Europa Continental, a acumulação recomeçou por volta de 1950,
quando as indústrias mais básicas e os sistemas de comunicação voltaram a funcionar. Ele
decolou vigorosamente no Japão com a ajuda dos EUA
deu ao capital japonês na reconstrução de sua indústria para servir como uma segunda base
produtiva para a guerra na Coréia. Os EUA experimentaram uma crise muito curta em 1952 antes de
desencadeando essa guerra e, ao fazê-lo, fez da indústria armamentista um de seus principais
motores de acumulação por um longo período, bem como a principal base de seu sistema de
inovação até hoje. Devido ao desfecho da Segunda Guerra Mundial,
15 Marx 1981, Vol. III, pág. 375.
16 Datar o fim da Grande Depressão foi e continua sendo um ponto de debate entre
historiadores dos EUA. Ver recentemente , entre outros, Romer 1992 e Steindl 2007.
Machine Translated
26 by Google capítulo 1
a classe trabalhadora e seus sindicatos e partidos políticos estavam em posição de limitar o poder das
corporações e instituições financeiras e assim se beneficiar do aumento da produtividade. Isso lançou
as bases para o ‘fordismo’ como um ‘regime de acumulação’ – no sentido definido pela teoria
regulacionista – e para o que veio a
ser conhecido em inglês como o 'Compromisso Social Democrata'. Por último, mas não menos
importante, até que o financiamento do déficit federal da guerra no Vietnã fez o atrelamento
do dólar em ouro insustentável, o capitalismo desfrutou de uma estabilidade internacional
sistema monetário.
O aumento da composição orgânica do capital, como primeiro argumentou David
Yaffe17 e o surgimento da superprodução dentro das fronteiras de economias nacionais
internacionalmente interdependentes, mas ainda autônomas e autocentradas, prepararam o terreno
para a primeira crise econômica do pós-guerra de 1974-1976. Provocado
pela usurpação nos lucros já decrescentes de um salto nos custos dos combustíveis na sequência do
forte aumento do preço do petróleo (o 'choque do petróleo'), vê o início de uma tendência descendente
na taxa de crescimento homóloga do PIB e do investimento em os países industrializados. Sem dúvida,
marca o fim de um primeiro subperíodo de acumulação particularmente dinâmica. Ernest Mandel nomeia-
o sobriamente 'o primeiro
recessão generalizada da economia capitalista internacional [pós-guerra].
anos 1974-6 são muitas vezes referidos por muitos autores como o ponto de partida da
“crise estrutural do capitalismo”. Existem várias dificuldades com isso, duas das
que estão diretamente relacionados. Primeiro, o uso do termo “crise estrutural” imediatamente levanta
a questão: o capitalismo não estava estruturalmente em crise na década de 1930?
e, além disso, tão profundamente que a resposta foi a guerra mundial?19 Em segundo lugar, aqueles
que usam o termo fazem pouca menção às condições históricas muito especiais que permitiram o
estabelecimento temporário do regime estável conhecido como "fordismo". A nostalgia da 'Era
Gloriosa' ('les trente glorieuses') persiste em
parte da esquerda europeia. Essas décadas foram simplesmente um parêntese. Acabou
uma vez que a acumulação de capital levou novamente à superacumulação de
capacidades dentro das economias nacionais, a taxa de lucro havia caído,
acumulação propriamente dita', conforme definido neste livro, recuperou o impulso e a liberalização
financeira foi iniciada com o centro financeiro da Grã-Bretanha na cidade como seu centro.
17 Yaffe 1973.
18 Mandel 1982.
19 Duménil e Lévy 2011 desenvolveram, com base apenas em uma análise da história econômica dos
Estados Unidos, uma teoria idiossincrática de divisão de classes totalmente alheia ao marxismo, na
qual os gerentes são centrais. Duménil e Lévy usam o termo crise estrutural indeterminadamente (ver
nomeadamente 2011, pp. 19 e 267). A Grande Depressão de 1929, a crise de 1974-1976 (com a
mudança de aliança dos gerentes das classes populares para a classe alta) e a Grande Recessão em
curso são todas nomeadas da mesma maneira.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 27
1.1.1 A luta da burguesia contra as barreiras imanentes da
Produção capitalista
Os termos 'crise estrutural' ou novamente 'estagnação relativa' usados por Andrew
Kliman20 não capturam a brutalidade da agressão de classe expressa pelo 'capitalismo desencadeado'
de Andrew Glyn,21 nem as medidas empregadas pelo capital
nas décadas de 1980 e 1990. Como observado por McNally, “na maioria das vezes, as abordagens
[que interpretam a crise atual em termos de um declínio na taxa de lucratividade] tendem a ser
surpreendentemente estáticas, ignorando as dinâmicas específicas da reestruturação e acumulação
capitalistas no período neoliberal. '. Como ele aponta, 'há uma tendência particularmente inútil em
muitas dessas análises para tratar todo o período de 35 anos desde 1973 como uma 'crise', uma 'longa
recessão' ou mesmo uma 'depressão''.22
O contexto político não deve ser negligenciado. Em muitos países, alguns anos
antes da crise de 1974-6, a burguesia acabava de ser confrontada por fortes
ação operária e estudantil. Mas as relações políticas domésticas, bem como
como a margem de manobra da classe trabalhadora para a ação militante, ainda eram fortemente
afetados na Europa Continental pelos interesses da burocracia soviética. Um momento chave foi a
contenção da Greve Geral Francesa pelo Partido Comunista Francês e pela CGT em maio de 1968,
seguida pelo esmagamento da Primavera de Praga
em agosto do mesmo ano. Esta contenção foi reiterada na Itália no
outono de 1969. Isso deu ao capital a oportunidade de se reajustar estrategicamente.
A forma como abordei a análise da reatividade muito forte do capital23
parte da observação de Marx de que “a produção capitalista busca continuamente superar suas
barreiras imanentes, mas as supera apenas
meios que erguem as barreiras novamente e em uma escala mais poderosa',24 e da observação de
Engels em sua edição de 1894 do Volume III de O capital que 'todo fator, que atua contra a repetição
das velhas crises, carrega em si o germe da uma crise futura muito mais poderosa'.25 Esses fatores
incluem aqueles relacionados
à tecnologia: 'Desde a última crise geral de 1867, muitas mudanças profundas ocorreram. A colossal
expansão dos meios de transporte e
comunicação – transatlânticos, ferrovias, telegrafia elétrica, Canal de Suez –
tornou um verdadeiro mercado mundial'. Na globalização contemporânea, fortes
fatores tecnológicos claramente também estão em ação. Telecomunicações mais baratas e confiáveis,
software de gerenciamento de informações e cada vez mais
20 Kliman 2012, pp. 9 e 48. Esta posição é defendida vigorosamente por Choonara 2009 e
2011.
21 Glyn 2006.
22 McNally 2009, pp. 42–43. Veja também sua resposta a Choonara (McNally 2012).
23 Chesnais 2006b.
24 Marx 1981, Vol. III, pág. 358.
25 Nota de rodapé em Marx 1981, Vol. III, pp. 620-621.
Machine Translated by Google
28 capítulo 1
poderosos computadores pessoais devido aos avanços nas tecnologias de informação e
comunicação (TIC) reduziram o custo e aumentaram a eficiência da coordenação de operações
internacionais dentro e entre empresas.
O transporte conteinerizado e a padronização, automação e maior intermodalidade do frete facilitaram
o comércio de mercadorias e reduziram seus custos (com a externalização dos ambientais). Eles são
corretamente definidos como fatores facilitadores.26 Os fatores decisivos foram políticos.
Entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 2000, capital e estado no mundo
os países centrais do sistema conceberam três formas sucessivas principais de sustentar a
acumulação até 2007-2008, embora a um ritmo cada vez mais lento. Conforme argumentado por Panitch e
Gindin, os estados devem 'ser colocados no centro da busca por uma explicação da formação do
capitalismo global'.27 A noção de 'império informal' captura o papel desempenhado pelos EUA como
hegemon do 'mundo ocidental' (Japão incluído) 28
a partir da década de 1940 na elaboração e implementação de políticas econômicas de alcance
global. Estes eram do próprio interesse dos EUA e dos
capital como um todo como interpretado por eles e raramente em disputa. No período que se seguiu
à recessão mundial de 1974-1976 e à crise internacional ainda mais
recessão em 1978-80, a primeira resposta foi a revolução neoconservadora planejada por Friedrich
Hayek e Milton Friedman e liderada por Margaret Thatcher e Ronald Reagan, que viu sua primeira
aplicação em grande escala com
o golpe militar chileno de 1973 e o sanguinário regime de Pinochet. Essa resposta envolveu desde o
início da década de 1980 passos contínuos em direção à
a liberalização, desregulamentação e globalização das finanças, comércio e IDE.
O NAFTA, o Consenso de Washington, o Tratado de Maastricht e o Tratado de
Marraquexe foram marcos importantes. A partir daí, foram estabelecidas as condições
para um aumento da taxa de mais-valia não como um desenvolvimento específico
determinados países, mas como um mundo global (embora necessariamente diferenciado) em todo o mundo.
processo. Foi permitido, em particular, pelo crescimento da produção e pelo aumento do número de
trabalhadores mal pagos e não protegidos nas áreas semicoloniais.
'países em desenvolvimento'. O segundo curso foi o apoio dado na década de 1990 à reintrodução
da produção capitalista na China, gerida com sucesso, por
o PCC e a sua incorporação no mercado mundial, coroada pela sua cooptação
26 Ver OCDE, 1992, p. 211, e recentemente com referência às cadeias globais de valor OCDE 2013, p. 8.
27 Panitch e Gindin 2012b, p. 2.
28 Panitch e Gindin não mencionam os limites do "império" na forma dos reveses políticos sofridos
pelos EUA fora de sua esfera natural de hegemonia, notadamente o fracasso de sua tentativa
de frustrar a revolução na China em 1948-9. É verdade que após a visita de Nixon à China em
1972, os EUA começaram a corrigir isso.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 29
na OMC em dezembro de 2001. O investimento direto na China foi um dos
respostas dadas pelos EUA em particular após a recessão de 1990-1992.
Em contraste com essas expressões indiscutíveis de força, o terceiro método
usado para sustentar a acumulação e prolongar sua duração marcou a vulnerabilidade do crescimento
dos EUA. Este foi o recurso à criação de crédito após a
Crise asiática de 1997–829 e crise russa de 1998, e ainda mais após a crise de 2001–2
Crise da Nasdaq, em tal escala que se poderia falar de um crescimento liderado pela dívida dos EUA
regime', que mais tarde se espalhou para vários países europeus. Bellofiore dá uma boa descrição
deste regime: 'deflação salarial, inflação de bens de capital e
as posições cada vez mais alavancadas das famílias e das sociedades financeiras foram elementos
complementares onde o crescimento real foi dopado por finanças tóxicas'.30
Permitiu a expansão dos setores automobilístico, habitacional e de construção e teve seu clímax
em 2003-6 na bolha imobiliária dos EUA. O excesso de construção de casas e o excesso de
capacidade na indústria da construção foram alimentados
por securitização suportada por dívida e níveis insustentáveis de alavancagem. Apesar da crise
financeira, continua a ser o regime de crescimento a que o capital financeiro aspira regressar.
1.1.2 A queda da taxa de lucro e o jogo da contrapartida
Fatores
Desafiar a monocausalidade não implica a rejeição da pesquisa que incide sobre a taxa de lucro e,
em particular, se, após cair no
anos 1970 e 80, recuperou-se nos anos 90. A tese de uma taxa de lucro decrescente foi contestada
por alguns, notadamente por Michel Husson com sua "tendência para o
aumento da taxa de lucro nos principais países capitalistas'.31 A maioria dos estudos mostra uma
recuperação temporária da taxa de lucro na década de 1990, seguida de uma nova queda.
29 Subjacente à crise cambial e do mercado de ações de 1997 e ao colapso da bolha imobiliária e
do mercado de ações alimentado por influxos de capital estrangeiro de curto prazo primeiro
na Tailândia, depois na Malásia, Cingapura, Indonésia e Filipinas e, posteriormente, na Coréia
e Taiwan , era a alta superprodução que existia em semicondutores e eletrônicos de consumo
em toda a região e na Coréia da mesma forma em carros, aço e petroquímicos. Ver inter alia
Hart-Landsberg et al. 2007, pág. 11.
30 Bellofiore 2014, p. 16.
31 Ver Husson 2008 para uma primeira apresentação, reiterada em artigo publicado no site da
A l'Encontre, 'Le marxisme n'est pas un dogmatisme', 2009. Isso provocou uma vigorosa
resposta de Harman 2009. A crítica mais completa em francês é de Gill 2010. Faz parte do
debate lançado pela afirmação de Alain Bihr que a crise mundial deveu-se principalmente a
um 'excesso de mais-valia'. O debate envolveu, a certa altura, Bihr, Louis Gill, Michel Husson
e eu. A maioria dos artigos pode ser encontrada em http://www.carre-rouge.org ou no site de
Lau sanne http://www.alencontre.com. Desde então, Husson traçou um plano diferente
Machine Translated by Google
30 capítulo 1 o cenário histórico da crise e seus traços originais 31

Um ponto inicial deve ser feito, a saber, que a própria discussão de Marx sobre a lei da tendência da taxa de 0,16
lucro a cair (LTRPF) inclui um lembrete claro 0,14
0,12
do fato de que "à medida que o modo de produção capitalista se desenvolve, também a taxa de Série1
0,1
lucro cai, enquanto a massa de lucro aumenta junto com a massa crescente de 0,08 Linha de tendência

capital aplicado'.32 Na literatura, pouca ênfase é colocada na massa de lucro. No entanto, agrava os 0,06

problemas colocados ao capitalismo pela queda da taxa de lucro. 0,04

0,02
A massa de lucros afastou-se do investimento produtivo e acumulou
0
sob a forma de capital fictício só é destruído no caso de uma crise de grande proporção deixada para seguir 1951
1954 1957 1960 1963 1966 1969 1972 1975 1978 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008

seu curso, questão a que retornarei mais tarde. A abundância de capital decorrente da enorme massa de

capital acumulada em mais da metade Figura 1.1 Taxa de Lucro Corporativo Não Financeiro (Depois de Impostos), EUA 1950–2008.
Fonte: Smith e Butovsky 2012.
um século faz parte da situação econômica atual tanto quanto a queda da taxa de lucro.

Quanto a este último, para realmente intervir no debate sobre a LTRPF,

deve-se ser capaz de produzir as próprias figuras. Como eu mesmo não sou capaz de fazer isso, farei
referência aos dados que considero mais convincentes.
Da leitura que fiz, observei os seguintes pontos. Primeiro, há
a capacidade de mostrar que os dados a partir dos quais a taxa de lucro é calculada realmente representam
proxies para as categorias marxistas. Andrew Kliman é o primeiro a ter
levantou claramente esse problema.33 Ele foi colocado novamente por Harvey no texto discutido acima. Em
segundo lugar, pode-se argumentar, junto com Fine e Harris, que Marx
estava lidando 'com uma 'tendência abstrata' ao invés de uma 'tendência empírica''.34
É este último que é importante, mesmo que possa ser visto como um simples "fato estilizado". Devido à
qualidade dos dados estatísticos dos EUA,
a maioria dos cálculos são feitos para esse país. Até que ponto essa desvantagem é compensada pela
posição dos EUA na economia mundial é uma questão de debate.
Os de Smith e Butovsky, menos citados que outros, aproximam-se do meu entendimento da dinâmica recente
de acumulação, luta de classes e
dominação imperialista contemporânea.
Apontando que o verdadeiro problema é "explicar por que essa queda [da taxa de lucro] não é maior ou mais
rápida", Marx escreve neste pequeno capítulo que "as influências contrárias devem estar em ação, verificando
e anulando o efeito
da lei geral e dando-lhe apenas a característica de uma tendência, razão pela qual descrevemos a queda da
taxa geral de lucro como uma tendência
queda'.35 A importância dos fatores de neutralização entre si e suas
A influência global sobre a taxa de lucro deve ser discutida historicamente. Na verdade, Marx começa o
Capítulo 14 mencionando "o enorme desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social apenas nos
últimos trinta anos" (ou seja, meados da década de 1850).
A característica permanente é que, uma vez que sentem que o lucro está caindo, capital e
Estado não permaneça passivo. A maneira como reagiram após a recessão mundial de 1974-1976, que foi
precedida e parcialmente preparada pela queda nos lucros, ilustra isso perfeitamente. A acumulação como
um processo que não tem “fim nem limites” e
as 'barreiras imanentes' contra as quais se depara recorrentemente criam um imperativo igualmente
recorrente para corporações e governos buscarem formas de superar
o último. São essas respostas que moldam o curso concreto real do desenvolvimento capitalista. Henryk

Grossman, a quem se atribui uma teoria do colapso capitalista simplesmente por causa do título de seu

livro,36 de fato dedica uma

longo capítulo para modificar contratendências, enfatizando que

curva em que há uma queda muito forte de 1965 a 1980, o que torna ainda mais espetacular a
recuperação da taxa de lucro. Veja Husson 2013, Figura 1.
32 Marx 1981, Vol. III, pág. 356.
33 'Os dados necessários para construir a taxa de lucro marxista com alguma precisão não são
acessível. O LTRPF de Marx pertence ao capital social total, que em nossos dias é o capital
da economia mundial como um todo. Mas dados confiáveis de rentabilidade para a economia mundial
não existe. Há também uma discrepância considerável entre a mais-valia definida pela
Marx e lucro como definido pelo Bureau of Economic Analysis” (Kliman 2012, p. 96).
34 Fine e Harris 1977.
35 Marx 1981, Vol. III, pág. 337. E mais adiante no capítulo: 'Estas últimas não anulam a lei, mas prejudicam
seu efeito. Caso contrário, não seria a queda da taxa geral de lucro, mas
antes sua relativa lentidão, que seria incompreensível. Assim, a lei atua apenas como uma tendência.
E é somente sob certas circunstâncias e somente após longos períodos que seus efeitos se tornam
notavelmente pronunciados” (Marx 1981, Vol. III, p. 346).
36 A origem disso está na leitura partidária de Sweezy (Sweezy 1944, p. 209ss.).
Machine Translated
32 by Google capítulo 1
[o] mecanismo capitalista não é algo deixado a si mesmo. Ele contém em si forças sociais
vivas: de um lado a classe trabalhadora, do outro a classe dos industriais. Este último está
fortemente interessado em preservar a ordem econômica existente e tenta, de todas as
maneiras concebíveis,
encontrar meios de 'impulsionar' a economia, de trazê-la de volta ao movimento
por meio da restauração da lucratividade.37
Grossman chama os seis fatores contrários listados por Marx de “contratendências”.
interno ao mecanismo do capital' em oposição ao que, escrevendo na era do imperialismo, ele chama
de 'restaurar a lucratividade através da dominação mundial'.38
Os seis fatores são: (1) o grau de exploração do trabalho; (2) a depressão dos salários abaixo do
valor da força de trabalho; (3) superpopulação relativa; (4) o barateamento dos elementos do capital
constante; (5) comércio exterior; e (6) o aumento do capital social. Os três primeiros aumentam a taxa
de exploração e a quantidade de mais-valia apropriada em relação ao capital investido. O barateamento
dos elementos do capital constante e do comércio exterior funcionam nos dois sentidos. Ambos apoiam
e compensam a tendência à queda da taxa de lucro, cada efeito ganhando vantagem de acordo com
as circunstâncias. O último fator diz respeito ao aumento do capital social: “À medida que a produção
capitalista avança e com ela a acumulação acelerada, uma parcela do capital é considerada
simplesmente como capital que rende juros e é investida como tal”.39
O significado que pode ser dado a isso hoje é discutido em capítulos posteriores. Aqui
a análise se concentra nos primeiros cinco fatores.
Desde a década de 1980, o primeiro e o terceiro fatores tenderam efetivamente a aumentar a taxa
de exploração nos países capitalistas avançados como em outros lugares. Mudanças tecnológicas
com fortes efeitos sobre a produtividade, mais-valia absoluta obtida pela intensificação da exploração
por práticas de gestão baseadas em TICs e superpopulação relativa na forma do “exército industrial
global de reserva” que surgiu através da liberalização do comércio e do investimento direto. esteve no
trabalho. Com a crise e o mais
formas recentes de produção global discutidas abaixo, o segundo fator, a
37 Grossman 1992 [1929]. Marx já havia apontado para isso: 'Os capitais investidos no comércio
exterior podem render uma taxa de lucro mais alta, porque, em primeiro lugar, há concorrência
com mercadorias produzidas em outros países com instalações de produção inferiores, de modo que
o país mais avançado vende seus bens acima de seu valor, embora mais barato do que
os países concorrentes” (Marx 1981, Vol. III, p. 345).
38 No entanto, em seu livro, 'a função econômica do imperialismo' se reduz de fato a
outros nas exportações.
39 Marx 1981, Vol. III, pág. 347.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 33
depressão dos salários abaixo do valor da força de trabalho, reapareceu em alguns países, mesmo
nas economias avançadas. Smith e Butovsky escrevem que no
base da experiência passada, isso pode ser 'efêmero',40 mas o histórico específico
O contexto de hoje e a dificuldade do capitalismo em superar suas barreiras imanentes fazem dele
uma característica permanente. Carchedi está certo ao argumentar que 'a visão
que o aumento da taxa de exploração não pode ser considerado uma contratendência porque dura
desde 1987 é baseado em um mal-entendido.
Uma contratendência não é definida e é independente de sua duração. Isto
persiste enquanto persistirem as condições para sua existência, neste caso a derrota da classe
trabalhadora dos EUA (e do mundo)'.41 No contexto de um mundo liberalizado
economia, na qual os efeitos do 'exército industrial global de reserva' são centrais, as relações globais
de poder entre capital e trabalho só poderiam ser alteradas por vitórias da classe trabalhadora em
países-chave, nos EUA, é claro, mas também na China.
No decorrer da década de 1990, a liberalização do comércio e do investimento direto e a duplicação
da força de trabalho mundial (veja abaixo) ativaram o terceiro fator listado por Marx. Eles abriram
oportunidades para as empresas transnacionais dos países industrializados
aumentar sua taxa de lucro tanto por meio de exportações, importações e de IDE
explorando a força de trabalho in situ e exercendo sua vantagem competitiva em relação ao capital
local pela presença direta em seu mercado doméstico. Marx já apontava para os efeitos das
importações. Quando 'commodities são compradas no exterior e enviadas para casa (não apenas) a
taxa de lucro é mais alta porque geralmente é mais alta no país colonial, condições naturais favoráveis
podem permitir que ela ande de mãos dadas com preços mais baixos de commodities'.42 Importações
dos EUA da China
e no sul e sudeste da Ásia de "bens de salário" manufaturados baratos que entram no custo da
reprodução da força de trabalho pode-se supor que tenham tido um efeito sobre o movimento da taxa
de lucro dos EUA. Para os países capitalistas centrais, isso pode ser estendido aos fluxos de lucro do
IDE.43
A direção da composição orgânica do capital depende
o preço relativo dos componentes do capital constante, que por sua vez depende de mudanças na
tecnologia e na gestão da produção e logística. Gordon traçou uma queda regular de longo prazo no
preço dos bens de investimento.44 No entanto, a magnitude da mudança entre constante e variável
40 Smith e Butovsky 2012, p. 47.
41 Carchedi 2011, p. 127.
42 Marx 1981, Vol. III, pág. 346.
43 Isso é discutido por Norfield em sua revisão de Kliman (Norfield 2012). Veja sua nota em 13 de
março de 2012. http://www.economicsofimperialism.blogspot.fr/2012/03/number-of-beast
.html.
44 Gordon 2012.
Machine Translated
34
by Google capítulo 1
capital devido aos impactos da tecnologia da informação na economia de mão-de-obra sugere que
hoje a queda no custo das 'máquinas' (amplamente definidas), por mais importante que seja, não será
um fator que compense a queda da taxa de lucro no próximo período45.
Deve também ser dada atenção às matérias-primas e à energia, nomeadamente a componente 'não
fixa' ou circulante do capital constante, que por vezes passa despercebida. Pode-se supor que o
aumento da escassez e o aumento dos preços
tendem a acentuar a queda da taxa de lucro, exceto para países com
doações específicas. Laurent Baronian, em comentário ao Capítulo 6 do Volume III, aponta que Marx
só discute determinadas matérias-primas agrícolas
componentes do capital constante circulante (algodão e lã) e só vislumbra sua elevação de preço
como um fenômeno temporário e passageiro.46 O inverso é
verdade hoje. A tendência subjacente (apesar da sua recente queda significativa) na
o aumento do preço da energia, de muitos minerais e outras matérias-primas para a produção – em
que a enorme demanda da China tem atuado apenas como acelerador de um processo de muito mais
longo prazo – pode ser visto como uma influência de longo prazo atuando no LTFRP . Dadas as
dotações de recursos e as condições políticas podem permitir que um país aumente sua competitividade
e reduza a dependência externa, como é o caso da exploração massiva de gás de xisto pelos EUA.47
As Figuras 1.2 e 1.3 mostram uma recuperação parcial da taxa de lucro durante a primeira metade
da década de 1990 e novamente de 2002 a 2005. Dado tudo o que acaba de ser dito sobre o vigoroso
recurso do capital a vários fatores de compensação-chave, teria sido estranho se não tivesse
recuperado durante o primeiro período. O segundo
45 Carchedi e Roberts estão muito confiantes, mais do que a maioria em qualquer caso, em sua
capacidade de calcular a ascensão e queda da composição orgânica do capital: 'a taxa de lucro
nas economias do G7 caiu mais de 21 por cento entre 1950 e 2014 como o composição orgânica
do capital aumentou mais de 60%, muito mais rápido do que o aumento da taxa de mais-valia em 11%.
No período neoliberal de 1982 a 2002, a taxa de lucro subiu cerca de 30%, enquanto a
composição orgânica diminuiu 5% e a taxa de mais-valia subiu 22%. No atual período de
“depressão”, a taxa de lucro caiu 20% com a composição orgânica do capital subindo 41%, bem
antes do aumento da taxa de mais-valia em 7%'.
46 Baronian 2013, p. 190. Uma das passagens relevantes de Marx encontra-se no capítulo sobre
flutuações de preços no Volume III de O capital: 'o desenvolvimento da produção capitalista e,
consequentemente, quanto maiores forem os meios para aumentar repentina e permanentemente
aquela parcela do capital constante que consiste em maquinaria etc., e quanto mais rápida a
acumulação (particularmente em tempos de prosperidade), tanto maior a superprodução relativa de
maquinaria e outros capitais fixos, tanto mais frequente a subprodução relativa
de matérias-primas vegetais e animais, e tanto mais pronunciada a subida dos seus preços
anteriormente descrita e a reacção concomitante. E muito mais freqüentes são
as convulsões causadas como são pelas violentas flutuações de preços de um dos principais
elementos do processo de reprodução” (Marx 1981, Vol. III, p. 214).
47 Este ponto é feito por Geier 2012.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 35
recuperação de curta duração se deve a um fator externo ao funcionamento do LTFRP,
nomeadamente o aumento artificial dos lucros através da expansão acentuada da
crédito nas condições discutidas posteriormente no livro.48 Duménil e Lévy identificam recuperação
em ambos os momentos.49 Em seus cálculos, a taxa de lucro cai então
acentuadamente em 2005 como em Smith e Butovsky. À luz disso, sua afirmação de que 'a crise do
neoliberalismo, assim como a Grande Depressão, não pode ser interpretada como uma 'crise de
lucratividade'',50 é ainda mais bizarra.
2 Uma crise que não foi autorizada a seguir seu curso
As crises expressam as contradições da produção capitalista e, no caso da
grandes crises, seus limites históricos, mas também têm a função catártica de
abrindo caminho para novas acumulações. O vigor da verdadeira recuperação cíclica
e a expansão renovada da acumulação depende da escala em que
a destruição de capital e commodities ocorreu na crise e se o baralho está limpo para novos
investimentos.51 Durante parte de sua história,
capitalismo tinha força e espaço de expansão suficientes para garantir que eles
desempenhou esse papel. No caso da Grande Depressão, a abertura do caminho
foi em grande parte complementada pela enorme destruição provocada pela Segunda
Guerra Mundial. A configuração atual é bem diferente. A classe trabalhadora sofreu grandes derrotas,
datas que podem ser colocadas no Reino Unido e nos EUA, seguindo a progressão do thatcherismo
e do reaganismo, mas em outros países do
Processos semelhantes na Europa têm sido mais longos, mais prolongados e menos conclusivos.
Mas agora os trabalhadores estão sofrendo ataques cruéis em todo o mundo, uma região é o sul da
Europa desde 2010. No entanto, a burguesia mundial avaliou a configuração combinada das relações
internas e políticas como excluindo que a crise seja deixada para destruir o capital fictício e produtivo
no forma que ocorreu na década de 1930. A velocidade e a escala da intervenção governamental em
2008 pelos EUA e pelos principais países europeus em apoio
do sistema financeiro, e também, mais temporariamente e em menor grau, de
indústria automobilística, deve ser considerada como expressando a pressão direta dos bancos em
defesa do capital fictício e a dos EUA e da Europa
48 Consulte o Capítulo 7.
49 Duménil e Lévy 2012, figura 4.1 e seu comentário, pp. 58–9.
50 Isso se relacionava com a afirmação de que 'se uma explicação exagerada [da crise] deve ser
buscada, ela está nos objetivos do neoliberalismo, nas ferramentas usadas em sua busca e na
contradições inerentes a esses objetivos e métodos” (Duménil e Lévy 2012, p. 34).
51 Kliman 2012, pp. 3 e 77.
Machine Translated by Google
36 capítulo 1 o cenário histórico da crise e seus traços originais 37

montadoras para proteger sua posição contra concorrentes asiáticos. Mas também significa cautela política
400 250
considerável, tanto nacional quanto internacionalmente. A burguesia mundial liderada pelos EUA achava que
350
200
não podia arriscar uma crise mundial da magnitude da década de 1930. A intervenção do governo dos EUA tem 300
trilhões
$

sido bem 250 150

Mundial
PIB
%

documentado.52 Central para essa intervenção tem sido o Fed, que recorreu a medidas sem precedentes, como 200
100
a compra de ativos tóxicos dos grandes bancos dos EUA.53 Mas 150
100
mais amplamente, todos os governos e elites governantes que se reuniram durante as primeiras conferências do 50
50
G20 compartilharam a visão de que não podiam arcar com as consequências políticas de uma eliminação em 0
0
grande escala da superacumulação. Isso foi particularmente verdadeiro para a China, onde a elite burocrática e 1990 1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
capitalista ainda tem um medo genuíno do proletariado. O que deve ser brevemente discutido neste momento

são as consequências em termos da 'não limpeza dos conveses' para uma nova decolagem Figura 1.2 Crescimento dos Ativos Financeiros Globais e PIB Mundial (1990–2010).
Ativos Financeiros Globais do Eixo Esquerdo como % do PIB Mundial, valor do Eixo Direito em 2011
taxas de câmbio e em US$ trilhões.
de acumulação a longo prazo. Fonte: McKinsey Global Institute 2012.

2.1 Uma montanha de capital fictício ao lado de superacumulação e

Superprodução

O sucesso com que o capitalismo empurrou suas barreiras imanentes ao longo de várias décadas, a escala de de activos: títulos de capital, títulos de dívida privada, títulos de dívida pública e depósitos. Derivados não estão
criação de dívidas a que recorreu depois de 2001 e as políticas promulgadas em 2008-9 e depois para conter a incluídos. Mesmo que as estimativas tenham apenas o status de proxy, uma vez que a avaliação de mercado é

crise ajudam a explicar a a base de seu cálculo, elas são impressionantes. Por razões discutidas nos capítulos 2 e 7, eles cresceram a

acumulação massiva de capital fictício na forma de reivindicações sobre valor e mais-valia, envolvendo-se em uma taxa de crescimento médio anual composto de 9% de 1990 a 2007 com um

inúmeras operações especulativas, ao lado de um

estado de superacumulação global de capacidades de produção e superprodução de uma ampla gama de forte aceleração em 2006 e 2007 (+18%). Naquele ano, a proporção de ativos financeiros em relação ao PIB

indústrias. Enormes quantias nominais de capital fictício e remunerado, em todas as suas formas, pairam sobre mundial subiu para 359%.54

a situação econômica mundial. O período de vinte anos de crescimento exponencial dos ativos financeiros começando

Eles são objeto de negociações incessantes nos mercados financeiros globalizados e em meados da década de 1990 foi interrompida pela crise financeira de 2007-8. Em seu relatório de 2013, o

estão alojados em conglomerados financeiros muito poderosos que possuem a capacidade de ditar suas políticas McKinsey Global Institute expressa sua preocupação de que 'embora

aos governos por meio de uma variedade de canais econômicos e instituições políticas. Sua magnitude e seu ativos financeiros globais ultrapassaram seus totais pré-crise, o crescimento atingiu um

ritmo de crescimento em relação ao PIB mundial são mostrados na figura 1.2. Baseia-se em uma das estimativas platô. Seu crescimento anual desacelerou para anêmicos 1,9% desde a crise'.55 Os autores estão preocupados

mais confiáveis de ativos financeiros globais, publicada regularmente pelo McKinsey Global Institute. A curva que seus indicadores de globalização financeira (fluxos internacionais de empréstimos, detenções transfronteiriças

expressa o crescimento de quatro categorias de títulos e ações, investimento estrangeiro direto) revelem um certo grau de 'recuo da globalização'.

No entanto, é o grau de resiliência da acumulação de capital fictício e a força das instituições internacionais e

nacionais sobre as quais está

52 Duménil e Lévy, em particular, fornecem um relato muito detalhado do período de agosto
fundados, que precisam ser explicados, mesmo que tenham ocorrido mudanças na configuração dos fluxos de
2007 ao primeiro trimestre de 2009 (Duménil e Lévy 2012, Capítulos 17 e 18).
capitais e na força relativa dos diferentes bancos e sistemas bancários nacionais. Como porcentagem do PIB
53 Marx, em meados do século XIX, havia considerado essa possibilidade e
mundial, as finanças globais
inaplicável: 'É claro que todo este sistema artificial de expansão forçada do processo de reprodução não
pode ser curado agora permitindo que um banco, por exemplo, o Banco de
Inglaterra, dê a todos os vigaristas o capital que lhes falta em papel-moeda e compre todas as 54 McKinsey Global Institute 2009, pp. 8–9.
mercadorias depreciadas pelos seus antigos valores nominais” (Marx 1981, Vol. III, p. 621). 55 McKinsey Global Institute 2013.
Machine Translated by Google
38 capítulo 1
ativos continuaram a aumentar. A queda da capitalização bolsista foi compensada por
buscou a expansão das economias em desenvolvimento antes de estagnar em 2014–15, mas
também por um aumento na dívida do governo estimada pelo McKinsey Global Institute em US$
4,4 trilhões.56
2.2 Superacumulação e superprodução global com a China como um
Local Central
A superacumulação e a superprodução em nível global podem se desenvolver ao lado de taxas
decrescentes de investimento produtivo em determinados países, mesmo os maiores, como foi o
caso dos Estados Unidos no final dos anos 1990 e 2000. O único
status monetário internacional do dólar, bem como enormes
dívida do setor financeiro, fez dos EUA tanto 'consumidor de último recurso' quanto receptor de
reservas do banco central e tesouros privados (fundos soberanos do Golfo) em busca de um
investimento seguro. Nos países industrializados, a superacumulação e a superprodução estão
em grande parte localizadas em indústrias específicas, notadamente a de automóveis e setores
como habitação e construção. Essas indústrias e
setores foram os pilares da acumulação e, no caso da habitação e da construção, foram a base
da bolha financeira de 2003-2008. Ivanova argumentou com razão que há uma estreita
complementaridade entre a superacumulação de capacidade e o 'excedente' (por exemplo, capital
não reinvestido) nos centros industriais da periferia, principalmente a China, e a superprodução
de habitação nos EUA. Para compensar os efeitos macroeconômicos domésticos de um offshoring
em grande escala da produção das transnacionais norte-americanas, com suas consequências
sobre o emprego doméstico,58 o setor imobiliário, habitacional e de construção (definido em
termos amplos) tornou-se o vetor de acumulação interna com a engenharia de títulos fictícios para
apoiar o processo.
A tendência à superacumulação e superprodução já era
trabalhando na China muito antes da recessão mundial de 2009. Sob Deng Xiaoping, de 1978-9
em diante, com uma aceleração após a 'Turnê Sul' de Deng em 1992, a China abraçou
progressivamente o modelo de crescimento liderado pelas exportações, apesar das características
geoeconômicas e demográficas muito diferentes das do Sul.
Coréia ou Taiwan: uma economia continental e a maior população do mundo.
Essa escolha foi consequência das relações de produção e distribuição específicas do sistema
econômico e social oligárquico de partido único da China.
e o lugar dado ao investimento estrangeiro orientado para a exportação, notadamente por
corporações industriais e comerciais japonesas e norte-americanas em bens manufaturados. Isso é
56 McKinsey Global Institute 2011.
57 Ivanova 2011.
58 Ver , entre outros, Scott 2007.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 39
estimou que, se o Wal-Mart fosse um país, seria o sétimo maior parceiro comercial da China,
fornecendo mais de US$ 18 bilhões em mercadorias do
Setor manufatureiro chinês.59 De maneira mais geral, em um comércio global liberalizado
sistema, a superacumulação pode ser temporariamente compensada e mascarada pelas
exportações, já que a capacidade de produção é destruída pela competição em outras partes da
economia mundial. No caso dos têxteis, por exemplo, a viragem muito acentuada da China para o
mercado mundial, aliada ao desmantelamento total em 2005 do
O Acordo Multifibras (MFA) na OMC, impactou seriamente a indústria em ambas as margens do
Mediterrâneo. Contraditoriamente, o que Ho-Fung Hun
nomeia 'o milagre da superacumulação prolongada na China', que 'pelo menos até 2013 [estava]
em sua capacidade de exportar excesso de capacidade', expressa uma dependência crítica da
demanda mundial.60
Nos "velhos" países industrializados, a crise econômica exerceu sua função clássica, destruiu
a capacidade industrial, criou alto desemprego e
aumento da precarização do trabalho. Isso ocorreu primeiro nos Estados Unidos e em outros
países da OCDE no final de 2008 e 2009 e depois novamente em muitos países da UE.
países a partir de 2011. Na Europa, o fechamento de fábricas e a reestruturação intensiva
continuam. Isso não tem sido verdade para os países emergentes, particularmente a China. De
fato, desde 2008, a destruição dos meios de produção nos EUA e na Europa foi compensada pela
busca da criação de capacidade chinesa.
A China estabeleceu o piso para a recessão mundial em 2008–9. Através de investimentos muito
elevados, impediu que a 'Grande Recessão' dos EUA conduzisse à depressão global, em
particular garantindo um mercado para grandes produtores de produtos primários em
América do Sul e, portanto, isolando-os em grande parte do contágio. Nesse caminho
foi colocado um freio na acentuada trajetória descendente do comércio mundial. Apesar de
algumas evidências sobre a queda da taxa de lucro,61 o investimento continuou a
crescer rapidamente enquanto o consumo das famílias permaneceu quase inalterado.
Existem razões sistêmicas para a alta taxa de investimento. As elites comunistas e capitalistas
entrincheiradas nas grandes cidades e províncias estão engajadas em
profunda competição entre si, cujo resultado tem sido a multiplicação do investimento em
fábrica.62 Por outro lado, os trabalhadores têm negado o direito de construir seus próprios
sindicatos independentes desde a concessão desse direito pelo Partido Comunista Chinês (PCC)
abriria a porta
para a construção de organizações políticas independentes. Um número crescente
59 Dados publicados pelo China Labor Watch. Veja também , entre outros, o Guardian, http://www
.guardian.co.uk/business/2010/jan/12/walmart-companies-to-shape-the-decade.
60 Ho-Fung Hun 2012, p. 222.
61 Ver (em francês) Gaulard 2009 e 2014, e (em inglês) Ho-Fung Hun 2012.
62 Aglietta já levantou esse ponto no início (Aglietta e Berrebi 2007).
Machine Translated
40
by Google capítulo 1
dos trabalhadores agora organizam ações industriais locais de diferentes tipos, incluindo
greves, mas a classe trabalhadora não existe como uma força capaz de alterar o
padrão geral de distribuição de renda. O PCC está comprometido com o crescimento, mas
desde 2001, e novamente de forma espetacular em 2009, isso se baseou fortemente na formação bruta
de capital, que inclui investimento em infraestrutura e
construção. A contribuição do consumo privado para o crescimento do PIB tem permanecido baixa e
tem sido acompanhada por uma crescente desigualdade de renda
distribuição.
Desde 2013-14, o governo chinês reconhece que o excesso de acumulação industrial é um
problema real. Estimativas razoavelmente confiáveis de sobrecapacidade existem apenas para um
número muito pequeno de indústrias. O aço é um deles. Um estudo recente
coloca o excesso de capacidade global em 500 milhões de toneladas.63 Os países incluem China,
Japão, Rússia, Coréia do Sul, Índia e as siderúrgicas da UE. O excesso de capacidade da China
por si só representa a totalidade da produção potencial da UE.64 Aço, cimento e
vidro são citados pelo chefe do PCC, Li Keqiang, como indústrias em excesso de capacidade absoluta.
Outros relatórios chineses se concentram no que chamam de 'excesso de capacidade em relação à
demanda externa'. Um estudo feito por empresas industriais em Hunan lista sem surpresa têxteis,
roupas e sapatos. Prevê barreiras protecionistas para produtos mais sofisticados, como moinhos de
vento e equipamentos fotovoltaicos.65
A China é suficientemente dependente das exportações para sentir as mudanças na demanda mundial.
À medida que isso começou a vacilar após a recuperação de 2010-12, as enormes economias
acumuladas de empresas e indivíduos se voltaram para a habitação. Isso fomentou a formação de um
boom imobiliário sustentado pela corrupção política e
crescimento de uma forma idiossincrática de shadow banking. O boom não durou muito e a bolha
financeira foi suficientemente pequena para o mercado de ações de meados de 2015
e colapso financeiro sejam contidos. Há um consenso crescente apoiado por
Dados do FMI de que a era do rápido crescimento acabou,66 que a desalavancagem no setor imobiliário
setor levará muito tempo, e que o PCC será confrontado com os problemas políticos e sociais
postergados durante o período de altas taxas de crescimento.
63 'As crescentes importações de aço colocam em risco meio milhão de empregos nos EUA', Instituto de Política Econômica
Documento Informativo, nº. 376, 14 de maio de 2014.
64 http://www.ibtimes.com/china-steel-overcapacity-reaching-new-heights-beyond imagination-1558026.
65 'Têxtil e Vestuário: sobrecapacidade de demanda externa tradicional na indústria, o desenvolvimento
de contramedidas', 2012, <http://www.fyjhx.cn/en_US/news/html/18.html>.
Este estudo também é interessante porque detalha as respectivas responsabilidades dos
e autoridades locais.
66 FMI 2015b.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 41
2.3 A globalização da força de trabalho, a pedra angular do capital
Força
Nos países industrializados, apesar do beco sem saída do modelo de crescimento liderado pela dívida,
nenhum substituto foi realmente previsto, muito menos colocado em seu lugar. Desde meados de 2011,
o processo de destruição de capacidade foi novamente lançado na maior parte da Europa. Aqui, altos
níveis de desemprego e grande precarização do emprego refletem simultaneamente: superacumulação
doméstica; o pró-cíclico
políticas imediatamente ditadas por capitalistas rentistas endividados – e o
migração de corporações industriais para continentes onde os mercados ainda têm potencial para
crescer, onde a mão de obra é mais barata e em grande parte desprotegida pela legislação trabalhista
e a legislação antipoluição é menos rigorosa ou inexistente. Nos E.U.A,
novo investimento permaneceu muito baixo. As estimativas de horizontes de tempo para o
desalavancagem do endividamento das famílias e redução da dívida pública federal e outras
dívida para os níveis anteriores a 2008 se estendem até 2018, se não mais. Hoje, pede-se à China que
impulsione a economia mundial expandindo seriamente seu mercado interno, mas até que os direitos
políticos sejam reconhecidos, notadamente o de estabelecer sindicatos independentes, isso só pode
ocorrer através do enriquecimento da nova classe média. Por mais importante que seja, seu consumo
não pode fundar as condições do crescimento mundial.67 Assim, os problemas do capitalismo
permanecem sem solução. Mas também os da classe trabalhadora e dos explorados. Os trabalhadores
não conseguiram parar
capital e os governos de fazer o peso da crise económica e financeira recair sobre o trabalho e sobre
as pessoas mais vulneráveis da sociedade, não só em todos
os países incluídos sob o nome de países emergentes e em desenvolvimento,
mas também aqueles nos antigos centros do sistema mundial.
A explicação mais importante é a seguinte. A maior conquista do capital nos últimos 40 anos foi a
criação de uma 'força de trabalho global', através da liberalização das finanças, do comércio e do
investimento direto e da incorporação da China e da Índia no mercado mundial. Isto é muitas vezes
referido como a “grande duplicação da mão-de-obra global”,68 mas pode ser mais apropriadamente
descrito como o potencial exército industrial global de reserva. A sua existência define
condições para o aumento da taxa de exploração e a configuração do
o exército industrial de reserva em cada economia nacional. O advento da “estrutura
desemprego», de uma situação de recusa de emprego às gerações mais jovens e de generalização de
contratos de trabalho curtos ou muito curtos,
pede a reapropriação e atualização da análise proposta por Marx de
67 'Consumidores da China: Doughty but not superhuman', The Economist, 24 de setembro de 2015.
68 Freeman 2008 estima um aumento no tamanho do 'grupo global de mão de obra' de aproximadamente
1,46 bilhão para 2,93 bilhões de trabalhadores usando a expressão muito mais clara 'duplicação
efetiva da força de trabalho agora conectada do mundo'
Machine Translated
42 by Google capítulo 1
os diferentes estratos do exército industrial de reserva. Esses estratos variam consideravelmente em
diferentes países devido à demografia, ao momento e às condições de acumulação e à relação com
o mercado mundial. Harry Braverman procurou analisar o exército industrial de reserva nos EUA no
início da década de 1970 e identificar seus três estratos clássicos.69 Essa noção precisa ser
plenamente utilizada pela pesquisa marxista hoje.70
O capital pode colocar trabalhadores uns contra os outros entre e também dentro dos países.
Nesse contexto, as tecnologias de informação e comunicação têm sido vetores de aumento contínuo
da taxa de exploração. No avançado
países industrializados, em várias indústrias e setores, o emprego permanente mudou para empregos
precários por meio da terceirização, uso prolongado
de agências de emprego para fornecer funcionários com contratos de 'curto prazo' e o
classificação dos trabalhadores como 'empreiteiros independentes' ou 'auto-empreendedores'
com os empregados passando de uma situação assalariada para uma contratual
prestação de serviços.71 Consequentemente, nos países europeus, onde os remanescentes
de legislação trabalhista anterior existe, sua revogação está no topo da lista das 'reformas'
exigido pelo capital.
As imensas oportunidades gerenciais criadas pelas TICs, em particular para
grandes corporações transnacionais – desde organização de rede global
e outsourcing internacional e nacional, aos novos métodos de vigilância do trabalho nos locais de
produção ou à gestão da produção na sua contemporaneidade
formas – permitiram a transferência de uma gama crescente de indústrias manufatureiras para países
de baixos salários. Mercadorias que satisfazem os requisitos de
tempo de trabalho necessário necessário para a produção e comercialização no mundo
mercado são produzidos em países onde o tempo de trabalho necessário (o tempo de trabalho
necessário para a reprodução da capacidade de trabalho do trabalhador e, eventualmente, a
reprodução de sua casa)72 é mantido muito baixo. A condição de milhões de trabalhadores pode,
assim, ser definida como a de 'superexploração'.73
69 Braverman 1974, pp. 382-388.
70 Smith 2010 e 2011 começa a fazer isso. No entanto, sua análise de 'superpopulação relativa'
situa-se no quadro teórico de 'uma nova etapa da globalização do capital/
relação de trabalho em que prevalece o dualismo de nações opressoras e oprimidas e a
realocação da produção e apropriação de mais-valia é vista como a forma dominante pela qual
o capital nas nações opressoras compensa a queda nos lucros. Ele ainda fala de 'uma terceira forma
de mais-valia». Volto a isso no Capítulo 6.
71 Uma referência importante é Huws 2014.
72 Na Foxconn e em outras fábricas, a esmagadora maioria dos trabalhadores é solteira e vive
em dormitórios.
73 Ver Smith 2011, que corretamente argumenta a necessidade de fundamentar a análise do
capitalismo global na teoria do valor, mas propõe uma teoria muito simplista de 'superexploração'.
Volto a isso no Capítulo 6.
o cenário histórico da crise e seus traços originais 43
Isso ocorre na configuração de relações claramente imperialistas (México, Bangladesh), mas também
nas condições políticas próprias dos países que
derrubaram a dominação imperialista, mas foram reintegrados ao capitalismo mundial, como no caso
da China. A China não sofre dominação nacional, deixe
única opressão nacional. Mas coloca sua enorme força de trabalho à disposição de empresas
estrangeiras e domésticas em uma configuração diferente da
“imperialismo clássico”.
O exército de reserva industrial disponível para o capital doméstico pode ser
aumentado pela imigração. O recurso a esse método tomou a forma de grandes ondas, como no final
do século XIX, ou na década de 1920 após a Primeira Guerra Mundial, e de demandas direcionadas
para diferentes tipos de trabalhadores em diferentes momentos por países específicos (EUA e Canadá;
muitos países
na Europa Ocidental, notadamente na Alemanha).74 Em um contexto histórico de guerra como no
Oriente Próximo, de crescente desigualdade econômica e de mudança climática, avançou
países vêem a migração como uma ameaça, mas para o capital nos países mencionados
convocar o exército industrial global de reserva por meio da imigração direcionada ainda é tópico.
As escolhas políticas feitas em 2008 e 2009 pelos países do G20 lançaram as bases do regime de
crescimento muito lento que se instalou durante os anos 2000, agora consolidado pela queda da taxa
de crescimento da China desde 2015. Quando uma taxa de lucro
insuficiente para que uma nova acumulação ocorra é acompanhada pelas formas organizacionais de
exploração do trabalhador discutidas abaixo no Capítulo 6, isso leva necessariamente à 'acumulação
forçada' de lucros. Esta é uma das fontes de
acumulação financeira. Mas outros fatores importantes e mecanismos institucionais devem ser
levados em conta. No próximo capítulo, começamos a examinar a acumulação financeira em uma
perspectiva histórica.
74 Em Chesnais 2004, usei a teoria do exército industrial de reserva em relação ao
questões relacionadas com a imigração em França.
Machine Translated by Google
Capítulo 2
Liberalização Financeira e Globalização a partir do
1960 em diante e o retorno das crises financeiras
A noção de acumulação financeira distinta da 'acumulação real, ou seja, a expansão do processo
de reprodução'1 será discutida ao longo
com outras noções-chave no Capítulo 3. Aqui começamos a examinar seu crescimento. É
indissociável da liberalização financeira e da globalização. Durante um período de
Há 50 anos, os mercados financeiros de diferentes partes do mundo foram integrados passo a
passo em um único espaço altamente hierarquizado que permite a implantação e redistribuição
constante de capital remunerado através das fronteiras nacionais sem, ou com o mínimo possível,
restrições. Hoje, restrições parciais aos fluxos financeiros ainda são aplicadas com cada vez
menos sucesso por
China e há uma forte pressão para levantá-los. Este capítulo aborda o processo de acumulação
financeira desde seu início em meados da década de 1960 até o ponto em que a curva de
crescimento dos ativos financeiros se acelera na década de 1990 (figuras 1.4 e 1.5 acima). O
crash de 1929 em Wall Street, a devastadora crise bancária da década de 1930 e a Segunda
Guerra Mundial levaram à destruição em grande escala não apenas do capital produtivo, mas
também do capital fictício. Com a notável exceção da Suíça, é claro, o capital financeiro enquanto
finanças quase desapareceu de cena em vários países. Em outros, teve que ficar em segundo
plano, esperando o momento de voltar. Até mesmo o poder dos grandes bancos diminuiu,
enquanto os direitos dos acionistas americanos sobre valor e superávit caíram significativamente.
Os gerentes industriais estavam no banco do motorista.
Conforme estabelecido por Helleiner, longe de resistir à tendência endógena de
mercados financeiros para se integrarem além-fronteiras, os governos desempenharam um papel
decisivo, a partir de meados da década de 1960 com um salto na virada da década de 1980, na
adoção de medidas que desmantelaram os controles sobre os movimentos de capitais.
a reacumulação de capital remunerado não poderia ter ocorrido sem a eliminação dos controles
e obstáculos legais aos fluxos financeiros estabelecidos em
alguns casos na década de 1930 e na maioria dos países no imediato pós-Segunda
Guerra Mundial. Mas a acumulação de capital que rende juros foi, naturalmente, também o
resultado de processos econômicos muito poderosos e de mecanismos políticos e institucionais.
Os mercados financeiros foram inicialmente alimentados com mais-valia
1 Marx 1981, Vol. III, pág. 493.
2 Helleiner 1996.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 45
sob a forma de lucros não reinvestidos e, posteriormente, de juros sobre a dívida pública em
países do Terceiro e do Primeiro Mundo, ao mesmo tempo que beneficiam do
fluxo regular de poupança dos trabalhadores criado por sistemas de aposentadoria baseados no mercado.
1 Lucros industriais e o mercado do eurodólar no ressurgimento do
Capital com Juros Concentrado
Um foco nas corporações e mercados financeiros traz o risco de empurrar o capital industrial
produtivo de valor e mais-valia para o fundo do palco. No entanto, como será discutido ao longo
deste livro, as corporações industriais fornecem um dos principais fundamentos do poder do capital
financeiro. Eles estavam particularmente na vanguarda de sua restauração pós-guerra. Até o início
da década de 1990, foram os agentes mais ativos da internacionalização do capital.
Embora a liberalização e a globalização dos fluxos financeiros tenham ocorrido muito
mais rápidas do que as do comércio e do investimento direto, as corporações industriais fizeram
parte desse processo, em alguns momentos de forma importante. Em 1945, os Estados Unidos
Estados Unidos e Suíça (possivelmente a Suécia também pode ser incluída) foram os únicos
países capitalistas avançados saíssem da Segunda Guerra Mundial com uma base industrial ilesa
e de fato reforçada, embora em circunstâncias políticas muito diferentes e com uma diferença
considerável na rapidez de seus efeitos sobre a economia internacional. Terminada a fase de
reconversão à produção civil nos Estados Unidos e mesmo após o relançamento
de gastos militares maciços para a Guerra da Coréia, as corporações norte-americanas foram
confrontadas com problemas de demanda interna insuficiente. se eles evitassem
rivalidade oligopolista doméstica levando a guerras de preços, eles tiveram que se voltar para o
mercado mundial. As barreiras comerciais tornaram as exportações difíceis, se não impossíveis.
A partir do início da década de 1960, o investimento estrangeiro direto na Europa e na América Latina
se impôs às corporações estadunidenses como a solução, mesmo que até a liberalização e
desregulamentação dos anos 1980, isso significasse negociar com os anfitriões europeus
governos dos países e tolerando os sindicatos.
Confrontadas com as regulamentações internas sobre a repatriação de lucros, as multinacionais americanas
confiaram suas reservas corporativas a bancos da cidade. Eles foram peças-chave para o
ressurgimento em Londres de um mercado internacional de empréstimos. Deve-se atentar para
essa fonte de acumulação financeira. Sempre que o capital não
reinvestidos na produção porque as empresas consideram a taxa de lucro industrial como
sendo muito baixa ou a demanda final insuficiente para justificar novos investimentos, uma parte
do lucro é acumulada e acaba alimentando a acumulação financeira. Londres também oferecia
vantagens especiais aos bancos estrangeiros, notadamente os norte-americanos. rentista britânico
capital foi forçado a fazer contribuições para pagar a dívida com os EUA
Machine Translated by Google
46 Capítulo 2
contratados sob os acordos de empréstimo-arrendamento. A cidade sofreu os efeitos dos controles
sobre os fluxos de capitais e das recorrentes crises da libra
libras esterlinas. Apesar de tudo isso, Londres manteve parte de sua posição anterior.
A importância adquirida pela Cidade, a partir da segunda metade do séc.
século em diante, nas áreas de investimento estrangeiro e transações de intermediação financeira
global, foi um traço específico na configuração do capital financeiro britânico. As oportunidades
derivadas da globalização financeira foram
uma parte fundamental da visão de normalidade da burguesia britânica. Lembre-se do que Keynes
escreveu em 1920:
O habitante de Londres poderia encomendar por telefone, tomando seu chá matinal na cama,
os vários produtos de toda a terra, na quantidade que lhe aprouvesse, e razoavelmente
esperar que eles entregassem cedo à sua porta; ele poderia ao mesmo tempo e pelos mesmos
meios aventurar sua riqueza nos recursos naturais e novos empreendimentos de qualquer
bairro
do mundo, e compartilhar, sem esforço ou mesmo dificuldade, em seus frutos e vantagens
prospectivos; ou ele poderia. . . prosseguir para o estrangeiro
quartos, sem conhecimento de sua religião, língua ou costumes, trazendo riqueza cunhada
sobre sua pessoa, e se consideraria grandemente
magoado e muito surpreso com a menor interferência. Mas, o mais importante de tudo, ele
considerava esse estado de coisas normal, certo e permanente, exceto na direção de
melhorias adicionais e qualquer desvio.
dele como aberrante, escandaloso e evitável.3
Entre as instituições financeiras que Londres havia preservado com sucesso estava
o mercado privado de ouro, que será mencionado novamente abaixo ao discutir
o fim do acordo de Bretton Woods. A experiência financeira acumulada da cidade também explica
por que foi em Londres que as primeiras fases do
ocorreu a reacumulação do capital monetário, primeiro entre 1965 e 1973, e
depois, em grande escala, a partir de 1976. A política interna dos EUA contribuiu
para isso. Como será discutido novamente no Capítulo 7, por várias décadas após 1945, os bancos
americanos enfrentaram inúmeras restrições em suas atividades. Estes incluíam a limitação da
atividade bancária interestadual por corporações bancárias e a legislação Glass-Steagall datada de
1933, limitando as afiliações entre bancos comerciais e
bancos de investimento. De especial importância para o ressurgimento da cidade foi o Regulamento
Q, que permaneceu em vigor até a década de 1980.4 Ele proibia os bancos americanos
3 Keynes 1920, pp. 11–12.
4 O Imposto de Equalização de Juros de julho de 1963 foi outra medida restringindo
mercados. O objetivo era desencorajar a emissão estrangeira de títulos em dólar nos EUA e, assim, reduzir as
saídas de capital de longo prazo.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 47
de pagar juros sobre depósitos à vista e também restringiu as taxas de juros que os bancos pagavam
em outros tipos de conta. Um de seus efeitos foi o de estimular
Fundos norte-americanos detidos por bancos para os investir em locais estrangeiros que oferecem
taxas mais elevadas e garantem total mobilidade. Com a ajuda de 'descaso benigno' por parte do
governo trabalhista, a Prefeitura instalou em seu recinto o Eurodólar
mercado com status offshore e isenção dos controles de capital vigentes.5
Embora sua abolição tenha ocorrido apenas com o governo Thatcher, “constitucionalmente, por
assim dizer, o mercado gozou da distinção de estar livre de restrições e regulamentações desde o
início”.
os bancos de investimento rapidamente detinham grande parte do mercado, o que fazia empréstimos
para governos e grandes empresas.7 Os bancos participantes não estavam sujeitos a obrigações de
reserva e eram livres para oferecer depósitos em prazos muito curtos.
Consequentemente, tinham custos mais baixos do que os bancos nacionais e, portanto, podiam
oferecer taxas mais altas sobre os depósitos. O status 'offshore' não regulamentado
do Euromercado fez da Cidade a principal força por trás de um mercado cada vez mais
economia offshore global começando com as ilhas anglo-normandas, remanescentes do Império
Britânico no Caribe, depois expandindo com Cingapura, as ilhas do Pacífico Sul, Bahrein e Dubai.
Não só a cidade desempenhou
papel central em colocar as finanças de volta na sela, mas ajudou a colocar um
rede organizada de paraísos fiscais fora do alcance da regulação e tributação. Hoje
Londres ainda ocupa a primeira posição na banca internacional, concedendo empréstimos e captando
depósitos fora de um determinado território nacional, e na negociação de câmbio nas principais
moedas.8
2 O fim do sistema monetário de Bretton Woods e o advento da
Taxas de câmbio flutuantes
À medida que a acumulação financeira decolou, as crises financeiras internacionais reapareceram.
Sua primeira forma foi a de crises de moeda estrangeira. O eixo do sistema de taxas de câmbio fixas
de Bretton Woods era o valor fixo do dólar americano em relação ao ouro, implicando sua capacidade
de atender às demandas de estrangeiros para trocar dólar
5 O mercado do eurodólar foi criado inicialmente para acomodar rublos russos e facilitar o financiamento do
comércio exterior da URSS, mas rapidamente se tornou um paraíso para qualquer capital que buscasse
burlar os regulamentos do país de origem.
6 Amato e Fantacci 2012, p. 102.
7 Isso leva Panitch e Gindin a argumentar nos moldes de Gowan 1999 que a cidade 'mudou sua
lealdade da libra esterlina para o dólar e [tornou-se] o satélite eurodólar de Wall
Rua” (2012, p. 12). Para uma crítica com a qual concordo ver Norfield 2016.
8 Norfield 2016.
Machine Translated by Google
48 Capítulo 2
reservas de ouro. A partir do início da década de 1960, surgiram dúvidas sobre isso. O constante aumento
dos gastos militares causado pela Guerra do Vietnã, aliado ao crescimento dos gastos governamentais do
'Grande
Os programas da sociedade reforçaram a avaliação de que o dólar estava supervalorizado em relação ao
ouro. Os ataques contra o dólar primeiro tomaram a forma de negociação
em ouro no mercado de ouro de Londres a preços bem acima dos fixados em Bretton
Woods, e foram atendidos pela criação do Gold Pool por oito bancos centrais.
Isso prenunciou muitos momentos subsequentes de cooperação de crise entre bancos centrais e foi um
primeiro passo na criação 'de um ambiente regulatório propício para a liberalização progressiva dos movimentos
de capitais'. peso em face da contínua valorização do dólar em relação ao ouro. O ritmo das retiradas dos
cofres de Fort Knox acelerou. No mesmo período outros países tiveram episódios de crise cambial. As mais
notáveis foram as crises da libra esterlina de 1964 a 1967 provocadas pelo déficit da balança de pagamentos
do Reino Unido, não apenas o déficit comercial, mas o da conta de capital.10 Repetidos ataques especulativos
culminaram na desvalorização de 1967.11 Desde que a libra esterlina
foi a segunda moeda de reserva internacional mais importante,12 isso fortemente
aumentou a pressão sobre o dólar e contribuiu para o anúncio de Nixon, em agosto de 1971, de que os EUA
haviam decidido por conta própria acabar com o acordo de Bretton Woods.13 O financiamento da Guerra do
Vietnã não foi a única razão para acabar com a conversibilidade. Os superávits comerciais dos EUA, que estão
diminuindo rapidamente - que
estavam sujeitos ao fechamento da 'lacuna tecnológica' e à concorrência bem-sucedida do Japão e da
Alemanha14 - mais cedo ou mais tarde isso seria necessário
9 Panitch e Gindin 2012, p. 123, citando Andrews 2008.
10 “No final, foi a saída de capital de curto prazo, não o desempenho comercial, que provocou a crise da
libra esterlina de 1967” (Newton 2010).
11 Bordo e cols. 2009.
12 Schenk 2009 escreve: 'na década de 1950, a área da libra esterlina [35 países e colônias atrelados à libra
esterlina e mantendo principalmente reservas em libras esterlinas] representava metade do comércio
mundial e a libra esterlina representava mais da metade das reservas mundiais de divisas. Nos primeiros
anos do pós-guerra, essa parcela foi ainda maior – o FMI estimou que as reservas oficiais em libras
esterlinas, excluindo as detidas pelas colônias, eram quatro vezes o valor das reservas oficiais em dólares e
que em 1947 a libra esterlina representava cerca de 87% das reservas globais de divisas. Levou
dez anos (1954) após o fim da guerra (e uma desvalorização de 30% da libra) antes do
parte das reservas em dólares ultrapassou a da libra esterlina».
13 Panitch e Gindin 2012, pp. 129-131, dão um relato detalhado tanto do papel de Paul Volker quanto
da hesitação da Administração Nixon em tomar a sua decisão.
14 Brenner 2002.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 49
de qualquer forma com o acúmulo de superávits comerciais e grandes reservas em dólares.15
A militância da classe trabalhadora e estudantil durante a administração Johnson, com
a greve geral francesa de 1968, um marco na Europa, significou o fim da viabilidade da acumulação fordista
para o capital. Gestava-se uma nova fase: “algo muito maior do que a antiga compulsão de encontrar mercados
para seus produtos perseguia a burguesia ao redor do globo, e esse era o imperativo de restaurar
lucratividade por meio de uma reestruturação global da produção e das relações trabalhistas'.16
O status do dólar como moeda mundial após o fim dos acordos de Bretton Woods é discutido abaixo na
Seção 2.5. Aqui o foco está no enorme alcance e nas novas condições para a valorização do capital monetário
ocioso.
No processo de fortalecimento dos investidores financeiros, o colapso do sistema de Bretton Woods foi um
marco. McNally chama isso de 'o dia em que as finanças mundiais mudaram
para sempre'.17 O surgimento de taxas de câmbio flutuantes a partir de 1973 e o surgimento de um mercado
de câmbio cada vez mais importante (Forex) foram uma benção para os bancos. Eles permitiam a cobrança
diária de lucros financeiros por meio de comissões por transações sobre empresas e famílias, juros sobre
empréstimos por arbitragem de juros (compra de moedas para explorar diferenças de taxas de juros) e no caso
de ataques especulativos massivos sobre uma determinada moeda, a apropriação da mais-valia sob a forma
de títulos do Tesouro e
reservas bancárias. A Quarta-Feira Negra do governo britânico de setembro de 1992, onde a especulação bem-
sucedida de George Soros trouxe pela primeira vez fundos de investimento
no centro das atenções, é um exemplo bem documentado disso.18 Ao lado de títulos
e patrimônio (por exemplo, ações ou ações), as moedas tornaram-se a principal forma de ativo em
carteiras de bancos e fundos. Os países que tentaram, como no Sudeste Asiático, manter as taxas atreladas
ao dólar após a liberalização dos fluxos de capital foram alvos de ataques conjuntos em 1997-1998. Nos países
da OCDE, a especulação com moedas nacionais deu aos investidores financeiros uma forma de exercer
pressão sobre as políticas econômicas e sociais dos governos antes que a dívida pública lhes desse como
credores uma alavanca ainda mais poderosa para moldar as políticas públicas. Câmbio flutuante
15 Garber 1993 observa: 'refletindo a crescente pressão sobre o sistema, o Deutsche Mark foi
reavaliado em 1969 em resposta a ataques de venda no Deutsche Mark e flutuou em maio
1971 antes do fechamento da janela de ouro dos EUA'. Ele acrescenta: 'tangencialmente, a política interna
dificuldades na França em 1968 causaram a desvalorização do franco'.
16 Ivanova 2013, p. 59.
17 McNally 2011, p. 88. Hoje, este acontecimento chave é muitas vezes esquecido e as suas consequências
ignoradas. Sua importância também é enfatizada por Gill 2011.
18 Black Wednesday refere-se a 16 de setembro de 1992, quando o governo britânico foi forçado a retirar a
libra do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (ERM) depois de ter
não conseguiu mantê-lo acima do limite inferior negociado. Diz-se que George Soros fez mais de £ 1 bilhão de
lucro com a venda a descoberto da libra esterlina.
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50 by Google Capítulo 2
as taxas também criaram a obrigação para as empresas multinacionais de proteger seus
operações através da cobertura do risco cambial. Isso fortaleceu a posição de
departamentos financeiros em MNEs e acelerou o crescimento da primeira grande forma de
derivativos, ou seja, forwards de moeda, opções e swaps.
Em 1975, cerca de 80% das transações de câmbio estavam relacionadas ao real
economia e 20% à especulação financeira. No início da década de 1990, a primeira categoria havia
caído para cerca de 3% e a segunda havia subido para 97%. Mesmo a inclusão do hedge pelas
transnacionais como prática obrigatória relacionada ao comércio e ao investimento, apenas adicionou
20% ao total relacionado à economia.19 Até o recente
período, que será discutido mais adiante, os principais operadores eram grandes bancos com
escritórios em todos os países de alguma importância e em particular no Reino Unido, o
EUA e Japão. Eles estabeleceram grandes câmaras de compensação especializadas, notadamente
a London Cleared House, com sede na cidade, a Euroclear, com sede em Paris (eles deveriam se
fundir em 2003) e o Sistema de Pagamentos Interbancários da Câmara de Compensação (CHIPS)
nos EUA. Os mercados de câmbio cresceram exponencialmente. Durante o período discutido
neste capítulo, o volume diário de negociação (US$ bilhões a preços correntes)
aumentou de US$ 15 bilhões em 1982 para US$ 207 bilhões em 1986, US$ 620 bilhões em 1989 e
US$ 880 bilhões em 1992.
Vários fatores impulsionaram esse crescimento. A primeira foi a mecânica, cumulativa
efeito da acumulação financeira, através do seu reinvestimento contínuo em
mercados financeiros, nomeadamente o mercado cambial. A segunda era tecnológica, notadamente
a 'eletronificação' do dinheiro e a informatização do
sistemas de mercado. Isso reduziu drasticamente os custos de transação. Colocando alguns
bilhões de dólares em divisas começaram a custar muito pouco, 20 ou mais vezes
mais barato do que uma transação de ações, e o câmbio também se tornou o lar de
verdadeiramente 'mercados de vinte e quatro horas'. Outro ponto importante é que o mercado de
moeda estrangeira foi por muito tempo o maior e mais profundo mercado de todos. Conforme
explicado em um estudo preparado para o Fórum Internacional sobre Globalização:
Se você tem alguns bilhões de dólares para colocar, trazê-los para o mercado de ações vai
movimentar o valor da ação e alertar outros comerciantes sobre o que
você está fazendo. Isso também é verdade na maioria dos mercados de títulos (exceto para o
EUA e alguns mercados europeus devido ao seu grande tamanho). Em câmbio, mesmo US$
5 ou US$ 10 bilhões não farão diferença. Então, se você tem uma quantia substancial de
dinheiro para se movimentar, este é o lugar para fazê-lo. Você pode entrar e sair sem afetar
o mercado.20
19 Lietaer 1997.
20 Lietaer 1997.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 51
3 A Reciclagem de Petrodólares e a Armadilha da Dívida do Terceiro Mundo
A reacumulação de uma massa concentrada de dinheiro que rende juros ou capital de empréstimo
teria sido um processo longo e demorado sem a intervenção da dívida pública.21 O capítulo de Rosa
Luxemburgo sobre empréstimos internacionais é o primeiro grande estudo da dívida tanto como um
mecanismo de transferência de valor e excedente, e um meio chave de dominação política entre
países imperialistas e semicoloniais.
países'. Eles permitem que os “velhos” capitalizem o valor realizado e exportem bens de capital, ao
mesmo tempo em que dão a esses países espaço para dominação econômica e política. Uma parte
dos empréstimos é gasta em armas, mas para a maioria dos países jovens, Luxemburgo refere-se
aos empréstimos que foram usados em investimentos que
ou indiretamente produziu valor e mais-valia (ferrovias e portos). Tal
investimento, ela argumenta, pode aumentar as contradições entre novos e antigos
países capitalistas que pertencem à 'era imperialista'.
Caixa 2.1: Empréstimos internacionais na Rosa Luxemburgo
A Acumulação de Capital
Os empréstimos públicos para a construção de ferrovias e armamentos acompanham todas as
etapas da acumulação de capital: a introdução da produção de mercadorias, a industrialização
do interior do capitalismo, a transformação capitalista da agricultura, bem como a emancipação
dos jovens estados capitalistas. O empréstimo internacional cumpre
várias funções: (a) serve para converter o dinheiro de grupos não capitalistas em
capitais. . . (b) serve para transformar capital monetário em capital produtivo por meio da
construção de ferrovias de empresas estatais e suprimentos militares; (c) serve para transferir o
capital acumulado dos antigos países capitalistas para os jovens.
As contradições da era imperialista são claramente expressas pelas contradições do sistema
moderno de empréstimos externos. Esses empréstimos são essenciais para o
emancipação dos jovens estados capitalistas em ascensão e, ao mesmo tempo, são os
caminho mais seguro para os velhos estados capitalistas manterem sua influência, exercerem
21 Em sua ampla pesquisa, Lapavitsas 2011 faz pouca menção à dívida pública, mas mais
em seu livro de 2012.
22 Durante muito tempo essa contribuição não foi plenamente reconhecida não só pela teoria
econômica de Luxemburgo que define o subconsumo como a contradição chave do
capitalismo, mas também por sua posição particular nos grandes debates da Segunda
Internacional e sobretudo por causa da seus avisos sobre o possível curso do mês de outubro
Revolução.
Machine Translated by Google
52 Capítulo 2
controlar e exercer pressão sobre as políticas externa, tarifária e comercial do
estados jovens. Eles representam a maneira mais eficiente de abrir novas esferas de
investimento de capital acumulado nos países antigos, mas ao mesmo tempo de
criar uma nova competição, de ampliar o campo de operação para a acumulação capitalista de capital e
ao mesmo tempo reduzi-lo.
Esses conflitos inerentes ao sistema internacional de empréstimos são um exemplo clássico de
divergências espaço-temporais entre as condições de realização da mais-valia e a sua capitalização.
Enquanto a realização da mais-valia requer apenas a difusão geral da produção de mercadorias, sua
capitalização exige
a progressiva superação da produção simples de mercadorias pela economia capitalista, com o corolário
de que os limites tanto para a realização quanto para a capitalização da mais-valia vão se contraindo cada
vez mais.
A mais-valia realizada, que não pode ser capitalizada e fica ociosa na Inglaterra ou na Alemanha, é
investida na construção de ferrovias, hidrelétricas, etc. na Argentina, Austrália, Colônia do Cabo ou
Mesopotâmia. Máquinas, materiais e similares são
fornecido pelo país de origem do capital, e o mesmo capital paga
para eles.
À primeira vista as operações financeiras (que acompanham o processo no Egito)
parecem atingir o cúmulo da loucura. Um empréstimo seguiu o outro, os juros de empréstimos antigos
foram pagos por novos empréstimos, e o capital emprestado do
britânico e francês foi usado para pagar os grandes pedidos feitos com britânicos e
capital industrial francês. Enquanto toda a Europa suspirava e dava de ombros para a gestão maluca de
Ismail, o capital europeu estava lucrando no Egito em uma escala sem precedentes – uma incrível versão
moderna da parábola bíblica
sobre o gado gordo que permanece sem paralelo na história capitalista. E cada empréstimo era uma
oportunidade para uma operação usurária, qualquer coisa entre um quinto e um terço do dinheiro
emprestado ostensivamente grudava nos dedos dos banqueiros europeus.
Em última análise, os juros exorbitantes tiveram que ser pagos de alguma forma, mas como – onde
os meios para vir? O próprio Egito deveria fornecê-los; sua fonte foi a
fellah egípcio.23
Se o capítulo 30 de A acumulação de capital for lido, como proposto por Harvey, do ponto de vista das
situações em que a superacumulação de capital existe tanto na forma de 'valor realizado' buscando
investimentos quanto na forma de capacidade industrial no capital setor de bens, em seguida, sua
apresentação das funções
23 de Luxemburgo 1913.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 53
dos empréstimos internacionais se aproxima dos realizados pela reciclagem de petrodólares após a recessão
mundial de 1974-1976.24
A partir de 1974, grandes quantidades de dinheiro provenientes do aumento dos preços do petróleo
começaram a inchar a massa de capital que flui para a cidade. A 'reciclagem de petrodólares', como passaram
a ser chamadas as operações de valorização dos rendimentos da renda do petróleo como capital de
empréstimo remunerado, foi realizada a partir de Londres. Em 1970, a dívida internacional total de longo
prazo dos países em desenvolvimento era de aproximadamente US$ 45 bilhões
ou cerca de sete por cento do PIB agregado desses países. Em 1987, estava perto
para US$ 900 bilhões, correspondendo a 30% de seu PIB agregado. A armadilha foi armada em duas etapas
e não pode ser dissociada da relação semicolonial entre países centrais e periféricos na configuração do
imperialismo até a virada dos anos 2000. Uma das principais respostas das economias da orla atlântica à
crise de 1974-6 foi a reciclagem de petrodólares projetados na cidade na forma de empréstimos sindicalizados
por consórcios de grandes bancos. Estes incluíam os EUA
bancos ainda prejudicados pelas disposições da Lei Bancária de 1933, mas os bancos americanos também
fizeram alguns empréstimos diretos ao México em particular. Os beneficiários dos empréstimos
eram política e economicamente subordinados ao Terceiro Mundo semi-colonial
países e, em alguns casos, regimes políticos ditatoriais. Esta foi a origem do renascimento da noção de 'dívida
odiosa'.25 A dívida dos países em desenvolvimento
multiplicado por 12 entre 1968 e 1980. Foi gasto em importações de armas em muitos países e em todos os
lugares em investimentos em infra-estrutura, beneficiando amplamente as empresas estrangeiras. Juntamente
com as importações vinculadas à ajuda bilateral e ao
investimento estrangeiro por parte das transnacionais, essas importações ajudaram os países industrializados
para compensar grande parte do efeito da recessão. Empréstimos bancários privados cada vez mais tomavam
o lugar daqueles organizados por meio da organização internacional de Bretton Woods.
instituições financeiras.26 No início da década de 1970, a maior parte da dívida governamental internacional
era devida a credores oficiais bilaterais ou multilaterais. Em 1987, mais de 50% do total da dívida
governamental internacional de longo prazo era devido a credores privados (principalmente bancos
internacionais) e cerca de 25% do total a instituições multilaterais. Mais importante ainda, os empréstimos
sindicais não foram feitos
taxas fixas, mas a taxas de juros de curto prazo internacionais indexadas.
24 'Poucos agora aceitariam a teoria do subconsumo de Luxemburgo como explicação das crises. Em
contraste, a teoria da superacumulação identifica a falta de oportunidades de investimento lucrativo
como o problema fundamental. . . A lacuna que Luxemburgo
pensou que viu pode ser facilmente coberta por reinvestimento que gera sua própria demanda
para bens de capital e outros insumos' (Harvey 2003, p. 139).
25 Além de artigos publicados no site do CADTM, ver Howse 2007.
26 Esta 'privatização' dos empréstimos Norte-Sul, como se chamava na altura, tem de ser relativizada, dado
que o Banco Mundial se financia a si próprio. Os empréstimos que faz vêm de
emissão de títulos ou empréstimos de bancos.
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54
by Google Capítulo 2 liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 55

O espetacular aumento das taxas de juros nos EUA induzido pelas medidas escolhidas
por Volcker em 1979 para quebrar a inflação e estabelecer uma das condições
para o fluxo de capital para os EUA de todo o mundo, imediatamente
aumentou o peso dos juros suportados pelos países devedores. O evento foi comparado a um
golpe.27 De cerca de 4% a 5% na década de 1970,
as taxas de juros saltaram para 16-18 por cento, se não mais, devido aos aumentos no prêmio de
risco que a crise da dívida desenvolveu. Ao mesmo tempo, as receitas de exportação de
os países em desenvolvimento sofreram quando os preços das commodities (incluindo o petróleo)
começaram a cair, revertendo a ascensão dos anos setenta e tornando o serviço da dívida ainda
mais difícil. O início da crise do Terceiro Mundo, como veio a ser chamada, ocorreu em agosto de
1982, quando o governo mexicano de repente se viu incapaz de
para rolar sua dívida, dado o alto nível em que as taxas de juros haviam subido.
O México mudou quase um dia para o outro do status de devedor líquido
a um devedor incapaz de cumprir seus compromissos. Todos latino-americanos e
Os países do Caribe passaram pela mesma experiência em graus variados.28 A
a armadilha da dívida se fechou sobre eles.29 Implicava muito mais do que fluxos financeiros
maciços para os centros financeiros americanos e europeus. O reescalonamento da dívida estava
sujeito à adoção de medidas de “ajuste estrutural” sob a supervisão econômica do FMI e do Banco
No caso do México, os bancos credores e seus governos se reuniram no chamado Clube de
Paris e começaram a organizar um reescalonamento ordenado da dívida
antes que os EUA criassem o Plano Brady (veja o Apêndice 1 abaixo), ou seja,
um mecanismo para a negociação de títulos de países do Terceiro Mundo em um mercado especializado
mercado financeiro internacional, bem como a troca de ativos financeiros por
verdadeiros produtivos. Entre 1982 e 2001, eles pagaram US$ 612 bilhões
no pagamento de juros a credores (bancos e organizações financeiras internacionais). Sua dívida
total quase triplicou durante o mesmo período, passando de US$ 202 para US$ 660 bilhões. As
transferências líquidas Sul-Norte atingiram US$ 236 bilhões nos EUA
dólares.31 A espetacular reversão dos fluxos internacionais de capitais do Norte Sul para o Sul-
Norte foi agravada pela fuga de capital monetário doméstico para Nova York e Londres,
possibilitada pela liberalização dos fluxos financeiros.
Vale a pena notar que na fase de financeirização dos anos 1980, em que os paraísos fiscais ainda
se encontravam em fase inicial de desenvolvimento, ainda era possível colocar números
razoavelmente precisos sobre a fuga de capitais. Isso agora se tornou impossível.
Tabela 2.1 Fuga de capitais de países em desenvolvimento (em bilhões de US$ 1987)

Mundial. Essas medidas incluíam austeridade fiscal, desmantelamento da ajuda governamental,

privatização de empresas estatais, Ativos de capital de voo % do Público e do Público de Longo Prazo

taxas de câmbio e também, antes do final das negociações do GATT Uruguai Round, a Dívida Garantida

liberalização das importações e do investimento direto. Eles serviram como 'pontos de referência'
para os países em desenvolvimento de forma mais ampla e foram codificados posteriormente por Argentina 46 111

um conselheiro acadêmico e observador sob o termo 'consenso de Washington'.30 Bolívia 2 178

Com o início da crise financeira da Zona Euro em 2010, os países capitalistas avançados Brasil 31 46
começaram a experimentar relações devedor-credor semelhantes às de Chile 2 17
países da América Latina nas décadas de 1980 e 1990, juntamente com um tipo de supervisão Colômbia 7 103
(a Troika) análoga àquela a que foram submetidos. Mas com um Equador 115
diferença muito importante: eles foram (espetacularmente no caso da Grécia) México 7 84 114
negado reagendamento, ou seja, o espaço para respirar necessário para verdadeiras reformas Marrocos 3 54
e novos investimentos a serem realizados. O motivo é o seguinte. Em 1982, o Nigéria 20 136
Os EUA não podiam se dar ao luxo de ter economias vizinhas com problemas financeiros e sociais Peru 2 27
insuperáveis. Hoje, a Alemanha considera que a saúde econômica da Grécia tem pouca ou Filipinas 23 188

nenhuma importância para si mesma. Uruguai 4 159

Venezuela 58 240
Iugoslávia 6 79
Total 295 103
27 Ver, entre outros, Duménil e Lévy 2004.
28 Ver Chesnais e Baronian 2014 para o caso do Chile sob a ditadura de Pinochet.
29 Na verdade, a expressão foi usada pela primeira vez no início da década de 1970 por Cheryl Payer para caracterizar Fonte: Journal of Economic Perspectives, 4, nº. 1 (Inverno de 1990).
empréstimos do FMI que mais tarde pareciam insignificantes após os eventos de 1980. Veja Pagador 1974.
30 Williamson 1989. 31 Hanlon 2006.
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56 Capítulo 2 liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 57

4 O crescimento da dívida pública no coração do sistema Tabela 2.2 Dívida dos países em desenvolvimento e federais unidos 1982–95 (milhões de US$)

Ano Aumento da dívida federal dos EUA Dívida DC Aumentar Dívida DC/EUA
O aumento muito acentuado das taxas de juros dos EUA não apenas desencadeou a crise mexicana
(100=1982) (100=1982) Razão
de 1982 e as crises bancárias que a acompanham nos próprios EUA; o alto nível das taxas de juros
ao longo de vários anos também levou a um salto qualitativo na velocidade de acumulação financeira
na forma de serviço da dívida pública dos países no coração da economia mundial. O regime 1982 $ 1.142 100 $ 481 100 42,1

financeiro de juros reais elevados da década de 1980 permitiu o financiamento de gastos militares 1983 $ 1.377 121 $ 560 116 40,7

não inflacionários, notadamente o programa 'Star Wars' do governo Reagan, que também foi o 1984 $ 1.572 138 $ 595 124 37,8

primeiro governo a fazer importantes cortes de impostos para parcelas de alta renda. 1985 $ 1.823 160 $ 661 137 36,3
1986 $ 2.125 186 $ 756 157 35,6

A Tabela 2.2 mostra o respectivo aumento da dívida federal dos EUA e dos países em 1987 $ 2.350 206 $ 870 181 37,0
desenvolvimento e a forte mudança na proporção entre as duas. Desde o início 1988 $ 2.602 228 $ 873 181 33,6
A partir da década de 1980, o capital monetário que procurava investir em empréstimos governamentais 1989 $ 2.857 250 $ 911 189 31,9
seguros e inicialmente altamente remunerados fluiu para Wall Street de todo o mundo. 1990 $ 3.233 283 $ 962 200 29,8
No entanto, inicialmente os principais beneficiários da transferência de valor e mais-valia canalizada 1991 $ 3.665 321 $ 1001 208 27,3
através do orçamento federal foram os investidores institucionais norte-americanos, liderados 1992 $ 4.064 356 $ 1030 214 25,3
inicialmente por fundos de pensão e seguradoras. A dependência externa para o financiamento dos 1993 $ 4.411 386 $ 1102 229 25,0
déficits federais dos EUA veio muito mais tarde. No 1994 $ 4.692 411 $ 1238 257 26,4
1980, 17% da dívida dos EUA era detida por investidores estrangeiros e entre 1990 1995 $ 4.973 435 $ 1334 277 26,8
e em 1994 o número era de 20 por cento. Só a partir de 1995 é que os estrangeiros
detenções de T-Bonds tornam-se importantes.32 O capital monetário potencial foi acumulado pelos Fonte: Autor da UNCTAD e US Bureau of Economic Analysis.

fundos de pensão desde a década de 1950. A ascensão do governo dos EUA

a dívida lhes oferecia uma forma segura e inicialmente muito lucrativa de investimento financeiro. O
poder de fogo financeiro controlado por investidores financeiros e
os mercados na forma de fundos de pensão aumentaram qualitativamente junto com os de fundos
mútuos (os fundos de hedge ainda não foram identificados como uma categoria separada).
5 As Implicações Políticas dos Esquemas de Aposentadoria Baseados no Mercado
Uma palavra deve ser dita neste ponto sobre a armadilha que os planos de aposentadoria baseados
no mercado financeiro representam para os trabalhadores. corporações dobradas
32 Escritório de Administração e Orçamento dos EUA, Perspectivas Analíticas, Orçamento dos Estados Unidos
Governo, Ano Fiscal de 1999, Tabela 13–16, p. 255. http://www.ny.frb.org/research/current_
questões/ci4-5.pdf.
33 A denúncia da armadilha previdenciária ('le piège des fonds de pension') é, naturalmente, mais fácil
quando se vem de um país onde ainda prevalecem os benefícios de aposentadoria por repartição.
Veja Chesnais 1988 e Lordon 2000.
na apropriação da mais-valia como dividendo e juros e, portanto, dependente da exploração direta e
indireta do trabalhador. O facto de servir para pagar as pensões não altera esta realidade. Os fundos
de pensão tornam os trabalhadores dependentes dos mercados financeiros. Eles têm sido agentes
importantes na financeirização. Devido à 'alquimia' própria da centralização financeira, as poupanças
acumuladas
as mãos dos administradores se transformam em capital e dão origem à relação descrita e denunciada
por Marx como sendo nenhuma solução para os problemas da classe trabalhadora:
O banco de poupança é a corrente de ouro pela qual o governo detém um
grande parte da classe trabalhadora. Por ela, eles não apenas adquirem um interesse em
a preservação das condições existentes. Não só leva a uma divisão
entre a parcela da classe trabalhadora que participa das caixas de poupança e a parcela que
não participa. Os próprios trabalhadores assim
entregar nas mãos de seus inimigos as armas para preservar a
organização da sociedade que os subjuga. O dinheiro volta
no banco nacional, este o empresta novamente aos capitalistas e ambos compartilham
nos lucros e assim, com o dinheiro emprestado do povo a um
Machine Translated
58 by Google Capítulo 2
taxa de juros miserável – que só por essa centralização se torna um
poderosa alavanca industrial – aumentar seu capital, seu poder de governo direto
sobre as pessoas.34
Muitos países da OCDE, além dos EUA, também tinham aposentadoria baseada no mercado
e precisavam investir em mercados de títulos. Todos haviam acumulado poupança e crescentes
disparidades de renda e riqueza. Todos deveriam seguir os EUA no caminho da liberalização e
desregulamentação financeira e do financiamento orçamentário
através de empréstimo. Mesmo em países com esquemas de aposentadoria por repartição,
enraizou-se a ideia de que, em vez de tributar os ricos, deve-se pedir emprestado a eles. Tornou-se a
pedra angular da política fiscal, e a proporção da dívida pública
ao PIB foi cada vez mais moldado pela redução do imposto sobre os lucros,
renda e riqueza.35
6 Dinheiro do mundo desde o fim de Bretton Woods
Em Marx, o dinheiro é discutido extensivamente no Capítulo Três do Volume I de
Capital. É visto como tendo três papéis principais a desempenhar: como medida de valor, como meio
de circulação, e como dinheiro propriamente dito ('dinheiro como dinheiro'), que, por sua vez,
desempenha três funções distintas: como instrumento de entesouramento , como meio de pagamento e
como dinheiro mundial.36 'Dinheiro mundial' (Marx reconhece o uso anterior do termo por Sir James
Steuart em um sentido semelhante)37 'serve como
o meio universal de pagamento, como o meio universal de compra e
como a personificação universalmente reconhecida de toda a riqueza'. Ele imediatamente acrescenta
que a “função predominante do dinheiro mundial é um meio de pagamento na liquidação dos saldos
internacionais”.38 A teoria do dinheiro de Marx está fundamentada na teoria do valor. É “porque todas
as mercadorias, como valores, são trabalho humano objetivado e, portanto, em si comensuráveis [que]
seus valores podem ser
medido comunitariamente por uma e mesma mercadoria específica, e isso
34 Marx em www.marxists.org/archive/marx/works/1847/12/31.htm.
35 Isso está bem documentado em relação ao caso francês. Veja Chesnais 2011.
36 A apresentação pioneira é a de Brunhoff 1977. Para apresentações mais curtas e claras
ções, ver Vasudevan 2008 e Ivanova 2013.
37 Em sua palestra do prêmio Deutscher de 2013, David McNally 2014 apresentou evidências de que
a teoria havia sido difundida no final do século XVII pela burguesia inglesa, tendo Locke como
um dos protagonistas. Era visto como um requisito sine qua non da aceitação de moedas
esterlinas no comércio internacional.
38 Marx 1976, Vol. eu, pág. 242.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 59
mercadoria seja convertida na medida comum de seus valores, isto é, em
dinheiro'.39 Duas mercadorias afirmaram-se historicamente como dinheiro em face de todas as outras
mercadorias, a saber, prata e ouro, que rapidamente prevaleceram na maioria dos países participantes
do incipiente mercado mundial na forma de moedas de ouro e barras de ouro nos cofres de bancos
centrais.
Na realidade, como os historiadores mostraram, o dinheiro como "dinheiro mundial" em escala
sistêmica só funcionou no breve período do final da década de 1890, durante o qual
o capitalismo se expandiu sem uma rivalidade intercapitalista muito forte, tornando
a liquidação dos saldos internacionais por barras geralmente é possível.40 O padrão-ouro clássico
prevaleceu nas economias industrializadas e funcionou razoavelmente bem, sem nenhuma grande crise
de conversibilidade no período de 1880 a 1914. A regra do padrão-ouro era manter a
valor da moeda nacional em termos de um peso fixo de ouro (conhecido em alguns países como preço
da moeda). Durante um período de mais de 30 anos, pouquíssimos países suspenderam a
conversibilidade. A Primeira Guerra Mundial trouxe isso a um fim agudo. Ao financiar a guerra e
abandonar o ouro, muitos dos beligerantes sofreram inflações drásticas. Níveis de preços dobraram na
Grã-Bretanha, triplicaram na França e quadruplicaram
na Itália, obrigando-os e outros países a suspender ou abandonar a conversibilidade.
Na Grã-Bretanha, no início da guerra, as notas do tesouro substituíram a circulação de soberanos de
ouro e meio soberanos. Legalmente, o padrão da espécie-ouro era
não revogada. O Banco da Inglaterra apelou ao patriotismo e exortou as pessoas a não trocarem notas
bancárias por moedas de ouro. A restauração do padrão ouro
foi breve e articulada em particular com a capacidade da Grã-Bretanha para sustentá-lo. Foi apenas
em 1925 que a Grã-Bretanha voltou ao padrão-ouro, junto com a Austrália e
África do Sul, criando através do Gold Standard Act de 1925 um padrão de barras de ouro que seria
varrido apenas seis anos depois, com o agravamento da crise mundial de 1929.41 Em maio de 1931,
corridas a bancos comerciais abalaram a Áustria e depois
Alemanha. Em julho, a Alemanha adotou controles cambiais, seguida pela Áustria em
Outubro. Ataques especulativos à libra começaram e o Banco da Inglaterra
perdeu grande parte de suas reservas. Em setembro de 1931, a Grã-Bretanha foi forçada a abandonar
o padrão-ouro. O padrão-ouro foi acusado de agravar a Grande Depressão. Keynes argumentou contra
o retorno ao padrão-ouro em 1920 e
39 Marx 1976, Vol. eu, pág. 188.
40 Labrinidis 2014a estuda o processo histórico em que o ouro é guardado em circulação doméstica e
liberado para funcionar como moeda mundial como barras de ouro. Vasudevan 2009 discute a
situação contemporânea em que o 'dinheiro mundial' repousa na moeda de um estado dominante
na forma de dinheiro de crédito (capital fictício) em vez de ouro, aliviando assim a restrição externa
sobre sua disciplina monetária doméstica.
41 Este episódio de curta duração está documentado em Norfield 2016.
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60 by Google Capítulo 2
novamente em 1925 em um famoso panfleto contra Churchill.
que a adesão ao padrão-ouro pelos EUA impediu que o Federal Reserve
de expandir a oferta de dinheiro para estimular a economia, salvar bancos insolventes e financiar
déficits governamentais.43 Isso terminou com o governo de Roosevelt em 1933
Lei Bancária de Emergência. Quanto ao próprio padrão-ouro sob o sistema adotado pelo Gold Reserve
Act de 1934, os Estados Unidos continuaram a definir o dólar em termos de ouro. Internamente, o
dólar não representava mais uma determinada quantidade de ouro. Mas o ouro continuou a ser usado
para assentamentos com
bancos centrais de outros países.44 Isso tornou os EUA únicos e os ajudou a impor o sistema
concebido em Bretton Woods.
Até 1971, os países com superávits no comércio exterior e posses em dólares podiam resgatá-los
em ouro. Graças a essa ligação com o ouro, ainda que tênue, a
dólar poderia ser definido como 'quase-mundo-dinheiro' até 1971. A questão desde então é se o termo
ainda é aplicável.
posição mundial que o dólar detinha, e continua a deter, como meio de pagamento,
de compra e como moeda de reserva, manteve esta função. Mas o
condições degeneradas em que continua a desempenhar esse papel são agora um
faceta importante dos problemas que o capitalismo mundial enfrenta. De Brunhoff argumenta que o
dólar é simplesmente um 'substituto' do dinheiro mundial. Tem 'status de referência [que] requer um
consentimento comum dos países que competem com os EUA.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, esta aprovação teve diferentes aspectos'.46
Bretton Woods já era o resultado de um 'consentimento comum' obtido apesar
As dúvidas de Keynes. Após o seu desaparecimento houve um período, agora esquecido pela
tudo à parte dos historiadores, quando os EUA tiveram que negociar com outros países os acordos
Plaza (1985) e Louvre (1987) para estabilizar a taxa de câmbio do dólar, em particular vis-à-vis o iene,
primeiro para cima e depois para baixo.
Depois disso, sem a necessidade de reuniões formais de chefes de governo, os principais bancos
centrais continuaram intervindo de tempos em tempos. Com a liberalização financeira, o dólar
recuperou uma posição tanto como principal meio de
pagamento internacional e principal moeda de reserva dos bancos centrais não americanos.47 Ainda
mais porque em 1990-1 o Japão foi atingido por uma crise financeira tão dura que a taxa de câmbio
do iene deixou de causar um problema ao dólar.
42 Keynes 1925.
43 Eichengreen 1995.
44 Veja Elwell 2013 para um histórico da legislação dos EUA sobre ouro.
45 Lapavitsas 2013 e Labrinidis 2014b mantêm o termo, assim como Vasudevan 2009 (embora com
aspas).
46 De Brunhoff 2004.
47 Em meados de 2014, o dólar representava cerca de 62% das reservas mundiais de moeda, o euro
23%, a libra esterlina e o iene 4% cada, e o franco suíço cerca de 1%.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 61
Os mercados financeiros dos EUA tornaram-se os líderes mundiais indiscutíveis em termos de
profundidade e liquidez que isso proporciona, aumentando assim qualitativamente os atributos de
entesouramento do dólar. As ações e títulos dos EUA tornaram-se o principal refúgio de investimentos privados
proprietários de riqueza, bem como um investimento seguro para os países centrais dos países com superávit comercial
bancos, elogiados por todos pelos retornos oferecidos ao dinheiro acumulado. Mas o debate reabriu
em 2003 durante a relativa fraqueza transitória do dólar em relação ao euro e surge periodicamente
por conta do tamanho do
déficit comercial e dívida externa dos EUA, com necessidade de financiamento por
entrada de capital estrangeiro. As recriminações sobre a taxa de câmbio atrelada ao dólar da China e
a vantagem adicional que isso deu às exportações chinesas têm sido objeto de queixas frequentes.
Ao se tornar 'consumidor de último recurso', o 'privilégio de senhoriagem'48 dos EUA perdeu seu
brilho. Uma forma indubitável de dependência
sobre a entrada de capital estrangeiro surgiu com o renovado crescimento da Receita Federal
déficit nos anos 2000.
No entanto, o consentimento permanece. A relação é de interdependência e
conveniência. O regime internacional não é de “circulação monetária forçada, mas de circulação
voluntária na qual todos os países, em suas diferentes formas, são participantes dispostos”. como
moeda de reserva do banco central.
O euro foi visto uma vez como capaz de desempenhar o papel estável que a libra esterlina
desempenhou transitoriamente durante o período pós-guerra. A recorrente crise de aluguel na zona
do euro torna isso improvável, pelo menos por muito tempo. Houve passos muito hesitantes em
direção a algum tipo de zona monetária do Leste Asiático.
Eichengreen desafiou fortemente a ideia 'de um bloco coeso de países
chamou a periferia pronta e apta a agir em seu interesse coletivo',50 argumentando
que os países asiáticos "não são capazes de subordinar seus interesses individuais aos interesses
coletivos". Na verdade, enquanto a China e orientada para a exportação
países dependem muito do mercado doméstico dos EUA, eles não têm, como Ivanova coloca,
'nenhuma escolha a não ser jogar junto. As montanhas de dívida do governo dos EUA acumuladas
por eles são em grande parte irredimíveis, pois não podem ser liquidadas sem desencadear uma
calamidade global”.
o valor de suas participações obriga esses países a apoiar o valor do dólar com novas compras de
títulos do Tesouro dos EUA'. Mais do que o próprio dólar, eles “servem não apenas como um meio
universal de pagamento e ativo de reserva, mas também como a principal fonte de liquidez final”. São
esses títulos que vêm
48 O uso mais frequente deste termo foi em Guttmann 1994.
49 Amato e Fantacci 2012, p. 91.
50 Eichengreen 2005.
51 Ivanova 2013, p. 68.
Machine Translated by Google
62 Capítulo 2 liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 63

o mais próximo de ser o que Marx chamou de "dinheiro vivo",52 os ativos aos quais os capitalistas de todo o O McKinsey Global Institute considerou que o processo de formação do mercado global de capitais estava

mundo revertem em momentos de aguda crise financeira global no que é conhecido como "fuga para a 'apenas pela metade'.54 Na esteira da formação de um mercado de câmbio liberalizado, a negociação de

qualidade". Assim, em março de 2016, o BIS observa que 'Em meio a uma liquidação de ativos de risco global, dinheiro de curto prazo

uma fuga geral para a segurança fortaleceu além das fronteiras havia decolado. Nessa altura, os mercados obrigacionistas, em particular as obrigações
o dólar americano'.53 governamentais domésticas, tinham-se internacionalizado. Mas os mercados de ações tinham

apenas começou a fazê-lo. No que diz respeito aos bancos, previa-se que o desenvolvimento da titularização

«criasse instrumentos que pudessem ser transaccionados e ligados

7 A 'semi-conclusão' da globalização financeira e do diretamente para o mercado de capitais global'.55 Isso levaria a um aumento no investimento estrangeiro de
Crises dos anos 1990 depósitos bancários e ligaria as finanças dos países capitalistas avançados

mercados cada vez mais próximos. No entanto, parte significativa do avanço da globalização financeira viria

Em 1994, o McKinsey Global Institute publicou o primeiro de sua longa série de relatórios sobre o mercado da integração dos países em desenvolvimento da América Latina e da Ásia. Isso de fato ocorreu, mas trouxe

global de capitais. Ele mapeou as fortes mudanças no peso relativo de diferentes categorias de ativos financeiros consigo graves crises financeiras. Como parte do "Consenso de Washington", os sistemas financeiros

que ocorreram no espaço de apenas dez anos, quando a dívida do governo do "Primeiro Mundo" cresceu de

18% para 25% do total. desses países foram liberalizados, por exemplo, abertos a investimentos estrangeiros, e

desregulado.

Isto viu o início indesejável de uma nova fase marcada pelo retorno de um

tipo de crise financeira não conhecido desde a década de 1930, com o desencadeamento de mecanismos de
$ 10.374 $ 35.328
contágio internacional tanto por meio das finanças quanto do comércio.56 Em 1982,

O México foi ameaçado pelo default de sua dívida soberana. O que veio a ser rapidamente conhecido como a

Estoque de dinheiro 'crise mexicana' atingiu vários países devido à

32
43 o impacto comum do forte aumento das taxas de juros dos EUA,57 mas

o contágio através da produção e do comércio permaneceu pequeno. Este não foi o caso da segunda crise
Ações
mexicana de 1994-1995 e menos ainda da crise asiática que

seguido. Seu cenário era o da liberalização financeira global.58 Em combinações variadas, os fluxos financeiros
29
Internacional para esses países incluíam investimentos de portfólio
títulos
28 na forma de diferentes tipos de empréstimos59 a bancos e empresas privadas locais, bem como a governos
4
(México). Em alguns países, o financiamento externo levou a bolhas de habitação e infraestrutura (por exemplo,
Títulos corporativos 10
2
Tailândia) e em outros a superacumulação industrial e superprodução (Coreia em particular,60 mas também
9
Taiwan). o
Governo 25 súbita retirada maciça de capital especulativo de curto prazo foi precedida em
18
títulos
alguns países pela desvalorização das moedas atreladas. Contágio através

1980 1990/91

Figura 2.1 Mudanças no peso relativo dos ativos financeiros globais 1980–90/91 (US$ bilhões).
Fonte: McKinsey Global Institute 1994. 54 McKinsey Global Institute 1994.
55 Ibid.
56 Ver Chesnais 2000 para uma discussão preliminar.
52 'Esta súbita reversão de um sistema de crédito para um sistema de dinheiro vivo acumula o medo teórico no 57 Discuti o caso do Chile (ver Chesnais e Baronian 2014).
topo do pânico prático; e os negociantes por cuja agência a circulação é afetada estremecem diante do 58 Ver Arestis e Glickman 1999 para uma visão clara da liberalização financeira e suas consequências na
mistério impenetrável em que estão envolvidas suas próprias relações econômicas” (Marx 1904, p. 198). região.
59 Ver Kregel 1998.
53 Revisão Trimestral do BIS Março de 2016, Capítulo 1. 60 Hart-Landsberg Martin et al. 2007. Ver também Chang, Park e Yoo 1998.
Machine Translated
64
by Google Capítulo 2
o comércio afetou todos os países do Sudeste Asiático, mas Brasil e Argentina61 também
sofreu o impacto da crise asiática através de uma queda no comércio. Em outubro de 1997, houve
também um curto e espetacular episódio de crise do mercado de ações, uma prefiguração do que
ocorreria em setembro de 2008. Ela se espalhou de Hong Kong a Wall
Street, a queda sendo então retransmitida para a Europa. Finalmente, em 1998, a crise financeira
russa provocou uma nova forma de transmissão da crise internacional exigindo
o resgate pelos bancos de Wall Street, sob os auspícios do Fed, do primeiro grande fundo
especulativo a ser manchete, o Long Term Capital Management. As sementes da crise de 2008 e da
recessão global que se seguiu começaram a ser plantadas e seu cenário parcialmente escrito.
Armado com uma compreensão desses elementos históricos das fases iniciais da globalização
financeira e da acumulação e centralização de
capital que rende juros aos principais centros financeiros que dirigia, podemos agora nos voltar para
a apresentação teórica da noção.
Apêndice: O 'Clube de Paris' e Brady Bonds
Diante da ameaça de contágio internacional após o default mexicano,
os consórcios bancários, que haviam feito os empréstimos sindicais de 1970, usufruíram
apoio de seus governos de origem.62 Estes tinham um forte interesse tanto na recuperação dos
países devedores quanto na saúde dos bancos credores e pouparam
a eles a tarefa de negociar o reagendamento ou cancelamento parcial
da dívida com os governos devedores. No caso do México, isso foi feito para os EUA
bancos pelo Tesouro e pelo Fed. Mas, de maneira mais geral, os interesses das instituições
financeiras credoras eram atendidos por um comitê regular de altos funcionários do Tesouro reunidos
mensalmente em Paris. Um bem documentado
Estudo da UNCTAD define o Clube de Paris como um 'cartel de países credores' operando
sob um conjunto de princípios acordados: tratamento caso a caso dos países devedores; tomada de
decisão por consenso; condicionalidade na forma de adoção por cada
país devedor de um programa de ajuste econômico; solidariedade entre os membros do Clube
através da implementação da 'Ata Acordada' de cada
61 Griffith-Jones 1998.
62 Um default formal ocorreu no caso do México. No caso de outros países, quando os mercados de
capitais internacionais secaram, eles não conseguiram mais rolar suas dívidas e não tiveram
outra opção senão renegociar os pagamentos. Foi o caso do Brasil,
onde não houve inadimplência 'oficial' ou formal. O Brasil negociou com o FMI e o
Os empréstimos de ajuste do Clube de Paris foram usados para pagar parte de suas obrigações financeiras.
Uma primeira renegociação em 1983 foi seguida por duas outras em 1984 e 1986.
liberalização financeira e globalização a partir da década de 1960 65
Os programas de ajuste estrutural foram decididos pelo Banco Mundial e pelo FMI, recriando ou
acentuando a dependência externa neo-imperialista. A dívida constrangeu o governo mexicano a
aceitar a integração
o país na zona econômica liberalizada e desregulamentada NAFTA (Norte
Acordo Americano de Livre Comércio). Em numerosos países africanos, caribenhos e andinos, a
necessidade de exportar a qualquer preço para obter divisas e pagar os juros regulares da dívida era
um vetor
na transformação da agricultura de produção de alimentos em agricultura de plantação sob a égide
do Banco Mundial e, posteriormente, da OMC.
Na crise mexicana, os bancos não apenas receberam proteção contra mais inadimplência. Um
plano foi elaborado para permitir que eles removessem dívidas incobráveis de seus balanços. Foi
essencialmente desenhado pelos Estados Unidos e conhecido
como o Plano Brady. Organizou a recompra pelos países devedores de suas dívidas com desconto,
trocando empréstimos por títulos ou dando aos credores ações em empresas domésticas. A recompra
foi possível graças à ajuda paga pelo
orçamentos governamentais dos países de origem dos bancos credores. No momento em que Rogoff
ainda tinha uma postura crítica em relação ao capital financeiro, explicou (tomando como exemplo o
caso da Bolívia) que 'o foco principal do Plano Brady é justamente garantir que a maior parte dos
fundos doados oficialmente cheguem aos devedores'.64 Brady
as obrigações foram negociadas nos mercados obrigacionistas internacionais, permitindo a
transferência do risco soberano das carteiras dos bancos comerciais para o sistema financeiro como
um todo. Durante os seis anos que se seguiram ao lançamento do plano, mais de US$ 200 bilhões
em empréstimos bancários sindicalizados inadimplentes foram trocados
em Brady Bonds. Dois tipos de títulos foram usados com mais frequência: desconto
obrigações, nomeadamente obrigações colateralizadas a 30 anos com valor nominal de cerca de 30
a 35 por cento inferior ao crédito original, uma taxa de juro superior à LIBOR e um
63 Cosio-Pascal 2008, p. 12.
64 'Considere a recompra boliviana de março de 1988. Quando o acordo boliviano foi discutido pela primeira vez
no final de 1986, o governo da Bolívia havia garantido US$ 670 milhões em dívidas
bancos. Nos mercados secundários mundiais, essa dívida era negociada a seis centavos de dólar. Ou
seja, os compradores de títulos de dívida estavam dispostos a pagar, e alguns vendedores estavam
dispostos a aceitar, apenas seis centavos por dólar de principal. Usando fundos que foram
principalmente doados secretamente por terceiros países neutros – que dizem incluir Espanha,
Holanda e Brasil – o governo da Bolívia gastou US$ 34 milhões em março de 1988 para recomprar
US$ 308 milhões em dívidas a onze centavos de dólar. Onze cêntimos foi também o preço que prevaleceu para os re
Dívida boliviana imediatamente após a recompra. À primeira vista, a recompra pode parecer um triunfo,
reduzindo quase pela metade a dívida da Bolívia. O fato de o preço ter subido de seis para onze
centavos foi interpretado por alguns observadores como prova de que o negócio fortaleceu as
perspectivas da economia boliviana. Uma avaliação sóbria da recompra boliviana revela que os
credores dos bancos comerciais provavelmente colheram a maior parte do benefício” (Rogoff 1991).
Machine Translated
66 by Google Capítulo 2
único pagamento 'bala' no vencimento. O segundo tipo eram os par-bonds, semelhantes aos
descontos, mas que eram emitidos pelo valor de face e tinham uma taxa de juros fixa de
6 por cento.65 O resultado do Plano Brady foi um aumento acentuado no tamanho do mercado
internacional para a dívida dos países em desenvolvimento e a acumulação
no FMI e no Clube de Paris de experiência valiosa para o capital financeiro
sobre a reestruturação e reescalonamento da dívida pública. Os números acima referidos
relativos aos pagamentos de juros entre 1982 e 2001 mostram até que ponto
os bancos lucraram com o reescalonamento.
65 UNCTAD 2008, p. 6.
Capítulo 3
A noção de capital remunerado no
Configuração da Centralização Atual e
Concentração de Capital
Este capítulo reúne as diferentes dimensões da teoria marxista da
capital que rende juros que formam – junto com as noções-chave discutidas no Capítulo 1 –
os fundamentos teóricos deste livro. O cenário é o de um grau extremamente elevado de
centralização do capital monetário e de concentração nos serviços bancários e financeiros.
As noções de centralização e concentração têm uma história teórica tanto para o capital
industrial quanto para o financeiro.
capitais iguais. A história é esboçada no Apêndice 1. A centralização e
concentração do capital industrial e financeiro tornou-se indissociável da
década de 1980 em diante, embora em ritmo diferente nas principais economias capitalistas.
Marx define juros como sendo “nada além de uma parte do lucro, ou seja, do lucro
a mais-valia, que o capitalista atuante, seja industrial ou comerciante, deve pagar ao
proprietário e emprestador de capital na medida em que o capital
que ele usa não é seu, mas emprestado'.2 Estudiosos marxistas que mergulharam
os capítulos da Parte V do Capital, Volume III, enfocaram o capital que rende juros como
capital de empréstimo e discutiram principalmente a criação e alocação de crédito pelos
bancos. Meu argumento é que a canalização da mais-valia em
O capitalismo contemporâneo, por meio tanto da detenção de empréstimos do governo quanto
da posse de ações, por um único pequeno grupo de corporações financeiras e não financeiras
altamente concentradas e detentores de ativos privados de alta renda, exige que várias
características do capital que rende juros que eram
tratadas em parte separadamente por Marx agora devem ser abordadas in toto. Os traços que
devem agora ser tomados em combinação,3 mesmo que apenas por causa da grande escala
dos ativos financeiros discutidos acima no Capítulo 1, incluem a predominância do ponto de
vista do 'capital como propriedade' sobre o 'capital como função', exterioridade
vis-à-vis a produção, e o contínuo reforço sistêmico de um estado de coisas em que para
acionistas e obrigacionistas, 'torna-se propriedade do dinheiro gerar valor e render juros, tanto
quanto é um atributo
1 Este ponto é bem discutido em Hoca 2012, mesmo que ele subestime as diferenças nacionais.
2 Marx 1981, Vol. III, pág. 493.
3 Tudo isso é considerado, com diferenças de ênfase da minha explicação, mas isoladamente para
falar e nunca como um todo, por Lapavitsas 2013, Capítulo 5.
Machine Translated by Google
68 Capítulo 3
de pereiras para dar peras'.4 Dividendos e juros são simultaneamente divisões de lucros e duas das
três formas primárias de capital fictício (banco
crédito sendo o terceiro). Como assinalado por Marx em meados do século XIX,
'[em] todos os países de produção capitalista, há uma tremenda quantidade de
o chamado capital remunerado ou “capital monetário”. E pela acumulação de capital monetário, na
maior parte, nada mais do que uma acumulação dessas reivindicações sobre a produção e uma
acumulação do preço de mercado, sua
valor-capital ilusório'.5 O capitalismo globalizado e financeirizado trouxe
este processo a níveis sem precedentes e imprevistos.
1 Passos na Abordagem da Análise de Lucros Financeiros
1.1 Capital de 'negociação de dinheiro', Capital que rende juros e 'Financial
Acumulação'
Marx distingue entre “capital que negocia dinheiro” e “capital que faz dinheiro”.
capital», por exemplo, «capital que rende juros». Uma vez que os bancos estão envolvidos em
ambos, a distinção é ainda mais importante. As operações de 'capital negociante de dinheiro' são
requeridas nos momentos M e M' do ciclo de acumulação. Dão origem a trabalhos especiais e custos
classificados como custos de circulação. Em um dado
momento do desenvolvimento capitalista, “a divisão do trabalho exige que essas operações técnicas,
dependentes das funções do capital, sejam realizadas tanto quanto possível para a classe capitalista
como um todo por uma divisão particular de agentes ou capitalistas como seu exclusivo função, que
essas operações devem ser concentradas em suas mãos'. “Uma parte do capital industrial presente
no processo de circulação se separa e se torna autônomo na forma
do capital monetário, cuja função capitalista consiste em realizar essas operações para toda a classe
de capitalistas comerciais e industriais'.
letras de câmbio e outras notas promissórias. Voltaremos a encontrar este processo
posteriormente neste capítulo.
Suzanne de Brunhoff sugere que o processo distinto do capital monetário
acumulação por meio de operações de capital remunerado iniciadas
no final do século XVII em Amsterdã. Referindo-se aos resultados da pesquisa
4 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 24. Harvey 2013 enfatiza a considerável atualidade do
a noção. Isso também é enfatizado por Lapavitsas 2013, que perdeu essa dimensão em sua
primeira leitura dos capítulos sobre capital remunerado (Lapavitsas 1998).
5 Marx 1981, Vol. III, pág. 599.
6 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 19, pp. 431-432.
capital que rende juros na atual centralização 69
por Barbour,7 ela escreve que, por conta dos lucros obtidos com o financiamento de capital mercantil
e empréstimos a governos estrangeiros, vê-se:
uma certa forma de circulação financeira que se desenvolve para seus próprios fins e permite
lucros de especulação distinta de juros. Tratava-se, em parte, de trocas monetárias, mas
principalmente de ações do mercado de ações. Um pode
digamos assim que D' se destaca de C, segundo a definição dada por Marx de capital
financeiro (MM'), mas do próprio D como prata e ouro e como 'dinheiro comercial' e torna-se
parte de um sistema financeiro agora parcialmente autônomo. circulação.8
Com a revolução industrial, ocorreu um salto quântico na escala de
apropriação do tempo de trabalho não pago e assim na massa de dinheiro que aparece
na forma de tesouro durante o processo de circulação como 'capital monetário latente'.9
Marx aponta que “esse capital monetário latente pode no intervalo [antes do reinvestimento – FC]
existir na forma real de dinheiro que gera dinheiro, por exemplo, como depósitos com juros em um
banco, letras de câmbio ou títulos de
um tipo ou outro', acrescentando que esta análise 'não pertence aqui' (ou seja, em
Volume II).10 Lucros não reinvestidos podem reter a forma de capital monetário latente, de potencial
'capital como mercadoria', por mais do que simplesmente curtos períodos. Como comecei a
argumentar e traçar historicamente no Capítulo 2 para o período pós-guerra, “a acumulação de
capital na forma de capital monetário emprestável” pode se tornar
distinta e não coincidente, como escreve Marx, “com a acumulação real, isto é,
a expansão do processo de reprodução'. Isso ocorre pela simples razão de que “a transformação do
dinheiro em capital monetário para empréstimo é uma questão muito mais simples do que a
transformação do dinheiro em capital produtivo”.11
Não é apenas o entesouramento dos lucros industriais que alimenta o crescimento da
capital remunerado. O poder dos bancos (e hoje dos fundos) também se baseia
em sua capacidade de centralizar o dinheiro proveniente do aluguel da terra e da poupança dos
trabalhadores. Muito antes da criação de esquemas de aposentadoria baseados no mercado e
poupanças confiadas a bancos, fundos de pensão e fundos mútuos e companhias de seguros, Marx
observou que “pequenas quantias, cada uma delas incapaz de atuar na qualidade de capital
monetário, fundem-se em grandes massas e
Barbour 1966.
7 8 De Brunhoff 1973, p. 116. Aqui ela expressa uma posição diferente de Harvey (1982, p. 283), que
fala apenas de um processo de circulação centrado no sistema de crédito.
9 Marx 1978, Vol. II, Capítulo 2, p. 158.
10 Marx 1978, Vol. II, Capítulo 2, p. 164.
11 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 31, p. 626.
Machine Translated by Google
70 Capítulo 3
formam assim um poder monetário'.12 Finalmente, à medida que a dívida do governo cresce, a probabilidade
que a acumulação de capital que rende juros não coincidirá com
acumulação' aumenta continuamente. No trecho colocado no Quadro 3.1, Marx lista uma série de maneiras
pelas quais isso estava acontecendo em seu tempo, incluindo especulações sobre quedas de preços na
dívida do governo e nas taxas de juros.
Caixa 3.1: A acumulação de capital emprestável como forma separada
O desenvolvimento do sistema de crédito e a tremenda concentração do negócio de empréstimo de
dinheiro nas mãos dos grandes bancos já deve acelerar por si só
a acumulação de capital emprestável, como forma separada da acumulação genuína. Este rápido
desenvolvimento do capital de empréstimo é, portanto, o resultado da acumulação genuína. . . e o lucro
que constitui a fonte de acumulação para esses capitalistas monetários é simplesmente uma dedução da
mais-valia que os agentes reprodutores extraem (assim como uma apropriação de parte dos juros da
poupança
dos outros). O capital de empréstimo se acumula à custa dos capitalistas industriais e comerciais. . . .
Nas fases ruins do ciclo industrial, a taxa de juros
pode subir tão alto que temporariamente engole os lucros inteiramente para algumas filiais
de negócios, particularmente aqueles desfavoravelmente localizados.
Ao mesmo tempo, os preços dos papéis do governo e outros títulos caem. Este é o momento em que
os capitalistas monetários compram este papel desvalorizado em grande escala, pois em breve ele
voltará a subir nas fases posteriores, e até mesmo subirá acima do normal.
nível. Eles vão então vendê-lo, apropriando-se assim de uma parte do capital monetário do público. Os
títulos que não são vendidos rendem juros mais altos, pois foram
comprados abaixo do preço. . . . Se a taxa de juros for baixa, essa desvalorização do dinheiro
o capital recai principalmente sobre os depositantes e não sobre os bancos.
No que diz respeito à acumulação monetária das restantes classes de capitalistas, . . .consideraremos
simplesmente a parcela colocada no mercado como capital monetário para empréstimo. . . . Aqui temos
primeiramente a seção de lucro que não é
gasto como receita, sendo antes destinado à acumulação, mas para o qual os capitalistas industriais
envolvidos não têm nenhum emprego imediato para seus próprios negócios. . . . Sua quantidade aumenta
com o volume do próprio capital, mesmo com uma taxa de lucro decrescente. . . .[I] constitui capital de
empréstimo como um depósito com o banqueiro. . . . Com o desenvolvimento do sistema de crédito e sua
organização, o aumento da receita, ou seja, do consumo dos capitalistas industriais e comerciais, é
12 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 25, p. 529. Marx enfatiza que 'esta coleção de pequenos
Os montantes, como uma função particular do sistema bancário, devem ser distinguidos das funções dos
bancos como intermediários entre os capitalistas monetários reais e os tomadores de empréstimos.
capital que rende juros na atual centralização 71
expressa como uma acumulação de capital de empréstimo. E isso vale para todas as receitas, na medida
em que são consumidas apenas gradualmente – ou seja, a renda da terra, as formas mais elevadas de
salário, os rendimentos das classes improdutivas, etc. Todos estes assumem por um tempo
sob a forma de receita monetária e podem, portanto, ser convertidos em depósitos e, assim,
em capital de empréstimo. 13
Os fundamentos sistêmicos da acumulação contemporânea de 'capital monetário emprestável' como um
processo distinto ('acumulação financeira propriamente dita') repousam em mecanismos institucionais ainda
incipientes na época de Marx, mas agora extremamente poderosos (poupança forçada de trabalhadores em
aposentadoria dependente do mercado financeiro).
regimes) e sobre a globalização financeira. Hoje, a quantidade de dinheiro que toma a forma de “capital como
mercadoria” se origina nos processos que remontam aos anos 1960 e 1970 discutidos no Capítulo 2. É
alimentado pelo serviço da dívida do governo em vários países, o jogo em termos keynesianos de o declínio
a propensão marginal a consumir das faixas de alta renda, a acumulação de rendas e mais-valias em fundos
soberanos do Oriente Médio e da Ásia e, à medida que a acumulação vacila, por lucros corporativos não
reinvestidos. O resultado é global
'pletora de capital' expressando 'nada mais do que as barreiras do capitalismo
produção' em uma escala que Marx, é claro, não poderia ter previsto.14
1.2 Crédito e Dívida como Criando Relacionamentos Diferentes
Na época em que escreveu Limits to Capital, Harvey ainda defendia “a necessidade do capitalista do dinheiro
como um poder independente em relação ao industrial”.
capital'. Dado que 'capitalistas de dinheiro absorvem em vez de gerar excedentes
valor, podemos nos perguntar por que o capitalismo tolera esses parasitas aparentes'.15
A razão, de acordo com Harvey, é que “o capital que rende juros desempenha certas funções vitais e,
portanto, a acumulação de capital requer que
capitalistas do dinheiro alcançam e se afirmam ativamente como um poder externo
13 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 31, pp. 634-5.
14 'A abundância de capital monetário emprestável não prova nada mais do que as barreiras da produção
capitalista . A fraude de crédito resultante demonstra que não há obstáculo positivo ao uso desse
excesso de capital. Mas há um obstáculo criado por sua
próprias leis de valorização, pelas barreiras dentro das quais o capital pode se valorizar como
capital” (Marx 1981, Vol. III, Capítulo 32, p. 639).
15 Harvey 1982, p. 261. Lembre-se do modo como Marx fala no final de O Capital, vol. III, Capítulo 33
dos 'supostamente bancos nacionais e dos grandes negociantes de dinheiro' como 'uma classe de parasitas [tendo]
um poder fabuloso não só para dizimar periodicamente os capitalistas industriais, mas também para
interferem mais perigosamente na produção” (Marx 1981, Vol. III, pp. 678-9).
Machine Translated by Google
72 Capítulo 3
e independente dos processos de produção reais'.16 Harvey lista as funções vitais do
funcionamento do sistema de crédito e a distribuição de 'o
capital comum da classe» em «seis rubricas principais»17, nomeadamente (1) o seu papel
na mobilização do dinheiro como capital; (2) sua eficiência na promoção de
circulação monetária e na economia de custos de transação; (3) seu papel na formação e
circulação do capital fixo; (4) sua capacidade de 'criar capital fictício na forma de fluxos de
capital monetário não apoiados por nenhuma transação de mercadorias', flui 'antecipando o
trabalho futuro como um contravalor' destinado a ser 'subseqüentemente realizado na forma
de valor real' ; (5) o papel que pode desempenhar na equalização da taxa de lucro; (6)
finalmente, a centralização do capital, distinguida por Marx da mobilização do dinheiro. Até que
ponto essas funções foram desempenhadas pelos bancos, em vez de serem deixadas para as
mercados e o grau em que a criação de crédito sustentava o capital industrial diferiam de país
para país. São questões de estudo histórico e são abordadas de várias maneiras nos capítulos
posteriores. No entanto, tomando a análise de Harvey
como ponto de partida, com diferenças ainda existentes entre os países,
a liberalização e a globalização provocaram o que chamo no Capítulo 8 de degeneração do
sistema de crédito.
Crédito e dívida são geralmente apresentados como os dois lados de uma única relação.
Defendo que o termo crédito deve ser usado apenas para: (1) adiantamentos de
dinheiro feito pelos bancos para facilitar ou 'lubrificar' a realização do ciclo de acumulação
completo (MCPC'-M'); e (2) para empréstimos, seja por bancos ou por
mercados de títulos industriais, em apoio à reprodução estendida. O termo dívida deve ser
usado para designar as relações credor-devedor que ou nunca estiveram relacionadas com a
criação de mais-valia, mas apenas com a sua apropriação, ou que deixaram de incluir ou
apoiar estreitamente o processo de valorização produtiva.
Os adiantamentos de dinheiro em M e M' envolvem ipso facto a criação de dinheiro de
crédito pelos bancos. Empréstimos para apoio à reprodução ampliada dependem, em uma
parte muito pequena, da 'intermediação' bancária, por exemplo, colocando 'poupanças' à disposição de
empresas para investimento. A maior parte desses empréstimos envolve a abertura de linhas
de crédito a empresas e a criação da forma particular de capital fictício
discutido no Capítulo 7. Os empréstimos podem ter vencimentos diferentes. Seu objetivo é a
produção de valor e excedente que, uma vez realizados com sucesso, permitem o pagamento
e a liquidação da dívida pelas empresas. Exceto em momentos de crise econômica, não
haverá reagendamento. As empresas não permanecerão devedoras por muito tempo. Isso
raramente foi verdade para os governos. A experiência é a de endurecido se
16 Ibid.
17 Ibid.
capital que rende juros na atual centralização 73
relações não permanentes de subordinação aquém da verdadeira inadimplência assim que
governos devedores são obrigados a fazer novos empréstimos para pagar juros e
reembolsar o principal nas datas de resgate. Este pode ser o caso, como por exemplo no
Brasil hoje, mesmo quando os títulos do governo são mantidos internamente. Interesses
financeiros precisos são sempre partes dessa relação. Marx observou o caminho
em que durante a Monarquia de Julho,
a facção da burguesia que governava e legislava por meio das Câmaras tinha interesse
direto no endividamento do Estado. o
o déficit estatal era realmente o principal objeto de sua especulação e a principal fonte
de seu enriquecimento. No final de cada ano um novo déficit. Após o decurso de quatro
ou cinco anos, um novo empréstimo. E cada novo empréstimo oferecia novos
oportunidades para a aristocracia financeira fraudar o Estado, o que
foi mantida artificialmente à beira da falência – teve que negociar com
os banqueiros nas condições mais desfavoráveis.18
Conforme discutido no Capítulo 2, os países em desenvolvimento foram os primeiros a cair na armadilha
depois de 1982 em relações desse tipo, com o reescalonamento da dívida permitindo que
credores liderados pelo FMI e pelo Banco Mundial interfiram em seus assuntos internos e
imponham 'ajuste estrutural'. No contexto do capitalismo mundial do início do século XXI, este
é agora o caso dos países classificados como países industrializados. Hoje as relações são
globais e sistêmicas. Hoje os balanços de muitos bancos e fundos dependem da segurança,
mas também da permanência dos fluxos de juros enraizados na mais-valia criada pela dívida
pública. Os 'homens de preto' da UE, do BCE e do FMI estão lá para garantir isso. Um estado
de endividamento permanente também pode ser experimentado pelas famílias sob a forma de
hipoteca e crédito ao consumo. Hoje, quando contratado pelas camadas mais pobres dos
trabalhadores, esse endividamento assume novamente o caráter de
usura (nível de pagamento de juros e ameaça permanente de execução por bancos ou
agiotas). O capital financeiro colocou os trabalhadores em uma situação em que eles enfrentam
o capital simultaneamente como trabalhadores em suas fábricas e escritórios e como devedores
em sua vida cotidiana.
1.3 A Natureza dos Lucros Financeiros
Nos sistemas contabilísticos nacionais, os lucros financeiros referem-se aos lucros dos
"corporações", uma das quais são bancos, hoje conglomerados financeiros diversificados. A
participação das corporações financeiras nos lucros totais cresceu de 15% para 20% em
no final da década de 1980 para 40% às vésperas da crise de 2007-8. A Revisão Mensal tem
18 Marx 1850, Capítulo 1, ênfase original.
Machine Translated
74 by Google Capítulo 3
consistentemente chamou a atenção para esses números, mas permaneceu bastante vago sobre
as fontes e a natureza desses lucros. No entanto, outros marxistas anglófonos
empenharam-se num debate vivo sobre este assunto. Como resultado dos desenvolvimentos que
serão discutidos no Capítulo 7, o sistema bancário contemporâneo, sem dúvida, ultrapassou
significativamente o negócio tradicional de administrar depósitos para
público em geral, fornecendo crédito comercial e concedendo empréstimos a empresas através da
criação de crédito e auferindo juros sobre essas operações.
a negociação de ativos financeiros, seja por conta de clientes ou por conta própria do banco
(negociação proprietária), juntamente com serviços para grandes corporações e governos, agora
formam uma parte muito importante dos lucros dos grandes bancos. A análise minuciosa dos bancos
europeus preparados para o
A Comissão20 identifica os bancos que se dedicam mais ao negócio tradicional da banca comercial
e os bancos, nomeadamente as grandes instituições internacionalizadas, onde os lucros dependem
da dimensão das operações de negociação. O mesmo
A divisão se mantém nos EUA entre os pequenos bancos estatais e os conglomerados financeiros
gigantes de Wall Street. A questão é como relacionar todos esses desenvolvimentos
à teoria do juro como divisão da mais-valia21 e, mais geralmente, à teoria do valor-trabalho.
A componente central do lucro bancário baseava-se tradicionalmente nos juros dos empréstimos
(crédito comercial e crédito industrial) e era determinada pela
grau de alavancagem, a escala do crédito criado na proporção do banco
capital próprio (patrimônio líquido) e os títulos de alta liquidez em sua posse.22
A 'negociação proprietária' regular e contínua se desenvolve a partir da década de 1980.
Os juros são o núcleo do lucro financeiro.
O primeiro ponto em debate diz respeito à natureza do que hoje se denomina
lucros bancários "sem juros". Esses lucros provêm de taxas e comissões, que incluem, no caso de
serviços a empresas industriais, câmbio, banco de investimento e organização de fusões e aquisições,
e, no caso de
de serviços para famílias ricas, corretagem, negociação de gestão de patrimônio e
gestão de fundos mútuos e de seguros para clientes. O crescimento
dessas fontes é um dos fatores que explicam o aumento dos lucros financeiros registrados nas
contas nacionais. Visto do ponto de vista da apropriação
19 Dos Santos 2009, pág. 183.
20 Liikanen 2012, p. 37.
21 Marx 1981, Vol. III, pág. 480.
22 O termo aparece no final da história capitalista, 'o substantivo alavancagem no mercado financeiro
sentido é atestado em 1937 e o verbo no inglês americano em 1957'. http://www.thesaurus
.com/browse/leverage.
capital que rende juros na atual centralização 75
de mais-valia, estas várias comissões e comissões pagas aos bancos pelas empresas e famílias de
escalão elevado enquadram-se claramente na rubrica de juros.
O segundo ponto diz respeito aos "lucros" da especulação. Aqui deve-se simplesmente
Siga Hilferding:
Os ganhos ou perdas especulativos surgem apenas de variações nas avaliações atuais dos
créditos sobre juros. Não são lucro, nem partes de mais-valia. . . São ganhos marginais puros.
Enquanto a classe capitalista como um todo se apropria de uma parte do trabalho do
proletariado sem dar
qualquer coisa em troca, os especuladores ganham apenas uns com os outros. A perda de um é
o ganho do outro. 'Les affaires, c'est l'argent des autres'.23
Um está na presença de um processo de divisão e re-divisão de
criação de mais-valia para a qual o termo 'lucros fictícios', usado pelos
economistas, é apropriado.24 Ou ainda os chamados 'lucros duvidosos' por
Duménil e Lévy.25 O que é novo é que, devido à escala alcançada por tais
transações em 2007, a 'perda para outros' significou a falência do Bear Stearns e do Lehman Brothers
(os processos são discutidos abaixo no Capítulo 8).
Lapavitsas de maneira detalhada26 e Guillen27 discutiram mais brevemente a relevância
contemporânea da teoria de Hilferding do lucro do 'promotor' ou 'fundador' em relação à negociação
proprietária por bancos de investimento em ações de empresas para as quais organizaram a emissão
de novas ações ou engenharia de fusões e aquisições. Aqui, novamente, não há criação, mas apenas
uma distribuição diferente da mais-valia.
O terceiro ponto sobre o qual houve um forte confronto de posições entre os economistas
anglófonos diz respeito – para usar os termos de Lapavitsas e Dos Santos – aos “modos
historicamente novos e exploradores de apropriação da renda assegurada independentemente dos
assalariados”. modos de apropriação são o resultado de “significativas derrotas de classe sofridas
pela classe trabalhadora”.
movimento'. A primeira questão diz respeito à novidade deste modo. No Capítulo 36
23 Hilferding 1910, Capítulo 8. Sobre este ponto, ver também Pollin 1996 que corretamente define os lucros
financeiros das transações de mercado como uma redistribuição dentro da classe capitalista – um
jogo de soma zero que resulta em nenhum lucro das transações financeiras para a economia como
um todo.
24 Carcanholo e Nakatani 2007; Sabadini 2008; Carcanholo e Sabadini 2008.
25 Duménil e Lévy 2011, p. 8.
26 Lapavitsas 2013, pp. 57–8.
27 Guillen 2013, p. 15.
28 Lapavitsas e Dos Santos 2008.
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76
by Google Capítulo 3
do Volume III do Capital, Marx usa o termo exploração secundária a partir
com rendas pagas aos senhorios: «o arrendamento de casas, etc., para consumo individual. É bastante
claro que a classe trabalhadora também é enganada desta forma, e em grande medida, mas isso
também é feito pelo pequeno comerciante, que fornece aos trabalhadores meios de subsistência. Esta é
a exploração secundária, que
procede ao lado da exploração original que ocorre diretamente dentro
o próprio processo de produção». Depois, há a questão da generalidade. Hoje em
especialmente nos Estados Unidos, juros e taxas sobre hipotecas, cartões de crédito, empréstimos
estudantis, etc., são um componente dos lucros das sociedades financeiras e respondem por parte de
seu aumento. Iren Levina defende a posição de Lapavitsas de que o crédito às famílias é qualitativamente
diferente do crédito às empresas industriais e
capitalistas comerciais e representa um restabelecimento de poderes essencialmente usurários.
Com um sistema totalmente privatizado em mente, ela escreve que 'as famílias adotam a perspectiva
dos valores de uso para garantir o acesso às necessidades básicas, como moradia, educação, saúde e
bens de consumo, enquanto as empresas tomam emprestado
do ponto de vista do valor para embarcar em um circuito de capital e extrair mais-valia'.30
No entanto, a explosão do crédito ao consumidor e dos empréstimos estudantis permanece bastante
específica para os EUA e para os países que adotaram o mesmo modelo.
O relatório Liikanen sobre os bancos europeus constatou que, desde 1999, a relativa
importância dos 'empréstimos a clientes' (empréstimos a particulares para crédito à habitação e crédito
ao consumo agrupados com empréstimos a sociedades não financeiras) diminuiu regularmente e de
forma particularmente rápida após 2008. No caso do Reino Unido, a
a proporção desses empréstimos em relação aos ativos totais das sociedades financeiras caiu para 4%
e para 10% na Alemanha e na França.31 A crescente privatização da saúde e da educação nos países
da UE corresponde certamente a derrotas
sofrida pela classe trabalhadora e ao ressurgimento da 'exploração secundária' em uma escala que não
conhecia desde a década de 1930. A noção de relações usurárias
é certamente aplicável em alguns países capitalistas avançados no que diz respeito à
camadas mais pobres e frágeis da classe trabalhadora, como foi o caso da
A crise das hipotecas subprime nos EUA discutida em capítulos posteriores. A questão levantada
29 Lapavitsas 2009, p. 132.
30 Levina 2012 vê esta posição como sendo 'em linha com a distinção de Adam Smith entre
empréstimos para produção e consumo. Para ele, o empréstimo para a produção permite que o
tomador “tanto restitua o capital, quanto pague os juros, sem alienar ou invadir qualquer outra
fonte de receita”, enquanto o empréstimo para consumo pode
“nem restituir o capital nem pagar os juros, sem alienar ou usurpar
sobre alguma outra fonte de receita”'.
31 Liikanen 2012, p. 15, gráfico 2.3.9.
capital que rende juros na atual centralização 77
corretamente por Norfield é a relação de 'dupla exploração' com o trabalho a teoria do valor. Os juros
pagos aos bancos pelos assalariados devem representar
uma redução do valor da força de trabalho ou ser uma dedução feita pelos bancos
dos lucros dos capitalistas produtivos.32 É claramente o primeiro. Vale a pena
lembrando que Rosa Luxemburgo abordou uma questão semelhante em relação aos
tributação. Ela escreve:
A tributação [indireta] significa que parte do poder de compra da classe trabalhadora é transferida
para o Estado. Agora, como antes, o capital variável, como uma quantia fixa de dinheiro, colocará
em movimento uma quantidade apropriada
de trabalho vivo, ou seja, serve para empregar a quantidade adequada de capital constante na
produção e para produzir o
quantidade de mais-valia. Assim que o capital completa esse ciclo, ele se divide entre a classe
trabalhadora e o Estado: os trabalhadores se rendem
o Estado parte do dinheiro que recebiam como salário. O capital tem totalmente
apropriou-se do antigo capital variável em sua forma material, como força de trabalho, mas a
classe trabalhadora retém apenas parte do capital variável em
a forma de dinheiro, o estado reivindicando o resto.33
A tributação é assim analisada por Rosa Luxemburgo como uma imposição sobre o valor da força de
trabalho, uma redução do nível dos salários. Isso se aplica à dívida das famílias em todas as suas
formas. A taxa é feita pelos bancos e é um componente de seus lucros. Só pode ser uma pequena,
senão uma fração diminuta, e não pode se tornar, como se sonhava
pelas corporações financeiras no período até 2008, um canal regular de apropriação de mais-valia que
as inovações financeiras discutidas no Capítulo 8 podem permitir.
32 A crítica completa de Norfield é a seguinte: “O argumento contra a noção de que as finanças exploram a
classe trabalhadora tomando uma parte dos salários pode ser colocado de forma simples. Se uma fonte
do lucro financeiro é um corte da renda dos trabalhadores, em pagamentos de juros, taxas, etc., então
há duas implicações alternativas. Ou isso implica que os trabalhadores estão recebendo um
renda líquida abaixo do valor da força de trabalho, uma vez contabilizadas essas deduções, ou
essas deduções fazem parte do valor da força de trabalho, pagando o “socialmente necessário”
bens e serviços, alguns dos quais são entregues a crédito. No primeiro caso, quando tal
se as deduções fossem persistentes, isso implicaria que havia um valor mais baixo da força de
trabalho do que o contrário. Mas, com o tempo, esse nível mais baixo se tornaria a nova norma. No
último caso, se os trabalhadores não estão sendo pagos abaixo do valor da força de trabalho, então o custo
do crédito ao consumidor, hipotecas, etc., é uma parte dos salários regulares que os trabalhadores recebem.
Em nenhum dos casos há uma “exploração financeira” sistemática dos trabalhadores. Em vez
disso, os lucros financeiros são uma dedução dos lucros dos capitalistas produtivos” (Norfield 2014).
33 Luxemburgo 1913, Capítulo 32.
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78 Capítulo 3
2 Capital que rende juros: exterioridade à produção e o embaçamento
de Linhas entre Lucro e Juros
2.1 'Capital-como-propriedade' e 'Capital-como-função'
A próxima noção que deve ser revisitada ao abordar a financeirização é a distinção que Marx faz
entre "capital-como-propriedade" e "capital-como função". O que Marx chama de 'divisão
qualitativa' em algumas passagens refere-se de fato a duas situações. A primeira diz respeito ao
status econômico de capitalistas 'passivos' e 'ativos', por exemplo, credores e tomadores de
capital monetário. Lapavitsas
argumenta que as implicações rentistas dessa oposição, sobre as quais ele tem reservas, são
uma dimensão de uma crítica aos rentistas que Marx compartilha com Adam Smith e Ricardo.
Posteriormente, foi retomado por Keynes quando ele defendeu a eutanásia do rentista definido
como o 'investidor sem função' em um contexto de domínio do mercado de ações. Quando o
dinheiro ocioso é centralizado em grande parte
pelos bancos, a questão é avaliar se o padrão de alocação de crédito, por exemplo, a política
bancária, é moldado pelas prioridades específicas dos proprietários do capital monetário. -como-
função' resultante do crescimento de ações conjuntas
empresas e assim o surgimento de acionistas e gestores como grupos distintos. As “sociedades
por ações”, observou Marx, “têm uma tendência crescente de separar o trabalho da administração
em função da propriedade do capital”.35
De fato,
[o] modo de produção capitalista trouxe as coisas a um ponto em que o trabalho de
superintendência, totalmente divorciado da propriedade de
capital, é sempre facilmente obtido. Tornou-se, portanto, inútil
para o capitalista realizá-lo ele mesmo. Um maestro de orquestra não precisa
possuir os instrumentos de sua orquestra, nem está dentro do escopo de suas funções
como regente ter qualquer coisa a ver com os 'salários' dos outros
músicos.36
O dividendo e os juros acumulados para os acionistas e credores das empresas “dependem do
grau de esforço que tal exploração exige, e que ele pode transferir para um gerente mediante
remuneração moderada. Depois de cada crise há o suficiente
ex-fabricantes nos distritos fabris ingleses que irão supervisionar, por baixo
34 Epstein e Jayadev 2005.
35 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 23, p. 386.
36 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 23, p. 385. Baronian e Pierre 2011 elaboram sobre isso.
capital que rende juros na atual centralização 79
salários, que antes eram suas próprias fábricas na qualidade de gerentes de
os novos proprietários, que frequentemente são seus credores'.37
A 'divisão qualitativa', em suas duas abordagens, indubitavelmente influenciou
a oposição contemporânea entre 'más finanças' e 'boa indústria', à qual tem dado importância
um número considerável dos engajados na crítica da financeirização, no caso de alguns autores
no nível macroeconômico38 e de outros no que diz respeito à margem de iniciativa deixada aos
gestores.
A observação de Marx de que o capital portador de juros e dividendos está em uma posição de
'exterioridade' à produção adquiriu significado novamente na atenção prestada
ao 'curto prazo' durante a década de 1990, quando o equilíbrio de poder entre acionistas e
gerentes mudou acentuadamente a favor do primeiro. Voltamos a isso no Capítulo 4.
2.2 O embaçamento das linhas entre lucro e juros
A categoria de juros como forma específica deve ser mantida e de fato desenvolvida em função
do surto do governo e do endividamento das famílias, mas com
em relação às corporações a situação é mais complicada. Parte V do Volume III
de Capital é intitulado 'Divisão de Lucro em Juros e Lucros da Empresa: Capital Remunerado'.
No início da renovação da pesquisa marxista sobre dinheiro
e finanças, no qual desempenhou um papel fundamental, Suzanne de Brunhoff argumentou a
respeito dessa divisão que deveria ser feita uma distinção entre tamanho da empresa e status
corporativo:
Marx indica que não existe uma regra econômica para a distribuição de
mais-valia entre lucro industrial e juros, isto dependendo das relações de poder entre
tomadores e devedores, dada a mudança no ciclo de negócios e a ação do banco central.
A única exceção,
muito importante, é o das sociedades anônimas, onde porque
capital constante (meios materiais de produção) é 'enorme' em relação ao capital variável
(salários), a totalidade dos lucros vai para o capital financeiro na forma de juros.39
Hoje, a facilidade ou dificuldade – se não impossibilidade – de acesso aos mercados de títulos
corporativos de acordo com o tamanho das empresas é o marcador-chave das relações de poder
entre tomadores e credores. Quando grandes corporações emprestam dinheiro
nos mercados de títulos para aumentar os dividendos por meio de recompras de ações, isso envolve
37 Ibid.
38 Stockhammer 2004 e 2008.
39 De Brunhoff 1973, p. 117.
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80
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Capítulo 3
circulação de dinheiro e ativos em favor de um grupo comum de fundos e bancos.
Em seu comentário, Harvey fica um pouco perturbado com a tendência de Marx, à medida que
a análise na Parte V do Volume III se desenrola, em direção a uma definição muito ampla de
juros que se estende muito além da remuneração dos empréstimos:
Uma vez que os donos de dinheiro estão preocupados principalmente em aumentar seu
dinheiro com juros, eles são presumivelmente indiferentes a quem e para quais propósitos
o dinheiro é emprestado, desde que o retorno seja seguro. Isso cria algumas dificuldades,
das quais Marx está ciente, mas deixa de lado por razões bastante plausíveis. Se, em
última análise, todos os pagamentos de juros têm de ser fornecidos direta ou indiretamente
a partir da mais-valia, então a relação crucial a ser examinada é aquela entre o capital que
rende juros e a produção de mais-valia40.
Dado o nível de concentração alcançado hoje, este é agora predominantemente o caso. Como
resultado das profundas mudanças trazidas desde o final da década de 1980 pela liberalização e
a globalização do capital discutidas no Capítulo 1, a
A relação antagônica é, de fato, aquela em que os trabalhadores são colocados em oposição
direta às demandas do capital financeiro in toto. O estado inacabado
dos capítulos sobre capital remunerado, sem dúvida, torna sua leitura
difícil e abre caminho para diferentes interpretações. A definição muito ampla de interesse, que
justifica a observação de Harvey, está no Capítulo 23 do Volume III.
Marx afirma que:
Juro, então, é o lucro líquido, como Ramsay o descreve, gerado pela propriedade do
capital como tal, seja para o mero credor, que permanece fora do processo de reprodução,
ou para o proprietário que emprega seu capital produtivamente. No entanto, não lhe rende
esse lucro líquido na medida em que ele é um capitalista funcional, mas sim como um
capitalista monetário, o emprestador
de seu próprio capital como capital que rende juros para si mesmo como
capitalista. Assim como a transformação do dinheiro e do valor em geral em
capital é o resultado constante do processo de produção capitalista, de modo que sua
existência como capital é da mesma forma o pressuposto constante de
Este processo. Pela sua capacidade de se transformar em meio de produção, comanda
sempre o trabalho não pago e, portanto, transforma o processo de produção e circulação
de mercadorias em produção de mais-valia para seu possuidor. O interesse exprime,
portanto, simplesmente o fato de que o valor em geral – o trabalho objetivado em sua
forma social geral – o valor que assume a forma de meio de produção na realidade
40 Harvey 1982, p. 257.
capital que rende juros na atual centralização 81
processo de produção, confronta a força de trabalho viva como um poder autônomo
e é o meio de apropriação do trabalho não remunerado; e que é esse poder
na medida em que confronta o trabalhador como propriedade de outro.41
Outras passagens contradizem isso, mas hoje devem ser deixadas de lado. Uma é onde Marx
fala sobre a 'ossificação e individualização das duas partes do
o lucro bruto um em relação ao outro, como se fossem provenientes de duas fontes essencialmente
diferentes, [que] agora toma forma firme para toda a classe capitalista e para o capital total. O
lucro de cada capital, e consequentemente também o lucro médio estabelecido pela equalização
dos capitais, divide-se, ou é separado, em duas partes qualitativamente diferentes, mutuamente
independentes e separadamente individualizadas, a saber – juros e lucro da empresa – ambas
as quais são determinados por leis separadas',42 sendo os juros determinados em grande parte
pelo poder
relacionamentos.
3 A teoria do capital fictício
3.1 Capital Fictício: Títulos e Ações
Antes da eclosão da crise financeira em 2007-8, Harvey, Robert Guttmann
(muito apreciadores dessa noção em Marx)43 e Louis Gill44 estavam entre os poucos estudiosos
a explorar a noção de 'capital fictício'. Quando os economistas marxistas usavam o termo, muitas
vezes se limitava a uma simples citação de
Capital: 'a formação de capital fictício é conhecida como capitalização'.45 Antes
avançando a teoria em relação às formas de bens que se desenvolveram na década de 1990, é
preciso começar lendo Marx com atenção. No Capítulo 29 de
Volume III, ele aplica o termo capital fictício a empréstimos do governo e a
ações. (As cotações completas são fornecidas no Quadro 3.2). O primeiro passo é endireitar o
natureza das obrigações e acções, nomeadamente direitos de saque sobre
mais-valia, apropriada no primeiro caso indiretamente através da cobrança de
impostos e o serviço da dívida pública e, no segundo caso, mais diretamente, pela divisão do
lucro entre o que hoje chamamos de retidos
lucros e dividendos. O que os possuidores de títulos e ações veem como 'capital' não é analisável
nesses termos do ponto de vista da acumulação. De fato, a massa de mais-valia apropriada por
títulos e acionistas pode, em
41 Marx 1981, Vol. III, pág. 502.
42 Marx 1981, Vol. III, pág. 498.
43 Guttmann 1994.
44 Gil 1996.
45 Marx 1981, Vol. III, pág. 597.
Machine Translated by Google
82 Capítulo 3
dadas as condições macroeconômicas, afetam negativamente a acumulação. A terceira característica do
capital fictício é a flutuação dos preços dos ativos nas
mercados, daí a possibilidade de especular sobre seu movimento junto com o advento de condições em
que os ativos se tornem invendáveis ou vendáveis apenas em
preços muito baixos ('preços de incêndio', no jargão de hoje).
Caixa 3.2: Capital fictício na forma de governo
títulos e ações
Após a emissão de títulos,
[o] Estado tem que pagar a seus credores uma certa quantia de juros a cada ano pelo capital
emprestado. Neste caso, o credor não pode retirar o seu capital do seu devedor,
mas só pode vender sua pretensão, seu título de propriedade. O próprio capital foi consumido, gasto
pelo Estado. Não existe mais. É capital ilusório e fictício. Isto
não é apenas que a soma emprestada ao Estado já não tem qualquer tipo de existência. Isto
nunca foi projetado para ser gasto como capital, mas apenas sendo investido como capital
poderia ter sido transformado em um valor auto-sustentável. No que diz respeito ao credor original A,
a parte da tributação anual que ele recebe representa juros sobre seu capital, assim como a parte da
riqueza do esbanjador que reverte para o emprestador de dinheiro.46
Quando os mercados de títulos estão funcionando adequadamente,
a possibilidade de vender a nota promissória do Estado representa para A o retorno potencial de seu
principal. Quanto a B, do seu ponto de vista privado, o seu capital
é investido como capital remunerado. Na verdade, ele simplesmente tomou o lugar de A e comprou
ao comprar o direito de A sobre o Estado. Por mais que se multipliquem essas transações, o capital
da dívida nacional permanece puramente fictício, e
no momento em que essas notas promissórias se tornam invendáveis, a ilusão desse capital
desaparece.47
No entanto,
para a pessoa que adquire o título de propriedade, a renda anual de £ 100 representa de fato os
juros sobre seu capital investido a 5%. Desta forma, todas as ligações
46 Marx 1981, Vol. III, pp. 595-6.
47 Marx 1981, Vol. III, pág. 596.
capital que rende juros na atual centralização 83
com o processo real de valorização do capital se perde, até o último traço; confirmando a noção de
que o capital é automaticamente valorizado por seus próprios processos.48
Marx então se volta para ações, estoque industrial. Aqui
este título sem representar um capital puramente ilusório, como no caso de
dívidas nacionais, ainda é pura ilusão. . . . Os estoques de ferrovias, minas, navegação
empresas e similares representam capital real, ou seja, capital investido e funcionando nessas
empresas como capital. . . . Não se exclui de forma alguma que essas ações possam
simplesmente ser uma fraude. Mas este capital não existe duas vezes, uma vez como valor de capital
dos títulos de propriedade (ações) e outra como capital efetivamente investido, ou a ser
investidos, nas empresas em questão. Existe apenas na última forma, e uma parte
nada mais é do que um título de propriedade, pro rata, da mais-valia que esse capital é
perceber. A pode vender esse título para B e B para C. Essas transações não têm
efeito sobre o assunto. A ou B então transformou seu título em capital, mas C transformou seu capital
em mero título de propriedade sobre a mais-valia esperada
deste capital social.49
A natureza fictícia de títulos e ações e sua vulnerabilidade como rendimento
ativos é acentuado pelas transações e flutuações do mercado financeiro.
O movimento independente do valor desses títulos de propriedade, não só de títulos do governo,
mas também de ações, reforça a ilusão de que eles constituem
capital além do capital ou direito a que possam dar título. Tornam-se commodities, tendo seu preço
um movimento específico. . . . Seu valor de mercado recebe uma determinação diferente de seus
valores nominais, sem qualquer alteração na
valor do capital real (mesmo que sua valorização mude). . . .[O] valor de mercado deles flutua com o
nível e a segurança dos recibos aos quais eles dão um título legal. . . . O valor de mercado desses
títulos é em parte especulativo, uma vez que é
determinado não apenas pela receita real, mas também pela receita antecipada calculada
antecipadamente.50
Hoje não se pode seguir Marx completamente quando ele se refere aos empréstimos do governo como
“nunca [tendo sido] destinados a serem gastos como capital”, e quando ele diz que “somente pelo
investimento como capital ele poderia ter sido transformado em um capital”.
48 Marx 1981, Vol. III, pág. 597.
49 Marx 1981, Vol. III, pp. 597-8.
50 Marx 1981, Vol. III, pág. 598.
Machine Translated by Google
84 Capítulo 3
valor de autopreservação» (parágrafo 1 na caixa 3.2). Desde o crescimento da “economia mista” após
a Segunda Guerra Mundial, uma parte dos empréstimos governamentais foi gasta na produção de valor
e mais-valia (empresas industriais estatais antes da sua privatização) e, mais amplamente e mais
importante, nos próximos
apoio ao processo de acumulação (investimento do governo em transporte, sistemas de comunicação,
P&D). Em uma escala muito mais limitada, mesmo depois de
extensa privatização, isso continua sendo verdade hoje, principalmente para a pesquisa básica.
A negociação de títulos e ações baseia-se na capitalização ou desconto de receitas antecipadas.
Como salienta Marx, "as notas promissórias sobre os Estados [podem] tornar-se invendáveis [e] a
ilusão desse capital desaparecer". O mesmo vale para as ações.
Quando os mercados financeiros entram em colapso, então, do ponto de vista dos acionistas, “a
riqueza desaparece no ar”. Mas isso não significa o colapso das relações sociais de produção sobre as
quais os direitos de saque sobre a mais-valia são
fundado. A verdade desse fato é mais notável quando o poder estatal vem em socorro das bolsas de
valores e os governos dão a mais alta prioridade política ao
o pagamento de sua dívida, quaisquer que sejam os efeitos sobre a acumulação e quaisquer que sejam
as consequências sociais.
3.2 Banco Criou Capital Fictício em sua Forma Clássica
A criação de crédito assume duas formas, crédito comercial, emissão de letras de câmbio e outras notas
promissórias e 'crédito bancário', por exemplo, a abertura de
linhas de crédito para empresas industriais. Sobre a primeira, Marx enfatiza que “as letras de câmbio,
até que expirem e sejam devidas a pagamento, circulam como
meios de pagamento e constituem o dinheiro comercial real. Na medida em que, em última análise, eles
se anulam, pelo equilíbrio de reivindicações e
dívidas, elas funcionam absolutamente como dinheiro, embora não haja uma transformação final em
dinheiro propriamente dito”.51 Aqui, “dinheiro propriamente dito” é, claro, ouro, mas o ponto vale para
moeda legal (dinheiro fiduciário).
Empréstimos de apoio à reprodução ampliada sempre se basearam apenas em uma extensão muito
pequena nas operações de bancos que atuavam como "intermediários entre
capitalistas e tomadores de dinheiro reais', por exemplo, colocando a poupança à disposição de
empresas para investimento. Os bancos sempre emprestaram muito mais do que os depósitos feitos
com eles, as economias que coletaram e seu próprio capital próprio.
O 'crédito do banqueiro' implica a criação de crédito de investimento com alguma duração para
capitalistas industriais, nomeadamente a criação de capital fictício.52 Se tudo correr bem,
51 Marx 1981, Vol. III, pág. 525.
52 Como lembra Bellofiore 1998, em seu comentário sobre de Brunhoff, é isso que Schumpeter (1912,
Capítulo 22) denomina criação de crédito ex nihilo . É importante acrescentar que Schumpeter
usou o termo 'fictício' e argumentou que o dinamismo do processo de evolução
capital que rende juros na atual centralização 85
isso representa tal capital em sua forma mais inócua.53 A produção de valor e excedente, uma vez
realizada com sucesso, permitirá ao capital fictício
criado pelo empréstimo a ser liquidado. Excesso de criação de crédito e bolhas de crédito 54
têm sido inerentes ao ciclo de acumulação, bem como à rentabilidade dos
bancos, que sempre dependiam do montante dos juros apropriados em suas
operações e assim por diante a quantidade, mas também o risco dos empréstimos que eles fizeram.
Somente os maiores poderiam ganhar comissões por meio de operações como a busca de capital
necessário para o lançamento de sociedades anônimas. A partir de
A partir de meados do século XIX, as crises de superprodução foram alimentadas por
o que se provou cada vez a posteriori ser uma criação excessiva de crédito para investimento. Os
bancos estiveram no centro da euforia que levou a quebras e crises,
e estas pareciam ser sempre crises financeiras.55
Um ponto importante levantado por Marx é a interconexão entre esta forma de capital fictício e as
outras duas. Títulos e ações são de fato discutidos em
Volume III, Capítulo 29, em relação ao balanço dos bancos. Um fator de
vulnerabilidade específica dos bancos é que parte de seu capital é
investidos nestes chamados títulos que rendem juros. Isso é na verdade
parte do capital de reserva e não funciona na actividade bancária propriamente dita. A parte
mais importante consiste em letras de câmbio, ou seja, promessas de pagamento emitidas por
capitalistas industriais ou comerciantes. O final
parte do capital do banqueiro consiste em suas reservas monetárias em ouro.
Os depósitos, a menos que estejam vinculados por um período mais longo por contrato, estão sempre à
disposição dos depositantes.56
No capitalismo contemporâneo, o processo pelo qual 'com o desenvolvimento da
capital que rende juros e o sistema de crédito, todo capital parece ser duplicado, e em alguns pontos
triplicado, pelas várias maneiras pelas quais o mesmo capital, ou talvez mesmo o mesmo crédito,
aparece em mãos diferentes em diferentes
exigia que os bancos não acumulassem de forma independente e estivessem completamente à
serviço do empresário em seu papel de 'fideicommis das forças produtivas' (Capítulo 3.1).
53 Ver (em francês) Chesnais 2006, pp. 83–6 e Durand 2014, pp. 64–7. De Brunhoff 1997 não é claro
sobre isso em seu artigo no Palgrave Dictionary e, mais geralmente, sobre a relação
entre capital que rende juros e capital fictício. Isso vale também para o Lapavistas 2013,
pág. 29. Ao contrário, Guttmann 1996, pp. 76-7 não hesita.
54 Estes são muitas vezes referidos como 'momentos Minsky', por causa da teorização do autor
das crises financeiras contemporâneas.
55 Veja o título do livro de Kindleberger de 1978, Manias, Panics, and Crashes: A History of
Crises Financeiras.
56 Marx 1981, Vol. III, pp. 599-600.
Machine Translated
86
by Google Capítulo 3
disfarces',57 tomou proporções apenas vagamente imaginadas por Marx. Essas observações estabelecem
as bases para uma análise mais aprofundada no Capítulo 7 de derivativos,
e nos Capítulos 8 e 9 da criação de crédito de alto risco desenvolvida nas décadas de 1990 e 2000.
3.3 O início e o endurecimento do fetichismo do dinheiro
Os principais desenvolvimentos sobre a noção de fetichismo do dinheiro estão no Capítulo 24 do Volume
3 (ver Quadro 3.3), mas a base já está estabelecida no Capítulo 21. Dinheiro
o fetichismo está contido na própria relação pela qual o capitalista proprietário do capital de empréstimo
“aparece simplesmente como vendedor de uma mercadoria e o comprador como comprador de uma
mercadoria”,58 significando que “no caso do capital que rende juros, tudo aparece de forma superficial: o
adiantamento de capital como mera transferência do credor para o devedor; o refluxo do capital realizado
como mera transferência
de volta, um pagamento com juros do devedor ao credor'.59 Apesar do enraizamento do fetichismo do
dinheiro nas transações financeiras básicas, os economistas marxistas deram pouca ou nenhuma atenção
à noção, deixando o campo para os marxistas.
filósofos. Tal como acontece com o capital fictício, eles não se sentem à vontade com a noção de
fetichismo, que não permite uma discussão comum mesmo com a maioria dos economistas heterodoxos.
A única noção remotamente relacionada é a de '
exuberância' desenvolvida fora do marxismo.60 Ainda com a fabulosa expansão
de capital fictício e transações nos mercados financeiros, o fetichismo do dinheiro permeia o capitalismo
contemporâneo. Uma exceção bem-vinda é Harvey em seu Companion to Marx. Ele implora por “um
profundo entendimento interno e subjetivo dos poderes violentos destrutivos e potencialmente destrutivos
do fetiche. Nós
pode, em suma, agora esperar entrar na cabeça do especulador de Wall Street. Mas quem entre nós
pode realmente afirmar que somos imunes à sereia fetichista da pura luxúria por dinheiro. . . Podemos
agora esperar compreender o que entrou em nossa
próprias cabeças também?'61
Caixa 3.3: A forma fetichista do capital
No capital que rende juros, a relação capital atinge seu ponto mais superficial
e forma fetichizada. Aqui temos MMÿ, dinheiro que produz mais dinheiro, valor que se autovaloriza,
sem o processo que medeia os dois extremos. . . . MILÍMETROS.
57 Marx 1981, Vol. III, pág. 601.
58 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 21, p. 463.
59 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 21, p. 478.
60 Shiller 2005.
61 Harvey 2012, p. 172.
capital que rende juros na atual centralização 87
Temos aqui o ponto de partida original do capital, dinheiro na fórmula MCM´,
reduzido aos dois extremos M-M', onde M' = M + ÿM, dinheiro que cria mais
dinheiro. É a fórmula original e geral do capital reduzido a um
abreviação. É o capital em sua forma acabada, a unidade de produção e circulação
processos e, portanto, o capital produzindo uma mais-valia definida em um período específico de
Tempo. Na forma de capital portador de juros, o capital aparece imediatamente nessa forma, não
mediado pelos processos de produção e circulação. O capital aparece como
uma misteriosa e autocriadora fonte de interesse – de seu próprio aumento. A coisa
(dinheiro, mercadoria, valor) já é capital simplesmente como uma coisa, e o capital aparece como
uma mera coisa; o resultado do processo de reprodução global aparece
como propriedade que se desenvolve sobre a coisa em si; cabe ao possuidor de dinheiro, isto é, de
mercadorias em sua forma sempre permutável, se ele quer gastar
este dinheiro como dinheiro ou alugá-lo como capital. No capital que rende juros, portanto, esse
fetiche automático é elaborado em sua forma pura, valor que se autovaloriza, dinheiro gerando
dinheiro, e essa forma não traz mais nenhuma marca de sua origem. A sociedade
a relação se consuma na relação de uma coisa, o dinheiro, consigo mesma. . . . Dinheiro
como tal já é valor potencialmente autovalorizante, e é como tal que se empresta, sendo esta a forma
de venda dessa mercadoria particular. Assim, torna-se tão completamente propriedade do dinheiro
criar valor, render juros, quanto é propriedade de uma pêra.
árvore para dar peras.
Enquanto os juros são apenas uma parte do lucro, ou seja, a mais-valia, extorquida
do trabalhador pelo capitalista em funcionamento, agora aparece inversamente como se o interesse
fosse o fruto específico do capital, a coisa original, enquanto o lucro, agora transformado
na forma de lucro da empresa, aparece como mero acessório e enfeite
adicionados no processo de reprodução. O caráter fetichista do capital e a representação desse
fetiche do capital estão agora completos. Em D-D' temos a forma irracional do capital, a deturpação e
a objetivação das relações de produção, em seu poder máximo: a forma que rende juros, a forma
simples do capital, na qual
é tomado como logicamente anterior ao seu próprio processo de reprodução; a capacidade do
dinheiro, ou uma mercadoria, de valorizar seu próprio valor independentemente da reprodução – o capital
mistificação na forma mais flagrante.
O capital agora é uma coisa, mas a coisa é capital. O corpo do dinheiro está agora possuído pelo
amor. Assim que é emprestado, ou então aplicado no processo de reprodução (na medida
uma vez que rende juros ao capitalista em funcionamento como seu proprietário, separado do lucro de
empresa), os juros incidem sobre ela, não importa se ela está dormindo ou acordada, em casa
ou no exterior, de dia ou de noite.62
62 Marx 1981, Vol. III, pp. 515-17.
Machine Translated by Google
88 Capítulo 3
As manifestações mais espetaculares do fetichismo do dinheiro são, obviamente, as dos
investidores financeiros em geral e dos comerciantes em particular. Houve repetidos
exemplos espetaculares de arrogância de comerciantes associados a nomes individuais.
Mas, mais sistemicamente, toma a forma do que McNally chama de "fetichismo dos
números", ou seja, a crença na confiabilidade do comércio matemático e
modelos de gestão de risco.63 A aspiração do banqueiro e do investidor à autonomia
permeia o capitalismo do século XXI. Mas a autonomia do capital que rende juros e as
formas fictícias de capital que ele assume é necessariamente mas
parcial e temporária. Esta autonomia nunca pode libertar-se de uma
dependência da efetiva produção e realização da mais-valia. Essa dependência é
amparada pelo poder social e político do capital financeiro e pela proteção que recebeu
dos governos. O fetichismo do dinheiro é generalizado. Apoiado por todas as instituições
e mecanismos que financiam nossa existência cotidiana,64 gera um comportamento
político e social conservador em
uma escala que só pode ser quebrada por uma crise econômica e financeira de grande
magnitude. A crise em curso não cumpriu este requisito.
Apêndice 1: A Centralização e Concentração de Capital em
Teoria Marxista
A centralização e concentração muito alta do capital em suas três formas é uma
característica central do capitalismo contemporâneo. Marx desenvolve a inter-relação
noções de centralização e concentração de capital no Volume I de
Capital. Ele retorna à questão fugazmente no Volume III,65 onde Engels acrescenta
alguns parágrafos. Marx estabelece uma distinção clara entre concentração e
centralização, que muitas vezes é ignorada. O termo concentração
refere-se simplesmente à produção capitalista como tal: “todo capital individual é um
maior ou menor concentração de meios de produção, com um comando correspondente
sobre um exército maior ou menor de trabalhadores. No entanto, “não são apenas
acumulação e a concentração que a acompanha espalhadas por muitos
pontos, mas o aumento de cada capital em funcionamento é impedido pela formação de
novos capitais e pela subdivisão dos antigos”. E duas frases depois:
Essa fragmentação do capital social total em muitos capitais individuais ou a
repulsão de suas frações umas das outras é contrariada por sua atração. A atração
de capitais não significa mais a
63 McNally 2011 pp. 108–9.
64 Konings 2010.
65 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 27.
capital que rende juros na atual centralização 89
simples concentração dos meios de produção e do comando sobre o trabalho, que
é idêntica à acumulação. É concentração de
capitais já formados, destruição de sua independência individual,
expropriação de capitalista por capitalista, transformação de muitos pequenos
em poucas grandes capitais. Este processo difere do anterior neste aspecto, pois
pressupõe apenas uma mudança na distribuição dos já disponíveis
e capital já em funcionamento. Seu campo de ação não se limita, portanto,
pelo crescimento absoluto da riqueza social, ou seja, pelos limites absolutos da
acumulação. O capital cresce para uma enorme massa em uma única mão
em um lugar, porque foi perdido por muitos em outro lugar. Isso é a centralização
propriamente dita, distinta da acumulação e da concentração.66
A centralização ocorre por meio de dois mecanismos. A primeira é a concorrência: a
falência e o simples desaparecimento de pequenas empresas como resultado da
concorrência ou sua aquisição e fusão com uma empresa maior. A segunda envolve o
papel das finanças em duas formas, crédito bancário após a centralização do dinheiro do
empréstimo em suas mãos e a formação de sociedades anônimas.
Aqui as passagens relevantes do Volume I são citadas in extenso com acréscimo
ênfase minha em alguns pontos:
A batalha da concorrência é travada pelo barateamento das mercadorias. o
a barateza das mercadorias depende, permanecendo todas as outras circunstâncias
as mesmas, da produtividade do trabalho, e esta depende, por sua vez, da escala
de produção. Portanto, as capitais maiores superam as menores. Isto
será lembrado ainda que, com o desenvolvimento do modo de produção capitalista,
há um aumento no montante mínimo de capital individual necessário para conduzir
um negócio em suas condições normais.
condições. Os capitais menores, portanto, aglomeram-se em esferas de produção
sobre as quais a grande indústria se apoderou apenas esporadicamente ou de
forma incompleta. Aqui a competição se acirra em proporção direta ao número, e
em proporção inversa à magnitude, dos capitais rivais. Sempre termina na ruína de
muitos pequenos capitalistas, cujos capitais passam parcialmente para
nas mãos de seus conquistadores, e parcialmente desaparecem completamente.
Além disso, uma força totalmente nova surge com o desenvolvimento da
produção capitalista: o sistema de crédito. Em suas primeiras etapas,
esse sistema se insinua furtivamente como o humilde assistente da acumulação,
atraindo para as mãos de capitalistas individuais ou associados por meios invisíveis.
encadeia os recursos monetários, que se encontram dispersos em maior ou menor
quantidade pela superfície da sociedade; mas logo se torna um novo e terrível
66 Marx 1976, Vol. I, pp. 776-7.
Machine Translated by Google
90 Capítulo 3
arma na batalha da concorrência e acaba se transformando em um enorme mecanismo
social de centralização de capitais.
. . . Hoje, portanto, a força de atração que une os capitais individuais e a tendência
à centralização são ambas mais fortes do que nunca. Mas se a extensão relativa e a
energia do movimento para a centralização são determinadas, até certo ponto, pela
magnitude da riqueza capitalista e pela superioridade do mecanismo econômico já
alcançado, o avanço da centralização não depende de forma alguma de um resultado
positivo. crescimento da magnitude do capital social. E é isso que distingue a centralização
da concentração, sendo esta última apenas outro nome para a reprodução em escala
ampliada. A centralização pode resultar de uma mera mudança na distribuição de
capitais, a partir de uma simples alteração no agrupamento quantitativo das partes
componentes do capital social. O capital pode crescer em massas poderosas em uma
única mão em um lugar, porque em outros lugares ele foi retirado de muitas mãos
individuais. Em qualquer ramo da indústria, a centralização atingiria seu limite extremo
se todos os capitais individuais
investidos foram fundidos em um único capital. Em uma dada sociedade, esse limite só
seria alcançado quando todo o capital social estivesse unido nas mãos de um único
capitalista ou de uma única empresa capitalista.
A centralização complementa o trabalho de acumulação ao permitir que os
capitalistas industriais ampliem a escala de suas operações. Quer este último
resultado é a consequência da acumulação ou da centralização, quer a centralização
seja realizada pelo método violento de anexação –
onde certos capitais se tornam centros de atração tão preponderantes para outros que
destroem a coesão individual destes e depois
atrair os fragmentos separados para si – ou se a fusão de um
número de capitais já formados ou em formação ocorre
pelo processo mais suave de organização de sociedades anônimas – o
efeito econômico permanece o mesmo.
. . . Mas a acumulação, o aumento gradual do capital pela reprodução
ao passar da forma circular para a espiral, é claramente um procedimento muito lento
em comparação com a centralização, que precisa apenas mudar os agrupamentos
quantitativos das partes constituintes do capital social. o
o mundo ainda estaria sem ferrovias se tivesse de esperar até que a acumulação levasse
alguns capitais individuais suficientemente longe para serem adequados para a
construção de uma ferrovia. A centralização, no entanto, conseguiu isso no cintilante
de um olho, por meio de sociedades anônimas. E enquanto assim a centralização
intensifica e acelera os efeitos da acumulação, ela simultaneamente estende e acelera
essas revoluções na composição técnica.
capital que rende juros na atual centralização 91
de capital que aumentam sua parte constante às custas de sua parte variável, diminuindo
assim a demanda relativa de trabalho.67
O foco da análise nessas passagens é o capital industrial. Marx e Engels colocam forte ênfase
na relação entre centralização e progresso tecnológico. Eles vêem os monopólios como
possíveis trampolins
ao socialismo.
O United Alkali Trust trouxe toda a produção britânica de álcalis para o
mãos de uma única empresa. Os antigos proprietários de mais de trinta
plantas receberam o valor de avaliação de todos os seus estabelecimentos em ações
para um total de cerca de £ 5 milhões, que representa o capital fixo do trust. A direção
técnica continua nas mesmas mãos de antes, mas o controle financeiro está concentrado
nas mãos da direção geral. O capital flutuante, totalizando cerca de £ 1 milhão, foi
oferecido ao público
inscrição. O capital total é, portanto, de £ 6 milhões. Neste ramo, portanto, que constitui
a base de toda a indústria química, a concorrência foi substituída na Inglaterra pelo
monopólio, preparando assim da maneira mais agradável sua futura expropriação por
toda a sociedade, a nação.
No caso do capital remunerado, não é utilizada a distinção entre a sua centralização e a sua
concentração. Marx fala da formação de um
'massa concentrada e organizada [de capital monetário]' que 'colocou-o sob o controle dos
banqueiros como representantes do capital social de uma maneira bem diferente da produção
real'.68 Mas ele não considera o processo de concentração no setor bancário, que só ocorreu
muito mais tarde na Grã-Bretanha.
Hilferding está interessado nas sociedades por ações menos do ponto de vista do
desenvolvimento das forças produtivas do que do ponto de vista da propriedade.
direitos e finanças. Ele se concentra no 'lucro dos fundadores' e dividendos. A distinção entre
concentração e centralização no Capital Financeiro não é clara. Na Parte III, ele examina o que
chama de 'concentração' essencialmente através da análise do poder de mercado e da
precificação monopolista (oligopolista) das mercadorias por cartéis e trustes. É em relação a
essa questão que ele discute a
relação de mão dupla entre a concentração na indústria e a concentração na
bancário. Ele coloca o processo na indústria em primeiro lugar, mas enfatiza no final do
citar o papel coercitivo que os bancos podem desempenhar na concentração industrial.
67 Marx 1976, Vol. I, pp. 777-80.
68 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 22, p. 491.
Machine Translated
92
by Google Capítulo 3
O desenvolvimento da indústria capitalista produz concentração bancária, e esse
sistema bancário concentrado é em si uma força importante.
em atingir o mais alto estágio de concentração capitalista em cartéis e
confianças. . . . Nas relações de dependência mútua entre empresas capitalistas, é a
quantidade de capital que decide principalmente
empresa se tornará dependente da outra. Desde o início, o efeito da cartelização
avançada é que os bancos também amalgamam e
expandir para não se tornar dependente do cartel ou confiança. Nisso
A própria cartelização exige a fusão dos bancos e, inversamente, a fusão dos
bancos exige a cartelização. Por exemplo, vários bancos têm interesse na fusão de
empresas siderúrgicas,
e eles trabalham juntos para realizar essa fusão mesmo contra a vontade de
fabricantes individuais.69
Lenin usa principalmente a palavra 'concentração'. Ele coloca a concentração industrial
no centro de sua análise, postulando que "o enorme crescimento da indústria
e a concentração notavelmente rápida da produção em empresas cada vez maiores é
um dos traços mais característicos do capitalismo”. Lênin então
analisa os dados que coletou principalmente de fontes alemãs, apresentando
entre outras coisas, a primeira análise do que veio a ser conhecido na economia industrial
como "integração vertical". A concentração no setor bancário é examinada apenas
uma vez que foi para a produção industrial. Lenin então retoma essa dimensão com
algum detalhe. Ele observa o alto nível de concentração bancária na França,
citando o Crédit Lyonnais, o Comptoir National e o Société Générale, e
também na Alemanha Deutsche Bank e Disconto-Gesellschaft. Aqui ele usa o termo
'centralização'.
Vemos a rápida expansão de uma estreita rede de canais que cobre todo o país,
centralizando todo o capital e todas as receitas, transformando milhares e milhares
de empresas econômicas dispersas em um único capitalista nacional e depois em
uma economia capitalista mundial. A 'descentralização' que SchuIze-Gaevernitz,
como expoente da
economia política burguesa, de que fala na passagem anteriormente citada,
realmente significa a subordinação a um único centro de um número crescente de
organizações econômicas anteriormente relativamente "independentes", ou melhor, estritamente locais.
unidades. Na realidade é a centralização, a valorização do papel, importância e
poder dos gigantes monopolistas.70
69 Hilferding 1910, Capítulo 14.
70 Lenin 1917, Capítulo 2.
Capítulo 4
As Modalidades Organizacionais de
Capital Financeiro e a Divisão Intra-Corporate de Mais-valia
Este capítulo discute uma série de questões relacionadas com o entrelaçamento de
grandes bancos globais, corporações transnacionais industriais e de serviços e varejistas
gigantes. Também examina uma das dimensões da rivalidade entre empresas, a saber,
entre corporações industriais e grandes varejistas. No trato com os trabalhadores, tanto
como produtores de mais-valia quanto como consumidores ou devedores, o capital
financeiro funciona como um bloco, mas no mercado mundial os oligopólios se comportam
como rivais. O capítulo começa com uma perspectiva histórica muito curta sobre as
relações banco-indústria em quatro grandes países (I). Em seguida, volta-se para a
relação entre capital-como-propriedade e capital-como-função no contexto contemporâneo
de governança corporativa e valor para o acionista seguido de uma discussão sobre os
conselhos de administração interligados no capitalismo globalizado (II). Retomando a
ideia de que grandes bancos e corporações industriais representam diferenças dentro do
capital financeiro, são dados exemplos de envolvimento de transnacionais
em operações financeiras e de bancos de investimento em operações não financeiras
(III). O capítulo então aborda a questão dos “lucros da circulação”. Argumenta que a
noção decisiva é a divisão intercapitalista da mais-valia total produzida no processo de
exploração. A quantidade de excedente total produzido por firmas industriais que
comerciantes de commodities e grandes firmas varejistas conseguem embolsar depende
obviamente de sua capacidade de explorar seus próprios empregados e trabalhadores,
mas é determinado de forma mais decisiva no equilíbrio do poder oligopolista e
monopsônico ao longo do circuito do capitalismo. produção e realização de valor e mais-
valia (IV). Uma breve discussão sobre recursos naturais e renda do petróleo encerra o
capítulo (V).
1 Uma Breve Perspectiva Histórica sobre a Relação Banco-Indústria
A centralização do capital monetário como "massa concentrada e organizada colocou o
controle dos banqueiros como representantes do capital social de maneira bastante
diferente da produção real",1 levantando a questão das relações entre
1 Marx 1981, Vol. III, Capítulo 22, p. 491.
Machine Translated by Google
94 Capítulo 4
bancos e empresas industriais. No caso das pequenas e médias empresas, a situação sempre
foi a de uma dependência que implica uma estreita sujeição do crédito para investimento ao
escrutínio dos bancos. Houve períodos bastante longos durante
em que essa relação funcionou bem nos países capitalistas avançados, sendo uma parte do
sistema bancário composta por pequenas entidades. Voltamos a isso no Capítulo 8. Aqui nos
preocupamos com a questão das relações entre grandes bancos e grandes corporações
industriais no contexto da centralização/concentração do capital monetário e da concentração
do capital industrial. Arrisco uma caracterização grosseira no final do século XIX para os quatro
principais países capitalistas.
1.1 Alemanha: a 'unificação do capital' e uma forte influência bancária na
indústria
A história da indústria alemã é a de acionistas estáveis e concentrados liderados
pelos bancos. Em uma passagem frequentemente citada de Finance Capital, Hilferding resume
sua análise do efeito combinado da concentração no setor bancário e na indústria
dizendo que o capital financeiro 'significa a unificação do capital'. é colocado
sob a hegemonia dos bancos e compreende um alto grau de controle sobre os industriais, um
envolvimento na gestão. ações de sua propriedade levam-nos a 'estabelecer uma supervisão
permanente dos negócios das empresas, o que é melhor
feito mediante a garantia de representação no conselho de administração». Os bancos tentam 'trabalhar
com o maior número de empresas possível e, ao mesmo tempo, estar representada
em seus conselhos de administração. A propriedade de ações permite ao banco impor seus
representantes mesmo às corporações que inicialmente resistiram. Desta forma, surge uma
tendência para os bancos acumularem tais diretorias'.
A 'união pessoal' também assume a forma de participação dos industriais nos conselhos
de outras corporações. O seu objectivo é «estabelecer relações comerciais entre os
empresas envolvidas. Assim, o representante de uma empresa de ferro que faz parte do
conselho de administração de uma mina tem como objetivo garantir que sua empresa obtenha
carvão dessa mina. Esse tipo de união pessoal, que envolve também a acumulação de cargos
em conselhos de administração nas mãos de um pequeno grupo de grandes capitalistas, torna-
se importante quando é precursor ou promotor de vínculos organizacionais mais estreitos entre
corporações que antes eram independentes um do outro'. Esses vínculos podem ser de
integração vertical ou horizontal por meio de fusões para formar uma empresa maior ou de
formação de cartel. Claro que também existem vantagens pessoais: como 'membro do conselho
de administração, o grande acionista recebe uma parte do lucro na forma de bônus' e também
pode
2 Hilferding 1910, Capítulo 14.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 95
'usar seu conhecimento interno dos negócios da empresa para especulação em ações, ou para
outras transações comerciais. Surge um círculo de pessoas que, graças à sua
recursos de capital próprios ou ao poder concentrado do capital externo que representam (no
caso de diretores de bancos), tornam-se membros dos conselhos de administração de inúmeras
sociedades”.3
A pesquisa histórica comparativa sobre propriedade e controle corporativo tem
confirmou amplamente a existência dessas relações na Alemanha. Primeiro, a partir da década
de 1880, o importante papel dos bancos na expansão das sociedades anônimas ou sociedades
de responsabilidade limitada (Aktiengesellschaft ou AG); segundo, a “crescente cooperação e
integração entre empresas que levou a participação cruzada, comunidade de interesses e
grupos corporativos”.
maioria das empresas, acionistas majoritários e seus representantes tinham 'principal
controle e os gerentes detinham o status de funcionários líderes. Houve exceções notáveis, no
entanto, cujos nomes personificam a indústria pesada alemã.
Eles são onde a equidade familiar pessoal em escala suficiente em combinação com a
autoridade pessoal permitiu 'como Krupp, Thyssen, Stinnes, Wolfff,
Stumm, Klökner, Siemens e Bosch para manter um controle sólido de suas preocupações'. A
formação de cartéis na virada do século XX é bem
documentado. Após a Segunda Guerra Mundial, estes foram desmantelados, mas as relações
particulares entre grandes bancos e grandes corporações sobreviveram
e só começou a ser erodido quando alguns dos principais bancos, notadamente o Deutsche
Bank, tornaram-se conglomerados de serviços financeiros globalizados, juntamente com outros
grandes "bancos universais" europeus. O modesto papel do mercado de ações na governança
das corporações alemãs é atestado ao analisar a capitalização como porcentagem do PIB: 38%
no período 1990-2005 em comparação com 113%
para os EUA e 132% para o Reino Unido. As participações acionárias cruzadas entre bancos,
seguradoras e corporações industriais impediram aquisições hostis até o caso Mannesmann-
Vodafone.5 Nos anos 2000, as corporações alemãs ainda desfrutavam das vantagens do que
Porter chamou de 'proprietário permanente' e
capital'.6
1.2 Money Trusts como a Forma Americana de Capital Financeiro
As corporações americanas nas indústrias, mineração e ferrovias eram grandes desde o início
e se tornaram cada vez maiores com a concentração. As fusões entre empresas de médio porte
começaram cedo, na virada do século XX.7 A década de 1890
3 Ibid.
4 Fohlin 2005, p. 225.
5 Onetti e Pisoni 2009.
6 Porteiro 1992.
7 Ver Roy 1997.
Machine Translated by Google
96 Capítulo 4
Sherman e 1914 Clayton Antitrust Acts criaram, em princípio, a base para a ação antitruste contra
corporações na produção e transporte, mas seus
a redação era vaga o suficiente para dar aos tribunais uma margem de manobra considerável em sua
interpretação, enquanto o recurso à legislação dependia da Administração.8
A concentração na indústria foi paralela à dos bancos. Um entrelaçamento dos dois desenvolveu-se a
partir da década de 1890 na forma de 'money trusts', com JP Morgan and Company, mas também com
os proprietários da família Rockefeller da Standard
Petróleo, no núcleo. O Comitê do Congresso Pujo de 1913 sobre a 'concentração do controle do
dinheiro e do crédito' definiu o truste monetário como significando 'uma
identidade estabelecida e bem definida e comunidade de interesse entre alguns líderes de finanças
que foi criada e é mantida em conjunto por participações acionárias, diretorias interligadas e outras
formas de dominação sobre os bancos,
sociedades fiduciárias, ferrovias, corporações de serviço público e industriais, e que cresceu em uma
vasta e crescente concentração de controle do dinheiro
e crédito nas mãos de relativamente poucos homens'.9
Uma forma especificamente americana de controle bancário direto sobre a grande indústria, sem dúvida
existia neste período. Os fundos fiduciários americanos eram bancos de investimento em sua primeira
forma, nos quais desempenhavam papéis substanciais em conselhos corporativos. Essa forma
de associação entre finanças e indústria criou conflitos de interesse
que os banqueiros de investimento poderiam explorar como informações privilegiadas para si mesmos.
No entanto, para os acionistas, o sistema foi benéfico. Banqueiro de investimento
representação nos conselhos permitiu-lhes avaliar o desempenho da empresa
gerentes, substituem rapidamente aqueles com desempenhos insatisfatórios e sinalizam
aos investidores que uma empresa era fundamentalmente sólida. Os fundos fiduciários, notadamente
JP Morgan and Co. em posição de decidir quais corporações foram
autorizados a emitir ações.10 Quando Morgan e seus sócios faziam parte dos conselhos de
administração das corporações nas quais tinham grandes participações, era principalmente para
acompanhar de perto as operações da administração em relação à produção e preços.
Veblen contrastou engenheiros que possuem conhecimento de processos industriais e
produtos ao que chamou de 'proprietários ausentes'11 e destacou o controle destes
8 Mesmo antes da virada neoliberal dos anos 1980, a intensidade da ação do
Comissão de Comércio variou consideravelmente. O registro é de fracasso (Faulkner 1960, pp.
444-6).
9 Relatório do Comitê Nomeado para Investigar a Concentração do Controle
de Dinheiro e Crédito, 62º Congresso, 3ª Sessão, p. 130, citado por Faulkner 1960, pp. 447-8.
10 O'Sullivan 2015 argumenta, no entanto, a partir de dados históricos que a dominação do JP Morgan and Co.
foi consideravelmente exagerado.
11 Veblen 1923a e 1923b, citado por Lazonick 1991, pp. 341-2.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 97
sobre a produção e os preços. Em 1910-12, a presença no conselho de administração de um sócio do
JP Morgan and Co. adicionou cerca de 30% ao valor das ações ordinárias.12
De acordo com o Comitê Pujo, em 1912 Morgan ou seus sócios faziam parte dos conselhos de 20
empresas de manufatura, mineração, distribuição, transporte ou serviços públicos que, por sua vez,
cotavam ações ordinárias de três empresas de serviços públicos, nove ferrovias e oito outras empresas.
A diversificação das ferrovias pela Bolsa de Valores de Nova York realmente decolou entre 1898 e
1902.13 A transformação por Carnegie de suas empresas siderúrgicas em sociedades anônimas e a
o anúncio de sua aposentadoria permitiu ao JP Morgan and Co. adquiri-los em 1901 e fundar a US
Steel Corporation, a primeira corporação do mundo
com capitalização de mercado superior a US$ 1 bilhão. Em 1914, corporações controladas ou
influenciados pelo JP Morgan como acionista e membros do conselho, além da US Steel, incluíam
AT&T, International Harvester, Westinghouse e General Electric.
O fim da Primeira Guerra Mundial viu um crescimento muito rápido do mercado de ações e um aumento
acentuado do número de acionistas. Com o desaparecimento, no caso da maioria das corporações, de
um acionista dominante veio a questão da
a separação entre propriedade e controle e as formas pelas quais os acionistas, apesar de sua
dispersão, podem impedir os administradores de tomar decisões em seu próprio interesse. Em 1932,
é colocado da seguinte forma no famoso livro de Berle e Means:
Em seu novo aspecto, a corporação é um meio pelo qual a riqueza de inúmeros indivíduos foi
concentrada em enormes agregados e pelo qual o controle sobre essa riqueza foi entregue a
uma direção unificada. O poder que acompanha tal concentração produziu
príncipes da indústria, cuja posição na comunidade ainda não foi definida.
A rendição do controle sobre sua riqueza por parte dos investidores efetivamente
rompeu as antigas relações de propriedade e levantou o problema da
definindo essas relações novamente. A direção da indústria por outras pessoas que não aqueles
que arriscaram sua riqueza levantou a questão da força motriz de tal direção e a distribuição
efetiva dos retornos do empreendimento comercial.14
Essa questão seria o fundamento da teoria da agência e sua vitória
na forma de governança corporativa contemporânea. No entanto, por um tempo como
resultado da crise e das lutas políticas da década de 1930, e depois da guerra
12 De Long 1991, p. 205.
13 Ver O'Sullivan 2015.
14 Berle e Means 1932.
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98 Capítulo 4
economia, os gerentes pareciam ter as coisas em mãos e uma "revolução gerencial" foi considerada
como tendo triunfado. Voltamos a isso abaixo.
1.3 A prevalência de prioridades de financiamento imperial na Grã-Bretanha
A situação britânica no final do século XIX e início do século XX é claramente diferente da da
Alemanha e dos EUA. No que diz respeito à indústria doméstica, o debate entre os historiadores
gira em torno de até que ponto existia ou não uma “notória ausência de uma relação de trabalho
entre os bancos e a indústria antes de 1914”15 e se isso poderia explicar, em parte, o retrocesso
da economia britânica. indústria, apesar de sua liderança no advento da Indústria
Revolução. Um relatório de 1911 ao governo dos EUA sobre a situação dos rivais europeus da
América observa que, no caso da Grã-Bretanha, o “divórcio completo entre bolsa de valores e
depósitos”. . . causa outro grande mal, a saber, que os bancos nunca demonstraram interesse nas
empresas recém-fundadas ou nos títulos emitidos por essas empresas, enquanto é uma vantagem
distinta do sistema alemão, que os bancos alemães, mesmo que apenas no interesses de
seu próprio crédito de emissão, têm acompanhado continuamente o desenvolvimento das empresas
que fundaram'. o National Provincial Bank of England suas vidas
foram breves. Outro fator paradoxal pode ter sido a adoção bem-sucedida da sociedade anônima.
A Lei das Sociedades por Ações de 1844 concedeu esse status às pequenas empresas. Alega-se
também que o estabelecimento de
bolsas de valores em centros industriais nas Midlands e no Norte podem ter
contribuíram para manter a concentração industrial na Grã-Bretanha.17 Vários historiadores
consideram que se a Grã-Bretanha tivesse empregado em casa o capital e a mão de obra que
foram para o exterior depois de 1850, as taxas de crescimento doméstico após 1870 poderiam ter sido
tão alto, ou mesmo mais alto, do que os do 'Boom de meados da era vitoriana'.18 No entanto, essa
linha de argumento pode estar ignorando a atração de demanda proveniente do investimento no
exterior.
Como centro do sistema monetário mundial baseado no ouro, os bancos da cidade obtiveram
grandes lucros com as operações do mercado monetário e de câmbio. No
centralização do capital monetário para investimento, a Cidade também privilegiava as operações
financeiras voltadas para a economia mundial. A Bolsa de Valores
15 Garside e Greaves 1996.
16 Riesser 1911, citado por DeLong 1991.
17 Thomas 2005.
18 Cain e Hopkins 1993, pp. 191–2, citando Kennedy 1982, Pollard 1985 e Eichengreen
1982.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 99
atraiu mais corporações estrangeiras do que qualquer outro centro financeiro até 1914.
Os dados organizados por Cain e Hopkins19 mostram que apenas 600 dos
as 5.000 ações cotadas em Londres em 1910 eram emitidas por empresas industriais e comerciais
britânicas e muitas delas eram de empresas sediadas no exterior. Do dinheiro arrecadado para
projetos domésticos, apenas cerca de 18% foram destinados à manufatura, em média, durante os
anos de 1865 a 1914. Isso representou cerca de 6% de todo o financiamento levantado em Londres
nesses anos. Dentro
nítido contraste, algo como um quarto foi para o financiamento de ferrovias
empresas que operam no Império ou em países estrangeiros. De fato, de 1870 a 1913, cerca de
5% do PIB britânico foi investido no exterior e, em 1914, um terço do
Os ativos britânicos vieram de investimentos e empréstimos estrangeiros. Outro indicador é o uso
da poupança. Sua massa na Grã-Bretanha não era menor que a da Alemanha
e os EUA, mas enquanto estes investiram cerca de 12% de sua renda anual no mercado interno, a
Grã-Bretanha colocou apenas 7% de sua renda anual de volta na economia nacional e enviou
outros 4 ou 5% para o exterior.
O capital de empréstimo levantado em Londres estava de fato caindo antes de 1914. A cidade pode
ser definida como tendo ajudado a construir o Império Britânico como o primeiro sistema de
apropriação mundial de mais-valia na forma de lucros e juros feito no exterior.21 Isso começou
através da construção de ferrovias na Índia e Canadá e depois na Austrália, e
ferrovias e portos na América do Sul e África do Sul. Aí o sistema
envolveu a instalação de grandes empresas apenas na mineração (Rio Tinto e deBeers, por
exemplo). Mas grande parte do investimento britânico no exterior foi feito por pequenas 'empresas
independentes' financiadas por capital centralizado nas ações de Londres
câmbio.22 A grande corporação manufatureira apareceu na Grã-Bretanha muito depois de ter
surgido na Alemanha e nos Estados Unidos. O carro-chefe de meados do século XX
O capitalismo industrial britânico, ICI, só foi fundado em 1926.
O que é certo é que, no mesmo período, a Grã-Bretanha perdeu sua
conduzir. Lewis assinala que, no final do século XIX, “os produtos químicos orgânicos tornaram-se
uma indústria alemã; o automóvel foi pioneiro na França e
produzido em massa nos Estados Unidos; A Grã-Bretanha estava atrasada no uso de eletricidade,
dependia de empresas estrangeiras estabelecidas nos EUA e detinha apenas uma pequena parcela
do mercado de exportação. O telefone, a máquina de escrever, a caixa registradora e o
19 Cain e Hopkins 1993.
20 Pollard 1985.
21 A escala e as condições contemporâneas em que 'a Grã-Bretanha usa o sistema financeiro
para ganhar privilégios econômicos apropriando-se de valor de outros países enquanto parece
fazer-lhes um favor” são examinados por Norfield 2016.
22 Wilkins 1970.
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100
by Google Capítulo 4
motor diesel foram todos explorados por outros'. Antes disso, a produção britânica de locomotivas a vapor
já havia sido alcançada por todos os seus futuros rivais, enquanto a
A exploração completa da revolucionária técnica de fusão de aço de Bessemer ocorreu nos EUA após o
licenciamento de sua invenção por Bessemer para uma empresa americana em 1863. mais do que nunca
no
sistema financeiro mundial.
1,4 França: Apoio do Estado à Indústria e Grandes Negócios Estrangeiros
Empréstimos do Governo
A história francesa é outra vez diferente. Como resultado das relações de classe nascidas da Revolução
Francesa e da contra-revolução durante a Restauração e a Monarquia de Julho, o sistema bancário
desenvolveu-se na forma da variante francesa do
investimento bancário. Este foi o Haute Banque onde convergiram os interesses dos proprietários de
terras e dos financistas conservadores, imprimindo na banca francesa
profundos traços rentistas. Medo da classe trabalhadora (a revolta dos trabalhadores da seda ou dos Canuts
em Lyon, a Revolução de fevereiro de 1848 em Paris e depois a Comuna de Paris) levaram a burguesia a
manter a estabilidade social trazida pela pequena terra
propriedade,24 em detrimento de uma expansão do mercado interno. O ritmo de industrialização
incorporado pelo ferro, aço e metalurgia ocorreu muito lentamente25 e foi impulsionado pela construção
de ferrovias e pela demanda de fábricas e estaleiros militares estatais.26 Durante o Segundo Império
(1852-1870), o financiamento do governo e a a criação de bancos Saint-Simonianos apoiados pelo governo
e dispostos a desafiar o Haute Banque era necessária em
o financiamento da indústria ferroviária.27 O único feito da Bourse des valeurs,
Bolsa de Valores de Paris, foi o financiamento da Companhia do Canal de Suez (Compagnie universelle
du canal marítimo de Suez) com a emissão de ações
a partir de dezembro de 1858. De resto, os dados apresentados por Bouvier28 que mostram a debilidade
da indústria são surpreendentes: em 1845 os bancos representavam 23% da capitalização do mercado
de Paris e as ferrovias 53%, e em 1870 a
23 Lewis 1978, p. 130, citado por DeLong e Grossman 1993.
24 O livro de Marx sobre a França de meados do século XIX, O Dezoito Brumário de Luís
Bonaparte (1852), permanece uma análise socioeconômica e política sintética que
pesquisas posteriores comprovaram. Leitores com pressa podem ir direto para o último capítulo.
25 Ver Palmade 1961 e Caron 1979.
26 Ver Chesnais e Serfati 1992.
27 Notavelmente o Crédit Mobilier de Issac e Emile Peirere, criado em 1852. Ver Plessis 1982 e
Stoskopf 2002.
28 Bouvier 1961.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 101
os números correspondentes foram 25 e 48 por cento. Durante o período de 1871 a 1918, os bancos
fizeram 35% das novas emissões domésticas.29
Durante as primeiras décadas da Terceira República, a indústria fez um apelo tão limitado às finanças
que Henry Germain, o fundador da maior
o banco Crédit Lyonnais, declarou em 1876 que 'estamos sobrecarregados de dinheiro;
não sabemos o que fazer com isso'.30 Assim, os bancos buscaram o investimento estrangeiro.
As exportações de capital da França, em comparação com as de outros países desenvolvidos, foram
marcadas por uma clara preferência por empréstimos (e, em menor medida, por investimentos de carteira
em títulos do governo) sobre investimentos diretos na produção.31
Depois de 1880, a Rússia tornou-se o principal destino dos investimentos estrangeiros franceses,
respondendo por mais de 25% deles em 1914. O malfadado
Os títulos russos foram a culminação dessa forma de investimento. Mas lá
foram empréstimos mais bem sucedidos para Argentina e México.32 As colônias francesas
foram o outro destinatário do investimento francês.33 Assim que os tiros cessaram,
as finanças assumiram o controle, na África e no Extremo Oriente, notadamente na Indochina, não apenas
através de entrepostos comerciais, mas o estabelecimento de plantações de produção e exportação
(borracha em particular).34 Foram criadas entidades muito poderosas, notadamente a
Banque d'Indochine.35 Na África, a entidade mais poderosa, o Banque Rivaud,
sobreviveu à descolonização política. Faz parte do grupo familiar Bolloré, ainda
extremamente ativo hoje na produção de plantações e no comércio de commodities na África Ocidental.36
Investimento industrial fraco e uma baixa chamada de financiamento, seja de bancos
ou o mercado de ações é um traço persistente do capitalismo francês em que as empresas familiares
desfrutam de acesso privilegiado aos mercados públicos e estatais.
predominavam as empresas. A França não perdeu o surgimento da indústria automobilística, mas é
significativo que a família Renault tenha construído a empresa inicialmente
através de autofinanciamento e, a partir de 1914, com grandes
encomendas.37 A criação pelo governo da Caisse Nationale de Crédit Agricole em 1920 (agora o segundo
maior conglomerado financeiro da França) refletiu
29 Arbulu 1998, tabelas 2 e 7.
30 Citado por Bouvier 1961.
31 Levy-Leboyer 1977.
32 Girault 1993.
33 A observação de Lenin 1916, Capítulo 4, que diferentemente do imperialismo colonial britânico,
o imperialismo pode ser chamado de imperialismo da usura, subestima essa atividade.
34 O papel das condições de produção no crescimento e lucros da Michelin são discutidos em
Panthou e Bình 2013.
35 Ver um estudioso japonês, Gonjo 1993.
36 As principais referências são Suret-Canal 1962 e Bouvier 1974.
37 Ver Fridenson 1972.
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102 by Google Capítulo 4
o objetivo da burguesia de fazer dos agricultores, mais do que nunca, um pilar da
estabilidade política. A década de 1930 foi caracterizada, notadamente por Albert Sauvy, como anos de
demografia, mas também de 'malthusianismo econômico'. Somente a nacionalização durante o Governo
Popular de 1936, juntamente com o financiamento do governo, permitiram a decolagem da indústria
aeronáutica. O francês do pós-guerra
O sistema industrial, o sistema de inovação (com o desenvolvimento da energia atômica em seu núcleo)
e o sistema corporativo altamente concentrado são o resultado de uma ação e financiamento
governamentais vigorosos, primeiro em 1945-8 e novamente nos anos 1970 e em 1982.38 Eles são um
resultado de uma determinada aliança política e
a face industrial do compromisso social-democrata. Para terminar com um dos temas de Hilferding: a
França experimentou uma forma muito particular e visível de
'união pessoal', ou seja, os duzentos maiores acionistas do Banque de France, conforme decretado pelos
estatutos promulgados por Napoleão em 1803. Conhecido como
os 'deux cent familles', eles incluíam os bancos de investimento Haute Banque e
capital familiar industrial39 (entre outros, o Schneider, o De Wendel e um pouco
mais tarde as famílias Michelin, Renault, Peugeot, Worms e Schlumberger). Elas
perderam esse privilégio particular com a nacionalização do Banque de France pelo governo da Frente
Popular de 1936, mas seu poder econômico e social40
só terminou em 1945 com a queda do governo de Vichy.
2 Questões Contemporâneas sobre Governança Corporativa
e Conselhos de Administração Interligados
Com o desenvolvimento da acumulação financeira, o surgimento da previdência
capital de fundos e o pleno restabelecimento das bolsas de valores, a questão da propriedade e do
controle, mais propriamente entendida como a relação entre capital-função e capital-propriedade,
voltaram a se destacar.
A integração econômica na Europa e a globalização também estimularam um novo interesse na
configuração de conselhos de administração interligados.
2.1 Controle sob Governança Corporativa Contemporânea dos EUA
Para os economistas industriais norte-americanos pertencentes à esquerda liberal, existe uma espécie
de Idade de Ouro (algo semelhante a 'les trente glorieuses' para a esquerda francesa), quando os
gerentes, como teorizado e celebrado em particular por Galbraith (também
38 Fiz uma análise completa em Chesnais 1993.
39 A posição do capital controlado por famílias só retrocedeu lentamente. Consulte 'Para ter e manter:
Family Companies', The Economist, 2015, Relatório Especial, p. 5.
40 Trotsky escreve sobre isso em Para onde a França? (Trotsky 1934-6) .
as incorporações organizacionais do capital financeiro 103
descrito criticamente por Baran e Sweezy em Monopoly Capital), estavam no comando quase completo.
Uma recente revisão nostálgica de The NewIndustrial de Galbraith
Estado relembra o período da década de 1960 quando:
gerentes (geralmente empregados assalariados em vez de proprietários-fundadores ou seus
herdeiros) viram seu poder crescer em relação ao dos acionistas, pois estes estavam muito
distantes de serem capazes de observar e compreender utilmente o intrincado funcionamento
interno das empresas, enquanto suas perspectivas
para exercer controle detalhado sobre as operações da empresa foram diminuídos ainda mais
pela ampla difusão da propriedade de ações. O resultado foi que, enquanto uma empresa
continuasse a entregar um nível "aceitável" de lucro, a tecnoestrutura gozava do grau de
autonomia sem o qual seu planejamento elaborado era impossível. Os 'novos' CEOs, (em
contraste com os
geração de Henry Ford), estavam mais dispostos a dar o devido valor à perícia e mais pragmáticos
em suas relações com o governo e os trabalhadores. . . Elas
não estavam despreocupados com o lucro, mas maximizá-lo não era sua única
ou mesmo objeto principal – em parte porque eram assalariados cuja renda própria estava menos
intimamente ligada à fortuna da empresa, e
em parte porque outros motivos vieram à tona, em particular a 'identificação' com a empresa que
lhes deu as suas posições privilegiadas, e a satisfação proporcionada pela 'adaptação' da
empresa à
suas próprias ideias particulares sobre sua missão.41
À medida que o mercado de ações recuperou força na década de 1980 e atraiu cada vez mais capital
após a queda das taxas de juros dos títulos do governo (ver figura 2.1), e à medida que grandes
corporações industriais se tornaram, em alguns casos, pesadas e altamente
conglomerados vulneráveis, a corporação 'Estado Industrial' foi atacada
antes de desaparecer.42 A década de 1980 testemunhou uma primeira onda de reestruturação industrial
dominada pelas finanças, alimentada por uma primeira geração de
títulos ('junk bonds') e o surgimento de financiadores empenhados em aumentar seus
retorna muito rapidamente. Com a década de 1990 e a chegada dos fundos de pensão controlando
parcelas significativas das ações, veio a restauração do poder dos acionistas e a elaboração da doutrina
do valor para o acionista. Preocupação, se
não a denúncia, suas consequências não cessaram desde então. Na segunda metade da década de
1980, no momento em que a subordinação das empresas ao financiamento era
41 Elhefnawy 2012.
42 Baronian e Pierre 2011 mostram que o que eles chamam de 'financeirização interna' da
as corporações facilitaram a introdução da governança corporativa, por meio de mudanças nas
estruturas de gestão e nos sistemas contábeis.
Machine Translated
104 by Google Capítulo 4
Desde o início, mesmo no MIT e na Harvard Business School, a lista de consequências
identificadas da financeirização incluía 'curto prazo' nas decisões de produção e investimento, e
baixos gastos corporativos em P&D provocados pela ascensão da gestão propensa às finanças.
estudos foram seguidos por análises mais radicais sobre as consequências do mercado para
controle corporativo por Lazonick e O'Sullivan, notadamente 'reduzir e distribuir' dividendos
estratégias.44 Desindustrialização medida pelo local de fabricação
e a perda de competitividade dos Estados Unidos – mesmo em alta tecnologia
indústrias em um momento em que os mercados financeiros estavam florescendo - levou a mais
pesquisa de economistas não convencionais sobre os efeitos da financeirização, notadamente na
forma de maximização do valor para o acionista no investimento e P&D. bens comuns industriais',
perdido por conta de práticas gerenciais subordinadas às finanças.46
Relações de poder no sistema global e questões de competitividade e
vantagem tecnológica sempre nortearam a discussão nos EUA e definiram o contexto
em que o que está em jogo é o capital-propriedade e o capital-função.
A avaliação mais radical da situação atual dos Estados Unidos, conforme apresentada por
Lazonick, é a de uma transição 'da criação de valor para a extração de valor'.
não às relações de terceirização entre grandes empresas e seus subcontratados discutidos
abaixo no Capítulo 5, mas à divisão do lucro corporativo em benefício dos acionistas e executivos
seniores remunerados por opções de ações.48
A maximização do valor do acionista é o credo comum dos altos executivos das grandes
corporações industriais e dos bancos. Os métodos utilizados são recompras de ações e a
elaboração de estratégias que influenciam o
movimento dos preços das ações.49 Desde o final da década de 1990, primeiro nos EUA e
posteriormente em outras economias capitalistas avançadas, o recurso a métodos externos
de controle por meio do mercado de ações foi combinado com opções de ações
43 No final da década de 1980, estudos americanos bem divulgados, notadamente o Made in America do MIT (Dertoutzos
et ai. 1989) e o estudo Capital Choices de Michael Porter (Porter 1992), foram, pelo menos
temporariamente, muito críticos do curto prazo criado pelas finanças.
44 Lazonick e O'Sullivan 2000.
45 Lazonick 2012. Neste estudo em particular, os efeitos das recompras de ações são examinados, mas
também privilégios fiscais sobre lucros obtidos no exterior.
46 Pisano e Shih 2009.
47 Lazonick 2014.
48 Há uma consciência da exploração e superexploração associada a isso, mas
está totalmente subordinado ao ímpeto do argumento.
49 Lazonick 2014 calcula que, entre 2003 e 2012, o S&P 500 utilizou 54% de sua
lucros para recomprar suas próprias ações, enquanto os dividendos absorveram outros 37%. Ele
chama essas estratégias de 'manipulação do mercado de ações'.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 105
sistemas de remuneração para executivos corporativos, visando criar um interesse e uma
perspectiva financeira comum próxima entre administradores e acionistas.50
Os altos executivos das grandes corporações industriais, bancos e
holdings financeiras (das quais a Berkshire Hathaway é a maior e mais conhecida), bem como os
grandes gestores de ativos e proprietários de fundos de hedge, são vistos como iguais. Sob a
financeirização, a 'ditadura' é a do
retornos e diz respeito a bancos e corporações.
Para as sociedades financeiras e não financeiras, as normas de gestão são definidas
rotineiramente por metas de referência, sendo a mais importante a taxa de retorno sobre o
patrimônio líquido (ROE). A tarefa de garantir o respeito do valor para o acionista é
em grande parte delegada, mesmo por fundos de pensão, a corporações gestoras de ativos.
Os fundos de hedge têm a tarefa de pressionar as corporações
e, de fato, montando campanhas públicas para remover executivos seniores. Para alguns, é uma
especialidade.51 O ativismo de acionistas liderado por fundos de hedge pode forçar corporações
tão poderosas quanto a Apple a aumentar sua distribuição de renda aos acionistas por meio de
recompras de ações. As corporações ainda marcadas por uma gama de operações do tipo
conglomerado serão solicitadas a descartar atividades não essenciais. Apenas grandes bancos e
grandes fundos de hedge têm sua própria experiência.
A maior corporação especializada em gestão de ativos que trabalha para investidores é a
BlackRock. É também aquele para o qual a maior quantidade de informação está disponível.
Possui ações em muitas das maiores corporações dos Estados Unidos.52 Em seu cerne está um
enorme sistema de processamento de dados que produz indicadores de desempenho corporativo.
A BlackRock não olha para as estratégias de gestão dessas empresas, mas porque 'muitas
vezes, suas maiores empresas acionistas se importam com o que pensam'.53 Grandes bancos
de investimento com verdadeira experiência e assentos em conselhos
oferecer às corporações seus conselhos, mas os executivos de, digamos, Goldman Sachs e JP
Morgan dificilmente dirão aos da Exxon, Wal-Mart e General Motors o que eles devem fazer.
50 Em 2012, para os 500 executivos mais bem pagos nas declarações de procuração, a remuneração chegou a um
taxa de 42% na forma de opções de ações e 41% em prêmios de ações (Lazonick 2014).
51 A situação do ativismo dos acionistas é apresentada em The Economist: 'A pressão sobre as
empresas de acionistas ativistas continua a crescer', 15 de fevereiro de 2014. A Icahn
Enterprises é citada como a líder do grupo. Sobre Icahn e suas ações na Apple, veja
Lazonick, https://ineteconomics.org/ideas-papers/blog/what-we-learn-about desigualdade-
from-carl-icahns-2-billion-apple-no-brainer.
52 Em dezembro de 2013, detinha 25% das ações da Apple, 22% da Exxon, 20% do Google,
para citar as maiores corporações não financeiras dos EUA em seu portfólio, mas a
BlackRock também detinha 19% da Berkshire Hathaway (Warren Buffet ). ('The Monolith
and the Markets', The Economist, 9 de dezembro de 2013).
53 Ibid.
Machine Translated
106 by Google Capítulo 4
2.2 Conselhos de Administração Interligados e 'Transnacionais
Formação da Classe Capitalista' na Europa
No caso dos EUA hoje, a importância do encadeamento de diretorias é
principalmente a de assegurar a coesão de classe necessária para o pleno desenvolvimento social capitalista.
e dominação política. Domhoff, autor de um livro importante sobre a estrutura do poder de classe
americano,54 escreve que “a maioria dos diretores corporativos não são diretores interconectados.
Mesmo quando um grande número de empresas é incluído no banco de dados, tornando as
possibilidades de intertravamento muito maiores, apenas cerca de 15% a 20% dos diretores
corporativos fazem parte de dois ou mais conselhos corporativos. E
ainda menos, é claro, fazem parte de três, quatro, cinco ou seis conselhos, embora sejam as pessoas
que unem a rede. Eles são “pilares”'.55 Há um 'controle da classe alta sobre as corporações. . .visto
em sua representação excessiva em conselhos de
diretores juntamente com um alto grau de estabilidade nos intertravamentos. No entanto, a cooptação
pela promoção de mulheres e afro-americanos aos conselhos é uma forma importante de ampliar a
base da coesão'. No caso das corporações não financeiras, Domhoff vê as consequências econômicas
dos conselhos interligados como sendo hoje principalmente a “facilidade de difusão de novas ideias
de gestão”.
No caso da Europa, o crescimento das corporações transnacionais e a formação da UE justificam
a discussão dos dados disponíveis e da
descobertas nesta área. No contexto de rivalidade oligopolista global, levemente temperada em nível
nacional por grandes empresas em determinados setores e momentos de crise aguda, a relação
empresa-estado é aquela em que cada segmento 'nacional' do capital financeiro buscará e obterá a
apoio próprio
governo. Conforme colocado por Serfati, a situação é aquela em que 'a ancoragem das relações
capitalistas em um 'país de origem' é tanto uma questão econômica quanto política.
necessidade'56 e onde diferentes governos buscarão, na medida do possível,
desenvolver políticas comuns no interesse do capital financeiro como um todo. Ele vê a formação de
uma 'classe capitalista transnacional' como ainda um longo caminho
desligado. Isso é confirmado por dados sobre conselhos de administração interligados coletados por
William Carroll cobrindo o período até 2007.57 Ele descobre que apenas 29 por cento
54 Domhoff 1967. Em 2005, com atualização em 2012, resumiu os dados e os argumentos de seu
livro de 1967. http://www2.ucsc.edu/whorulesamerica/power/class_domination
.html.
55 Domhoff 2013.
56 Serfati 2013, p. 155.
57 Ver Carroll 2013, p. 175: 'Um círculo interno relativamente pequeno de homens principalmente europeus
e norte-americanos constitui a rede; um número relativamente pequeno de países hospeda a maioria
das corporações interligadas, e dentro desses países algumas cidades predominam como
centros de comando para poder corporativo global. . . o número crescente de corporações
gigantes sediadas no Sul estavam em 2007 apenas muito provisoriamente ligadas à rede de elite de
as incorporações organizacionais do capital financeiro 107
das 500 maiores corporações do mundo tinham um ou mais diretores de intertravamento transnacional,
a grande maioria daqueles envolvidos em intertravamento transnacional com sede nos EUA e
Canadá58 e na Europa.
Em um ensaio publicado em 1970, e pouco citado desde então, Mandel defendeu
a hipótese de que ocorreriam fusões entre empresas de países membros do Mercado Comum. Isso
levaria a um formato transfronteiriço
capital verdadeiramente europeu. Um 'Estados Unidos da Europa' burguês pode até surgir e desafiar
a América do Norte.59 Um interessante estudo de Carroll, Fennema e Heemskerk60 assumiu a
hipótese da formação de
uma classe capitalista europeia novamente. Isso é feito através do mapeamento da rede
de diretorias corporativas interligadas e suas sobreposições com a associação
da European Round Table (ERT), com sede em Bruxelas, onde grandes corporações se reúnem para
exercer influência sobre as políticas da UE. Centralização de capital/
concentração é um tema subjacente do estudo. O mapeamento desse encadeamento concentra-se
exclusivamente nas empresas europeias listadas na tabela global da Fortune Global 500, designadas
como 'Europa corporativa'. O estudo
abrange o período de 1996 a 2006. Dois tipos de interligação são identificados, interligação dentro
dos países que 'ligam' e interligação entre países
aquela 'ponte'. Os autores também enfatizam consideravelmente a participação no
selecionar Mesa Redonda Europeia de Industriais (ERT). Com base em suas descobertas, eles
consideram que houve um “sucesso relativo” da formação da classe capitalista na Europa. Fazendo
malabarismos com as noções de classe e 'comunidade' (este é o
ponto teórico pouco convincente de seu estudo), eles escrevem:
A consolidação da Europa corporativa tem sido um projeto consciente, centrado em
organizações como a ERT e a Comissão Europeia e
em normas emergentes que favorecem a representação de multinacionais em conselhos
corporativos. Mas dentro dessa estrutura institucional, a formação de comunidades também
ocorreu molecularmente, como subproduto de um volume crescente de práticas pan-europeias
entre as principais corporações da Europa.
Convivendo com a persistência de redes corporativas nacionais atenuadas, a consolidação
de uma comunidade corporativa europeia, integrada em grande medida pela ERT, é um
aspecto importante da hegemonia de classe. Mesmo que reproduza padrões de representação
desigual,
bloqueios corporativos. . . apenas três diretores do G500 (todos baseados no Norte global) sentaram-se
Conselhos corporativos chineses em 2007'.
58 Carroll 2008.
59 Mandel 1970.
60 Carroll et al. 2010.
Machine Translated by Google
108 Capítulo 4
essa consolidação permite que o segmento dirigente da classe capitalista, o círculo interno,
fale a uma só voz.61
É óbvio que, na UE, os gestores que representam o capital nacional altamente concentrado encontram
um consenso e falam quando se reúnem na ERT com
uma só voz e buscam reforçar sua hegemonia de classe, especialmente nas questões relativas às
relações capital-trabalho. Mas em questões relativas às relações com outras partes da economia
globalizada, notadamente quando os tratados internacionais estão sendo
negociadas, as grandes corporações fazem com que seus interesses nacionais e setoriais prevaleçam
na medida do possível. Do ponto de vista da teoria das finanças
capital, o estudo de Carroll e seus colegas contribui com muitas descobertas úteis. O setor com os
maiores bloqueios transnacionais domésticos e intra-europeus é o de finanças qua finanças. Em
2006, sete bancos e seguradoras estavam entre as 21 empresas com cinco ou mais intertravamentos
transnacionais. O BNP Paribas, em particular, combinou extensas ligações e pontes
interligados iguais. Os conselhos interligados em que os bancos e companhias de seguros alemães
se sentavam permaneceram dentro de uma rede nacional, na qual ocupavam locais centrais, como
na França os bancos franceses que não o BNP Paribas
e as seguradoras (AXA). Os italianos, espanhóis, belgas e suecos
bancos e companhias de seguros atingiram a centralidade em grande parte por meio do intertravamento
europeu. A exceção foi o Reino Unido. Apenas três das 13 grandes corporações financeiras do Reino
Unido tinham cinco ou mais intertravamentos, e seus vínculos tendiam a ser com outras empresas do
Reino Unido. Prosseguindo a análise um passo adiante, a pesquisa se concentrou em
executivos que pertenciam simultaneamente ao conselho de uma ou mais
instituições (bancos ou seguradoras) e uma ou mais sociedades não financeiras, constatando que os
banqueiros se tornaram menos dominantes. Esses executivos
'criar os vínculos institucionais típicos do capital financeiro'. Em 1996, tal
interlockers eram 'capitalistas financeiros nacionais', diretores de indústrias e
financeiras domiciliadas em um único país. À medida que os encadeamentos de pontes aumentavam,
o mesmo acontecia com os 'capitalistas financeiros transnacionais'; 'em vez de banqueiros, é
industriais com ligações financeiras que constituem o núcleo da comunidade empresarial europeia».
'A comunidade corporativa da Europa está de fato organizada em torno de um eixo financeiro-
industrial, mas a era do domínio bancário acabou'.62
No entanto, isso não se reflete completamente na adesão à ERT. Das 12 corporações que
compartilham vários diretores com a ERT, os vínculos mais estreitos são aqueles
do BNP Paribas e da Allianz, cada um com quatro membros da ERT a bordo.
61 Carroll et al. 2010, pág. 836.
62 Carroll et al. 2010, pág. 830, grifo no original.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 109
A formação por meio de fusões intracomunitárias de uma elite capitalista verdadeiramente
européia, da maneira hipotética por Mandel, não ocorreu. O movimento nessa direção tem sido
impulsionado por governos e não por corporações.
A Agência Espacial Européia (ESA) com seu lançador de sucesso Ariane (hoje
Ariane 5) operado pela corporação francesa Arianespace resistiu aos confrontos industriais intra-
europeus. A Airbus é, claro, outro exemplo, mas sua história foi pontuada por momentos de forte
tensão, revelando como os interesses nacionais permanecem fortes mesmo entre países que foram
parceiros por um longo período. Nas indústrias de defesa, a ausência de interesses comuns é ainda
maior – destaca-se, por exemplo, o veto alemão à planejada fusão entre EADS e BAE. A história da
Alstom e da Siemens é de competição acirrada, terminando com a aquisição em 2014 das divisões
de energia e rede da Alstom pela General Electric. Na indústria automobilística, fusões e alianças
estratégicas estreitas ocorreram entre europeus e japoneses
(Renault-Nissan e Volkswagen-Suzuki), europeu e americano (Fiat-Chrysler), ou
Corporações chinesas (Peugeot-DongFeng Motors).
3 Bancos como comerciantes e transnacionais como capitalistas monetários
Uma das características da financeirização é a quebra da separação anterior de atividades entre as
operações financeiras e não financeiras da
corporações. Isso será ilustrado por alguns exemplos.
3.1 As Operações dos Conglomerados Financeiros na Negociação de Commodities
e Produção
Desde a virada da década de 1990, a principal forma organizacional ou institucional
do capital financeiro como capital que rende juros é a grande corporação de serviços financeiros
diversificados, também chamada de conglomerado financeiro,63 cuja corporação principal pode ser
um banco comercial, um banco de investimento
ou uma companhia de seguros.64 As outras principais formas de capital remunerado
são fundos de investimento – fundos de pensão, fundos mútuos e fundos de hedge, que
foram inicialmente uma consequência do primeiro, antes de se tornarem muito poderosos
63 Ver Bank for International Settlements (BIS), Princípios para a supervisão de
conglomerados, www.bis.org/ publ/ joint27.pdf e Comissão Europeia, The Financial
Diretiva Conglomerados, http://ec.europa.eu/internal_market/financial-conglomerates/
supervisão.
64 A caracterização de 'bancos' como conglomerados financeiros diversificados está faltando em
Toussaint 2014.
Machine Translated
110 by Google Capítulo 4
entidades independentes. Os bancos mantêm-se numa posição especial entre as sociedades
financeiras. Por meio do mecanismo de criação de crédito, eles não apenas centralizam o capital de
empréstimo, mas o criam. As operações de criação de crédito e as atividades especulativas dos
conglomerados financeiros são discutidas nos Capítulos 7 e 8.
Aqui o foco está em um de seus principais empreendimentos fora do setor bancário, a saber,
o comércio e até a produção de produtos básicos essenciais.
A escala dessas operações realmente veio à tona com os processos movidos contra alguns dos
maiores bancos de Wall Street por manipulação dos mercados de commodities, alegando que eles
estavam envolvidos simultaneamente em dois
principais mercados de derivativos, contratos a termo e futuros de commodities e no mercado físico
comércio e produção das mesmas mercadorias. As commodities americanas
A Futures Trading Commission (CFTC) iniciou processos e ações coletivas privadas movidas em vários
tribunais federais. A acusação de manipulação e, portanto, a identificação de um 'conflito de
interesses' (para dizer o mínimo) diz respeito em particular ao alumínio. Em uma audiência realizada
pelo Banco do Senado dos EUA,
Comissão de Habitação e Assuntos Urbanos em julho de 2013, um executivo testemunhou que 'o
sistema de armazenamento de alumínio impôs esperas superiores a 18 meses e
todos os “elementos-chave” do sistema de alumínio e metais básicos em todo o mundo são controlados
pelas mesmas entidades, a saber, holdings bancárias'.65 O principal acadêmico a estudar as operações
de conglomerados financeiros nessa área é um professor de direito, Saule Omarova. Ela publicou
artigos sobre o assunto, mas aqui e no Apêndice 1 os dados são retirados de seu extenso testemunho
escrito.66 Mas Eric Toussaint também tem páginas esclarecedoras que incluem informações sobre a
entrada de grandes bancos europeus neste campo.67 A possibilidade de
'holdings financeiras' para entrar neste campo fazia parte da Lei Gramm Leach-Bliley de 1999, que
revogou definitivamente a Lei Glass-Steagall de 1933.
também foi facilitada por decisões do Conselho de Governadores da União
Reserve System na sua qualidade de agência reguladora, esclarecendo as estreitas relações entre o
Fed e os grandes bancos norte-americanos.
O Citigroup foi o primeiro conglomerado financeiro a receber, em 2003, a aprovação do Fed para a
negociação de commodities físicas como atividade 'complementar'.
O Citigroup foi autorizado a 'comprar e vender petróleo, gás natural, produtos agrícolas
produtos e outras commodities não financeiras no mercado à vista e receber e fazer entrega física de
commodities e liquidar transações de derivativos de commodities permitidas'.68 Em anos subsequentes,
o Fed concedeu
65 'Bashing Metal: Insinuações de manipulação de mercado aceleram outra reviravolta na
finanças', The Economist, 17 de agosto de 2013.
66 Omarova 2013.
67 Toussant 2014, pp. 195–200.
68 Todas as citações neste e nos parágrafos seguintes são do depoimento de Omarova em 23 de julho de 2013.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 111
ordens que autorizam a negociação física de commodities para grandes bancos não americanos (UBS,
Barclays, Deutsche Bank e Société Générale) permitindo-lhes expandir a sua
negócios de commodities físicas em todo o mundo, adicionando operações nos EUA. Em 2005, o JP
Morgan Chase pediu e foi autorizado a se envolver em atividades físicas
atividades de negociação de commodities como complementares aos seus derivativos financeiros
o negócio. Em 2008, o Royal Bank of Scotland (RBS), ainda o maior conglomerado financeiro do
Reino Unido, foi autorizado a fazer o mesmo após adquirir uma participação de 51% em uma joint
venture com a empresa americana de serviços públicos Sempra Energy. A joint venture, RBS Sempra
Commodities, realiza negociação física de petróleo, gás natural, carvão e metais não preciosos. O
depoimento observa que 'No Despacho RBS, o
Board [o Fed] relaxou significativamente as limitações padrão'. Autorizou o RBS a contratar terceiros
para refinar, misturar ou alterar de outra forma as commodities. . . permitindo explicitamente que o RBS
venda petróleo bruto a uma refinaria de petróleo e depois compre
devolver o produto petrolífero refinado». Também permitiu que o RBS celebrasse contratos de
fornecimento de eletricidade de longo prazo com grandes clientes industriais e comerciais.
A crise de 2008 teve o efeito duplo de mudar o status legal do Morgan Stanley e do Goldman Sachs
em 'sociedades financeiras' colocadas sob
a jurisdição do Fed e de levar a um aumento no grau de concentração das atividades do conglomerado
financeiro no transporte e produção de commodities, como ocorreu no setor bancário (cf. Capítulo 7).
Aqui o caso em questão foi a aquisição pelo JP Morgan Chase dos ativos de commodities do Bear
Stearns após seu fracasso e colapso e da venda pelo RBS de seus negócios globais de commodities
após seu resgate e nacionalização em 2009. O resultado é
a dominação de um setor altamente oligopolista por um núcleo de três corporações muito poderosas.
Omarova destaca a “lacuna informacional” que dificulta uma avaliação exata. Primeiro, os
conglomerados financeiros informam seus ativos, receitas e lucros para um negócio consolidado no
qual o segmento de negociação de commodities é apenas uma parte. Em segundo lugar, na medida
em que a detenção financeira
corporações incluem em seus registros regulatórios informações financeiras específicas para suas
operações de commodities, geralmente incluem
operações de derivativos e negociação de commodities físicas. Como resultado, a maioria das
informações financeiras relatadas sob a rubrica 'commodities' refere-se ao
negócio de derivativos, 'deixando adivinhar o que está acontecendo nos negócios de commodities
físicas das empresas', e isso torna menos visível o fato de que elas atuam
'não apenas como negociantes de risco puramente financeiro, mas também como comerciantes
tradicionais de commodities'. A terceira dificuldade decorre da "natureza inerentemente secreta da
a indústria de comércio de commodities onde um punhado de grandes tradings de commodities,
principalmente sediadas na Suíça - incluindo Glencore, Vitol, Trafigura,
Mercuria e Gunvor – dominam o comércio global de petróleo e gás, derivados de petróleo, carvão,
metais e outros produtos'. O depoimento considera, no entanto, que ainda é 'possível reunir dados
suficientes para ter uma noção do
Machine Translated
112 by Google Capítulo 4
significado potencial dos negócios de commodities físicas Goldman Sachs, Morgan Stanley e JP Morgan
Chase'.69 Isso está resumido no Anexo 4.2.
3.2 As operações financeiras das transnacionais
Ao lado de suas reconhecidas atividades produtivas e predatórias, as TNCs são
fortemente engajados em operações financeiras e, portanto, apresentam lucros globais que incluem juros
e ganhos de especulação. A partir da década de 1980, a escala dos tesouros provenientes de lucros não
investidos e não distribuídos levou as TNCs
criar os seus próprios departamentos financeiros ou bancos internos do grupo com a
objetivo de valorizá-los nos mercados financeiros. Uma noção-chave é a posse
empresa situada no centro da estrutura societária. marxista anglófono
economistas que trabalham em sistemas corporativos baseados no mercado de ações raramente se sentiram
a necessidade de refletir sobre as implicações da holding como fizeram os franceses
Economistas marxistas e heterodoxos com sua definição inicial de grandes empresas industriais como
“corporações financeiras engajadas principalmente na atividade industrial”.70
Trabalhando em um sistema corporativo de propriedade do governo e da família, eles foram sensíveis à
mudança para a forma corporativa dos EUA e prestaram atenção especial às operações dos
departamentos financeiros.
A gestão e valorização por parte das transnacionais de lucros não investidos e não distribuídos
borram as linhas entre produtivo e gerador de juros
capital. Mas o colapso, uma vez identificado, também requer coleta de dados e tratamento analítico
separados. Em um estudo inicial pouco lido por anglófonos
economistas, Serfati mostrou que, no nível da holding, as TNCs
todos os departamentos financeiros estabelecidos, realizando uma grande variedade de operações de
curto prazo no mercado financeiro, no mercado monetário e no mercado de câmbio de dimensões não
negligenciáveis.71 Alguns possuíam bancos afiliados em algum momento. Em pesquisas anglófonas
subsequentes, Greta Krippner descobriu que 'a crescente
a dependência das empresas não financeiras das atividades financeiras como fonte de receita é
fundamental para a compreensão dessas empresas. De fato, a própria indefinição do debate sobre o
controle reflete o fato de que a distinção entre as forças que agem “dentro” e “fora” das corporações não
financeiras está se tornando cada vez mais arbitrária. Ela enfatiza que 'as empresas não financeiras
estão começando a
assemelham-se a corporações financeiras – em alguns casos, de perto – e precisamos
69 Desde então, o JP Morgan Chase vendeu sua afiliada de commodities físicas para uma trading suíça
Mercuria; veja 'As empresas de comércio de commodities estão crescendo e
correndo mais riscos', The Economist, 6 de setembro de 2014.
70 Morin 1974.
71 Serfati 1996. Ver também (em inglês) Serfati 2008, mas com informações bem menos detalhadas.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 113
essa percepção para nossos estudos de comportamento corporativo'.72 Uma das descobertas de sua
artigo meticuloso cobrindo o período 1950-2000 é que a proporção de portfólio
rendimentos – juros, dividendos e ganhos de investimento no mercado de capitais73 – para fluxos de
caixa, que ela usa como seu indicador de financeirização, cresceu de 20% em 1980 para 60% em 2001.
Ele recuou temporariamente em meados da década de 1990, o que interpreto como consequência da
elevação momentânea dos lucros do investimento produtivo relacionado à Nova Economia. Dentro deste
rendimento de carteira, a queda da componente de ganhos de investimento no mercado de capitais do
rácio em 2000 é superior a
compensado pelo aumento da componente de juros.74 Não há estudos ou relatórios com números
disponíveis para os anos 2000. Tampouco houve um trabalho acadêmico voltado, como fez Serfati em
1996, para toda a gama das operações de apropriação de juros e especulação das corporações
industriais e a forma como elas integravam as atividades do tipo financeiro, inclusive por meio da
propriedade de bancos cativos. No Apêndice 2 são dados exemplos do local de
afiliadas em estruturas de grupo com foco na General Electric, empresas automobilísticas e seguros
cativos, na esperança de que isso encoraje os colegas mais jovens a explorar essa dimensão das
atividades das corporações industriais
sistematicamente.
4 Commodity Concentrado ou Capital Comercial e o Compartilhamento
Fora do Valor Excedente Total
No Volume II de O capital, Marx apresenta o 'capital-mercadoria' como totalmente subordinado ao capital
industrial. Da mesma forma, em 1910, Hilferding considera que "o desenvolvimento do capital financeiro
reduz a importância do comércio tanto absoluta quanto relativamente, transformando o outrora orgulhoso
comerciante em um mero agente da indústria que é monopolizado pelo capital financeiro".75 A situação
contemporânea é radicalmente diferente: mesmo grandes corporações industriais são forçadas
72 Krippner 2005, p. 202, destaque original. Eu tinha visto Krippner repetidamente citado como definindo
a financeirização como 'um padrão de acumulação em que os lucros se acumulam principalmente
através de canais financeiros e não através do comércio e da produção de mercadorias” (Krippner
2005, p. 174) – uma posição com a qual eu, é claro, discordei, antes de descobrir
que seu artigo era muito melhor do que a citação.
73 Tudo isso são apropriações de mais-valia e aparecem como 'lucros sem produção'
apenas ao nível da empresa individual. O problema é que o termo de Krippner foi posteriormente
usado por alguns marxistas para caracterizar o capitalismo contemporâneo de forma mais ampla.
74 Krippner 2005, figuras 5 e 6.
75 Hilferding 1910, Capítulo 14.
Machine Translated
114 by Google Capítulo 4
abandonar uma parte da mais-valia destinada ao capital mercantil ou mercantil altamente concentrado.
Por sua vez, a análise dos lucros auferidos por estes ajuda a esclarecer a natureza dos lucros
financeiros.
4.1 A Noção de 'Lucros em Circulação'
A ideia de que os lucros estão cada vez mais sendo obtidos no processo de circulação
e não no processo de produção foi apresentado de forma pouco convincente
e com alguma hesitação por parte de alguns autores.76 A questão será examinada
no Capítulo 7 em relação às operações das corporações financeiras e as fontes dos lucros bancários
contemporâneos. Aqui é discutido com relação a commodities e varejo.
O quadro analítico essencial é o circuito do capital: MCPCÿ-Mÿ.
Tem uma validade analítica inclusiva. Em todos os cinco pontos há características comuns,
notadamente no fato de que a participação de qualquer empresa na distribuição do excedente
o valor dependerá de quão barato ele compra força de trabalho e quão eficientemente explora a força
de trabalho. Mas, caso contrário, essa participação dependerá de
relacionamentos moldados pelo estado da oferta e demanda (seja no mercado de um vendedor ou no
mercado de um comprador) e pelo tamanho. Graus de monopólio e monopólio, mesmo muito relativos,
determinam o "poder de barganha" das empresas. Tudo
que se sabe sobre subcontratação ou terceirização deixa isso perfeitamente claro.
É disso que tratam as 'cadeias de valor'. As operações de subcontratação, terceirização e off shoring,
bem como as operações de varejistas são discutidas em alguns
comprimento no próximo capítulo.
O ponto-chave, como colocado por Harvey, é que “se não há valor e mais-valia sendo produzidos
na produção em geral, então esses setores (varejistas e
bancos) não podem existir por si mesmos'.77 Certamente, se olharmos para as corporações
que compõem coletivamente o capital financeiro, em um dado momento há apenas
uma determinada quantidade de mais-valia a ser dividida entre eles. Corporações financeiras,
empresas engajadas no componente de capital constante de matéria-prima de C e aquelas engajadas
nas vendas no varejo terminam na transição de C1 para M1 lutarão pela maior participação possível.
Os bancos de investimento também tentarão fazer com que as corporações concedam a eles grandes
parcelas de mais-valia como taxas para a organização de fusões e aquisições. Da mesma forma,
grandes fabricantes estão lutando permanentemente com grandes empresas de varejo sobre quanto
valor excedente deve remunerar
76 Essa hesitação parece ser o caso do artigo de Lapavitsas para o jornal basco
Ekonomiaz. A interessante análise não exige o título e a primeira frase do resumo:
'Financialização ou busca de lucros na esfera da circulação' (Lapavitsas 2009).
77 Harvey 2012, p. 11.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 115
a organização da realização de valor e mais-valia e o fechamento de
o circuito de capitais. A configuração do compartilhamento dependerá de vários
fatores, como a habilidade dos varejistas em explorar seus funcionários, mas de forma mais decisiva
no equilíbrio entre monopólio e monopsônio em um determinado setor ou ramo. Eu vejo essa
abordagem como a única maneira de dar aos 'lucros em circulação' em C e Cÿ um significado marxista.
4.2 Grandes comerciantes de commodities
O lugar que os grandes comerciantes de commodities criaram vendendo e transportando insumos
básicos de mineração bruto ou semiprocessado e agroindustriais para corporações manufatureiras a
jusante produtoras de capital e bens de consumo é relevante tanto para o tipo de relacionamento
analisado por Marx em seu capítulo sobre a história do capital mercantil e às analisadas pelos autores
do monopólio.
O mix será diferente de acordo com a commodity e o país envolvido nas transações. O cartel
internacional do cobre da década de 1930 foi estudado a esse respeito. Na década de 1990, foram
publicados trabalhos identificando os grupos que
formaram cartéis mundiais no comércio de grãos – Cargill (EUA), Continental (EUA),
Louis Dreyfus (França), Bunge e Born (EUA, embora radicados na Argentina
e Brasil) e André (Suíça)78 – e mais amplamente na área de alimentos
trade – os cinco primeiros nomeados mais Archer Daniels Midland (grão dos EUA), ConAgra
(carne dos EUA), IBP (carne dos EUA) e os dois grandes conglomerados diversificados Unilever
(Reino Unido-Holanda) e Nestlé (Suíça).79 Todas essas empresas datam do
XIX ou início do século XX, crescendo mais tarde por meio
fusões e aquisições internacionais. Várias empresas americanas cresceram acompanhando a
migração de capital para os EUA, assim como redes e gestão
experiência originária da Holanda e Suíça. As primeiras seis corporações de grãos são de propriedade
familiar e em parte familiar. O setor é conhecido por seu sigilo.80 O Financial Times recentemente
coletou dados detalhados do tipo estudo de caso sobre o universo de comerciantes de commodities.81
Uma razão para esse interesse
é, claro, sua interface com o mercado de derivativos, e outra é a
78 Morgan 1979.
79 Freeman 1995.
80 Isso é enfatizado no depoimento de Saule Omarova ao comitê do Senado dos EUA: 'Commodities
tradings não divulgam publicamente os resultados de suas operações financeiras e geralmente
abster-se de divulgar informações sobre a estrutura ou desempenho de seus
investimentos. O sigilo sempre foi um atributo importante do negócio tradicional de comércio
de commodities, no qual o acesso à informação é vital para o sucesso comercial e ter vantagem
informacional muitas vezes se traduz em lucros inesperados.
81 Javier Blas, 'Comerciantes de commodities colhem colheita de US$ 250 bilhões', Financial Times, 14 de abril de 2013.
O Financial Times revisou 'milhares de páginas de registros de empresas e documentos não públicos
Machine Translated
116
by Google Capítulo 4
entrada oligopolista lateral desde 2000 de novas empresas, beneficiando de apoio financeiro maciço. Os
primeiros dez grupos82 são Vitol (suíço-holandês), Glencore
(Suíça), Cargil, Trafigura (Suíça), Koch Industries (EUA), Mercuria Group (Suíça, fundada em 2004), Noble
Group (Hong Kong), Grupo Gunvor (fundado em 2000 por um sueco e um russo, registrado em Chipre com
escritórios comerciais em Genebra, Suíça, Cingapura, Dubai e Bahamas), Archer Daniels Midland e Bunge
and Born. É interessante notar que existem vários nomes quase desconhecidos e que os conhecidos como
Louis Dreyfus ou Mitsubishi Trading não estão entre os dez primeiros. O Financial Times observa que
'algumas empresas estão publicamente
listados e divulgam informações financeiras, mas que a maioria é de propriedade privada e
em alguns casos, nunca publicaram dados sobre a rentabilidade». Os documentos em
a revisão 'inclui arquivamentos em registros comerciais das Ilhas Virgens a Cingapura'. O registro em
paraísos fiscais é generalizado e recomendado por
empresas de consultoria. 83
Os recursos financeiros não me permitiram acessar os dados originais. Útil
informações e insights são fornecidos nos resumos fornecidos pelo Financial
Times e outras publicações de negócios. O primeiro insight importante é que o
lucro líquido das maiores casas comerciais desde 2003 (quase US$ 250 bilhões no
última década) superou a do Goldman Sachs, JP Morgan Chase e Morgan Stanley juntos, ou a de um
gigante industrial como a General Electric. Elas
ganhou mais dinheiro do que Toyota, Volkswagen, Ford Motor, BMW e Renault
combinados, tornando os indivíduos e famílias que controlam o setor em grande parte privado grandes
beneficiários da ascensão da China e de outros países emergentes. O superciclo de commodities causado
pela industrialização da China e de outros países emergentes aumentou fortemente os volumes negociados
de commodities, mas também aumentou a lucratividade dos investimentos dos grupos comerciais em
campos de petróleo, minas e terras agrícolas, permitindo-lhes 'expandir massivamente
sua influência'. O setor de comércio de commodities, observa o Financial Times,
é 'pouco compreendido e amplamente não regulamentado'. A publicação do estudo poderia “aumentar os
apelos por maior transparência”. O retorno sobre o patrimônio do setor
(ROE) atingiu 50-60 por cento em meados dos anos 2000 e ainda tem uma média de 20-30 por
documentos' e oferece 'o primeiro relato abrangente da indústria'. Acesso ao
a revisão é cara, mas os dados parecem justificar uma análise completa.
82 Ginger Szala, '10 principais empresas globais de comércio de commodities: dinheiro esperto ou meninos maus?', http://
www.futuresmag.com/2013/07/25/10-top-global-commodity-trading-firms-smart money?
t=financials&page=11.
83 KPMG, Commodity Trade Companies. A centralização do comércio como fator crítico de sucesso,
outubro de 2012.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 117
cento hoje, 'ainda grande para qualquer padrão de negócios'. As operações de trading realizadas na área
de energia pelos grandes grupos de petróleo, gás e utilities – BP
e Royal Dutch Shell, Total e EDF, as alemãs Eon e RWE, e Lukoil e Gazprom ofuscam as de outras
corporações comerciais. Este é especialmente o caso do petróleo. 'As estimativas da indústria colocam o
lucro líquido dessas operações comerciais no ano passado em cerca de US$ 5 bilhões, bem abaixo do pico
de 2008-9 de mais de US$ 10 bilhões, mas o nível exato é difícil de determinar'.
Os grandes comerciantes de commodities físicas básicas ou empresas de comercialização de
commodities são todas sociedades holding com um espectro de serviços financeiros e investimentos
financeiros. Um estudo recente mostrou que a proporção de
as receitas das tradings de commodities oriundas de tais investimentos financeiros vem crescendo em
relação às receitas derivadas diretamente da
negociação da mercadoria física. “As empresas de comércio de commodities têm colocado cada vez mais
o “gerenciamento de risco” no centro de suas principais competências, referindo-se a departamentos
internos de pesquisa e corretoras de futuros que atendem comerciantes de commodities físicas, bem como
investidores financeiros que procuram
diversificar suas carteiras'.84 Em suma, começaram a invadir o território de
bancos de investimento.
4.3 Grandes varejistas
Hoje, as corporações de varejo não são mais os 'meros agentes da indústria', como Hilferding as chamava.
A centralização e concentração de capital em todo o comércio de venda e varejo,85 juntamente com a
desaceleração do crescimento do PIB e a transformação nos estilos de vida urbanos e suburbanos criados
pelos automóveis, mudou
esta situação radicalmente. Os grandes varejistas, em particular os varejistas em geral, são atores
importantes no funcionamento do capitalismo contemporâneo, no qual o controle sobre o acesso aos
mercados de consumo final tornou-se crucial. Eles são um componente central do capital financeiro e
exercem enorme poder de monopsônio e monopólio. Wal-Mart,
Carrefour, Tesco e outros também fizeram da exploração de funcionários uma arte, por assim dizer. Os
salários que pagam, as horas que impõem aos seus funcionários e a intensidade da exploração no local de
trabalho os destacaram e tornaram
um modelo para empresas de outras indústrias.
84 Kaltenbrunner et al. 2012.
85 Wrigley 2010.
Machine Translated by Google
118 Capítulo 4 as incorporações organizacionais do capital financeiro 119

Tabela 4.1 Os 10 maiores varejistas globais, vendas líquidas (2010) Grandes varejistas gerais, juntamente com as grandes corporações de vestuário, moda e roupas
(US$ milhões) esportivas, estão profundamente engajados em compras globais e em formas diretas de superexploração
do trabalho em maquiladoras e fábricas asiáticas. As dimensões de suas operações e a intensidade da
Wal-Mart EUA 260.261 exploração vivenciada pelos trabalhadores são discutidas no próximo capítulo. Aqui, o foco é primeiro
Carrefour 126.793 nas relações intercapitalistas, ou seja, a cobrança feita pelos varejistas aos fabricantes pela tarefa de
Wal-Mart Internacional 109.232 organizar a realização de valor e mais-valia, e segundo
Tesco 93.173

Grupo Metro 87.714 sobre o papel dessa habilidade na exploração dos funcionários e na redução do
Kroger 78.834 o tempo de giro do capital desempenha um papel no aumento do grau de eficácia do poder do
Costco 78.394 monopsônio. Devido à grande quantidade de dados disponíveis, a análise
Grupo Schwarz 76.339 concentra-se no Wal-Mart.
Sete e eu 70.959 A quantidade de mais-valia que o agricultor, o agronegócio ou a empresa fabricante de bens de
Home Depot 68.002 consumo concede ao varejista é uma pura questão de poder de mercado. Este sempre foi o caso para
agricultores e pequenas e médias empresas (PMEs), mas não, ou muito menos, para grandes empresas.
Fonte: Berg e Roberts 2012.
Até a década de 1980, as marcas construídas por grandes empresas norte-americanas e européias
(estas últimas necessariamente TNCs em
o modelo Nestlé e Unilever) – por meio de inovação de produtos e grandes desembolsos publicitários –
Um recente World Investment Report86 calcula um 'índice de transnacionalidade'. Wal Mart está cabeça permitiu negociar com varejistas em condições favoráveis. Em seguida, a escala e o poder mudaram em
e ombro acima dos outros. A classificação entre Tesco e favor do Wal-Mart e de outros
O Carrefour se deve a diferenças de estratégia. O Carrefour tem menos filiais, mas muito maiores, e grandes corporações globais de varejo. Um indicador visível foi o crescimento da participação de produtos
vendas externas mais altas. sob marca própria (por exemplo, varejista). Hoje, um estudo enfatiza que 'há muito poucos fornecedores
que podem competir com os varejistas globais em termos de escala: o Wal-Mart International sozinho é
agora maior que a Nestlé e, de fato,
Tabela 4.2 As 5 principais empresas transnacionais do setor de varejo, classificadas por ativos estrangeiros, 2012 As despesas anuais do Wal-Mart com marcas próprias – em mais de US$ 100 bilhões – superam as
(US$ bilhões e número de funcionários)
receitas anuais da Nestlé'.87 Com foco no Wal-Mart EUA, o mesmo estudo relata
resultados da pesquisa "mostram que cerca de 120 fornecedores ou prestadores de serviços nomeiam o
Corporação País Estrangeiro Total Estrangeiro Total Estrangeiro Total Operativo Transat. Wal-Mart como um grande cliente, em média, por 21% de suas vendas totais, com a proporção chegando
Vendas Vendas Ativos Ativos Funcionários Funcionários Países Índice* a 55%".88 Em 2010, a Garanimals,89
um grande fabricante de roupas infantis, vendeu mais de 90% de sua produção através do Wal-Mart.
Wal-Mart EUA 127 447 84 193 800 000 2 200 000 28 76 219 298 0,76 Entre as empresas com destaque no levantamento de
Tesco Reino Unido
35 103 39 519 671 33 61 267 718 364 969 13 46 0,84 dependência do Wal-Mart, a maior é Del Monte, a sinistra e notória
Carrefour França 53 98 34 86 159 344 248 637 33 26 0,57 vendedor de conservas de legumes, frutas, tomate e produtos para animais de estimação que opera no
Metrô Alemanha 53 27 88 . . . 0,62 México e em todos os países da América Central. Não só faz
Schwarz Alemanha 49 ... ...... 0,56

Fonte: UNCTAD 2014a, p. 16. (*O Índice de Transnacionalidade é uma média de três
rácios: estrangeiros para ativos totais, estrangeiros para vendas totais e estrangeiros para total
87 Berg e Roberts 2012, p. 93.

emprego, exceto para o Grupo Schwarz com apenas vendas externas em relação ao total). 88 Berg e Roberts 2012, p. 82.
89 Garanimals é uma divisão da Garan Incorporated, empresa de propriedade integral da Berkshire
Hathaway. http://www.fundinguniverse.com/company-histories/garan-inc-history/
86 UNCTAD 2014a. (acessado em 1 de dezembro de 2013).
Machine Translated
120 by Google Capítulo 4
A Del Monte vende suas próprias marcas através do Wal-Mart, mas também produz marcas próprias do
Wal Mart.
No setor varejista, o poder de monopsônio está intimamente relacionado ao tamanho. este
é muitas vezes o resultado de aquisições. No caso do Wal-Mart isso vale para suas operações internacionais,
mas nos EUA seu crescimento tem sido quase exclusivamente
endógeno. Ocorreu pela criação de empresas 'virtuosas' maximizadoras de lucros
processos de feedback envolvendo vários fatores, principalmente uma exploração implacável de seus
funcionários e um uso muito bem sucedido da tecnologia da informação. Aqui o Wal-Mart foi pioneiro e
exemplo para seus rivais do setor. Acelerou o giro de capital com a introdução de códigos, scanners e
computadores para examinar o comportamento do consumidor no ponto de venda e minimizar o tamanho do
A revolução na logística permitiu que o Wal-Mart EUA eliminasse atacadistas e outros intermediários (a
quem os executivos do Wal-Mart chamam de 'tomadores de margem') em sua base nos EUA e reduzisse
severamente seu lugar nas cadeias de suprimentos globais (ver Capítulo 5). Também reforçou fortemente a
posição do Wal-Mart em relação a seus funcionários e o ajudou a combater a sindicalização.91 Isso fez com
que
Wal-Mart um 'modelo' que outras corporações têm procurado seguir, transferindo o emprego de empregos
estáveis de salário médio para empregos precários de baixo salário em
varejo, bem como outros setores de serviços intensivos em mão de obra.
Arum Gupta sintetizou estudos recentes sobre os efeitos do Wal-Mart nas
mercados de trabalho. O estudo mais detalhado que ele relata descobriu que “cada emprego no Wal-Mart
custava 1,4 empregos no setor de varejo, ou cerca de 150 empregos em média nos países afetados. Houve
uma redução de 2,7 por cento no emprego no varejo atribuível a um
abertura de lojas do Wal-Mart, bem como “declínios nos ganhos de varejo em nível de condado de
cerca de US$ 1,4 milhão, ou 1,5%”.92 A maioria dos funcionários do Wal-Mart
são trabalhadores de meio período que recebem o salário mínimo local. A maioria dos funcionários não tem
direito a nenhum benefício, pois um funcionário de meio período leva mais de cinco anos para se tornar
elegível para benefícios, participação nos lucros ou outras compensações semelhantes.
Há uma alta taxa de rotatividade entre esses funcionários, o que significa que a maioria não
90 Ver Petrovic e Hamilton 2006.
91 Um sindicato chamado NOSSO Walmart, ou Organização Unida pelo Respeito no Walmart, foi
fundada por funcionários em 2012. Cerca de 500 deles apoiados por muitos milhares de outros se
reuniram nas lojas em dezembro de 2012 na sexta-feira após o Dia de Ação de Graças (Wal-Mart
funcionários chamam de 'Black Friday'). Em 2014, documentos internos vazados foram publicados
pelo OccupyWallSt.org e foram confirmados como autênticos por um porta-voz do Walmart, mostrando
que a estratégia do Walmart de lutar para impedir que seus trabalhadores formem sindicatos inclui
instruir os gerentes a relatar atividades suspeitas e alertar os trabalhadores de que ingressar no
NOSSO Walmart pode prejudicá-los. http://thinkprogress.org/economy/2014/01/16/3171251/
walmart-leaked-powerpoint-unions/.
92 Gupta 2013, p. 5.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 121
não atingir o nível de antiguidade exigido. Em muitos casos, o salário mínimo local está muito abaixo da
linha da pobreza.93 Isso é consequência da guerra do Wal-Mart contra os sindicatos. O Wal-Mart há muito
tenta manter a vantagem sobre sua força de trabalho. Eles têm repetidamente combatido as tentativas de
sindicalização de segmentos de sua força de trabalho. Vários casos foram levados a tribunal na década de
1990 pelos Estados Unidos
Trabalhadores de Alimentos e Comerciais (UFCW). O Congresso dos EUA realizou audiências sobre
práticas trabalhistas do Wal-Mart. 'A política do Wal-Mart tem sido de atraso e
“terror” nas palavras de um representante sindical que acusou a empresa
de táticas antiquadas de destruição de sindicatos'.94 O Wal-Mart pagou a seus trabalhadores até US$ 3,50
por hora a menos do que os trabalhadores sindicalizados de supermercados. 'Assim, se o Wal-Mart tem
reduziu os preços dos bens de consumo para toda a economia dos EUA, também reduziu
salários e benefícios para setores inteiros. Se um estado tivesse 50 Wal-Marts, que era a média em 2000,
os salários caíram 10% e a idade da cobertura de seguro de saúde encolheu 5% entre todos os trabalhadores
do varejo nesse estado'.95 A sindicalização nas grandes empresas varejistas é um pouco mais fácil na
Europa . No Reino Unido, o Sindicato dos Trabalhadores de Lojas, Distributivos e Aliados apresentou
problemas para a Tesco, enquanto uma grande greve foi organizada com sucesso nos supermercados
franceses do Carrefour em 2011. Mas o
setor é aquele em que as lutas são excepcionalmente difíceis.
5 Lucro de monopólio baseado em recursos naturais e aluguel de petróleo
Historicamente, a renda da terra alimentou a acumulação de capital monetário e a
traços rentistas que pode naturalmente adquirir quando o capital industrial é fraco. Em muitos
países, a França no século XIX, os países sul-americanos no século XX, os grandes latifundiários e os
banqueiros tiveram estreitas afinidades sociológicas e políticas. No caso deste último, foi ainda consolidado
por
aluguel mineiro. Mais geral e fundamentalmente a análise da
capitalismo globalizado exige uma discussão sobre as receitas da exploração de energia e recursos naturais
derivados da grande propriedade mineira e
propriedades de terra. A situação é a de uma fusão de renda e lucro, com ênfase na noção de lucro
excedente.96 As receitas do agronegócio e da mineração
as corporações devem ser vistas como baseadas simultaneamente na propriedade de terras agrícolas,
possuidoras de determinados dotes ou de recursos minerais e na
93 Quinn 2000, p. 47.
94 Quinn 2000, p. 45.
95 Gupta 2013, p. 6.
96 A noção de lucro excedente é levantada pela primeira vez bem no final do Capítulo 10, Volume III, e
então desenvolvido no Capítulo 46 na Parte VI.
Machine Translated
122 by Google Capítulo 4
relações capital/trabalho antagônicas. As empresas nessas atividades obtêm lucros excedentes
baseados simultaneamente na posse de recursos naturais e na
eficiência e brutalidade da organização capitalista de extração, que
determina a produtividade do trabalho empregado e a taxa de excedente
valor. No Capital, os proprietários de recursos naturais e os capitalistas que os utilizam ainda são
colocados como pessoas diferentes. A situação que Marx analisa é aquela em que:
onde quer que as forças naturais possam ser monopolizadas e dar ao industrial
quem delas aproveita um lucro excedente, seja uma cachoeira, uma rica mina,
pesqueiros, ou um canteiro de obras bem situado, aquele que, em virtude de seu título de
propriedade de uma parte da terra, se apodere desse lucro excedente de
o capital de funcionamento na forma de aluguel.97
Hoje, as corporações de mineração e processamento de matérias-primas primárias são proprietárias
dos recursos naturais que exploram. Eles se apropriam da mais-valia em algumas das relações capital-
trabalho mais duras do capitalismo global e coletam o lucro excedente permitido pela propriedade
monopolizada. O resultado de
A centralização e concentração incessantes em nível mundial no petróleo e na maioria das indústrias de
mineração e processamento metálicos e não metálicos é um oligopólio apertado. A tendência de longo
prazo de diminuição da oferta permite que as corporações estabeleçam estratégias de preços que
afetam os custos de produção das indústrias que dependem de seus produtos como insumos para a
produção. Esses numerosos fatores combinados colocam as empresas petrolíferas e, mais geralmente,
a mineração e a indústria primária
corporações de transformação, entre as mais ricas e poderosas empresas transnacionais e
torná-los uma pedra angular dos mercados de ações.
As receitas do petróleo são muitas vezes referidas como rendas e os países que as usufruem são
denominados estados rentistas.98 No entanto, no caso dos países capitalistas avançados que
possuem e exploram petróleo (EUA, Reino Unido, Noruega), essas receitas são chamadas de lucros de
monopólio e os países nunca são chamados de rentistas. Se vale a pena reter a caracterização de
'estados rentistas' ao abordar a economia política de alguns atuais ou antigos países semicoloniais,
entre eles a Argélia,99 em outros, em particular os Estados do Golfo, depara-se com uma
97 Marx 1981, Vol. III, pág. 908.
98 Para uma abordagem geral, ver inter alia Beblawi 1990.
99 Para a posição amplamente defendida sobre a Argélia como um estado rentista amaldiçoado pelas receitas do
petróleo, ver Dillman 2000 e Nashashibi 2002. Este último foi contestado de forma bastante convincente por Henry
2004, que argumenta que, embora as conexões entre a riqueza petrolífera da Argélia, seu deslize
para os desastres da década de 1990, a contínua concentração de poder em torno do exército e
corrupção deve ser analisada, 'o pecado original era uma forma primitiva de francês
as incorporações organizacionais do capital financeiro 123
variedade específica de capital financeiro. Hanieh estudou a forma da 'classe capitalista do Golfo'.100
Ele escreve:
a forma assumida pela classe capitalista em torno desses circuitos é tipicamente
a dos grandes conglomerados capitalistas – muitas vezes constituídos por famílias mercantis ou
indivíduos próximos da família dominante – fortemente interpenetrados com as estruturas estatais.
Esses conglomerados são geralmente
atuante em todos os momentos do circuito do capital – o circuito produtivo (construção,
mercadorias ricas em energia como alumínio, aço, concreto); o circuito de commodities (agentes
e distribuidores de commodities importadas, shoppings e shopping centers); e o circuito financeiro
(bancos, empresas de investimento e private equity). Essa classe surgiu ao lado do próprio
Estado, beneficiando-se de contratos estatais, direitos de agência, direitos fundiários
doações e cargos dentro da burocracia governamental.101
Voltaremos a encontrar os Estados do Golfo e o segmento distinto do capital financeiro do Golfo no
próximo capítulo, quando examinarmos os Fundos Soberanos.
Diante de uma pluralidade de estados no Golfo, Hanieh não tenta identificar
um regime específico de acumulação à base de petróleo. Ashman, Fine e Newman fazem isso
para a África do Sul, tendo os minerais como base material. Ressaltando que 'global
acumulação e suas mudanças e reestruturação são necessariamente mediadas pela estrutura de
economias particulares e formas de domínio de classe',102 eles argumentam que 'na África do Sul
mudanças mais amplas na economia mundial e o desenvolvimento capitalista impulsionados pelo
neoliberalismo e pela financeirização interagiram com o
legado do passado do apartheid'. Isso os leva a:
caracterizam o sistema de acumulação na África do Sul como um 'Minerals
Complexo Energético' (MEC) onde a acumulação foi e permanece
dominado e dependente de um cluster de indústrias, fortemente promovido pelo Estado, em
torno de mineração e energia – bruto e semiprocessado
produtos minerais, ouro, diamante, platina e aço, carvão, ferro e
colonialismo, não hidrocarbonetos. Antes de as receitas petrolíferas decolarem na década de
1970, a trajetória da Argélia já estava condicionada pela intensidade da ocupação colonial, a
destruição da sociedade civil e dos intermediários políticos, o trauma da libertação nacional e
uma persistente crise de identidade”. Ele aponta curiosamente para a influência desastrosa que
a teoria das "indústrias industrializadas" desenvolvida por economistas, membros do Partido
Comunista Francês, teve sobre os primeiros governos argelinos.
100 Hanieh 2012.
101 Hanieh 2012, p. 186.
102 Muitos economistas brasileiros fariam bem em observar esse importante ponto metodológico.
Paulani 2015a é uma contribuição nesse sentido.
Machine Translated by Google
124 Capítulo 4
alumínio. No contexto da produção sul-africana, a financeirização produziu uma combinação
particular de entradas de capital de curto prazo (acompanhadas pelo aumento da dívida do
consumidor, em grande parte gasta em artigos de luxo) e uma saída maciça de capital de longo
prazo, uma vez que as principais corporações “domésticas” escolheram listagem offshore e
internacionalizar suas operações, concentrando-se na África do Sul nos principais setores
lucrativos do MEC.
O resultado, mesmo antes do impacto da crise atual, foi uma forma de crescimento sem emprego
e a persistência da pobreza em massa para a maioria ao lado de
padrões de vida crescentes para uma pequena minoria, incluindo novas elites negras.103
A saída massiva de capital sob a forma de superlucros apropriados
pelas corporações do MEC é a contribuição do regime de acumulação sul-africano
à 'acumulação financeirizada' e à consolidação de sua 'natureza sistêmica global'.104 A configuração e
os novos instrumentos de exploração do
capitalismo são o objeto do próximo capítulo.
103 Ashman, Fine e Newman 2011, p. 178, grifo no original.
104 Ashman, Fine e Newman 2011, p. 176.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 125
Apêndice 1: Controle nos Estudos ETH Zurich
O termo 'controle' é usado em dois estudos sucessivos por um grupo de matemáticos baseados em
Zurique.1 Os estudos são altamente sofisticados no uso de técnicas topológicas refinadas desenvolvidas
em matemática. Por conta disso
nem sua metodologia nem seu uso do termo controle foram discutidos criticamente.2 Eles exploram
um enorme banco de dados, construído no entanto sobre a definição oficial muito ampla e quase sem
sentido de TNCs, sejam não financeiras ou
financeiro.3 Os nós são construídos sobre fluxos de dividendos criando assim automaticamente a
primazia das instituições financeiras conforme definido pela NACE (incluindo seguradoras e fundos de
pensão). O primeiro estudo mapeia a topografia de um universo de 43.000 TNCs não financeiras e
financeiras que estão interconectadas por propriedade direta e indireta. Em seguida, reduz-o a um
grupo de
1.300 empresas com fortes ligações entre si de uma forma que três quartos
de todos os laços de propriedade permanecem nas mãos dessas próprias empresas. Este grupo é
ainda refinado para 737 empresas que controlam 80% do valor das 43.000 empresas iniciais, depois
para a 'superentidade' de 147 empresas, com controle quase total de mais de 40% do valor de todas as
empresas transnacionais, e então finalmente a uma lista de
50 corporações. O segundo estudo de 2013 se concentra em nós e divide os dados em 'comunidades'.
Os dois maiores representam juntos cerca de um quinto de todos os nós. A primeira maior comunidade
é dominada por empresas localizadas principalmente na América do Norte (65%), em particular nos
EUA (59%) e Canadá (7%), enquanto 10% de todas as empresas estão localizadas em três países
asiáticos
(Japão, Taiwan e Coreia). A segunda maior comunidade em termos de nós pertence quase totalmente
aos países europeus (89%), com a Grã-Bretanha (42%) liderando os outros países (a Alemanha é
representada por 9,6% dos nós,
França em 6%, Suécia em 5% e Itália em 4%).
A coleta e análise dos vínculos de propriedade foi concluída em 2007.
Naquela época, todas as 50 empresas eram bancos, seguradoras e outras empresas financeiras; O
Lehman Brothers, fadado ao colapso em 2008, estava na lista. Isso coloca os dados em perspectiva e
força a pessoa a olhar de perto
1 Vitali et al. 2011; Vitali e Battiston 2013.
2 Em seu último livro, disponível apenas em francês no momento da redação, Duménil e Levy 2014 dão
importância particular e totalmente acrítica a este estudo, reproduzindo inclusive dois dos
figuras desenhadas pela equipe de Zurique. Isso decorre de seu foco nos gerentes como uma
classe autônoma e representa uma continuação da apresentação de sua teoria da luta de classes na qual
gerentes (quadros) decidem se sua questão é favorável ao capital ou ao trabalho. Em um pedaço
sobre o imperialismo hoje, Husson 2014 também cita os dados sem discutir sua metodologia.
3 Uma empresa que possui uma participação de 10% em mais de dois países estrangeiros.
Machine Translated
126 by Google Capítulo 4 as incorporações organizacionais do capital financeiro 127

no termo 'controle'. Refere-se apenas à centralização piramidal da mais-valia resultante do investimento exemplos sugerem que este não é um cenário improvável. Por exemplo, estudos anteriores
em carteira. Para a maioria das empresas financeiras listadas, o termo não tem outro significado. Apenas mostraram como mesmo pequenas estruturas de participação cruzada, em nível nacional, podem
alguns bancos, seguradoras e fundos têm capacidade para acompanhar em detalhe as operações das afetar a concorrência de mercado em setores como aéreo, automobilístico e siderúrgico, além do
sociedades não financeiras em que detêm participações significativas. Os nós mais estreitos expressam financeiro. Ao mesmo tempo, instituições antitruste em todo o mundo (por exemplo, o Escritório

a concentração de relacionamentos de propriedade recíproca. de Comércio Justo do Reino Unido) monitoram de perto as complexas estruturas de propriedade
dentro de suas fronteiras nacionais. O fato de que conjuntos de dados internacionais, bem como
Os autores consideram que no coração de todo o núcleo existe um 'pequeno subconjunto de atores métodos para lidar com

financeiros conhecidos' e ligações entre eles que dão 'uma ideia do nível de emaranhamento de todo o grandes redes tornaram-se disponíveis apenas muito recentemente, pode explicar como isso
núcleo' e que esta descoberta levanta ' duas questões fundamentais para a compreensão do funcionamento descoberta pode passar despercebida por tanto tempo.5

da economia global'. A primeira diz respeito à estabilidade financeira, onde esses nós são vistos como
tendo um papel central no contágio da crise internacional sistêmica a partir de setembro de 2008: Assim, no estudo de Zurique, acaba-se finalmente com um embelezamento da cultura nacional.
aplicação antitruste e um apelo ingênuo para o estabelecimento de uma autoridade antitruste global.

Sabe-se que as instituições financeiras estabelecem contratos financeiros, como

como empréstimos ou derivativos de crédito, com várias outras instituições. este 5 Vitali e cols. 2011, pág. 8.

permite diversificar o risco, mas, ao mesmo tempo, também os expõe

ao contágio. Infelizmente, as informações sobre esses contratos geralmente são
não divulgado por razões estratégicas. No entanto, em vários países, a existência de tais vínculos
financeiros está correlacionada com a existência de relações de propriedade. Assim, na hipótese

de que a estrutura da propriedade

é um bom proxy para a rede financeira, o que implica que a rede financeira global também é muito
intrincada. . .enquanto está bem
vezes a rede é aparentemente robusta, em tempos ruins as empresas entram em apuros
simultaneamente. Esta propriedade de ponta foi testemunhada durante a recente turbulência
financeira.4

A segunda diz respeito à concorrência. Aqui a concentração e o oligopólio não são

o resultado do próprio processo de acumulação, mas novamente o resultado das relações de propriedade
de uma forma muito determinista:

Como muitas TNCs do núcleo têm domínios de atuação sobrepostos, o fato de estarem conectadas
por relações de propriedade poderia facilitar a formação de blocos, o que dificultaria a competição
no mercado. Notavelmente,
a existência de tal núcleo no mercado global nunca foi documentada antes e, portanto, até agora,
nenhum estudo científico demonstra ou exclui que essa 'superentidade' internacional tenha atuado
como um bloco. No entanto, alguns

4 Vitali et al. 2011, pág. 7.

Machine Translated
128 by Google Capítulo 4 as incorporações organizacionais do capital financeiro 129

Apêndice 2: Os Três Principais Bancos de Investimento de Nova York'
Atividades em Commodities1
O negócio de commodities do Morgan Stanley é administrado pelo Morgan Stanley Capital
Group Inc. Cerca de metade está em petróleo bruto e derivados de petróleo, e
cerca de 40 por cento em energia e gás. Possui ativos físicos na comercialização de energia e
commodities desde meados da década de 1980, antes de expandir suas atividades por meio de
aquisições, primeiro em 2006 a propriedade total da Heidmar, uma empresa com sede em Connecticut
operador global de petroleiros comerciais. Em 2006, adquiriu a propriedade total da TransMontaigne,
uma empresa de transporte e distribuição de derivados de petróleo com sede em Denver que
comercializa gasolina e todos os tipos de combustíveis específicos da indústria, asfalto, produtos
químicos e fertilizantes. Opera uma vasta infra-estrutura de petróleo bruto e
produtos refinados, oleodutos e terminais ao longo da Costa do Golfo, no Centro-Oeste e no Texas, e
incluindo uma grande rede de instalações de geração de energia elétrica. Como resultado, o JPMC
começou a negociar petróleo físico. Tornou-se um grande operador em commodities quando, como
resultado do resgate e nacionalização do RBS em 2009, comprou os negócios globais de petróleo e
metais e os negócios europeus de energia e gás da grande afiliada do RBS Sempra. Em 2010, o
JPMC também comprou o negócio norte-americano de energia e gás da RBS Sempra. Em 2011, após
a falência de uma empresa de derivativos, Metal Futures Global, tornou-se o maior acionista da London
Metal Exchange. Como parte de seu acordo Sempra, o JPMC também controla a Henry Bath, uma
empresa com sede no Reino Unido
empresa de armazenamento de metais que possui e opera uma das maiores redes globais de
armazenamento de metais aprovadas pela LME.2
2 Ver 'Metal bashing', The Economist, 17 de agosto de 2013.

ao longo dos rios Mississippi e Ohio.

As operações de commodities do Goldman Sachs incluem derivativos e negociação física. O
negócio de negociação de derivativos remonta pelo menos a 1981, quando comprou a J. Aron & Co.,
especializada na época principalmente em negociação de futuros e
opções em metais preciosos e café. Nos anos 80 a 90, o Goldman Sachs construiu uma posição
dominante nos mercados de futuros de energia e derivativos OTC e
criou o Goldman Commodity Index em 1991. No contexto do boom das commodities, expandiu-se
para o comércio de carvão e transporte marítimo. Em 2005, Goldman Sachs
adquiriu a Cogentrix Energy LLC, uma grande produtora de energia dos EUA com sede na Carolina do
Norte. Durante o mesmo período, o Goldman fez aquisições significativas em
do setor de petróleo e gás, incluindo uma grande participação na Kinder Morgan, que controla
aproximadamente 37.000 milhas de oleodutos e 180 terminais que manuseiam petróleo bruto, gás
natural e produtos petrolíferos refinados. Em maio de 2012, um acordo de US$ 407 milhões
foi anunciado com a empresa brasileira Vale, para adquirir a propriedade integral
dos ativos de carvão colombianos da Vale e uma instalação portuária de carvão na costa atlântica da
Colômbia. O negócio também incluiu uma participação de 8,43% na ferrovia que liga
as minas ao porto. Em outro setor, a subsidiária do Goldman, em 2010, a GS Power Holdings, comprou
a Metro International Trade Services, uma empresa de armazenagem de metais
empresa que possui e opera 19 armazéns em Detroit e
instalações na Europa e na Ásia, incluindo um dos maiores armazéns de metais
na rede de instalações de armazenamento registradas pela London Metal Exchange.
Em 2005, o JP Morgan Chase (JPMC) recebeu autorização do Fed para negociar commodities
físicas como uma atividade 'complementar' ao seu negócio de derivativos de commodities. Em maio
de 2008, juntamente com a aquisição das operações bancárias do Bear Stearns, o JPMC adquiriu
seus ativos e operações de negociação de commodities,

1 Extraído de Omarova 2013.

Machine Translated
130 by Google Capítulo 4
Apêndice 3: Três Exemplos de Propriedade de Corporação Industrial
das Sociedades Financeiras
Até o anúncio feito em abril de 2015 de sua retirada das finanças, o primeiro exemplo mais importante foi a
General Electric. A GE é mais conhecida como uma
dos principais produtores mundiais de motores de aeronaves e equipamentos de imagiologia médica.
Também produz turbinas de força, bombas de óleo e locomotivas e tem
anunciou sua entrada em energias alternativas 'verdes'. Mas tinha enormes operações de interesse. O
tamanho da GE Capital era tal que, se fosse um banco comercial, teria sido o quinto maior dos EUA.1 Em
2012, a GE Capital
foi responsável por 45 por cento do lucro total do grupo depois de ter atingido 55 por cento em 2007. Mesmo
após o corte de empregos pós-2008, empregou 50.000 pessoas. GE
Capital apresentou-se como fornecedor de 'empréstimo e leasing comercial, bem como
como uma gama de serviços financeiros» (nomeadamente os seguros de saúde). Afirmava “focar-se
principalmente em empréstimos e arrendamentos que mantém em seu próprio balanço patrimonial, em vez
de gerar taxas originando empréstimos e arrendamentos e depois vendê-los a terceiros”.2 A história contada
pelos analistas financeiros foi um pouco diferente:
A GE começou a emprestar décadas atrás e cresceu de forma constante, aproveitando o acesso
ao capital barato que veio com a classificação de crédito AAA do conglomerado.
A crise financeira derrubou o modelo da GE Capital. Fundos que foram
amplamente disponíveis nos mercados de crédito de curto prazo secou da noite para o dia,
forçando a GE Capital a recorrer a programas de empréstimos governamentais para obter ajuda. GE's
as ações caíram abaixo de US$ 6 bilhões em março de 2009. As perdas não realizadas na divisão
imobiliária foram estimadas em US$ 7 bilhões. A GE foi forçada a cortar seu dividendo pela primeira
vez em sua história e sua classificação de crédito foi rebaixada em um degrau para AA-plus, onde
permanece.3
Em julho de 2013, o governo dos EUA, por meio do Financial Stability Oversight Council, criado pelo Dodd-
Frank Act, adicionou a GE Capital à sua lista de 'instituições financeiras sistemicamente importantes', por ser
uma 'fonte significativa de crédito para o economia dos EUA'.4 A venda de grande parte das operações da
GE Capital para Wells Fargo e Blackstone em 2015 é interpretada como um sinal de
1 Kate Linebaugh, 'General Electric: Still a Bank', Wall Street Journal, 17 de janeiro de 2013.
2 http://en.wikipedia.org/wiki/GE_Capital (acessado em 21 de setembro de 2013).
3 Kate Linebaugh, 'General Electric: Still a Bank', Wall Street Journal, 17 de janeiro de 2013.
4 Financial Times, 9 de julho de 2013. A lista inclui JP Morgan Chase, Citigroup e Goldman
Sachs. As empresas constantes da lista são obrigadas, nomeadamente, a ter reservas de capital mais elevadas.
as incorporações organizacionais do capital financeiro 131
vulnerabilidades como um conglomerado industrial e um imperativo para focar em seus
principais atividades.
O segundo exemplo é o de toda uma indústria altamente oligopolista, nomeadamente
a de automóveis, onde as corporações estabeleceram filiais financeiras que
representam importantes centros de lucro em 'tempos normais'. No caso geral
A Motors (GM), sua afiliada GMAC (General Motors Acceptance Corporation) operava em mais de 40 países
e tinha cerca de 50.000 funcionários antes de 2009. A discussão aqui é limitada às três corporações norte-
americanas. Aqui a razão básica é diferente da da GE. Relaciona-se com a distribuição intercapitalista de
valor excedente, por meio da concessão de empréstimos e arrendamentos a compradores de carros e da
concessão de empréstimos e linhas de crédito a revendedores, em vez de ter o setor bancário
fazem isto. Dado que, num contexto de crescimento lento e demanda intrinsecamente insuficiente, as vendas
dependem do crédito, o objetivo é não deixar o negócio lucrativo
dos empréstimos para automóveis caem nas mãos dos bancos, mas embolsá-los através do
estabelecimento de afiliadas financeiras especializadas de propriedade integral, ou como é agora o caso da
Chrysler, uma joint venture. Conforme colocado com grande clareza por um analista financeiro, a configuração
é a seguinte:
Pense nos fabricantes de automóveis e suas financeiras como um
entidade. Com o financiamento de automóveis, os fabricantes de automóveis podem fazer um jogo
entre o custo do automóvel e o financiamento. Mesmo que percam um pouco no financiamento,
podem compensar vendendo o carro por um preço mais alto. Elas
pode ser capaz de minar os bancos e se preocupar menos com o risco, uma vez que eles
pode compensar no preço de um carro.5
Isso gera altos lucros com juros e taxas, desde que a demanda por carros não entre em colapso. No período
que antecedeu a crise financeira de 2008 e o início da recessão nos Estados Unidos, sem a criação de
empréstimos para automóveis totalmente subprime, para os quais existe uma marca específica de empresa
financeira,6 a GM e a Chrysler estenderam quantias tão grandes de crédito para automóveis por meio de
suas afiliadas, GMAC e
Chrysler Financial, que ambos tiveram de ser socorridos durante o plano de resgate do TARP. O GMAC foi
desmembrado da GM e transformado em um banco separado chamado
5 Christine Dunn, 26 de outubro de 2012, http://www.boston.com/business/personal_finance/
blog/2012/10/moodys_car_sales_and_loans_on.html.
6 Os três nomes mais conhecidos em empréstimos subprime são Bar None, JD Byrider e Autobytel.
Essas empresas participaram dos mais de 45 milhões de carros usados vendidos no país, atendendo
cerca de 40% da população que se enquadra no risco de crédito subprime
piscina. Veja http://www.carsdirect.com/auto-loans/top-three-car-finance-company-reviews
(acessado em 3 de abril de 2013).
Machine Translated
132 by Google Capítulo 4
Ally, que recebeu então o status de holding bancária pelo Fed, juntamente com os privilégios
correspondentes, em particular de transferir
ativos ao Fed. A Chrysler Financial foi fechada antes de reabrir em 2013 como uma joint venture
com o Santander. Para a GM, a 'aliança' com Ally não foi satisfatória. Assim que voltou aos
lucros e foi relistada na Bolsa de Nova York
Exchange em 2010, começou a recriar sua própria financeira cativa, primeiro adquirindo uma
pequena empresa financeira, AmeriCredit, nos EUA e depois em
2013 comprando as operações europeias da Ally. Como o único construtor a não ter
pediu ajuda ao abrigo do TARP, a Ford nunca perdeu o seu braço financeiro, a Ford Motor Credit
Company LLC (conhecida como Ford Credit).
A distribuição intercapitalista de mais-valia também é relevante para o terceiro exemplo. As
seguradoras cativas são empresas constituídas pela empresa-mãe
corporação. Eles subscrevem as necessidades de seguro da empresa controladora
subsidiárias. As companhias petrolíferas e de navegação foram as primeiras a estabelecer 'cativos', como
são referidos, utilizados para segurar e ressegurar o risco de subsidiárias e
afiliadas, como o risco de envio de combustível e commodities. O objetivo é manter o controle
sobre as taxas de seguro e evitar litígios, ou seja, não desistir muito
muita mais-valia para as empresas do sector segurador. Muitos
grandes corporações em uma ampla gama de setores seguiram o exemplo. Até mesmo fundos
públicos de pensão, como o de Michigan, criaram seguradoras cativas. Conforme colocado
sucintamente por um jornal profissional: 'A maioria foi estabelecida para fornecer cobertura onde
o seguro não estava disponível ou com preços irracionais'. No mar
registro foi amplamente escolhido, no caso de grupos norte-americanos em particular em
Bermudas ou Ilhas Cayman. 'Os benefícios de gerenciamento de risco dessas cativas eram
primários, mas suas vantagens fiscais também eram importantes'.7 As autoridades fiscais dos
EUA contestaram repetidamente, mas sem sucesso, as companhias de seguros cativas como
subterfúgios para autosseguro não dedutível dentro dos negócios e
Evasão fiscal. Ele desistiu depois que o IRS perdeu um desafio de mais de US $ 600 milhões contra
um cativo de propriedade da United Parcel Service em 2001.
7 http://www.journalofaccountancy.com/Issues/2013/Mar/20126102.htm.
capítulo 5
A Internacionalização do Capital Produtivo e a
Oligopólios Globais
O momento atual da internacionalização do capital produtivo deve
agora ser discutido. Após a desaceleração da década de 1930 e a interrupção da Segunda
Guerra Mundial, o investimento estrangeiro direto e a mobilização internacional do capital
produtivo decolaram novamente antes dos fluxos financeiros. Na verdade,
como lembrado no Capítulo 2, os lucros não reinvestidos das TNCs norte-americanas desempenharam um papel fundamental
no crescimento do mercado de eurodólares de Londres. Uma vez que um limiar de doméstico
a centralização e a concentração de capital foram ultrapassadas, para as grandes empresas a
busca do crescimento fora de suas fronteiras nacionais através da instalação de operações de
produção estrangeira é uma oportunidade e até mesmo um constrangimento. Hoje, os
mobilidade do capital concentrado, seu acesso aos mercados domésticos seguindo a
liberalização do investimento direto estrangeiro e o alto grau de liberdade que
tem na exploração de trabalhadores em grande parte desprotegidos em muitas partes do mundo de forma
uma base sólida para a apropriação do superávit pelas oligarquias financeiras, sendo a outra
fonte a dívida pública. A implantação de corporações industriais será examinada em duas etapas.
Este capítulo se concentra no oligopólio global
como a forma mais geral de estruturas de mercado contemporâneas. O Capítulo 6 apresenta os
novos modos de gestão corporativa global e exploração de trabalhadores por empresas
transnacionais.
Nas décadas de 1920 e 1930, o encontro de monopólios pertencentes a vários
países levaram à formação de cartéis internacionais delimitados por acordos estritos. Desde a
década de 1970, o processo de centralização e concentração em ambos
os níveis doméstico e internacional viram o surgimento de uma forma mais frouxa de capital
monopolista global, ou seja, o oligopólio global. Dá origem a formas específicas de concorrência
no mercado mundial e é a sede de
poder de monopólio. Essas questões são abordadas com a ajuda da teoria marxista e não
marxista e com o uso dos escassos estudos de caso e dados estatísticos disponíveis.
1 A Internacionalização do Capital Produtivo: Teoria e História
A internacionalização do capital produtivo designa o processo pelo qual
a produção e apropriação da mais-valia é realizada pelos capitalistas
Machine Translated
134 by Google capítulo 5
no exterior, fora de seu país de base. Tomando o ciclo de acumulação completo (MCPCÿ-Dÿ)
como ponto de partida analítico simplificado, os capitalistas exportam M na forma de capital de
investimento (elevam- no in situ a partir da década de 1980).
Com relação a C, classicamente eles compram capital variável in situ – a mão-de-obra
componente de energia – e também, de acordo com um determinado setor industrial, a totalidade
ou parte da matéria-prima/componente de energia, mas geralmente importam máquinas
e entradas sofisticadas. P ocorre in situ. O locus de Cÿ pode ser um mercado interno ou externo,
ou uma combinação dos dois. M' é repatriado
para o país de origem como lucro e dividendo. Como veremos, essa simplificação
A representação deu lugar em estágios sucessivos a padrões organizacionais muito mais
complexos e, mais recentemente, ao desenvolvimento examinado no Capítulo 6.
de formas diversificadas de apropriação externa da TNC da mais-valia ao lado
sua produção intra-muros.
1.1 Produção Estrangeira de Mais-valia na Teoria Clássica
do imperialismo
Todos os teóricos do imperialismo da Segunda e Terceira Internacionais prestam atenção ao que
se chama então de exportação de capital. Eles diferem no grau em que identificam especificamente
a produção de mais-valia
fora do país. O capítulo de Lenin sobre a exportação de capital é muito geral. Ele é principalmente
interessado em capital rentista e cita nomes de grandes corporações principalmente em relação à
formação de cartéis internacionais.
Em seu capítulo sobre empréstimos internacionais, Rosa Luxemburg vê os empréstimos como
mecanismo de apropriação do excedente e exportá-lo de volta para os países de origem e também
como os "laços mais seguros pelos quais os antigos estados capitalistas mantêm sua influência,
exercem controle financeiro e exercem pressão sobre as alfândegas,
e política comercial dos jovens estados capitalistas”. Ela, no entanto, contempla sua produção
não apenas por capitalistas domésticos, mas também por empresas britânicas ou alemãs que
estenderam suas operações para o exterior:
Mais-valia realizada, que não pode ser capitalizada e fica ociosa em
Inglaterra ou Alemanha, é investido na construção de ferrovias, obras de água e similares
na Argentina, Austrália, Colônia do Cabo ou Mesopotâmia.
Máquinas, materiais e similares são fornecidos pelo país de origem do capital e é o mesmo
capital que os paga.
Na verdade, esse processo caracteriza as condições capitalistas em todos os lugares,
mesmo em casa. O capital deve comprar os elementos de produção e
torna-se assim capital produtivo antes de poder operar. É certo que os produtos são então
utilizados dentro do país, enquanto no primeiro caso são
são usados por estrangeiros. Mas então a produção capitalista não visa a sua
A Internacionalização do Capital Produtivo 135
produtos sendo usufruídos, mas na acumulação de mais-valia. Não havia demanda para o
produto excedente dentro do país, então o capital ficou ocioso sem a possibilidade de
acumular.1
Hilferding aborda diretamente a internacionalização do capital produtivo. Ele
vê a exportação de capital como ocorrendo de duas formas diferentes: 'pode migrar para o exterior
como capital que rende juros ou como capital lucrativo'. Em ambos os casos
eles fazem isso porque a taxa de lucro é maior do que em seu país de origem:
A pré-condição para a exportação de capital é a variação das taxas de
lucro, e a exportação de capital é o meio de equalizar as taxas nacionais
de lucro. O nível de lucro depende da composição orgânica do
capital, isto é, sobre o grau de desenvolvimento capitalista. Quanto mais avançado, menor
será a taxa média de lucro. . . . Até aqui
no que diz respeito à taxa de juros, ela é muito mais alta nos países capitalistas
subdesenvolvidos, que carecem de amplo crédito e facilidades bancárias, do que nos países
capitalistas avançados. Além disso, o interesse nesses países ainda inclui, em grande parte,
um elemento de salários ou
lucro. A alta taxa de juros é um incentivo direto à exportação de
capital de empréstimo.
O foco principal do Capítulo XXII de Finance Capital é o capital industrial que produz valor e mais-
valia em países estrangeiros: 'Por 'exportação de capital' quero dizer
a exportação de valor que se destina a gerar mais-valia no exterior'.2 As operações externas das
empresas são vistas por Hilferding do ponto de vista dos interesses dos acionistas e colocadas
em termos neomercantilistas não muito distantes do modo como uma parte do público norte-
americano opinião os vê hoje. Ele introduz uma distinção inesperada entre a exportação e a
transferência de capital:
É essencial, deste ponto de vista, que a mais-valia permaneça à disposição do capital
interno. Se, por exemplo, um capitalista alemão emigrar para o Canadá com seu capital,
tornar-se um produtor lá
e nunca mais voltar para casa, isso constituiria uma perda para o capital alemão,
uma desnacionalização do capital. Não seria uma exportação de capital
mas uma transferência de capital, constituindo uma dedução ao
capital e uma adição ao capital estrangeiro. Somente se o capital utilizado
no exterior permanece à disposição do capital nacional, e a mais-valia
1 Luxemburgo 1913, Capítulo 30.
2 Todas as citações nesta seção são de Hilferding 1910, Capítulo 22.
Machine Translated
136 by Google capítulo 5
produzido por esse capital pode ser utilizado pelos capitalistas domésticos, podemos falar de
exportação de capital. O capital passa então a figurar como um item no
balanço nacional e a mais-valia produzida no exterior a cada ano como um item do balanço
de pagamentos nacional.3
A exportação de capital lucrativo, diferentemente de sua transferência, é reforçada
pela 'sociedade anônima e um sistema de crédito altamente desenvolvido'. Porque eles 'permitem
que o capital migre para fora de um país separado do empresário, a propriedade permanece por
muito mais tempo, ou mesmo permanentemente, com
o país exportador de capital e a nacionalização do capital [por exemplo, propriedade no país
anfitrião – FC] é dificultada'. A iniciativa nas operações no exterior pertence, em Hilferding, aos
bancos e não às grandes corporações:
À medida que o capital europeu avançou para o estágio de capital financeiro, muitas vezes
começou a migrar para o exterior dessa forma [grifo meu – FC].
Assim, um grande banco alemão abre uma sucursal no exterior, que negocia um empréstimo
cujos recursos são usados para construir uma
usina geradora, e as obras são atribuídas a uma empresa elétrica que está ligada ao banco
em casa. Ou o processo pode ser simplificado ainda mais, e a sucursal estrangeira do banco
estabelece uma empresa industrial no exterior, emite as ações em casa e encomenda
matérias-primas, etc., de empresas ligadas ao banco-mãe. Tais transações atingem sua
maior escala quando os empréstimos do Estado são usados para obter suprimentos
industriais. É a íntima ligação entre o capital bancário e industrial que é responsável pela
rápida
desenvolvimento das exportações de capitais.
Além de tocar no IDE como forma de equalizar a taxa de lucro
fronteiras, Hilferding faz uma série de observações que têm um toque muito moderno para elas,
identificando processos que desempenharam um papel muito importante na
disseminação de TNCs para países do Terceiro Mundo nas décadas de 1970 e 1980:
3 Hilferding acrescenta: «Do ponto de vista do país importador de capital, outra consideração é que
parte da mais-valia é utilizada para pagar juros. Os juros a pagar sobre as obrigações hipotecárias
detidas por estrangeiros implicam o envio de parte da renda do terreno para o estrangeiro,
enquanto os juros das obrigações de empresas industriais representam uma saída de parte
o lucro industrial'.
A Internacionalização do Capital Produtivo 137
O lucro empresarial também é maior porque a força de trabalho é excepcionalmente barata,
e o que lhe falta em qualidade é compensado por horas extraordinariamente longas de
trabalho. Além disso, uma vez que a renda do solo é muito baixa ou puramente nominal,
devido à grande quantidade de terra livre resultante da generosidade de
da natureza ou da expropriação forçada da população nativa, os custos de produção são
baixos. Finalmente, os lucros são aumentados por privilégios especiais
e monopólios. Quando estão envolvidos produtos para os quais o próprio novo mercado
oferece uma saída, lucros extras muito altos também são realizados, pois neste caso as
mercadorias produzidas por métodos capitalistas entram em competição com a produção
artesanal.
1.2 A Internacionalização do Capital Produtivo na Contemporaneidade
Teoria
A internacionalização do capital produtivo e as operações de empresas multinacionais não
receberam muita atenção dos estudiosos marxistas anglófonos. A obra clássica de Baran e Sweezy
não trata desse aspecto do capital concentrado. Na França, as pesquisas nessa área por marxistas
e economistas heterodoxos familiarizados ou próximos ao marxismo datam da primeira metade do
séc.
a década de 1970.5 Deu origem a um campo particular da economia heterodoxa com diferentes
graus de influência marxista de um autor para outro. O diálogo
que alguns começaram com Stephen Hymer foi interrompido por sua morte prematura
em 1974. Com exceção de uma pequena pesquisa desenvolvida em torno de Monthly
Review de sua morte deixou o campo em países anglófonos quase exclusivamente para estudiosos
não marxistas, notadamente John Dunning e seus alunos.6 Produção estrangeira,
como eles chamam, ocorre por meio de investimentos estrangeiros diretos em manufatura,
mineração e agricultura realizados por empresas multinacionais (MNEs)
como foram denominados na maioria das pesquisas acadêmicas ou por corporações transnacionais
(TNCs) na terminologia da UNCTAD. Aqui os dois termos são tomados como
sendo sinônimo. O apêndice deste capítulo discute os muitos problemas
UNCTAD tem na coleta de dados de IDE. A teoria da globalização exige que
a definição oficial da OCDE-UNCTAD de uma MNE ou TNC como uma empresa que
possui ou controla atividades de agregação de valor em mais de um país
mais específico. Dunning a define como uma corporação que 'tem substanciais
4 Hilferding 1910, Capítulo 22.
5 Entre os autores estão Michalet, Palloix e um pouco mais tarde Andreff. Para uma história dessa
pesquisa e uma série de contribuições discutindo sua antecipação do trabalho crítico contemporâneo
sobre a globalização, ver Andreff 2013.
6 Notavelmente John Cantwell e Rajneesh Narula.
Machine Translated
138 by Google capítulo 5
compromissos e persegue uma estratégia gerencial integrada para seus
operações domésticas'.7 As maiores são listadas a cada ano na Fortune 500.
1.3 Etapas da Internacionalização do Capital Produtivo
Não encontrei referências a material monográfico, embora possa
existem, documentando o valor patrocinado pelo banco e a produção de mais-valia
descrito por Hilferding. Com base no material histórico à sua disposição,
Dunning estima, no que continua a ser o trabalho mais abrangente sobre a produção internacional,
que em 1914 cerca de 55% do IDE total ocorreu em
produção de materiais (mineração, plantações), 20% nas ferrovias, 15% na indústria e 10% nos
setores de serviços, comércio e bancos.
investimento no setor primário ocorreu sob as condições do colonialismo
e dominação econômica e política semicolonial, e uma combinação
da mais extrema exploração operária e apropriação da renda, decorrente da propriedade de
matérias-primas vitais. Aqui está-se na presença da produção de mais-valia e da captação de
rendas em condições de elevada
grau de monopólio. Como será discutido mais adiante em relação ao 'extrativismo', este
ainda é o caso do setor primário hoje, mesmo que a configuração global do
relações políticas entre países não é exatamente a do imperialismo do tempo de Lênin.
Nos 15% de IDE estimados em manufatura antes de 1914, as multinacionais americanas eram
dominantes. Singer, Edison, Westinghouse, Eastman Kodak, General Electric, International
Harvester, todas tinham fábricas no exterior.9 Isso não se devia apenas às inovações de seus
produtos, mas também à sua experiência gerencial particular. Era único na época e assim
permaneceu por várias décadas, resultado do estabelecimento a partir da década de 1890 de
grandes unidades
empreendimentos comerciais no espaço físico de um continente. Chandler, que mais tarde se
tornou o historiador e teórico desse novo tipo de firma, escreve que
a grande corporação industrial norte-americana não cresceu produzindo algo novo ou de uma
maneira diferente. Cresceu 'adicionando novas unidades de produção, adicionando
novos escritórios de vendas e compras, adicionando instalações para a produção de matérias-primas e
materiais semi-acabados, obtendo linhas de navegação, vagões ferroviários, oleodutos e outras
unidades de transporte'. empresas capazes de realizar
7 então produzir componentes de acordo com uma divisão internacional do trabalho,
Dunning 1992, p. 3.
8 Dunning 1993, p. 117.
9 Wilkins 1970.
10 Chandler 1990, p. 397.
A Internacionalização do Capital Produtivo 139
ciclo de acumulação completo MCPCÿ-Mÿ por conta própria, com pouca supervisão por
sede da empresa. A divisão do trabalho entre filiais só veio numa fase posterior.
1,4 Da Integração Horizontal à Vertical e a Intra-Corporate
Divisão de trabalho
Dado que até o início da década de 1980, a internacionalização do capital industrial assumiu
basicamente a forma de uma extensão internacional desse modelo de 'empresa multifábrica', as
EMNs norte-americanas estavam naturalmente em primeiro plano. Como colocado por
Hymer: “Ao se tornarem empresas nacionais, as corporações americanas aprenderam a se tornar
internacionais”.11 A primeira geração de EMNs do pós-guerra foi integrada horizontalmente.
Afiliadas estrangeiras envolvidas em operações de produção única ou conjunta de vários produtos
semelhantes às da controladora. Eles fizeram isso em uma escala
correspondente ao mercado interno do país-sede, possivelmente estendido ao
'zona natural de exportação' do país anfitrião, daí o termo 'réplica em miniatura' dado a essas
afiliadas. Liberar as multinacionais americanas dessa restrição foi uma das razões
por trás do papel do governo dos EUA como agente ativo e de apoio na criação do Mercado
Comum Europeu. No final da década de 1960, as multinacionais americanas na Europa
estavam começando a obter economias de escala mais facilmente concentrando a produção para
linhas de produtos específicas em pequenos números e muitas vezes apenas em um país da UE.
À medida que a liberalização do comércio no Mercado Comum e no Acordo Europeu de Livre
Comércio (EFTA) ganhavam força, a usina poderia atender a vários
países dos mercados, permitindo que as matrizes norte-americanas iniciem uma divisão inicial de
trabalho entre suas afiliadas com especialização de produto único para todo o mercado regional-
continental (integração horizontal multiproduto). Eles foram, como observou um ensaísta francês,
as primeiras empresas a serem 'europeizadas'.12
Até o desmantelamento gradual das barreiras tarifárias em sucessivas rodadas de
negociação no GATT, um dos determinantes do IDE e da constituição de filiais estrangeiras foram
as barreiras comerciais, bem como a necessidade de competir com as empresas nacionais,
usufruindo da proteção que esta proporcionava. Foi apenas uma vez que a liberalização e a
desregulamentação, iniciadas pelos governos Thatcher e Reagan,
tinha começado a quebrar o regime comercial prevalecente de interdependência internacional
entre economias nacionais ainda parcialmente autônomas e abriu
a porta para o estabelecimento da OMC que integrou verticalmente as transnacionais
emergiu. A integração vertical transnacional consistiu na criação de filiais em diversos países,
quer por novos investimentos, quer por aquisições que
11 Hymer 1972a.
12 Servan-Sheiber 1968.
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capítulo 5
decidido pela empresa-mãe. As multinacionais desenvolveram o que Michalet13 chama de
'espaço' global integrado marcado por uma complicada malha de 'mercados internos' garantindo o
fluxo de produtos, de know-how, de recursos financeiros e, em menor grau, de pessoal dentro dos
limites da corporação. É um
espaço integrado, já que dezenas de filiais (produção, P&D, financeira, etc.)
estão sob a supervisão dos departamentos da holding, que gerenciam recursos e capacidades de
acordo com os objetivos mais alinhados com
critérios prevalecentes para a satisfação dos acionistas. Os “mercados internos” das transnacionais
ultrapassam as fronteiras nacionais e burlam muitas regulamentações governamentais. A partir da
década de 1980, eles moldaram cada vez mais o padrão de
Comércio exterior. O que veio a ser chamado de comércio intrafirma passou a ser medido
estatisticamente pelos institutos nacionais de estatística mais bem dotados.
1.5 O Paradigma Teórico de Propriedade-Localização-Internalização
Na época em que a economia acadêmica ainda incluía a economia industrial
e o estudo das EMNs em seu currículo, o paradigma dominante foi a 'teoria eclética' da propriedade-
localização-internalização (OLI) desenvolvida por
Dunning.14 No vazio deixado pelos marxistas anglófonos, a teoria do '
produção' poderia ser formulado no quadro de certas vertentes da economia mainstream. Para
legitimar o estudo das EMNs, a 'teoria eclética' utiliza a teoria da internalização desenvolvida por
Hymer15 a partir da teoria de Coase
de custos de transação e falhas de mercado.16 A 'teoria eclética' procura responder, ou melhor,
acomodar, a teoria neoclássica do comércio de Hecksher-Ohlin-Samuelson (HOS) e adicionar a
acumulação de 'ativos de propriedade' à teoria coasiana do empresa. Nenhuma sugestão é feita de
que o IDE ocorra após uma dupla
processo doméstico de acumulação e centralização e concentração de capital, e que é uma
resposta à necessidade de as grandes empresas transcenderem os limites da
mercados internos para que a obtenção de lucros seja efetivada. A internalização é
a expressão do poder de monopólio baseado na concentração e tamanho, mas há apenas uma
menção fugaz na "teoria eclética" de práticas monopolistas. Iniciando
simplesmente pela constatação de que as multinacionais existem e que o recurso a
operações de fabricação por meio de IDE e a criação de subsidiárias em oposição às exportações,
a teoria OLI afirma basicamente que o
13 Michael 1985.
14 A primeira apresentação completa data de 1981. A formulação final está em Dunning 1993,
Capítulo 4.
15 Hymer 1972b.
16 Coase 1937.
141
A Internacionalização do Capital Produtivo
corporação tem ativos 'específicos da empresa' ou 'intangíveis' (O). Estes são nomeadamente sob
a forma de tecnologia e know-how industrial, dos quais pode obter maiores vantagens e lucros
utilizando-os internamente (I) em vez de explorá-los através de licenciamento, transferências e
vendas a outras empresas. A teoria afirma que quanto maiores os benefícios líquidos da
internalização dos mercados de produtos intermediários transfronteiriços, mais provável é que uma
empresa prefira se engajar na produção estrangeira em vez de licenciar o direito de fazê-lo. Para
seu crédito, a análise de Dunning
é dinâmico e salienta que as empresas multinacionais desenvolvem vantagens adicionais de
propriedade e de internalização e, portanto , um poder de monopólio de facto , no decurso e à medida que
resultado da internacionalização. Estes estão relacionados , inter alia, com a circulação de
componentes, know-how e melhorias em tecnologias, bem como de liquidez financeira dentro de
estruturas corporativas internacionalizadas. Implícito a isso é que mais 'falhas de mercado' são
deliberadamente criadas. Outras dimensões
de vantagens de propriedade específicas da empresa, que são marcadas por seus
natureza, relacionam-se com a experiência de gestão empresarial em geral. Também inclui
'know-how' mais preciso, como hedge nos mercados de câmbio, que deixou de ser um mecanismo
de proteção sob a gestão financeira das multinacionais e
tornou-se de pura especulação. No momento em que ocorreu o início da liberalização total do
comércio e do investimento, com a criação da OMC em 1994, não apenas as EMNs americanas,
mas também japonesas e europeias haviam acumulado uma enorme quantidade de experiência de
gestão diversificada por meio de suas multi-domésticas operações internacionais.
A localização (L) requer um exame mais minucioso. Na manufatura e nos serviços, salários mais
baixos e custos sociais mais baixos (se não inexistentes) são obviamente fatores importantes nas
decisões corporativas de estabelecer unidades de produção em determinados países estrangeiros
e, assim, apropriar a mais-valia pela exploração de outros trabalhadores.
que os do país de origem. São essas formas de exploração que
evoluíram consideravelmente e são discutidos no Capítulo 6. Com a liberalização do comércio, a
localização da produção estrangeira, em geral, apesar de barreiras não tarifárias de vários tipos que
podem ser contestadas por meio de procedimentos na OMC, deixou de ser motivada pela
necessidade de superar as barreiras comerciais. Claro, em
Além de salários baixos e níveis quase equivalentes de treinamento de trabalhadores, fatores
locacionais 'clássicos' continuam a incluir disponibilidade abundante in situ de
matérias-primas, bem como impostos preferenciais e investimentos complementares oferecidos por
governos ou autoridades regionais em competição pelo IDE.
Desde o final da década de 1980, no entanto, a localização do IDE tem sido predominantemente
moldado pela necessidade de operar perto dos mercados finais em condições de rivalidade
oligopolista tanto com as empresas domésticas do país anfitrião como com outras EMNs. Desta forma
empresas verticalmente integradas terão afiliadas com amplas responsabilidades
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142 by Google capítulo 5
adaptação final e comercialização. À medida que as marcas globais são construídas e se impõem,
as TNCs que as possuem recuperarão uma medida de
liberdade, cuja extensão é determinada pelo grau de monopólio que o
nome da marca lhes dá.
2 O Poder Coletivo Global de Monopólio das Transnacionais
Corporações
Hoje, a principal, senão a única forma de estrutura de mercado no mercado mundial é o oligopólio
global, com suas misturas específicas em diferentes setores e indústrias de
rivalidade e conluio e de enorme poder de monopólio global coletivo.
2.1 Fusões e Aquisições e a Concentração Internacional
de Capital
A liberalização do comércio, do investimento direto e dos fluxos financeiros abriu
o caminho para a aceleração da concentração (para usar o termo geralmente aceito) em nível
doméstico e, posteriormente, como um processo internacional.
Internamente, ambos os métodos analisados por Marx sob a noção de centralização têm funcionado.
A construção de grandes corporações nacionais combinou "o método violento de anexação - quando
certos capitais se tornam centros de atração tão preponderantes para outros que quebram a coesão
individual destes últimos e depois atraem os fragmentos separados para si" e "a fusão de um número
de capitais já formados ou em processo de
formação pelo processo mais suave de organização de sociedades anônimas'.17 Em
nos EUA, os bancos de investimento foram muito ativos como instrumentos de 'quebra', notadamente
durante a onda agressiva e altamente especulativa de aquisições LBO de títulos de alto risco na
década de 1980. Nos anos 2000, eles serviram como intermediários e, muitas vezes, arquitetos de
fusões e aquisições (M&A) "mais suaves", garantindo que tais operações satisfaçam todos os
acionistas e recebam a bênção do mercado de ações. Com efeito, as comissões por esta actividade
são uma das maiores dos bancos de investimento
e fontes menos arriscadas de 'lucros financeiros'.
Em outros lugares, os governos têm desempenhado um papel muito importante, seja por
promovendo, como nos anos 1960 e 1970, o surgimento de 'campeões nacionais' por meio de fusões
organizadas e financiadas pelo Estado, reestruturando e fundindo
corporações por meio de 'nacionalizações' em momentos críticos ou, desde o final
1980 em diante, vendendo-os por meio de privatizações. Na Europa, a França
17 Marx 1976, Vol. I, Capítulo 25.
A Internacionalização do Capital Produtivo 143
sido o exemplo mais claro de todas as três fases. Na América Latina, em diferentes momentos,
México, Argentina e Brasil têm sido terreno de forte ação governamental tanto na construção de
grandes empresas quanto em sua posterior
privatização parcial ou total. Corporações estatais de países avançados
passando pelo que foi chamado na França de 'privatização rastejante' têm sido atores agressivos de
fusões e aquisições transfronteiriças desde meados da década de 1990. France Télécom e GDF-
Suez, que foram totalmente privatizadas, e EDF, que ainda é uma
corporação estatal majoritária, são exemplos importantes.
Para as multinacionais, as fusões e aquisições são instrumentos de IDE de 'procura de ativos
estratégicos'. Nos estudos anteriores de IDE, esse motivo foi mencionado apenas de passagem. A
partir do final dos anos 1980, tornou-se muito importante. As empresas estrangeiras visadas são
semelhantes às visadas por ofertas públicas domésticas ou fusões e aquisições projetadas
(aquisições hostis ou fusões negociadas). São empresas lucrativas ou altamente lucrativas e são
cobiçadas pelas suas quotas de mercado e/ou pelos seus activos de propriedade «específicos da
empresa» ou «intangíveis», nomeadamente as suas participações nacionais ou regionais-continentais
Nomes de marcas. No caso das indústrias de alta tecnologia, elas são direcionadas para
seus laboratórios, instalações e pessoal qualificado e seus direitos de patente.
As fusões e aquisições transfronteiriças decolaram no final da década de 1980, desaceleraram em 1990–2 durante
os EUA e a recessão internacional antes de se recuperar fortemente
meados da década de 1990 em diante. Para as transnacionais europeias, um dos fatores por trás do processo
foi a aquisição de empresas estatais privatizadas nas chamadas 'economias de transição'. Na
América Latina em telecomunicações, energia elétrica e abastecimento de água, o processo de
fusões e aquisições transfronteiriças se beneficiou fortemente da implementação de
o 'Consenso de Washington', que pressionou pela privatização das empresas estatais
empresas. Com a 'mudança para serviços' na atividade geral da TNC documentada em vários
dos Relatórios de Investimentos Mundiais anuais da UNCTAD,18 as operações internacionais de
M&A atingiram outro pico por volta de 2004–6. As estimativas publicadas em um recente estudo
oficial dos EUA indicam que a atividade global em fusões e aquisições ultrapassou US$ 5 trilhões em
2015, cerca de US$ 2,5 trilhões dos quais nos EUA, "o maior valor em um ano já registrado".19
Negócios ultrapassando US$ 10 bilhões contabilizado
37% das aquisições globais em 2015, quase o dobro da média de 21% dos cinco anos anteriores.
Como será visto abaixo, as fusões e aquisições transfronteiriças também são
agora o caminho privilegiado para a internacionalização de grandes corporações de
Países emergentes.
18 UNCTAD 2004.
19 Conselho de Assessores Econômicos 2016.
Machine Translated by Google
144 capítulo 5 A Internacionalização do Capital Produtivo 145

2.2 Dados escassos sobre concentração doméstica e pouco ou nenhum no global recebeu pouca atenção, mas a publicação de um estudo do Congresso sobre um tema muito
Concentração setor sensível26 e um resumo de política do Conselho de Assessores Econômicos sugerem uma mudança no

A UNCTAD estima que as transnacionais representem cerca de um terço do total das exportações mundiais de clima político.27

bens e serviços e que as primeiras 100 transnacionais sozinhas respondem por mais de 15% No que diz respeito às taxas de concentração mundial, não existe nada que se aproxime remotamente

estes.20 Os dados disponíveis sobre comércio envolvendo transnacionais são discutidos na seção 6 dos dados do Censo dos EUA. Dados globais sobre concentração não são publicados

do próximo capítulo. Na maioria das indústrias, o poder de monopólio é um poder coletivo, pela UNCTAD. Os únicos dados disponíveis vêm de relatórios especiais da indústria ou

exercido pelo pequeno grupo de corporações que emergiu do processo de centralização, processo que hoje monografias. Tentei em outros lugares coletá-los da forma mais completa possível para meados da década de

está ocorrendo em nível mundial. 1990.28 Informações recentes dispersas incluem automóveis,

Este poder é exercido em relação aos trabalhadores, fornecedores e consumidores. Monopólio onde em 2011 cinco corporações detinham 54% da produção mundial e 13 detinham

e o oligopólio são banalizados se forem simplesmente discutidos em oposição à concorrência, acrescentando- 87%.29 Algumas estimativas estão disponíveis para produtos farmacêuticos, onde em 2006 as dez maiores

se categorias intermediárias como a concorrência imperfeita. O poder de monopólio é a capacidade de moldar empresas dos EUA e da Europa representavam quase metade do valor das vendas globais.30 Elas podem

a trajetória da vida social sob estar desatualizadas, pois uma nova onda de concentração em produtos farmacêuticos foi em curso desde

capitalismo na forma mais básica e essencial, como nas questões relativas à energia e aos modos de consumo 2009. A indústria é aquela em que as posições monopolistas devem ser calculadas idealmente ao nível de

(o supermercado). A pessoa sente uma alta ou categorias terapêuticas específicas, onde muitas vezes são extremamente altas. As razões para a atual onda

grau de centralização e concentração muito elevado porque nos rodeia, nomeadamente na Internet (Apple, de fusões incluem patentes expirando (o 'patent cliff') enfrentadas por algumas grandes corporações, o custo

Google, Facebook) onde a concentração é particularmente elevada, mas raramente se pode apoiar esta crescente de triagem de moléculas, exigências regulatórias e a demanda por medicamentos genéricos onde

percepção com estatísticas corporações de países emergentes têm desempenhado um papel de liderança . Em produtos farmacêuticos,
dados. Mesmo a nível nacional, na maioria dos países, os dados sobre a concentração industrial nunca foram as fusões e aquisições entre corporações de países avançados31 se desenvolveram ao lado de seus

recolhidos sistematicamente. A França publicou recentemente

dados globais significativos. A categoria denominada 'empresas do grupo' representa 2% do total

mas representam 64% do emprego e 70% do valor acrescentado. 186 grandes busca por aquisições em países emergentes.32

as empresas respondem por 49% do faturamento das exportações e suas afiliadas outros 33%.21 Graças ao trabalho árduo das ONGs, o agronegócio é a área onde muito

A situação dos EUA é a única a ser bastante bem documentada. Por conta da legislação antitruste que remonta bons dados estão disponíveis. É apresentado na caixa 5.1.

ao final do século XIX, o Sherman Act de 1890, que continua sendo a base para investigações especiais do

Congresso (como recentemente para a Microsoft), é o único país a publicar 4-firm e 8- rácios de concentração

de empresas em intervalos regulares.22 É muito menos utilizado na investigação académica

26 Escudos 2010.

27 Conselho de Assessores Econômicos 2016.

do que em períodos anteriores.23 A ação antitruste efetiva foi severamente reduzida por
28 Chesnais 1997, Capítulo 4.
o governo Reagan em meados da década de 1980,24 mas foi novamente utilizado após o aumento da
29 OICA (Organisation Internationale des Constructeurs d'Automobiles) é (em inglês) o
concentração e uma preocupação renovada com o poder monopolista. Uma impressionante revisão acadêmica Organização Internacional de Fabricantes de Veículos Automotores.
das fusões dos EUA e alguns de seus 30 OCDE 2008.

efeitos em P&D, no acesso ao mercado de novos produtos, bem como outros custos sociais25 31 Em 2009, a Pfizer adquiriu a Wyeth, a Merck comprou a Schering-Plough e a Roche se fundiu com a Genentech.
Em 2014, Novartis, GlaxoSmithKline e Eli Lilly lançaram uma série complicada de acordos de produtos
cruzados por um total de US$ 25 bilhões. A Novartis está trocando sua divisão de vacinas pelo negócio
20 UNCTAD 2012. de medicamentos contra o câncer da GSK. A Eli Lilly está adquirindo o negócio de saúde animal da Novartis.
21 INSE 2012. A GSK e a Novartis também estão estabelecendo uma joint venture para produzir e vender no balcão
22 http://www.census.gov/econ/concentração.html. medicamentos, criando um líder global nesse segmento com marcas como Excedrin e Panadol.
23 O último grande tratado econômico sobre oligopólio usando as taxas de concentração dos EUA de 1963 é Depois, há os esforços até agora abortados da Pfizer para comprar a anglo-sueca AstraZeneca por
Scherer 1970. cerca de US$ 100 bilhões. Consulte http://www.bloombergview.com/articles/2014-04-22/pharmamerges-
24 A história é contada em Flynn 1988. make-sense.
25 Brock 2011. 32 UNCTAD 2014a, pp. 13–14.
Machine Translated
146 by Google capítulo 5
Quadro 5.1: Concentração Mundial no Agronegócio
SEMENTES: As três maiores corporações do mundo – Monsanto, DuPont Pionner e Syngenta (Suíça) –
controlam mais da metade (53%) do mercado mundial de sementes comerciais; as 10 maiores controlam
mais de três quartos (76%).
PESTICIDAS: Apenas seis corporações – Syngenta, Bayer Crop Science (Alemanha), BASF (Alemanha),
Dow AgroSciences, DuPont e Monsanto – detêm 76% do mercado global de agroquímicos. As dez
maiores empresas controlam quase 95% do mercado mundial.
FERTILIZANTES: As 10 maiores corporações controlam 41% do mercado global.
ANIMAL PHARMA: Três corporações – Zoetis (anteriormente Pfizer Animal Health), Merck Animal Health
e Merial Sanofi (EUA) – respondem por 46% do
mercado. As sete maiores empresas – todas subsidiárias de empresas farmacêuticas multinacionais –
controlam 72%.
GENÉTICA PECUÁRIA: Quatro corporações respondem por 97% da genética de aves
P&D (frangos de corte, poedeiras, perus). Na genética suína, quatro corporações respondem por dois
terços da P&D da indústria em todo o mundo.
Fonte: Grupo ETC 2013.
As consequências do poder de monopólio coletivo diferem entre os setores. Nos automóveis, a combinação
não-preço e preço oferece alguma proteção aos consumidores. Em outros, onde os produtos são
padronizados, a tecnologia estabilizada e os consumidores dominados econômica e socialmente, o oposto é
verdadeiro. A ETC
Estudo de grupo sobre agroindústrias destaca que 'mais perturbador, o paradigma do oligopólio foi além de
setores individuais para todo o sistema alimentar: as mesmas seis multinacionais controlam 75% de todo o
cultivo de plantas do setor privado
pesquisar; 60% do mercado comercial de sementes e 76% das vendas globais de agroquímicos. As seis
empresas são Monsanto, DuPont, Syngenta, Bayer, Dow e
BASF. A BASF não está entre as 10 maiores empresas produtoras de sementes. Mas está fortemente
engajada na pesquisa de sementes e tem parcerias com várias das outras cinco empresas e investimentos
em várias empresas iniciantes'.33 No caso de
na indústria de fertilizantes, os dados foram coletados para países e não para empresas e os países em
questão são um pouco diferentes. China, Índia, Rússia
e Canadá têm grandes corporações nacionais, de modo que os cinco maiores produtores
33 Grupo ETC 2013, p. 3. O estudo contém dados sobre muitos outros setores, notadamente animais
Reprodução.
A Internacionalização do Capital Produtivo 147
países controlam entre 47 e 77 por cento da capacidade de produção mundial
para todos os principais produtos.34 A fusão entre Lafarge e Holcim colocou
a questão da concentração no centro das atenções. A fusão visa tornar a nova corporação a nova líder
mundial, à frente da atual líder, a chinesa Anhui Conch. Em 2013, as quatro empresas seguintes no ranking
mundial foram
Material de construção nacional da China (CNBM), HeidelbergCement, Italcementi
e Cemex (México). No entanto, estudos sobre a concentração na indústria, que se caracteriza por uma
relação capital/trabalho muito alta (por exemplo, relação capital constante para variável), são muito difíceis
de encontrar.35
2.3 Não-Preço e Competição de Preços em Oligopólios Globais
O oligopólio como forma de estrutura de mercado é caracterizado pelo reconhecimento por
o pequeno número de empresas em cada setor de sua dependência mútua do mercado.
Esta é a essência do oligopólio36 e vale para as relações entre grandes
e TNCs muito grandes. Em 1986, Porter ainda se opõe às indústrias multidomésticas em
que para empresas (por exemplo, grupos) 'a concorrência em cada país ou pequeno grupo de países é
essencialmente independente da concorrência em outros países' e indústrias globais 'nas quais a posição
competitiva de uma empresa em um país é significativamente afetada por sua posição em outros países' .37
Todas as indústrias estão agora
global por razões que têm a ver com lucros e retorno sobre o patrimônio, mas também
com rivalidade oligopolista. A atenção do mercado de ações está voltada para o desempenho geral, conforme
lido nas contas corporativas consolidadas, e a maioria dos acionistas considerará que a corporação deve
obter lucros de todos os seus mercados. Tudo
indústrias podem agora ser vistas como globais na medida em que a rivalidade compreende estratégias onde
à medida que uma empresa entra em um mercado importante, outras o seguirão mais cedo ou mais tarde. este
ocorreu recentemente para o investimento da TNC em automóveis na China.
Uma questão-chave diz respeito ao lugar da concorrência de preços na rivalidade. Oligopólio
está associado ao comportamento que Baran e Sweezy, em um comentário sobre
Schumpeter, foram os primeiros a caracterizar como 'co-respectivos',38 agora frequentemente
referido sob o termo 'resistência mútua', em que as empresas apenas recorrem à concorrência de preços em
última instância. Eles procuram ultrapassar e superar
34 Hernandez e Torero 2011.
35 Um estudo francês muito antigo do geógrafo Yves Lacoste em 1957 já havia enfatizado um alto
grau de concentração. O único estudo contemporâneo que encontrei é sobre a Índia.
Mukhopadhyaya et al. 2008, figura 1, descobriu que as quatro primeiras empresas tinham uma proporção de 52%.
36 Cavernas 1974.
37 Porter 1986, p. 18.
38 Baran e Sweezy, p. 74, em uma discussão do Capítulo 8 em Capitalism, Socialism, de Schumpeter
e Democracia.
Machine Translated
148 by Google capítulo 5
seus rivais por meio dos novos produtos que lançam, da escala e do ritmo de seus
investimentos em P&D e instalações de produção, e suas escolhas estratégicas com
no que diz respeito, em particular, ao atendimento de determinados mercados, por exportações de
determinadas plataformas de produção (agora nunca a do país de origem da empresa única) ou
pela produção para o mercado interno do país de acolhimento. Enquanto as condições
macroeconômicas gerais permitirem às empresas rivais renunciar à concorrência de preços, a
situação pode ser, como nos automóveis antes do início da crise, uma situação em que "quanto
maior o nível de contato multimercado entre os concorrentes, mais se pode esperar observar a
dissuasão da rivalidade e a correspondente maior lucratividade da indústria'.39
Cada vez que uma indústria sofre centralização/concentração, a concorrência é inicialmente
enfraquecida. Em algum momento ele se reafirma. Isso foi mostrado
em vários casos durante o último quartel do século XX. o
Os oligopólios domésticos estáveis e acolhedores do pós-guerra dos EUA com seus líderes de
preços reconhecidos representaram uma fase passageira. Terminou com a entrada de empresas
japonesas no mercado norte-americano, não apenas por conta de seus próprios avanços tecnológicos
e organização, mas também da oportunidade que lhes oferece a complacência e a lentidão dos
oligopólios norte-americanos. Isto foi seguido por 'invasão cruzada' pela empresa europeia FDI. A
perda de quotas de mercado dos gigantes norte-americanos em todos os
indústrias não apoiadas pelo governo federal resultaram de sua crença de que para eles a 'restrição
da concorrência' era coisa do passado. Um processo semelhante está em andamento hoje em
relação à China, com o jogo adicional de
relações que conferem ao capital chinês uma vantagem competitiva adicional. Hoje é
é certo que, a menos que nos próximos anos a luta de classes massiva desestabilize o capitalismo
burocrático chinês, as grandes corporações chinesas lutarão contra seus
entrada por meio de investimento estrangeiro direto em vários oligopólios globais.
3 O lugar das corporações dos países emergentes no mundo
Oligopólio
Corporações de países ainda listados pela ONU como 'países em desenvolvimento' agora fazem
parte de muitos oligopólios globais. No World Investment anual da UNCTAD
Os relatórios, suas modalidades institucionais e organizacionais se enquadram em vários títulos:
fundos soberanos (SWFs), empresas estatais e transnacionais.
A centralização do capital e sua concentração tanto na forma de grandes
bancos e fundos e grandes corporações não financeiras também se enraizou
39 Para uma demonstração dessa hipótese na indústria automobilística, ver Yu, Subramamian
e Cannella Jr. 2009, p. 129.
A Internacionalização do Capital Produtivo 149
alguns deles, especialmente aqueles onde desde o final do século XIX a
a posse de recursos primários essenciais favoreceu a acumulação na forma particular de renda
não-terra discutida acima no Capítulo 4. Em 1938, o México foi
forte o suficiente politicamente para resistir à pressão dos EUA e criar seu próprio
corporação petrolífera, Pemex. No Brasil e na Argentina, os governos bonapartistas seguiram o
exemplo. Nas décadas de 1930 e 1940, eles estabeleceram empresas estatais em indústrias de
serviços básicos e estimularam a formação de capital industrial nacional
em alguns outros, enquanto convocava empresas estrangeiras em outros de acordo com as
políticas de substituição de importações teorizadas pela CEPAL na década de 1960. Os navios
ditadores militares dos anos 1960 e 1970 também eram ativamente "desenvolvimentistas". A
liberalização e a globalização viram a entrada de várias dessas corporações em seus respectivos
oligopólios globais.
Um indicador um tanto particular do status de associação de oligopólio global existe na forma
da lista de 'desafiantes globais' que o Boston Consulting Group (BCG) começou a publicar em
2006. Publicou sua quinta edição em 2013, adicionando 26 nomes à lista de 'membros' , mais sete
'graduados'.40 Os critérios de seleção do BCG são exclusivamente financeiros, nomeadamente
valor de longo prazo para os acionistas, especificamente retorno total ao acionista (TSR) e,
portanto, elegibilidade para inclusão em carteiras de investidores. países do BRIC (Brasil, Rússia,
Índia e China), onde a acumulação de petróleo, mineração e manufatura realmente ocorreu e
que anteriormente abrigavam 84 desafiantes, caíram para 69 em 2013.
pontos para financiar qua finance como um importante ingresso.
A presença nos oligopólios globais dos países BRIC é assegurada de forma bastante
significativa pelas empresas estatais (SOEs). Em 2012, havia 18 SOE entre as 100 maiores
transnacionais do mundo. Uma vez que raramente são totalmente propriedade do governo, são
cotadas em bolsas de valores. O governo é o maior acionista das 150 maiores empresas da China,
onde as SOEs representam 80% da capitalização do mercado de ações. O número para a
Federação Russa é de 62%, 38% para o Brasil,
e para a Índia cerca de 20 por cento. Em todos os lugares empresas de petróleo e gás natural
são importantes (Petrochina, Gazprom, Petrobras, Indian Oil Corporation). No caso da Índia, eles
estão quase totalmente concentrados em serviços públicos e serviços públicos (na Índia, a
produção de carvão e petróleo, geração e distribuição de energia e telecomunicações representam
71% do total). Dado o baixo nível da ONU e da OCDE
limites para se qualificar como TNC, essas corporações indianas são listadas como tal.
Um exame mais aprofundado conclui que seus investimentos realizados no exterior, e a
dividendos e juros acumulados sobre esses investimentos são insignificantes.41
40 https://www.bcgperspectives.com/content/articles/globalization_growth_introducing_
the_2013_bcg_global_challengers/.
41 Mishra 2009, p. 20.
Machine Translated by Google
150 capítulo 5
No Brasil, o peso do banco de desenvolvimento BNDES, que administra recursos financeiros
superiores aos do Banco Mundial, na provisão de
capital de empréstimo de investimento para empresas brasileiras, notadamente grandes, significa que
de fato , a presença do governo é maior.42 O BNDES apoia ativamente grandes
investimentos estrangeiros das empresas. Os empréstimos do BNDES vão principalmente para grandes
grupos (83% em 2009). As empresas de mineração e agronegócio receberam 27% desses empréstimos
e as empresas de alta tecnologia apenas 1%43, o que significa que o BNDES pouco fez para compensar
a mudança para o setor primário que torna o Brasil tão tributário da demanda chinesa.
3.1 Fundos Soberanos
Fundos soberanos (SWFs) criados por ou em nome de estados soberanos com
grandes excedentes de exportação tornaram-se participantes importantes na economia global
mercados financeiros e os iniciadores de IDE em busca de ativos. Eles são principalmente
investidores em carteira, com a maior parte dos seus fundos detidos em activos financeiros relativamente
líquidos em centros financeiros core. Em 2011, apenas uma pequena proporção de seu valor, estimado
pela UNCTAD em US$ 125 bilhões, assumiu a forma de IDE, representando 1% do estoque global de
IDE. A maior parte foi
dirigido aos países capitalistas avançados e altamente concentrado em finanças, imóveis e serviços de
modernização.44 A fração investida nos países em desenvolvimento é quase exclusivamente em
recursos naturais. Quatro fundos, Temasek
(Cingapura), a China Investment Corporation, a Qatar Investment Authority e a Mubadala (Emirados
Árabes Unidos), responderam por quase a totalidade desse investimento do SWF.45
Appelbaum e Batt sintetizaram análises rastreando os investimentos do SWF. No caso dos EUA, os
fundos de private equity são visados. O Abu Dabi
A Investment Authority comprou uma participação de 9% na Apollo Management e uma participação de
7,5% no Carlyle Group. A Autoridade de Investimento do Kuwait e
o Governo de Cingapura Investment Corporation tem participações no Texas
Pacific Group (TPG) e China Development Bank (CIC) estão seguindo o exemplo.
42 Para um relato completo do BNDES ver Chandrasekbar 2016.
43 Paulani 2015b.
44 exemplos dos EUA incluem as participações da Abu Dhabi Investment Authority no Citigroup Inc. (4,9
por cento), Apollo Management (9%) e Hyatt Hotels Corporation (10,9%).
A Istithmar World, braço de private equity do Dubai World Fund, controla 100% da Barneys New
York, 100% da Loehmann's, 10% da Perella
Weinberg Partners (serviços financeiros) e uma participação de 33,3% na Education Media and
Publishing Group International (EMPGI). Ver Appelbaum 2012, p. 31.
45 UNCTAD 2013.
A Internacionalização do Capital Produtivo 151
O histórico da CIC no setor financeiro dos EUA é impressionante. Seus investimentos incluem um
investimento de US$ 3 bilhões no Blackstone Group sem direito a voto em 2007 e
um investimento de US$ 5 bilhões no Morgan Stanley no mesmo ano.46 No início de 2008, a CIC lançou
um fundo de private equity de US$ 4 bilhões com a JC Flowers & Co., concentrando-se principalmente
no setor financeiro dos EUA. Contribuiu com cerca de 80 por cento do capital. Em 2009 e 2010, a CIC
investiu US$ 1 bilhão na Oaktree Capital Management
A LP, que administra mais de US$ 60 bilhões em ativos e foi uma das empresas
envolvidos na Parceria de Investimento Público-Privado, o programa do governo dos EUA destinado a
livrar os bancos de ativos tóxicos. Também tem participação na BlackRock
e juntou-se a uma parceria de private equity com Lexington Partners, Goldman Sachs e Pantheon
Ventures.47
3.2 IDE por empresas transnacionais de países em desenvolvimento e modos de
entrada de estrangeiros por China, Índia e Brasil
Ao longo dos últimos dez a quinze anos, nas grandes economias emergentes, a centralização e
concentração de capital têm prosseguido a um ritmo muito semelhante ao dos países industrializados,
mas a internacionalização das empresas tem sido um pouco mais lenta.48 Em 2011, os ativos das 100
maiores empresas dos países em desenvolvimento e em transição somavam 39% das 100 maiores
empresas do mundo, mas no caso das primeiras apenas 27% das
os ativos eram detidos no exterior em comparação com 61 por cento para o último. As aquisições têm
sido uma importante forma de entrada em ativos e mercados estrangeiros. Em 2013, as fusões e
aquisições transfronteiriças de países emergentes representaram 53% do total
fusões e aquisições transfronteiriças. Metade das fusões e aquisições transfronteiriças das transnacionais do sul envolvidas
filiais estrangeiras de transnacionais de países desenvolvidos transferindo sua propriedade para as
mãos de transnacionais de países em desenvolvimento, notadamente no setor extrativo.49 A
número de aquisições por economias emergentes no 'Sul' tem sido o
conseqüência de desinvestimentos de empresas transnacionais de países desenvolvidos. Exemplos desta tendência
incluem aquisições muito grandes, como a venda do grupo italiano de petróleo e gás ENI da sua
subsidiária em Moçambique à PetroChina, a venda do grupo de petróleo e gás Apache (Estados Unidos)
da sua subsidiária no Egipto à Sinopec (China) e
46 Singh 2008.
47 Appelbaum e Batt 2012.
48 Para uma análise muito bem documentada usando a tipologia Dunning, ver Andreff 2016.
49 Aqui, o valor das transações envolvendo vendas de empresas transnacionais de países
desenvolvidos para contrapartes sediadas em países em desenvolvimento representou mais
de 80% do valor bruto das aquisições. Na África como um todo, essas compras representaram
74% de todas as compras no continente. As TNCs asiáticas, em particular, têm feito um esforço para garantir
reservas para atender à crescente demanda interna (UNCTAD 2014a, p. 8).
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152 by Google capítulo 5
A venda de suas afiliadas na Argélia pela ConocoPhillips para uma empresa estatal indonésia, a
Pertamina. Isso também ocorreu no setor bancário desde a crise financeira de 2008 e sua extensão em
2011 na Europa. A UNCTAD dá dois exemplos.50 Em
Colômbia, Bancolombia adquiriu a totalidade do capital social do HSBC Bank
O Panamá do HSBC e no Egito o Qatar National Bank, uma unidade majoritária da estatal Qatar
Investment Authority, adquiriu uma participação de 77% do National Société Générale Bank, com sede no
Cairo.
Após pressão do FMI, o Ministério do Comércio chinês publicou dados sobre o IDE para os anos de
2007-2009. Isso mostra que grande parte foi para Hong Kong, mas também para paraísos fiscais, como
as Ilhas Cayman e o Reino Unido.
Ilhas Virgens, de onde o capital foi redirecionado para outros destinos desconhecidos. Parte do IDE foi
de ida e volta, mesmo que um estudo do FMI observe que as estimativas variam significativamente.51 O
estudo mais confiável é um relatório do governo dos EUA.52
Deixando de lado os fluxos para paraísos fiscais, no período até 2008, nos países emergentes e em
desenvolvimento o IDE foi direcionado principalmente para recursos básicos e nos países avançados
para finanças, atacado e varejo, leasing e serviços empresariais. Houve uma rápida aceleração após
2004. A busca de mercados com base na proximidade geográfica e nas oportunidades oferecidas por
grandes comunidades locais chinesas explica a posição da Austrália, Cingapura e Canadá. No caso dos
EUA, onde F&A é o principal meio de entrada, a sensibilidade ao investimento chinês em alta tecnologia
fez dos serviços financeiros o principal alvo. Os dados coletados para 2013–14 dão destaque a imóveis
comerciais, gás de xisto e
biotecnologia.53 No caso da Europa, os dados coletados desde 2009 mostram uma tendência de aumento
do IDE chinês para países que lutam com dívidas governamentais ou insolvências corporativas. A
aquisição de parte do porto
do Pireu na Grécia é uma expressão espectacular disso. capital chinês vai
lidar com as exportações chinesas para a Europa no futuro. A China também está investindo na
construção do Corredor Sul de Gás nos Balcãs. Para a China, Portugal é ainda mais estratégico. Desde
o início da crise da zona do euro, os chineses
As estatais adquiriram participações importantes em setores estratégicos da economia portuguesa, como
as indústrias da água, eletricidade e comunicações. Um exemplo dessa compra ocorreu no final de 2011,
quando a Three Gorges Corporation adquiriu 22 por cento da Energias de Portugal (EDP) por 3,5 mil
milhões de dólares (quase
duas vezes o valor real de mercado da EDP). Em 2012, a China State Grid comprou 25 por cento das
Redes Energéticas Nacionais (REN) a 40 por cento sobre o valor das ações
50 UNCTAD 2014a, p. 9.
51 http://www.imf.org/external/pubs/ft/pdp/2002/pdp03.pdf.
52 Salidjanova 2011.
53 Consulte http://rhg.com/notes/chinese-fdi-in-the-us-2013-recap-and-2014-outlook.
A Internacionalização do Capital Produtivo 153
no momento do acordo. Em 2013, o Beijing Enterprise Water Group adquiriu
Veolia Water Portugal da sua empresa-mãe francesa por 123 milhões de dólares.
A China Mobile anunciou ainda que está a ponderar a aquisição de uma participação na Portugal Telecom.
A imagem deve ser completada pela enorme quantidade de
Capital chinês entrando no mercado imobiliário.54
No caso do IDE indiano, um estudo da UNESCAP descobriu que, apesar
aquisições estrangeiras altamente divulgadas, como a compra da Jaguar pela Tata Motors
e Land Rover no Reino Unido durante o período para o qual os dados estavam disponíveis, uma
uma alta porcentagem do 'IDE aprovado' geral da Índia foi direcionada para centros financeiros: Cingapura
(22%), Maurício e outros paraísos fiscais (25%) e na Zona Euro, Holanda (15%). No caso de
As fusões e aquisições, que é a forma preferida de internacionalização dos grupos indianos, o padrão de
localização era obviamente bem diferente. No período examinado,
O Canadá foi o primeiro país anfitrião das aquisições estrangeiras da Índia: uma participação de 34%
com concentração em recursos, notadamente a aquisição da grande
A empresa canadense de alumínio Novelis by Hidalco. Os EUA vieram em seguida com 24
percentual de participação em uma série de setores, notadamente financeiro. Outros 16% foram
destinado a países ricos em recursos (Rússia, Egito, Austrália e África do Sul) e o restante ao Reino
Unido e Europa (17%). Além das aquisições da Tata Motors, isso incluiu a compra pela Tata Steel da
empresa anglo-holandesa Corus.55
O IED brasileiro quebra o padrão proposto acima, no que diz respeito ao modo
de expansão, em que o investimento greenfield é importante. A maioria das maiores transnacionais do
Brasil opera em setores baseados em recursos naturais (mineração, energia e
commodities agrícolas) ou em serviços, principalmente engenharia e construção, com papel incipiente
para serviços financeiros em países vizinhos.56
Além da Petrobras, as maiores transnacionais são a mineradora Vale, com investimentos em 33 países
em 2009 (e um bastante polêmico em Moçambique em 2011), e a siderúrgica Metalúrgica Gerdau, com
afiliadas em sete países da América Latina, EUA, Canadá, Espanha e
Índia em 2013. Em alimentos e bebidas, as principais transnacionais são as processadoras de carne JBS,
54 Horta 2013.
55 Cingapura e Holanda são anfitriões atraentes para holdings da Índia e de outros lugares por causa
das taxas de imposto baixas e simples e do grande número de tratados de dupla tributação
entre os dois países e o resto do mundo. Tata Steel financiou o Corus
aquisição em parte por meio de uma dívida organizada por um consórcio de bancos para a Tata Steel UK, bem como
como por meio de financiamento-ponte obtido por sua subsidiária Tata Steel Asia Singapore. Como tal o
acordo pode nem ter aparecido nas estatísticas de IDE da Índia ou poderia ter aparecido como sendo
feito via Cingapura (Gopalan e Rajan 2010).
56 Em 2009, as 20 maiores transnacionais brasileiras obtiveram 25% de suas receitas no exterior,
detinham 28% de seus ativos e 27% de seus funcionários no exterior. Veja Doutor 2010.
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154 capítulo 5
a maior corporação multinacional de processamento de carnes do mundo, produzindo carne
bovina, de frango e suína processada com 150 plantas industriais em todo o mundo em 2012; A
Brasil Foods (BRF) foi criada em 2013 por meio da fusão de duas
já grandes empresas; Sadia e Perdigão; e a cervejaria Ambev, em nome da Companhia de
Bebidas das Américas (em inglês: American Beverage Company, doravante 'Ambev'), a maior
cervejaria da América Latina e a quinta maior do mundo, que hoje faz parte da gigante Anheuser-
Busch InBev.
Em papel e celulose a lista de empresas transnacionais brasileiras inclui Suzano Papel e Celulose
e Fibria Celulose, criada por uma fusão em 2011. Em engenharia e construção, a maior TNC é a
Noberto Odebrech Construtora. Faz parte da Odebrech
conglomerado, que também controla a Braskem, uma das maiores empresas petroquímicas da
América Latina. As maiores empresas do Brasil não operam em setores de alta tecnologia, com
exceção da corporação aeroespacial Embraer e alguns aspectos das atividades da Petrobras.
Ambos são em grande parte legados de apoio estatal muito ativo nas décadas de 1960 e 1970. A
Embraer começou como uma empresa puramente militar
empresa. É conhecida fora do Brasil como concorrente direta da Bombardier e fabricante de
aviões executivos de pequeno porte, mas continua produzindo aviões militares de transporte.
Um relatório de 2015 do McKinsey Global Institute considera que
as corporações dos países tornaram-se concorrentes importantes na rivalidade oligopolista
global. A composição da Fortune Global 500 mostra que, entre 1980 e 2000, as empresas de
países emergentes representavam cerca de 5% das Fortune 500. Depois disso, houve uma forte
aceleração impulsionada pela
China entre suas próprias corporações, mas também pelo impacto de sua
expansão, o que permitiu que os parceiros comerciais se tornassem ainda maiores do que
foram antes. O relatório cita o exemplo da Vale. Em 2013, a parcela de empresas de países
emergentes havia subido para 26%; o dos EUA e do Ocidente
As empresas europeias caíram de 76% em 1980 para 54% em 2013.
O relatório enfatiza que vários dos contendores que ameaçam as posições dos países
industrializados nos oligopólios mundiais são conglomerados diversificados que combinam a
participação com um forte controle centralizado decorrente da propriedade estatal ou familiar.57
Apêndice: Desenvolvimentos Recentes que Afetam os Dados Estatísticos
em IDE
A coleta de dados estatísticos sobre IDE de fontes nacionais começou em uma unidade
especializada chamada UNCTNC na sede das Nações Unidas em Nova York,
57 McKinsey Global Institute 2015, p. 50.
A Internacionalização do Capital Produtivo 155
onde foram publicados os primeiros Relatórios de Investimentos Mundiais a partir de 1988.
O trabalho foi transferido para a UNCTAD em Genebra com a criação de um grande Departamento
de IDE e transnacionais. A publicação anual do World Investment
Reports (WIR) é um momento importante para todos aqueles que consideram crucial a análise
das operações da TNC. Na década de 1980, o trabalho sobre IDE começou na OCDE em
a fim de estabelecer uma estrutura para a coleta de dados pelos países membros.
Sempre houve ressalvas sobre os dados coletados. No caso da produção, vendas domésticas,
exportações e emprego das afiliadas da TNC, por exemplo, suas
atividades 'materiais', elas foram consideravelmente reduzidas. Alguns países também realizam
pesquisas periódicas, que permitem estimativas razoáveis do tamanho
do comércio intra-empresa. Pelo contrário, os problemas colocados pela recolha e interpretação
de dados comparáveis sobre as entradas e saídas de IDE e de
os lucros do investimento estrangeiro, registrados pelas estatísticas do balanço de pagamentos,
sempre foram importantes (poucos países têm dados com o grau de confiabilidade do US Survey
of Current Business). Esses problemas aumentaram
significativamente nos anos 2000, principalmente após 2007.
A UNCTAD lista uma série de fatores que levam a inconsistências nos dados
métodos de coleta e relato de fluxos de IDE por diferentes países. Alguns sempre existiram, mas
surgiram novos, específicos da financeirização contemporânea. Isso inclui a natureza mutável e a
sofisticação crescente das transações relacionadas ao IDE (por exemplo, investimento por meio
de troca de ações entre investidores e empresas adquiridas ou investimento de fontes indiretas).
Depois, há o fato de que, como resultado da financeirização 'a distinção entre transações de IDE
com 'comportamento de portfólio' e investimento de carteira,
incluindo dinheiro quente, é turva'.58 Finalmente, desde 2007-8, a crescente volatilidade nas taxas
de câmbio torna a correspondência entre o país de origem e o país anfitrião
relatórios mais incertos. Esses problemas são agravados pelo aumento do financiamento offshore.
Finanças Offshore e 'Entidades de Propósito Específico'
Desde o início da crise económica e financeira mundial, a dimensão do financiamento offshore
nos fluxos financeiros registados como IDE cresceu de forma extremamente rápida. Esse
financiamento assume duas formas: fluxos para e de 'centros financeiros offshore' (OFCs), o nome
oficial e educado para paraísos fiscais e 'entidades de propósito específico' (SPEs). Estas podem
ser afiliadas estrangeiras especializadas criadas por TNCs em baixa
tributar países ou países que fornecem benefícios fiscais específicos para tais entidades, ou
podem ser afiliadas domésticas com o status de holdings financeiras (como nos EUA). A UNCTAD
tentou acompanhar os fluxos de e para
paraísos fiscais a partir de 1990. A média anual de entradas de IDE para OFCs no
58 UNCTAD 2011, Capítulo 1, p. 6.
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156 capítulo 5 A Internacionalização do Capital Produtivo 157

período 2007–12 foram de US$ 75 bilhões, bem acima da média de US$ 15 bilhões durante os anos
2000–6. Eles atingiram o pico de quase US$ 90 bilhões em 2011, representando quase
7% dos fluxos globais de IDE. De acordo com a UNCTAD, 'uma parte significativa dos influxos consiste
em IDE de ida e volta para os países de origem'. Assim, os três principais destinos dos fluxos de IDE
da Rússia (Chipre, Holanda
e as Ilhas Virgens Britânicas) coincidem com as três principais fontes de
investimento para a própria Rússia. 'Tais fluxos são mais parecidos com investimentos domésticos
disfarçado de IDE'.59
A UNCTAD está agora tentando rastrear fluxos financeiros por meio de SPEs. No mundo
Relatório de Investimento 2013, Luxemburgo, Holanda e Hungria dirigem
a lista de países que acolhem SPE por conta de um tratamento fiscal muito vantajoso. Mas Portugal
e Dinamarca seguiram o exemplo. Na Ásia, Hong Kong e
Cingapura são líderes. O papel desses dois centros para a China é discutido acima na seção 3.2
SPEs austríacas, que representam um terço da entrada
Estoque de IDE, são usados principalmente para investimentos na Europa Central e Oriental.
Maurício, que concluiu um tratado de dupla tributação com a Índia, atraiu
holdings estrangeiras e, como canal para o SPE FDI, tornou-se uma das maiores fontes de IDE para
a Índia. Os valores envolvidos são muito superiores aos dos OFCs. Três países sozinhos (Hungria,
Luxemburgo e Holanda)
reportaram mais de US$ 600 bilhões em fluxos de investimento para SPEs para 2011 em comparação
com US$ 90 bilhões para OFCs. 'Qualquer mudança no uso de entidades especiais, portanto,
diminuiria as variações nos fluxos para centros financeiros offshore'. No relatório de 2014, a Secretaria
da UNCTAD publica estimativas para cinco países, quatro dos quais são
membros da UE, de IDE com e sem SPEs.60
filiais de dois conglomerados financeiros franceses, Paribas Affaires Industrielles
(PAI) e Axa Private Equity (Axa PE).
Desde meados dos anos 2000, uma proporção crescente de investimentos de private equity tem
sido em países estrangeiros. Em 2007, um terço das fusões e aquisições transfronteiriças identificadas
pela UNCTAD foram feitas por private equity, antes de cair para 15% em 2011.61 Após um período
em que grandes empresas visavam grandes empresas de capital aberto, de 2007 a 2008,
principalmente voltado para empresas menores. As empresas visadas nos países em desenvolvimento
estão amplamente concentradas em
serviços e mineração. Nos países desenvolvidos, as firmas de private equity investem em uma ampla
gama de indústrias, desde alimentos, bebidas e tabaco no setor manufatureiro até imóveis no setor
de serviços. Com um bom senso de eufemismo, a UNCTAD observa que as 'motivações estratégicas
dos fundos de private equity no investimento internacional diferem do IDE pelas TNCs com possíveis
desvantagens
implicações para o crescimento e bem-estar de longo prazo das economias anfitriãs'.62
Fundos de private equity buscam lucros de curto prazo com demissões e reestruturação
de empresas. As empresas adquiridas são mantidas em média por cinco a seis anos, período que
vem diminuindo nos últimos anos.
61 UNCTAD 2012, Capítulo 1, p. 11.
62 UNCTAD 2012, Capítulo 1, p. 12.

Aquisições Estrangeiras por Capital Privado

Outras dificuldades em medir os fluxos de IDE vêm do aumento do investimento de curto prazo
transfronteiriço por empresas de private equity. Estes são financeiros
sociedades anônimas que captam pools de capital (fundos de private equity) e os utilizam para adquirir
posições de controle em empresas não financeiras geralmente não negociadas em bolsas de valores,
com o objetivo de reestruturar e revender em muito pouco tempo. As empresas de private equity
podem ser corporações independentes ou afiliadas de um grande conglomerado financeiro. As maiores
empresas são americanas e
incluem The Carlyle Group, Kohlberg Kravis Roberts (KKR), Goldman Sachs
Principal Investment Group, BlackRock e Bain Capital. Mas existem algumas grandes empresas
europeias, como a CVC Capital Partners, com sede em Londres, e a

59 UNCTAD 2013, Capítulo 1, pp. 15–16.

60 UNCTAD 2014, p. 3.
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Capítulo 6
Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000
As profundas transformações nas atividades de capital industrial concentrado associadas à
financeirização não se limitam ao crescimento do
operações de grandes sociedades não financeiras. Eles dizem respeito às formas atuais de organização
da produção internacional por TNCs ou MNEs, bem como o respectivo papel na produção e apropriação
de valor e mais-valia entre IDE em sentido estrito e offshoring e o que a UNCTAD denomina
'novos modos não-capitalistas'.1 No final da década de 1980, as 'MNEs de novo estilo', como
por Dunning,2 começaram a estender as relações de terceirização de terceirização para além de suas
economias nacionais, apropriando-se do valor criado por empresas menores
através do offshoring a nível internacional. Milberg e Winkler argumentam que o offshoring por TNCs
atingiu um 'nível de crescimento e profundidade [como] para constituir
uma “nova onda” de globalização'.3 Tem uma relação direta com a financeirização.4 Também leva a
algumas questões teóricas importantes sobre 'super-exploração'
e a lei do valor. Estes são discutidos no final do capítulo.
1 Capital industrial: da internacionalização à globalização
Sob os efeitos da crescente liberalização do comércio, a configuração da produção estrangeira pelas
transnacionais evoluiu continuamente a partir da década de 1960. Então a liberalização combinada do
comércio e do investimento direto na OMC abriu
a atual fase da globalização. Viu a partir de meados da década de 1990 a criação de 'cadeias globais
de valor' cada vez mais complexas, primeiro entre as afiliadas da TNC
e, em seguida, cada vez mais por meio de offshoring com empresas de médio e pequeno porte, muitas vezes
1 UNCTAD 2011, Capítulo 3.
2 'A EMN assume cada vez mais o papel de orquestrador da produção e das transacções dentro de
um cluster, ou rede, de relações internas e externas transfronteiriças, que podem ou não envolver
investimento de capital, mas que se destinam a servir as suas global
interesses” (Dunning 1988, p. 327).
3 Milberg e Winkler 2009, pp. 2–3.
4 Milberg é um dos poucos autores a fazer isso. Em uma veia semelhante a Lazonick, ele escreve: 'a
enorme expansão das cadeias globais de valor tem. . . coincidiu com um declínio na fabricação na
maioria dos países e, portanto, permitiu que as empresas devolvessem uma parcela maior das
receitas líquidas aos acionistas em vez de reinvestir essas receitas em nova capacidade
produtiva” (Milberg 2004, p. 3).
Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 159
situados em um grande número de países. Dentro de seus limites corporativos, as TNCs se
reorganizaram continuamente, com a ajuda das TICs e dos novos modos
do transporte a granel, a localização internacional e a gestão da produção
operações. Eles maximizaram a apropriação de mais-valia em nível de unidade de negócios e fábrica
e reduziram o custo de transporte por meio da conteinerização.5 Eles desenvolveram ou estenderam
simultaneamente mecanismos para o
apropriação de mais-valia produzida por outras empresas por meio de subcontratação. A predação de
valor e mais-valia por corporações globais tem assumido formas cada vez mais diversificadas. O
processo é bem resumido pela UNCTAD:
No período imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, uma
a economia política alicerçada em conceitos de independência nacional, autossuficiência e
substituição de importações fez com que o comércio internacional fosse essencialmente
realizado entre empresas autônomas, com atividade de TNC
principalmente na forma de afiliadas 'multidomésticas', orientadas para o país anfitrião.
Isso começou a mudar no final dos anos 1960 e 1970, com a queda inicial da produção offshore
por empresas japonesas, europeias e norte-americanas que fabricam TNCs no sudeste da Ásia,
buscando estratégias de corte de custos após a recessão e as pressões competitivas em seu
país. (e
posteriormente globais). As décadas seguintes construíram inexoravelmente sobre a
dinâmica dessas incipientes cadeias globais de valor (GVCs), com progresso tecnológico (ITT),
fatores políticos (por exemplo, liberalização e privatização
políticas, o surgimento da China como uma base global de manufatura) e estratégias de
investidores (por exemplo, fatiamento fino de operações e offshoring de cada segmento ou
subsegmento de suas cadeias de valor, um maior uso de
modos não patrimoniais) conjunta e interconectada, levando ao nexo de investimento comercial
de hoje.6
2 Cadeias de Valor na Teoria da Gestão Empresarial
Uma noção usada de várias maneiras pela teoria da administração de negócios e pela economia
industrial internacional é a de 'cadeias de valor'. Um dos internacionais
organizações que agora usa a noção é o Banco Mundial. Ele afirma:
A análise da cadeia de valor é um método para contabilizar e apresentar o valor que é criado
em um produto ou serviço à medida que é transformado a partir de insumos brutos.
5 OCDE 2011.
6 UNCTAD 2013, p. 140.
Machine Translated
160
by Google Capítulo 6
a um produto final consumido pelos usuários finais. A análise da cadeia de valor normalmente
envolve identificar e mapear os relacionamentos de quatro tipos de
características: (i) as atividades realizadas durante cada etapa do processamento;
(ii) o valor das entradas, tempo de processamento, saídas e valor agregado; (iii) as relações
espaciais, como distância e logística e, (iv) a estrutura dos agentes econômicos, como fornecedores,
produtor e atacadista.7
A análise da cadeia de valor ignora a distinção marxista entre capital variável e capital constante em
investimento fixo. Toma capital constante como o
ponto de partida e a comercialização bem-sucedida como ponto de fechamento, propondo assim uma
aproximação do ciclo MCPCÿ-Mÿ até onde a economia não marxista pode chegar. Uma empresa pode
englobar todo o ciclo em si, incluindo a produção interna de componentes e mesmo de máquinas, como foi
o caso das empresas automobilísticas, ou pode decompor ou fragmentar o processo de produção por meio
de subcontratação, mantendo para si a concepção e design de produtos, sua montagem e sua
comercialização. No caso das TNCs, o processo atravessa fronteiras.
Bem antes do Banco Mundial, a análise das cadeias de commodities era
retomada de forma progressiva por Gary Gereffi8 com destaque para:
duas mudanças dramáticas na estrutura da economia global. A primeira é uma mudança histórica
na localização da produção, particularmente na manufatura, do mundo desenvolvido para o mundo
em desenvolvimento. . . . O segundo é
uma mudança na organização da economia internacional. O mundo
a economia está cada vez mais concentrada no topo e fragmentada na base, tanto em termos de
países como de empresas.9
Gereffi propôs distinguir entre cadeias 'lideradas pelo comprador' construídas por grupos comerciais e
cadeias 'lideradas por produtores' por corporações industriais. Posteriormente, argumentou que as TIC
iriam necessariamente modificar a configuração do
cadeias de valor e desfocar a dicotomia anterior entre
orientado pelo fornecedor.10
7 Banco Mundial/FIAS 2007, pp. ix–x.
8 Gereffi 1994, 2001 e 2005.
9 Gereffi 2005, p. 50.
10 Gereffi 2001, pp. 37-8, esboça três cenários possíveis.
Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 161
3 Cadeias de commodities globais orientadas para o comprador
Em condições de crescimento lento ou muito lento, o momento mais crítico do ciclo de acumulação é Cÿ,
acesso ao mercado. Isso vale para os grandes fabricantes em relação aos varejistas gigantes, como vimos
no Capítulo 4. É ainda mais o caso do
subcontratantes de tais monopsônios. As condições em que as empresas vendem determinam quanto do
valor agregado ao longo da cadeia permanecerá em suas mãos.
O acesso ao mercado é decisivo. O poder de barganha superior como compradores permite que as
empresas capturem uma parte, em muitos casos uma grande parte, do valor criado por empresas menores.
No caso dos grandes varejistas de bens de consumo, o relacionamento com fornecedores menores é
facilmente identificável como de monopsônio absoluto. No dele
pesquisa pioneira sobre os grandes varejistas, Wal-Mart, Carrefour, Tesco e similares, Gereffi11 identificou-
os como tendo conseguido organizar extensas "cadeias de commodities globais orientadas para o
comprador", caracterizadas por uma forte apropriação predatória de valor. A pesquisa liderada por Gereffi
continua sendo uma das
principais fontes de dados de estudos de caso acadêmicos.12 Fontes de empresas e ONGs fornecem
outros insights importantes.
No Capítulo 4, várias facetas das operações domésticas do Wal-Mart nos EUA foram
examinado. Também está fortemente envolvida no fornecimento global e construiu mecanismos
especializados para eliminar os 'tomadores de margem' e maximizar a
apropriação da mais-valia a jusante. Um estudo apologético explorando
As estratégias do Wal-Mart mostram as cadeias de suprimentos antes e depois da reestruturação:13
Cadeia de fornecimento de produtos tradicionais: Produtor ÿ Pré-embalador ÿ Agente exportador
ÿ Agente importador ÿ Fornecedor/embalador ÿ Distribuição regional
centro ÿ loja Wal-Mart.
Cadeia de fornecimento de produtos do Wal-Mart: Produtor ÿ Pré-embalador ÿ Centro de
distribuição regional ÿ Loja do Wal-Mart.
Esta mudança organizacional implicou a criação de 'Global Merchandising
Centros (GMCs). O CEO da corporação se gaba de que 'alavancando nossa escala e
reestruturando nosso relacionamento com fornecedores, permitiremos que nossos negócios em todo o
mundo ofereçam preços ainda mais competitivos em mercadorias e forneçam aos nossos clientes uma
variedade clara e atraente de melhores
11 Gereffi 1994.
12 Ver as inúmeras referências a Gerrefi e seus colegas nas notas de rodapé do
capítulo sobre CGVs na UNCTAD 2013, pp. 198–202.
13 Berg e Roberts 2012, p. 117.
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162 Capítulo 6 Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 163

produtos de qualidade a preços mais baixos'14.
a rápida sucessão de catástrofes em Bangladesh: o incêndio da fábrica Tazreen Fashions em
novembro de 2012, o colapso da fábrica Rana Plaza em abril de 2013 e o incêndio de novembro
de 2013, todos em Dhaka. O Wal-Mart estava implicado em todos os três. Além do mais
O Wal-Mart pode ser encontrado em roupas e vestuário, roupas esportivas e até marcas de moda
como Adidas, Christian Dior, Hugo Boss, Nike, Marks and Spencer's, Gap e H&M, que prosperam
com trabalhadores, principalmente mulheres, com salários muito abaixo
até mesmo outros setores localmente.15 Abordado de forma descritiva, superexploração ou
a superexploração foi definida pelas ONGs como uma lacuna em relação aos níveis salariais de
outros trabalhadores. A Tabela 6.1 ilustra isso na indústria de vestuário.
Tabela 6.1 Níveis salariais em vestuário em países selecionados
Países Distância do salário mínimo local Distância do salário mínimo no Reino Unido
4 Terceirização e Offshoring e Cadeias Globais de Valor em
Fabricação
Os longos capítulos dedicados pela UNCTAD em 2011 aos 'modos não-patrimoniais de
produção internacional' (NEMs), como as denomina, e novamente em 2013 às GVCs, fornecem
informações detalhadas inestimáveis sobre a extraordinária intensidade de exploração que agora
ocorre sob a gestão corporativa operando em nível global. Aproveitando informações cada vez
mais sofisticadas e
tecnologias de telecomunicações e da crescente liberalização do comércio, grandes
as corporações haviam iniciado um curso de 'desintegração vertical' e de externalização de
componentes e peças para redes de subcontratados a partir do final da década de 1970. Nos
anos 2000, a terceirização e o offshoring tornaram-se centrais. Um exemplo do pensamento atual
das escolas de negócios sobre estratégias corporativas é dado por professores da Rutgers
School of Business. Em uma definição – onde a primeira frase tem quase um toque marxista –
eles escrevem que

Bangladesh 44% 7% as forças implacáveis da competição e da globalização estão forçando as empresas a se

China 47% 11% desagregarem e buscarem insumos, mercados e
Índia 45% 9% parceiros. Ao desagregar sua cadeia de valor em partes discretas – algumas para serem
Marrocos 60% 25% executadas internamente, outras para serem terceirizadas para fornecedores externos –
Tailândia 50% 14% uma empresa espera reduzir os custos e riscos gerais, enquanto possivelmente também
Vietnã 56% 11% colhe os benefícios das ideias de seus contratados ou parceiros de aliança em todo o
mundo .16
Fonte: http://www.labourbehindthelabel.org/about-us/item/587-lets
clean-up-fashion-2007-update.
As diferentes facetas e vantagens vistas do ponto de vista da estratégia corporativa são
apresentadas no quadro 6.1.

O 'modelo de negócios' é aquele em que um capitalista nativo (o Bangladesh Standard Group no

caso do incêndio de Gazipur em novembro de 2013), por exemplo, constrói uma fábrica, compra Caixa 6.1: Motivos para Offshoring e Mudança de Fronteiras Corporativas

máquinas, contrata trabalhadores e supervisiona as operações no local de trabalho, enquanto a

empresa subcontratada americana ou europeia A terceirização pode ser tanto (1) no país de origem da empresa quanto (2) no exterior,
escolhe fornecedores de insumos materiais e fornece projetos e, em seguida, trata do marketing e implica uma reestruturação organizacional de algumas atividades. A terceirização é uma
em sua rede de lojas. O capitalista indígena é um contemporâneo abdicação consciente (esta dificilmente é a palavra certa – FC) da cadeia de valor selecionada
personificação da burguesia compradora. atividades para fornecedores externos. Offshoring é reestruturar a empresa ao longo de outro
dimensão, ou seja, a geografia. Implica a realocação de operações do país de origem para
um local estrangeiro onde as atividades da mesma empresa são realizadas sob (1) subsidiária
própria da empresa multinacional (MNC) ou

14 http://www.storebrandsdecisions.com/news/2010/02/02/wal-mart-creates-global-mer
chandising-centers-to-streamline-sourcing.
15 Smith 2010 tem uma tabela semelhante (Tabela 4.1) com dados coletados por ONGs dos EUA.
16 Empreiteiro et al. 2010.
Machine Translated
164 by Google Capítulo 6
(2) atribuído a um fornecedor de contrato estrangeiro. Em jogo não estão apenas atividades de
manufatura e serviços de baixo custo, mas, cada vez mais, funções de empresa de alto valor, como P&D,
design e engenharia, que estão sendo cada vez mais realocadas para locais estrangeiros.
As fronteiras de muitas empresas, portanto, encolheram simultaneamente organizacionalmente e
expandiram geograficamente, ao mesmo tempo em que se tornaram mais permeáveis. Tratamos
terceirização e offshoring como dois resultados dos mesmos direcionadores estratégicos que obrigam as
empresas a reconsiderar a configuração de suas atividades.
Um exame superficial de terceirização e offshoring sugeriria custos
redução como principal fator. No entanto, especialmente nos últimos anos, duas outras estratégias
motivadores ganharam importância.
Primeiro, o motivo de acesso ao conhecimento: com a crescente complexidade de produtos e serviços,
mesmo as maiores empresas não têm mais todos os diversos componentes do conhecimento dentro de
sua própria organização, ou pessoal, para serem competitivas em pesquisa, produção e marketing. Daí a
necessidade de insumos de conhecimento externo e expertise. Conhecimento organizacional e
geograficamente distante pode
muitas vezes são mais valiosos do que o conhecimento interno ou de partes relacionadas.
Em segundo lugar, a realocação de operações no exterior ajuda a multinacional a entender melhor
e explorar os mercados estrangeiros. O valor agregado local cria legitimidade com
clientes e governos. Assim, a terceirização e o offshoring ajudam simultaneamente
a empresa em três necessidades estratégicas: (1) 'eficiência' ou redução de custos; (2) 'exploração' ou
acesso a conhecimento e pessoas talentosas; e (3) 'exploração' ou desenvolvimento de mercados
estrangeiros.
Fonte: Empreiteiro et al. 2010.
A prática de terceirização desenvolvida com concentração industrial e a
divisão cada vez mais profunda entre grandes e pequenas empresas e empreiteiros e
subcontratados. Foi e ainda é usado internamente antes de ser globalizado.
Os subcontratados são colocados em intensa competição uns com os outros e, de forma mais geral, os custos
e riscos associados às flutuações na demanda são deslocados
às empresas menores e, por sua vez, aos trabalhadores que elas exploram. Conseqüentemente Milberg
fala corretamente sobre o termo 'arm's-length' para especificar claramente a natureza do relacionamento de
terceirização. Smith segue isso enfatizando que, embora os dados do balanço de pagamentos capturem o
retorno do IDE na forma de
repatriação de lucros e direitos de propriedade intelectual (receitas de licenças, etc.), eles não podem capturar
totalmente a natureza e as consequências da concorrência
terceirização.17
17 Smith 2010.
Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 165
5 'Modos não patrimoniais de produção internacional'
MNEs já foram identificadas na década de 1980 como começando a usar 'novas formas de
investimento» (NFI) como distinto do IDE propriamente dito. Estes envolveram o uso de ativos intangíveis,
como tecnologia ou acesso garantido aos mercados da economia capitalista central, como contrapartida para
o reconhecimento de direitos de propriedade de capital e controle de gestão em empresas de joint venture de
países em desenvolvimento.18 Caso
estudos foram feitos mostrando a variedade de arranjos.19 Eles anunciaram os modos não-patrimoniais
(NMEs) de hoje. A UNCTAD não tenta dar uma definição precisa, simplesmente dizendo que eles 'incluem
manufatura por contrato, terceirização de serviços, agricultura por contrato, franquia, licenciamento, contratos
de gestão e outros tipos de relações contratuais através das quais as TNCs coordenam
atividades em suas cadeias globais de valor (GVCs) e influenciar a gestão de empresas do país anfitrião sem
possuir uma participação acionária nessas empresas'.20 De acordo com
para a UNCTAD, nas indústrias onde são mais utilizados, seu crescimento é agora
superando a do IDE propriamente dito. Este é o caso da eletrônica, onde os principais TNCs
incluem Dell, Hewlett Packard e Apple. Esse crescimento é 'impulsionado por uma série de vantagens
importantes para as TNCs: (1) os gastos de capital iniciais relativamente baixos necessários e o capital de
giro limitado necessário para a operação; (2) redução da exposição ao risco; (3) flexibilidade na adaptação às
mudanças no ciclo de negócios e na demanda; e (4) como base para a externalização de atividades não
essenciais que muitas vezes podem ser realizadas a custos mais baixos por outros operadores'. Para os
marxistas, essas "vantagens"
têm um toque familiar.21 O primeiro é reconhecível como um dos fatores que neutralizam a tendência de
queda da taxa de lucro discutida acima no Capítulo 1.
a segunda e a terceira dizem respeito à transferência do risco para subcontratados e fornecedores de
componentes e a quarta é apenas uma maneira de dizer que a empresa principal está usando 'outros
operadores' para aumentar a mais-valia absoluta que irá se apropriar. A UNCTAD escreve que
preocupações são frequentemente levantadas, especialmente no que diz respeito ao contrato de
fabricação e licenciamento, de que os países dependem em grande medida de NEMs
para o desenvolvimento industrial, o risco de permanecer preso ao baixo valor agregado
segmentos de cadeias de valor globais governadas por TNC e que permanecem dependentes de
tecnologia. Nesses casos, as economias em desenvolvimento correriam um
18 Omã 1984.
19 Omã et al. 1989.
20 UNCTAD 2011, p. 122.
21 O trabalho da UNCTAD é um ponto de partida para trabalho de campo e análise. Veja as notas de rodapé do
capítulo sobre NEMs na UNCTAD 2011 e sobre GVCs na UNCTAD 2013.
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166 Capítulo 6
risco de se tornarem vulneráveis às transnacionais que transferem a atividade produtiva para outras
locais, uma vez que os NEMs são mais 'footloose' do que as operações de IDE equivalentes.
Na fabricação de empresas norte-americanas, japonesas e europeias contratam
intermediários para fazer este trabalho. Estes possuem sua própria rede de fornecedores. Podem
ser empresas bastante grandes e algumas são transnacionais por direito próprio. A notória corporação
taiwanesa Foxconn que opera em eletrônicos, notadamente em sua famosa enorme fábrica em
Shenzhen, é a mais conhecida de todas. Os principais com quem a Foxconn trabalha incluem Apple,
BlackBerry, Cisco, Dell, Hewlett Packard, Microsoft, Motorola, Nintendo, Sony, Toshiba e Nokia.
Alguns casos específicos foram analisados no caso de computadores pessoais com o objetivo de
demonstrar que as cadeias globais de valor espalham a riqueza da inovação “muito além da empresa
cuja marca aparece no produto”.22 Em uma abordagem marxista, valor agregado representa na
melhor das hipóteses um proxy, mas fornece uma ideia de
relações inter-corporativas no contexto do oligopólio global e sua relação com a apropriação de
excedentes pelas transnacionais entre os países. A existência de
superexploração vem da tendência para uma homogeneização global de
níveis de produtividade através da difusão de equipamentos, tecnologia e métodos de gestão no
local, enquanto o contexto sociopolítico é o de diferenças nacionais fortes ou muito fortes no tempo
de trabalho necessário.23
Confrontado com o que passou a ser considerado como um processo irreversível dadas as
relações de poder econômico predominantes, entre capital e trabalho
bem como entre as empresas que possuem poder de monopólio e aquelas que não têm nenhum, o
foco de muitas pesquisas tem sido cada vez mais nas 'melhores', menos ruins
maneiras pelas quais as empresas em países em desenvolvimento e mesmo em países 'emergentes'
operam como segmentos de grandes cadeias de valor dominadas por multinacionais.24 Esta é,
previsivelmente, a posição assumida pela UNCTAD. Em face da capacidade das TNCs de “cortar as
atividades e operações em suas cadeias de valor, e colocá-las na melhor relação custo-benefício
local, nacional e globalmente', os países anfitriões devem encontrar maneiras de obter algo de um
desenvolvimento 'inexorável'. Como diz o Relatório de Investimentos Mundiais de 2013:
22 Dedrickn, Kraemer e Linden 2008 em seu trabalho na produção da Apple e da Hewlett-Packard
ucts definem o padrão para estudos de caso posteriores.
23 O valor em seu significado marxista ou marxista “não é delimitado por empresas (específicas) nem por
cadeias de valor, tudo o que os economistas chamam de valor agregado é na verdade valor capturado” (Smith
2011, pág. 33). Isso ocorre dentro da rede hierarquicamente estruturada de relacionamentos
entre empresas.
24 Isso se tornou amplamente o caso , entre outros, de Deiter Ernst 2008 e 2009.
Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 167
[Enquanto] alguns países podem decidir não promover a participação no GVC. . .
para a maioria das economias em desenvolvimento menores com recursos limitados
muitas vezes há pouca alternativa às estratégias de desenvolvimento
que incorporam um grau de participação nas CGVs. A questão para esses países não é tanto
participar de CGVs, mas como.25
Mas os únicos beneficiários efetivos do que a UNCTAD chama de “políticas corretas” para os países
em desenvolvimento são os capitalistas indígenas (como na indústria de vestuário de Bangladesh)
atuando como intermediários com as TNCs dos países industrializados avançados, em suma, a
versão contemporânea da burguesia compradora.
6 As transnacionais e a configuração atual do comércio mundial
A fragmentação dos processos de produção e a dispersão internacional de tarefas e atividades nas
cadeias globais de valor significam que cerca de 60 por cento
do comércio global consiste no comércio de bens e serviços intermediários que são incorporados em
diferentes estágios do processo de produção antes do consumo final.
o comércio internacional cresceu muito mais rapidamente do que o PIB mundial. As CGVs foram
vistas como centrais para o colapso do comércio mundial no final de 2008, que foi mais grave e
rápido do que os colapsos comerciais experimentados no passado, inclusive durante
a Grande Depressão, mesmo que a queda nesta última tenha durado muito mais tempo. Com base
nos dados dos EUA, Milberg e Winkler atribuem isso ao fato de que as CGVs
tornaram os países em desenvolvimento dependentes de exportação altamente vulneráveis a
mudanças no nível de demanda mundial, e especificamente a demanda de países de alta renda.
cadeias de valor globais e
o processamento de intermediários para servir essas cadeias. Nesse sentido, a expansão do
comércio Sul-Sul depende ainda do funcionamento das CGV'.
significa que eles são tributários das estratégias das TNC. A UNCTAD estima que cerca de
80% do comércio global (em termos de exportações brutas) está ligado às redes internacionais de
produção das transnacionais, seja como comércio intrafirma, por meio de NEMs
(fabricação por contrato, licenciamento e franquia), ou por meio de
transações envolvendo pelo menos uma TNC.
25 UNCTAD 2013, p. xxiv.
26 UNCTAD 2013, p. 122.
27 Milberg e Winkler 2012, p. 1.
28 Milberg e Winkler 2012, p. 27.
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168 Capítulo 6 Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 169

Em muitas economias, apenas uma fração relativamente pequena do número total de empresas 7 Superexploração e a 'Lei Global do Valor'
participa do comércio internacional. Dados disponíveis sobre a concentração
das exportações arrecadadas pela OMC é apresentada na tabela 6.1. Nos EUA, os 10% principais Devemos começar definindo a superexploração. Em uma cuidadosa análise sobre o trabalho na
das empresas exportadoras respondem por 96% do total de exportações, onde cerca de 2.200 economia intensiva em informação centrada nos países capitalistas avançados, Fuchs aborda a
empresas (o 1% principal dos exportadores, a maioria das quais são empresas controladoras de noção da seguinte forma:
TNC ou afiliadas estrangeiras) respondem por mais de 80% do total. troca. Nos E.U.A
caso, esta concentração está obviamente relacionada com a exposição limitada dos EUA O capital pode ganhar mais-valia extra pela superexploração. Excedente extra
ao comércio exterior. Mas a concentração das exportações é extremamente alta nos países em valor é um termo cunhado por Marx para descrever as relações de produção, nas quais os
desenvolvimento orientados para a exportação. Os dados sobre o comércio intra-empresa bens são produzidos de uma forma que o “valor individual desses
dependem de pesquisas que poucos países realizam. artigos está agora abaixo de seu valor social” (Marx 1867, 434). Ao empregar
migrantes ilegais, trabalhadores compulsórios ou ilegais desempregados, estudantes,
e trabalhadores precários e informais, o capital pode produzir bens em um
Tabela 6.2 Participação das exportações contabilizadas pelos maiores exportadores em países selecionados valor que é inferior ao valor social médio porque seus custos salariais
são menores do que em uma relação de trabalho regular. Como resultado, as mercadorias
País Ano 1% superior Top 5% 10% superiores produzidas contêm menos capital variável, mas são vendidas
a preços regulares para que um lucro extra possa ser obtido.29
Estados Unidos 1993 78,2 91,8 95,6
2002 80,9 93 96,3 A questão teórica da lei global do valor foi levantada pelo Sul
Dependista americano teoricamente mais próximo do marxismo, Ruy Mauro Marini,30
Países europeus e Samir Amin31 na configuração do mercado mundial da época. Em 2010,
Bélgica 2003 48 73 84 Amin revisitou o que ele chama de "a passagem da lei do valor para a lei do
França 2003 44 73 84 valor globalizado baseado na estruturação hierárquica – ela mesma globalizada – de
Alemanha 2003 59 81 90 os preços da força de trabalho em torno de seu valor”. Ele argumenta que 'ligada às práticas de
Hungria 2003 77 91 96 gestão que regem o acesso aos recursos naturais, esta globalização da
Itália 2003 32 59 72 o valor constitui a base para a renda imperialista'.32 Isso não é muito útil, pois os processos que
Noruega 2003 53 81 91 acabamos de discutir não têm nada a ver com renda, mas com estratégias corporativas em busca
Reino Unido 2003 42 69 80 de lucro. Mais tarde em seu livro Amin desenvolve sua teoria da seguinte forma:

Países em desenvolvimento Capitalismo são os Estados Unidos e a Índia, a Alemanha e a Etiópia, juntos.
Brasil 2009 56 82 98 Consequentemente, a força de trabalho tem apenas um valor único, aquele que é
México 2009 67 90 99
Peru 2009 56 78 96 29 Fuchs desenvolve uma série de ideias muito importantes que incluem (2010, p. 190) a liberdade
África do Sul 2009 75 90 99 consumo pelas corporações dos bens comuns da sociedade que consistem em natureza,
conhecimento educacional, conhecimento de entretenimento, conhecimento prático,

Fonte: OMC 2013, p. 82.

conhecimento tecnológico e infraestruturas públicas (trabalho nas áreas de saúde, educação,
serviços médicos, serviços sociais, cultura, mídia , política, etc.)'; a privatização por capital do
'general intellect' (2010, p. 192); A produsagem na internet como forma extrema de exploração,
na qual os produsers trabalham totalmente de graça e, portanto, são infinitamente explorados (2010, p. 191)
30 Marini 1973.
31 de janeiro de 1976.

32 Amin 2010, p. 11 (grifo do autor).

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170 Capítulo 6
associado ao nível de desenvolvimento das forças produtivas tomado globalmente (o General
Intellect neste nível).33
Isso é terrivelmente vago. O grande problema é que Amin pula o Volume I de Capital
onde se encontra o locus das noções apropriadas e vai direto para o Volume II. Smith também mantém
o termo renda imperialista.34 Ele discute o Volume I, mas conclui que, por conta do offshoring e da
terceirização internacional, a análise de Marx não corresponde à situação de hoje. Ele discute
"diferenças internacionais no valor da força de trabalho, na taxa de
"exploração", que ele chama de superexploração, de forma simplificada:
Se a jornada de trabalho compreende duas partes, o tempo de trabalho necessário (o tempo
um trabalhador leva para repor os valores consumidos pela casa proletária) e o tempo de
trabalho excedente (o tempo gasto na produção de mais- valia para o capitalista), a taxa de
exploração é a razão entre eles. Por
Para os propósitos deste artigo, a superexploração significa uma taxa mais alta de
exploração do que a taxa de exploração doméstica média prevalecente nas economias
imperialistas.35
Esta definição é acompanhada por uma construção teórica segundo a qual “a globalização dos
processos de produção orientada pela arbitragem salarial é a terceira forma de mais-valia ( sendo as
outras mais-valia absoluta e relativa)” e “o impulsionador
da mudança global da produção para países de baixos salários'.36
Minha posição é que devemos nos ater a Marx de perto e partir da noção estabelecida no Volume I
de “tempo de trabalho socialmente necessário” definido como “o tempo de trabalho”.
tempo necessário para produzir qualquer valor de uso nas condições de produção normais para uma
dada sociedade e com o grau médio de habilidade e intensidade
33 Amin 2010, p. 84.
34 Smith 2010 e 2011.
35 Smith 2011, p. 11.
36 Smith 2011, p. 23. Examinando o recurso à terceirização doméstica por grandes corporações no
Brasil, Antunes 2015 elege o termo superexploração. Ele escreve: 'houve uma verdadeira
epidemia de terceirização nas últimas duas décadas, que contaminou a indústria,
serviços, agricultura e serviços públicos, e que tem afetado tanto a produção como as atividades
de apoio. Nas diversas formas de terceirização, observam-se novas condições de trabalho que
definem os trabalhadores nas categorias “primária” e “secundária”, e revelam distinções ou
condições de inferioridade e desigualdade. Essas diferenças são ainda mais evidentes em
turnos prolongados, ritmo e intensidade do trabalho, altos níveis de rotatividade, baixos salários,
condições inseguras e riscos à saúde, entre muitos outros'.
Os modos operacionais das transnacionais nos anos 2000 171
de trabalho predominante naquela sociedade'.37 Hoje, a 'sociedade' relevante é aquela que nasceu
da plena realização do 'mercado mundial' e da total liberdade de
movimento do capital produtivo. O que permanece específico para cada país
e muito diferente de uma para outra é "como para qualquer outra mercadoria o tempo de trabalho
necessário para a produção e, conseqüentemente, a reprodução da força de trabalho". No cenário de
produção e comércio de investimento industrial globalizado, o investimento direto de empresas
transnacionais em alguns países e a terceirização monitorada de perto em outros resultaram na difusão
global do 'grau médio de habilidade e intensidade do trabalho' (produtividade do trabalhador) em alguns
casos para a produção de bens ou commodities altamente complexos (programas de software
altamente qualificados na Índia)38 e outros para a de muito simples (vestuário, sapatos baratos em
Bangladesh ou Vietnã). Todos esses países têm uma característica comum, ou seja, com diferenças
de país para país e de indústria para indústria, o custo de reprodução da força de trabalho é – seja
para engenheiros ou trabalhadores manuais – menor e muitas vezes qualitativamente menor do que
nos países capitalistas avançados. Nomear o resultado dos diferenciais salariais de renda ou mais-
valia extra é secundário. Trazendo através do controlado
a transferência de tecnologia pelas empresas transnacionais ou o uso daquela disponibilizada por
'países anfitriões' com verdadeira capacidade de inovação em determinados setores (China, Índia) e
níveis de produtividade equivalentes aos dos industrializados, não
impedem o recurso do capital, tanto estrangeiro como indígena, a métodos de
extração de mais-valia absoluta em países onde a economia e a política
as condições são ainda mais ponderadas a favor do capital do que em qualquer outro lugar. Mas isso
ajuda a entender a desindustrialização de quase todos os antigos
países capitalistas e evitar apresentar uma configuração hierárquica de
capitalismo em que as relações de classe são relegadas a segundo plano, subsumidas pela questão
centro-periferia. Isso é menos verdadeiro para Amin,39 mas Smith não
37 Marx 1976, p. 127. Ou ainda a formulação de Marx em "Valor, Preço e Lucro", Capítulo 6, Valor e
Trabalho, "a quantidade de trabalho necessária para produzir uma mercadoria em um determinado
estado da sociedade, sob certas condições sociais médias de produção, com um determinado média social
intensidade e habilidade média da mão de obra empregada”.
38 Ver a nota de Engels à terceira edição alemã do Capital, Volume I: 'Hoje, graças a
a concorrência no mercado mundial que cresceu desde então, avançamos
muito além. “Se a China”, diz o deputado Stapleton, aos seus eleitores, “se tornar um grande
país manufatureiro, não vejo como a população manufatureira da Europa poderia sustentar a
competição sem descer ao nível de seus concorrentes” (The
Times, 3 de setembro de 1873, p. 8). A meta desejada do capital inglês não é mais o salário
continental, ah, não, é o salário chinês!' (Engels, em Marx 1976, Vol. I, p. 749).
39 'Nossa leitura dos séculos XX e XXI não pode ser outra coisa senão aquela
do surgimento – ou do “despertar” – de povos e nações periféricas à
sistema capitalista/imperialista globalizado” (Amin 2010).
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172 Capítulo 6

não examina nem de passagem o lugar específico da China, Índia e Brasil no capitalismo mundial e Capítulo 7

não faz menção às suas transnacionais. A noção de subimperialismo desenvolvida por Marini em
relação ao Brasil é reduzida a um desvio de questões reais,40 enquanto as estratégias corporativas A maior globalização dos ativos financeiros e

chinesas ao investir na África ou se mudar para o Vietnã não são discutidas e caracterizadas.
Mercados e a Expansão de Novas Formas de

Capital fictício

40 Ver Smith 2010, pp. 57–8, em sua polêmica contra Callinicos 2009.
Este capítulo aborda o processo de acumulação financeira e globalização
onde a análise parou no Capítulo 2. Examina sucessivamente os fluxos de capital transfronteiriços
envolvendo principalmente os EUA e a UE; o crescimento do comércio de derivados e sua
caracterização; e, finalmente, questões selecionadas relativas à dívida dos países em desenvolvimento.

1 Fatores subjacentes ao crescimento das transações financeiras globais

A avaliação de 1994 do McKinsey Global Institute de que a globalização financeira estava apenas
a meio caminho de seu pleno desenvolvimento mostrou-se correta. O composto
taxa de crescimento anual dos fluxos de capitais transfronteiriços de 1990 a 2006 foi de 14,6
por cento e a de 2007 19 por cento superior ao ano anterior. Transfronteiriço
os depósitos bancários e os empréstimos bancários registaram o maior crescimento. Tabela 7.1
mostra o crescimento dos ativos mantidos no exterior e sua estrutura geral simplificada
até a crise financeira.

Tabela 7.1 Propriedade estrangeira global estimada de ativos financeiros (1998–2007)

De ativos 1998 2001 2004 2007 % do

crescimento

Valor % Valor % Valor % Valor % 1998/2007

Títulos de capital 4,0 23,5 5,2 22,9 8,7 22,3 17,6 26,1 340,0
Títulos de dívida 4,0 23,5 7,5 33,0 14,6 37,3 22,7 33,7 467,5
Depósitos 8,9 52,3 0,0 44,1 15,9 40,7 27,1 40,2 204,5
Total de ativos 17.0 - 22,7 - 39,1 – 67,4 – 27% 32% 296,5
20% 22% –
Ativos estrangeiros
como % do total de ativos

Fonte: McKinsey Global Institute 2009.

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174 Capítulo 7
Os fluxos brutos de capital aumentaram de cerca de 10% do PIB mundial em 1998 para mais de 30%
em 2007. A expansão dos fluxos brutos globais resultou em grande parte dos fluxos entre economias
avançadas. A maior parte dessa expansão refletiu fluxos entre
economias avançadas, apesar de um declínio em sua participação no comércio mundial. Os fluxos
entre ou a partir de economias de mercado emergentes foram muito menores. No caso dos EUA, as
operações dos bancos europeus e dos Sovereign Wealth Funds para
a aquisição de títulos foi a maior categoria individual e tomou a forma
principalmente de títulos não pertencentes ao Tesouro. No caso da Zona Euro, a aquisição de dívida
externa resultou de empréstimos bancários de bancos alemães e franceses a bancos irlandeses e
espanhóis, e as sociedades imobiliárias impulsionaram o crescimento de
fluxos de capitais transfronteiriços.
1.1 Sobre as forças motrizes da acumulação financeira novamente
O forte aumento dos indicadores de globalização financeira neste período
é novamente o resultado e a causa da acumulação financeira. Quando o
taxa de lucro começa a cair, a massa de lucro continua a crescer e um
fração busca uma taxa de retorno como capital que rende juros. Este é o último dos fatores contrários
listados por Marx no Volume III de O Capital. Uma leitura cuidadosa
mostra que não é verdadeiramente um fator contraditório e que o parágrafo diz respeito, de fato, à
distribuição intracapitalista do lucro.1 O aparente 'desvio de investimento' para os mercados financeiros
marca o declínio das oportunidades de investimento lucrativo. À medida que a liberalização progride e
com ela a globalização do exército industrial de reserva, as relações de classe se deslocam em favor
do capital e com ele vêm as mudanças na distribuição de renda em favor dos grupos superiores, bem
como a divergência cada vez maior na acumulação de bens patrimoniais. riqueza em favor dos ricos.2
A relação credor-devedor e a
efeito bola de neve associado no crescimento da dívida, notadamente da dívida pública, são
acompanhados por um processo semelhante na acumulação de juros
acumulando e alimentados por grupos de colchetes superiores. Por mais que os ricos e os
1 Marx 1981, Vol. III, pág. 347: “À medida que a produção capitalista avança e com ela acelerada
acumulação, uma parcela do capital é considerada simplesmente como capital que rende juros e investida
Como tal. Isso não é no sentido em que qualquer capitalista que empresta capital se contenta em
toma os juros, enquanto o capitalista industrial embolsa o lucro empresarial. Tampouco afeta a taxa
geral de lucro, pois quanto a isso, lucro = juros + lucro de todos os tipos + renda da terra, sua
distribuição entre essas categorias é indiferente. É mais no sentido de que esses capitais, embora
investidos em grandes empresas produtivas,
simplesmente rendem juros, grandes ou pequenos, depois de deduzidos todos os custos, os chamados dividendos'.
2 Ver Piketty e Saez 2006 e Piketty 2012.
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 175
muito ricos gastam,3 a teoria de Keynes da propensão decrescente do consumo se afirma, significando
que uma parte de sua renda é continuamente bombeada de volta
nos mercados financeiros. Tudo isso foi vinculado e intensificado por condições econômicas específicas
na economia global. Desde o início do boom das commodities no início dos anos 2000, as receitas
acumuladas pelos países produtores primários em fundos soberanos não foram apenas usadas para
fusões e aquisições, mas também fluíram diretamente para os mercados financeiros dos EUA e da
Grã-Bretanha. O caso do petróleo
receitas dos Estados do Golfo, principalmente quando os preços dispararam em 2007-2008, foi
documentado pela pesquisa marxista.4 Mais amplamente, o fluxo para os EUA de capital remunerado
de países com superávits em conta corrente, notadamente China,
responsável pelo aumento dos fluxos financeiros globais e pela propriedade estrangeira de ativos.
1.2 Fluxos de capital dentro e fora dos Estados Unidos
A partir de meados da década de 1990, esses fluxos tornaram-se uma das características constituintes
mais importantes das relações macroeconômicas em nível mundial.
Consequentemente, uma parte do debate sobre as causas da crise financeira de 2008 se concentrou
neles. A afirmação de Bernanke de que a Ásia e, em particular,
O “excesso de poupança global”5 da China e do Japão foi o grande responsável pela crise, levando a
pesquisas que mostram que esse fator foi significativamente exagerado. Uma análise detalhada
publicada por altos funcionários do BIS conclui que a atenção deve 'mudar dos saldos em conta
corrente para os fluxos brutos de financiamento que sustentam a atividade econômica; aqui os fatores
monetários e financeiros tomam o centro
palco. Uma questão central é se a economia global tem âncoras que podem impedir que a expansão
geral do crédito e do financiamento externo em geral, alimente o acúmulo insustentável de desequilíbrios
financeiros. Por desequilíbrios financeiros queremos dizer balanços sobrecarregados, normalmente
devido a rápidos aumentos no crédito e nos preços dos ativos'.
os fluxos de entrada nos Estados Unidos não se originaram no governo, mas nos setores privado e
relacionado a hipotecas. A aquisição de títulos dos EUA tomou a forma esmagadora de títulos – não
de títulos do Tesouro, mas títulos emitidos pelas Empresas Patrocinadas pelo Governo (GSE) ativas
em empréstimos hipotecários, Fannie May e Freddie Mac.
3 Duménil e Lévy 2011 gastam muita energia tentando torná-los pilares da demanda efetiva.
4 Hanieh 2012.
5 Bernanke 2005.
6 Borio e Disyatat 2011, p. 24.
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176 Capítulo 7 A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 177

Tabela 7.2 Entradas de capital nos Estados Unidos, 1997–2012 (em bilhões de US$) um 'excesso de elasticidade financeira', por exemplo, um regime monetário altamente permissivo,8 foi
igualmente verdadeiro para a zona do euro e seu banco central verdadeiramente 'independente'.
Ativos privados

1.3 Empréstimos interbancários intra-zona do euro

Total do ano Oficial Total Direto Tesouraria Corporativo NÓS Outro A UE em geral e a Zona Euro em particular viram o rápido aumento dos fluxos transfronteiriços sob a forma
ativos investimento títulos títulos moeda de empréstimos interbancários nos Estados-Membros, através de mercados grossistas e, em menor
medida, como resultado da penetração transfronteiriça das sucursais bancárias. Foi impulsionado pela
1997 704.5 19.0 685.4 105.6 1998 420.8 –19.9 130,4 161,4 22,4 265,5 acumulação financeira em grandes bancos em concentração, tanto nacional como transfronteiriça,
440.7 179.0 1999 742.2 43.5 698.7 289.4 2000 28,6 156,3 13,8 62,9 nomeadamente a aquisição da Banca Nazionale del Lavoro (BNL) pelo BNP Paribas em
1,038.2 42.8 995.5 321.3 2001 782.9 28.1 754.8 -44,5 298,8 22,4 130,5
167.0 2002 795.2 115.9 679.2 84.4 2003 858.3 -70,0 459,9 –3,4 287,6 2006. O aumento dos fluxos transfronteiriços foi o resultado de uma combinação de

278.1 580.2 63.8 2004 1,533.2 397.8

146.0
1,135.4
2005 -14,4 393,9 23,8 184,5 fatores, a desregulamentação dos mercados financeiros globais e dos mercados domésticos de crédito
1,247.3 259.3 988.1 112.6 2006 2,065.2 487.9 100,4 283,3 18,9 192,3 hipotecário, bem como o regime de baixas taxas de juros que prevaleceu nos anos 2000. Alguns eram
1,577.2 243,2 2007 2.129,5 480,92008
1.648,5
534,1
275,8 91,5 220,7 10,6 193,7 específicos para a UE e a zona do euro. Dois são de especial importância. A primeira diz respeito ao Banco
487,0 93,6 381,5 13.3 501.1 Central Europeu (BCE). o
132,3 450,4 8.4 284,3 O Tratado de Maastricht conferiu-lhe um estatuto de independência absoluta, permitindo-lhe reduzir ao
-58,2 683,2 2.2 706,8 mínimo as consultas com os governos antes de ser
66,8 605,7 –10,7 – 711,0 forçados a fazê-lo de forma intensiva quando eclodiu a crise financeira europeia de 2010.
47,1 319,7 196,6 126,7 29,2 –371,8 Também deu ao BCE a missão prioritária de controlar a inflação, inscrita no Tratado. O BCE interpretou a
2009 314,4 480,3 –165,9 150,4 -15,5 1,9 12,6 -315,4 inflação de forma limitada e ignorou a inflação dos activos financeiros, incluindo a inflação da habitação,
2010 398,2 353,3 205,8 297,8 2011 211,8 158,7 139,3 28,3 63,0 189,9 que é tanto uma mercadoria como
234,0 240,9 2012 373,6 347,9 174,7 123,6 -56,4 55,0 6,6 348,2 um ativo financeiro. O segundo fator especificamente europeu foi o alemão
76,7 57,1 925,0 -399,0 política trabalhista e salarial da Agenda do governo Schroeder para 2010,9 que
levou à estagnação da demanda doméstica alemã e à alta poupança buscando rentabilidade
Fonte: Jackson 2013. Fonte original: Scott, Sarah O., US International Trans investimentos financeiros. As escolhas feitas pelo capital e pelo governo na Irlanda e na Espanha de
ações Quarto Trimestre e Ano 2012, Bureau of Economic Analysis, BEA-13-09,
basear o crescimento principalmente em habitação, imóveis e construção a partir de 2003 deram aos
14 de março de 2013.
bancos alemães a oportunidade de 'reciclar' o excesso de poupança doméstica e corporativa alemã.10 Os
grandes bancos são altamente internacionalizados, alguns em grande parte dentro da UE (Société Générale
e Crédit
As colunas 7 (títulos corporativos) e 9 (outros ativos, por exemplo, títulos garantidos por dívida e hipotecas) Agricole), outros principalmente fora da Europa (Santander) e outros tanto dentro
representam 67% do total de entradas de capital em 2005 e 62% em 2006. Os títulos corporativos incluem a UE e a nível mundial (Deutsche Bank, Barclays e BNP Paribas). Por conta
passivos para investidores estrangeiros privados por bancos americanos. 'Eles eram grandes e cresceram da extrema concentração do sistema bancário francês juntamente com a
substancialmente depois de 2002. De longe
a fonte mais importante de entrada de capital nos EUA foi a Europa, que
8 Borio chama isso de 'calcanhar de Aquiles' do sistema monetário e financeiro internacional, cujo
representaram cerca de metade do total de entradas em 2007, mais de metade provenientes do Reino
resultado, agravado pelo recurso à flexibilização quantitativa, é o atual
Unido e cerca de um terço da área do euro'.
'armadilha da dívida' (Borio 2013).

9 http://www.transform-network.net/yearbook/journal-112012/news/detail/Journal/
capitalismo-alemão-e-a-crise-europeia-parte-da-solução-ou-parte-do-problema
lem.html.

10 Isso está bem documentado por um estudo do Deutsche Bundesbank (Buch, Koch e Koetter 2011).
7 Borio e Disyatat 2011, p. 14. Veja também os números em Jackson 2013.
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178 Capítulo 7 A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 179

o fraco crescimento do PIB do país, o oligopólio bancário deveria olhar para seus vizinhos do sul na crescimento, muito mais forte do que o observado entre 2001 e 2004. Mesmo abstraindo os efeitos de
zona do euro para obter lucros financeiros na forma de juros e valorização decorrentes da variação cambial, o faturamento médio diário aumentou 63%'.12 A
comissões. A exposição dos bancos franceses à crise bancária de 2010-11, especialmente em acumulação financeira sob gestão de fundos e a queda das taxas de juros impulsionaram esse
Espanha, foi muito alta.11 As sementes da recessão da zona do euro foram plantadas. Ampliamos crescimento. Fundos de pensão, hedge funds e seguradoras foram responsáveis por metade do
todas essas questões nos Capítulos 8 e 9. crescimento
em transações com 'bancos revendedores informados'.13 O estudo da equipe observou que 'os
1,4 O Crescimento e a Organização Atual do Comércio de Câmbio Estrangeiro mercados de câmbio ofereceram aos investidores com horizontes de curto prazo retornos ajustados ao
A Tabela 6.3 fornece dados que mostram que a negociação em mercados de câmbio e derivativos se risco relativamente atraentes'.14 Durante os anos de 2004-7, em geral
tornou, de longe, o tipo mais difundido de transação financeira global. Dividendos e títulos são os a volatilidade do mercado financeiro foi muito baixa para os padrões históricos. 'Isso permitiu
principais instrumentos de apropriação de mais-valia por bancos e fundos. Assim, é compreensível que investidores de longo prazo, como os fundos de pensões, a contribuir para o aumento do volume de
ações e títulos negócios através da diversificação sistemática das suas carteiras internacionalmente». Na Pesquisa de
continuam a ser a forma mais conhecida de mercados financeiros. Os mercados de ações são 2010, o BIS relatou um aumento adicional de 20% nas transações desde
termômetros do humor dos investidores e, portanto, recebem mais atenção da mídia. No entanto, a o de 2007. O estudo do Staff comentou que 'no contexto da crise financeira global de 2007-2009 e da
negociação nesses mercados é insignificante em comparação com a negociação de moedas e turbulência nas obrigações soberanas europeias
derivativos. A Tabela 7.3 oferece uma ideia ampla de seu tamanho relativo. mercados, o crescimento contínuo [dos mercados cambiais] demonstra a resiliência deste mercado'.
Em 2010, a média global de transações diárias atingiu US$ 4,0 trilhões contra US$ 880 bilhões em
1992. Em 2013, elas subiram para US$ 5,3 trilhões por dia, representando um aumento adicional de
Tabela 7.3 Composição geral das transações financeiras globais: 2002–8 (em trilhões de dólares) 35%. A pesquisa de 2013 conclui que nos principais centros de negociação, Londres e Nova York,
cerca de dois terços de todos os negócios agora envolvem contrapartes financeiras não negociantes. O
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 crescimento 'parece ter sido principalmente um subproduto da crescente diversificação das carteiras de
ativos internacionais. . . Com os rendimentos das economias avançadas em mínimos recordes, os
Organizado 23,8 220,6 379,5 545,8 714,3 940,6 1,0150 investidores diversificaram cada vez mais em ativos mais arriscados, como ações internacionais ou
Forex

Organizado 693,1 874,3 1,1523 1,4069 1,8080 2,2080 1,6600 títulos de mercados emergentes em moeda local'.15 Há explicações gerais óbvias para esse
Derivado crescimento contínuo: a destruição limitada de capital fictício em
OTC 385,7 524,0 545,2 557,8 144,3 147,5 820,4 2008, a contínua injecção de liquidez por parte da Fed e outros bancos centrais, e a reduzida
Derivado atractividade dos mercados obrigacionistas, nomeadamente o dos EUA, em
Títulos e 38,0 42,7 53,9 64,0 84,1 128,1 132,6 por conta das baixas taxas de juros.
Ações
Total 1.172,9 1.698,6 2.172,5 2.619,3 2.799,1 3.478,5 3.688,1

12 BIS 2007, p. 1.
Fonte: Morin 2011.
13 Os revendedores de relatórios são um pequeno grupo de grandes bancos e algumas antigas empresas especializadas. No
caso dos EUA a lista é: Bank of America, Bank of Montreal, The Bank of New York,
Banco de Tóquio-Mitsubishi, Barclays Capital, BNP Paribas, Citigroup, Canadian Imperial
Bank of Commerce, Calyon, CSFB, Deutsche Bank AG, Goldman Sachs & Co., HSBC
A evolução dos mercados cambiais é acompanhada pelo Banco de
Bank USA, JP Morgan Chase Bank, Mizuho Corporate Bank, Morgan Stanley, Royal Bank
Acordos Internacionais. Dados razoavelmente precisos estão disponíveis e o crescimento
do Canadá, Royal Bank of Scotland, Skandinaviska Enskilda Bank, Société Générale, Standard
desses mercados está bem documentado. As pesquisas são feitas a cada três anos. Em sua Pesquisa
Chartered, State Street Corporation, Sumitomo Mitsui Banking Corporation,
Trienal do Banco Central de dezembro de 2007, o BIS descobriu que a média diária de
UBS Bank, Wells Fargo Bank NA http://www.newyorkfed.org/fxc/volumesurvey/dealers.
volume de negócios cresceu 69 por cento desde 2004. BIS chama isso de 'um sem precedentes html (acessado em 30 de outubro de 2013).

14 King and Rime 2010, p. 27.

11 Merler e Pisani-Ferry 2012. 15 Rime e Schrimpf 2013, p. 2.
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180 Capítulo 7
A mudança tecnológica tem estado em ação.16 Tradicionalmente, uma empresa que precisa negociar
em moeda estrangeira telefona para seu banco, que faz uma transação com um banco corretor. A
corretagem de primeira linha,17 principalmente para bancos menores, foi um
fonte de lucros na forma de taxas e comissões. Então, as transações interbancárias começaram a mudar
para sistemas eletrônicos. Negociação Reuters e EBS (Electronic
Broking Services) ambos introduziram plataformas eletrônicas de negociação interbancária no início da
década de 1990. A aceitação da corretagem eletrônica foi relativamente lenta no início,
mas no final da década de 1990 essas plataformas passaram a dominar os fluxos comerciais interbancários.
Em 2007, estimava-se que representassem cerca de 90 por cento das
negociação na maioria dos principais pares de moedas. A tecnologia de processamento de dados levou ao
uso de negociação algorítmica. Os investidores conectam seus computadores diretamente a redes de
comunicação eletrônica (ECNs).18 Essas mudanças abriram o mercado de câmbio para investidores de
varejo. A negociação por fundos de hedge e indivíduos de grupos de alta renda (negociação em bolsa agora
ocorrendo em qualquer escritório ou residência) ocorre por meio de uma nova forma de corporação
financeira, o agregador de varejo (BIS cita o US-UK FXCM, FX Dealer Direct, Gain Capital e OANDA, na
Europa Continental Saxo Bank e IG Markets, e no Japão
Gaitame. com).
O outro fator-chave no crescimento contínuo do câmbio foi a entrada de uma grande diversidade de
novos atores, desde traders de alta frequência, usando
computadores para implementar estratégias de negociação na frequência de milissegundos, para o
investidor pessoa física. As plataformas agregadoras de varejo permitem que usuários finais e
revendedores para se conectarem a uma variedade de plataformas de negociação e contrapartes de sua
escolha. A estrutura tradicional de mercado baseada na relação revendedor-cliente
os navios deram lugar a uma topologia de rede de comércio em que bancos e não-bancos atuam como
provedores de liquidez.19 O Forex é dominado pelo que agora é chamado de comércio de 'batata quente'.
Esta é uma negociação de alta frequência baseada em algoritmos (HFT)
caracterizado por manter períodos no nível de milissegundos e uma grande quantidade
16 Barker 2007.
17 Prime brokerage é um serviço oferecido pelos bancos que permite que um cliente obtenha financiamento
e liquidez de mercado de uma variedade de dealers executores, mantendo uma relação de crédito,
colocando garantias e liquidando com uma única entidade.
18 'Exemplos de ECNs em mercados FX são sistemas de corretagem eletrônica (como EBS e
Thomson Reuters Matching), sistemas de negociação multibanco (como Currenex, FXall e
Hotspot FX) e sistemas de negociação de banco único. Um algoritmo de computador monitora as
cotações de preços coletadas de diferentes ECNs e faz pedidos sem intervenção humana.
A negociação de alta frequência (HFT) é uma estratégia algorítmica que lucra com movimentos
incrementais de preços com frequentes e pequenas negociações executadas em milissegundos” (King
e Rime 2010, p. 29).
19 Rime e Schrimpf 2013, pp. 1–2.
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 181
de ofertas muitas vezes canceladas logo após o envio. As estratégias de HFT podem explorar pequenas
discrepâncias de preços de curta duração e fornecer liquidez a preços muito altos.
frequência, beneficiando-se do spread bid-ask.
Um primeiro exemplo do aumento resultante da instabilidade financeira veio em
Janeiro de 2015, quando o banco central da Suíça abandonou seu apoio a um teto sobre o valor do franco
em relação ao euro sem aviso prévio. O franco subiu até 41 por cento em relação ao euro e alguns
participantes se recusaram a citar
na moeda. A liquidez cambial geral entrou em colapso. O FMI informa:
o acesso de investidores de varejo alavancados a corretoras de moeda estrangeira, permitindo
apostas contra o franco suíço, exacerbou o aumento dos preços. Em muitos
Em alguns casos, as posições fortemente alavancadas envolveram pouca coordenação ou
supervisão por parte das autoridades. Muitos investidores de retalho desconheciam o
riscos ou tinham garantias explícitas ou implícitas de seus
corretores que eles não poderiam perder mais do que seus depósitos. No entanto, quando o franco
se moveu repentina e fortemente contra suas posições, sua alta
grau de alavancagem gerou perdas muito maiores do que o patrimônio de sua conta.20
2 O Crescimento das Transações Globais em Derivativos
Enquanto as operações de câmbio tiveram a maior taxa de crescimento entre 2002 e 2008, a negociação
de derivativos tanto em mercados de câmbio especializados quanto em operações de balcão (OTC) tornou-
se, no mesmo período, a forma mais importante de operação financeira internacional. Uma avaliação geral
inequívoca é fornecida por um documento do Secretariado da OCDE. Afirma que «os derivados não
financiam investimentos reais, embora tenham todas as características de falência da dívida». Isto continua:
Parte dessa montanha de derivativos é para propósitos socialmente úteis, como
como usuários finais protegendo os riscos do negócio. No entanto, na última década, socialmente
usos menos úteis de derivativos têm abundado. Destaca-se a esse respeito o uso de derivativos
para arbitragem tributária (por exemplo, swaps de taxas de juros para explorar diferentes tratamentos
tributários de produtos). Os swaps de inadimplência de crédito (CDS) também têm sido usados
extensivamente para arbitragem regulatória para minimizar o capital que os bancos são obrigados a
manter.21
20 FMI 2015a, p. 33.
21 Blundell-Wignall 2012, p. 6.
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182 by Google Capítulo 7
2.1 Uma Nova Forma de Capital Fictício
Um derivativo é um título cujo preço depende ou é derivado de um ou mais ativos subjacentes. Não
tem valor intrínseco em si mesmo.22 O próprio derivativo é meramente um contrato entre duas ou
mais partes. Seu preço é determinado por mudanças no preço do ativo subjacente (ou, como no caso
de
dívida hipotecária, a sua própria existência). As duas principais formas iniciais eram futuros e
forwards (as opções vieram depois e sempre foram uma pequena parte do mercado). Os primeiros
principais 'ativos' subjacentes foram as moedas e as taxas de juros sobre depósitos e títulos, onde
foram usados desde o início por TNCs, e commodities negociadas em mercados especializados em
Chicago e Londres. As categorias 'diretas'
de derivativos serão discutidos primeiro. Como colocado por Norfield: 'no caso de títulos
ou ações, o preço do título subjacente já é o valor capitalizado de
receitas futuras esperadas – o que Marx chamou de “capital fictício” '.23 Derivativos são capital fictício
uma vez removidos. Uma definição clara é dada por Ivanova:
O capital não pode e não existe duas vezes; assim, os títulos não são reais, mas
capitais fictícios, pois representam meros créditos sobre rendimentos futuros associados ao
ativo subjacente. As ações da empresa ainda são "títulos genuínos do capital real". Isso, no
entanto, não é o caso da maior parte dos
produtos da inovação financeira moderna – derivativos sendo um excelente exemplo – que
representam créditos sobre créditos previamente estabelecidos.24
É impossível estabelecer a fronteira entre “hedge legítimo e necessário” e especulação. Usado para
hedge, um 'put' ou 'call-option' representa uma forma de seguro. A corporação compra opções de
venda suficientes para cobrir suas participações no ativo subjacente, de modo que, se houver uma
queda séria em seu preço, ela tenha a opção de vendê-las pelo preço de exercício mais alto.25 Como
instrumento especulativo, é um
aposta, uma aposta pura. “O comprador de uma opção de compra a compra na esperança de que o
preço do instrumento subjacente suba no futuro. O vendedor da opção espera que isso não aconteça
ou está disposto a abrir mão de algumas das vantagens
(lucro) de um aumento de preço em troca do prêmio (pago imediatamente) e retendo a oportunidade
de obter um ganho até o preço de exercício'.26 Os compradores são
22 Norfield 2012, p. 105.
23 Norfield 2012, p. 106, ênfase original.
24 Ivanova 2013, p. 60.
25 O preço de exercício (ou preço de exercício) é o preço fixo pelo qual o titular da opção
pode vender (no caso de uma opção de venda) ou comprar (no caso de uma opção de compra) o título ou
mercadoria subjacente.
26 http://en.wikipedia.org/wiki/Derivative_(finance) (acessado em 15 de outubro de 2013).
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 183
predominantemente financeiras. No entanto, “distinguir os negociantes “financeiros” dos “não
financeiros” não captura os motivos da transação. As próprias empresas financeiras também podem
estar usando derivativos para proteger seus riscos, em vez de simplesmente apostar em movimentos
de preços. Bancos e
outras empresas financeiras – não apenas industriais – estão expostas a mudanças nas taxas de
juros e nas taxas de câmbio'.27
Isso significa que a escala de negociação de derivativos é simultaneamente uma expressão de
'casino finance' em sua forma mais pura e um indicador da extrema
elevada incerteza que caracteriza o ambiente de financeirização, mesmo para as sociedades
financeiras que contribuíram para a sua concretização.
Uma apresentação muito clara para não especialistas ecoa a observação de Hilferding sobre a
negociação de ativos: 'A perda de um é o ganho do outro'. 'Com um derivado, uma parte
ao ganho do contrato é a perda da outra parte. Consequentemente, as perdas com derivativos não
criam nem destroem riqueza – eles a redistribuem. Em muitos casos, essa redistribuição não tem
impacto além das partes envolvidas no contrato de derivativos'.28
2.2 Os Ativos Subjacentes dos Derivativos OTC e as Características
Particulares dos CDSs
Uma parte da negociação de derivativos ocorre em mercados organizados.29 Outra é
negociação de parte a parte, trader to trader, conhecida como 'off the counter' (OTC) e é absolutamente
não regulamentada. É tipicamente 'capital fictício até o enésimo grau'.30
O BIS coleta e publica dados sobre derivativos OTC nas seguintes categorias: derivativos de taxa
de juros, derivativos de taxa de câmbio, inadimplência de crédito
swaps, derivativos de ações e derivativos de commodities. O que é conhecido como seu 'valor
nocional' é da ordem de US$ 680 trilhões desde 2008, após uma rápida alta anterior de 2000 em
diante. As últimas estimativas do BIS são
que caiu 9% entre o final de junho de 2014 e o final de dezembro de 2014, de US$ 692 trilhões para
US$ 630 trilhões. Outro indicador é o valor bruto de mercado. este
atingiu US$ 21 trilhões no final de dezembro de 2014. Representa a perda máxima que os participantes
do mercado incorreriam se todas as contrapartes não cumprissem seus pagamentos contratuais e os
contratos fossem substituídos a preços atuais de mercado.
Uma vez que as sociedades financeiras bancárias e não bancárias podem reduzir a sua exposição a
27 Norfield 2012, pp. 112–13.
28 Stulz 2009, p. 67.
29 Ver Wang 2009. Os principais mercados são a Chicago Mercantile Exchange, a London
International Futures and Options Exchange (LIFFE) e a Tokyo International Futures
Câmbio (TIFFE).
30 Chesnais 2007.
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184 Capítulo 7
risco de crédito da contraparte através de acordos de compensação e garantias, o BIS calcula um
terceiro indicador que é o da 'exposição ao crédito bruto'. Para o mercado como um todo, atingiu US$ 3,4
trilhões no final de dezembro de 2014, acima dos US$ 2,8 trilhões no final de junho de 2014. No segundo
semestre de 2008, atingiu um recorde histórico de US$ 4,5 trilhões.31 Risco financeiro vinculado para
derivativos varia de acordo com
categorias e ao nível de risco incorrido por bancos individuais específicos. Como um
O documento da equipe do Banco da França explica:
Os derivativos que são negociados no mercado de balcão possuem características que os tornam
crítica do ponto de vista do risco sistêmico. Em primeiro lugar, dada a natureza bilateral
de negociação, não existe um local central onde as negociações OTC são capturadas e
manipulado. O monitoramento eficaz das atividades de mercado é, portanto, mais difícil e o
gerenciamento de risco eficaz pode ser dificultado por diferentes ou
mesmo práticas inconsistentes. Em segundo lugar, os derivados OTC são instrumentos
adaptados às necessidades das contrapartes relevantes. Consequentemente, seu perfil de risco
pode ser muito único e suas implicações para a distribuição geral de riscos em todo o sistema
financeiro podem ser difíceis de determinar.32
Até à data, a forma mais extrema de OTC transacionado com 'ativos subjacentes' têm sido os swaps de
incumprimento de crédito, nomeadamente os conhecidos como multi-nome, que carregam de longe a
maior risco. Bear Sterns e Lehman permanecem até agora os bancos que aumentaram seu nível de
exposição de crédito por meio de alavancagem mais do que qualquer outro e a AIG a seguradora que
segurou a maior quantidade de CDS
emissão. Um credit default swap é um acordo que o vendedor do CDS
indenizar o comprador – credor do empréstimo de referência – em caso de inadimplência do devedor.
Isso quer dizer que o vendedor do CDS garante ao comprador
contra alguma inadimplência de empréstimo de referência. O comprador do CDS faz uma série de
pagamentos (a 'taxa' ou 'spread' do CDS) ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento se o
empréstimo entrar em default. Se um banco for grande e fortemente interligado com outras sociedades
financeiras, a exposição ao risco na forma de emissão de CDS
sobre empréstimos muito arriscados terá impactos sistêmicos. Em setembro de 2008, a crise sistêmica
foi desencadeada pela emissão de contratos de CDS do Lehman em subprime pooled
passivos. Os 'ativos subjacentes' não eram ações ou taxas de juros, mas títulos hipotecários
'estruturados' e eram negociados no mercado de balcão. Voltamos a isso no Capítulo 9.
31 BIS 2015.
32 Russo 2010, pp. 102–3.
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 185
2.3 A Teoria das Derivadas como a "Forma Contemporânea do Mundo"
Dinheiro'
Dick Bryan e Michael Rafferty argumentaram a necessidade de uma 'adaptação' de
A teoria do dinheiro de Marx ao capitalismo financeirizado contemporâneo e, em particular, deram aos
derivativos um papel central na elaboração de sua nova teoria. A formulação inicial remonta a 2006,
refletindo o pensamento desenvolvido bem antes da crise de 2007-8. Sua posição, que argumenta que a
comensurabilidade dá aos derivativos o status de uma forma contemporânea de dinheiro mundial,
só atraiu toda a atenção da crítica após a publicação do artigo de 2012 de Norfield que acabamos de
discutir. A resposta de Bryan e Rafferty a Norfield lança uma luz mais clara sobre sua atitude geral em
relação a Marx do que seu artigo inicial, tanto mais que sua resposta inclui considerações sobre o futuro
pós-crise do capital. Sua caracterização do capital “com juros” como um termo pitoresco no atual
era'33 e sua rejeição imediata da noção de capital fictício obviamente me fazem criticar sua abordagem.
Particularmente esclarecedor é o seu ataque
A 'agenda' de Norfield [que] é que a compreensão dos derivativos seja colocada a serviço das teorias da
crise e da tendência de queda da taxa de lucro'. ' e continua a ser uma expressão das 'capacidades
emergentes do capital para se autotransformar e recarregar um
acumulação'35 – está em oposição radical às avaliações do presente livro. Seu pensamento está a anos-
luz de qualquer noção da crise como expressão dos limites históricos do capitalismo.
As afirmações que Bryan e Rafferty fazem sobre o papel dos derivativos no mercado de 2006
artigo são abrangentes. Derivativos
levar a conexão do dinheiro à troca de mercadorias e à acumulação a um novo nível. Não é
apenas, como no crédito, que os derivativos são usados como adiantamentos para a acumulação
capitalista. Os derivativos financeiros são
eles próprios uma expressão da acumulação capitalista. Tampouco é justo, como no caso das
notas e moedas, que os derivativos facilitem a troca de mercadorias.
Derivativos são eles próprios commodities. Eles são produzidos e comercializados, não apenas
como títulos de propriedade, mas como sistemas empacotados de conversão
33 Bryan e Rafferty 2012, p. 108. Lamentam que Lapavitsas ainda use a noção.
34 Bryan e Rafferty 2012, p. 107.
35 Ver a seção conclusiva 'Política além da crise' e sua primeira frase: 'É preciso
não seja uma fronteira única, é claro, mas em relação às finanças nós a vemos na capacidade de
inovação financeira para constituir cada vez mais as contingências da vida cotidiana como bens
de capital” (Ibid.).
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186 Capítulo 7
entre diferentes formas de ativos (ou fluxos de receita). Os derivativos são dinheiro
distintamente capitalista, e o reconhecimento de seu papel serve para transformar os debates
sobre as teorias marxistas do dinheiro.36
Muito foi dito neste livro sobre acumulação financeira. Mesmo o mais
fervorosos campeões burgueses da financeirização não incluem derivativos em suas estimativas
de seu tamanho (veja a figura 4 no Capítulo 1). Da mesma forma, eles intuitivamente
introduzir gradações na escada do capital fictício (descartado por Bryan e Rafferty) e fazer a
diferença entre reivindicações duras (juros e dividendos) e reivindicações sobre reivindicações.
Voltando-se especificamente para sua análise de derivativos como a forma contemporânea de
dinheiro mundial em 2006 (o artigo de 2012 recua para o termo muito difuso de 'dinheiro'), Bryan e
Rafferty começam ignorando a discussão necessária sobre o status do dólar e o lugar que continue
a atuar como meio de pagamento, não apenas no comércio exterior, do qual os EUA são parceiros,
mas também entre economias em geral e em certas commodities como o petróleo exclusivamente
como tal. Eles igualmente descartam qualquer consideração do status especial do estado dos EUA
e, portanto, dos títulos que ele emite como representando uma forma muito particular e degenerada
de entesouramento. Para Bryan e Rafferty, o contexto não é
a de um sistema de estado global hierarquicamente estruturado ainda organizado em torno do
dólar o melhor que ainda pode ser na área de dinheiro (ver Capítulo 2, seção 5), mas sim o de
um sistema monetário, onde o dinheiro não pode ser explicado por referência a
o estado – onde as mudanças voláteis nas taxas de câmbio são inexplicáveis e
além da capacidade regulatória do estado – e onde derivativos, particularmente
swaps de taxas de juros e de moedas cruzadas, . . . fornecer o que
o dinheiro fiduciário do estado-nação não poderia fornecer em escala global: eles garantem
algum grau de garantia sobre os valores relativos de diferentes
unidades.37
Partindo de um postulado errôneo, eles não querem simplesmente reconhecer, como outros, que
depois que as taxas de câmbio de Bretton Woods se tornaram altamente voláteis e que
os derivativos ofereciam facilidades de hedge que reduzem os custos da volatilidade da taxa de
câmbio para os capitalistas individuais.38 Eles então desenvolvem a teoria segundo a qual,
36 Bryan e Rafferty 2006, p. 77.
37 Bryan e Rafferty 2006, p. 87.
38 Bryan e Rafferty tentam dar um toque sofisticado à sua análise em sua referência à confiança.
Os fundamentos de confiança anteriores fornecidos por governos e bancos centrais que
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 187
'em termos de dinheiro, os derivativos desempenham o papel nas finanças internacionais que
ouro jogado no século XIX: eles ancoram o sistema financeiro global.
Enquanto o ouro era uma âncora fixa (todas as moedas nacionais e preços de commodities
teve que se ajustar ao ouro), os derivativos fornecem uma âncora flutuante; uma teia contínua e
flexível de conversões que une os mercados de ativos do mundo'.39 O papel reivindicado
pois derivativos semelhantes ao ouro acabam sendo apenas 'a capacidade de comparar diferentes
formas, localizações e temporalidades do capital'. São, portanto, mercadorias que desempenham
múltiplas funções monetárias'. Os leitores são confrontados
aqui, como em muitas outras passagens, com relações muito confusas e certamente confusas entre
derivativos como dinheiro, mercadorias e capital. No sistema que funcionou até 1914, o ouro era
usado principalmente como meio de liquidação ou pagamento internacional e instrumento de
entesouramento. Os derivativos não podem desempenhar nenhuma função.
No artigo de 2012, sob o fogo de comentários críticos, Bryan e Rafferty mudam seu argumento
significativamente e apresentam a noção de 'dinheiro':
Nossa proposição não é que derivativos sejam dinheiro, como se tivessem saltado para
dentro de alguma definição pré-dada de dinheiro. É que os derivativos têm dinheiro e a
concepção de dinheiro precisa ser afrouxada para tomar
em conta o funcionamento dos mercados financeiros. O que queremos dizer com
dinheiro? Essencialmente, queremos dizer liquidez – a capacidade de ser convertida
para outra coisa com perda mínima de valor ou tempo. O dinheiro é, portanto,
a medida central de liquidez para bens e serviços, mas os mercados de ativos podem ser
diferentes. Como os derivativos envolvem uma exposição ao desempenho de um ativo
subjacente, mas não são onerados pela necessidade
de propriedade legal ou física do ativo subjacente, eles são inatamente transferíveis; isto é,
altamente líquido. Tão líquidos, de fato, que eles
incorporam atributos semelhantes ao dinheiro.40
Perseguindo esta faixa, eles escrevem:
derivativos sobre taxas de câmbio e taxas de juros oferecem algumas garantias
intertemporais de uma unidade de medida – eles são uma reserva de valor em um mundo
sem uma unidade de medida estável. Eles só podem armazenar valor por um curto
tempo – talvez três meses; ou apenas por centésimos de segundo em
desapareceram, os derivativos, embora não criassem de fato “confiança nos valores da moeda, neutralizavam
as consequências dessa perda de confiança”.
39 Bryan e Rafferty 2006, pp. 89–90.
40 Bryan e Rafferty 2012, p. 99.
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188 Capítulo 7 A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 189

transações eletrônicas de alta frequência. Eles também podem ter suas próprias habilidades de Tabela 7.4 Dívida externa dos países em desenvolvimento 2005–10 (bilhões de US$ e índices selecionados)

vulnerabilidade à crise. Mas, por mais breves e frágeis que sejam, fornecem em conjunto
uma importante e líquida reserva de valor. Isso soa como um papel de dinheiro.41 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Alguns podem aceitar essa contradição em termos, mas para mim é insustentável. Bryan e Rafferty Dívida Externa Total 2,5 14,1 2.675 ,3 3.220,5 3.449,2 3.639,6 4.076,3

também comparam derivativos a crédito bancário e ativos que rendem juros, Excepcional
tomando como exemplo os títulos garantidos por hipotecas (MBS). MBS foram Longo prazo (incluindo FMI) 2.013,2 2.081,5 2.456,5 2.739,7 2.866,4 3.039,9
certamente considerados ativos financeiros de alto risco/alto retorno, mas somente na construção teórica Público e publicamente 1.332,1 1.266,2 1.371,3 1.423,2 1.530,4 1.647,2

de Bryan e Rafferty eles podem se tornar o 'equivalente de garantido (incluindo FMI)

dinheiro'.42 Dívida externa privada de 681,1 815,4 1.085,1 1.316,5 1.336,0 1.392,7
curto prazo não garantida 500,8 593,8 764,0 759,5 773,2 1.036,4
Índices

3 Globalização Financeira e Países em Desenvolvimento nos Anos 2000 Dívida externa pendente 26,6 23,9 32.2 21,0 22,4 21,0

para RNB (%)

Este capítulo termina com um relato da situação atual da dívida dos países em desenvolvimento e o lugar Estoques da dívida externa para 75,9 66.1 65,6 59,3 77,0 68,7

de alguns grandes países sul-americanos na economia exportações (%)

globalização. No contexto de um abrandamento relativo da globalização financeira, estes países voltaram Reservas para a dívida externa 78,7 97,8 114,9 118,7 132,9 137,1

a tornar-se atrativos para os investidores financeiros. Um pouco excepcional (%)

Serão discutidas algumas facetas selecionadas: a aparente internalização da dívida do governo no Brasil, Dívida de curto prazo para 15,3 15.2 16,0 13,0 16.2 17.2

o repúdio parcial de sua dívida pelo Equador e a inadimplência do importações (%)

Argentina em 2002, ambos vistos como modelos de oferta para países altamente endividados como a
Grécia. Fonte: Banco Mundial 2012, p. 2.

3.1 A Redução da Dívida Externa e a Renovação da Atratividade

de países em desenvolvimento Em seu relatório de 'retirada ou redefinição' de 2013, a McKinsey descobriu que os países em desenvolvimento

Três tendências principais são aparentes na tabela 7.4. A primeira é que, vista como um todo, a situação continuou a ver fortes entradas de capital, cerca de US$ 1,5 trilhão em capital estrangeiro em 2012. Isso

da dívida externa dos países em desenvolvimento melhorou. A segunda é que o nível de endividamento estava próximo ou acima do pico pré-crise de 2007, para todas as regiões, exceto a

do capital privado dobrou entre 2005 e 2010, enquanto o de entidades públicas subiu à modesta taxa de ex-bloco da União Soviética e o Oriente Médio. Em 2012, eles representaram 32% dos fluxos globais de

8%. A terceira é que o aumento da dívida dos bancos e fundos foi acompanhado por um capital em 2012, contra apenas 5% em 2000.43 O relatório
aponta para a melhoria da estabilidade macroeconômica e política em muitos desses países, o que levou

aumento de magnitude semelhante na dívida de curto prazo em oposição à dívida de longo prazo.
a classificações de crédito mais altas. Outro fator, que também está subjacente às estratégias de hedge
funds de alto risco, como será visto no Capítulo 7, é que no contexto de taxas de juros muito baixas nas
economias avançadas, os investidores estão
voltando-se para os mercados emergentes em busca de rendimentos mais elevados. A média dos fundos
mútuos dos EUA que investem em dívida de mercados emergentes (principalmente títulos do governo)
retornou 10,4% ao ano desde 1998. 'Isso supera os ganhos de ações de mercados emergentes
fundos (8,2%) e supera os das grandes ações americanas (4,3%). A média

41 Bryan e Rafferty 2012, p. 100.

42 Bryan e Rafferty 2012, p. 101. Na sua tréplica, Norfield 2012 discute longamente este ponto. 43 McKinsey Global Institute 2013, p. 34.
Machine Translated by Google
190 Capítulo 7
fundo mútuo que investe em títulos estrangeiros de longo prazo retornou 7,8% ao ano nos últimos
15 anos'.44 Em 2012, os países em desenvolvimento representavam 38% do PIB global e 27% do
IED global, mas apenas 7% do investimento estrangeiro em ações e títulos e 13% dos empréstimos
externos globais. o
avaliação é que os mercados emergentes estão 'subponderados nas carteiras de investidores', o
que significa que eles podem e devem 'se tornar muito maiores nos anos
adiante'.45 Um grande banco de investimento onde esses investimentos são certamente
não subponderado é o JP Morgan, que oferece aos seus clientes os serviços de um
fundo de ações de mercados emergentes, bem como o de um investimento de mercado emergente
Confiar em.
3.2 A 'Internalização' da Dívida Pública: O Caso do Brasil Grandes mudanças
ocorreram na detenção da dívida pública. Esta dívida agora assume a forma de dívida interna ou
interna. Em grande parte, só parece ser assim. É interno, mas em mãos estrangeiras. A mudança
resulta da pressão exercida sobre os países em desenvolvimento a partir de meados da década de
1990 pelos EUA e
instituições financeiras internacionais sediadas em Washington para abrir seus mercados
financeiros. Conforme colocado pela UNCTAD em relação ao contexto de liberalização financeira
e contas de capital abertas, a 'distinção entre externo e
dívida interna, faz cada vez menos sentido'.46 Investidores internacionais estão presentes nos
mercados domésticos de países 'emergentes' e nas maiores
e as empresas não financeiras desses países detêm ações e títulos emitidos em Nova York e
Londres. Em 1995, a dívida externa representava mais de
50% de sua dívida total. Em 2000, a dívida detida internamente a ultrapassou.
Dados do JP Morgan sugerem que até o final de 2013 a razão entre dívida interna e externa será
de um para seis.
vulnerável financeiramente qualquer que seja a composição da dívida. Isso foi demonstrado
novamente por sua sensibilidade em 2013 e 2014 a pequenos aumentos ou mesmo indícios de
aumentos futuros na taxa de juros de referência do Fed nos EUA em seus mercados de títulos e
câmbio.
44 'Mercados de dívida soberana, um paraíso ilusório, que lições os investidores devem aprender com
as reestruturações da Argentina e da Grécia?', The Economist, 20 de abril de 2013. Os dados
citados são da Morningstar, uma consultoria financeira especializada neste mercado.
45 McKinsey Global Institute 2013, p. 36.
46 Panizza et al. 2010, pág. 6. Paulani 2015c argumenta que, consequentemente, o único indicador
dos fluxos de juros da dívida pública é a conta financeira que também inclui juros da dívida
privada, dividendos e lucros.
47 'Mercados de dívida soberana', The Economist, 20 de abril de 2013.
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 191
A questão então é: quem detém a dívida interna? A resposta requer uma análise país a país.
No caso do Brasil, onde a dívida interna do governo está entre as mais altas do mundo, ela é detida
por instituições nacionais e estrangeiras. A entrada massiva de bancos estrangeiros no Brasil
começou com o governo Color como uma das medidas do processo de liberalização financeira
posteriormente acelerado pelo governo FHC. A justificativa dada foi que a concorrência levaria a
menores spreads de juros (diferença entre as taxas de empréstimo e empréstimo) e aumentaria a
acessibilidade de empréstimos a empresas e
famílias. Apenas os segmentos superiores da classe média têm acesso ao crédito.
A maior parte do investimento corporativo doméstico é sustentada por empréstimos do banco de
desenvolvimento estatal, o BNDES. Grandes empresas privadas ou públicas como a Petrobras
podem tomar empréstimos nos mercados internacionais de empréstimos. Assim o principal
O efeito da entrada estrangeira foi acelerar a concentração do setor bancário, levando à formação
de um oligopólio estreito entre um número muito pequeno de bancos privados e um banco público
brasileiro e três conglomerados financeiros internacionais. Os cinco bancos privados incluem
Bradesco, Banco do Brasil,
Itaú-Unibanco, Safra e Votorantim, este último tendo principalmente o perfil de
um banco de investimento. O banco público é a Caixa Econômica Federal. Os três grupos
estrangeiros são Santander, HSBC e Citibank. O processo de concentração inicialmente dizia
respeito à privatização e aquisição de bancos regionais pertencentes aos governos estaduais. O
Itaú tornou-se forte o suficiente para comprar o BankBoston do
Bank of America em 2006. Uma maior concentração ocorreu no curso da
crise financeira global com a aquisição pelo Santander das operações latino-americanas do ABN
Amro Bank e a fusão entre Itaú e Unibanco.
Todos estes bancos são conglomerados de serviços financeiros diversificados referidos no
Capítulo 3.
Esse oligopólio de bancos brasileiros e estrangeiros é, juntamente com
instituições de previdência também criadas como parte da liberalização financeira e fundos de
investimentos estrangeiros em carteira, beneficiários de um fluxo permanente de juros decorrentes
do serviço da dívida pública. O financiamento dos gastos do governo tem sido feito mais por dívida
do que por impostos. Isso sempre implicou altas taxas de juros, mas sucessivos governos brasileiros
estabeleceu-o como regime permanente. Entre 1999 e 2013, a taxa média de juros foi de 16,06,
com um pico de 45% em março de 1999 e um recorde de baixa de 7,25% em outubro de 2012.
Desde então, tem aumentado continuamente. Em janeiro de 2016, era de 14,25%. A porcentagem
do orçamento federal do Brasil destinada ao serviço da dívida pública (juros mais pagamento do
principal no vencimento dos empréstimos) é extremamente alta: 45% em 2011 e 47% em 2012.48
48 Fattorelli e Ávila 2013.
Machine Translated by Google
192 Capítulo 7
Quanto ao rácio do serviço da dívida em relação ao PIB ao longo dos anos 2011-13, os juros pagos
sobre a dívida interna foram em média de 5,25 por cento. Se os juros pagos pelo governo Lula
somado nos onze anos de governo do PT, o nível médio é de 6,4
por cento do PIB.49 Uma das muitas características perversas do sistema é que o banco de
desenvolvimento BNDES é financiado com dinheiro emprestado nessas condições extremamente
altas taxas em benefício dos investidores financeiros. O saldo da conta financeira brasileira é negativo
desde 1972, com uma primeira acentuação em 1994-8 e uma segunda mais acentuada a partir de 2006,
piorando em 201150.
compensado por um superávit comercial que começou a cair em 2010 antes de dar lugar a um déficit
em 2014.
3.3 A Auditoria e Cancelamento de Dívida Ilegítima pelo Equador
O Equador foi o único país a invocar a teoria da dívida odiosa51
e anular uma parte da sua dívida na sequência de uma auditoria pública. Em um internacional
econômico e político dominado pelas finanças, a possibilidade de os países questionarem, investigarem
ou auditarem as dívidas contraídas por seus governantes, a fim de
para avaliar sua legalidade ou ilegitimidade, é severamente restringido. O comportamento
do governo pós-apartheid do ANC é característico do medo de questionar a dívida do sucessor, apesar
de suas características de dívida odiosa (ver Quadro 7.1). Isso é por que
a auditoria realizada pelo Equador é digna de nota, mesmo que as perdas sofridas por
os credores eram insignificantes.
Caixa 7.1: Um contra-exemplo para o Equador: o não cancelamento
da dívida do apartheid pela África do Sul
Os defensores do repúdio das dívidas contraídas pelo regime sul-africano do apartheid argumentam
que o apartheid era o equivalente a uma ditadura racial, condenada como tal pela comunidade
internacional por muitos anos. A África do Sul foi forçada a deixar a Commonwealth em 1961. Em
1973, as Nações Unidas chamaram o apartheid de crime contra a humanidade. A luta do povo sul-
africano foi reconhecida como uma luta de libertação nacional. Em 1977, as Nações Unidas
impuseram um embargo de armas obrigatório e, em 1985, o Conselho de Segurança das Nações
Unidas impôs sanções comerciais ao regime do apartheid. Apesar disso, o regime continuou a pedir
emprestado
de bancos privados ao longo da década de 1980.
49 Marques e Nakatani 2015. O artigo é surpreendentemente otimista sobre as 'forças' do Brasil.
50 Paulani 2015c.
51 Veja a discussão e referências acima no Capítulo 2.
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 193
Depois de eleito presidente da África do Sul (1994), Nelson Mandela e o
Congresso Nacional Africano sofreu forte pressão para não renunciar ao apartheid
dívida. O novo governo se distanciou dos apelos para anular suas dívidas da era do apartheid.
Considerou-se importante não deixar de pagar as dívidas para atrair críticas
investimento estrangeiro. No entanto, Hanlon (2006) é típico de observadores que argumentam que
a promessa de investimento estrangeiro não foi cumprida. 'Investimento estrangeiro direto
tem sido ínfimo – apenas dois terços dos lucros repatriados pelas empresas em investimentos que
fizeram no Estado do Apartheid. E os novos empréstimos não acompanharam
reembolsos – em seis anos, a África do Sul pagou US$ 3,7 bilhões a mais do que recebeu.
Assim, as promessas não foram cumpridas e os conselhos de política estavam errados. Se a África do Sul
tivesse congelado os lucros dos investimentos da era do apartheid e simplesmente repudiado a
odiosa dívida do apartheid – ou mesmo se tivesse exigido uma moratória de dez anos – teria
foi $ 10 bilhões melhor. A ajuda externa durante este período foi de apenas US$ 1,1 bilhão, então
mesmo que a ajuda tivesse sido cortada, a África do Sul teria lucrado US$ 8,9 bilhões'.
No entanto, em 12 de novembro de 2002, um processo foi aberto no Distrito Leste de Nova York
Tribunal para reparações do apartheid contra oito bancos e 12 empresas petrolíferas, de transporte,
tecnologia de comunicações e armamentos da Alemanha, Suíça, Grã-Bretanha, Estados Unidos,
Holanda e França. A ação foi ajuizada em nome
do Grupo de Apoio Khulumani, representando 32.000 indivíduos 'vítimas de tortura, assassinato,
estupro, detenção arbitrária e tratamento desumano sancionados pelo Estado', por
a Campanha de Dívidas e Reparações do Apartheid do Jubileu África do Sul. A ação foi movida de
acordo com o Alien Torts Claims Act (ATCA), que permite que qualquer cidadão não norte-americano
apresente uma reclamação por danos contra qualquer outra pessoa que tenha violado o direito
internacional consuetudinário.
O Governo da África do Sul continua a distanciar-se da
movimento para cancelar a dívida do apartheid. Por exemplo, seus principais ministros denunciaram
o processo pedindo reparações de bancos que emprestaram ao regime do apartheid porque
'estamos falando com as mesmas empresas mencionadas nos processos sobre investir na África
do Sul pós-apartheid'.
Fonte: Howse 2007, p. 13.
Ao ser eleito em 2007, o novo presidente Rafael Correa recusou-se a reconhecer a dívida do sucessor.
A ditadura militar do Equador (1974-9) foi a primeira
governo para levar o país ao endividamento e a dívida continuou a crescer como consequência do
mecanismo lembrado acima. Correa declarou moratória e criou uma Comissão de Auditoria de Crédito
Público (CAIC) 'para examinar
e avaliar o processo de contratação e/ou renegociação da dívida pública. . . dentro
Machine Translated
194 by Google Capítulo 7
para determinar a sua legitimidade, legalidade, transparência, qualidade, eficácia e eficiência». Em
novembro de 2008, após uma análise de toda a dívida comercial, multilateral, governo a governo e
interna de
1976-2006, descobriu que grande parte da dívida externa do Equador era ilegítima. A reestruturação
da dívida repetidamente forçou o país a rolar dívidas, muitas vezes com taxas de juros muito mais
altas. Fez o que muitos outros países poderiam ter feito. Ele acusou que a política de taxas de
juros do Fed dos EUA no início de 1980 constituía uma
medida 'unilateral' que elevou as taxas globais e agravou o endividamento do Equador. Ele
recomendou que o Equador deixasse de pagar US$ 3,9 bilhões em títulos resultantes de dívidas
reestruturadas em 2000 após o default anterior do país em 1999. Isso representou um pouco
menos de 20% da dívida total do Equador.
A Comissão destacou o banco de investimento de Wall Street Salomon Smith
Barney, posteriormente adquirido e incorporado pelo Citigroup, como responsável
a reestruturação de 2000 e fixaram taxas de juros de 10 e 12 por cento sem a devida consulta ao
governo. A Comissão também criticou muito
dívida multilateral, mostrando que muitos empréstimos do FMI e do Banco Mundial foram usados
para promover os interesses das corporações transnacionais.
O momento do relatório foi particularmente favorável, pois ocorreu em meio à crise financeira
de 2008, em um momento em que os bancos de investimento dos EUA
e os fundos de hedge eram muito vulneráveis. Um jornalista financeiro da Reuters fez um bom
relato da política adotada. O Equador anunciou que estava dando calote em seus títulos
internacionais de 2012 exatamente no momento em que três enormes
os fundos de hedge que detinham a dívida do país estavam sendo forçados por seus principais
corretores a liquidar suas participações. Como resultado, os títulos equatorianos caíram de 70 para
20 centavos quase da noite para o dia. O governo então se certificou de que eles não
ser comprado por fundos abutres. O grande banco equatoriano Banco del Pacifico foi ordenado a
começar a comprar títulos acima de 20 centavos de dólar.
Isso foi alto o suficiente para que os abutres não quisessem acumular uma grande posição
e garantiram que qualquer reestruturação futura enfrentaria pouca oposição organizada
apenas porque os detentores de títulos do Equador estavam tão fragmentados. O próximo
passo inteligente do Equador foi pagar em dinheiro por seus títulos inadimplentes,
em vez de tentar fazer uma troca de títulos. E claro que também ajudou
que o Equador era tão pequeno. Mesmo com os títulos ao par, eles representavam
apenas cerca de 0,5% do índice de mercados emergentes. Você poderia combatê-los nos
tribunais, mas quando sua carteira cai 20% por outras razões, o que é
o ponto.52
52 http://blogs.reuters.com/felix-salmon/2009/05/29/lessons-from-ecuadors-bond-default/.
A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 195
3.4 O default argentino de 2002
O caso equatoriano também contrasta com o da Argentina, onde ocorreu o reagendamento e o
cancelamento parcial, mas poderia ter sido muito maior se um processo de auditoria pública tivesse
sido previamente organizado. Em 2001-2, Argentina
foi o teatro de um movimento político radical, caracterizado até como pré-revolucionário por muitos
da esquerda. No entanto, não foi dada especial atenção à dívida pública. Nenhuma campanha de
repúdio foi feita na época, nem em anos posteriores por uma auditoria democrática. Um documento
do governo argentino pode orgulhosamente
escrever que nenhum repúdio ocorreu lá e que os investidores estrangeiros só foram
muito ligeiramente prejudicado, uma vez que 60 por cento da suposta dívida pública estrangeira foi
de fato, detidos por investidores domésticos.53 Este último certamente não pertencia ao
classe trabalhadora argentina que sofreu perda de salários reais, alto desemprego e os efeitos da
privatização maciça sob os governos Menem e de la Rua. Por trás da fachada de um sistema de
estabilização cambial conhecido como 'plano de conversibilidade'54 destinado a conter a inflação
crônica,
um regime fiscal de impostos baixos e um novo recurso à dívida foi estabelecido. Como em outros
países da América Latina, as repercussões duplas da Ásia e da
As crises russas nas exportações e nas taxas de juros aceleraram esse processo com a diferença
de que o FMI considerou a Argentina como seu 'melhor aluno' e concedeu
recebeu dois novos empréstimos em 2001, pouco antes da crise. A dívida pública aumentou de
35% do PIB no final de 1994 para 64% no final de 2001, pouco antes
ocorreu o 'despegamento', quase todo denominado em dólares. Com o fim de
'conversibilidade', a proporção da dívida em relação ao PIB saltou para 166 por cento.
A história dos piqueteros e do 'argentinazzo' foi escrita por autores
da esquerda.55 É vividamente descrito pela Embaixada da Argentina em Washington, alegando
que o governo Dualde não teve escolha a não ser calote:
O PIB da Argentina caiu mais de 20% entre 1998 e
2002; o desemprego atingiu mais de 25%, a pobreza subiu para 50%, os bancos faliram e
os depositantes perderam suas economias. Como resultado, uma agitação social sem
precedentes sacudiu o país, com dezenas de mortos e
centenas de feridos em distúrbios de rua enquanto o país passava por cinco presidentes
em questão de semanas. A fuga de capitais e a grande desvalorização do
53 Embaixada da República Argentina 2012. Isso é confirmado por Panizza 2008.
54 Sob este sistema, o peso argentino foi atrelado ao dólar americano em 1:1 enquanto o
Banco foi obrigado a apoiar pelo menos dois terços de sua base monetária com moeda forte
reservas.
55 Ver , entre outros, Chesnais e Divés 2002.
Machine Translated
196 by Google Capítulo 7 A Globalização dos Ativos e Mercados Financeiros 197

peso evaporou a riqueza da Argentina quase da noite para o dia. A escala e a magnitude dos
problemas da Argentina impossibilitaram o cumprimento de suas obrigações de dívida. A Argentina
enfrentou uma verdadeira incapacidade de pagar. Assim, a inadimplência da Argentina
não foi uma decisão discricionária nem fácil de tomar com o objetivo de repudiar suas obrigações
de dívida. À luz das mais inéditas mudanças sociais e
crise econômica já vivida em nossa história recente, nosso país
outra opção e foi obrigado a cessar todos os pagamentos da sua dívida para garantir um mínimo de
coesão social e económica. Contra esse pano de fundo, não havia outra escolha viável à mão.56
O padrão não é cancelamento ou repúdio. Os sucessivos governos argentinos nunca deixaram de
reconhecer sua dívida e a reescalonaram assim que puderam.
Assim, em 2005, 76% dos títulos inadimplentes foram trocados por outros, no valor de 35% dos originais
e com prazos mais longos. A oferta foi aceita por três quartos dos detentores de títulos. O comentário feito
por The
fundos,58 ou deixar de pagar os detentores de títulos trocados.59 A decisão incluiu
dizendo que o depósito da Argentina no Bank of New York Mellon para pagar os detentores de títulos que
renegociaram sua dívida com a Argentina era 'ilegal' e ordenou que o banco retivesse os fundos. A
Argentina está tecnicamente novamente em default. O resultado final dessa batalha dependerá do equilíbrio
das relações de classe e poder do Estado no contexto da atual instabilidade financeira sistêmica global.
Infelizmente, eles são ponderados a favor do capital e
Estados que detêm o poder econômico e político. Em 29 de fevereiro de 2016, o novo
O governo argentino concordou em fazer um acordo com quatro fundos de hedge e pagar a eles US$ 4,65
bilhões.60 Naquela data, ainda havia dois acordos por vir, aqueles com os iniciadores do processo legal de
Nova York.
58 Estes são liderados pela Elliott Management e Aurelius Capital Management. Veja http://www
.globalresearch.ca/argentina-and-wall-streets-vulture-funds-economic-terrorism-and the-western-

Economista é esclarecedor: financial-system/5407073.

59 Para uma crítica severa à decisão do tribunal de Nova York, consulte http://www.nytimes.com/2013/08/30/
business/fears-of-a-precedent-in-argentine-debt-ruling.html?pagewanted=all.
Grupos de detentores de títulos consideram isso uma farsa. Mas mesmo em um padrão, há
60 'Um fundo, Bracebridge Capital de Boston, terá um retorno de cerca de US$ 950 milhões sobre seu
dinheiro a ser feito. Os chamados fundos 'abutre' escolhem os fundos inadimplentes
valor principal original de US$ 120 milhões, cerca de um retorno de 800%. O bilionário Paul Singer
títulos descartados por investidores desanimados. No verão de 2002, alguns
e sua empresa NML Capital – a empresa líder no caso – arrecadará US$ 2,28 bilhões em
meses depois que a Argentina parou de honrar suas dívidas, um comprador corajoso poderia ter pagamentos de principal e juros. Esse é um grande pagamento, considerando o valor original da
comprado um título em dificuldades no mercado secundário por 20 centavos de dólar ou menos. Em NML de apenas US$ 617 milhões. Isso é um retorno de 370%'. http://money.cnn.com/2016/03/02/news/
25 de fevereiro, ele poderia ter trocado por batata frita economia/fundos-hedge-argentina-dívida/.

papel denominado em pesos no valor de 35 a 37 centavos: um bom retorno anualizado de 25% ou

mais.57

Um verdadeiro modelo de especulação de sucesso! No entanto, alguns fundos abutres consideraram que
poderiam fazer melhor do que isso. Alguns credores, liderados por um fundo de hedge chamado NML
Capital, compraram a dívida inadimplente barata para perseguir o pagamento do principal mais os juros
nos tribunais de Nova York, sob cuja lei os títulos originais foram escritos. Em 2014, uma longa batalha legal

levou a Argentina a outro default menor. Em 2012, uma decisão de um novo

O juiz do tribunal distrital de York proibiu a Argentina de pagar aos credores que detinham os títulos
trocados se o país também não pagasse à NML o que queria. Em junho de 2014, a Suprema Corte dos
EUA se recusou a ouvir o caso, deixando a decisão de 2012 intacta e a Argentina com a opção de pagar à
NML os US$ 1,3 bilhão mais
juros concedidos pelo tribunal e negociar um acordo com outro hedge

56 Embaixada da República Argentina, 2012.

57 A reestruturação da dívida argentina: uma vitória por default? The Economist, 3 de março de 2005.
Machine Translated by Google
Financeirização e a Transformação da Banca e do Crédito 199

Capítulo 8 Os mecanismos subjacentes a este processo (titularização e formas de negociação entre

A financeirização e a transformação
de Banca e Credito
Este capítulo e o próximo visam explicar as formas assumidas pela crise financeira de setembro
de 2008 e pela subsequente crise bancária europeia de
2010-11. Eles foram precedidos por mudanças extremamente profundas no sistema de crédito.
O processo de produção capitalista depende do bom funcionamento do sistema de crédito. Este
sistema passou por profundas mudanças desde a década de 1980 e
sofreu um processo de degeneração enraizado no excesso de capital monetário em busca de
lucros financeiros. É fortemente marcado por 'seleção adversa', para usar um termo da economia
mainstream. Enquanto os bancos emprestam intensamente uns aos outros, as médias e
pequenas empresas acessam o crédito com dificuldade. Elas
pode experimentar a "falta de crédito" em tempos de crise. Como mostrado pelos EUA
dados, a financeirização do crédito viu o aumento espetacular do nível de
endividamento das sociedades financeiras, por exemplo, empréstimos intrassetoriais dentro de
o sistema financeiro entre suas entidades participantes, bancos e fundos.1
Durante o período que antecedeu a crise financeira de 2008, esse aumento foi maior do que o
da dívida das famílias que a inovação financeira estava financiando de maneiras que levariam
ao pânico sistêmico.
Tabela 8.1 Estados Unidos: Endividamento por setor, 1980–2008 (como % do PIB)
Setor 1980 1990 2000
entidades financeiras específicas do shadow banking) e a sua relação com o endividamento das
famílias são um dos temas deste capítulo. A Tabela 7.1 mostra ainda que o grau de endividamento
das sociedades não financeiras aumentou muito lentamente à medida que os lucros foram
acumulados e acumulados. Longe de colocar freios
nesse processo, o banco central dos EUA e da zona do euro e o governo
as políticas foram marcadas, por exemplo, pela permissividade para que os bancos construíssem
níveis insustentáveis de crédito. Nos EUA, as transformações no
sistema de crédito começou com a desintermediação como consequência da entrada de
fundos, as respostas a isso por parte dos bancos, a primeira fase da liberalização financeira
pelo Governo (Fed e Congresso) e um novo surto de concentração bancária (seção 1). Os
sistemas bancários na Europa seguiram os seus próprios processos de liberalização e
concentração, cujo resultado foi a plena restauração da
«bancos universais» (secção 2). Um salto qualitativo de escala e consequência das mudanças
na organização do crédito ocorreu a partir do final da década de 1990 com o desenvolvimento
da securitização no sistema financeiro norte-americano, a adoção do modelo bancário 'originar
para distribuir' e a conseqüente forma ção e globalização rápida do sistema bancário paralelo
(seção 3).
1 A transformação do setor bancário nos Estados Unidos
O início da liberalização financeira trouxe grandes mudanças tanto na configuração do capital
de empréstimo quanto na concessão de crédito. Desde a virada da década de 1980,
os principais factores impulsionadores têm sido a entrada de novos actores importantes na
centralização-mobilização do capital monetário, nomeadamente Fundos de Pensões e
Fundos Mútuos, a desintermediação do crédito e o uso cada vez maior de
2008 securitização.

Famílias 49 65 72 100 1.1 Banca 'tradicional' e intermediação de crédito

Sociedades não financeiras 53 58 63 75 O 'banco tradicional' implicava, como disse Harvey, 'a existência de algum grau de confiança e
Sociedades financeiras 18 44 87 119 credibilidade pessoal. . .[E]se o banco mantivesse a qualidade
Governo 35 54 47 55 de seu próprio dinheiro, deve reter o direito de recusar contas que considere arriscadas ou sem
Total 155 221 269 349 valor'. A concessão de crédito às empresas implicou a relação denominada
pelo JP Morgan como 'character banking' – fazer um empréstimo com base em um julgamento de
Fonte: Federal Reserve Bank, FOFA. caráter pessoal em vez de um balanço patrimonial – mas é claro que envolvia o que Henwood
chama de 'escrutínio de crédito clássico'.
1 McKinsey 2013, p. 3, estima que entre 1990 e 2007 globalmente 'títulos emitidos por
instituições financeiras para financiar atividades de crédito e outras compras de ativos cresceram cerca de
cinco vezes o valor dos títulos emitidos por empresas não financeiras'. Michel Aglietta é o primeiro autor francês
ter refletido sobre as implicações do crédito entre sociedades financeiras em palestras
proferidas em 2009. 2 Henwood 1997, p. 82.
Machine Translated
200 by Google Capítulo 8
somente quando o banco central estava 'satisfeito quanto à qualidade ou solidez do
dinheiro de banco individual'. Em tempos de crise econômica e financeira, 'central
os bancos estavam lá para fazer o que podiam'3 (na verdade, muito pouco) para amortecer esses
processos e tinham a responsabilidade de salvar o sistema bancário de
colapso através do 'empréstimo de último recurso'.
Nos Estados Unidos, onde as mudanças ocorreram pela primeira vez, essa forma de apresentar a criação
de crédito com base bancária ainda correspondia em grande parte à situação que prevalecia na época em
que Harvey escreveu. No que Guttmann chama de “financiamento pós-Depressão”, o sistema de crédito dos
EUA “foi construído em torno de três pilares”. O primeiro foi o resultado direto da Lei Glass-Steagall de 1933.
«Bancos comerciais especializados na captação de depósitos líquidos e na concessão de empréstimos de
curto prazo às empresas. As companhias de seguros que usufruíam de passivos ilíquidos e saídas atuariais
previsíveis podiam dar-se ao luxo de conceder empréstimos de longo prazo às empresas. E os bancos de
investimento organizaram os mercados financeiros como subscritores, corretores e distribuidores de títulos
negociáveis. Os bancos comerciais dominaram os processos de intermediação de crédito e criação de crédito:
'eles podiam reunir muitos pequenos depósitos em um pacote de empréstimos e satisfazer a necessidade de
tomadores de empréstimos corporativos ou crédito de grande denominação . . .
Uma grande parte dos depósitos consistia em transações de contas que só eles podiam oferecer
como emissores de dinheiro de banco privado'. Finalmente, por possuírem o monopólio da criação de dinheiro,
os bancos comerciais estavam sujeitos a regulamentações especiais, notadamente compulsórios. 'Pela mesma
razão, eles também tinham certos privilégios, principalmente à janela de desconto do Fed, ao sistema de
pagamento externo do país e ao seguro de depósito'.4
1.2 O início da desregulamentação e a transição para um
Sistema de Crédito Intermediado pelo Mercado
A “morte lenta da banca comercial”, como diz Guttmann, remonta a meados da década de 1970, que assistiu
ao início da “desintermediação” dos empréstimos às empresas após a chegada dos fundos de pensões e dos
fundos mútuos e da importância renovada do mercado de títulos corporativos. Historicamente, sempre
desempenhou um papel muito maior nos EUA do que na Europa, mas a adesão de fundos deu-lhe um grande
impulso. Cada vez mais corporações, mesmo de médio porte, acessam
financiamento por títulos flutuantes. Os bancos de investimento, na qualidade de subscritores de grandes
emissões, lucraram com essa mudança e os bancos comerciais perderam.
Um novo tipo de intermediação de crédito de curto prazo (a ser discutido na íntegra abaixo
na seção 3.1) desenvolvidos na forma de fundos mútuos do mercado monetário, chamados
fundos do mercado monetário para short (MMFs), privando ainda mais os bancos comerciais
3 Harvey 1982, p. 247.
4 Guttmann 1994, pp. 261-262.
Financeirização e a Transformação da Banca e do Crédito 201
de uma parte de seus negócios. A resposta dos bancos comerciais foi uma crescente diversificação das
atividades tradicionais. O processo foi reforçado por
cada novo passo dado em direção à liberalização e desregulamentação. A mudança nas relações de poder
entre bancos e fundos e, portanto, a pressão sobre os bancos para fazer mudanças cada vez mais profundas
em suas funções e estrutura, foi acelerada pela
as medidas de acompanhamento que provocaram um aumento das taxas de juro dos EUA. De particular
importância foi a abolição do Regulamento Q, que estabeleceu um teto
sobre as taxas de juros, e o International Banking Facilities Act de 1981, que deu
Wall Street o mesmo status legal off-shore que a cidade.5 Essas medidas não apenas atraíram grandes
quantidades de capital monetário estrangeiro e americano, mas também
acelerou as mudanças domésticas na configuração do setor financeiro. A virada da década de 1980 marca
uma virada qualitativa. É então que os bens detidos pela
corretores de valores mobiliários6 – atuando em nome de fundos mútuos e de pensão e indivíduos ricos –
começam a ultrapassar todas as outras formas.
A diminuição da intermediação bancária realizada na relação direta com
tomadores de empréstimo e o crescimento da intermediação pelos mercados financeiros fizeram surgir a nova
figura do gestor de fundos. Ele não era apenas o centro
à introdução da gestão corporativa, mas foi o primeiro de uma nova geração de financistas. O crescimento da
intermediação não bancária e da intermediação doméstica e
mercados internacionais de títulos corporativos também foi facilitado pelas novas tecnologias ITC que
permitiram tanto a negociação eletrônica no espaço 'virtual' quanto a
possibilidade de os gestores de fundos acessarem redes informatizadas de informação.7
Os bancos responderam à perda de grande parte de seus negócios de empréstimos corporativos com
oferecendo às empresas que procuram empréstimos razoavelmente grandes um novo instrumento de crédito,
nomeadamente certificados de depósitos (CDs).8 Um segmento especializado de mercados monetários
surgiram, permitindo que estes fossem vendidos pelos bancos emissores. Outros tipos de instrumentos de
crédito negociáveis foram criados com o objetivo, em particular, de facilitar os empréstimos interbancários,
liberando os bancos das restrições de ter que manter grandes
5 Ver Gowan 1999, p. 26. Um International Banking Facility (IBF) é uma conta separada estabelecida por um
banco dos EUA ou uma filial/subsidiária dos EUA de um banco estrangeiro para oferecer serviços apenas a
residentes e instituições não americanas.
6 Um corretor de valores mobiliários é uma empresa financeira que negocia valores mobiliários por conta própria
ou em nome de seus clientes. Os corretores podem ser empresas independentes envolvidas exclusivamente
em serviços de corretores, mas a maioria agora são unidades de negócios ou subsidiárias de investimento ou
bancos comerciais. Ao executar ordens de negociação em nome de um cliente, diz-se que a entidade
atuar como corretor. Ao executar negociações por conta própria, diz-se que está agindo como um
revendedor.
7 Guttmann 1994, p. 263.
8 Estes não devem ser confundidos com os CDS que são discutidos longamente.
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202 by Google Capítulo 8
reservas de caixa e títulos muito líquidos.9 Abriu-se o caminho para a alavancagem em larga escala,
cujos efeitos já se faziam sentir durante a
crises dos anos 1980 e início dos anos 1990.
A resposta dos bancos comerciais à ameaça à sua rentabilidade foi uma
conduzir à descompartimentação e à diversificação. Eles criaram
fundos mútuos para seus clientes, ofereceram serviços de gestão para fundos de pensão e passaram a
investir em fundos de hedge. Mas eles ainda estavam em desvantagem
com relação aos bancos de investimento para emissão de títulos. Assim, eles fizeram campanha por mais
de uma década para garantir o relaxamento e, finalmente, a revogação das disposições do Glass
Steagall.10 Estas incluíam medidas escritas em legislação que limitava as operações de negociação de
títulos de bancos comerciais e a afiliação entre bancos comerciais e corretoras. As demandas comerciais
bancos foram apoiados pelo Fed. Comprometeu-se a interpretar as disposições da Glass-Steagall e a
conceder autorizações que reduziam cada vez mais
o muro entre a banca comercial e a banca de investimento. Uma das principais autorizações dizia respeito
à criação de holdings bancárias, e a permissão concedida em abril de 1987 a três delas – Bankers Trust
(adquirida pelo Deutsche Bank em
1998), Citicorp (agora Citigroup) e JP Morgan & Co – para estabelecer um tipo de subsidiária proibida pela
Glass-Steagall para subscrever e negociar em
títulos garantidos por hipotecas (RMBS) e títulos municipais. Na época, o Fed estabeleceu um limite de
5% para os lucros da subscrição e negociação desses
tipos de títulos. Mais tarde, acrescentou à lista 'títulos garantidos por ativos' lastreados por
pools de contas de cartão de crédito ou outros 'ativos de financiamento ao consumidor'. Formalmente, a
lei foi respeitada: as holdings bancárias, não os bancos comerciais diretamente, detinham as afiliadas, mas
a partir daí o caminho foi pavimentado para a revogação total
da Lei Glass-Steagall em 1999. Os maiores bancos, conhecidos desde a crise de 2008 como os 'bancos
sistematicamente importantes' (SIBs), tornaram-se 'corporações de serviços financeiros diversificados', por
exemplo, conglomerados financeiros.
1.3 Concentração bancária dos EUA na década de 1990
Historicamente, o setor bancário dos EUA foi e continua sendo, em certa medida, marcado por uma divisão
acentuada entre os bancos de Wall Street, juntamente com alguns outros,
e uma miríade de pequenos bancos estatais, fretados, supervisionados e regulamentados tanto no
Guttmann 1994, p. 264.
9 10 Uma das conclusões do Financial Crisis Inquiry Report é que “falhas generalizadas na regulação e
supervisão financeiras provaram ser devastadoras para a estabilidade dos mercados financeiros
do país” (US Government Printing Office 2011, p. xviii). A Parte II fornece uma
relato legível do processo de desregulamentação e o surgimento do banco sombra
sistema.
Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 203
nível estadual e federal. A aprovação do primeiro National Bank Act no final da Guerra Civil deu cartas
federais aos bancos que tinham capital suficiente e
submeter-se a uma regulamentação rigorosa. As cédulas emitidas por bancos nacionais tinham que ser
uniformes em design e lastreadas por reservas substanciais investidas em títulos federais.
A lei proibia a atividade bancária interestadual e limitava a atividade de ramificação dentro dos estados. A
lei pôs fim aos 'bancos selvagens'11, mas levou à proliferação de
bancos estaduais. Quando a depressão começou a se espalhar pela agricultura americana na década de
1920, a média de falências de bancos foi superior a 550 por ano. Com a Grande Depressão, a onda de
falências bancárias ameaçou o colapso de todo o sistema. Mas a Lei Glass-Steagall teve que deixar os
bancos estatais como estavam. O sistema era estável nos prósperos anos do pós-guerra, mas quando a
inflação decolou no final da década de 1960, começou a desmoronar. Apesar da crise da Poupança e
Empréstimos (S&Ls), as poupanças
foram salvos, por conta de sua influência política, e não forçados a se fundir ou
liquidar. Em 2001, quase três em cada quatro bancos americanos ainda eram
e regulamentado em nível estadual e federal.
Com a nova legislação da década de 1990 autorizando e implementando o sistema bancário
interestadual, as fusões começaram a se desenvolver e uma certa centralização do capital bancário
começou. Um estudo da equipe do Banco Federal no período de 1994-2003 relata que a maioria dos
negócios envolveu a aquisição de uma pequena organização com operações em um
área geográfica limitada. Globalmente, estas pequenas fusões representaram um
pequena parcela dos ativos, depósitos e agências. Em contraste, as poucas aquisições de bancos muito
grandes foram responsáveis por grande parte das aquisições bancárias feitas no período e foram
responsáveis por muitas das mudanças no setor bancário causadas pela consolidação. Quinze bancos
foram adquirentes nas 25 maiores aquisições. Quatro deles – First Union, Fleet (e seu sucessor,
FleetBoston), NationsBank e Washington Mutual – foram adquirentes em três das 25 maiores fusões e
dois – Firstar e Chemical (e seu sucessor, Chase Manhattan12) – foram adquirentes em dois. O Chase
Manhattan diversificou-se espetacularmente em banco de investimento com a aquisição do JP Morgan.
Mas os alvos dos maiores negócios foram os bancos com grandes operações de varejo. Dentro
Com essas transações, os adquirentes aumentaram o tamanho de suas redes de agências e obtiveram
grandes bases de clientes de varejo. Mas em 2002 ainda havia mais
mais de 8.000 bancos comerciais segurados e cerca de 1.500 instituições de poupança seguradas em
operação. Em 1995, bancos muito grandes com mais de US$ 100 bilhões em
ativos (em dólares de 2010) controlavam 17% de todos os ativos bancários. Em 2005, seus
11 Assim chamado por estar situado em cidades 'entre os selvagens'.
12 Embora a Chemical fosse a adquirente, a empresa incorporada adotou o nome Chase porque
era mais conhecido, principalmente fora dos Estados Unidos.
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204 Capítulo 8
participação atingiu 41%. O aumento foi à custa principalmente dos bancos
com ativos entre US$ 10 bilhões e US$ 100 bilhões.
Uma maior concentração ocorreu como resultado da crise financeira da
2007–8, começando com a aquisição pelo JP Morgan Chase do Bear Stearns em
março de 2008, e do Washington Mutual em setembro do mesmo ano, e
a do Merrill Lynch pelo Bank of America no mesmo mês. Em 2011, três dos
cinco maiores bancos dos EUA – Bank of America, Citigroup e Wells Fargo – combinados
banca comercial e de investimento. Fora da esfera dos bancos de investimento e do desaparecimento
de Bear Stearns e Lehman Brothers, a cadeia de fusões mais importante envolveu a aquisição de uma
grande poupança, a World
Savings Bank, pelo Wachovia em 2007 e a aquisição deste último pela Wells
Fargo em 2008. Estima-se agora que a quota de mercado de empréstimos (medida a nível nacional)
dos 10 maiores bancos aumentou de cerca de 30 por cento em 1980 para
cerca de 50% em 2010, e a participação no mercado de depósitos dos 10 maiores bancos aumentou
de cerca de 20% em 1980 para quase 50% em 2010.13 Enquanto isso, o
a parcela do mercado detida por bancos comunitários e cooperativas de crédito, instituições locais
com menos de US$ 1 bilhão em ativos, caiu de 27% para 11%. Estes representam tudo o que
realmente resta do 'relacionamento bancário'. Seu desaparecimento
afetou notavelmente pequenas cooperativas de crédito 'latinas'.14
2 Liberalização Financeira na Europa e 'Bancos Universais' europeus
Como resultado do Tratado de Maastricht, o sistema bancário europeu é uma interligação de sistemas
domésticos fragmentados marcados por um nível mais elevado
concentração bancária do que nos EUA. A Europa abriga simultaneamente os maiores bancos do
mundo e um dos segmentos mais vulneráveis da economia global.
sistema financeiro. Vários aspectos de sua composição completam o quadro: a falta
de um estado federal, a missão extremamente estreita e conservadora do BCE
inscritos no Tratado, pelo que o seu estatuto de entidade central genuinamente "independente"
banco, o único do G7 a não ter que prestar contas de suas políticas às autoridades políticas. Este não
é o caso do Banco da Inglaterra, embora o setor bancário do Reino Unido não difira muito do da
Europa Continental, no que diz respeito ao nível de concentração e dependência das pequenas e
médias empresas em
13 Conselho de Assessores Econômicos 2016.
14 Mitchell 2015. Estima-se que cada um dos maiores bancos dos EUA, Bank of America, JP Morgan
Chase, Citigroup e Wells Fargo, tenha se tornado maior do que toda a comunidade do país
bancos juntos.
Financeirização e a Transformação da Banca e do Crédito 205
bancos, sendo o crédito bancário a principal fonte de financiamento do sector privado no seu conjunto
na UE.
2.1 O Curso de Liberalização Financeira na Europa Continental
Após a Segunda Guerra Mundial e até a década de 1970, a Europa
os governos exerceram uma estreita vigilância sobre a criação de crédito. Nacionalizado
os bancos eram a regra. Enquanto poucos governos exerceram o direito de alocar crédito ao
investimento como parte do planejamento indicativo, como no caso da França, todos
vigiava os bancos com cuidado. Conforme lembrado no Capítulo 2, a criação do
Os mercados de eurodólar vieram como um passo na 'estrada de saída da servidão' para os bancos
maiores. O afrouxamento das regulamentações sobre os fluxos de capital e as primeiras mudanças
regulatórias, incluindo o status dos bancos centrais, ocorreram na década de 1970.15
Embora alguns países tenham liberalizado os fluxos de capital mais cedo, acordos para abolir os
controles de capital em nível europeu e promulgar legislação comum só foram adotados com a
assinatura do Ato Único Europeu em 1986.
Isso deu aos governos o apoio político e legal para a privatização
dos bancos estatais.16 A plena implementação na lei nacional só foi
alcançado na década de 1990 na maioria dos países após o Tratado de Maastricht. A Segunda Diretiva
Bancária, que entrou em vigor em 1993, eliminou, entre outras coisas, a necessidade entre os países
membros de obter uma carta bancária local para sucursais em outro país, bem como a necessidade
de estrangeiros
sucursais para deter uma certa quantidade de capital de dotação. Submeteu-se ao estrangeiro
sucursais para a supervisão do país de origem.
No entanto, até a Zona Euro começar a funcionar em 1999, apesar da desregulamentação da
banca transfronteiriça, a presença direta de bancos estrangeiros (agências e filiais) nos mercados
domésticos permaneceu baixa para a maioria dos países da UE. Dentro
Em 2002, um estudo descobriu que, em comparação com o crédito doméstico total, as ligações
financeiras bilaterais entre os países da UE ainda eram pequenas. Exceções notáveis foram os créditos
da Alemanha, como o maior credor da zona do euro, em vários países membros menores e em um
nível menor da França. Como não havia um
entendimento político disso na época, este estudo anunciou os problemas que a zona do euro
enfrentaria.17
15 No caso da França, isso ocorreu em uma lei aprovada em janeiro de 2003. O presidente na época
era Georges Pompidou e o ministro da Fazenda Giscard d'Estaing. A lei ficou conhecida como
'Loi Rothschild' por conta da associação de Pompidou com o banco.
16 Ainda no caso da França, Paribas, Société Générale e Suez foram privatizados em 1987 e o BNP
em 1993. Por causa do escândalo financeiro e do estado de suas contas, o Crédit
Lyonnais esperou até 1999.
17 Buch e Heinrich 2002. O artigo foi escrito para um projeto de Mesa Redonda de Serviços Financeiros
Europeus. Em retrospecto, mostrou uma previsão considerável. A zona do euro é um
Machine Translated
206 by Google Capítulo 8
2.2 Três tipos de bancos na UE
Na UE, havia cerca de 8.000 bancos em 2011, também divididos como nos EUA, mas de forma diferente,
em três grupos.18 Em 2011, o primeiro grupo muito grande consistia em pequenos bancos operando em
nível regional. A Alemanha, a Áustria e alguns outros Estados-Membros tinham muitas pequenas poupanças
e bancos cooperativos com activos de
menos de 1 bilhão de euros. No total, havia cerca de 4.000 pequenos bancos cooperativos em
a UE. Estes representavam apenas 3% do total de ativos bancários nacionais da UE. UMA
O segundo grupo, que representa 22,4% dos ativos bancários domésticos da UE, consistia em
bancos de médio porte com ativos que variam de € 1 bilhão a € 100 bilhões. Esses
bancos operavam em escala nacional. Entre as caixas económicas espanholas, as cajas, havia uma
maioria de pequenas empresas, mas também várias com operações a nível nacional. O terceiro grupo era
constituído pelos 'grandes bancos', conforme definido pelo BCE,19 com ativos que ultrapassam os 100 mil
milhões de euros (até 2 biliões de euros). Apesar de fazerem uma parte significativa de seus negócios no
exterior, os grandes bancos representavam cerca de três quartos do total de ativos bancários domésticos
na UE. Eles também forneceram a maior parte dos empréstimos (69% do total de empréstimos concedidos
por bancos domiciliados na UE). Os nove
maiores bancos europeus tinham ativos totais superiores a 1 trilhão de euros no final de 2011
e estão sediadas no Reino Unido, Alemanha, França e Espanha. Para alguns, total
ativos são bem superiores ao PIB nacional do município em que estão sediados. Mesmo em comparação
com o PIB total da UE, esses bancos parecem grandes
em termos globais. Metade dos 30 maiores bancos do mundo por ativos totais (conforme relatado
em 2011) são bancos da UE. Existem 15 bancos da UE no grupo dos 29 “bancos sistemicamente
importantes” globais (considerados G-SIBs), identificados pelo Financial
Stability Board (FSB) e o Comitê de Basileia de Supervisão Bancária em virtude de seu tamanho,
complexidade, substituibilidade e grau de cross-country
atividade.
2.3 A Restauração Completa do 'Banco Universal' Europeu
Ao longo de todo o século XX, os países europeus dispuseram de sistemas bancários marcados por uma
elevada concentração e pelo domínio do modelo “banco universal”. Foi isso que deu aos bancos o status
de 'alturas de comando' e, no pós-guerra, de instrumentos úteis a serviço da indústria
onde 'países que estão intimamente ligados financeiramente podem se expor a transbordamentos
de crises financeiras. As políticas monetárias e fiscais são limitadas pela inter-regional
mobilidade do capital”.
18 Relatório Liikanen 2012, pp. 34–5.
19 Dados bancários consolidados do BCE a partir do final de 2011 em que os bancos da UE 'grandes' são definidos
como tendo uma participação de mais de 0,5 por cento do total de ativos bancários da UE (ou seja, mais de
aproximadamente € 200 bilhões com base em dados de 2011).
Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 207
política. Na Europa Continental, a liberalização e a privatização tomaram a forma do ressurgimento total
nos anos 1990 de grandes bancos universais20, uma série de
que rapidamente se tornariam altamente internacionalizados. O processo envolveu grandes fusões, entre
as quais a fusão do BNP (ele próprio resultado da
concentração bancária comercial) com Paribas, um dos mais antigos 'haute
instituições financeiras. O mesmo processo de concentração ocorreu com fusões e alguns
reembaralhamentos de cartas no Reino Unido. Na esteira dos EUA
desregulamentação e inovação financeira, os bancos universais europeus rapidamente
entrou em atividades do tipo hedge-fund, pioneiras nos EUA. Nos anos que antecederam 2007, os titulares
de carteiras sob gestão de patrimônio privado foram
oferece investimentos de alto risco. Cidadãos franceses só começaram a ouvir falar de banco
diversificação para atividades do tipo hedge-fund quando o BNP Paribas anunciou
o fracasso de duas de suas afiliadas de fundos de hedge.
Os maiores grupos bancários da UE oferecem toda a gama de serviços bancários, desde a captação e
gestão de depósitos, cartões de crédito e empréstimos imobiliários a detentores de depósitos e crédito
comercial e industrial tradicional até actividades bancárias de investimento, incluindo negociação de títulos,
criação de mercado, subscrição, gestão de risco para corporações e gestão de patrimônio privado. Os
maiores bancos focados em investimentos têm clientes que exigem uma ampla gama de serviços bancários
e de mercado de capitais (as maiores empresas industriais) ou
ter demandas por serviços específicos do mercado de capitais (governos que fazem emissões de títulos
ou empresas menores que buscam acesso ao mercado de títulos corporativos). Uma ideia da rentabilidade
relativa e, portanto, atratividade do banco tradicional, banco de investimento e gestão de patrimônio é
fornecida pela figura 8.1, que mostra estimativas de retornos sobre o patrimônio para os principais
segmentos de produtos.
Esses dados também fornecem evidências do crescimento de fontes de 'não-interesse' de
lucros bancários.
O relatório Liikanen mostra que a mistura pode variar consideravelmente mesmo entre
grandes bancos. Constatou-se que enquanto alguns bancos tinham ativos limitados mantidos para
negociação, para outros eles reportavam mais de 20% de seu balanço patrimonial. Cita Deutsche Bank,
Royal Bank of Scotland (RBS), Barclays, BNP Paribas
e Société Générale como sendo os cinco bancos com maior proporção de
activos (mais de 30 por cento) detidos para negociação em 2011, atingindo 50 por cento
no caso do Deutsche Bank e do RBS. Os mesmos bancos são referidos quando
20 A Segunda Diretiva Bancária adotou uma definição ampla de instituições de crédito, tomando como
modelo o banco universal alemão. Assim, bancos, empresas de investimento e seguradoras podem
deter participações recíprocas ilimitadas, o que significa que não há limites para a formação de
conglomerados financeiros.
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208 by Google Capítulo 8 Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 209

40% tanto nas atividades de bancos de varejo e de investimento quanto na extensão das atividades globais.23
35%
35%

30% 28%

3 Securitização, o modelo originar para distribuir e a sombra

25%
20% Sistema bancário
20%
16%
Os bancos não se limitaram a concentrar e ampliar seu escopo para a centralização
15%
do dinheiro-como-capital. A desregulamentação financeira liderada pelos EUA e as inovações financeiras,
10% 8%
destinadas principalmente a aumentar a escala dos empréstimos hipotecários, levaram à adoção de

5%
0%
Riqueza Privada Fundo Mutualizado Investimento Banca Comercial Comercial
Gestão Gestão Bancário Bancário
Figura 8.1 ROE para os principais segmentos de produtos dos bancos europeus em 2003.
Fonte: Pastre 2006.
analisando os ativos mantidos para negociação e disponíveis para venda em 2011. O relatório constatou
que a participação no balanço desses ativos caiu para alguns bancos após a
Crise de 2007–8 (RBS e Barclays), mas para outros (Deutsche Bank, BNP Paribas
e Société Générale) aumentou.21 As fronteiras entre o comércio por conta
de clientes e negociação proprietária são impossíveis de rastrear. Os profissionais estimam que no caso
dos bancos da UE a negociação por conta própria é alta e um dos
os fatores que contribuem para sua fragilidade sistêmica.22 Vários bancos – Deutsche
Bank, Barclays, BNP Paribas e RBS – tinham valores nocionais particularmente elevados
de derivativos em circulação em relação ao tamanho dos ativos totais.
Desde meados de 2015, o modelo europeu de banco universal está sob pressão.
Intensa rivalidade com os bancos dos EUA e na Ásia com os bancos em ascensão da China, num contexto
global em que as taxas de crescimento do PIB em queda em toda a economia mundial
significa enfraquecer a criação e a apropriação de mais-valia, está a obrigar os maiores bancos, liderados
pelo HSBC e pelo Deutsche Bank, a encurtar as velas e cortar
21 Relatório Liikanen 2012, p. 44, e gráficos 3.4.5, 3.4.6 e 3.4.7.
22 Isso vem do relatório Liikanen e é enfatizado por Naulot 2013. O autor era um
executivo bancário sênior por 37 anos e atuou nos últimos anos de sua carreira como membro da
Autorité des marches financiers (AMF), o equivalente francês da SEC dos EUA.
um novo modelo bancário. Os dois mecanismos de crédito discutidos até este ponto no capítulo foram: (1)
'banco tradicional', do qual as pequenas e médias empresas em toda a OCDE continuam a depender, bem
como, em muitos países,
empréstimos hipotecários para famílias e; (2) mercados de títulos corporativos. Ambos envolvem
relacionamentos facilmente analisáveis: um é 'face a face' e o outro opera por meio de mecanismos de
mercado bastante diretos. O recurso do Fed e do governo George W. Bush à habitação como instrumento
de recuperação após o colapso da Nasdaq em 2000-1, e depois como pilar do crescimento do PIB, viu o
surgimento gradual e, em seguida, a expansão total em meados -2000 de um novo modelo bancário
'originar para distribuir'. Isso envolve longos e complicados
cadeias de transações envolvendo formas muito particulares de ativos, muitos deles criados de uma forma
que tornava seu risco inavaliável. Este foi notoriamente o caso de certas categorias de 'ativos estruturados'
contendo os chamados subprime
empréstimos hipotecários. Novos padrões de relações variaram sob o termo 'sombra
sistema bancário' surgiu. Envolveram bancos, por meio de filiais especializadas e diversos fundos e
investidores financeiros. Depois de recuar sob o impacto
da crise de 2008, a rede de operações financeiras combinadas, reguladas e não reguladas cresceu ainda
mais.
3.1 O modelo bancário 'originar para distribuir' e securitização
O modelo de banco originar para distribuir é aquele em que os bancos recorrem amplamente às
oportunidades criadas pela securitização, por exemplo, o agrupamento de ativos e sua posterior venda a
investidores. Direct trader-to-trader – chamado 'over the counter' (ODT) – as transações são a regra. A
securitização remonta ao início e meados da década de 1980. Os dados começaram a ser coletados pela
Indústria de Valores Mobiliários
e Financial Markets Association (SIFMA) em 1980 para empresas de hipotecas patrocinadas pelo governo
(GSE) e as chamadas 'marcas privadas' lastreadas em hipotecas
23 'A reestruturação continua em dois dos bancos universais do mundo', The Economist, 13 de junho
2015.
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210 by Google Capítulo 8 Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 211

títulos (MBS) e em 1985 para títulos garantidos por ativos (ABS) garantidos por empréstimos para automóveis e O 'processo de produção e circulação' de títulos baseados em dívida é mostrado na figura 8.2. Bancos 'normais'

cartões de crédito. Os anos de 1991 e depois de 2005 foram pontos de aceleração criam empresas afiliadas específicas com as leis dos EUA

no crescimento de MBSs de marca própria. Os ABS só atingiram níveis significativos no forma de fideicomissos, denominados 'conduits' ou, mais geralmente, 'veículos de propósito especial'

final dos anos 1990. Se o volume anual do total de obrigações de empréstimos garantidos (CLOs) (SPV). Estes são encarregados de agrupar os ativos e emiti-los nos mercados apropriados. A lógica do propósito

é considerado, raramente ultrapassou US$ 20 bilhões antes de 2003. Então, a securitização de empréstimos especial ou veículos especiais de investimento (SIVs)26 é permitir que o risco de investir em ativos separadamente

cresceu rapidamente, a emissão anual total ultrapassou US$ 180 bilhões em 2007.24 sem valor seja diversificado. Estes podem incluir não apenas pagamentos com cartões de crédito, empréstimos

A análise do modelo bancário originar para distribuir ficou seriamente aquém da sua penetração na prática do para automóveis,

dia-a-dia. Foi somente a partir de 2008 que e empréstimos hipotecários, mas também fluxos de caixa de arrendamentos de aeronaves, pagamentos de

estudos começaram a ser publicados. Um documento de discussão de 2012 do Federal Reserve Bank of New royalties e receitas de filmes. A maioria dos ativos hipotecários e todos os ativos de crédito ao consumidor em particular

York define o modelo originar-para-distribuir como um método que “permite que os bancos removam empréstimos são pequenos e ilíquidos e não podem ser vendidos separadamente. Agrupando os ativos em
dos balanços e transfiram o risco de crédito associado instrumentos financeiros aos quais as agências de classificação concordam em atribuir uma classificação,

com esses empréstimos. Envolve a venda dos empréstimos a terceiros (o empréstimo permitem que sejam vendidos a investidores, incluindo (conforme descoberto por depositantes comuns em

sendo o originador e o mutuário as duas primeiras partes)'.25 Os 'empréstimos tradicionais' permaneceram no 2007-2008) as afiliadas de alto risco de conglomerados bancários. Os ativos agrupados são emitidos como títulos

lado do ativo dos balanços. Pelo contrário, os empréstimos titularizados e comprados por investidores. Isso é chamado de 'descarregamento', 'troca de risco' ou 'eliminação de risco'.27
são retirados do balanço e vendidos a outro banco ou fundo, que por sua vez fica livre para vender os ativos Títulos lastreados em hipotecas

adquiridos a outro investidor financeiro. (MBS) e títulos lastreados em ativos (ABS) são os mais frequentes. O veículo de propósito específico emite títulos

em camadas chamadas 'tranches', cada uma com risco diferente

características. As tranches seniores são pagas com os fluxos de caixa dos ativos subjacentes antes das
Caixa 8.1: Securitização tranches juniores e tranches de ações. As perdas são suportadas primeiro pelas tranches de capital, depois pelas

tranches juniores e, finalmente, pelas tranches seniores. Os retornos obedecem à hierarquia inversa.

A securitização é a emissão de títulos que são reembolsados pelos pagamentos em um pool

de ativos, onde os ativos também servem como garantia. Títulos securitizados garantidos por A escala em que as operações mostradas na figura 8.2 podem ser realizadas

hipotecas (MBS) são emitidas por entidades patrocinadas pelo governo (as GSEs depende do acesso ao financiamento. A rentabilidade de um SPV e, portanto, do maior

que emitem MBS são Fannie Mae e Freddie Mac) ou empresas financeiras privadas, como bancos comerciais a instituição-mãe depende da alavancagem. É aqui que os MMFs entram em cena.28

e de investimento (MBS de marca própria). Uma hipoteca pode entrar em Esses fundos podem ser corporações financeiras independentes de gestão de ativos (como Reserve Primary

a piscina por vários caminhos. O caminho mais direto da originação à securitização é quando um banco Fund, Vanguard Group, BlackRock e Schwab), ou afiliadas criadas por conglomerados bancários (JP Morgan,

agrupa os empréstimos que origina e os torna a garantia de uma securitização que emite. Mas, apenas um Bank of America, Wells

punhado dos maiores bancos origina o suficiente Fargo).29 Seu crescimento remonta à década de 1980. Eles coletam de fundos e

hipotecas para fazer isso. Muitas das hipotecas nos pools que apoiam MBS de marca própria investidores institucionais garantindo-lhes um valor patrimonial líquido (NAV) estável por ação

provêm de outros bancos que não o banco emissor. É possível que uma hipoteca seja vendida (tradicionalmente US$ 1,00 nos EUA)30 e usá-los para empréstimos de curto prazo com diferentes perfis de

várias vezes antes de terminar em um pool de MBS. É a capacidade dos credores de facilmente risco. No período que antecedeu a crise do subprime, as principais agências de classificação de risco

fazer esta primeira venda que possibilitou o modelo de negócios OTD. Obviamente, a primeira venda é

auxiliada pelo fato de os participantes saberem que, no final, a hipoteca provavelmente acabará em um pool
26 O termo veículo especial de investimento (SIV) também é frequentemente usado.
de MBS.
27 Este último termo é usado por Bhatia e Bayoumi 2012, p. 7.
28 Fundos mútuos do mercado monetário (geralmente chamados de fundos do mercado monetário ou fundos monetários)
Fonte: Rosen 2010.
investir em títulos de renda fixa de curto prazo, conhecidos como investimentos do mercado monetário. Como

outros fundos mútuos, os fundos do mercado monetário são investimentos agrupados que permitem aos investidores

participar de um portfólio diversificado administrado por profissionais.

24 Rosa 2010. 29 Veja abaixo os principais conglomerados europeus neste negócio.
25 Borda e Santos 2012. 30 Se o NAV de um fundo cair abaixo de $ 1,00, diz-se que o fundo 'quebrou a bola'.
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212 Capítulo 8 Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 213

Parcelamento de ativos No caso das famílias de classe alta e média, os empréstimos especulativos em imóveis residenciais tornaram-

se importantes.31 Em 2005, 22% das casas compradas foram para investimento, com 14% adicionais

compradas como casas de veraneio. Em 2006, quando o boom começou a vacilar, esses percentuais caíram
Agrupamento de ativos
Sênior AAA
parcela
para 28% e 12%, respectivamente. Assim, quase 40 por cento das casas compradas não se destinavam a
Parcela AA residências primárias.
Fluxo de caixa de Investidores
SPV No entanto, a característica central da duração e dimensão da bolha foi o aumento do crédito subprime,
Pool de origem de ativos
empresa Uma parcela
(confiança mestre) por exemplo, o crédito que representa um risco de insolvência, por contacto com as famílias. Esses
cria detém piscina
ativos de ativos empréstimos sempre existiram nos EUA,
Produto de tranche BBB
mas desta vez a porcentagem de hipotecas subprime de qualidade inferior subiu da faixa histórica de 8% para
venda de ativos
aproximadamente 20% de 2004 a 2006,
Parte inferior
(retido por com índices muito mais elevados em alguns estados e municípios. Este empréstimo foi orientado pela oferta.
originador) O sistema ia de corretores de hipotecas a bancos locais e regionais e depois às corporações financeiras que

estavam em condições de emitir ativos opacos, mantendo altas classificações com o oligopólio muito
Figura 8.2 O processo de securitização. concentrado
Fonte: Gorton e Metrick 2012.
das agências de rating (Standard & Poor, Moody's e Fitch).

Os corretores de hipotecas são uma invenção institucional dos EUA, estendida ao Reino Unido e

países como Canadá e Austrália. Mas sua função sistêmica é específica para os EUA,32 assim como sua

atribuiu altas classificações aos perfis de risco/retorno dos ativos agrupados. Na verdade, tudo o que estavam capacidade de vender seus títulos hipotecários para bancos e para

fazendo era simplesmente retransmitir a operação de marketing dos SPVs, dando sustentação à arrogância esses bancos, por sua vez, para removê-los de seus balanços. Corretores oferecidos

coletiva do sistema financeiro (a "exuberância irracional" de Greenspan), o grau em que foi levado pelo 'sem renda, sem ativos' (NINA) mutuários hipotecas de taxa ajustável (uma taxa de juros abaixo do mercado

fetichismo do dinheiro. por algum período predeterminado, seguida por taxas de juros de mercado para o restante do prazo da

hipoteca). Transferência de taxas ajustáveis

3.2 A Acumulação em Grande Escala de Capital Fictício nas Famílias parte do risco de taxa de juro do mutuante para o mutuário que beneficia se

Hipoteca a taxa de juros cai, mas perde e é ameaçada de encerramento se a taxa de juros aumentar. As faixas de

Securitização e alavancagem permitem a formação de capital fictício de grau n renda visadas e os termos dos contratos se enquadram no 'restabelecimento de relações essencialmente

em uma nova roupagem e em grande escala. Bolhas e colapsos imobiliários têm sido uma característica usurárias dentro do modo de produção capitalista',33 enquanto os juros pagos pelos trabalhadores pobres e

recorrente da história econômica dos EUA, mas nenhuma bolha foi tão longa e muito pobres

nenhum busto tão devastador quanto o recente. Entre 1997 e 2006 (o pico da bolha imobiliária), o preço da para corretores e bancos se enquadram na teoria do valor-trabalho.34

casa americana média aumentou em As relações de classe capitalista subjacentes à securitização baseada em hipotecas

124 por cento. De 1980 a 2001, a razão entre os preços médios das residências e a renda familiar média são bem ilustrados pelo contraste entre o tratamento dos mutuários e

flutuou de 2,9 para 3,1. Em 2004, subiu para 4,0, e em 2006 de investidores. Os primeiros sofreram execução hipotecária e foram expulsos de suas casas.

chegou a 4,6. Dívida das famílias dos EUA como porcentagem do disponível anual

a renda era de 77% em 1990 e 127% no final de 2007. Essa expansão espetacular da dívida das famílias
após 2003 não poderia ter ocorrido
sem a forma particular de financiamento centrada na emissão de títulos garantidos por hipotecas (MBS) e
obrigações de dívida colateralizada (CDO). A política de juros baixos do Fed e o discurso do governo sobre o
'proprietário
sociedade' fez a bolha inicialmente impulsionada pela oferta, mas a partir de um certo momento (de 2004 a
2005) os mecanismos de auto-reforço tornaram-se muito importantes.
31 Duménil e Lévy 2011, p. 178, observam corretamente que “embora a noção de crise do subprime aponte
para o endividamento crescente das famílias pertencentes às faixas de renda mais baixas,
a maioria dos empréstimos foi contratada por faixas de alta renda”.
32 Ver Vazire 2009 para a leitura de um jurista das relações sistêmicas subprime. Os franceses só
soube de sua existência no início da crise do subprime, de acordo com Jorion 2007.
33 Levina 2012.
34 Norfield 2014.
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214 by Google Capítulo 8
O segundo iniciou uma ação legal, que levou a investigações bancárias pelos EUA
Comissão de Valores Mobiliários (SEC). Os processos de execução de hipotecas pelos bancos começaram
em 2007 em quase 1,3 milhão de propriedades de famílias pobres. Isso aumentou
para 2,3 milhões em 2008 e para 2,8 milhões em 2009, cerca de 15 por cento de todos os
casas compradas através da hipoteca. Dez estados responderam por 74% da
arquivamentos de encerramento durante 2008; os dois primeiros (Califórnia e Flórida) representam 41%.35
Nenhum corretor de hipotecas jamais foi investigado por ter vendido
para ou ludibriou os trabalhadores pobres. A confiança no sistema financeiro exigia que
o mais flagrante abuso de investidores seja (benignamente) punido. O último relatório
pela SEC em suas ações de execução36 levou a acusações bem-sucedidas, pela primeira vez em 2010 contra
o Goldman Sachs por 'fraudear investidores ao declarar erroneamente e omitir
fatos-chave sobre um produto financeiro vinculado a hipotecas subprime quando o mercado imobiliário estava
começando a vacilar”. A empresa pagou um acordo recorde de US$ 550 milhões. No caso da principal
subsidiária corretora americana do Citigroup, cobrada
com 'investidores enganosos sobre um CDO de US$ 1 bilhão vinculado ao mercado imobiliário', um acordo de
US$ 285 milhões foi devolvido aos investidores prejudicados. Acusado de 'enganar investidores em uma
complexa transação de títulos hipotecários', JP Morgan
concordou em pagar US$ 153,6 milhões em um acordo que permite que investidores prejudicados recebam
seu dinheiro de volta. Penas mais baixas para basicamente o mesmo tipo de fraude
foram pagos por Merrill Lynch, Wachovia, Wells Fargo, RBS e UBS, bem como
quanto a bancos regionais e fundos financeiros menores dos EUA.
3.3 O sistema bancário sombra
O sistema bancário paralelo é um desdobramento combinado da centralização de
'dinheiro como capital' por fundos de pensão e fundos mútuos, e de securitização. No
Na década de 1990, os fundos de pensão criaram fundos de hedge com perfis de alto risco variados. Para
permanecerem rentáveis, os bancos maiores seguiram o exemplo. Paralelamente à detenção de obrigações
e, em muito menor grau, de acções, os gestores de fundos efectuaram transacções de trader-to-trader 'over-
the-counter' (OTC) no novo
ativos agrupados com bancos, enquanto os bancos aumentaram suas operações 'off-balance'
usando as mesmas relações de trader para trader. Isso resultou no rápido crescimento
a partir de meados da década de 1990 do 'sistema bancário paralelo', como passou a ser conhecido novamente
depois de 2008. O 'sistema' era global, mais precisamente transatlântico, desde o início. Os principais bancos
universais europeus faziam parte dela tanto
como o investimento dos EUA e bancos comerciais muito grandes.
De acordo com o Financial Stability Board (FSB), o termo sistema bancário paralelo 'começou a ser
amplamente utilizado no início da crise financeira, refletindo
35 http://www.stat.unc.edu/faculty/cji/fys/2012/Subprime%20mortgage%20crisis.pdf.
36 http://www.sec.gov/spotlight/enf-actions-fc.shtml (acessado em 15 de maio de 2015).
Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 215
um maior reconhecimento da importância de entidades e atividades estruturadas fora do sistema bancário
regular que desempenham funções semelhantes a bancos'.37
Encontram-se nuances consideráveis tanto nas definições propostas de shadow banking quanto na postura
assumida em relação a ele por instituições financeiras, incluindo o FMI e o Banco Mundial. A existência do
sistema é considerada irreversível, mas há uma série de posições sobre sua utilidade e legitimidade. o
mais próxima de uma definição oficial é aquela dada pelo FSB. O banco sombra
é declarado como sendo 'um sistema de intermediação de crédito que envolve entidades e atividades fora do
sistema bancário regular, e levanta (1) preocupações de risco sistêmico, em particular por transformação de
maturidade/liquidez, alavancagem e
transferência de risco de crédito defeituosa e/ou (2) preocupações de arbitragem regulatória'.
As «entidades» incluem sociedades financeiras39 (nomeadamente mutuantes hipotecários não bancários que
oferecem hipotecas NINA), os chamados veículos de finalidade especial (SPV) ou entidades
(SPE) estabelecido por bancos de investimento e fundos de hedge. Assim a sombra
sistema bancário é o resultado da generalização do processo de originar para distribuir
modelo de intermediação em todo o sistema financeiro, juntamente com o aumento das operações fora de
balanço dos bancos comerciais.40
A questão é quais entidades são consideradas fora do 'regulamento bancário
sistema', notadamente no que diz respeito a 'bancos comerciais', e assim se 'regulares' e
shadow banking são de fato paralelos.41 Por meio de suas afiliadas, 'bancos apropriados',
37 Conselho de Estabilidade Financeira 2011, p. 1. O Conselho, criado na cúpula do G20 em Londres
em 2009, quase se desculpa por usar o termo: 'algumas autoridades ou participantes do
mercado preferem usar outros termos como 'financiamento baseado no mercado' em vez de
'banco paralelo'. É importante notar que o uso do termo “shadow banking” não pretende dar um
tom pejorativo a esse sistema de intermediação de crédito. No entanto, o FSB optou por usar o
termo “shadow banking”, pois este é mais comumente empregado e, em particular, tem sido
usado nas comunicações anteriores do G20'.
38 Ibid.
39 Uma empresa financeira é uma organização que origina empréstimos para empresas e consumidores.
Assim como um banco, uma empresa financeira típica atua como uma entidade de empréstimo ao
conceder crédito. No entanto, a principal diferença entre um banco e uma financeira é que, ao contrário
de um banco, uma financeira não aceita depósitos do público. Em vez disso, uma empresa financeira
pode obter financiamento de bancos e vários outros recursos do mercado monetário (http://
www.investorglossary.com/finance-company).
40 Nesse modelo, 'os quatro aspectos-chave da intermediação são 1° transformação de vencimento: obtenção
de recursos de curto prazo para investir em ativos de longo prazo; 2° transformação de liquidez:
usar passivos semelhantes a dinheiro para comprar ativos mais difíceis de vender, como empréstimos; 3° alavancagem: empregando
técnicas como tomar dinheiro emprestado para comprar ativos fixos para ampliar os ganhos potenciais
(ou perdas) em um investimento; 4° transferência de risco de crédito: assumir o risco de inadimplência
de um mutuário e transferi-lo do originador do empréstimo para outra parte' (Kodres 2013).
41 Esta foi a posição acadêmica inicial, ver Farhi e Cintra 2009.
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216 by Google Capítulo 8
por exemplo, conglomerados dos EUA que combinam atividades bancárias de varejo e de investimento e
'bancos universais' europeus estão dentro do sistema. Caso contrário, o Citibank não teria que ser
resgatado em setembro de 2008, nem os grandes bancos europeus salvos de grandes dificuldades. Um
jornal da equipe do Federal Reserve de Nova York
enfatiza que 'as operações de muitos veículos e atividades bancárias paralelas
estão simbioticamente entrelaçados com instituições bancárias e de seguros tradicionais. Essas
interligações consistem em linhas de crédito de apoio, garantias implícitas a veículos de propósito
específico e subsidiárias de gestão de ativos, a propriedade total de ativos securitizados em balanços
bancários e a prestação de
créditos por companhias de seguros'.42
Apesar de seus limites indeterminados, as estimativas do tamanho da sombra
sistema bancário foram feitas. Eles variam consideravelmente ao contar a mesma história básica. Um
relatório da equipe do Federal Reserve Bank de Nova York estimou um ano depois que os passivos
líquidos do sistema bancário paralelo haviam excedido
os do sistema bancário formal de 1997 em diante, ultrapassaram a barreira dos US$ 10 trilhões em 2004
e atingiram um pico de cerca de US$ 16 trilhões em 2008. Eles caíram para cerca de US$ 13 trilhões em
2011.43 O FMI fornece números muito mais altos. Ele relata que o banco sombra começou a crescer
novamente e que foi de US $ 65 trilhões em 2011,
comparado a US$ 26 trilhões em 2002. Em 2011, representou em média 25% dos ativos financeiros
mundiais e 11% do PIB mundial agregado. 'Os EUA têm o maior sistema. Por várias razões históricas,
possui um complexo de gestão de ativos não bancário muito desenvolvido, em contraste com países com
sistemas mais baseados em bancos. Assim, investidores e gestores de ativos em outros países, como
gestores de fundos de pensão e hedge europeus, também optam por usar o sistema americano para suas
necessidades. Hoje, no entanto, dois terços dos bancos paralelos
agora ocorre fora dos EUA, notadamente na área do euro e no Reino Unido, com rápida
crescimento em muitos mercados emergentes'.44
O FSB discute as vantagens que 'a intermediação de crédito por canais não bancários pode ter'.
Essas vantagens são muito vagas e expressam desde o início as ambições muito limitadas e o escopo de
reforma do Conselho: 'o sistema bancário paralelo pode fornecer aos participantes do mercado e às
empresas uma
fonte alternativa de financiamento e liquidez. . .algumas entidades não bancárias podem
têm conhecimentos especializados que lhes permitem desempenhar determinadas funções na cadeia de
intermediação de crédito de forma mais rentável». O FSB é obrigado a
admitir 'que os riscos no sistema bancário paralelo podem facilmente se espalhar
o sistema bancário regular, pois os bancos geralmente fazem parte do banco sombra
42 Adrian e Ashcraft 2012.
43 Figura 1 em Adrian e Ashcraft 2012.
44 Claessens, Pozsar et al. 2012, pág. 6.
Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 217
na cadeia de intermediação de crédito ou prestar apoio a entidades bancárias paralelas.
Esses riscos são amplificados à medida que a cadeia se torna mais longa e menos transparente'.45
Foi o que ocorreu em 2008, quando o sistema bancário paralelo forneceu o terreno para um contágio
sistêmico muito rápido (discutido no próximo capítulo). No entanto, não só sobreviveu à crise; em 2012,
começou a crescer novamente.
3.4 Instituições Financeiras Globais Sistemicamente Importantes e o
Oligopólio Bancário
O reconhecimento de um sistema bancário paralelo internacionalizado foi seguido por
a própria nomenclatura dos bancos que a compõem. Uma lista de 29 bancos globais sistemicamente
importantes (G-SIBs) foi estabelecida pelo FSB com a ajuda de
BIS em 2011, 26 dos quais eram americanos ou europeus. Dado em especial o
lugar da seguradora norte-americana AIG em setembro de 2008, foi completada por uma lista de
nove seguradoras globais sistemicamente importantes (três americanas e cinco europeias). Ambas as
listas foram revisadas em 2013.46 A importância sistêmica global é 'medida em termos do impacto que a
falência de um banco pode ter no mercado global
sistema financeiro e economia em geral'.47 Os nomes são determinados com base em vários indicadores
propostos pelo BIS: tamanho, 'atividade interjurisdicional', 'substituibilidade' e 'complexidade'. O BIS
observa que 'os bancos variam muito em suas estruturas e atividades e, portanto, na natureza e no grau
de risco que representam para o sistema financeiro internacional'.48 O tamanho é o resultado da
centralização e da concentração e determina o grau de exposição a choques.
A «atividade transfronteiriça» é um indicador de interligação transfronteiriça, por exemplo, a densidade
das ligações diretas ou indiretas entre sociedades financeiras que podem ser canais de transmissão dos
efeitos resultantes das dificuldades financeiras das suas filiais. A definição de 'substitutibilidade' foi
inicialmente desenvolvida pelas autoridades monetárias e financeiras dos EUA. Diz respeito
até que ponto, em caso de falência, outros bancos podem fornecer serviços financeiros semelhantes
(como corretagem e subscrição) e os efeitos da retirada de um banco de um determinado mercado. É
medido pelo valor das transações subscritas nos mercados de dívida e de ações. A complexidade refere-
se, em particular, à quantidade de derivativos OTC detidos por um banco pelo seu valor nocional. Isso é
45 Conselho de Estabilidade Financeira 2011.
46 Mudanças entre 2011 e 2013 incluem o desaparecimento de três bancos europeus, nota
bly Dexia e a adição de dois bancos chineses.
47 BIS 2011, p. 4.
48 Daí a presença na lista de um banco norte-americano muito discreto e bastante pequeno, o State
Street, devido ao tamanho de sua atuação nos mercados globais.
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218 Capítulo 8 Financeirização e Transformação da Banca e do Crédito 219

agravado pelo tamanho.49 'Bancos globais sistemicamente importantes' são bancos 'grandes demais para
falir'50 uma vez que a globalização financeira tenha ocorrido plenamente. Eles desfrutam de um 'subsídio
implícito do governo'. Conforme colocado pelo relatório Liikanen sobre o sistema bancário europeu, existe
um subsídio implícito 'para bancos que são 'muito sistêmicos para
falhou". 90% de todos os subsídios implícitos são canalizados para as maiores instituições e
muito menos para as médias e pequenas'.51
As corporações listadas pelo FSB como G-SIBs formam o que pode ser chamado de
oligopólio bancário global.52 Conforme argumentado no Capítulo 5, a combinação específica de enormes
poder de monopólio global coletivo, de rivalidade oligopolista e de conluio entre corporações53 devem ser
analisados setor a setor. No setor bancário, o mundo
Morgan Stanley, são bancos europeus concorrentes de muitos negócios.54
Posições dominantes em certos mercados, notadamente câmbio e derivativos, estão sendo contestadas
por tentativas bem-sucedidas de entrada por fundos mútuos
e fundos de hedge.55 O oligopólio rígido pode criar as condições para conluio e
manipulação de mercado em benefício dos participantes. Isso ocorreu com o aparelhamento
em determinados dias em 2008 da taxa de juros de referência LIBOR da London Interbank Offered Rate,
na qual Barclays, UBS, RBS, Deutsche Bank, JP Morgan,
Citigroup e Bank of America foram investigados e começaram a ser multados. Houve grandes protestos de
indignação, mas os bancos, como em outras formas de comportamento fraudulento, tiveram o poder de
sufocá-lo e

oligopólio ainda é, muito mais do que nas indústrias manufatureiras, um mercado negociar acordos. 56
estrutura onde continua importante a pertinência de analisar as consequências do oligopólio doméstico. No
Reino Unido, Lloyds, Barclays, HSCB e RBS
e na França BNP Paribas, Crédit Agricole, Société Générale e BPCE detêm 54 'Os bancos hesitantes da Europa estão perdendo terreno para seus rivais americanos decisivos', The

três quartos do mercado bancário doméstico. A verdadeira rivalidade só ocorre realmente em torno da Economist, 17 de outubro de 2015, pp. 75–7.
55 Veja abaixo o Capítulo 10, a análise do FMI.
aquisição de pequenos bancos. Cada grupo tem sua carteira de clientes corporativos, cada um dos quais
56 Eric Toussaint (Toussaint 2014) oferece uma extensa lista de comportamentos fraudulentos de grandes
pode negociar por conta própria as taxas de câmbio. Existe algum grau de competição na gestão de
bancos. Ele também fornece uma análise da especulação financeira sobre os recursos alimentares.
patrimônio, mas as taxas
para clientes de banco de varejo estão no mesmo nível.

Movendo-se para o oligopólio global, existe uma rivalidade corporativa aguda para a engenharia de
negócios de M&A, serviços de consultoria para governos de países em transição e em desenvolvimento e
a flutuação de empréstimos governamentais no mercado internacional.
mercado de títulos. Os três restantes e ainda mais poderosos bancos de investimento de Wall Street após
a crise financeira de 2008, Goldman Sachs, JP Morgan e

49 O Financial Crisis Inquiry Report enfatiza que 'muito do risco de CDS e outros derivativos estava
concentrado em alguns dos maiores bancos, bancos de investimento e
outros – como a AIG Financial Products, uma unidade da AIG – que dominavam as transações em OTC
derivados. Entre as holdings bancárias dos EUA, 97% do valor nocional de
Derivativos OTC, milhões de contratos, foram negociados por apenas cinco grandes instituições (em
2008, JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of America, Wachovia e HSBC) – muitas das mesmas
empresas que se encontrariam em apuros durante a crise financeira. Os cinco maiores bancos de
investimento dos EUA também estavam entre os maiores negociantes de derivativos de balcão do mundo' (US
Government Printing Office 2011, p. 46).
50 OCDE 2011 os nomeia como tal.
51 O suporte implícito é, entre outros, evidente a partir dos ratings de crédito dos bancos, que normalmente
envolvem um 'rating autônomo' e um 'rating de suporte' (mais alto).
52 Ver (em francês) Morin 2015.
53 Veja acima o Capítulo 5, seção 2.
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Capítulo 9
Contágio Financeiro Global e Crise Sistêmica em 2008
Diz-se que a crise financeira de 2008 possui 'a distinção de ser a primeira crise de crédito 'pós-
securitização'.1 Em outubro de 1929, o início da crise financeira
crise foi um enorme crash do mercado de ações. As crises bancárias só vieram depois. Em setembro
de 2008, houve imediatamente uma crise bancária de grandes dimensões
marcada pela 'retirada de crédito'2 entre sociedades financeiras. Era
desencadeada pela falência de um grande banco de investimento e assistiu a uma contracção brutal
das transacções no mercado de empréstimos de fundos do mercado monetário de curto prazo. Da
mesma forma, os canais de contágio financeiro internacional diferiram significativamente das crises
financeiras anteriores, incluindo aquelas que vieram com a globalização financeira na década de 1990.
Este capítulo começa examinando duas formas principais de sociedades financeiras que ainda não
foram discutidas, a saber, bancos de investimento e fundos de hedge, bem como a escala de seu uso
de alavancagem (seção 1). Examina as mudanças nos modos de contágio financeiro internacional
desde a década de 1990 até a crise financeira de 2007-2008 (seção 2). O capítulo então se volta para
a vulnerabilidade particular dos bancos europeus, conforme ilustrado pela crise de 2011 na zona do
euro (seção 3).
1 Bancos de investimento e fundos de hedge
O capítulo anterior concentrou-se nos bancos como provedores de crédito. Ele discutiu
as profundas transformações no mecanismo e principais beneficiários do crédito,
à medida que os bancos se tornaram conglomerados financeiros diversificados. O chão foi colocado
para compreender os novos canais de contágio financeiro internacional.
Bancos de investimento e fundos de hedge devem agora ser examinados quanto aos dramatis
personæ da crise financeira de 2007-2008 esteja completo. Eles eram de fato os
protagonistas imediatos desta crise e foi nas suas fileiras que ocorreram as baixas mais espectaculares.
1 Greenlaw et al. 2008, pág. 54.
2 Lembre-se da ênfase de Marx sobre essa noção acima na Introdução.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 221
1.1 Alavancagem de alto risco impulsionada pela baixa lucratividade
Os anos que antecederam 2007 viram um aumento espetacular na alavancagem. Os bancos sempre
recorreram, em algum grau, à alavancagem.3 Ela permite que um banco ou outra instituição financeira
aumente os ganhos ou perdas potenciais em uma posição ou investimento além do que seria possível
por meio de seus próprios fundos. O que mudou
com o desenvolvimento do shadow banking é o seu nível e rastreabilidade. A alavancagem começa a
ter sérias implicações quando está fora do balanço e assume a forma de fluxos de caixa futuros
dependentes do mercado. A alavancagem torna-se letal quando os bancos começam a deter títulos
ou exposições que são eles próprios alavancados. este
é chamado de 'alavancagem incorporada',4 uma situação em que os ativos são detidos por um banco
com alta alavancagem em um fundo de ações que é financiado por empréstimos. Integrado
alavancagem foi o que derrubou Bear Stearns e Lehman Brothers. Isso é
extremamente difícil de medir, seja em uma instituição individual ou
no sistema financeiro. A maioria dos produtos de crédito estruturado tem altos níveis de
alavancagem incorporada, resultando em uma exposição geral à perda que é um múltiplo do
investimento inicial na carteira subjacente. Duas camadas
titularizações ou retitularizações, como no caso de uma garantia
obrigação de dívida que investe em títulos lastreados em ativos pode aumentar a alavancagem
incorporada para níveis ainda mais altos.5
Uma tendência a recorrer à alavancagem nestas formas cada vez mais perniciosas desenvolveu-se
em paralelo com o rápido crescimento dos fundos de hedge (em particular depois de 2001), a criação
de afiliadas semelhantes a fundos de hedge por antigos bancos comerciais,
e a mudança para negociação proprietária por bancos de investimento.6 Estas eram expressões de
um único processo subjacente, ou seja, o declínio no fluxo de valor e
superávit enfrentado pela massa crescente de capital que rende juros por conta da queda na taxa de
acumulação e da restrição imposta aos gestores de fundos para conceber formas de 'investimento'
que equivalem a redistribuições de valor e excedente já centralizados. Redigido em linguagem não
marxista, este ponto é enfatizado
por Aglietta: 'Por causa da importante queda nos mercados de ações após o estouro da bolha da
Internet em 2001 e a queda das taxas de juros de longo prazo,
3 Sempre que os ativos de uma entidade financeira excedem sua base patrimonial, diz-se que seu balanço patrimonial é
Alavancada.
4 D'Hulster 2009, pp. 1–2.
5 Ibid.
6 Negociação proprietária (chamada de 'prop trading' ou PPT) refere-se à negociação por empresas em sua busca
para obter lucros com o seu próprio capital e não apenas com o dinheiro dos seus clientes.
Machine Translated
222 by Google Capítulo 9
os investidores institucionais procuraram outras fontes com maiores retornos'.7 Ou ainda,
como colocado por McNally de uma forma inovadora que pode perturbar alguns marxistas: 'o problema-
chave para os bancos (e bancos sombra como fundos de hedge) foi o clássico
dilema da taxa de retorno em queda. Muitos bancos estavam saindo muito
do mesmo material e as margens de lucro estavam caindo'.8 Um relatório do Grupo Socialista do
Parlamento Europeu (PSE/EP) aponta para os efeitos da 'política monetária duradoura de baixas taxas
de juros, juntamente com um profundo desequilíbrio do comércio mundial fluxos, resultando em
crescimento massivo de liquidez buscando rendimentos atrativos'.9 Neste contexto cresceram os hedge
funds, com sua oferta de high yield
'investimentos alternativos' de alto risco e um 'modelo de negócios' adotado em graus variados e com
maior ou menor sucesso por bancos comerciais e de investimento.
Os principais tipos de alavancagem utilizados pelos fundos de hedge são empréstimos de margem,
empréstimos de títulos e repos. São todas variantes do ponto de partida de uma cadeia de
transacções em que os hedge funds fazem apostas na subida ou na queda dos activos visados,
apostando o seu próprio dinheiro ou o de outras sociedades financeiras, principalmente bancos de
investimento, que ao fazerem tais empréstimos apostam, na verdade, que as apostas do mutuário vão
sair e por isso estão se colocando em risco (como fizeram Bear Stearns e Lehman Brothers). Conforme
discutido na seção sobre derivativos no Capítulo 6, os empréstimos de margem fornecem acesso a
fundos para o financiamento de compras alavancadas e vendas a descoberto. Eles não têm prazo de
retorno especificado, mas são caracterizados por uma estipulação contratual de que se, devido às
flutuações do mercado, a empresa mutuante considerar que seu empréstimo
está em risco, pode emitir uma 'chamada de margem'. Isso requer o reembolso imediato por
o mutuário em dinheiro, depósito de segurança ou a liquidação de títulos existentes.10
Repos e reverse repos são contratos pelos quais uma entidade vende títulos e
concorda em recomprá-los em uma data futura (repo) e o outro compra os títulos e concorda em vendê-
los de volta no futuro (recompra reversa).
1.2 Bancos de investimento
É notório o papel desempenhado pelas posições de alto risco assumidas por alguns bancos de
investimento de Wall Street no episódio de 2008 da crise econômica e financeira global. Hoje, apenas
um número muito pequeno de sociedades financeiras ainda é referido como bancos de investimento. O
termo suplantou o nome britânico mer
7 Aglieta et ai. 2010.
8 McNally 2014, p. 106.
9 Grupo Socialista do Parlamento Europeu (PSE/EP) 2006.
10 O filme de 2011 Margin Call, dirigido por JC Chandor com Kevin Spacey e Jeremy Irons,
ilustra bem essa situação.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 223
chant banks11 e o nome francês banques d'affaires na década de 1980. As maiores são americanas:
Goldman Sachs, JP Morgan e Morgan Stanley; e suíço,12
notadamente os dois gigantes, Crédit Suisse e UBS. O Capítulo 4 acima discutiu suas atividades na
produção e transporte de commodities. Tal como aconteceu com as falências de 2008, os bancos de
investimento de Nova Iorque tinham, de facto, perfis muito diferentes,
notadamente no que diz respeito a investimentos e operações fora do setor financeiro no
sentido estrito (Goldman Sachs possui grandes extensões de terra, particularmente na América do Sul),
e na medida de seu envolvimento na emissão e negociação de títulos lastreados em ativos. Em suas
atividades bancárias, os bancos de investimento fazem
lucros como consultores e intermediários.13 Sua receita assume a forma de taxas de quatro tipos de
atividades: serviços de consultoria e intermediação entre corporações durante fusões e aquisições,
serviços de consultoria a governos (famosa Goldman Sachs para a Grécia) e a subscrição de empresas
e governos títulos (banco de investimento propriamente dito); taxas de corretagem (facilitando a compra
e venda de produtos financeiros para investidores que especulam em ações e outros títulos); taxas
para negociação não proprietária e investimentos em nome de proprietários de riqueza ou empresas
financeiras menores; finalmente, as taxas de administração de ativos do proprietário do patrimônio. A
partir da década de 1990, os bancos de investimento de Wall Street se envolveram cada vez mais em
negociações proprietárias em larga escala, tanto em ativos 'clássicos' quanto em
nos mercados de derivativos. Eles se envolveram no pooling, franching e
venda de CDOs como intermediários, mas alguns também os detinham especulativamente em grandes
quantidades. Os autores da Lei de Modernização de Futuros de Commodities de 2000
garantiram que os derivativos permanecessem não regulamentados. Em 2004, a Securities and
Exchange Commission (SEC) flexibilizou a regra do capital líquido, permitindo aos bancos de
investimento aumentar o nível de endividamento assumido.14 Eles criaram divisões especializadas que
estabeleceram relações estreitas com os hedge funds. Essas divisões foram
responsável pela evolução dos níveis globais de endividamento da ordem dos 25 por cento a 32 por
cento, expondo os bancos mesmo a pequenas quedas no preço dos activos críticos. O desaparecimento
do Bear Stearns e do Merrill Lynch como entidades independentes e o fracasso do Lehman Brothers
foram devidos à detenção do
ativos de fundos de hedge expostos a níveis semelhantes de risco nas mesmas categorias
de títulos.
11 Cogan 2009.
12 O crescimento dos grandes bancos suíços foi construído sobre as vantagens da neutralidade suíça
(apoio não militar) durante as duas Guerras Mundiais (dinheiro resguardado, intermediação para
transações financeiras entre beligerantes, etc.) e seu comportamento de paraíso fiscal (estrito
sigilo bancário), que apenas começou a se desfazer.
13 Ver o segundo ponto no Capítulo 3, 1.6.
14 Lin e Treichel 2012.
Machine Translated
224 by Google Capítulo 9
1.3 Fundos de Hedge: A Ausência de Regulamentação como um recurso facilitador chave
Assim como o banco sombra é difícil de definir, os fundos de hedge também o são. Isso não é
surpreendente já que o shadow banking é o mundo deles e seu negócio são operações especulativas sobre
ativos que representam capital fictício. Os fundos de hedge são
marcada por altas taxas de mortalidade. Em um ano típico (2011, 2012, 2013), cerca de 1.000
são criados e cerca de 800 a 900 vão à falência.15 A estabilidade dos grandes nomes conhecidos dá uma
imagem distorcida. Várias definições semi-oficiais de fundos de hedge foram propostas. Em 2005, uma
publicação do BCE definiu um hedge fund como 'um fundo cujos gestores recebem comissões relacionadas
com o desempenho e podem livremente
usar várias estratégias de investimento ativo para obter retornos absolutos positivos,
envolvendo qualquer combinação de alavancagem, posições longas e curtas em títulos ou quaisquer outros
ativos em uma ampla gama de mercados'.16 Em 2009, um depoimento do Government Accountability Office
(GAO) no Congresso dos EUA chamou esse fundo de veículo que é administrado de forma privada e muitas
vezes se envolve em negociação ativa de vários tipos de títulos e futuros de commodities e
opções (isentas de) leis e regulamentos de valores mobiliários dos EUA, incluindo o
exigência de registro como sociedade de investimento'.17 Em 2010, os advogados envolvidos
na preparação da Lei Dodd-Frank declarou: 'o termo 'fundo de hedge' é difícil de definir para fins legais,
uma vez que não parece ser definido em nenhum lugar nas leis federais de valores mobiliários. Nenhuma
definição única do termo parece ser usada pelos participantes do setor, mas talvez uma das definições mais
úteis de um fundo de hedge seja “qualquer veículo de investimento em pool que seja privado
organizado, administrado por gestores de investimentos profissionais e não amplamente
disponíveis ao público”'.18 Assim, a falta de regulamentação, opacidade e níveis muito elevados de gestão
de risco personalizada caracterizam tipicamente os fundos de hedge. O BCE
estudo lista as Ilhas Caiman, as Ilhas Virgens Britânicas, Bermudas e o
Bahamas como 'os centros financeiros offshore mais populares', juntamente com o
15 Os dados estão disponíveis em http://www.hedgefundresearch.com. No entanto, 'estimar o hedge
a taxa de mortalidade dos fundos é tudo menos simples, uma vez que os gestores de fundos de hedge
reportam-se aos bancos de dados de forma voluntária. Os gerentes naturalmente tendem a parar e adiar
seus relatórios quando o desempenho fica muito ruim. Assim, atrasos nos relatórios não significam
necessariamente que os fundos estejam em processo de liquidação. Os gerentes podem esperar vários meses pelo
desempenho para melhorar antes de relatar novamente'. http://www.thehedgefundjournal.com/
nó/6748.
16 Garbarivicius e Dierick 2005, p. 5.
17 GAO 2009.
18 Ruane e Seitzinger 2010.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 225
Ilhas do Canal para fundos de hedge da UE.19 A Caixa 9.1 apresenta as principais características dos
fundos de hedge identificados por um relatório do Grupo Socialista do Parlamento Europeu.
Caixa 9.1: Principais Características do Fundo de Hedge (PSE/EP 2006)
Estratégias de investimento: Tomada de posição em uma ampla gama de mercados. Livre para escolher
várias técnicas e instrumentos de investimento, incluindo vendas a descoberto, alavancagem e derivativos.
Objetivo de retorno: Retornos absolutos positivos em todas as condições de mercado.
Normalmente os gerentes também comprometem seu próprio dinheiro, porque a preservação do capital
é importante.
Estrutura de incentivos: Normalmente, uma taxa de administração de 2%. E uma taxa de performance
de 20%, muitas vezes condicionada por uma certa taxa mínima que deve ser ultrapassada antes que os
gerentes recebam quaisquer taxas de performance.
Assinatura/Resgate: Cronograma predefinido com periodicidade trimestral ou mensal
subscrição e resgate. Períodos de bloqueio por até vários anos até o primeiro resgate.
Domicílio: Centros financeiros offshore com impostos baixos e um 'toque leve' regulatório
regime, bem como alguns centros financeiros onshore.
Estrutura legal: Parceria de investimento privado que oferece repasse de impostos
tratamento ou corporação de investimento offshore.
Gestores: Podem ou não ser registrados ou regulamentados por supervisores financeiros.
Os gerentes atuam como sócios gerais em acordos de parceria privada.
Base de investidores: Pessoas físicas de alta renda e investidores institucionais (fundos de
pensão, seguradoras e outros). Não amplamente disponível ao público.
Os títulos emitidos assumem a forma de colocações privadas.
Regulamentação: Geralmente mínima ou nenhuma supervisão regulatória devido à sua residência
offshore ou abordagem de 'toque leve' por reguladores onshore; isento de muitos
requisitos de proteção do investidor.
Divulgação: Divulgação voluntária ou muito limitada (em muitos casos não).
Fonte: PSE/EP 2006.
19 Garbaravicius e Dierick 2005, pp. 12–13.
Machine Translated by Google
226 Capítulo 9 Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 227

O relatório do PSE/EP assinala que «seria impreciso atribuir o uso extensivo de vendas a descoberto, Tabela 9.1 Dez principais fundos de hedge dos EUA e da Europa (2007)

alavancagem e derivados exclusivamente a fundos de cobertura, uma vez que outras sociedades
financeiras, incluindo bancos e outras sociedades de investimento registadas e não registadas, também Os 10 principais fundos de hedge dos EUA
Ativos sob Os 10 melhores fundos Ativos sob

se dedicam a tais operações. A principal diferença é que os fundos de hedge não têm restrições quanto gestão em de hedge europeus gestão em
ao tipo de bilhões de dólares bilhões de dólares

instrumentos ou estratégias que eles podem usar devido à sua não regulamentada ou levemente
natureza regulada'.20 O relatório PSE/EP debruça-se sobre as diferenças entre fundos mútuos e fundos JP Morgan / Ponte Alta 33.1 Barclays Global 19,0

de cobertura. Os fundos mútuos são altamente regulamentados e restritos em sua escolha de Consultores

investimentos. Eles são medidos pelo desempenho relativo fornecido pelos índices de mercado ou pelos Goldman Asset Management 32.5 Grupo de Homens/AHL 18.8
retornos de outros fundos. Por outro lado, os fundos de hedge prometem e devem entregar retornos Bridgewater DE Shaw 30.2 Parceiros GLC 15,8

absolutos. Os fundos mútuos remuneram os gestores com base no percentual de ativos sob gestão, 27,3 Landsowne 14,0

enquanto os fundos de hedge remuneram os gestores com taxas muito altas, voltadas para Parceiros
Farallon 26.2 Brevan Howard 12.1

desempenho – as taxas são baseadas em dois componentes: uma administração de 2 por cento Tecnologias renascentistas 26,0 Capital da Crista Azul 11.2
taxa cobrada em uma base de ativos sob gestão (AUM), mais uma taxa de desempenho de 20 por cento. Capital de Och-Ziff 21,0 Sloane Robinson 11.1

Os fundos de hedge têm requisitos mínimos de investimento muito mais altos, de fato qualitativamente Investimentos ESL 17,5 HSBC 10,9

mais altos (uma média de US$ 1 milhão) do que os fundos mútuos. tudor 14,9 Marshall Wace 10,9

Finalmente, muito pouco do próprio dinheiro do gestor de investimentos é normalmente investido em Alternativa ao Citigroup 14.1 Investimentos 9.6

fundos mútuos, enquanto os fundadores de fundos de hedge, particularmente aqueles de quase todos Investimentos

os numerosos pequenos, apostam sua fortuna pessoal.

O número de fundos vistos como compondo a “indústria de fundos de hedge” no sentido restrito Fonte: Alpha Magazine, 'Top 100 Hedge Funds, 2007'.

(corporações autônomas) triplicou de 1998 ao início de 2007, o número estimado de fundos cresceu
globalmente de mais de 3.000 para mais de 9.000, e os ativos sob gestão de US$ 200 bilhões para mais
de US$ 2 trilhões em todo o mundo. Em 2007, estimava-se que US$ 1,5 trilhão desses ativos fossem Apesar do grande número de hedge funds, a atividade é de fato altamente concentrada em todas as suas

administrados por facetas. Três quartos de todos os fundos são de propriedade dos EUA e três quartos dos fundos europeus

Proprietários norte-americanos.21 Após um breve período de retração após o furacão financeiro de 2008, são de propriedade do Reino Unido. Em 2006, os 200 maiores fundos com

essa soma voltou a crescer. Em abril de 2012, seu tamanho estimado era de US$ 2,13 trilhões.22 Em ativos sob gestão (AUM) superiores a US$ 2 bilhões representaram três

2005, aproximadamente um quarto do dinheiro administrado vinha de fundos de pensão e quantias quartos do total. Por vários anos, os principais fundos tiveram AUM variando

significativas de outros investidores institucionais, de US$ 50 a US$ 130 bilhões (o valor reivindicado pela Bridgewater).23 Dois dos grandes bancos de

desde seguradoras a fundações acadêmicas. Fundos de pensão investimento de Wall Street estavam na lista dos EUA: JP Morgan Asset Management

pretendem gerar fluxos de renda de longo prazo para cumprir seus compromissos, implicando em princípio e Goldman Asset Management. O Citigroup Alternative Investments não fica muito atrás. Três outros

que formas de investimento de alto risco devem ser apenas uma atividade marginal. As perdas sofridas fundos verdadeiramente autônomos têm o nome de seu fundador.

em 2008 resultaram não só da forte queda dos mercados bolsistas, mas também dos seus investimentos A Bridgewater Associates é a exceção, sem o nome de seu fundador em 1975, Ray

em activos geridos por Dalio, que foi CEO até 2011, e continua sendo um dos três chefes da empresa

bancos de investimento e fundos de hedge. oficiais de investimento. Hoje, um dos fundos de hedge mais proeminentes é o Paulson & Co., criado por
seu fundador e presidente, John Paulson, em 1994.24 Os dez

20 PSE/EP 2006, p. 5. 23 Tendências da Indústria de Fundos de Hedge, http://www.allaboutalpha.com/blog/.

21 GAO 2009. 24 Várias das entradas na Wikipédia relativas a esses fundos foram obviamente examinadas pelas
22 Wall Street Journal, 19 de abril de 2012. empresas envolvidas. O da Paulson & Co. é um caso em questão e bastante útil
Machine Translated
228 by Google Capítulo 9
Os fundos europeus eram de fato britânicos, dois dos quais pertenciam à maior
conglomerados financeiros diversificados, Barclays e HSBC. Uma grande corporação como a Paulson tem
cerca de 50 profissionais. Mas os fundos menores são administrados por
não mais de dez comerciantes. A tomada de decisões de gestão de risco é realizada internamente, mas
particularmente em pequenos fundos as tarefas operacionais são confiadas a outros
empresas financeiras. Contabilidade, serviços para investidores e medição de desempenho são frequentemente
terceirizados para empresas especializadas.
1,4 Investimentos especulativos altamente alavancados juntamente com operações de fundos
de hedge 'Vulture'
Os estudos sobre fundos de hedge identificam uma gama extremamente ampla de operações de cassino com
diferentes níveis de risco e retorno. As operações mais antigas, por assim dizer clássicas, são chamadas de
'hedges direcionais', onde os gestores tentam antecipar os movimentos do mercado e oferecer retornos sobre
derivativos, câmbio e
mercados acionários. Os fundos de cobertura macro seguem uma abordagem 'de cima para baixo' e tentam
aproveitar as principais tendências ou eventos econômicos. Fundos com foco em mercados emergentes e
fundos de hedge direcionais com foco regional usam uma abordagem 'bottom up' de 'asset-picking' em
determinados mercados e buscam ineficiências em outros, notadamente mercados em desenvolvimento. O
segundo tipo de operações clássicas são os chamados 'fundos de mercado neutro' (também chamados de
fundos de 'arbitragem' ou 'valor relativo'), que procuram oportunidades de valor relativo ou de arbitragem para
tentar explorar várias discrepâncias de preços, evitando exposição a movimentos amplos do mercado. Os
retornos apresentam menor volatilidade, mas sua implementação
requer alavancagem média a alta para se beneficiar de pequenas distorções de preços
no que diz respeito à informação. Especifica: 'Paulson & Co. Inc. (“Paulson”) foi estabelecido por
seu fundador e presidente, John Paulson, em 1994. É uma empresa de gestão de investimentos, de
propriedade de funcionários (por exemplo, de sócios). . . Presta serviços a pools de veículos de investimento
e administra contas de instituições bancárias, empresas e planos de previdência e participação nos
lucros. Desde a fundação, a empresa continuou a desenvolver suas capacidades de investimento e
infraestrutura e, em 13 de junho de 2012, tinha aproximadamente US$ 24 bilhões em ativos
sob gestão. Paulson emprega aproximadamente 120 funcionários em escritórios localizados em Nova
York, Londres e Hong Kong. Há aproximadamente 50 profissionais de investimento na empresa,
incluindo John Paulson, que é o Gerente de Portfólio de todos os fundos sob
gestão . . . Os membros do conselho consultivo da Paulson incluem Alan Greenspan, ex-
presidente do Fed e o professor de Harvard Martin Feldstein. Investidores externos em
os fundos Paulson são instituições financeiras, fundos de pensão corporativos e públicos, doações,
fundações e pessoas físicas de alta renda. . . Todas as estratégias da empresa são
baseadas na mesma filosofia de investimento subjacente e objetivos de preservação de capital,
retornos acima da média, baixa volatilidade e baixa correlação com os mercados amplos. http://
en.wikipedia.org/wiki/Paulson_&_Co (acessado em 03 de novembro de 2013).
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 229
mercado de títulos e outros mercados de crédito. Existem também operações com características semelhantes
a predadores, sob o título de 'estratégias orientadas a eventos'. O relatório do PSE/EP escreve que eles
tente tirar proveito de 'situações especiais' na vida de uma empresa, como fusões e aquisições,
reorganizações ou falências. Estas estratégias situam-se algures no meio do espectro de volatilidade,
com uma volatilidade média correspondente e uma alavancagem baixa a média. Alguns fundos de
hedge orientados a eventos, especializados em títulos de empresas em dificuldades, tentam
explorar o fato de que é difícil avaliar esses títulos e que os investidores institucionais estão proibidos
de investir neles.
Esses fundos passaram a ser chamados de 'fundos abutres', esperando para pegar os restos de uma empresa
em rápido enfraquecimento. Nesta área, os fundos de hedge trabalham lado a lado com as empresas de
private equity, estas últimas fazendo o trabalho 'in loco' de
reestruturar as empresas-alvo antes de revendê-las. Os fundos de hedge não só
atacaram corporações industriais à beira da falência, mas também miraram
títulos do governo de países em desenvolvimento em situações próximas à inadimplência,25 como
bem como outros fundos de hedge menos afortunados.
Conforme observado , inter alia, por um estudo da OCDE,26 é difícil encontrar dados concretos sobre a
alavancagem dos fundos de hedge. As estimativas variam de muito conservadoras na ordem de 1,5% por
porta-vozes da indústria de gestão de fundos27 a extremamente altas
da ordem de 140% por alguns analistas financeiros.28 Os números examinados pelo estudo da OCDE
sugerem que 'cerca de 25% dos retornos brutos são absorvidos por taxas pagas a gestores de fundos de
hedge e cerca de 20% são absorvidos por custos de execução para corretores de primeira linha, então cerca
de 45% no total'. Assim, para o retorno de 11,3% relatado em 2006, os fundos de hedge teriam ganho 20,5%
de suas operações. Ganhar retornos brutos de 20% ou mais implica recurso
para alavancagem bastante alta. «Em 2007, em média, era da ordem de 4, mas diferia consideravelmente de
acordo com os estilos e activos dos fundos. Foi na ordem de
19 para arbitragem de renda fixa e considerado muito alto para derivativos'.29
Posteriormente, foi essa magnitude que acabou sendo certa. O Banco Mundial
25 Veja as entradas sob a palavra 'abutre' no site do CADTM.
26 Blundell-Wignall 2007.
27 http://www.hedgefundfacts.org/hedge/statistics/leverage/.
28 A alavancagem bruta no setor de fundos de hedge foi em média de 143% de 2005 em diante, de acordo
com um consultor financeiro citando dados da Bloomberg do Morgan Stanley. http://
www.thinkadvisor.com/2013/01/08/eight-hedge-fund-trends-in-2013?page=1.
29 Blundell-Wignall 2007, pp. 45–46.
Machine Translated
230 by Google Capítulo 9
estudo já citado estima que, na época do colapso do mercado de ativos subprime, os fundos mais
arriscados tinham uma relação dívida/capital próprio de 20 a 1,30
1,5 Negociação proprietária e corretagem de primeira linha de bancos de investimento para
Fundos de hedge
Depois de 2001 e cada vez mais no período de 2007-2008, os 'hedges direcionais', por exemplo, as
apostas puras, feitas por fundos de hedge em antecipação aos movimentos do mercado,
passou dos mercados cambiais e de ações para lastreados em hipotecas
e títulos lastreados em ativos. Os fundos necessários para alavancagem foram em grande parte
fornecidos pelo pequeno grupo de bancos de investimento operando em Nova York e Londres. Em
meados da década de 2000, os fundos de hedge tornaram-se muito importantes como contrapartes de
operadores de bancos de investimento. Atuando como corretores de primeira linha para fundos de hedge,
os bancos de investimento obtiveram uma série de serviços de alta taxa, incluindo execução de
transações, financiamento, empréstimo de títulos, etc. Com base nos dados disponíveis,
o relatório PSE/EP estimou que, em 2006, aproximadamente 30% do total de comissões de negociação
de ações dos EUA nos EUA vieram de ordens tratadas para fundos de hedge e que a situação era
semelhante para a Europa (na verdade, a cidade). Juntamente com as taxas de outros serviços, as
atividades relacionadas a fundos de hedge representaram cerca de
15-20 por cento do lucro do banco de investimento. O relatório observa que isso significava que, se os
fundos de hedge enfrentassem fortes dificuldades, os bancos de investimento também o fariam. Mas os
bancos de investimento começaram a desenvolver o trading proprietário e até mesmo a estendê-lo ao
negócio de pooling de ativos. Em certos casos, eles tiveram um grau de exposição particularmente alto,
não apenas como resultado da criação de liquidez
a fundos de hedge altamente alavancados, mas também por conta de seus próprios
negociação no modelo de fundo de hedge.
Foi o caso do Lehman Brothers, cujo balanço foi examinado
pelo Federal Reserve Bank de Nova York após sua falência.31 No final de 2007, as duas maiores classes
de ativos eram posições longas em não proprietários e
negociação proprietária. Os empréstimos garantidos refletiram o papel do Lehman como corretor principal
para fundos de hedge na forma, em particular, de recompras reversas;32 grande parte disso
30 Lin e Treichel 2012, p. 11.
31 Adrian e Shin 2009.
32 Uma prática em que um banco ou outra instituição financeira compra títulos ou ativos com o
desde que revenderá esses mesmos títulos ou ativos ao mesmo vendedor por um preço
acordado em um determinado dia (geralmente no dia seguinte). Isso é feito para aumentar a curto prazo
capital. É o equivalente a um empréstimo de curto prazo com os títulos ou ativos servindo
como garantia. Um acordo de recompra reverso é o mesmo que um acordo de recompra do
ponto de vista do comprador e não do vendedor. Também é chamada de transação de venda
casada ou simplesmente reversa. http://financial-dictionary.thefreedictionary.com/.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 231
era de curto prazo, muitas vezes da noite para o dia. O caixa era extremamente pequeno, pouco mais
de 1% do balanço total. As responsabilidades do próprio Lehman também eram de curto prazo. O maior
componente foi o empréstimo garantido, incluindo
novamente repos. As posições vendidas em instrumentos financeiros e outras posições de estoque
vendidas mas ainda não compradas foram o segundo maior componente. A dívida de longo prazo
representava apenas 18% do passivo total. Eles incluíam os depósitos em dinheiro dos clientes do
Lehman, especialmente sua clientela de fundos de hedge. Os depósitos de clientes de fundos de hedge
estão sujeitos a saques sob demanda e provaram ser um fator importante no colapso do Lehman.
Em outro relatório, algumas observações mais gerais e reveladoras são feitas por funcionários do
Federal Reserve Bank de Nova York sobre as restrições gerais
colocado em bancos de investimento, notadamente “a busca de valor para o acionista aumentando o
retorno sobre o patrimônio”, o que os levou a assumir riscos cada vez maiores no mercado de títulos
lastreados em hipotecas (MBS).
Para um banco, expandir seu balanço significa comprar mais títulos ou aumentar seus
empréstimos. Mas expandir ativos significa encontrar novos
mutuários. Alguém tem que estar recebendo novos empréstimos. Quando todos os bons
tomadores já têm uma hipoteca, o banco precisa reduzir seus padrões de empréstimos para
capturar novos tomadores. Os novos mutuários são aqueles que foram anteriormente excluídos
do mercado de crédito, mas que de repente se vêem banhados em crédito.33
A virada no mercado imobiliário viu um processo cumulativo de aceleração descendente, a queda nos
preços dos imóveis levando a um rápido aumento nas taxas de inadimplência dos mutuários com
hipotecas de taxa ajustável (ver Capítulo 8), o que tornou a posição dos fundos de hedge e bancos de
investimento, engajados profundamente em ativos subprime e até mesmo em MBS de maior qualidade,
insustentável. Os efeitos da 'alavancagem incorporada', ativos detidos por um banco com alta
alavancagem em um fundo de hedge que é
ela própria financiada por empréstimos, voltou ao jogo com força total.
Aglietta chama isso de 'interação cumulativa' do risco de crédito pelos bancos, tendo
empréstimos de alto risco concedidos e risco de liquidez por fundos de hedge, tendo tomado
fortemente para atingir alta alavancagem. Essa interação pode se tornar sistêmica em questão de horas.
Instituições financeiras altamente alavancadas dependem de dívidas de curto prazo para
sustentam seu capital e ficam à mercê dos credores. Sua capacidade de rolar essa dívida pode
desaparecer ao menor sinal de que não serão capazes de pagar. Qualquer rumor de perdas de ativos
ou derivativos pode ser suficiente para levar uma corporação financeira ao colapso. No caso de um
banco possuir sistemicamente importantes
33 Adrian e Shin 2010.
Machine Translated by Google
232 Capítulo 9 Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 233

Simultâneo neste período, as ligações financeiras determinantes foram os fluxos de capital transfronteiriços
Cascata de
risco de crédito Perdas múltiplas iniciado por grandes bancos comerciais internacionais. As crises foram marcadas pela chamada de
chamadas de margem
exposição empréstimos e pela retirada de linhas de crédito. O contágio, em particular do México para países da América
do Sul e, posteriormente, da Ásia, também ocorreu

fortemente através do que é chamado de 'contágio do credor comum', que

ocorre quando os bancos reduzem os empréstimos a um ou vários países, ou retiram fundos dos mercados

obrigacionistas nacionais que não estavam inicialmente em dificuldade.

Recolher em Simultâneo
Bancos param
valor de Isso foi acentuado pelo comportamento dos investidores, notadamente o fenômeno de manada que agora
refinanciamento vendas de ativos
garantia tem sido bem analisado.35 Os mercados financeiros de Hong Kong foram gravemente desestabilizados por

operações especulativas por parte de fundos mútuos e

Figura 9.1 Interação do risco de crédito e liquidez. fundos de hedge.36 O impacto recessivo sobre a produção, o comércio e o emprego veio por meio de
Fonte: Aglietta et al. 2010, pág. 175.
restrições de crédito, pois os bancos locais, por sua vez, retiraram linhas de crédito para empresas locais.

Mudanças abruptas no comportamento dos investidores também se materializaram em 1998 em um

características, isso terá efeitos contagiosos em si, mas também pode secar súbito reconhecimento por parte dos bancos dos riscos devidos aos altos níveis de alavancagem. A

mercados de empréstimos, principalmente os de curto prazo, como o mercado monetário de Nova York necessidade sentida por vários grandes bancos de Wall Street de resgatar o Long Term Capital

fundos (MMF). O sistema bancário paralelo transatlântico torna esse contágio internacional. A administração anunciou medidas tomadas em 2008 para evitar a falência do Bear

Stearns. Um estudo inicial da equipe do Fed sobre esse resgate sugeriu que um papel importante foi

desempenhado pelo medo por parte dos bancos do grupo de resgate37 de que seus próprios

a alta exposição ao risco de crédito ao LTCM provavelmente seria o caso de outros. Suspeita
2 Os Canais de Contágio Financeiro Internacional por parte dos bancos sobre o estado das situações de balanço uns dos outros

antecipou o tipo específico de crise de crédito experimentada em 2007 e 2008, assim como o corte temporário

A crise de 2007-2008 testemunhou formas de contágio financeiro internacional específicas para securitização de empréstimos por mercados monetários para fundos de hedge.

e bancos paralelos. Eles são melhor compreendidos quando abordados historicamente. O desenvolvimento Em 1998, as dificuldades foram suficientemente limitadas para permitir que um consórcio de bancos privados

da globalização financeira viu o surgimento, a partir da década de 1980, de crises financeiras internacionais, (a pedido do Fed, é claro) conduzisse a crise por meio de ação coletiva. Em 2007 e 2008, isso não era mais

cada fase sucessiva marcada por formas parcialmente sobrepostas de contágio financeiro e assim. A explosão de

a securitização e o crescimento do banco paralelo transatlântico tornaram isso impossível.

seus diferentes canais. Nenhum foi inteiramente global, afetando pontos específicos do sistema financeiro

global a cada vez.

2.1 Os Canais do Contágio Financeiro Internacional na década de 1990

A introdução ao contágio financeiro mais satisfatória disponível na literatura é a de Kaminsky, Reinhart e
Végh, que o definem como “episódios em que há efeitos imediatos significativos em vários países após um
evento – ou seja, quando as consequências são rápidos e furiosos e evoluem em questão de horas ou
dias'.34 Esta definição é baseada principalmente no trabalho
relacionado ao contágio durante a segunda crise mexicana de 1994, a crise asiática de 1997-8 e o episódio
LTCM de 1998 provocado pela Rússia em Wall Street. Durante
35 A primeira formulação do herding é de Keynes sobre o comportamento do investidor nas bolsas de
valores, usando a metáfora do concurso de beleza.
36 Para um levantamento das evidências sobre o importante papel desempenhado por fundos altamente
alavancados em ataques especulativos contra o dólar de Hong Kong em agosto de 1998, ver Kaminsky
et al. 2003.
37 O consórcio de credores que se reuniu para resgatar o LTCM incluiu Goldman Sachs, Merrill
Lynch, JP Morgan, Morgan Stanley, Dean Witter, Travelers Group, Union Bank of
Suíça, Barclays, Bankers Trust, Chase Manhattan, Credit Suisse First Boston, Deutsche Bank,
Lehman Brothers, BNP Paribas e Société Générale.

34 Kaminsky, Reinhart e Végh 2003, p. 55, ênfase original.

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234 Capítulo 9 Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 235

europeu uns aos outros a taxas acordadas entre si, bancos muito grandes e conhecidos recusavam empréstimos
Bancos globais
noturnos. A taxa de juros média LIBOR para empréstimos fez um enorme
Afiliados de alto risco
salto, assim como o spread da taxa de juros overnight garantida pelo Fed na qual New
Os bancos de York emprestam uns aos outros para atender às exigências de reservas do banco central.

A crise financeira também viu novas formas de corridas, principalmente em dinheiro de curto prazo
NÓS NÓS NÓS mercados. Um banco é administrado quando seus depositantes sacam suas economias, como ocorreu com
Mercado monetário SIVs MBS
Fundos Investimento abdômen
o Northern Rock em setembro de 2007.
[MMFs] Bancos CDO corridas limitadas em bancos comerciais, este provou ser o único caso. Mas corridas podem ocorrer em
outras instituições financeiras. O Bear Stearns experimentou essencialmente uma
Figura 9.2 Bancos Europeus dentro do Global Shadow Banking System. executado em março de 2008, quando os fundos de hedge, que normalmente confiam uma quantidade
Fonte: Autor.
considerável de ativos 'tipo dinheiro' a seus corretores de primeira linha, retiraram suas liquidez. Conforme
definido por um documento de discussão do Federal Reserve Board, um mercado pode ser caracterizado
'como sendo executado quando não emite novos papéis durante uma semana, apesar de ter uma parcela
2.2 Contágio através do sistema bancário paralelo transatlântico substancial de seus títulos pendentes programados para vencer'.38 Isso aconteceu primeiro com o Mercado
Desde cerca de 2012, vários grandes países emergentes foram novamente atingidos pelo contágio financeiro de papéis comerciais lastreados em ativos (ABCP) dos EUA, que sofreu uma contração de US$ 190 bilhões
nas novas formas discutidas no capítulo anterior. No entanto, em 2007-8, o terreno da crise foi o sistema em agosto de 2007 e uma queda adicional de US$ 160 bilhões
bancário paralelo transatlântico. até o final do mesmo ano. Houve outra contração em março antes da venda do Bear Stearns ao JP Morgan.
Uma história popular contada por políticos europeus, certamente por franceses, é que a crise financeira de O ponto culminante da crise
2007-2008 e a subsequente recessão mundial foram apenas Setembro de 2008 viu o episódio mais espetacular da corrida financeira coletiva. Isto

de fabricação e responsabilidade dos EUA. Os bancos europeus eram, pelo contrário, compradores dispostos
de ABS e MBS e participantes ativos na rede bancária sombra
de transações financeiras. Quando o mercado subprime entrou em colapso, eles tinham enormes
participações em ativos duvidosos de alto risco. Os nós críticos de contágio na rede transatlântica foram
também os mercados interbancários de Londres e Nova Iorque
e os mercados de MMF de Nova York.
O envolvimento ativo dos bancos europeus – alguns como especuladores com suas equipes de traders
treinados, outros como gestores de carteiras inexperientes com poupanças de clientes para investir – foi
confirmado pelo curso dos eventos no verão
teve lugar nos mercados dos FMM e incidiu sobre diferentes tipos de dívida de curto prazo (repos, ABCP,
ações do FMM). Estes foram inicialmente percebidos como seguros e 'como o dinheiro', mas depois foram
considerados imperfeitamente garantidos. Nos dias que se seguiram à falência do Lehman, um fundo do
mercado monetário detentor do papel comercial do Lehman, o Reserve Primary Fund, 'quebrou a bola', ou
seja, marcou o valor patrimonial líquido do fundo abaixo de US$ 1 por ação que os investidores normalmente
esperam. Em poucos dias, o pânico se espalhou para outros gestores de fundos do mercado monetário.
Quando os investidores escolhem aleatoriamente os fundos dos quais fugir, eles criam colapsos de mercado
auto-realizáveis. Confrontados com uma corrida, a maioria dos FMM vendeu ativos a preços de liquidação.
A velocidade

de 2007. Eles merecem um breve recall. Bear Stearns anunciou perdas no MBS e a intensidade do contágio revelou que, após o advento da securitização e do shadow banking, graus de
em filiais semelhantes a hedge-funds em 16 de julho e, no mesmo período, um banco alemão de médio interconexão anteriormente insuspeitos tornaram-se uma característica verdadeiramente central do sistema

porte, o Deutsche Industriebank (IKB), não conseguiu rolar parte de seu ABS. Por causa de seu baixo perfil financeiro global.
internacional, não foi muito notado

ocupado. Não foi esse o caso quando o BNP Paribas anunciou em 7 de agosto que havia congelado dois
fundos. Em seguida, três bancos alemães de uma categoria inesperada, nomeadamente os bancos Lander, 3 Vulnerabilidade Sistêmica Específica no Sistema Bancário Europeu
anunciaram a sua exposição ao mercado subprime dos EUA e pediram ajuda ao Bundesbank. Suspeita
recíproca sistêmica por Nos EUA, as medidas tomadas pelo governo e pelo Fed para conter a crise financeira podem ser
bancos sobre o estado dos balanços de cada um, com Londres como seu consideradas como tendo cumprido seus objetivos, na medida em que os EUA
epicentro. No mercado interbancário ou LIBOR (London Interbank Offered Rate), onde os bancos fazem
empréstimos não garantidos de curto prazo (overnight a três meses) para 38 Covitz et al. 2009.
Machine Translated
236 by Google Capítulo 9
os mercados financeiros não passaram por nenhuma nova fase de turbulência. Uma das principais
razões é que o Fed atuou de 2008 a 2014 como 'negociante de último recurso',39 transferindo para
seu balanço enormes quantias do que não eram mais do que 'lixo
obrigações'.40 Reestruturação e consolidação bastante extensas, por exemplo, concentração,
aconteceu. O Tesouro dos Estados Unidos e o Fed também garantiram que os mercados de títulos
do governo continuem sendo os maiores e certamente os títulos mais seguros e líquidos do mundo,
garantidos pela “plena fé e crédito” do governo dos Estados Unidos.
A Zona Euro, pelo contrário, experimentou uma segunda grande crise bancária em 2010 relacionada
com o quase colapso dos bancos regionais e a disparada dos
dívida pública em Espanha e às dificuldades da Grécia em cumprir a sua dívida. A partir do final de
2015, cresceu a preocupação com vários grandes bancos. Estes eventos recorrentes refletem a
vulnerabilidade do sistema financeiro europeu dominado pelos bancos e as consideráveis deficiências
político-institucionais da UE e do BCE. Isso requer uma breve revisão do cenário político-institucional.
3.1 A construção do Tratado de Maastricht
Durante os dois primeiros anos da crise financeira, o discurso dos governos europeus era de que
seus bancos eram vítimas de uma situação pela qual os EUA
assumiu a responsabilidade essencial. Isso não poderia mais ser sustentado para a crise bancária
subsequente conhecida sob o termo enganoso de “crise da dívida soberana”. Os eventos de 2010-13
expuseram a verdadeira natureza do mercado financeiro europeu
e bancário, ou seja, a justaposição de sistemas bancários nacionais, ambos totalmente abertos, mas
cada um diferente dos outros, e a justaposição de bancos de forças, modelos bancários e abrangência
geográfica muito diferentes, tudo no contexto dos fluxos de capitais globalizados. O mandato muito
estreito de
o BCE, com o controle da inflação quase como sua única tarefa, sobre a qual muito debate
havia muito tempo enfocado, escondia uma construção com falhas muito mais profundas.
A área do euro é uma união monetária entre 17 países de 25, com
não-Membros ainda têm a sua palavra. Esses 17 países são marcados por fortes
diferenças na estrutura económica que os tratados de Maastricht e subsequentes agravaram
constantemente. A questão não é simplesmente a ausência de
'governo federal', mas a prioridade dada nos tratados à 'concorrência livre e não distorcida' como
base de toda a construção. Isso gerou
39 Mehrling 2010.
40 Sob o programa de compra de ativos em larga escala (LSAP), o Fed comprou não apenas
títulos, mas também uma ampla gama de títulos privados de longo prazo, incluindo hipotecas emitidas
ou garantidos pelas agências patrocinadas pelo governo (Fannie Mae e Freddie Mac).
http://www.federalreserve.gov/faqs/what-are-the-federal-reserves-large-scale-asset
Purchases.htm.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 237
comportamento 'não cooperativo' tanto entre governos quanto entre empresas. Verdadeiramente
Projetos europeus como o projeto de TIC Esprit foram desmantelados há muito tempo.
As decisões da UE e da zona euro são compromissos dolorosos que nunca mascaram as divergências
que aumentaram nos últimos anos e nos quais uma dimensão de
diktat por alguns países se insinuou, para não falar do cada vez mais forte
influência de lobbies corporativos na tomada de decisões da UE (como discutido acima em
Capítulo 4). Na Zona Euro, a crise bancária numa zona de moeda única
fez dos custos diretos e indiretos do trabalho as principais, senão as únicas variáveis da política
econômica. A arena altamente 'não cooperativa' abriu o caminho para
especulação sobre os diferenciais das taxas de juros e, à medida que a crise bancária de 2010 eclodiu
fora, agravou as deficiências político-institucionais. Demorou dois anos para o BCE tomar medidas de
'estado de emergência' em 2012 em apoio aos bancos e fundos credores, comprometendo-se a
fornecer-lhes apoio ilimitado através da compra de seus títulos públicos inseguros. Um pouco mais
tarde, no mesmo ano, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e o European Financial Stability
Fundo (EFSF) foram criados para organizar basicamente a transferência de dívida de credores
privados para governos da zona do euro. Outro ponto importante é a falta de um grau semelhante de
autoridade sobre os bancos do BCE e do Banco Europeu
Autoridade como testemunhada na fraca confiabilidade dos testes de estresse devido a relatórios
bancários inexatos.41
3.2 Relações Bancárias Intra-Europeias Assimétricas e os Efeitos de
Shadow Banking
Conforme indicado anteriormente, os sistemas bancários domésticos europeus são altamente
concentrados e os grandes bancos são altamente internacionalizados, alguns principalmente
dentro da UE (por exemplo, BNP Paribas e Société Générale), outros principalmente fora da Europa
(Santander) e outros tanto dentro da UE como globalmente (Deutsche Bank e Barclays). Na UE, a
internacionalização, muitas vezes nomeada incorretamente
'integração', assumiu três formas. A primeira é a das fusões e aquisições. O BNP Paribas tem estado
particularmente ativo com a aquisição do grande banco italiano BNL em 2006 e do Fortis na Bélgica
em 2008. O segundo
forma é o estabelecimento de sucursais onde, conforme documentado pelo relatório Liikanen, a
intensidade da penetração transfronteiriça das agências bancárias difere
41 O exemplo mais espetacular é o do Dexia que exigiu um primeiro resgate em 2008,
passou no teste de estresse da EBA no verão de 2011, mas três meses depois, em outubro,
exigiu um novo resgate dos governos francês e belga e mais um um ano depois. Bem antes de
se tornar ministro, Yanis Varoufakis denunciou
essa situação. http://yanisvaroufakis.eu/2014/10/27/the-ecbs-stress-tests-and-our banking-dis-
union-a-case-of-gross-institutional-failure/.
Machine Translated
238 by Google Capítulo 9
significativamente entre os países.42 Os graus mais baixos por ativos são os de
Alemanha (5,2%) e da França (3,3%). O relatório comenta cautelosamente que esses países “tendem a
exportar serviços bancários para outros Estados-Membros e abrigam grandes grupos bancários”.43 Em
outros países da UE, pelo contrário, o setor bancário de varejo é dominado por bancos estrangeiros de
outros países europeus . Em alguns casos eles possuem mais de 80 por cento ou 90
por cento dos ativos totais. A terceira forma era, até 2012, a dos grandes bancos interbancários
fluxos de crédito do Reino Unido, Alemanha e França para bancos e empresas imobiliárias e de construção
na Irlanda e no sul da Europa, particularmente Espanha, juntamente
com transacções em mercados OTC em que as sociedades financeiras não bancárias
estavam envolvidos.
Na ausência de instituições com mandato, autoridade e
poder de fogo de criação de dinheiro do Tesouro dos EUA e do Fed, a fusão de bancos comerciais e de
investimento, incluindo investimentos de alto risco do tipo hedge-fund pelas afiliadas de bancos muito
grandes aumentaram os riscos associados
o sistema bancário paralelo para a Europa. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, esta
sistema é global e a UE tem uma participação enorme. Em 2011, os EUA tinham a maior fatia de 35%
com ativos de US$ 23 trilhões, mas caiu de 44% em 2005. O Financial Stability Board estima que a
participação da área do euro seja aproximadamente a mesma com cerca de US$ 22 trilhões em ativos,
em além do Reino Unido com
$ 9 trilhões de ativos fora do balanço estimados.44 A incapacidade do BCE e
Bancos centrais membros da zona do euro para impor aos bancos testes de estresse com um grau de
rigor próximo ao do Fed foi visto em 2009, novamente em 2010, e notoriamente em 2011.45 Um estudo
da OCDE aponta para a falta particular de 'transparência
contabilidade", considerando que "as exposições ao risco em grandes SIFIs [europeias] não podem
ser devidamente quantificado e muito menos controlado'.46
3.3 Da crise financeira importada à autogerada na UE
As expressões são as usadas pelo relatório Liikanen ao discutir as crises de 2008 e 2010. O envolvimento
dos bancos europeus no sistema bancário paralelo internacional torna a palavra 'importado' altamente
discutível,
mas será usado neste momento. Quando a crise eclodiu em setembro de 2008,
42 Relatório Liikanen, quadro 2.3.2, p. 17.
43 Relatório Liikanen, p. 18.
44 Jeffers e Plihon 2013. Eles citam outra estimativa de Bouveret 2011 em que o tamanho do sistema
bancário paralelo europeu é de US$ 13 trilhões.
45 Os comunicados de imprensa da EBA publicados no seu sítio Web na sequência dos testes de esforço realizados desde
2009 são exercícios notáveis de canto.
46 Blundell-Wignall 2012, p. 19.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 239
o preço das ações dos bancos nas bolsas de valores caiu brutalmente, trazendo esses mercados para
baixo mesmo antes do início da recessão americana propriamente dita. O grau em que o colapso atingiu
os mercados de derivativos era incalculável. Tornou-se difícil até mesmo para os maiores e mais fortes
bancos acessar financiamento de curto ou longo prazo. Os bancos fortemente financiados no mercado
monetário de curto prazo enfrentaram
crise de liquidez. Injeções maciças foram feitas pelos bancos centrais do G7, mas na UE muitos bancos
com problemas de liquidez ficaram sem garantias elegíveis para apoio do banco central. Em alguns
países da UE, bancos menores ou instituições de poupança eram credores de bancos maiores, muitas
vezes além-fronteiras, como no caso dos vizinhos da Alemanha no norte da Europa. «Os montantes
emprestados excederam em muitos casos o capital das instituições mutuantes. O resgate de bancos
maiores, liderado pelo governo, tornou-se, assim, imperativo. Sem ela, muitos bancos menores também
não teriam sobrevivido ao quarto trimestre de 2008 sem ajuda'.47 Assim, o Reino Unido, a Alemanha e a
França seguiram o exemplo de Paulson e montaram um programa de resgate de
dimensões. Os bancos que não receberam auxílios estatais explícitos dos governos europeus se
beneficiaram com os dos EUA. Foi o caso dos credores da AIG que
tinha obrigações seguradas de muitas instituições financeiras, incluindo
bancos, através do uso de credit default swaps (CDS), e mostrou-se incapaz de
atender aos seus apelos à medida que a crise avançava. Conforme observado pelo relatório da UE: 'Se
os EUA tivessem permitido a falência da AIG, não está claro como qualquer um dos bancos expostos à AIG
risco de contraparte teria se saído frente às perdas adicionais (bancos da UE
inclusive), a drenagem de seu capital e os efeitos indiretos da turbulência que se seguiria nos mercados
a que estavam expostos'.48 Os bancos dentro do sistema bancário paralelo repassavam suas dificuldades
aos clientes
bancos. Os países do Leste Europeu sofreram o “contágio do credor comum”.
Isso ocorre quando os bancos reduzem os empréstimos a um ou vários países, ou os fundos se retiram
dos mercados de títulos nacionais que não estavam inicialmente em dificuldade. Tal
a retirada desencadeia crises de crédito que afetam as empresas industriais e de serviços. Dentro
Em 2009, a negação da rolagem de crédito pelos principais bancos europeus para sistemas bancários
inteiros nos países bálticos os levou à recessão.
Desde 2010, a crise financeira "endógena" caracterizou o mercado europeu e
particularmente o sistema bancário continental. Dentro das condições institucionais mencionadas acima,
a UE e o BCE são responsáveis pelo segundo episódio de crise do sistema financeiro centrado no euro,
em vários aspectos.
Os grandes bancos europeus tinham desenvolvido carteiras de investimento em 2007 que
já continha tanto o ABS e o MBS dos EUA quanto a dívida pública europeia. Eles tinham
também fez grandes empréstimos a bancos irlandeses e espanhóis, permitindo que estes, por sua vez, fizessem
47 Relatório Liikanen, p. 6.
48 Relatório Liikanen, pp. 21-2.
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240
by Google Capítulo 9
empréstimos maciços a empresas e famílias durante a bolha da habitação e da construção. Na esteira da
crise de 2008, os bancos europeus mantiveram ativos de alto risco em seus
contas extrapatrimoniais e subprovisionadas para dívidas irrecuperáveis.49 Com a
Com exceção do Reino Unido, pouco ou nada foi feito para reduzir a opacidade da gestão dos grandes
bancos, apesar do apoio que os governos lhes davam.
Em seguida, eles receberam liberdade para escapar dos verdadeiros testes de estresse. Em outubro de
2009, um mês antes da ameaça de default grego ser conhecida, a Autoridade Bancária Europeia assegurou
aos investidores e governos que:
Caso as condições econômicas sejam mais adversas do que as atuais
esperado . . . o crédito potencial e perdas comerciais ao longo dos anos 2009-10
pode chegar a quase € 400 bilhões. No entanto, a situação financeira e
resultados esperados dos bancos são suficientes para manter um nível adequado de
capital também em tais circunstâncias negativas. . . Essa resiliência do
sistema bancário reflete o recente aumento nas previsões de lucros e, para
em grande medida, o importante apoio actualmente prestado pelo público
sector às instituições bancárias, nomeadamente através de injecções de capital e garantias
patrimoniais, o que aumentou as suas reservas de capital.50
No entanto, um ano e meio depois, em plena crise da 'dívida soberana', o relatório
sobre os novos testes afirmou que "no total, oito bancos dos 90 participantes
o exercício de teste de esforço EBA 2011 teve um rácio CT1 no cenário adverso
abaixo do valor de referência definido de 5%. . . medidas mitigadoras foram implementadas
para todos os bancos com um rácio de capital pós-stress inferior a 5% e considerado suficiente'.51
Dexia, Bankia, as maiores cajas espanholas que tiveram que ser salvas apenas um pouco mais tarde,
todos satisfizeram os benchmarks da EBA.52 No caso dos grandes bancos, notadamente os franceses, a
exposição à crise da dívida soberana veio da subprovisão de empréstimos
a bancos no sul da Europa, notadamente a Espanha, que detinham empréstimos corporativos irrecuperáveis,
pois o desemprego e os efeitos das políticas da Troika empurraram os países para a recessão.
Nos primeiros meses de 2010, o acesso aos mercados de capitais de dívida começou a fechar, como
em 2008, para todos, exceto os bancos europeus mais fortes. Em maio de 2010, os spreads dos CDS já
eram mais altos do que após o colapso do Lehman (subindo para níveis ainda mais altos
49 O Relatório de Estabilidade Financeira Global de setembro de 2011 do FMI enfatiza isso.
50 http://www.eba.europa.eu/risk-analysis-and-data/eu-wide-stress-testing/2009.
51 http://www.eba.europa.eu/risk-analysis-and-data/eu-wide-stress-testing/2011.
52 Analistas financeiros manifestaram grande ceticismo, tanto que a EBA teve que
novos testes apenas seis meses depois. Consulte www.ft.com/intl/cms/s/0/04993d2a-ef6f-11e0-941e
00144feab49a.html#axzz3HjjU5WXn.
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 241
níveis em 2011 e 2012). Os mais afetados foram os bancos de pequena e média dimensão, em Portugal,
Espanha e Itália. Na Grécia, todos os bancos perderam o acesso aos mercados de capitais. À medida que
a crise se desenvolvia, os investidores americanos, principalmente fundos de hedge, temendo
que os bancos europeus teriam que dar baixa em grande parte de seus
dívida, começaram a reduzir as suas exposições na Zona Euro. Na sua 'narrativa de crise', o relatório
Liikanen revela a dependência estrutural dos bancos europeus em
FMM dos EUA. No auge da crise em 2011, 'a maioria dos bancos europeus, perdeu seus
acesso ao financiamento dos EUA. A linha de swap do BCE com o Federal Reserve nos EUA
prestou socorro emergencial. . . Em setembro de 2011, os mercados de capitais de dívida
tanto na Europa quanto nos Estados Unidos foram fechados até mesmo para os bancos mais fortes e não
abririam pelo resto de 2011'.53 A edição de agosto de 2011 do Economist cita um gerente de fundos de
dinheiro dos EUA dizendo: ' é apenas mais fácil dizer aos clientes “não temos qualquer exposição à Europa”
do que tentar explicar as diferenças'. A investigação académica sobre as decisões dos FMM em 2011
documenta a forma como
que 'intermediários financeiros transmitem angústia entre empresas' (outras sociedades financeiras).54
A crise bancária e da dívida soberana de 2010-11 interrompeu a pouca integração financeira que havia
ocorrido. O relatório Liikanen expressa a sua preocupação com uma maior fragmentação. 'Houve um
declínio ou mesmo uma reversão
de alguns fluxos de crédito transfronteiriços; os bancos concentraram-se cada vez mais nos seus mercados
domésticos'.55 Em 2014, foi organizado um novo teste de esforço do BCE e exame do cumprimento das
regras de Basileia relativas ao capital próprio dos bancos (3 por cento). O BCE negociou uma nova extensão
com o BIS para a promulgação das regras
53 Relatório Liikanen, p. 10. O estudo da OCDE fornece mais detalhes: “Os fundos do mercado monetário dos EUA
(MMFs) têm sido grandes credores dos bancos da UE – financiando mais de US$ 650 bilhões dessa maneira.
À medida que as preocupações com a solvência aumentaram, elas encurtaram a maturidade dos empréstimos e
reduziram drasticamente as exposições. É por esta razão que os acordos coordenados de swap de dólar voltaram a
implementado pelos principais bancos centrais em setembro de 2011 e com mais força no início de
dezembro de 2011'. O estudo enfatiza 'a interconexão dos bancos norte-americanos com
Europa no caso de derivativos de CDS [que] sublinha como a crise da UE pode rapidamente
regressar aos Estados Unidos em caso de insolvência na Europa» (Blundell-Wignall 2012, p. 5 e p.
13).
54 Ver Chernenko e Sunderam 2012. Seus resultados demonstram , inter alia, que 'problemas
em algumas empresas, a obtenção de financiamento de um intermediário pode ser prejudicial para outras empresas
angariação de financiamento junto do mesmo intermediário, que os emitentes com capacidade creditícia
podem encontrar dificuldades de financiamento devido à assunção de risco pelos fundos a partir dos quais
obtêm financiamento e que a assunção de risco dos fundos do mercado monetário pode ter repercussões na
economia em geral».
55 Relatório Liikanen, p. 11.
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242 by Google Capítulo 9
e permitiu que os bancos buscassem o que é chamado de 'ponderação de risco de ativos'.56
Essa é a ponderação pelos próprios bancos dos riscos de suas diferentes formas
de exposição fora de equilíbrio. Como diz um estudo da OCDE: “a otimização de ativos ponderados pelo
risco tornou absurdas as regras de Basileia. . . Bancos sistemicamente importantes
estão autorizados a usar seus próprios modelos internos e derivados para alterar o próprio
características de risco dos ativos aos quais se aplicam as regras de ponderação de capital'.
A recomendação do relatório Liikanen para uma abordagem mais rigorosa não foi seguida. Os resultados
são, na linguagem da economia convencional, a assunção de riscos excessivos, a má alocação de
recursos públicos ao setor bancário e a distorção da concorrência. No entanto, a Comissão Europeia, tão
empenhada em garantir 'campos de jogo nivelados', renuncia a isso no que diz respeito aos grandes
bancos.
3.4 A Grécia como experiência política e social in vivo
A apresentação na mídia dos dois empréstimos sucessivos feitos à Grécia em
2010 e 2012 é que visavam principalmente manter a falência da Grécia
Estado à tona, mantendo suas operações básicas e pagando os salários de seus funcionários públicos
pagos em excesso. Na verdade, apenas 11 por cento do financiamento total foi usado para as
necessidades operacionais do Estado grego e a Grécia tem executado um
superávit orçamentário (ou seja, suas receitas excederam as despesas) desde 2013. Os empréstimos
foram concedidos a bancos gregos e credores estrangeiros, principalmente bancos franceses e alemães.
Mais de 80 por cento dos fundos de resgate foram usados para socorrer, direta ou indiretamente, o setor
financeiro (grego e estrangeiro) e não o Estado grego.58 Um mecanismo central tem sido o dos
empréstimos do BCE a bancos gregos em taxas de juros baixas seguidas de empréstimos por estes ao
governo grego a taxas muito mais altas. Os títulos do tesouro grego foram alvo de
intensa especulação na forma de 'compras nuas de CDS', em que
corporações (geralmente fundos de hedge) fazem seguro em títulos sem realmente possuí-los na
expectativa de que seu preço caia rapidamente, deixando
eles os recompram por um preço mais baixo.59
56 'Os reguladores pegam leve com os bancos sobrecarregados da Europa', The Economist, 18 de janeiro de 2014.
57 Blundell-Wignall 2007, p. 3.
58 Fazi 2015.
59 Em novembro de 2012, medidas regulatórias foram adotadas pela UE. A Thomson Reuters
Business Law Currents Report caracterizou-os da seguinte forma: «Os novos regulamentos europeus de
vendas a descoberto estão a vestir os vendedores a descoberto nus com uma camisa-de-força regulamentar, mas
disposições inadequadas podem deixar os investidores com pele no jogo. Os regulamentos
deveriam conter a venda a descoberto e fornecer transparência sobre aqueles que negociam contra
dívida soberana europeia. No entanto, com as lacunas entre os métodos de venda a descoberto
e alternativas surgindo em futuros negociados em bolsa e formas sintéticas, os buracos já estão
Contágio financeiro global e crise sistêmica em 2008 243
Paralelamente, na sequência da ativação do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM) e do Fundo
Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), a maior parte da dívida pública grega foi transferida do setor
privado para o setor público, com outros governos da Zona Euro agora a deter cerca de 65 por cento da
Grécia
dívida, com outros 20% nas mãos do BCE e do FMI. Dois sucessivos
programas de austeridade punitivos foram impostos à Grécia, levando a uma queda do PIB de quase
25% desde 2010, um aumento do desemprego a um nível nunca visto desde a década de 1930 e o
empobrecimento de grande parte da população grega.60
A narrativa oficial é que a intensa austeridade imposta à população grega é inevitável e no final dará
frutos. Um inquérito totalmente independente
para a dívida da Grécia está agora em curso. Vai desafiar a legitimidade desta dívida examinando sua
origem, crescimento e consequências.61
3.5 Vulnerabilidades não resolvidas do Banco Europeu
O início de 2016 assistiu a um maior desenvolvimento das sérias dificuldades dos bancos europeus.62
Um dos fatores é comum aos bancos em toda a OCDE, nomeadamente a "crise de juros zero" sobre os
seus lucros devido a taxas de juro zero ou negativas . Mas outros são específicos da Europa. Eles
confirmam antes
dúvidas sobre a veracidade das informações fornecidas durante os testes de estresse e
esclarecer as consequências da divisão de responsabilidades entre o BCE e
autoridades políticas da UE. A situação mais crítica é a dos bancos italianos.
Eles foram resilientes à primeira onda da crise financeira em 2008, devido à sua
baixa exposição a títulos de alto risco dos EUA e ao fato de que, ao contrário da Espanha
e na Irlanda, não havia bolha imobiliária para estourar. Mas quando a crise financeira se transformou em
dívida soberana do euro e crise bancária, sua situação começou
para se deteriorar. Os bancos italianos estão sobrecarregados com cerca de 360 bilhões de euros de
empréstimos ruins, o equivalente a um quinto do PIB do país. Coletivamente, eles provisionaram apenas
45% desse valor. Na maioria dos países, os títulos bancários são
detidos por grandes investidores institucionais, mas em Itália cerca de 200 mil milhões de euros em obrigações bancárias
ficando aparente'. http://blogs.reuters.com/financial-regulatory-forum/2012/12/04/
europas-nu-short-selling-ban-folhas-investidores-com-pele-no-jogo/.
60 Ver inter alia: 'Crise da saúde da Grécia: da austeridade ao negacionismo', The Lancet, 22 de fevereiro
2014 http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(13)62291-6/
abstrato.
61 Comitê da Verdade sobre a Dívida Pública Grega (Comitê da Verdade da Dívida), Relatório Preliminar,
Maio de 2016 http://cadtm.org/Preliminary-Report-of-the-Truth.
62 'Uma tempestade de medo: os bancos europeus estão no olho de uma nova tempestade financeira', The Economist,
12 de fevereiro de 2016.
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244 Capítulo 9
são detidos por pequenos investidores.63 Eles colocaram as economias de uma vida inteira em
esta forma de capital fictício. Para eles, a implementação do recente
regras de 'bail-in' escritas para investidores institucionais acabariam com suas economias.
As ações dos maiores bancos da Itália caíram pela metade desde abril de 2016, uma venda que se
intensificou após a votação do Brexit. A maior questão imediata é a solvência do Monte dei Paschi di
Siena. De acordo com a Bloomberg, os swaps de inadimplência dos títulos de baixo grau do banco
sofrem uma probabilidade de inadimplência de 63% em cinco anos. Os títulos mais arriscados do
UniCredit e do Intesa Sanpaolo, os dois maiores credores da Itália, também caíram.
Vários grandes bancos universais relataram o fraco desempenho de seus
operações do banco de investimento. Isto é particularmente verdadeiro para o Deutsche Bank. Um
novo título de nome bizarro apareceu na imprensa financeira diária.64 Para
para atender aos requisitos de capital, em caso de prejuízo, exigidos pela Basileia III
acordo, os bancos emitiram desde 2013 um novo título com o nome de títulos conversíveis
contingentes (CoCos).65 Eles pagam um cupom fixo, mas convertem em
patrimônio líquido ou pode ser baixado quando as perdas forçam o capital de um banco abaixo de um
certo limite. Eles também permitem que o emissor perca os pagamentos do cupom. CoCos foram
comprados por investidores individuais e bancos privados na Ásia e Europa, EUA
investidores institucionais à procura de novos instrumentos de investimento e instituições financeiras
não bancárias europeias. Os CoCos são a dívida mais arriscada emitida pelos bancos,
com apenas um quarto do mercado da zona do euro avaliado como grau de investimento pela agência
de classificação Fitch em 2015. Consequentemente, os rendimentos são de 6 a 7%. No início de 2016,
o título de coco de € 1,75 bilhão do Deutsche Bank estava sendo negociado abaixo de 75 centavos de
euro, seu nível mais baixo, uma queda de 19% no preço ao longo de um ano. Títulos semelhantes
emitidos pela Unicredit e pelo banco espanhol Santander estavam se saindo apenas um pouco melhor. o
perspectiva de novas crises bancárias na Europa é apenas uma dimensão da situação
do sistema financeiro mundial, ao qual nos voltaremos no próximo capítulo.
63 http://bruegel.org/2016/01/bad-banks-and-rude-awakenings-italian-banks-at-a-cross
estradas/.
64 www.theguardian.com/business/2016/feb/10/market-turmoil-what-are-cocos-banks
títulos.
65 Para uma análise completa, consulte o documento da equipe do BIS: Avdjiev et al. 2013.
Capítulo 10
Instabilidade Financeira Endêmica Global
O resultado de uma situação em que a taxa de lucro é muito baixa e as oportunidades de investimento
insuficientes para a acumulação decolar novamente é tanto
das receitas da exploração implacável dos trabalhadores e dos agricultores pobres por empresas não
financeiras em todo o mundo não são reinvestidos. Em vez disso, eles servem
aumentar a massa de capital monetário que busca obter lucros por meio de investimentos financeiros.
Ao mesmo tempo, a dívida do governo aumenta a oferta de títulos financeiros, enquanto a austeridade
do governo e as políticas trabalhistas pró-empregador impõem barreiras cada vez maiores à realização
da massa de mais-valia produzida e à conclusão do ciclo de acumulação completo. o
O resultado é a desaceleração ano a ano do crescimento do PIB mundial, principal indicador
econômico da capital. No entanto, instituições como seguros de vida e, mais significativamente, fundos
de pensão aumentam constantemente a massa de dinheiro em busca de valorização. Há, portanto, um
excesso de capital sob a forma de capital monetário centralizado em fundos mútuos e hedge funds,
apostados na valorização através da
detenção e comercialização de capital fictício na forma de ativos cada vez mais distantes dos processos
de produção de mais-valia. Os lucros financeiros são cada vez mais difíceis de obter. A forte
concorrência ocorre em torno de comissões e taxas semelhantes a juros, principalmente em fusões e
aquisições. Nos mercados financeiros, cada banco ou gestor de fundos procura ganhar uma fração
diminuta de mais-valia às custas dos outros, movendo-se contínua e rapidamente de um tipo de
ativo para outro. Os resultados são a intensidade inabalável e uma diversidade de negociação de
ativos e instabilidade financeira global endêmica. Estes são agravados quando a flexibilização
quantitativa, incluindo a compra do banco central não só
de títulos do governo, mas também de títulos privados de risco, torna-se o principal
instrumento de política econômica.
A observação do Bank of International Settlements (BIS) sobre a
A “desconexão intrigante entre o dinamismo dos mercados financeiros e os desenvolvimentos
econômicos subjacentes globalmente”1 foi citado na introdução. Os Relatórios Anuais do BIS não têm
título, mas seu último Trimestral de março de 2016 é: 'Inquieto
Calma Rendimentos à Turbulência'. Estabilidade Financeira Global anual do FMI
Todos os relatórios têm um título. A edição de abril de 2012 trazia uma muito vaga, 'The Quest for
Lasting Stability', e a edição de abril de 2013, 'Old Risks, New Challenges'.
Em outubro de 2014, o título era preciso e redigido quase como um slogan: 'Moving
1 BIS 2014, p. 1.
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246 by Google Capítulo 10
de Mercados Orientados à Liquidez para Mercados Orientados ao Crescimento'. O tema escolhido pelo
FMI foram os efeitos perversos e os perigos das contínuas injeções maciças de
dinheiro pelo Fed e outros bancos centrais através de flexibilização quantitativa e 'políticas monetárias não
convencionais' e também a dificuldade de acabar com elas: 'Nas economias avançadas, os mercados
financeiros continuam a ser apoiados
pela acomodação monetária extraordinária e condições de liquidez fáceis',
sem contribuir para 'um ambiente de crescimento auto-sustentado, marcado
pelo aumento do investimento empresarial e pelo crescimento do emprego'.2 O relatório
focou na vulnerabilidade financeira de várias economias emergentes e nas atividades dos gestores de
fundos mútuos. Apesar de um novo título bastante vago,
'Navegando nos Desafios da Política Monetária e Gerenciando Riscos', a edição de abril de 2015
O GFSR expressou grande preocupação com o aumento dos riscos de estabilidade financeira global e
o fato de que 'esses riscos também estão se afastando dos bancos para a sombra
bancos, dos riscos de solvência aos riscos de liquidez do mercado e das economias avançadas aos
mercados emergentes'.3 O relatório de outubro de 2015 aborda essas questões, particularmente a dívida
corporativa não financeira dos mercados emergentes, ao mesmo tempo em que discute a situação chinesa
e suas possíveis repercussões após o crash da bolsa de valores de julho a agosto de 2015.
1 Os efeitos e potenciais retrocessos da flexibilização quantitativa
A flexibilização quantitativa e as medidas 'não convencionais' do banco central tiveram
praticamente nenhum impacto no crescimento. Eles simplesmente confortaram o que é chamado de
'apetite de risco' do investidor, por exemplo, a busca por investimentos especulativos de alto risco.
O BIS e o FMI registram que, a partir de 2013, esse apetite voltou a ser muito 'robusto'.4 Nas bolsas de
valores, a relação preço/lucro ajustado ciclicamente
(Relação P/E de Shiller) é alta. O FMI considera que “mais aumentos de liquidez nos preços dos ativos
podem forçar a sobrevalorização e levar ao desenvolvimento de bolhas” nos mercados de ações. Foi o
que aconteceu em outubro de 2014 e novamente em
na primavera de 2015. A flexibilização quantitativa permitiu que as corporações financeiras dos EUA,
2 FMI 2014, p. 1. Os relatórios do FMI contêm comentários sobre a situação no Japão, mas aqui, como
nos Capítulos 7 e 8, o foco está no sistema financeiro americano e europeu.
3 FMI 2015a, p. 1.
4 Conforme definido pelo Institute for International Finance, 'apetite ao risco é a quantidade e o tipo de
risco que uma empresa é capaz e está disposta a aceitar na busca de seus objetivos de negócios. Risco
apetite neste sentido está ligado, mas conceitualmente separado da “capacidade de risco”, que é a
quantidade máxima de risco que uma empresa é tecnicamente capaz de assumir dada sua base de
capital, liquidez, capacidade de empréstimo e restrições regulatórias' (Institute for International Finance 2009).
Instabilidade Financeira Endêmica Global 247
'incluindo aqueles classificados como especulativos, para refinanciar e recapitalizar em ritmo acelerado'.
Os bancos são conhecidos por terem reconstruído seu capital (principalmente por meio de lucros
acumulados). No entanto, apesar de uma melhoria na rentabilidade agregada, 'muitos
os bancos enfrentam fragilidades persistentes em seus balanços devido à exposição direta a mutuários
superendividados e, de maneira mais geral, ao arrasto da dívida pendente sobre a economia
recuperação'. No caso europeu, tem-se falado muito do programa de flexibilização quantitativa de março
de 2015 do BCE. Supõe-se que apóie a recuperação cíclica na zona do euro, mas não há garantia de que
mais crédito chegue às médias e pequenas empresas ou que a demanda seja suficientemente forte para
incentivá-las a investir novamente. Os bancos estão aproveitando a oportunidade para fortalecer seus
balanços. Ao contrário das afirmações oficiais do governo e da mídia, o GFSR de outubro de 2015 observa
que 'os bancos da área do euro estão lutando para gerar
lucros sustentáveis, em parte por causa de suas altas taxas de empréstimos inadimplentes'.5
O maior desafio em relação a um aumento, mais cedo ou mais tarde, da taxa de juros dos Fed funds diz
respeito ao comportamento dos investidores em economias emergentes, tanto por mútuos norte-americanos
fundos e fundos de hedge, e por governos e corporações de países emergentes. É discutido mais adiante
neste capítulo.
2 A Muito Longa Queda Contínua das Taxas de Juros e o Crescimento da Dívida
O Relatório Anual do BIS 2015-16 foca no movimento das taxas de juros globais desde 1986.6 Ele enfatiza
que elas nunca estiveram tão baixas por tanto tempo tanto em termos nominais quanto reais (ajustados
pela inflação) e em relação a qualquer referência:
Entre dezembro de 2014 e final de maio de 2015, em média, cerca de US$ 2 trilhões
na dívida soberana global de longo prazo, grande parte dela emitida por soberanos da área do
euro, estava sendo negociada com rendimentos negativos . As taxas de juros são ainda mais
baixas do que no pico da Grande Crise Financeira (2008-2009) tanto em termos nominais quanto reais
termos. E, em termos reais, eles agora estão negativos há ainda mais tempo
do que durante a Grande Inflação dos anos 1970. No entanto, por mais excepcional que essa
situação possa ser, muitos esperam que ela continue.7
Taxas de juros muito baixas por um longo período criam problemas para fundos proibidos
de fazer investimentos de alto risco. É o caso das médias europeias
5 FMI 2015b, p. 17.
6 BIS 2015, p. 8.
7 BIS, 2015, pág. 7.
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248 Capítulo 10
seguradoras de vida. Estima-se que quase um quarto das seguradoras pode não conseguir cumprir seus
requisitos de capital de solvência no futuro, se as baixas taxas de juros persistirem. Com uma carteira
de 4,4 trilhões de dólares em ativos na União Europeia nas mãos de seguradoras de vida,8 seguradoras
fracas criam uma fonte de risco potencial à medida que migram para novas estratégias de investimento
e cada vez mais se desfazem
riscos para seus clientes'.9 Os fundos de pensão também responderam ao declínio dos retornos dos
ativos aumentando sua exposição aos 'chamados investimentos alternativos'. Estes incluem imóveis,
fundos de hedge, private equity e commodities.
As estimativas da indústria revelam que a participação desses investimentos em fundos de pensão
carteiras de ativos aumentou – de 5% em 2001 para 15% em 2007 e 25% em 2014 – refletido por uma
queda de 20 pontos percentuais na participação acionária'.10
Dada a sua longa trajetória, a queda das taxas de juros não é apenas resultado da
flexibilização quantitativa. De acordo com o BIS, “as taxas de juros de mercado são determinadas pela
interação das decisões dos bancos centrais e dos participantes do mercado”. Estes últimos “refletem
muitos fatores, incluindo apetite ao risco, opiniões sobre investimentos lucrativos, restrições regulatórias
e contábeis e, é claro, expectativas sobre o que os bancos centrais farão”. A referência a investimentos
rentáveis é
o BIS mais próximo chega à relação entre as taxas de juros e o ritmo de produção e acumulação. E o
mais próximo que chega de explicar como o
A longa queda das taxas de mercado pode ser devido ao excesso de capital quando observa: 'as taxas
de juros estão baixas hoje, pelo menos em parte, porque eram muito baixas no passado. Taxas baixas
geram taxas ainda mais baixas. Nesse sentido, as taxas baixas se autovalidam'.11 O certo é que
alimentam o endividamento. Eles fizeram isso a partir de 2003, no período que antecedeu a crise
financeira. O movimento mostrado no Gráfico 1.2 do
relatório do BIS12 é que durante o período 2008-14, enquanto as taxas de juros passaram de
2% a zero por cento, governo global e dívida não financeira privada
subiu de cerca de 230% para cerca de 260% do PIB global. O BIS vê
baixas taxas de juros como 'o sintoma mais notável de um mal-estar mais amplo na
a economia global: a expansão econômica é desequilibrada, os encargos da dívida e
os riscos financeiros ainda são muito altos, o crescimento da produtividade muito baixo e o espaço para
manobra na política macroeconômica muito limitada'.13
Embora a dívida do governo tenha aumentado em vários países, por exemplo, EUA e Reino Unido,
a maioria dos estados membros da zona do euro e muitos países classificados como
8 FMI 2015, p. 24.
9 BIS 2015, pág. 101.
10
BIS 2015, pág. 116.
11 BIS 2015, pág. 17.
12 BIS 2015, pág. 8.
13 BIS 2015, pág. 1.
Instabilidade Financeira Endêmica Global 249
nos países em desenvolvimento, o crescimento da dívida privada não financeira tem sido particularmente
rápido nos países emergentes.
3 Sociedades financeiras não bancárias e contágio sistêmico
Riscos hoje
Em 2008, as autoridades financeiras não tinham teoria de risco e contágio em um sistema que lida com
capital fictício uma ou várias vezes removido – MBS,
derivados, e até mesmo um derivado de MBS. O trabalho da equipe do banco federal dos EUA começou
com a autópsia da falência do Lehman. Desde então, muitos trabalhos foram encomendados. É
peneirado e sintetizado pelo FMI no GFSR de outubro de 2015, que identifica três formas de liquidez e
estuda o 'contágio' como transbordamentos de um mercado para outros. As formas de liquidez
identificadas são de mercado
liquidez, nomeadamente «a capacidade de executar rapidamente transacções de valores mobiliários
consideráveis a baixo custo e com um impacto limitado nos preços»; liquidez de financiamento, que é a
capacidade dos participantes do mercado de obter financiamento em condições aceitáveis e
liquidez monetária (conforme utilizado em relação aos agregados monetários).14 Dada a
lugar que os fundos de muitas variedades (fundos de hedge alavancados, fundos de
fundos mútuos e fundos negociados em bolsa) oferecendo ou buscando liquidez
ocupam em um sistema dominado pela securitização, o primeiro é de longe o mais importante. 'Dois
aspectos da liquidez do mercado devem ser considerados: seu nível e
sua resiliência. Baixos níveis de liquidez podem prever baixa resistência a choques. Mas
medidas do nível em tempos normais podem ser insuficientes para avaliar o risco
que um choque produzirá se a liquidez “congelar”. Uma característica bem conhecida de
liquidez do mercado é que ela pode desaparecer subitamente durante períodos de
estresse, fazendo com que os preços dos ativos reajam fortemente a eventos inesperados'. Agora
quanto ao contágio:
A falta de liquidez do mercado e o estresse financeiro associado podem se espalhar para outros
classes de ativos. Choques de liquidez podem se propagar para outros ativos, incluindo aqueles
com fundamentos não relacionados, por diversos motivos. Essas razões incluem a necessidade
dos participantes do mercado de marcar a mercado e reequilibrar
carteiras, o que pode afetar sua capacidade de negociar e manter outros ativos.
A propagação de choques de liquidez (conhecidos como spillovers de liquidez) pode ser
amplificada quando os participantes do mercado estão altamente alavancados. Além disso,
quando os fundamentos dos ativos estão correlacionados, os transbordamentos podem ser
maiores: os investidores podem perceber uma correção acentuada de preços em certos ativos como
14 FMI 2015b, p. 53.
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250 by Google Capítulo 10
informações sobre as avaliações de seus próprios títulos. Como resultado, eles
pode iniciar vendas incendiárias e congelar a liquidez.15
A avaliação do FMI e do BIS – ou seja, que o risco passou dos bancos para os fundos – deve ser lida à
luz dessas considerações. O FMI
observa a forma como 'os riscos têm sido desviados dos bancos para
bancos-sombra',16 mais precisamente à componente não bancária do sistema bancário-sombra. Houve
algumas medidas de regulação bancária, e os constrangimentos de um regresso à especialização
levaram, de facto, a uma certa separação
banco comercial e de investimento, mas permanecem ativos sem valor no
balanços dos bancos da zona euro em particular. Esses bancos não estão emprestando para pequenas
e médias empresas e não estão emprestando massivamente nos mercados monetários como fizeram
em 2007–8 e novamente em 2010. Fundos mútuos e
fundos de hedge tomaram seu lugar. 'A intermediação baseada no mercado preencheu
a lacuna deixada por bancos tensos; o setor de gestão de ativos cresceu rapidamente. Mesmo quando
os gestores de ativos operam com baixa alavancagem, seus mandatos de investimento podem dar
origem a um comportamento semelhante à alavancagem que amplifica e propaga o estresse financeiro'.
mas as mudanças na estrutura do mercado podem exacerbar a iliquidez em tempos de estresse'. Aponta
para a deterioração
padrões de subscrição 'com empréstimos de convênios leves agora representando dois terços das
novas emissões de empréstimos alavancados'; a 'taxa quase recorde de emissão de outros tipos de
empréstimos de padrão mais baixo, como empréstimos de segunda garantia' e o aumento das aquisições
alavancadas em fusões e aquisições. três anos é mais que o dobro do valor registrado nos três anos
anteriores à última desaceleração (a de 2007-8)'. Conforme medido pelo aumento
rácios de dívida líquida para ativos, a alavancagem cresceu: 'uma combinação de estoques de
revendedores mais baixos, avaliações de ativos elevadas, investidores propensos a fuga e estruturas de
liquidez vulneráveis aumentaram a sensibilidade dos principais mercados de renda fixa para aumentar
os riscos de mercado e liquidez'.19 O crescente papel nos mercados de títulos de fundos mútuos que
oferecem resgates diários para investidores de varejo, juntamente com
sinais de aumento de manada e concentração entre os participantes do mercado, tornou a liquidez do
mercado mais vulnerável a mudanças rápidas no sentimento.
15 FMI 2015b, p. 56.
16 FMI 2015a, p. ix.
17 BIS 2015, pág. 101.
18 FMI 2015a, p. 31.
19 FMI 2015a, p. 26.
Instabilidade Financeira Endêmica Global 251
Os 500 principais gestores de fundos mundiais são estimados pelo FMI como líderes
de cerca de US$ 76 trilhões em ativos (100% do PIB mundial e 25% dos ativos financeiros globais). Eles
incluem fundos mútuos autônomos e grandes fundos de hedge, mas também ainda as afiliadas de alto
risco de algumas empresas globais sistemicamente.
bancos importantes (G-SIBs). A consequência de uma enorme quantidade de ativos sendo administrados
por um pequeno número de investidores institucionais em forte competição entre si é que mudanças no
consenso dos operadores de mercado sobre as taxas de juros ou as perspectivas da economia global
podem enviar ondas de choque
mercados à medida que os investidores entram ou saem globalmente de determinados mercados de
ações, títulos ou moedas. As decisões tomadas por um único grande gestor de ativos podem potencialmente
desencadear fluxos de fundos com repercussões significativas em todo o sistema. Compreensivelmente,
o Conselho de Estabilidade Financeira publicou uma proposta sobre como identificar instituições
financeiras globais não-bancárias e não-seguradoras sistemicamente importantes. Depois dos grandes
bancos e das grandes seguradoras, os grandes fundos exigem vigilância.20
Nos últimos anos, as atividades de criação de mercado dos bancos caíram, e eles
atribua isso ao aperto da regulamentação. Redução das atividades de criação de mercado
por instituições que possuem a experiência necessária e o poder financeiro significam
que 'mais investidores estão agora seguindo benchmarks'. O FMI manifestou-se
repetidas preocupações sobre um possível 'excesso de alavancagem nas posições de derivativos de
vários fundos de investimento':21
Com menor liquidez, menos criação de mercado e mais benchmarking, ativos
é mais provável que os preços sejam impulsionados por choques comuns, particularmente em
frequências mais altas, do que por seus respectivos fundamentos idiossincráticos.
Tanto a queda na liquidez do mercado quanto o crescente uso de derivativos
estão associados a correlações de preços de ativos mais altas nos últimos cinco anos.
Isso é particularmente evidente durante períodos de estresse, quando a liquidez do fluxo
reverte e a volatilidade aumenta.22
Tudo isso é agravado pelo uso cada vez mais extensivo da tecnologia de negociação:
Títulos do Tesouro e Futuros do Tesouro são negociados quase exclusivamente em plataformas
eletrônicas, que permitem que traders algorítmicos e de alta frequência
capturar uma fatia de mercado em expansão. A negociação de alta frequência é estimada
para responder por pelo menos 50 por cento dos volumes do mercado à vista e 60 a
20 A proposta é feita em cooperação com a Organização Internacional de Valores Mobiliários
Comissões e está disponível no site do Financial Stability Board.
21 FMI 2015b, p. 23.
22 FMI 2015a, p. 35.
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252 by Google Capítulo 10
70 por cento das negociações de futuros. Mesmo os criadores de mercado tradicionais adotaram
cada vez mais estratégias de negociação algorítmica. Participantes do mercado
relatam que a provisão de liquidez tornou-se mais dependente de funções de reação programada
e menos de relacionamentos baseados em clientes. Em um
ambiente de negociação mais anônimo, de curto prazo e orientado para o lucro, menos
os participantes disponibilizam seus pools de liquidez em condições de risco para ajudar a
estabilizar o mercado.23
O crescimento das plataformas de negociação eletrónica deverá ter, em princípio, reduzido os
custos de pesquisa. Mas as implicações do avanço associado da
negociações automatizadas (negociação algorítmica) não são claras. Eles são potencialmente
adversa se tal negociação for usada principalmente para exigir liquidez imediata ou os algoritmos
forem mal projetados. Possivelmente, eles podem ter aumentado
a probabilidade e gravidade de grandes deslocamentos de mercado.24
O pastoreio de fundos mútuos25 dentro e fora de determinados mercados é especialmente perturbador
no caso de mercados de economias emergentes. «Se os fundos exacerbarem a volatilidade dos
fluxos de capitais para dentro e para fora dos mercados emergentes ou aumentar a probabilidade de
contágio, consequências significativas serão suportadas pelas economias receptoras'.26
4 O potencial para turbulência financeira em países emergentes
Esse potencial decorre do comportamento dos investidores tanto de fundos mútuos, fundos de hedge e
gestores de ativos dos EUA, quanto de governos e corporações de países emergentes. Os fundos dos
EUA deram um grande espaço aos títulos dos países emergentes em suas carteiras e estes últimos
tomaram empréstimos pesados. Na busca por investimentos
explorando canais onde a apropriação de mais-valia ainda estava em expansão,
a partir de 2010, voltaram-se para os países emergentes. Liquidez concomitantemente fácil
condições tornaram as políticas monetária e fiscal ainda mais frouxas do que antes, com
o resultado de que 'os balanços públicos e privados tornaram-se mais alavancados e, portanto, mais
sensíveis a mudanças nas condições internas e externas'.27
O risco foi acentuado pela queda dos preços das commodities, notadamente do petróleo, que
23 FMI 2015a, p. 33.
24 FMI 2015b, p. 56.
25 O termo 'fundos' não significa apenas 'fundos mútuos', que é um termo frequentemente aplicado a
fundos mútuos do mercado monetário nos EUA, mas inclui fundos de hedge e também pode incluir
fundos de investimento/administradores de ativos.
26 FMI 2015a, p. 95.
27 FMI 2014, p. 22.
Instabilidade Financeira Endêmica Global 253
afetou países já vulneráveis. No caso dos países emergentes, os 'spillovers' ocorrem por meio de ligações
comerciais, financeiras e de preços de commodities.
As ligações financeiras incluem empréstimos bancários transfronteiriços, dívida de carteira e exposições
de capital de carteira. O FMI lista choques de contágio financeiro (via mercados de ações, títulos e
dinheiro), choques de dívida corporativa (afetando a solidez dos bancos) e choques de commodities
(afetando exportadores líquidos de commodities).
O 'contágio do credor comum' da década de 1990,28designado como 'commovimento'
e 'contágio de fator comum único', está de volta em uma escala muito, muito maior nos mercados de
títulos do governo. A 'disrupção do mercado global de ativos em 2015' do FMI
cenário' vê o contágio financeiro por meio de saídas de carteira de mercados emergentes como um
importante canal de transmissão. Em 2013, um exemplo claro de como isso poderia ocorrer, e o impacto
potencial no Brasil, Argentina e Turquia, principalmente, foi dado pela mera menção de que o Fed pode
começar a acabar com o afrouxamento quantitativo e aumentar um pouco suas taxas. O choque começou
em maio de 2013. Os mercados globais 'foram mergulhados em turbulência' pelo anúncio do Fed de seus
planos de reduzir suas compras de títulos do governo, uma forma de flexibilização quantitativa. Os
rendimentos do Tesouro dos EUA subiram acentuadamente, as taxas globais e a volatilidade aumentaram
e os mercados financeiros e moedas das economias emergentes ficaram sob forte pressão à medida que
os investidores voltaram para os EUA.29 Por razões discutidas
nos capítulos anteriores, a crise mundial não atingiu inicialmente esses países. Assim, seus títulos, mas
também seus mercados de ações, pareciam representar boas oportunidades para explorar a mais-valia ali
produzida. Fluxos brutos de capital para emergentes
os mercados cresceram cinco vezes desde o início dos anos 2000 e o componente mais volátil, os fluxos
de carteira em oposição ao IDE, tornou-se particularmente importante. Conforme discutido no Capítulo 7
sobre a detenção de dívida pública, a forma de investimento de carteira em mercados emergentes mudou.
Os investidores estrangeiros compram dívida em moeda local nos mercados domésticos, desempenhando
um papel dominante em alguns, como
em São Paulo.30 Observa-se que os rendimentos dos títulos de mercados emergentes co-movem,
especialmente durante episódios de estresse sob um 'fator comum único' dominante altamente
correlacionado com a taxa do Tesouro dos EUA de 10 anos. A relação tornou-se mais forte desde 2013, o
que implica que a tarifa dos EUA desempenha um papel fundamental no canal de transmissão. A
sensibilidade do rendimento dos títulos de cada país ao fator comum depende em parte da participação
da propriedade estrangeira nos títulos do governo local
mercados, mas os fundamentos domésticos também têm influência. 'Macroeconômico
28 Ver acima Capítulo 9, seção 2.1.
29 Para um relato da crise de 2013, ver FMI 2014, pp. 22–3.
30 A capacidade de passar da emissão de dívida externa em moeda forte para dívida interna em moeda
local é conhecida como a superação do 'pecado original' da baixa confiabilidade associada à
segunda crise da dívida mexicana e as crises das economias mais fracas do Sudeste Asiático.
Machine Translated
254 by Google Capítulo 10 Instabilidade Financeira Endêmica Global 255

os desequilíbrios aumentaram. . .enquanto o aumento da participação de estrangeiros
investidores nos mercados de títulos domésticos expõe algumas economias a um
fonte de volatilidade do mercado e pressão sobre os fluxos de capitais». No caso de indicadores
macroeconômicos ruins ou de choques em outras economias com impacto nos preços dos ativos,
Turquia, Argentina, Brasil e alguns países do Sudeste Asiático
correm o risco de ver os gestores de ativos procurarem proteger as exposições assumindo posições
A intensidade das transações financeiras, a diversidade de ativos negociados, os potenciais
canais de contágio financeiro e as expressões de instabilidade financeira global endêmica são
impressionantes. A questão que levantam diz respeito à sua relação atual com a produção e o
comércio e sua capacidade de desencadear um
nova crise na "economia real", como é chamada. Uma explicação provisória é dada na conclusão, à
qual nos voltamos agora.

em mercados mais líquidos. Foi o que ocorreu em janeiro-fevereiro de 2014, quando vários países
sofreram um segundo surto de crise financeira, notadamente aqueles
onde a dívida do governo havia aumentado em paralelo com o endividamento do setor privado.
A dívida corporativa das economias de mercado emergentes aumentou significativamente durante
a década passada. O de empresas não financeiras nas principais economias de mercados
emergentes aumentou de cerca de US$ 4 trilhões em 2004 para bem mais de US$ 18 trilhões em 2014.

O rácio médio da dívida corporativa dos mercados emergentes em relação ao PIB também cresceu
26 pontos percentuais no mesmo período, mas com diferenças notáveis entre
31 O FMI aborda possíveis níveis insustentáveis de alavancagem da dívida por parte das empresas,
lembrando que muitas crises financeiras em mercados emergentes (México e Tailândia notadamente)
foram precedidas por um rápido crescimento da alavancagem. Ele cita 'o impressionante aumento da
alavancagem no setor de construção é mais notável na China e na América Latina. Este aumento
está relacionado com as preocupações expressas nos últimos anos sobre a conexão entre as
condições financeiras globais, fluxos de capital,
e evolução dos preços imobiliários em alguns mercados emergentes'.32 'A alavancagem
cresceu mais em setores mais cíclicos, e cresceu mais na construção. . .[isto]
também tem sido associado, em média, a exposições cambiais crescentes'.33
A gama completa de efeitos negativos sobre o comércio, finanças e preços de commodities
e as ligações entre eles estão funcionando em países exportadores de commodities. Eles incluem a
perda de receitas críticas do governo (Venezuela, Nigéria e Argélia); tensões na capacidade de
pagamento da dívida privada para empresas de petróleo e gás (Argentina, Brasil, África do Sul e
Nigéria); exposição desses países ao aumento da volatilidade cambial global; e para os países
produtores de petróleo à queda inesperadamente rápida e acentuada dos preços mundiais do
petróleo.34

31 FMI 2015b, p. 82.

32 Em conjunto com isso, a dívida das famílias no Brasil, Cingapura, Tailândia e Turquia
aumentou mais de 40% desde 2008 (FMI 2015a, p. 97).
33 FMI 2015b, p. 87.
34 FMI 2015a, p. ix.
Machine Translated by Google
Conclusão
Este livro procurou oferecer uma interpretação do funcionamento atual da
capitalismo global, o significado do termo financeirização e o curso da
a crise econômica mundial. Fiz isso com a ajuda de duas noções inter-relacionadas, capital
financeiro e capital financeiro ou finanças qua finanças, procurando introduzir uma perspectiva
histórica sempre que possível. Ao enfatizar a força extraordinária e os novos padrões de
exploração global por parte das transnacionais,
os pilares da produção de mais-valia e apropriação predatória, tenho
procurou analisar as operações e o crescimento espetacular de
capital – capital como mercadoria – em sua organização e
formas institucionais. Fiz isso abordando o que chamo de acumulação financeira por meio de
uma recordação de eventos que se estendem por mais de 70 anos. Financeiro
a acumulação trouxe consigo a formação de capital fictício em escala massiva e em novas
formas. Fortaleceu de maneira inédita a pretensão de juros à autonomia. Os dados foram
retirados do FMI,
BIS, UNCTAD e OCDE, bem como de relatórios de bancos centrais. As análises de alguns
documentos de equipe parcialmente críticos dessas organizações têm sido de grande ajuda.
Tentei escrever o livro de modo que o leitor encontre uma perspectiva histórica sobre a situação
atual, excertos apropriados do Capital e das obras de outros grandes marxistas clássicos que
possam incentivá-lo a fazer mais leituras, e uma introdução ao dados de fontes oficiais que não
sejam as contas nacionais.
As Dificuldades Institucionais de Fazer Pesquisa Econômica Marxista
Enquanto escrevia, tornei-me ainda mais consciente da pressão exercida sobre a pesquisa marxista
em economia através do ensino, publicação e recrutamento acadêmico. Além de eliminá-lo
completamente da academia, essa pressão limita o marxismo aplicado à economia da
sociedade basicamente a questões passíveis de investigação macroeconômica principal. Há
também o envelhecimento das pessoas
ativamente engajados na economia marxista, como visto na maioria das questões discutidas
em Limits to Capital , de Harvey, tomadas tanto como um marco quanto uma referência. O
número de departamentos universitários no mundo onde questões de pesquisa marxista são
aceitas para pesquisa de doutorado é muito pequeno e o número daqueles onde marxistas são
recrutados para o quadro de funcionários é ainda menor. Isso está ligado, é claro, a
a situação política geral da esquerda em um contexto em que muitos países estão passando
por uma mudança para a direita, mas também devido em muitos países a uma
Conclusão 257
estratégia bem estabelecida de eliminar o marxismo da academia.
A afirmação de que 'O Capital de Marx está de volta ao seu lugar, no centro do debate sobre o
marxismo e sua compra no mundo contemporâneo'2 é infelizmente
não é o caso da economia. Na Europa, quantos departamentos abrigam, como SOAS
vem fazendo, um grupo como Research on Money and Finance ou, no Norte
América, os do Departamento de Ciência Política da Universidade de York?
Há muito poucos jornais marxistas e leva muito tempo para publicar qualquer trabalho.
Meus argumentos sobre a necessidade de discutir capital financeiro e capital financeiro
como duas noções inter-relacionadas, mas distintas, obviamente exigem debate. Em alguns
capítulos apontei para algumas noções gerais que exigem pesquisa, por exemplo, a atualização
no contexto da globalização da teoria de Marx da indústria
exército de reserva. A agenda de pesquisa potencial inclui, obviamente,
e investigações setoriais de grandes bancos, corporações transnacionais industriais e de
serviços e grandes varejistas, dos quais há uma cruel falta.3 A teoria do oligopólio global
requer pesquisas e debates consideráveis.4 Há
muito poucos estudos regionais ou nacionais do tipo e qualidade daqueles citados no Capítulo
4 sobre os Estados do Golfo e sobre a África do Sul. Tais estudos são particularmente
preciosos por serem históricos e políticos, derrubando as rígidas barreiras disciplinares entre
economia e ciência política. Todas as novas pesquisas sobre capital fictício, notadamente
sobre ativos que constituem capital fictício várias vezes removidos, fariam a teoria progredir.
1 O grupo de economistas heterodoxos presidido por André Orléan tentou alertar a opinião
pública para a situação na França, onde “a dominação da economia mainstream
terminou marginalizando os economistas heterodoxos, sejam eles pós-keynesianos,
institucionalistas, marxistas ou qualquer outra coisa. A situação tornou-se agora crítica: a própria existência de
um nível mínimo de pluralismo intelectual no ensino universitário e na pesquisa em economia
está em risco. Dos 120 professores indicados entre 2005 e 2011, apenas 6 eram filiados à
escolas minoritárias de pensamento”. http://assoeconomiepolitique.org/petition-pluralism-now/.
2 Callinicos 2014.
3 A escassez de estudos é um problema não apenas para a análise marxista, mas também para os
economistas heterodoxos em geral: “Os economistas neoclássicos cuja perspectiva domina a economia
fizeram um trabalho terrível da corporação. Ao aderir à ideia de que em um
a corporação pode ser interpretada como uma “imperfeição de mercado”, o economista
neoclássico bem treinado revela sua ignorância sobre o funcionamento e desempenho
da corporação empresarial moderna e da economia moderna à qual ela é central” (Lazonick
2016).
4 O resultado ideal seria atingir um resultado semelhante ao resumo de Sweezy (1946, pp. 285-6) de
os efeitos gerais do monopólio.
Machine Translated
258 by Google Conclusão
Crescimento Global Persistente Muito Baixo Acoplado à Endemia
Instabilidade Financeira
Voltando aos temas centrais do livro e sua relação com o longo curso da crise econômica mundial,
eu estava preocupado que minha análise pudesse ser invalidada pelos desenvolvimentos em curso.
Levei algum tempo para definir minha compreensão das mudanças no sistema de crédito
provocadas pela securitização e pelo shadow banking e, portanto, dos processos precisos de
retirada de crédito
e contágio financeiro ocorrido em 2007 e 2008; também para desenvolver minha compreensão
atual de financeirização e ir além de um mero
variação em minha escrita anterior.5 Eu poderia ter sido pego por eventos, por
mudanças na situação econômica mundial atenuando a divergência entre
as taxas de crescimento do PIB e do investimento e das reivindicações sobre mais-valia, por
medidas legislativas que reduzem a dimensão dos activos transaccionados nos mercados
financeiros, ou ainda por uma nova crise financeira grave com impactos na produção e no comércio
análogos aos de 2008. não tem sido o caso. A divergência persistiu, se não aumentou, à medida
que o crescimento do PIB mundial se arrastava enquanto a competição entre os fundos criava um
dinamismo cada vez mais fictício dos mercados financeiros. No entanto, apesar disso, nenhuma
nova crise financeira grave, muito menos
uma ameaçando todo o sistema financeiro, ocorreu. O único momento de potencial crise importante
foi aquele em 2010-12 do setor bancário europeu
sistema em face de um possível default soberano (Grécia) ou um colapso de parte de um sistema
bancário baseado em imóveis (Espanha). Ao preço de uma segunda recessão na Europa e de um
retrocesso do continente em relação a outras partes da economia global, foi resolvido em favor dos
credores devido às relações de poder econômico e político prevalecentes entre o capital e trabalho.
Os relatórios do FMI e do BIS examinados no Capítulo 10 identificam vários fatores que levam
à instabilidade financeira endêmica recorrente. A Revisão Trimestral de Março do BIS aprimorou
ainda mais a análise. Repetidos anúncios foram feitos sobre a possibilidade de uma crise provocar
uma nova recessão mundial. Mas
o desencadeamento de um grande colapso na produção e no comércio por um choque financeiro
requer um profundo entrelaçamento de crédito e dinheiro e de produção no
forma combinada de superprodução e uma bolha financeira. Em 2008, a crise financeira
desencadeou a Grande Recessão dos EUA devido à acumulação excessiva e
superprodução e dependência total do crédito de setores e indústrias inteiros (imobiliário e
construção e automobilístico). É por isso que a retirada de crédito em um setor financeiro
superalavancado provocou a fase final no
5 Compare minha definição na introdução, junto com meu capítulo, no livro editado por
Riccardo Bellofiore e Giovanna Vertova (Bellofiore e Vertova 2014).
Conclusão 259
colapso do boom imobiliário e colocou as corporações automobilísticas de joelhos, provocando
recessão nos EUA e em poucas semanas na economia mundial. Hoje, como resultado das políticas
de resgate concertadas do G20 em 2008-2009, a situação é bem diferente. Um regime global de
baixo crescimento se instalou sem
qualquer fim à vista. Uma crise financeira localizada pode simplesmente aprofundá-la um pouco em
da mesma forma que a queda imprevista do preço do petróleo teve um efeito global negativo no
crescimento do PIB mundial. Este regime inclui um sistema de auto-reprodução
processo de oportunidades de investimento insuficientes devido ao estado da taxa
de lucro e as condições desfavoráveis para a realização do que sobra
valor é produzido. Somente as corporações com alcance global e poder de oligopólio restauraram
até certo ponto seu nível de lucro. Mas eles não têm incentivos urgentes para investir, uma vez que
seu poder oligopolista lhes permite administrar a situação subjacente de “excesso de capacidade
controlado” e crescer por meio de um processo inabalável de maior concentração e reestruturação
global por meio de fusões e aquisições.6 Relações de poder econômico e político
têm um peso extremamente forte a favor do capital, sendo uma das consequências as altíssimas
desigualdades de riqueza. Estes são agora cada vez mais
deplorado nos relatórios do Banco Mundial e da OCDE, mas não vão mudar. Hoje, a preocupação
com o futuro do crescimento mundial ainda é marginal nas fileiras do
classes dominantes. Quando pequenos círculos tentam chamar a atenção em janeiro de 2016 para
os perigos à frente e afirmam que 'devem se preparar para um futuro de mudanças exponencialmente
disruptivas',7 eles e seus governos desviam a cabeça.
A sua dupla agenda quotidiana inter-relacionada mantém-se mais do que nunca, por um lado, o
pagamento atempado da dívida pública e das famílias, permitindo
um fluxo regular de juros, e por outro lado o agravamento das condições dos trabalhadores largo
sensu através da reforma laboral e da segurança social
legislação.
As raízes do dinamismo e instabilidade combinados dos mercados financeiros estão na
abundância de capital sob a forma de capital monetário centralizado em bancos, fundos mútuos e
fundos de hedge e nos tesouros administrados pelas instituições financeiras.
departamentos de transnacionais8 e nas dificuldades de lucrar nos mercados financeiros em uma
economia mundial 'engatinhando', para usar a expressão de Roberts. A valorização através da
detenção e comercialização de capital fictício está a tornar-se cada vez mais
6 Estes aumentaram significativamente, atingindo seu nível anterior a 2008 em 2014 (UNCTAD 2015a) e
devendo ultrapassá-lo em 2015 ('M&A Global Set for Record in 2015 as Companies Pursue Mega Deals',
http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-07-29/).
7 Consulte o relatório preparatório de Davos de 2016 em http://reports.weforum.org/global-risks-2016/.
8 Um documento de trabalho do FMI fornece informações detalhadas sobre a 'riqueza financeira' das corporações,
com um olhar especial para as empresas japonesas (Hashimoto e Kinoshita 2016).
Machine Translated
260
by Google Conclusão
mais difícil. Ativos cada vez mais distantes dos processos de produção e apropriação de mais-
valia são engendrados por inovadores financeiros e comercializados. Nos mercados financeiros,
cada banco ou gestor de fundos procura ganhar uma fração ínfima da mais-valia às custas dos
outros, movendo-se continuamente de um tipo de ativo para outro. Os lucros financeiros são
cada vez mais difíceis de
ganhar. A forte concorrência ocorre em torno de comissões e taxas semelhantes a juros,
principalmente em acordos de fusão e aquisição. Os resultados são o inabalável
intensidade e diversidade de negociação de ativos, juntamente com inúmeras expressões de
instabilidade financeira global endêmica.
Nos países capitalistas avançados, as taxas de juros com limite zero pesam
sobre os lucros dos bancos e acentuar as dificuldades dos bancos que ainda detêm empréstimos
vencidos ou que fizeram investimentos de risco insuficientemente considerados em determinados
mercados. A situação atual dos bancos europeus foi discutida a esse respeito no final do Capítulo
8. Os juros com limite zero também pesarão sobre os sistemas de aposentadoria do mercado
financeiro e os benefícios que eles proporcionarão e, portanto, afetarão a demanda efetiva. Em
outros lugares, os impactos regionais podem ser mais fortes, como
as consequências do endividamento das empresas (públicas e privadas) e das famílias em
grandes países emergentes (Brasil, Turquia, Argentina) onde há uma margem considerável de
contágio nos setores financeiros domésticos e para os
que ocorram recessões com quedas importantes na produção e no emprego.
Mas fora da região, tudo isso vai fazer é consolidar o regime de crescimento global muito lento
existente. O mesmo vale para a acentuada desaceleração do crescimento chinês. O governo tem
alguma margem de manobra para limitar a habitação e sombra
crise bancária, mas o período durante o qual as altas taxas de crescimento chinês impulsionaram
a economia mundial acabou. Nos EUA, alguns mercados de crédito estão sujeitos a choques,
mas novamente tudo isso vai pesar na taxa de crescimento dos EUA e assim
sobre o PIB mundial. Os eventos nas bolsas de valores importam principalmente para categorias
específicas de investidores. A sua queda acentuada em 2008 seguiu-se à dos empréstimos garantidos por hipotecas
ativos, enquanto a concentração de renda reduziu singularmente o impacto do 'efeito riqueza'.
Os altos e baixos nas bolsas de valores expressam o nervosismo de
investidores e suas dificuldades na gestão de suas carteiras. Eles ajudam os jornalistas
financeiros a redigir artigos, mas não são bons termômetros da atividade econômica.
Como o crescimento lento pode ser encerrado e um novo início de longa
ascensão?
No Capítulo 1, argumentei que o impulso inicial da longa fase que terminou em 2008 foi a
destruição maciça de capital durante a Grande
Conclusão 261
Depressão e Segunda Guerra Mundial. Refletiu minha posição em ondas longas.
Enquanto as fases descendentes são determinadas por fatores endógenos ao processo
da acumulação capitalista levando à queda da taxa de lucro e à superacumulação, as altas são
em grande parte desencadeadas por “fatores exógenos” – momentos de
expansão massiva de mercados, grandes avanços tecnológicos e, no
século XX, uma guerra mundial.
Dado que nenhum dos dois únicos países capazes de travar uma guerra mundial está
actualmente a preparar a sua população para a eventualidade da solução que pôs fim à Grande
Depressão da década de 1930, de onde poderá surgir um novo surto de
acumulação capitalista surgem? A mercantilização completa, e não simplesmente a privatização,
dos serviços públicos foi apresentada por Huws como uma possibilidade. É um dos projetos
acalentados pela classe dominante britânica e representa a 'expropriação dos resultados das
lutas passadas dos trabalhadores pela redistribuição da mais-valia na forma de serviços públicos
universais'9 (esta é a definição mais reveladora dada por um marxista acadêmico, mesmo que
ignore o fato de que a classe trabalhadora se beneficiou na Grã-Bretanha, como na França e em
outros países, do status imperial de sua burguesia). Outras burguesias procuram seguir o mesmo
caminho. As consequências sociais são devastadoras e a taxa de exploração é aumentada. Mas
não pode ser a base para a 'próxima onda de
acumulação'.10 Outro candidato a este papel é o crescimento das 'classes médias' nas grandes
economias emergentes em particular e a expansão do seu poder de compra. Além do fato de
que a taxa de crescimento da China começou a estagnar em
2014, este mecanismo não pode lançar uma nova onda longa de acumulação. Nem
aumentará a 'acumulação por desapropriação', em particular nos países onde o campesinato
ainda é importante.
Depois, há a questão de saber se as grandes mudanças tecnológicas associadas às TIC são
capazes de impulsionar a acumulação ao longo de várias décadas.
Para que a acumulação seja relançada, as mudanças tecnológicas envolvidas devem ser capazes
de abrir indústrias totalmente novas e, além de seu efeito sobre a produtividade, de criar sua
própria demanda. Somente novas tecnologias com extrema
grandes efeitos de investimento e emprego são capazes de impulsionar uma nova e longa onda
de acumulação, associada à expansão por meio de novos mercados. No decorrer de um intenso
debate, uma abordagem neoschumpeteriana foi desenvolvida na década de 1980, com
Christopher Freeman e Carlota Perez como figuras centrais. este
o debate foi reaberto. O papel das TIC na reformulação radical da organização do trabalho e da
vida quotidiana é indubitável. A grande questão é se
possuem efeitos de investimento e emprego capazes de impulsionar um novo longo
9 Huws 2012, p. 64.
10 Huws 2012, p. 88.
Machine Translated
262 by Google Conclusão
onda de acumulação. Seus fortes impactos gerais na economia de mão de obra, juntamente com seu
efeito de aumentar o valor do capital constante investido, sugerem o contrário, principalmente se uma
Quarta Revolução Industrial, um salto quântico da
tecnologias que emergiram na Terceira, está em vias de ser discutido abaixo.
Em 2007, Carlota Perez11 viu um enorme potencial de crescimento das TICs, e ela
não mudou de posição desde então. No trabalho que rompe com a teoria ortodoxa do crescimento,
Richard Gordon adota a distinção de Schumpeter entre grandes invenções que equivalem a revoluções
industriais e as 'melhorias incrementais subsequentes que, em última análise, exploram todo o potencial
da invenção inicial'.
Desenvolvendo argumentos feitos pela primeira vez em 2000,13 Gordon argumenta que, após as duas
primeiras revoluções industriais (a do final do século XVIII e da primeira metade do séc.
XIX e a da revolução industrial mais curta iniciada no final do século XIX), o processo de acompanhamento
da inovação incremental
durou pelo menos 100 anos.14 Um ponto central é o caráter 'de uma vez por todas' das principais
mudanças tecnológicas anteriores: 'Juntos as invenções e suas melhorias posteriores, muitos desses
processos poderiam acontecer apenas uma vez.
Exemplos notáveis são a velocidade de viagem, a temperatura do espaço interior e a própria
urbanização. A terceira revolução industrial baseada em TI não teve tais efeitos.
Começou por volta de 1960 e atingiu seu clímax na era dot.com do final do
década de 1990, mas seu principal impacto na produtividade definhou nos últimos oito
anos'. Novas inovações desde 2000 têm se centrado em tecnologias de comunicação e processamento
de dados. Estes não alteram fundamentalmente o padrão de
vivendo nos EUA ou em outros países industrializados.15 O que eles oferecem capital e
Estado na forma de Big Data é uma capacidade sem precedentes de controle social e político. Nas
palavras de um cientista político dos EUA, “temos uma memória histórica coletiva de que o progresso
tecnológico traz um grande e previsível fluxo de crescimento de receita na maior parte da economia.
Quando se trata da Web, essas suposições estão se mostrando erradas ou enganosas”. , mas sim um
11 Pérez 2007.
12 Gordon 2012. Esse ponto foi levantado por Perroux em seu principal estudo sobre Schumpeter.
13 Gordon 2000.
14 Gordon 2012.
15 Gordon dá luz elétrica, carros motorizados ou encanamento interno como exemplos.
16 Cowen 2011. Ele usa a expressão 'platô tecnológico' e aponta para a 'baixa
frutas" que facilitavam o rápido crescimento, incluindo o cultivo de muitas terras anteriormente não
utilizadas; a aplicação e disseminação do que ele vê, bem como Gordon, como avanços tecnológicos
'de uma vez por todas', notadamente transporte, eletricidade, comunicações de massa, refrigeração,
saneamento e, finalmente, educação de massa.
Conclusão 263
desaceleração do ritmo em que as inovações se espalham por toda a economia, um colapso da
máquina de difusão'.17 As leis de Kaldor-Verdoorn relativas
as relações cumulativas entre crescimento e produtividade certamente exigem
revisitando, mas retêm necessariamente algum grau de pertinência. O BIS não compartilha do otimismo
dos autores do relatório da OCDE. Ele vê a 'seleção adversa' em jogo e sugere que 'booms de crédito
minam o crescimento da produtividade à medida que
ganhar ritmo, em grande parte alocando recursos para os setores errados'. A preocupação
dos autores do relatório preparatório de Davos 2016 sobre a 'Quarta Revolução Industrial' é novamente
diferente. No futuro eles vêem a 'transformação de
sistemas inteiros de produção, distribuição e consumo em oposição a um produto ou uma indústria',18
com enormes efeitos sobre o emprego. A avaliação deles
talvez seja atenuado ou atenuado por trabalhos posteriores, mas ninguém pode negligenciar a
tendência.19 No último parágrafo de sua resenha do novo livro de Gordon, Roberts
resume seus prós e contras:
pode haver vida no capitalismo globalmente, ainda que esteja em 'modo inativo' agora. Ou talvez
a força de trabalho potencial não seja 'devidamente
explorado' pelo modo de produção capitalista e Gordon está certo. A taxa de lucro mundial (não
apenas a taxa de lucro nas economias maduras do G7) parou de subir no final da década de
1990 e não se recuperou ao nível
da era de ouro do capitalismo na década de 1960, apesar do enorme potencial de força de
trabalho global. Parece que os fatores compensatórios da
investimento no mundo emergente, aliado a novas tecnologias,
não foi suficiente para elevar a taxa de lucro mundial na última década, até agora. A fase
descendente do ciclo capitalista global ainda é
em jogo.20
O capitalismo sai muito bem dessa análise, sua 'data de expiração' ainda está por vir.
Mas, como argumento abaixo, uma vez que as consequências das mudanças climáticas e da natureza
17 OCDE 2015, p. 12.
18 'Cresce a preocupação com os efeitos da desintermediação digital, robótica avançada e
a economia da partilha no crescimento da produtividade, na criação de emprego e no poder de
compra. É claro que a geração do milênio experimentará uma maior mudança tecnológica ao longo do
na próxima década do que nos últimos 50 anos, não deixando nenhum aspecto da sociedade global intocado.
Avanços científicos e tecnológicos – da inteligência artificial à precisão
medicina – estão prestes a transformar nossa identidade humana'. http://reports.weforum.org/
global-risks-2016/.
19 Um estudo cuidadosamente pesquisado estima que 47% dos empregos nos EUA correm o risco de serem
automatizados nos próximos 20 anos (Frey e Osborne 2013).
20 Roberts 2016.
Machine Translated
264
by Google Conclusão
o esgotamento dos recursos entra em cena, o problema não é o futuro do capitalismo, mas o da
sociedade civilizada.
Abordagens não ecológicas para a possível 'intrínseca
Limites Absolutos'
Em sua introdução à Edição Penguin do Volume 3 do Capital, que
Nunca vi ninguém citar e só li recentemente, Mandel faz uma série de desenvolvimentos teóricos
sobre o 'destino do capitalismo'.
Ao contrário de Sweezy, Mandel discute a teoria de Grossman do colapso ou colapso do capitalismo
com respeito e seriedade. Isso o leva a uma discussão sobre
as consequências do que ele chama de 'robotismo'. As novas tecnologias ainda estavam em sua
infância quando isso foi escrito, mas para Mandel elas já tinham consequências potenciais
portentosas. Dadas as previsões discutidas acima, é importante que sejam lidas e discutidas:
[A] extensão da automação para além de um determinado teto leva, inevitavelmente,
primeiro a uma redução no volume total de valor produzido, depois a uma redução
redução do volume total de mais-valia produzida. Isso desencadeia
uma 'crise de colapso' combinada quádrupla: uma enorme crise de declínio na taxa
de lucro; uma enorme crise de realização (o aumento da produtividade do trabalho implicado
pelo robotismo expande a massa de valores de uso produzidos em
uma proporção ainda maior do que reduz os salários reais, e uma proporção crescente
desses valores de uso torna-se invendável); uma enorme crise social; e uma enorme crise
de 'reconversão' [em outras palavras, da capacidade de adaptação do capitalismo] através
da desvalorização – as formas específicas de destruição do capital ameaçando não apenas
a sobrevivência da civilização humana, mas
sobrevivência da humanidade ou da vida em nosso planeta.22
E um pouco mais adiante, para ser entendido, Mandel escreve:
é evidente que tal tendência de valorização do trabalho nos setores produtivos de maior
desenvolvimento tecnológico deve, necessariamente, ser acompanhada de sua própria
negação: aumento do desemprego em massa, da extensão dos setores marginalizados da
população, do número de
aqueles que 'desistem' e de todos aqueles a quem o desenvolvimento 'final' da
21 Mandel 1981, p. 78.
22 Mandel 1981, p. 87.
Conclusão 265
a tecnologia capitalista expulsa do processo de produção. Isso significa apenas que os
crescentes desafios às relações capitalistas de produção dentro da fábrica são acompanhados
por crescentes desafios a todas as relações e valores burgueses básicos na sociedade como
um todo, e estes também constituem um elemento importante e periodicamente explosivo da
tendência
do capitalismo ao colapso final.
E ele então acrescenta:
não necessariamente de colapso em favor de uma forma superior de organização social ou
civilização. Precisamente em função da própria degeneração do capitalismo, fenômenos de
decadência cultural, de retrocesso nos campos da
ideologia e respeito pelos direitos humanos, multiplicam-se ao lado da sucessão ininterrupta
de crises multiformes com que essa degeneração nos enfrentará (já nos enfrentou). A
barbárie, como um possível resultado da
colapso do sistema, é uma perspectiva muito mais concreta e precisa hoje do que era nos
anos vinte e trinta. Mesmo os horrores de
Auschwitz e Hiroshima parecerão suaves em comparação com os horrores com
que uma decadência contínua do sistema irá confrontar a humanidade. Debaixo
Nestas circunstâncias, a luta por um resultado socialista assume o significado de uma luta
pela própria sobrevivência da civilização humana e pela
raça humana.23
Ele tempera essa perspectiva verdadeiramente catastrófica com uma mensagem de esperança adaptada
da problemática do Programa de Transição:
O proletariado, como Marx mostrou, reúne todos os pré-requisitos objetivos
por conduzir com sucesso essa luta; hoje, isso permanece mais verdadeiro do que nunca. E
tem pelo menos o potencial para adquirir os pré-requisitos subjetivos também, para uma
vitória do socialismo mundial. Se esse potencial vai
realmente ser realizado dependerá, em última análise, da consciência
esforços dos marxistas revolucionários organizados, integrando-se
o esforço periódico espontâneo do proletariado para reorganizar a sociedade
linhas socialistas, e conduzindo-o a objetivos precisos: a conquista do Estado
poder e revolução social radical. Não vejo mais razão para ser pessimista hoje em relação
ao resultado desse esforço do que Marx era na época.
ele escreveu Capital.24
23 Mandel 1981, p. 89.
24 Mandel 1981, pp. 89-90.
Machine Translated by Google
266 Conclusão
Essa revolução social radical é a solução mais verdadeira do que nunca, mas o clima
e ecológicas imprevisíveis por Marx, bem como o legado político de
no século XX, levam a pessoa a ser pessimista. Como eu disse acima, eu só
tomou conhecimento deste texto muito recentemente. Anteriormente, minha primeira leitura de
desenvolvimento capitalista25 me tornou receptivo ao pensamento de filósofos
da Europa Central. O primeiro foi Mészáros, com a seguinte proposta de seu livro de 1995:
Todo sistema de reprodução sociometabólica tem seus limites absolutos intrínsecos que não
podem ser
modo de controle em um qualitativamente diferente. Quando tais limites são atingidos no
curso do desenvolvimento histórico, torna-se imperativo
transformar os parâmetros estruturais do sistema que normalmente circunscrevem a
margem geral das práticas reprodutivas viáveis sob o
circunstâncias.26
Isto é seguido pela proposição adicional de que, no caso do capitalismo:
à medida que a margem para deslocar as contradições do sistema se torna cada vez mais
mais estreito e suas pretensões ao status imutável de causa sui palpavelmente absurda,
apesar do poder destrutivo outrora inimaginável
à disposição de suas personificações. Pois através do exercício de tal
o capital de poder pode destruir a humanidade em geral – como de fato parece estar
empenhado em fazer (e com ele, com certeza, seu próprio sistema de controle) – mas
não seletivamente seu antagonista histórico [a classe trabalhadora].27
O outro autor que me encorajou a explorar a noção dos limites absolutos da produção capitalista é
o filósofo alemão Robert Kurz, que
não foi muito traduzido para o inglês. O último livro que ele escreveu28 um pouco antes
ele morreu, no momento em que estava ficando claro que a economia mundial e
crise financeira não seria resolvida rapidamente, contém um convite para aprofundar a noção de
Marx das “barreiras imanentes” do capital (que discuto acima no Capítulo 1) e para explorar a ideia
de que poderia chegar um ponto na história em que essas barreiras pode se tornar absoluto. Como
Mandel, seja em um
25 Chesnais 1967. Esse artigo me rendeu uma reputação de catastrofismo.
26 Mészáros 1995, p. 142. As posições políticas de Mészáros, em particular de apoio ao governo de Chávez
'Socialismo do Século XXI', não desqualifica sua obra teórica.
27 Mészáros 1995, p. 145.
28 de agosto de 2011.
Conclusão 267
leitura de Marx que também suscitou muita controvérsia,29 Kurz aponta para a
efeitos de economia de mão de obra e aumento de produtividade de tecnologias relacionadas a ITC
e seu efeito no aguçamento das contradições da produção capitalista.
Dado o nível de contradição a que chegaram, estamos agora confrontados com a tarefa de
reformular a crítica do capitalismo
formas e na de sua abolição. Esta é simplesmente a situação histórica em que nos
encontramos, e seria inútil chorar as batalhas perdidas de
o passado. Se o capitalismo esbarra em seus limites históricos objetivamente absolutos, é
verdade que, por falta de suficiente consciência crítica, a luta pela emancipação pode
fracassar também hoje. O resultado não seria então uma nova mola de acumulação, mas,
como disse Marx, a
queda de todos na barbárie.30
O advento de uma nova barreira imanente mais formidável
e suas implicações
Na ausência de fatores capazes de lançar uma nova fase de acumulação sustentada, a perspectiva
é de uma situação em que as consequências sociais e políticas do crescimento lento e da
instabilidade financeira endêmica, juntamente com
o caos político que eles criam em certas regiões hoje e potencialmente em outras, irá convergir
com os impactos sociais e políticos das mudanças climáticas. o
noção de barbárie, associada às duas Guerras Mundiais e ao Holocausto,
e mais recentemente com os genocídios contemporâneos, então se aplicará a eles.
Na época de sua formulação “a segunda contradição do capitalismo”31 era
abordado por O'Connor do ponto de vista dos efeitos da degradação e esgotamento dos recursos
naturais sobre custos, lucros e acumulação.
Da mesma forma, Kovel argumentou que a degradação e o esgotamento teriam um efeito sobre
lucratividade 'ou diretamente, sujando de tal forma o solo natural da produção que
29 Notavelmente em sua interpretação em trabalhos anteriores da teoria do valor e da noção de
trabalho abstrato. Isso é bastante marginal para o livro de 2011 sobre a crise. Veja sua
apresentação do livro em francês (http://www.palim-psao.fr/article-theorie-de-marx-crise-et
depassement-du-capitalisme-a-propos-de-la-situation-de -la-critique-social-108491159.
html), e o resumo dos principais argumentos em uma revista francesa (https://lectures
.revues.org/7102).
30 http://www.palim-psao.fr/article-theorie-de-marx-crise-et-depassement-du-capital isme-a-propos-
de-la-situation-de-la-critique-social- 108491159.html.
31 O'Connor 1998.
Machine Translated
268 by Google Conclusão
se decompõe, ou indiretamente através da reinternização dos custos que
haviam sido expulsos para o meio ambiente'.32 Abordar a questão pela teoria da acumulação e
da lucratividade deve dar lugar a algo infinitamente
mais graves, nomeadamente os efeitos em toda a estrutura da sociedade, e isto num mundo
verdadeiramente global. Os alertas sobre as dimensões dos perigos das mudanças climáticas
datam do final da década de 1980 e levaram à criação dos Estados Unidos
Nações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Global
o aquecimento tem sido medido cada vez mais precisamente e suas consequências documentadas
pelos sucessivos relatórios do IPCC (1990, 1995, 2001, 2007 e 2014).
Eles não foram atendidos. O 'ceticismo' da mudança climática financiado por lobistas do petróleo
deu lugar ao reconhecimento da boca para fora pelos governos e conferências caras com pouco
ou nenhum efeito. Ao vincular a questão ecológica à queda do
nossa sociedade na barbárie a precedência deve ser atribuída novamente a Mészáros
em 2001:
Marx, até certo ponto, já estava ciente do 'problema ecológico', ou seja, o
problemas da ecologia sob o domínio do capital e os perigos implícitos nele para a
sobrevivência humana. Na verdade, ele foi o primeiro a conceituá-lo. Ele falou
sobre poluição e insistiu que a lógica do capital – que deve buscar o lucro, de acordo com
a dinâmica de autoexpansão e acumulação de capital – não pode ter qualquer consideração
pelos valores humanos e
mesmo para a sobrevivência humana. [. . .] O que você não pode encontrar em Marx, é
claro, é um relato da extrema gravidade da situação que enfrentamos. Para nós o
ameaça à sobrevivência humana é uma questão de imediatismo.33
Por ameaça à sobrevivência humana, é claro que se entende uma ameaça à civilização como a
entendemos até agora. Os humanos sobreviverão, mas se o capitalismo não for
derrubados, viverão, a nível mundial, numa sociedade do tipo Jack London
descrito em seu grande romance distópico The Iron Heel. Até que ocorra a mudança revolucionária,
estamos presos às relações e contradições específicas do
modo de produção capitalista. Um modo de produção caracterizado pelo 'movimento incessante
de obtenção de lucro, o impulso sem limites para o enriquecimento'34
não pode atender a uma mensagem que pede o fim do crescimento como é tradicionalmente
entendido e um uso negociado e planejado dos recursos restantes. Há razões convincentes para
argumentar, assim como Jason Moore, que o Capitaloceno definiu como “a era histórica moldada
por relações que privilegiam a interminável acumulação
32 Kovel 2002, pp. 39–40.
33 Mészáros 2001, p. 99.
34 Marx 1976, Vol. eu, pág. 254.
Conclusão 269
mulação do capital'35 é um termo mais correto para uma era sucessora ecológica
ao Holoceno do que ao Antropoceno, apesar de este último ter recebido amplo reconhecimento e
ser quase impossível de substituir.
Também por defender a posição de que a modificação gradual da relação entre o capital e as
condições biosféricas e biofísicas que permitiram
o surgimento das sociedades humanas durante o Holoceno remonta ao 'longo
século XVI' e a época do capital mercantil. Foi então que começaram as formas de poder militar e
político a que recorreram as nações europeias para estabelecer a exploração dos homens e dos
recursos. Os "benchmarks" básicos da atividade capitalista vieram com o capital industrial.
Notavelmente 'o de um crescimento a uma média
taxa de cerca de 2,25 por cento desde 1750 ou mais. . . qualquer coisa abaixo de 3% se torna
problemática', com a necessidade 'de o capital encontrar um caminho para um crescimento mínimo
composto de 3% para sempre'.36
A acumulação de capital tomou a forma do desenvolvimento de
indústrias específicas. A crise econômica e ecológica global combinada de
capitalismo é simultaneamente o das relações sociais de produção e um dado
modo de produção de materiais, consumo, uso de energia e materiais ou, ainda, toda a base
material sobre a qual ocorreu a acumulação, notadamente nos últimos 60 anos, e as indústrias a
ela associadas – energia, automobilística, infraestruturas rodoviárias e construção que leva a
cidades com uso intensivo de energia
e semi-urbanos – e na produção agrícola o uso extensivo
de agroquímicos.37 O prolongamento desse modo sob o capitalismo implica formas cada vez
mais destrutivas de mineração, exploração de petróleo (Ártico, pré-sal em alto mar), produção
agrícola (uso altamente intensivo de produtos químicos e expansão de
terras cultivadas por meio do desmatamento) e recursos oceânicos. Eles representam 'o esforço
do capital para reverter a desaceleração da produtividade através de uma série de últimas corridas
pelas últimas migalhas de natureza barata que resta'.38 O agente dessa destruição é a figura
contemporânea do 'capitalista, ou seja, como capital
personificado e dotado de consciência e vontade',39 nomeadamente a grande corporação
industrial e mineira e aqueles que a possuem e controlam.40
Agora ficou claro que o aquecimento global e o esgotamento ecológico devem ser definidos
como 'barreiras imanentes' ao capital no sentido pleno, e não,
35 Moura 2014.
36 Harvey 2010.
37 Discuti isso em Chesnais 2010 e Chesnais 2014.
38 Moore 2014, p. 37.
39 Marx 1976, p. 254.
40 Ao terminar este livro, chegam notícias da possivelmente maior crise ecológica provocada sob
o capitalismo pela mineradora brasileira Vale no rio Doce.
Machine Translated
270 by Google Conclusão
como ainda na obra de O'Connor, como exterior, 'segunda contradição'. Em seu livro (que recebi ao
terminar esta conclusão), Moore escreve que 'os limites ao crescimento enfrentados pelo capital são
bastante reais: são 'limites' coproduzidos pelo capitalismo. O limite ecológico mundial do capital é o
próprio capital'.
a coprodução remonta ao período do capital mercantil e, no período mais recente, foi moldada pela
globalização e pela financeirização. Esta barreira é aquela que não pode, conforme estabelecido no
Volume III do Capital, Capítulo 15, ser
temporariamente resolvidos através da “desvalorização periódica do capital existente” ou “superados por
meios que estabelecem as barreiras novamente e em uma base mais poderosa”.
escala'.42 A barreira veio para ficar. Foster tomou a noção de limite ou barreira absoluta do capital e a
desenvolveu em relação com o meio ambiente, dando
um comentário próximo sobre os textos relevantes de Marx. Ele vê o 'precipício ecológico que se
aproxima'43 como cada vez mais próximo. O esgotamento de recursos é irreversível ou reversível
apenas em um intervalo de tempo que pode levar séculos. O ritmo do mundo
o aquecimento está fora de controle, pelo menos por enquanto, tão profundamente está o atual regime
de energia intensiva em carbono imbricado com os modos de produção e
viver forjado pelo capitalismo. No 'melhor cenário' (um sem processos de feedback qualitativo), a
questão é levantada como uma 'adaptação', e assim determinada pelas divisões de classe e países ricos
e pobres que decidirão quem no mundo
é o mais prejudicado.44 Há cinco anos, The Economist publicou um artigo bem documentado
síntese anunciando que a 'luta para limitar o aquecimento global a
níveis acabou'.45 As quatro grandes conferências internacionais que foram realizadas
desde então têm sido basicamente cínicas e dispendiosas operações de comunicação destinadas a
enganar os desinformados cujo número está começando a diminuir.
Conforme enfatizado por Mandel acima, o fato de o capitalismo ter atingido seus limites absolutos
não significa que dará lugar a um novo modo de produção.46
41 Moore 2015, p. 295.
42 Marx 1981, Vol. III, pág. 358.
43 Foster 2013, p. 1.
44 O ensaio de Stengers sobre o furacão Katrina (Stengers 2008) me permitiu discutir essa dimensão
(Chesnais 2009).
45 'Adaptação às mudanças climáticas. A ação global não vai parar a mudança climática. O mundo
precisa olhar mais para como viver com isso', The Economist, 25 de novembro de 2010. 'Embora
eles não estão dispostos a dizê-lo em público, a pura improbabilidade de tal sucesso levou muitos
cientistas do clima, ativistas e formuladores de políticas concluírem que, nas palavras de Bob
Watson, que já foi chefe do IPCC e agora cientista-chefe do Departamento de Meio Ambiente,
Alimentação e Assuntos Rurais da Grã-Bretanha, “dois graus é um sonho”.
46 A visão otimista é a de Amin com sua teoria de um século ou mesmo séculos
transição para o socialismo (Amin 2016).
Conclusão 271
As elites e os governos que controlam estão mais do que nunca atentos ao
preservação e reprodução da ordem capitalista. Assim, a sua progressiva diminuição, juntamente com
os efeitos previsíveis, mas também imprevisíveis, do clima
a mudança será acompanhada de guerras e de retrocessos ideológicos e culturais, tanto os provocados
pela financeirização da vida cotidiana, a mercantilização e a uniformidade global, quanto os que assumem
a forma de fundamentalismo religioso
e fanatismo. Mortalidade por causa de guerras locais, doenças e problemas sanitários e
condições nutricionais devido à grande pobreza continuam a ser contadas em dezenas, senão centenas
de milhões.47 À medida que os impactos das mudanças climáticas aumentam em determinadas partes
do mundo (o Delta do Ganges, grande parte da África, as ilhas do Pacífico Sul), isso colocará em risco
as próprias condições de reprodução social do
oprimidos.48 Eles necessariamente lutarão ou tentarão sobreviver da melhor maneira possível.
O resultado será, como já estamos começando a ver, conflitos violentos por recursos hídricos, guerras
civis prolongadas por intervenção estrangeira nos países mais pobres do mundo, enormes movimentos
de refugiados causados pela guerra e pelas mudanças climáticas.49 Aqueles que dominam e oprimem a
ordem mundial vêem isso como uma ameaça à sua 'segurança nacional'. Em um relatório recente, o
Departamento de Defesa dos EUA escreve que a mudança climática global terá amplas implicações para
os EUA
interesses de segurança nacional porque irá agravar 'pobreza, tensões sociais, degradação ambiental,
liderança ineficaz e instituições políticas fracas que ameaçam a estabilidade doméstica em vários
países'.50 Moore escreve
que 'a mudança para a financeirização e o aprofundamento da capitalização na esfera da reprodução
têm sido uma maneira poderosa de adiar o inevitável retrocesso. Permitiu que o capitalismo sobrevivesse.
Mas por quanto tempo mais?'51
Se a pergunta não for formulada de forma diferente: podemos 'nós' nos livrar ou derrubar
capitalismo para estabelecer uma 'relação sociedade-natureza humana' totalmente diferente? E se não
pudermos, a sociedade civilizada sobreviverá? Porque um modo de
a produção em processo de colapso levará tudo para baixo com ela.
E depois há a questão da identidade do 'nós'. Como Aldo Casas
recentemente defendeu no 20º aniversário da revista Herriamienta,
47 Jason Moore sintetizou dados históricos mostrando que a transição do feudalismo
o capitalismo mercantil do final do período medieval ao século XVII foi econômico e social, mas
também ecológico em suas manifestações, estendendo-se desde a fome recorrente, a Peste
Negra e a exaustão do solo até as revoltas camponesas e a escalada da guerra (Moore 2002).
Sobre fome, doença e guerra na África Ocidental, ver Méillassoux 1997.
48 Esse ponto já era central em Chesnais e Serfati 2003.
49 Tintureiro 2010.
50 http://www.defense.gov/pubs/150724-Congressional-Report-on-National-Implications of-Climate-
Change.pdf.
51 Moore 2015, p. 305.
Machine Translated
272 by Google Conclusão
o 'sujeito social revolucionário coletivo' acabou sendo muito mais
'complexo, polimorfo ou multivariado' do que o encontrado no comunista
Manifesto, porque 'o sistema de exploração e opressão representado pela
capital' tem essa característica.52 Mas claramente o 'nós' também deve ser definido como incluindo
todos aqueles engajados em lutas ecológicas radicais.
Esta não é uma maneira encorajadora de terminar um livro, mas nas palavras de Gramsci e Orwell,
“dizer a verdade é um ato revolucionário”. As gerações mais jovens de
hoje e aqueles que os seguirão são e serão cada vez mais confrontados com
problemas extraordinariamente difíceis. Grandes batalhas em alguns países, mas também em todos os
outros um número incontável de lutas auto-organizadas em nível local demonstram sua determinação
em enfrentá-las. Vista do ponto de vista da luta pela emancipação social, sua perspectiva imediata é a
que se resume na palavra dita por Marx durante a última conversa registrada que temos, justamente
uma conversa com um jovem jornalista americano: 'luta'.53
As revoltas em diferentes partes do mundo e, tão importante, as inúmeras lutas locais em quase todos
os países, muitas das quais são simultaneamente
econômicos e ecológicos, mostram que isso é compreendido. O imenso desafio é centralizar essa
energia revolucionária latente em todo o mundo
através de um internacionalismo renovado e de formas políticas que não se repitam com os resultados
desastrosos do século passado.
52 Ver seu discurso em http://www.herramienta.com.ar/content/encuentro-de-reflexion y-debate-20-
anos-de-herramienta. Inclui também observações lúcidas sobre a necessidade de uma
capacidade de crítica e autocrítica dos novos movimentos sociais de base, e não apenas dos
tradicionais partidos operários, organizações de vanguarda e sindicatos.
53 'Descendo às profundezas da linguagem e subindo ao cume da ênfase, durante um intervalo de
silêncio, interroguei o revolucionário e o filósofo com estas palavras fatídicas: 'O que é? E parecia
que sua mente estava invertida por um momento enquanto ele olhava para o mar rugindo à
frente e a multidão inquieta na praia. "O que é?" Eu havia perguntado, ao que, em tom profundo
e solene, ele respondeu: “Luta!” A princípio, parecia que eu tinha ouvido o eco do desespero;
mas, porventura, era a lei da vida" (John Swinton, "A conversa com Marx", The Sun, Nova York,
6 de setembro de 1880. Devo a Pierre Dardot e Christian Laval que terminam seu livro sobre
Marx neste mesmo
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Resistance Books e IIRE). ativos que não sejam imóveis. Um ABS é essencialmente a mesma coisa que um título garantido por

Trotsky, Leon 1906, Results and Prospects, disponível em: https://www.marxists.org/ hipoteca (MBS), exceto que os títulos que o sustentam são ativos como empréstimos e arrendamentos de

archive/trotsky/1931/tpr/rp-index.htm. automóveis, dívidas de cartão de crédito, royalties, etc.

——— 1931, Introduções alemãs e francesas à Revolução Permanente, disponível Bond: Juntamente com os títulos de capital são os títulos de dívida ou ativos mais antigos e hoje o principal

em: https://www.marxists.org/archive/trotsky/1931/tpr/pr-index.htm. instrumento financeiro utilizado pelos investidores. O emitente (uma administração pública, uma autoridade

——— 1934–5, Whither France?, disponível em: https://www.marxists.org/archive/ pública local ou uma empresa) deve uma dívida aos detentores de obrigações e, dependendo da

trotsky/1936/whitherfrance/. os termos da obrigação, é obrigado a pagar-lhes juros e a reembolsar o capital

——— 1973 [1932], 'Respostas a perguntas do New York Times (15 de fevereiro de 1932)', uma data determinada. Os juros são pagos em intervalos fixos. Os títulos do governo (também denominados

Escritos de Leon Trotsky, Nova York: Pathfinder Press. títulos soberanos) são classificados em três categorias principais: letras, títulos de dívida com vencimento

UNCTAD 2004, 'World Investment Report 2004', Genebra, junho. em menos de um ano; notas, títulos de dívida com vencimento em um a 10 anos; e obrigações, títulos de

——— 2011, 'World Investment Report 2011', Genebra, junho. dívida com vencimento superior a 10 anos. Ambos os títulos corporativos e governamentais são emitidos

——— 2013a, 'World Investment Report 2013', Genebra, junho. em mercados primários detidos por grupos de subscrição

——— 2013b, 'Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2013', Genebra, setembro. (bancos de investimento e na Europa de grandes bancos universais) e são negociáveis em mercados

——— 2014a, 'World Investment Report 2014', Genebra, junho. secundários.

——— 2014b, 'Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2014', Genebra, setembro. Corretagem: A função financeira de mediar entre vendedores e compradores de títulos. Por seus serviços,

——— 2015a, 'World Investment Report 2014', Genebra, junho. uma corretora, hoje geralmente um departamento ou afiliada de uma

——— 2015b, 'Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2014', Genebra, setembro. banco de investimento ou na Europa de um banco universal, cobra taxas. Quando uma corretagem

US Government Accountability Office (GAO) 2009, Fundos de Hedge, Visão Geral da Regulamentação empresa compra ou vende títulos para si e não para um cliente, diz-se que está a realizar

Supervisão, riscos de contraparte e desafios de investimento, 7 de maio. comércio principal ou proprietário .

US Government Printing Office 2011, The Financial Crisis Inquiry Report, The Financial Ganho de capital: ganho obtido por um investidor em um mercado de ativos por meio de especulação bem-

Comissão de Inquérito de Crise, 25 de fevereiro, disponível em: http://www.gpo.gov/fdsys/ sucedida. Quando seu preço atual excede o preço pelo qual foi comprado o investidor pode optar por

pkg/GPO-FCIC/pdf/GPO-FCIC.pdf. realizar o ganho negociando o ativo, ou manter os ganhos não realizados

Vasudevan, Ramaa 2009, 'From the Gold Standard to the Floating Dollar Standard: mantendo o ativo, normalmente na esperança de mais aumentos de preço. Capital

Uma avaliação à luz da teoria do dinheiro de Marx', Review of Radical Political os ganhos são um componente dos lucros financeiros.
Economia, 41, n. 4: 471-491. Obrigação de Dívida Colateralizada (CDO): Um produto financeiro estruturado que reúne

Veblen Thorstein 1923a, The Engineers and the Price System, Nova York: BW Huebsch. juntar ativos geradores de fluxo de caixa e reempacotar esse conjunto de ativos em tranches

——— 1923b, Propriedade Ausente e Negócios Americanos em Tempos Recentes, Novo que podem ser vendidos a investidores. Uma obrigação de dívida garantida (CDO) é chamada
Brunswick, NJ: Transaction Publishers. porque os ativos agrupados – como hipotecas, títulos e empréstimos – são essencialmente

obrigações de dívida que servem de garantia para o CDO. Proteção contra inadimplência

depende de uma classificação priorizada. Os detentores de tranches mais seniores do CDO são

pagos primeiro, seguidos pelos detentores de tranches mezanino e, finalmente, tranches de capital.

Como resultado, as tranches seniores de um CDO geralmente têm uma classificação de crédito mais alta e

oferecem taxas de cupom mais baixas do que as tranches juniores, que oferecem taxas de cupom mais

altas para compensar seu maior risco de inadimplência.

Obrigação de Dívida Colateralizada Quadrada: É idêntica a um CDO, exceto pelos ativos que garantem a

obrigação. Ao contrário do CDO, que é lastreado por um pool de títulos,

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empréstimos e outros instrumentos de crédito, acordos de CDO-quadrado são garantidos por CDO nas operações mais especulativas e cobram altos níveis de taxas fixas e de 'desempenho'. Eles são muito

parcelas. O CDO-squared permite que os bancos revendem o risco de crédito que assumiram em CDOs. Eles seletivos e abertos apenas para ricos e institucionais

são 'CDOs uma vez removidos'. investidores. Alguns fundos de hedge são afiliados de fundos de pensão e todos os grandes bancos têm

Credit Default Swap (CDS): Um contrato entre duas partes em que o comprador faz afiliadas semelhantes a fundos de hedge.

pagamentos regulares ao vendedor em troca de um pagamento no caso de inadimplência de um instrumento Banco de Investimento: Uma instituição financeira muito antiga, agora reduzida a alguns Estados Unidos e Suíça

de crédito subjacente (como um empréstimo). O comprador do CDS faz uma série corporações, que fornece às corporações não financeiras e aos governos a

de pagamentos (a 'taxa' ou 'spread' do CDS) ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento se o empréstimo gama de serviços necessários para angariar fundos no mercado de capitais. Investimento bancário

entrar em default. Em essência, é uma forma de seguro contra a inadimplência da dívida. funções incluem subscrever a emissão de títulos corporativos, serviços de corretagem

Diz-se que um CDS está 'nu' quando o titular não é obrigado a possuir o ativo segurado. e diversas formas de assessoria empresarial, notadamente M&As. No período que antecedeu a crise

Isso significa que um investidor pode fazer seguro em títulos sem realmente possuí-los. É especulação levada financeira de 2008, os bancos de investimento também levantaram fundos diretamente no mercado de capitais

ao seu mais alto grau. Praticado em larga escala, exerce e os emprestaram a fundos de hedge, além de realizar negociações próprias.

pressão muito forte sobre o empréstimo subjacente, como aconteceu com a dívida grega em 2011. Os bancos de investimento muitas vezes podem possuir grandes recursos primários.

Derivativo: Um ativo financeiro cujo valor deriva diretamente do valor de entidades subjacentes, como uma Investidores institucionais: Organizações financeiras que centralizam grandes quantidades de poupança para

moeda, uma commodity (petróleo), um índice ou uma taxa de juros. investimento. Incluem fundos de pensão, fundos mútuos e seguradoras que oferecem seguros de vida, que

Derivativos não têm valor intrínseco. Eles foram criados para se proteger contra o risco. As duas principais em alguns países representam uma forma importante de

formas iniciais eram futuros (veja abaixo) e opções e os primeiros principais ativos subjacentes eram poupança. Investem em nome dos seus clientes, que têm direitos sobre os fundos geridos pelo investidor

commodities e moedas. As transações com derivativos agora incluem um institucional.

variedade de contratos financeiros, incluindo CDOs. Alavancagem: O uso de dinheiro emprestado na busca de um investimento. A alavancagem é usada em

Equity: Uma reivindicação de propriedade sobre uma corporação e, juntamente com títulos, a forma mais antiga tentativas de aumentar a lucratividade. Uma alta relação dívida/capital próprio indica que

de ativo ou título. Os detentores de capital social possuem uma parte da corporação e uma corporação tem sido agressiva no financiamento de suas operações com dívida. Isso vai

têm direito a ações proporcionais de pagamentos de dividendos feitos pela sociedade resultar em ganhos voláteis de empréstimos ou negociação proprietária e, se o índice de alavancagem for

aos detentores de capital. As ações, também chamadas de ações, são negociadas em bolsas de valores. muito alto, aumentará as chances de inadimplência ou falência.

Equity Buyback: operação de mercado de capitais através da qual uma corporação recompra Liquidez: Diz-se que um mercado de títulos, ações ou commodities é líquido na medida em que há compradores

algumas de suas próprias ações dos acionistas, deixando menos ações em circulação. e vendedores suficientes, facilitando a realização de uma transação em um determinado título ou instrumento

Intermediação Financeira: Atividade de aproximação entre agentes econômicos com recursos que desejam (no jargão keynesiano, para exercer suas

emprestar e aqueles que desejam emprestar. No caso dos bancos, a teoria ou visão da intermediação «preferência de liquidez»). Um título líquido, como uma ação em uma grande empresa listada

financeira nega ou relega a um segundo plano ou um título do governo, é fácil de precificar e pode ser comprado ou vendido sem impacto significativo no

papel a função de criação de dinheiro através da concessão de crédito. Com relação a preço. Com um instrumento ilíquido, tentar comprar ou vender pode alterar o preço, se for possível transacionar.

sociedades financeiras não bancárias especializadas, o ponto de vista afirma que elas oferecem aos credores

e mutuários os benefícios da maturidade e transformação de risco. London Interbank Offered Rate (LIBOR): Um conjunto de taxas de juros de referência diária, em

Contrato Futuro: Um contrato padronizado negociado em bolsa para comprar ou vender uma quantidade quais bancos estão fazendo empréstimos não garantidos entre si no banco interbancário de Londres

especificada de uma mercadoria ou ativo em uma determinada data futura. Os exemplos incluem futuros de mercado monetário.

petróleo, por meio dos quais as partes comerciais concordam em comprar ou vender petróleo para entrega Título garantido por hipoteca (MBS): Um título de dívida em que os pagamentos aos titulares se originam no

em datas futuras. A maioria das negociações de futuros não envolve partes que buscam obter ou reembolso de hipotecas.

vender a mercadoria ou ativo real no futuro. Envolvem as partes que procuram Fundo mútuo: Um esquema de investimento coletivo em que as economias de muitos pequenos investidores

especular sobre movimentos de preços particulares entre o presente e o vencimento do contrato, ou construir individuais são reunidas e investidas em títulos corporativos, dívida de curto prazo

um perfil de risco específico para sua carteira de ativos. ou títulos do governo. Os investidores tornam-se cotistas do fundo e têm direito proporcional ao valor de

Hedge Fund: Geralmente um fundo de investimento privado, administrado por gestores de investimento seus investimentos. Os fundos mútuos são amplamente utilizados por

profissionais e aberto a um número limitado de investidores. Fundos de hedge assalariados em muitos países como meio complementar ou principal para construir poupanças para a

não regulamentados, ao contrário de bancos, fundos de pensão e fundos mútuos. Eles se envolvem aposentadoria.
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