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Jesualdo Bernabé Nchopa

Método magnetométrico

(Licenciatura em Geologia, com Habilitações em Mineração)

Universidade de Rovuma

Nampula

2023
Jesualdo Bernabé Nchopa

Método magnetométrico

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de Prospecção Geofísica I, curso de
Licenciatura em Geologia, 3º Ano,
leccionada pelo Docente: MSc. Moisés
Justino Aires.

Universidade Rovuma

Nampula

2023
Índice

Índice de Figuras e Tabelas .......................................................................................................iii


1. Introdução............................................................................................................................ 3
1.1. Objectivos do Trabalho ................................................................................................... 4
1.1.1. Geral ......................................................................................................................... 4
1.1.2. Específicos ............................................................................................................... 4
1.2. Metodologias ............................................................................................................... 4
2. Método magnetómetro ........................................................................................................ 5
3. Origem do campo magnético terrestre ................................................................................ 6
4. Magnetismo dos materiais geológicos ................................................................................ 6
5. Magnetização das rochas ..................................................................................................... 7
5.1. Magnetização Induzida ................................................................................................ 7
5.2. Magnetização remanente ............................................................................................. 8
5.2.1. Magnetização Termoremanência ou Natural (NRM) ........................................... 8
5.2.2. Magnetização remanente Isotermal (IRM) ........................................................... 8
5.2.3. Magnetização remanente Química (CRM) ........................................................... 9
5.2.4. Magnetização remanente Detrítica ou Deposicional ............................................ 9
5.2.5. Magnetização remanente Pós-deposicional .......................................................... 9
5.2.6. Magnetização remanente viscosa ......................................................................... 9
6. Susceptibilidade de rochas e minerais ................................................................................. 9
7. Medições magnéticas ........................................................................................................ 12
7.1.1. Magnetómetro de precessão de protões ................................................................. 12
7.1.2. Magnetómetros de fluxo saturado (Fluxgate) ........................................................ 13
7.2. Técnicas de levantamento .............................................................................................. 14
7.2.1. Levantamentos terrestres ........................................................................................ 14
7.2.2. Levantamentos aéreos ............................................................................................ 14
7.2.3. Levantamentos marítimos ...................................................................................... 15
8. Tratamento dos dados........................................................................................................ 15
8.1. Interpretação (monoplo) ................................................................................................ 16
8.2. Aplicações ..................................................................................................................... 17
9. Conclusão .......................................................................................................................... 19
9.1. Referências Bibliográficas ............................................................................................. 20
iii

Índice de Figuras e Tabelas

i. Índice de Figuras

Figura 1-Ilustrando o Magnetómetro GSM-19T de precessão de protões. Fonte: (LOCZY;


LADEIRA, 1976). .................................................................................................................... 13
Figura 2-Ilustrando o Magnetómetro Fluxgate. Fonte: (LOCZY; LADEIRA, 1976). ........... 13
Figura 3-Ilustrando o Levantamento Magnetométrico com VANT. Fonte: (KEAREY;
BROOKS; HILL, 2002). .......................................................................................................... 15

ii. Índice de Tabelas

Tabela 1-Susceptibilidade magnética das principais rochas. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995)
.................................................................................................................................................. 11
Tabela 2-Susceptibilidade magnética de alguns minerais. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995). . 11
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1. Introdução

O método magnético é o mais antigo, sendo uma das técnicas geofísicas mais utilizadas para a
exploração da subsuperfície terrestre. É um método considerado relativamente barato com
diversas aplicações, principalmente, na determinação do limite crosta-manto e dos materiais
magnéticos em subsuperfície. A magnetometria pode ser aplicada em diferentes ambientes:
por terra, aérea navegável e por satélite. (HINZE, 2013).

O método magnético é baseado na medida e análise da perturbação, ou das anomalias geradas


pelo campo magnético terrestre, causadas pelas variações laterais de magnetizações de
materiais em subsuperfície (HINZE, 2013). Dos minerais que formam as rochas, poucos são
magnéticos, portanto, esses minerais correspondem a um pequeno grupo de Óxidos de ferro e
Titânio, sendo mais comum a magnetita (série magnetita-titanomagnetita (SUMIDA, 2017)).

A magnetometria é o método geofísico que estuda as propriedades magnéticas dos materiais


em subsuperfície. A prospecção magnetométrica baseia-se nas variações locais do campo
magnético terrestre originadas pela presença, no subsolo, de rochas contendo minerais com
diferentes susceptilidades magnéticas, tais como magnetita, ilmenita e pirrotita.
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1.1. Objectivos do Trabalho


1.1.1. Geral
 Fazer uma abordagem em relação ao método magnetométrico;

1.1.2. Específicos
 Falar da origem do campo magnético terrestre, magnetismo e os materiais geológicos;
 Explicar o processo de magnetização das rochas;
 Susceptibilidade das rochas e minerais;
 Medições magnéticas, técnicas de levantamento;
 Tratamento dos dados, interpretação (o monopolo) e,
 Aplicações.

1.2.Metodologias

Para concretizar os objectivos traçados neste trabalho, recorremos ao método bibliográfico e


hermenêutico, o primeiro método baseado na consulta bibliográfica, e o segundo cinge-se na
interpretação das informações consultadas.

Estruturalmente, o trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: pré-textuais


(Introdução: onde apresentamos, de forma titular os aspectos que posteriormente serão
abordados); textuais (desenvolvimento); pós-textuais (Conclusão e a referência Bibliográfica).
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2. Método magnetómetro

Segundo Luiz & Silva (1995), o Método Magnético foi um dos primeiros métodos geofísicos
a ser empregado em prospecção. As primeiras medidas sistemáticas foram realizadas no
século 17 na Suécia, com o fim de detecção de depósitos de ferro; essas medidas consistiam
na observação da variação da declinação magnética com bússolas náuticas. No século 19, o
método de observação magnética foi aperfeiçoado com a construção de instrumentos capazes
de medir variações das componentes horizontal e vertical do campo magnético e da sua
inclinação. Actualmente, medidas muito precisas da intensidade do campo e das suas
componentes são realizadas com instrumentos conhecidos como magnetómetros.

Este método mede as variações do campo magnético da Terra, atribuídas a variações na


estrutura da crosta ou na susceptibilidade magnética de certas rochas próximo a superfície.
Emprega-se este método na prospecção de matérias magnéticos, como minerais de ferro,
principalmente a magnetita.

O uso de medidas magnéticas na prospecção é baseado em concentrações de minerais


magnéticos nas rochas da crosta que produzem distorções locais nos elementos do campo
magnético da Terra. Esses elementos são a sua intensidade, declinação e inclinação
(TELFORD; GELDART; SHERIFF, 1990).

Portanto, a magnetometria irá medir a susceptibilidade magnética dos diferentes tipos de


minerais presentes nas rochas, tendo afinidade maior com a magnetita e principalmente com
outros tipos de minerais ferromagnéticos, mas também podendo ser utilizada para minérios de
manganês, entre outros.
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3. Origem do campo magnético terrestre

O campo magnético da Terra se aproxima do de um grande imã localizado no centro da Terra.


Os pólos magnéticos são inclinados 11,5º em relação ao eixo de rotação da Terra.

A origem do campo magnético terrestre vem da dinâmica do núcleo da Terra (97 a 99%), das
rochas magnetizadas da crosta (1 a 2%) e de fontes externas tal o vento solar (1 a 2%). O
campo principal seria produzido por correntes de convecção, no núcleo externo líquido,
acopladas com a rotação da Terra. Porém a dinâmica do núcleo externo é pouco conhecida
ainda e o núcleo é quente de mais para permitir qualquer magnetização (temperatura de Curie
inferiores a 770ºC). O campo principal varia de aproximadamente 25.000 nT próximo ao
equador até 65.000 nT nos pólos.

A teoria mais antiga da origem do campo magnético está relacionada com as observações de
Gilbert (1600) de que a Terra é um globo magnético uniforme. Porém, esta hipótese não
explicaria a reversão do campo magnético e a temperatura Curie, cujos minerais perdem suas
propriedades magnéticas.

O campo geomagnético da Terra possui contribuições que juntas compõem o campo total,
principal (ou interna), induzida (ou crustal), e externa (KEAREY; BROOKS; HILL, 2009).

O campo magnético principal (ou interno) é gerado no interior da Terra. Compõe mais de
90% do campo total medido na superfície, e pode ser aproximado pelo campo gerado por um
dipolo magnético (KEAREY; BROOKS; HILL, 2009).

4. Magnetismo dos materiais geológicos

As propriedades magnéticas de um material são determinadas por¬: (DENTITH; MUDGE,


2014):

 Spins dos electrões e seu movimento orbital em torno do átomo;


 Concentração de íons ou átomos magnéticos;
 Interacção entre os átomos;
 Estrutura molecular.

Para a maioria dos átomos/íons, tais efeitos se cancelam e se tornam não magnéticos. Quando
não se cancelam, significa que respondem a um campo magnético externo, e produzem
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portanto um campo magnético associado à esse campo e à própria estrutura atómica/iónica


(DENTITH; MUDGE, 2014). Esse tipo de resposta pode ser classificado em:

 Diamagnetismo;
 Paramagnetismo;
 Ferromagnetismo.

Materiais diamagnéticos são aqueles cujos spins dos electrões se alinham de modo a produzir
um campo magnético no sentido oposto ao do campo magnético externo.

Materiais paramagnéticos são similares, entretanto o alinhamento produz um campo no


mesmo sentido do campo externo. Ambos os tipos apresentam campo magnético induzido
extremamente baixo, e são considerados como não-magnéticos do ponto de vista da
prospecção geofísica, pois não produzem respostas mensuráveis significativas.

Materiais ferromagnéticos possuem dipolos atómicos magneticamente acoplados, e a natureza


desse acoplamento determina as propriedades magnéticas do material. O ferromagnetismo
pode ser entendido com o conceito de domínios magnéticos, volumes da ordem de
micrómetros dentro dos quais os vectores magnéticos são paralelos.

5. Magnetização das rochas

Há dois tipos de magnetização pertinente às rochas: induzida e remanente. Alguns materiais


exibem ambas, seja um tipo dominante sobre outro ou não, ou exibem apenas um tipo; ou
mesmo nenhum. O magnetismo de um corpo é a soma vectorial da magnetização induzida 𝐽𝑖 e
da remanente 𝐽𝑟 (KEAREY; BROOKS; HILL, 2009).

5.1. Magnetização Induzida

Para campos magnéticos considerados fracos, como o da Terra, a magnetização induzida (𝐽𝑖)

em um corpo é dada por: 𝐽𝑖

na qual é a intensidade do campo magnético externo, 𝐵 é a intensidade do campo induzido


pela exposição à força do campo , 𝜇0 é a permeabilidade magnética do vácuo (igual a 4𝜋.
10−7 Henry/m) e é a susceptibilidade magnética do corpo, uma propriedade física
adimensional que determina quão magnetizável é o corpo. Isto é, para valores elevados de ,
o campo magnético induzido nesse corpo é maior, e vice-versa. O campo magnético induzido
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em um corpo é paralelo ao campo magnético que causou a indução (KEAREY; BROOKS;


HILL, 2009).

Nesta magnetização temos a presença do campo magnético terrestre, rochas com mineiras
ferromagnéticos, (principalmente a magnetita).

5.2. Magnetização remanente

Em determinados casos/materiais, o campo externo causa mudanças irreversíveis na


propriedade magnética do material, de modo que quando o campo magnético externo é
retirado, resta uma magnetização intrínseca ao próprio material, resultado do alinhamento dos
spins dos electrões desse material quando na presença do campo magnético externo
(DENTITH; MUDGE, 2014).

A intensidade e orientação da magnetização remanente é relacionada ao campo magnético


externo no momento de sua formação e também afectado pelo conteúdo de mineral
magnéticos na rocha, além de factores como tamanho dos grãos magnéticos e sua disposição
na matriz da rocha. Do ponto de vista do tempo geológico, a magnetização remanente não é
temporalmente constante, embora a consideremos assim para os objectivos do estudo de
anomalias magnéticas (DENTITH; MUDGE, 2014; KEAREY;BROOKS; HILL, 2009).

Nesta magnetização temos a presença materiais ferromagnéticos, e podem reter uma


magnetização do campo na época de algum evento geológico.

Principais tipos de magnetização remanente:

5.2.1. Magnetização Termoremanência ou Natural (NRM)

Resfriamento de rochas abaixo da temperatura de Curie (aproximadamente a 600ºC).

É a magnetização mais importante que ocorre nas rochas ígneas e metamórficas de alto grau.
Muitas rochas ígneas solidificam-se a temperaturas acima de 1000°C. Nestas temperaturas os
grãos magnéticos já estão desenvolvidos, mas a temperatura dos grãos está bem acima da
temperatura de Curie que para a magnetita é de 578°C e para a hematita é de 675°C

5.2.2. Magnetização remanente Isotermal (IRM)

Resfriamento rápido de rochas. Numa temperatura constante, o material fica sob a acção de
um campo magnético externo por um breve espaço de tempo, como ocorre no caso dos
relâmpagos, que é de grande intensidade e distribuição irregular.
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5.2.3. Magnetização remanente Química (CRM)

Alterações químicas nas rochas. Quando há a nucleação e a recristalização de grãos finos de


um material magnético, seguindo reacções químicas, em valores de temperatura abaixo da de
Curie e sob a acção do campo magnético do ambiente em que se encontra.

5.2.4. Magnetização remanente Detrítica ou Deposicional

Adquirida na deposição de sedimentos anidros. Acontece quando os grãos de minerais de


característica magnética que adquiriram remanência conseguem orientação de acordo com o
campo magnético terrestre.

5.2.5. Magnetização remanente Pós-deposicional

Adquirida por efeitos mecânicos após a deposição de sedimentos hidratados.

É encontrada em sedimentos de grãos finos. Grãos finos de magnetita situados nos interstícios
(poros) dos sedimentos podem se orientar com o campo geomagnético se tiver liberdade de
movimento após a deposição.

5.2.6. Magnetização remanente viscosa

Adquirida pela exposição a um campo magnético ao longo de um grande período, adquirida


quando a rocha fica exposta ao campo magnético da Terra por longos períodos.

6. Susceptibilidade de rochas e minerais

A susceptibilidade magnética é uma propriedade física que vem das rochas e solos, depende
do tamanho e quantidade dos grãos minerais e principalmente de como está distribuído estes
minerais nas rochas. Podendo ser destes grãos finos dispersos em um conjunto de minerais
diamagnéticos e paramagnéticos formados por silicatos GRANT; WEST (1965).

A susceptibilidade magnética das rochas é condizente ao conteúdo e tamanho de minerais que


as constituem.

A susceptibilidade, medida em unidades adimensionais, é definida como a medida da


capacidade do material ser magnetizado. Quanto maior a susceptibilidade do material, maior
será a magnetização do mesmo. As rochas possuem seu carácter magnético directamente
proporcional ao conteúdo de minerais magnéticos que contêm.
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As rochas ígneas máficas apresentam alta concentração de titanomagnetita e ilmenita em


relação as rochas félsicas.

Nas rochas sedimentares a disponibilidade de minerais magnéticos está relacionado a


abundância desses materiais na área fonte da sedimentação, bem como a dinâmica do
processo de transporte e de deposição dos sedimentos. Entre os principais minerais
constituintes das rochas sedimentares está magnetita originada principalmente de rochas
vulcânicas e hematita de rochas sedimentares químicas. (LANZA; MELONI, 2006).

Já nas rochas metamórficas, as condições para presença de minerais magnéticos é dependente


de um maior número de processos, em virtude das condições químicas e mineralógicas do
protólito, a presença de fluídos, o tempo do(s) evento(s) metamórfico, das condições de P e T
ao longo do tempo para cristalizar ou preservar novos minerais magnéticos, sendo essas
variáveis controladas pelo grau metamórfico. Em alguns casos, na fácies xisto verde a clorita
apresenta grande disponibilidade de ferro, em estágio de menor grau metamórfico pirita é
formada, enquanto na transição para a fácies anfibolito hematita é cristalizada. A magnetita
pode ser preservada na fácies xisto verde até anfibolito, bem como pode ser formada durante
aumento do grau metamórfico durante a transição para a fácies granulito (LANZA; MELONI,
2006).
11

Tabela 1-Susceptibilidade magnética das principais rochas. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995)

Tabela 2-Susceptibilidade magnética de alguns minerais. (Luiz,J.G & Silva, L.M.C,1995).


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7. Medições magnéticas

O campo magnético terrestre pode ser medido através de instrumentos chamados


magnetómetros. Antes, as medidas eram feitas com bússolas, na intenção de localizar
concentrações de minerais magnéticos. Depois vieram instrumentos chamados “variómetros
magnéticos” que eram capazes de medir variações da componente horizontal e vertical do
campo e tinham uma sensibilidade em torno de 10 nT (LOCZY; LADEIRA, 1976).

O magnetómetro é um instrumento usado para medir a intensidade do campo magnético total


da Terra em uma determinada localização. Muitos objectos, incluindo os produzidos pelo
homem, e estruturas geológicas, apresentam uma distorção elevada em relação à suave
alteração do campo magnético total da Terra. Isso se deve a propriedade de cada material, isto
é, ao seu teor de materiais ferrosos na sua estrutura.

Existem basicamente três tipos de magnetómetros, utilizados nas actividades em que a


medição ou detecção de campo magnético é necessária: os dispositivos supercondutores de
interferência quântica (Superconducting Quantum Interference Devices ou SQUIDs), as
bobinas de indução (Precessão de Protões) e os magnetómetros de fluxo saturado ou
“fluxgates”, nomeados pela maneira que eles medem a força do campo magnético da Terra
(LOCZY; LADEIRA, 1976).

7.1.1. Magnetómetro de precessão de protões

O magnetómetro de precessão de protões mede a frequência de precessão (spins) do núcleo


hidrogénio (protão). Uma garrafa preenchida com um fluido rico em hidrogénio (água ou
querosene) é energizada por uma corrente eléctrica passando através da bobina.
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Figura 1-Ilustrando o Magnetómetro GSM-19T de precessão de protões. Fonte: (LOCZY;


LADEIRA, 1976).

7.1.2. Magnetómetros de fluxo saturado (Fluxgate)

O magnetómetro Fluxgate funciona com duas bobinas primárias opostas envoltas por uma
segunda bobina de medição. Uma corrente continua passa através da bobina primária. O
campo H reforça um dos campos primários e reduz o outro. A voltagem induzida na bobina
secundária é proporcional ao campo geomagnético.

Figura 2-Ilustrando o Magnetómetro Fluxgate. Fonte: (LOCZY; LADEIRA, 1976).


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7.2.Técnicas de levantamento

Os levantamentos magnetométricos fazem-se por meio terrestre, aquático e aerotransportado.

7.2.1. Levantamentos terrestres

Os levantamentos magnetométricos terrestres são geralmente realizados sobre áreas


relativamente pequenas, sobre alvos predefinidos e com espaçamento entre as medidas de,
geralmente, entre 10 e 100 metros.

Levantamentos terrestres são basicamente aplicados no detalhamento de corpos


mineralizados. Correcções diurnas e de variações erráticas geralmente não são realizadas, pois
em prospecção mineral (maior aplicação dos levantamentos terrestres) as anomalias são em
geral maiores do que 500 nT. A sensibilidade do magnetómetro usado (em tomo de 1 nT)
requer que as estações fiquem localizadas distantes de qualquer objecto de dimensões
consideráveis contendo ferro em sua composição.

Correcções de latitude podem ser desprezadas, entretanto, a influência da topografia deve ser
levada em consideração quando existem formações próximas constituídas por minerais
metálicos (tais como magnetita), neste caso a correcção de terreno se torna necessária.

Levantamentos terrestres são principalmente usados em exploração mineral e possuem como


objectivo identificar detalhadamente estruturas mineralizadas tais como sulfetos e ouro.

7.2.2. Levantamentos aéreos

Para dados aeromagnetométricos o espaçamento entre as linhas de voo depende do grau de


detalhe exigido para o alvo de exploração desejado e dos recursos financeiros disponíveis.
Para o reconhecimento de áreas, geralmente são realizados espaçamentos entre 1 e 2 km, e
para levantamentos de detalhe as linhas são espaçadas de 100 a 250 metros. Cabe ressaltar
que a altura do voo deve ser a mais baixa possível, de modo que não afecte a segurança do
levantamento.

Levantamentos aéreos são realizados em uma etapa de reconhecimento sobre áreas


relativamente extensas com o objectivo de detectar respostas magnéticas de macro feições.
São bastante usados em exploração de petróleo em uma etapa preliminar à sísmica para
fornecer profundidade, topografia e características composicionais das rochas do
embasamento. Isso porque as susceptibilidades das rochas sedimentares são em geral
pequenas e contrastam com as altas susceptibilidades das rochas ígneas do embasamento.
15

7.2.3. Levantamentos marítimos

Nesses levantamentos o elemento sensor é colocado a uma distância de 150 a 300m do navio
(para reduzir os efeitos da anomalia magnética oriunda da embarcação) em um receptáculo a
prova d' água o qual é rebocado a 15 metros abaixo da superfície do mar.

Fornecem algumas vantagens significativas em relação aos aerolevantamentos mas, a menos


que seja realizado em conjunto com gravimetria ou sísmica, oferecem desvantagem
económica. A principal aplicação tem sido em levantamentos oceanográficos de larga escala
relacionados à física da Terra e pesquisa de petróleo. A maior parte das evidências da teoria
de tectónica de placas foi colectada através de levantamentos magnéticos marítimos.

Actualmente existem levantamentos sendo realizados a partir de VANTs (veiculo aéreo não
tripulado) que irão acoplar o magnetómetro para realizar o levantamento. Estes conseguem
dar um maior grau de detalhe em relação aos levantamentos com helicópteros ou aeronaves e
conseguem percorrer áreas maiores que o levantamento terrestre.

Figura 3-Ilustrando o Levantamento Magnetométrico com VANT. Fonte: (KEAREY;


BROOKS; HILL, 2002).

8. Tratamento dos dados

Após a aquisição de dados obtidos em um levantamento magnetométrico, é necessário


remover todas as causas de variação que não tenham relação com os efeitos magnéticos da
subsuperfície. Para isto é aplicado algumas correcções, processamentos ou transformações do
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campo magnético, a fim de facilitar a fase de interpretação dos dados (KEAREY; BROOKS;
HILL, 2002).

Anteriormente a qualquer tratamento, é necessário fazer algumas correcções nos dados para
eliminar as variações devidas às causas não geológicas, como a variação diurna, que é feita
para remover as interferências magnéticas de externas, oriundas de tempestades magnéticas
(KEAREY; BROOKS; HILL, 2009). A correcção topográfica (desnível dos pontos de
amostragem), às vezes, correcções de latitude (escalas meso a macroscópica) e a remoção do
IGRF (International Geomagnetic Reference Field – Campo geomagnético de referência
internacional). É a representação teórica do campo magnético normal da Terra (KEAREY;
BROOKS; HILL, 2009).

Os métodos potenciais podem facilitar as interpretações geológicas através de tratamentos dos


dados medidos. Esses tratamentos, em geral, não são directamente definidos pela distribuição
de fontes, porém fornecem ideias que auxiliam na construção de um entendimento geral da
natureza das fontes magnéticas (Blakely 1996).

O tratamento de dados magnetométricos, definido como filtragem, baseia-se em técnicas


matemáticas aplicadas sobre os dados. Os filtros têm o propósito de realçar, atenuar, eliminar
ou transformar determinadas feições lineares e/ou planares, em função dos dados e objectivos
de integração com dados geológicos.

8.1. Interpretação (monoplo)

Frequentemente os dados de magnetometria são interpretados qualitativamente. Isso significa


que a simples avaliação visual dos mapas pode revelar importantes informações sobre a
estrutura geológica em sub superfície. Para tanto, é necessário que o intérprete possua
experiência considerável em análise de dados magnetométricos.

É possível realizar sobre dados de magnetometria uma interpretação quantitativa, a qual


depende essencialmente das etapas de modelagem directa e inversa. Na primeira, o objectivo
é obter uma relação físico-matemática entre o campo magnético registado e propriedades tais
como magnetização e geometria dos corpos em subsuperfície. Para tanto, é necessário
parametrizar o meio, isso é, determinar uma linguagem matemática para descrever
adequadamente o meio geológico, extraindo parâmetros matemáticos que o caracterize, e
permitam estabelecer as equações de modelagem directa. Existem varias formas de
parametrização, dentre as quais as mais conhecidas são:
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a) Parametrização prismática: O corpo é avaliado como um conjunto de pequenos


prismas rectangulares, onde cada prisma possui magnetização constante.
b) Parametrização laminar: O corpo é seccionado em finas fatias limitadas por seções
poligonais representando seu contorno estrutural. O efeito magnético de cada lâmina é
calculado e depois integrado na vertical para a obtenção do efeito total.
c) Parametrização poliédrica: Um corpo de forma qualquer é representado por um
poliedro adequadamente construído de forma tal a se assemelhar ao corpo original.

A modelagem directa pode ser usada na interpretação quantitativa através de um


procedimento de tentativa e erro, isto é, modela-se sucessivamente o meio, variando-se os
parâmetros, até que se consiga obter um mapa magnético sintético que melhor se ajuste ao
mapa medido em campo.

Uma alternativa é utilizar a modelagem inversa, na qual se procura correlacionar os dados


medidos aos dados sintéticos obtidos pela modelagem directa. Os métodos de inversão podem
ser classificados em determinísticos (mínimos quadrados linear e não linear, SVD etc.) e
estatísticos (algoritmo genético, simulated annealing etc.) e, apesar de possuírem certas
limitações, apresentam resultados satisfatórios mesmo em meios com estruturas geológicas
complexas.

Para a interpretação temos que tem que se fazer o estabelecimento do alvo (alvos regionais,
ou seja tectónica local), fazer a delimitação de lineamentos magnéticos, zonas de
cisalhamento e suturas identificação de grandes estruturas, corpos profundos.

Na modelagem directa temos 2D ou 3D, o usuário deve criar o modelo ajustado ao sinal, e na
inversão temos 2D ou 3D,o usuário deve entrar com os dados.

Para alvos locais temos presença de magnetização remanente significativa, delimitação de


limites laterais de corpos anómalos, estimativas de profundidade e volume e corpos rasos.

8.2. Aplicações

Esse método é bastante útil para se definir em grandes áreas lineamentos magnéticos que
podem ser indicativos de concentração de minerais ferromagnéticos em contatos geológicos,
diques, falhas e lineamentos estruturais, que são definidos por anomalias estreitas e longas,
em geral, definidas por altos gradientes.
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Além disso, esse método é amplamente utilizado para prospecção de minérios de ferro,
níquel, cobalto e pode ser aplicável a prospecção de minerais metálicos de uma maneira geral.

Ele também pode ser utilizado para minérios que não são ferromagnéticos, mas estão
associados a minerais ferromagnéticos no contexto geológico da região onde está sendo
realizado o levantamento, para isso é imprescindível que se tenha um amplo conhecimento do
contexto geológico da região para aplicar o método correto.

Algumas aplicações deste método são:

 Prospecção de jazidas de minerais ferromagnéticos


 Mapeamento estrutural
 Fracturas no embasamento
 Crateras de impacto
 Arqueologia marinha
 Mapeamento de sedimentos contaminados
 Localização de estruturas metálicas enterradas e/ou submersas.
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9. Conclusão

Finda realização do trabalho, chega-se a ilação de que a origem desse campo magnético e as
suas consequências para a Terra ainda são objecto de estudo, mas sua importância é
incontestável. Foi ele que permitiu as grandes navegações, pelo uso da bússola (os modernos
navios usam GPS).

A magnetometria é um método geofísico que se baseia no campo magnético da Terra e sua


interacção com os minerais e rochas, gerando campos magnéticos anómalos (TELFORD;
GELDART; SHERIFF, 1990). Esse método pode ser aplicado em levantamentos terrestres,
marinhos e aéreos. A magnetometria é amplamente aplicada na resolução de problemas
diversos envolvendo materiais magnéticos, tais como prospecção de minerais metálicos,
localização e definição da geometria de falhas e outras estruturas geológicas, geologia de
engenharia, arqueologia, entre outras aplicações (MILSON, 2008).
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9.1. Referências Bibliográficas

KEAREY, P.; BROOKS, M.; HILL, I. An introduction to geophysical exploration. 3rd. ed.
United Kingdom: Blackwell Publishing Company, 2002.

LANDIM, P. M. B. Análise estatística de dados geológicos. 2. ed. São Paulo. Editora Unesp,
2003. LOWRIE, W. Fundamentals of geophysics. 2. ed. New York: Cambridge University
Press, 2007.

LUIZ, J. G.; SILVA, L. M. C. Geofísica de prospecção. Belém: Universidade Federal do


Pará, 1995.

MACHADO, S. A. M.; PENHA, U. C. Estruturação da sequência Vulcano-sedimentar Rio


Mata Cavalo (Morro do Pilar, MG, Brasil) baseada na análise qualitativa de dados
geofísicos. Revista Brasileira de Geofísica, São Paulo, v. 15, n. 2, 1997.

SEIXAS,ADRIANO DA ROSA. Caracterização magnetometrica. Biblioteca da UNESP

Campus de Rio Claro/SP.2014.

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