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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA


MÉTODOS EXPERIMENTAIS DA FÍSICA III

GUILHERME TREVIZAN SILVA OLIVEIRA - 9843188


IGOR MARQUES BISPO SILVA - 9377185
LUKAS ALVES JOSEPH COSTA - 9423036
PATRICK LOBO PADULA - 11368881
RENÊ REGINATO DAVID VIANA - 9359282
TIAGO CASTAGNET - 9423022

Construção e calibração de bobina retangular de cobre em laboratório

RELATÓRIO

Profa. Cristina Bormio Nunes

Lorena
2022
Lista de ilustrações

Figura 1 – Campo de um solenóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7


Figura 2 – Área equivalente ao círculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Figura 3 – Diagrama ilustrativo do efeito Hall. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Figura 4 – Diagrama de um sensor Hall. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Figura 5 – Diagrama de um sensor Hall. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Figura 6 – Filamento de cobre esmaltado 24 AWG utilizado. . . . . . . . . . . . . . 13
Figura 7 – Diagrama da bobina utilizada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Figura 8 – Bobina posicionada na giga de teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Figura 9 – Fonte regulável de bancada MPC-3003 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Figura 10 – Gaussímetro de bancada Model475 utilizado. . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 11 – Diagrama de blocos descrevendo o funcionamento geral do gaussímetro. 18
Figura 12 – Diagrama de blocos descrevendo o processamento do gaussímetro em
modo DC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 13 – Especificações técnicas do gaussímetro de bancada Model475. . . . . . 19
Figura 14 – Paquímetro utilizado nas medições. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 15 – Chave inversora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 16 – Curvas de H x I para medição na borda do solenóide . . . . . . . . . . . 22
Figura 17 – Curvas de H x I para medição na borda do solenóide . . . . . . . . . . . 22
Figura 18 – Modelo Esquemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Lista de tabelas

Tabela 1 – Tabela t-Student, 2022 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12


Tabela 2 – Espiras por camadas incluídas na bobina. . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Tabela 3 – Bobina resultante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Tabela 4 – Corrente por campo magnético detectado medido na extremidade da
bobina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Tabela 5 – Coeficientes angulares calculados por MMQ . . . . . . . . . . . . . . . 23
Tabela 6 – Diferença dos valores de N calculado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

3 Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento . . . . . . . . . . . . 7


3.1 Campo magnético de um solenóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Sensor Hall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.3 Cálculo de incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.1 Preparo das amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.2 Coleta de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

5 Equipamentos e Sensores Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16


5.1 Fonte de bancada MPC-3003 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5.2 Gaussímetro LakeShore Model475 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5.3 Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5.4 Chave Inversora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

6 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6.1 Cálculo do número de voltas no solenoide . . . . . . . . . . . . . . . 21
6.2 Cálculos do erro experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

7 Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

8 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4

1 Introdução

A origem do estudo do magnetismo ocorreu na observação de uma bússola mag-


nética primitiva, feita de um material chamado magnetita que suspenso livremente, se
orientava ao longo da direção norte-sul. Tempos depois, descobriu-se que essa mesma
propriedade podia ser adquirida por barras de ferro, sendo estas barras magnetizadas
denominadas como ímãs. Estes ímãs geram polos magnéticos denominados norte (N)
por onde saem as linhas de campo e sul (S) por onde entram as linhas de campo. Testes
observados com ímãs, onde seus pólos atraem a limalha de ferro e também ao colocar uma
bússola próxima de um ímã, ocorre uma interação, onde uma força perturba a bússola em
equilíbrio, fazendo com que se alinhe ao campo (BIRK, 2022 ).
A forma final da teoria de campos eletromagnéticos e suas relações matemáticas
como conhecemos hoje, foi condensada por James Clerk Maxwell (1831-1879), cientista
Britânico que com base nos estudos anteriores, principalmente, mas não exclusivamente,
de Gauss, Faraday e Ampère, conseguiu sintetizar as relações entre campos elétricos
e magnéticos. Nos anos seguintes, inúmeras pesquisas e avanços tecnológicos usaram
essa teoria como base, sendo uma das mais notórias a pesquisa de Edwin Herbert Hall
(1855-1938) em sua tese de doutorado que relacionou a existência transversal num condutor
sobre o qual circula uma corrente elétrica na presença de um campo magnético. Os estudos
de Hall foram tão relevantes que mesmo 106 anos após a descoberta do efeito que leva
seu nome, outro cientista, Klaus von Klitzing (1943-presente), foi laureado com o prêmio
nobel por desdobramentos da teoria de Hall, O efeito Hall quântico.
Segundo a denominação criada por André-Marie Ampère em 1823, solenóides são
bobinas helicoidais que têm por utilidade gerar um campo magnético uniforme em um
volume de espaço quando uma corrente elétrica passa por ela, fenômeno descrito pela Lei
de Biot Savart (UNDERHILL, 1914).
Com o passar do tempo, o aprimoramento dos solenóides deu origem a novos
dispositivos mais sofisticados, que hoje em dia são parte integrante das residências e
indústrias de nossa sociedade.
Na engenharia, esses solenóides estão classificados como uma série de dispositivos
transdutores (aqueles que convertem energia em movimento linear) e a válvulas solenóides,
dispositivos integrados compostos por um solenóide eletromecânico que pode atuar como
válvula pneumática ou hidráulica, ou interruptor solenóide, que é um tipo de relé que usa
internamente um solenóide eletromecânico para controlar um interruptor elétrico; podemos
citar como exemplos, o solenóide de arranque de um automóvel e os parafusos solenóides,
um tipo de mecanismo de travamento eletrônico-mecânico (PILOTTO, 2015).
Os variados tipos de válvulas solenóides são usadas com maior ênfase na automação
industrial, mas também são encontradas usualmente em aparelhos de uso doméstico, como:
máquinas de lavar roupas, louça, aquecimento, piscinas, sistemas de aspersão, tecnologias
Capítulo 1. Introdução 5

de ar comprimido, irrigação e alguns equipamentos odontológicos. Os solenóides também


participam do funcionamento de atuadores, que são amplamente utilizados junto aos
motores elétricos e hidráulicos para estabelecer o servomecanismo e aumentar o controle
sobre operações e processos (PILOTTO, 2015).
6

2 Objetivos

Neste experimento, realizou-se a construção de um solenóide, bem como sua


calibração e comparação dos campos reais gerados com os campos calculados pela
literatura para a configuração. Assim, buscamos obter um gráfico da intensidade do campo
magnético H pela corrente elétrica I aplicada no solenóide. Por fim, comparando o número
de espiras reais com o número de espiras calculado pela teoria do eletromagnetismo.
7

3 Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento

3.1 Campo magnético de um solenóide

O solenoide é definido por um fio condutor enrolado de forma em espiral, como


representado na imagem à esquerda na Figura 1. Aplicando uma corrente no fio, produz
no interior do solenóide um campo magnético, onde as linhas de campo são praticamente
paralelas, resultando em um campo praticamente uniforme, representado na imagem central
da Figura 3.1 (HALLIDAY, 1983).

Figura 1 – Campo de um solenóide

Halliday

Para encontrar uma forma de calcular a expressão que descreve o campo magnético
gerado por um solenóide é preciso fazer o somatório das contribuições espaciais dos
campos magnéticos gerados pelas N espiras. Para calcular o campo das espiras podemos
utilizar a lei de Biot Savart, assim que este campo é encontrado, por exemplo, para uma
espira no formato de um circunferência Equação 3.1, é realizado um somatório das N
contribuições considerando os intervalos entre a localização das espiras infinitesimalmente
por todo o comprimento E da bobina surgindo desta forma a Equação 3.2, que em específico
para o centro da bobina nos entrega a Equação 3.3 e para extremidade da bobina nos
entrega a Equação 3.4 (HALLIDAY, 1983).

—0 i R
Bz = :2ıR (3.1)
4ı (z 2 + R2 ) 23

 
E E
I:N  2
−z 2
+z
H(z) = q +q  (3.2)
2E E
2
2 E
2
2
−z +R 2
+ z + R2

I:N
H(0) = q (3.3)
2
2 E4 + R2
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 8

 
E I:N
H y =± = √ (3.4)
2 2 E 2 + R2
Entretanto, para este experimento é necessário fazer mais uma consideração, a
bobina que foi construída é retangular, assim poderíamos remodelar a lei de Biot Savart
para o retângulo, mas uma maneira de contornar este problema é realizar o cálculo do raio
médio do retângulo, indicado na Figura 2, onde A é a área do retângulo da bobina, tentando
assim aproximar um R equivalente.

Figura 2 – Área equivalente ao círculo

MARIUSZ.GROMADA

3.2 Sensor Hall

Sensores de efeito Hall compõem um método conveniente para medir campos


magnéticos eletronicamente, pois, provêm um sinal de tensão proporcional à densidade
do fluxo magnético. Essa característica o faz de um sensor analógico, ou um transdutor,
dependendo da literatura preferida. Como implicado por seu nome, o sensor se baseia
no fenômeno físico efeito Hall. O efeito Hall é justamente o surgimento de tensão através
de um plano condutor quando o condutor é posicionado através de um campo magnético
perpendicular ao fluxo de corrente, como representado na Figura 3 e na Figura 4.
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 9

Figura 3 – Diagrama ilustrativo do efeito Hall.

Ramsden (2006)

Figura 4 – Diagrama de um sensor Hall.

Ramsden (2006)

Tomando “B” como o campo magnético incidente, “v” como a velocidade da carga e
“q” como a magnitude da carga, temos a Equação 3.5.

q0 EH + q0 v × B = 0 (3.5)

Onde “EH ” é o campo elétrico Hall através do transdutor e resolvendo para tal,
obtemos a equação 3.6.
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 10

EH = −v × B (3.6)

Integrando em função de “w”, chegamos na Equação 3.7.

VH = −w v B (3.7)

“Portanto, a tensão Hall é a função linear da velocidade do portador de carga no corpo


do transdutor; do campo magnético aplicado no eixo “sensível”; da separação espacial dos
contatos sensitivos, à ângulos retos em relação ao movimento dos portadores.” (RAMSDEN,
2006).
Enfim, para o aproveitamento do fenômeno Hall e utilização do material como sensor,
costuma-se utilizar alguma variação do circuito apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Diagrama de um sensor Hall.

Ramsden (2006)

Parte do circuito compõe-se de uma fonte de excitação, responsável por gerar uma
corrente apenas o suficiente para resultar em uma sensibilidade satisfatória de tensão, sem
comprometer termicamente o sensor dissipando energia desnecessariamente. A outra parte
é composta por um amplificador de sinal, responsável por dar ganho na tensão de saída
para facilitar a leitura e o processamento.

3.3 Cálculo de incerteza

Em experimentos que envolvem instrumentos de medição de qualquer natureza, é


necessário considerar a incerteza dos aparatos de medição e sua influência nos valores
das grandezas encontradas. Para calcular a incerteza do ensaio realizado, é necessário
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 11

realizar a propagação das incertezas dos equipamentos utilizados como na Equação 3.8 a
seguir, multímetro, fonte, micrômetro e régua (OIML, 2010).

‹Y = f (X) = f (X1 ; X2 ) (3.8)

O método utilizado para propagação de incerteza foi o método GUM, definido pela
Organização Mundial de Metrologia Legal (OIML, 2010). O método consiste na somatória
quadrática das incertezas, ajustadas por seus coeficientes de sensibilidade, definidos
como derivadas da equação de modelagem do experimento pelas respectivas variáveis,
resultando na Equação 3.9.

N  2
X @f
uc2 (y ) = u 2 (xi ) (3.9)
i=1
@xi

É orientado pela OIML que seja considerado, também, a incerteza tipo A, proveniente
do desvio padrão das amostras experimentais, Equação 3.10.

s
PN
− x)2
i=1 (xi
ff = (3.10)
n−1

A combinação quadrática das incertezas envolvidas, Equação 3.11, garante que


todas as incertezas contribuam de maneira proporcional para o resultado final, sem maquiar
o resultado.

q
Uc = UA2 + UB2 (3.11)

Então, após ser definido o intervalo de confiança, 95% no caso, e medido os graus
de liberdade efetivos que estiveram presentes no experimento, pode-se localizar o fator de
abrangência definido pela Tabela 1, t-Student.
O fator de abrangência “K” garante que as medições encontradas estão presentes
em um certo intervalo de medição, com confiança de 95%, no caso dos experimentos
descritos neste relatório segundo a Equação 3.12.

Y (X) = ±K ∗ U(X) (3.12)


Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 12

Tabela 1 – Tabela t-Student, 2022

STUDENT-T-TABLE, 2022
13

4 Procedimento Experimental

4.1 Preparo das amostras

A bobina foi produzida utilizando um fio esmaltado de 24 AWG, representado na


Figura 6 e um carretel retangular polimérico, de 21,68 milímetros de dimensão “A” por
26,75 milímetros de dimensão “B”, com 15,79 milímetros de espessura “E”, representado na
Figura 7. As espiras foram enroladas à mão e as camadas foram isoladas entre si por uma
camada de fita isolante, para fins de segurança e uniformidade. A camada de fita isolante
serviu para que os filamentos da camada superior não se acomodassem entre os filamentos
da camada inferior, além de auxiliar na prevenção de curto-circuito, caso a corrente fosse
suficiente para derreter a camada de esmalte.

Figura 6 – Filamento de cobre esmaltado 24 AWG utilizado.

Autoria própria

Figura 7 – Diagrama da bobina utilizada.

Autoria própria
Capítulo 4. Procedimento Experimental 14

O procedimento foi documentado à medida que a bobina foi enrolada pelos integran-
tes, sendo contabilizados os números de voltas por camada e a quantidade de camadas. O
resultado está indicado na Tabela 2 e na Tabela 3.

Tabela 2 – Espiras por camadas incluídas na bobina.

Número de Dimensão B EspessuraΔB por Dimensão A EspessuraΔB por


voltas (mm) camada (mm) (mm) camada (mm)

18 28,6 - 23,62 -

16 30,41 0,905 25,42 0,900

17 32,1 0,845 27,28 0,930

18 33,97 0,935 29,3 1,010

14 36,03 1,03 31,3 1,000

17 37,56 0,765 33,15 0,925

15 39,55 0,995 35,02 0,935

17 41,4 0,925 36,95 0,965

16 43,39 0,995 39,16 1,105

Autoria própria

Tabela 3 – Bobina resultante.

Total de espiras Total de camadas Espessura média entre camadas

148 9 0,948

Autoria própria

Após ter sido produzida, os terminais da bobina foram carbonizados e então raspados,
para ter-se o melhor contato possível com filamento condutor de cobre.

4.2 Coleta de dados

A bobina foi posicionada na giga de teste e conectada à chave reversora através


de pinças metálicas. Do outro lado foi introduzida a sonda com sensor Hall, primeiramente
até o centro da bobina e, posteriormente, apenas até a margem, representado na Figura 8.
Desta forma foi possível calcular o gradiente da magnitude do campo magnético induzido
ao longo do eixo da espessura “E”. A chave inversora, por sua vez, estava ligada à fonte
de bancada, responsável por fornecer corrente de 0 à 3 Amperes em incrementos de 300
mA. A cada incremento de corrente, foi acionada a chave inversora, mudando a direção da
corrente, possibilitando a redução dos erros aleatórios no experimento.
Capítulo 4. Procedimento Experimental 15

Figura 8 – Bobina posicionada na giga de teste.

Autoria própria
16

5 Equipamentos e Sensores Utilizados

5.1 Fonte de bancada MPC-3003

Para a aplicação da corrente, foi utilizada a Fonte de bancada MPC-3003, represen-


tada na Figura 9.

Figura 9 – Fonte regulável de bancada MPC-3003

Autoria própria

Abaixo estão listados os aspectos técnicos relevantes que foram utilizados nos
cálculos de erro do experimento referente à Fonte de bancada MPC-3003 (MINIPA MPC-
3003, 2022).
A precisão é dada como ±(% da leitura + número de dígitos) para temperatura 25°C
±5°C e umidade relativa <80%. Especificação válida para 10% a 100% da faixa de medida
ou especificado de outra maneira. Ciclo de calibração recomendado de 1 ano.

Monitor de visualização:

• Digital de 3 dígitos;

• Precisão:

Indicação de tensão: ± (1% + 2 dígitos);


Indicação de corrente: ± (2% + 2 dígitos);

• Resolução de Tensão: 0,1 V;


Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 17

• Resolução de Corrente: 0,01 A.

Corrente constante

• Saída: 0 ∼ 3 A;

• Regulação de Linha: CC ± 2m + 6mA;

• Regulação de Carga: CC ≤ 2m + 6mA;

• Ripple e Rúido: CC ≤ 3mA RMS.

5.2 Gaussímetro LakeShore Model475

Para a medição do campo magnético, foi utilizado o Gaussímetro Model475, repre-


sentado na Figura 10.

Figura 10 – Gaussímetro de bancada Model475 utilizado.

LakeShore, 2019

O Model 475 faz interface com sondas de efeito Hall calibradas em laboratório,
compensadas em função da linearidade do campo magnético e da influência da tempera-
tura. As sondas possuem memórias não-voláteis localizadas nos conectores que fazem
interface com o gaussímetro. Esses ajustes são necessários para compensar imperfeições
características do material que compõem o elemento sensitivo, aumentando a repetibilidade
das medições, bem como defeitos de produção.
Compensação de campo da sonda: Os dispositivos baseados em efeito-Hall utiliza-
dos nas sondas de gaussímetros produzem uma resposta linear na presença de campos
magnéticos. A pequena contribuição produzida em cada dispositivo pode ser mensurada e
subtraída do campo de leitura. Às sondas do Model 475 são calibradas desta maneira para
garantir a precisão nas medições de corrente DC.
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 18

Compensação da temperatura da sonda: Variações de temperatura também podem


alterar a sensibilidade das medições destes dispositivos. Novamente, esse tipo de alteração
pode ser subtraída dos valores do campo de leitura. Um sensor de temperatura instalado
nas pontas das sondas do Model 475, acompanham a temperatura do Gaussímetro em
tempo real para realizar a compensação. Apesar desta variação ser pequena, controlá-la é
fundamental para melhorar o controle e a estabilidade durante as medições.
O Model 475 excita o elemento sensitivo com uma corrente alternada quadrada
de 100mA e 5kHz, para uso em medições do tipo DC e tipo AC banda estreita. Essa
corrente de excitação fornecida desencadeia o surgimento da tensão Hall medida pelo
ADC do gaussímetro à 50kHz. Os resultados são, então transmitidos ao DSP (Digital signal
processor), onde serão processados e filtrados para finalmente serem transmitidos ao
microprocessador, que é encarregado de transmitir as informações no display e computador.
Para melhor entendimento, a Figura 11 e a Figura 12 representam de forma esquemática
os processos citados acima.

Figura 11 – Diagrama de blocos descrevendo o funcionamento geral do gaussímetro.

LakeShore, 2019

Figura 12 – Diagrama de blocos descrevendo o processamento do gaussímetro em modo DC.

LakeShore, 2019

As especificações técnicas do Gaussímetro de bancada Model475, segundo o


manual da LakeShore, são representadas na Figura 13.
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 19

Figura 13 – Especificações técnicas do gaussímetro de bancada Model475.

Lakeshore, 2019

5.3 Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic

Para a medição das dimensões do carretel retangular polimérico foi utilizado o


Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic, representado na Figura 14.

Figura 14 – Paquímetro utilizado nas medições.

Autoria própria
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 20

Segundo o manual da Mitutoyo, as especificações do paquímetro são:

• Resolução: 0,01 mm

• Precisão: ± 0,02 mm

• Repetibilidade: 0,01 mm

5.4 Chave Inversora

A chave inversora, também conhecida como ponte H, foi utilizada para alterar a pola-
ridade da tensão e, consequentemente, a direção da corrente do experimento, representada
na Figura 15.

Figura 15 – Chave inversora

Autoria própria
21

6 Resultados

6.1 Cálculo do número de voltas no solenoide

Posicionado o medidor na extremidade e no centro da bobina, foi realizado a coleta


de dados variando a corrente que passa pela bobina de 0 a 3 Amperes, assim obtido a
Tabela 4.

Tabela 4 – Corrente por campo magnético detectado medido na extremidade da bobina.

Corrente A Campo magné- Campo


Corrente A
(extremi- tico(kA/m) magnético(kA/m)
(centro da
dade da (extremidade da (centro da
bobina)
bobina) bobina) bobina)

0,30 0,87 0,30 1,14

0,61 1,67 0,60 2,44

0,92 2,52 0,90 3,60

1,21 3,30 1,19 4,76

1,51 4,12 1,50 6,00

1,80 4,90 1,81 7,20

2,10 5,71 2,11 8,40

2,40 6,53 2,40 9,55

2,69 7,31 2,70 10,70

2,99 8,16 3,00 11,91

Autoria própria

Utilizando dos dados obtidos e representados na Tabela 4, foi feito os gráficos


representados na Figura 16 e na Figura 17, desses gráficos será obtido o coeficiente
angular para o cálculo do número de espirras.
Capítulo 6. Resultados 22

Figura 16 – Curvas de H x I para medição na borda do solenóide

Autoria própria

Figura 17 – Curvas de H x I para medição na borda do solenóide

Autoria própria

Pode-se calcular o número de voltas a partir do coeficiente angular segundo a


E
Equação 6.1 para Z = 0 e a Equação 6.2 para z = 2
.

r
E2
N = 2C + R2 (6.1)
4


N = 2C E 2 + R2 (6.2)
Capítulo 6. Resultados 23

Onde, E é o comprimento da bobina, R o raio da bobina e C o coeficiente angular


calculado da curva (H x I).
Utilizando o método dos mínimos quadrados, foi obtido a Tabela 5, que apresenta
os valores dos coeficientes angulares de ambas as medições e a partir dela, foi feito uma
relação de porcentagem referente ao número de voltar experimental e o teórico em 3 casos,
representado na Tabela 6.

Tabela 5 – Coeficientes angulares calculados por MMQ

Tipo de medição Coeficiente Angular Número de voltas calculado

Extremidade da bobina 2710,09 133,90± 13,61

Centro da bobina 3966,49 163,22 ± 15,98

Autoria própria

Para calcular o valor estimado de voltas foi suposto uma disposição dos fios em um
perfil quadrado como indicado na figura 18.

Figura 18 – Modelo Esquemático

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A partir desse modelo, obtemos a Equação 6.3 e em seguida obtemos o resultado.

E:(D2 − D1 )
Nv oltas = (6.3)
2:d 2
Capítulo 6. Resultados 24

15; 78:(43; 39 − 26; 75)


Nv oltas = = 205; 12 (6.4)
2:(0; 07)2
Tabela 6 – Diferença dos valores de N calculado

% de
N de voltas ΔN
diferença

Centro por H(I) 163,22 15,22 10,28%

Borda por H(I) 133,90 14,10 9,53%

Estimado por área 205,12 57,12 38,59%

Autoria própria

6.2 Cálculos do erro experimental

O erro experimental foi calculado segundo a OIM, desta forma calculamos as de-
rivadas parciais da função N(H,I) e multiplicamos pelo respectivo valor da incerteza do
equipamento responsável, para o campo H a incerteza do gaussímetro, para a corrente, a
incerteza da fonte de bancada. Assim, obtivemos a seguinte Equação 6.5 para a incerteza
tipo B, que nos resultou em um valor de ± 15,69 para o centro da bobina e Equação 6.6
para a extremidade da bobina ± 13,24, isto é, z = 0 voltas, com |ffH | = ±0; 05%% do campo
H medido e |ffI | = ±0; 08A.

E2 H2 E 2
   
2 4 2 2
u = 2: + R :ffH + 4: 4 : 2
+ R :ffI2 (6.5)
I 4 I 4

4 H2
u2 = 2 2
 2
: E 2 + R2 :ffI2

2
: E + R :ff H + 4: 4
(6.6)
I I
Além disso, calculamos o valor da incerteza tipo A, que nos resultou em um valor de
± 3,04 para o centro e ± 3,17 para a borda, pelo desvio padrão ponto a ponto e realizando a
soma quadrática da incerteza tipo A e tipo B obtivemos o seguinte resultado da Equação
6.7 para o centro e Equação 6.8 para a extremidade.

p
ucentr o = (3; 04)2 + (15; 69)2 = ±15; 98 (6.7)

p
uextr emidade = (3; 17)2 + (13; 24)2 = ±13; 61 (6.8)
25

7 Discussão dos Resultados

Comparando os valores do número de voltas calculados com o número real, obser-


vamos que há uma diferença de 10,28% em relação a medição no centro da bobina. Essa
diferença é esperada e se deve às forças dissipativas diversas como cruzamento entre os
fios, soldas presentes, aquecimentos, defeitos da microestrutura do fio uma vez que este foi
deformado mecanicamente no enrolamento, falhas e defeitos mecânicos no material, etc.
Além disso, há a questão da aproximação dos cálculos para o perfil retangular do carretel
onde foi assumido que este na realidade fosse circular e calculou-se o raio equivalente.
Quando comparado com a borda da bobina a diferença entre o número de voltas sobe para
9,53% neste caso é devido à intensidade do campo magnético ser menor nas regiões de
borda por conta do espalhamento das linhas de campo, além das forças dissipativas.

Ao comparar o valor real de voltas ao valor estimado pela área da seção lateral
do carretel é possível ver que para as mesmas dimensões do carretel era possível se
colocar um número maior de voltas, sendo a diferença de 38,59%. Esta discrepância se
deve principalmente por questões relacionadas à confecção da bobina. Pode-se citar entre
possíveis defeitos de fabricação o espaçamento irregular entre os fios, número irregular
de voltas por camada, camadas começando em posições de rotação diferentes e encaixe
do fio entre as camadas de forma a não seguir o padrão quadrado. Esses fatores se
devem principalmente ao fato de a bobina ter sido enrolada de maneira manual sem uso de
equipamentos automatizados e pela falta de experiência na confecção de aparelhos do tipo.
Outra fonte variação pode ser devida a fatores como as soldas a precisão oriundas
dos equipamentos, má calibração, ou até mesmo ruídos mínimos de fontes desconhecidas,
podendo ser até de possível caráter experimental que não puderam ser eliminadas por
serem ruídos com intensidade e períodos aleatórios não muito bem definidos. A precisão
dos equipamentos usados no experimento são fundamentais para a incerteza da medida,
nós utilizamos Gaussímetro LakeShore Model 475, Chave inversora, Paquimetro Mitutoyo
Absolute Digimatic e Fonte de bancada MPC-3003, sendo que a partir dos dados de
incerteza desses equipamentos foi feita a propagação de incertezas para esse experimento
no campo magnético apresentado na secção 6.2.
26

8 Conclusão

A partir do experimento pode-se concluir que a quantidade de espiras calculadas


usando o campo, ou seja, a quantidade ideal pela para se obter o campo medido usando o
gaussímetro nas condições onde foi realizado o experimento com — ≈ —0 , não foi condizente
com o valor esperado, pois, a quantidade de espiras calculadas pela teoria foi maior que a
quantidade real. Isso se deve ao fato de que os erros sistemáticos e os aleatórios fazem
com que a quantidade de bobinas necessárias para se obter o campo possa variar em
relação ao teórico.
Mesmo com o valor não atingindo o esperado o resultado foi satisfatório, pois, o
número de espiras experimental, 148, ficou dentro ou muito próximo da margem de erro
calculada na propagação para as medidas que foram de 163 ± 15,36 voltas e 134 ± 13,61
voltas.
27

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MITUTOYO, PAQUÍMETRO DIGITAL CALIBRE DIGITAL 500-196-30B / 500-197-30B /


500/171-30B / 500-172-30B 500-196-30B / 500-197-30B / 500/171-30B / 500-172-30BMitutoyo[S.
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