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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA


MÉTODOS EXPERIMENTAIS DA FÍSICA III

IGOR MARQUES BISPO SILVA - 9377185


PATRICK LOBO PADULA - 11368881
LUKAS ALVES JOSEPH COSTA - 9423036
TIAGO CASTAGNET - 9423022
GUILHERME TREVIZAN SILVA OLIVEIRA - 9843188
RENÊ REGINATO DAVID VIANA - 9359282

Magnetostrição de chapa metálica de FeSi

RELATÓRIO

Profa. Cristina Bormio Nunes

Lorena
2022
Lista de ilustrações

Figura 1 – Ponte de Wheatstone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7


Figura 2 – Extensômetro linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Figura 3 – Exemplo de domínios magnético com e sem campo de magnetização . 9
Figura 4 – Magnetostricção de Joule de campo magnético para um cilindro . . . . 11
Figura 5 – Sensores colados sobre amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Figura 6 – Aparato experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Figura 7 – Fonte de bancada programável Tektronix PWS4602 . . . . . . . . . . . 14
Figura 8 – Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Figura 9 – Componentes do paquímetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Figura 10 – Sinais decodificados pelo microcontrolador do paquímetro . . . . . . . . 16
Figura 11 – Chave inversora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 12 – Diagrama de ligação da chave inversora . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 13 – Núcleo de ferro-silício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 14 – Extensômetros de 350 Ohms . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 15 – Módulo um quarto de ponte modelo NI-9945 . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 16 – Diagrama de ligação do NI-9237 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 17 – Módulo NI-9237 conectado ao conversor USB-9162 . . . . . . . . . . . 21
Figura 18 – Circuito interno de cada canal de leitura do NI-9237 . . . . . . . . . . . 21
Figura 19 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido positivo da tensão
com passo 0,1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 20 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido negativo da tensão
com passo 0,1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 21 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido positivo da tensão
com passo 0,05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 22 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido negativo da tensão
com passo 0,05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Lista de quadros

Quadro 1 – Especificações técnicas da fonte Tektronix PWS4602 . . . . . . . . . . 15


Lista de tabelas

Tabela 1 – Valores obtidos da média de λ|| e λT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25


Tabela 2 – Valores de λ obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Tabela 3 – Valores de λs obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

3 Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento . . . . . . . . . . . . 7


3.1 Ponte de Wheatstone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Extensômetro (Strain Gauge) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.3 Domínios Magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.4 Magnetorestritção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

5 Equipamentos e Sensores Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14


5.1 Fonte de bancada programável Tektronix PWS4602 . . . . . . . . . . 14
5.2 Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5.3 Chave inversora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5.4 Núcleo de ferro silício e Bobina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5.5 Extensômetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5.6 Ponte de Wheatstone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

6 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

7 Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

8 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5

1 Introdução

O fenômeno magnetoelástico, conhecido também como magnetostricção, foi des-


coberto por Joule há mais de 150 anos. O fenômeno descreve, de forma geral, mudanças
dimensionais dos materiais ferromagnéticos quando sujeitos a campos magnéticos externos.
A magnetostricção origina-se do acoplamento spin-órbita, ou seja, das interações
entre os spins eletrônicos e o movimento orbital dos elétrons ao redor dos núcleos atômicos.
A energia dos estados eletrônicos em regiões onde há momento magnético é menor que
aquela que é verificada nos orbitais atômicos de mesma espécie na ausência do campo
magnético.
Devido a esta diferença de energia os spins eletrônicos alinham-se ao campo, modifi-
cando os orbitais atômicos, modificando assim, a distância interatômica do material exposto
ao campo. Ao nível macroscópico, a variação das distâncias interatômicas produzem o
deslocamento e rotação de domínios magnéticos que consequentemente geram a defor-
mação macroscópica nos materiais (o que chamamos magnetostricção), usualmente entre
uma parte em mil e uma parte em um milhão em ligas binárias simples. A depender do
tipo de material exposto a essas deformações podem haver expansão ou encolhimento da
dimensão na direção do campo magnético externo aplicado. Visto que essas deformações
geralmente são isovolumétricas, as modificações nas dimensões transversais à direção
do campo magnético ocorrem no sentido oposto. Materiais sujeitos a altos campos mag-
néticos apresentam também efeitos de segunda ordem relacionados à magnetostricção,
quando encontrados a baixa temperatura de Curie, por exemplo, verifica-se que a expansão
volumétrica pode ser anisotrópica. Portanto, a magnetostricção é um parâmetro importante
que relaciona as propriedades magnéticas macroscópicas básicas dos materiais com sua
estrutura atômica.
Além de despertar interesse para estudos na área acadêmica, a compreensão da
magnetostricção têm auxiliado na construção de novos dispositivos para a indústria, sobre-
tudo para o funcionamento dos sensores magnetoelásticos: dispositivos que utilizam como
base materiais com propriedade magnetoelástica que respondem a excitação magnética
variável com o tempo, e que quando expostos à excitação magnética é produzida uma onda
elástica longitudinal no sensor que pode ser detectada através de técnicas ópticas, acústicas
ou magnéticas. Expectativas dão conta de que sensores baseados nesta tecnologia possam
futuramente substituir concorrentes feitos a partir de semicondutores.
6

2 Objetivos

Este experimento teve como objetivo principal a caracterização magnética de uma


amostra de FeSi através do processo de Magnetostricção, definindo assim sua relação de
dilatação em relação a campo externo aplicado. De maneira secundária o experimento foi
utilizado para o ensino aos alunos que o realizaram dos processos físicos relacionados a
Magnetostricção e como realizar um experimento com este enfoque.
7

3 Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento

3.1 Ponte de Wheatstone

Desenvolvida em 1833 por Samuel Hunter Christie e descrita 10 anos mais tarde
por Charles Wheatstone, a ponte de Wheatstone tem como principio base a utilização de
2 resistores conhecidos, e mais um terceiro resistor variável (ou também conhecido, no
caso de uma ponte estabilizada), para a determinação de outra resistência desconhecida,
usando para isso os quocientes entre as resistências para quando a corrente no aparato
de detecção( galvanômetro, amperímetro), for igual ou muito próxima a zero. Abaixo estão
as relações que nos possibilitam o cálculo da resistência desconhecida, apresentado na
Equação 3.1, para visualização a Figura 1 mostra a Ponte de Wheatstone.

Figura 1 – Ponte de Wheatstone

R2 R3
= (3.1)
R1 Rx
A principal vantagem do uso dessa ponte é a possibilidade que ela traz de medir
com extrema precisão, por trabalhar com correntes muito baixas sobre os sensores. Outra
vantagem é a possibilidade de automação das medições, como no nosso caso.
A ponte de Wheatstone mostrou-se essencial para a medição das deformações,
pois, é um circuito ideal para automatizar medições de baixas tensões. Quando definimos
o extensômetro como a resistência indeterminada da ponte e imprimimos uma tensão de
V=VCB, o potenciômetro R2 ajusta sua para equilibrar o sistema, estabelecendo assim uma
tensão de saída VAD=0. Entretanto, a medida em que o campo magnético aumenta, a amos-
tra e o extensômetro sofrem uma deformação de comprimento e consequentemente uma
alteração em sua resistência, fato evidenciado pela equação da resistividade apresentada
na Equação 3.2.
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 8

ȷ∆L
∆R A ∆L
= ȷL
= (3.2)
R A
L

A quebra do equilíbrio das resistências leva a valores de VAD=/0, e foi através


dessa relação de proporcionalidade entre tensão de saída e a variação de resistividade que
pudemos obter os dados deste experimento.

3.2 Extensômetro (Strain Gauge)

Extensômetros são transdutores que tem á capacidade de variar sua resistência


em função de deformação mecânica, e para tal, são construídos de forma que o caminho
seja suficientemente grande para gerar uma variação de resistência, que seja passível de
medição, e mesmo assim necessitam de pontes de Wheatstone para a medição dado que
as extensões são pequenas, as variações de resistência também são e por consequên-
cia demandam uma montagem sensível o suficiente. Existem basicamente dois tipos de
extensômetros comuns, o linear e o roseta, sendo que o primeiro mede deformação em
apenas uma direção e o segundo pode medir em qualquer direção do plano de instalação,
no nosso caso foram utilizados dois lineares montados a 90º de forma a possibilitar a
montagem tipo meia ponte na ponte de Wheatstone maximizando o sinal obtido. Nessa
montagem quando um extensômetro sobre compressão o outro está sob extensão. Na
Figura 2, um esquemático do concepção do transdutor.

Figura 2 – Extensômetro linear

Assim, o modelo de Strain Gauges apresenta uma sensibilidade, calculada pela razão
∆R ∆L
entre a variação da sua resistência R
e sua deformação L
, razão qual é denominada por
Gauge Factor (GF), apresentada na Equação 3.3.
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 9

!
∆R
R
GF = ∆L
(3.3)
L

3.3 Domínios Magnéticos

Quando um material ferromagnético é resfriado abaixo de uma temperatura crítica


denominada temperatura de Curie é possível observar que a magnetização do material
espontaneamente se divide em sub-regiões menores dentro do mesmo, tendo cada qual
delas uma orientação magnética bem definida. A essas sub-regiões dá-se o nome de
domínios magnéticos. Essa separação espontânea ocorre devido à minimização da energia
interna do material, uma vez que se tem um gasto energético maior para se manter um
campo ordenado único, pois, este pode interagir fisicamente fora do material (FEYNMAN,
2008).
A formação de dipolos magnéticos ocorre somente em materiais que apresentam
com ordenação magnética espontânea. Assim, por necessitarem de campo magnético
externo para se ordenarem, os materiais diamagnéticos e paramagnéticos não apresentam
domínios magnéticos. A forma de ordenamento dos domínios magnéticos também permite
a classificação do material em Ferromagnético, Ferrimagnético e Antimagnético. Assim, os
domínios com e sem a presença de um campo externo aplicado é ilustrado na Figura 3.

Figura 3 – Exemplo de domínios magnético com e sem campo de magnetização

ARORA, 2018

Embora não haja correlação direta, pode-se fazer uma analogia entre as diferentes
regiões de domínio magnético e os grãos cristalinos de um material. Assim como um grão
um domínio magnético tem uma orientação própria que difere das orientações dos domínios
adjacentes, isto faz com que haja uma região de interface entre os domínios criando uma
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 10

região de contorno similar ao funcionamento das paredes de um grão cristalino. Uma força
externa aplicada é capaz de forçar os domínios magnéticos a um único alinhamento, essa
tem que fornecer energia suficiente para romper essas regiões de parede e ordenar os
alinhamentos. Este processo é análogo ao tratamento térmico de um material, porém,
neste caso também é necessário o resfriamento do material de maneira homogênea para a
formação de um único grão. Embora tenha-se feito uma analogia entre ambos os domínios
magnéticos e grão cristalinos, os domínios magnéticos não estão limitados somente a um
contorno de grão. Assim um mesmo grão pode ter múltiplos domínios e vice, e versa.

3.4 Magnetorestritção

A magnetostricção é caracterizada pela deformação física das dimensões de um


material quando presente dentro de um campo magnético externo. Ao se aplicar o campo
externo irá ocorrer o alinhamento dos domínios magnéticos de acordo com o campo
aplicado, da mesma maneira como descrito anteriormente. Na magnetostricção, porém, há
o acoplamento dos domínios magnéticos com a rede cristalina, assim quando há a rotação
dos domínios também há uma movimentação dos átomos da estrutura cristalina. Isto ocorre
devido à minimização de energia interna, uma vez que o reordenamento da rede implica
em menor energia potencial interna.
Além da lógica de minimização pode-se descrever o acoplamento dos domínios com
a rede através da anisotropia magnetocristalina. Este diz que em alguns materiais, devidos
às suas características intrínsecas como estrutura de fase, estrutura interna e planos
cristalográficos, elementos de liga e etc, podem apresentar uma facilidade no alinhamento
magnético em uma orientação específica.
Matematicamente, pode-se descrever o fenômeno de magnetostrição através da
Magnetostricção de Joule de campo magnético, exemplificado na Figura 4 e apresentado
na Equação 3.4 e na Equação 3.5.

∆L
e= =– (3.4)
L

 
3 2 1
– = –s cos „ + (3.5)
4 3
Onde e e –, respectivamente, a deformação medida e a magnetostricção ambas
indicando o mesmo fenômeno. é o ângulo em relação ao campo M aplicado. O –s é uma
constante de magnetostricção, que é definida para cada material. Sendo assim, o – é obtido
dado os valores de (–⊥ ) e (–∥ ) determinados experimentalmente, segundo a Equação 3.6.
Além da relação entre o (–⊥ ) e (–∥ ) apresentada na Equação 3.7 para materiais isotrópicos.
–total = –∥ − –⊥ = 23 –s
Capítulo 3. Conceitos Teóricos Envolvidos no Experimento 11

–⊥ = − 12 –∥

Figura 4 – Magnetostricção de Joule de campo magnético para um cilindro

EKREEM, 2007
12

4 Procedimento Experimental

Inicialmente preparou-se os extensômetros para a realização do experimento, lixaram-


se as pontas de seus terminais para expor o núcleo do fio esmaltado e adicionou-se uma
pequena camada de estanho utilizando um ferro de solda. Esta etapa foi realizada com o
intuito de facilitar a conexão dos sensores no aparato de medição sem danificar o aparato
montado. Limpou-se a amostra utilizando um álcool de limpeza fator 70 e um pedaço de
papel higiênico para ajudar na colagem dos sensores. Utilizando super cola colaram-se
os sensores sobre a amostra de FeSi de forma a ficar um alinhado ao eixo longitudinal
da amostra e outro sobre o eixo transversal, ambos próximos à região central da amostra,
como representado na Figura 5.

Figura 5 – Sensores colados sobre amostra

Autoria própria

Uma vez preparada a amostra, soldaram-se os terminais dos sensores a fios de


cobre esmaltado de 27 awg e estes foram acoplados aos leitores do barramento serial
para interface DDP/Serial com ponte de Wheatstone, que seria utilizada para a leitura dos
sensores e envio para o software controlador no computador. Uma vez que se espera que
a deformação da amostra pela magnetostricção seja muito pequena, se faz necessário o
uso de uma ponte de Wheatstone para a leitura correta deste valor dado a sensibilidade
deste equipamento. A amostra então foi posicionada dentro da bobina primária de forma
que os sensores ficassem aproximadamente no centro da bobina. Posicionou-se então
a núcleo de ferrita ao redor da amostra, este foi colocado pelo motivo de amplificação
do campo magnético induzido. Os terminais da bobina foram acoplados ao inversor de
corrente utilizando conectores do tipo jacaré, este processo é feito para reduzir os ruídos das
medições utilizando a inversão do sentido da corrente através da troca da polaridade dos
terminais. O inversor foi acoplado a Fonte de bancada programável Tektronix PWS4602 e
está conectada ao computador através de interface BUS/USB, o esquema esta apresentada
na Figura 6. Dessa forma o software controlador é capaz de controlar a fonte alterando a
voltagem aplicada à bobina enquanto realiza as medições dos terminais.
Capítulo 4. Procedimento Experimental 13

Figura 6 – Aparato experimental

Autoria própria

Para a realização do experimento ligaram-se os equipamentos envolvidos, inseriu-se


no software controlador os dados da ponte de Wheatstone, da bobina primária, e amplitude
da voltagem aplicada pela fonte, o software então iniciou o processo de zeragem dos
equipamentos. Uma vez realizada esta calibragem inicial iniciou-se no software a medição
da deformação do material medida pelos sensores Strain Gauge em relação ao campo
gerado pela voltagem aplicada na bobina principal, os dados foram salvos no formato “.dat”.
Repetiu-se o processo invertendo o sentido do campo através da chave inversora de campo.
Novamente realizaram-se as medições de deformação por campo aplicado e os dados
foram salvos no formato .dat.
14

5 Equipamentos e Sensores Utilizados

5.1 Fonte de bancada programável Tektronix PWS4602

Para a aplicação da corrente, foi utilizada a Fonte de bancada Tektronix PWS4602


representada na Figura 7. Uma fonte de larga faixa de corrente e tensão, com 0.03% de
precisão na tensão e 0.05% de precisão na corrente. A fonte tem tecnologia RemoteSense
que elimina o efeito da queda de tensão nas pontas de prova e reduz o ruído para 5 mV
pico-a-pico.

Figura 7 – Fonte de bancada programável Tektronix PWS4602

Tektronix

A fonte também possui uma porta USB para programação externa para automatizar
os experimentos. Utilizando uma porta compatível com USBTMC, é possível utilizar a edição
da Tektronix do software LabView SignalExpress, desenvolvido pela National Instruments,
para controlar o experimento por computador. As especificações da Fonte de bancada
programável Tektronix PWS4602 estão apresentadas no Quadro 1.
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 15

Quadro 1 – Especificações técnicas da fonte Tektronix PWS4602

Tektronix

5.2 Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic

Para a medição das dimensões dos componentes envolvidos no experimento foi


utilizado o Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic, representado na Figura 8.

Figura 8 – Paquímetro Mitutoyo Absolute Digimatic

Autoria própria

Esse paquímetro é baseado na tecnologia de encoder capacitivo, consistindo em


Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 16

uma fileira de segmentos de trilha que formam capacitores, quando a placa de medição
eletrônica passa por cima deles. O microcontrolador é capaz de dizer que a ponta de
medição do paquímetro se moveu através da mudança da capacitância do circuito. Essa
mudança, de caráter senoidal, é convertida para sinais de pulso de forma a permitir que o
microcontrolador conte com mais exatidão os intervalos para calcular a distância percorrida.
Essa técnica é ilustrada na Figura 9 e na Figura 10.

Figura 9 – Componentes do paquímetro

Grant Trebbin, 2014

Figura 10 – Sinais decodificados pelo microcontrolador do paquímetro

Grant Trebbin, 2014

Segundo o manual da Mitutoyo, as especificações do paquímetro são:

• Resolução: 0,01 mm

• Precisão: 0,02 mm

• Repetibilidade: 0,01 mm
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 17

5.3 Chave inversora

A chave inversora foi utilizada para alterar a polaridade da tensão e, consequente-


mente, a direção da corrente do experimento, representada na Figura 11. Ela é composta
por um switch de dois pólos e três estágios, com o estágio médio agindo como posição de
desligamento e os estágios extremos como funcionamento, porém, polaridades inversas
em relação um com o outro, como ilustrado na figura 12, com a ligação da bobina do
experimento sendo representada por L.

Figura 11 – Chave inversora

Autoria própria

Figura 12 – Diagrama de ligação da chave inversora

Autoria própria
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 18

5.4 Núcleo de ferro silício e Bobina

Na Figura 13 é apresentado o núcleo de FeSi e a bobina fornecida já posicionadas


para a realização do experimento, em conjunto com a amostra de FeSi com os extensôme-
tros já colados e soldados seus terminais.

Figura 13 – Núcleo de ferro-silício

Autoria própria

5.5 Extensômetro

Foi utilizado dois extensômetros de filme de poliamida, de 350 Ohms e dois terminais.
Os sensores foram posicionados a 90 graus entre eles, de forma que possibilitasse mapear
a deformação bidimensional da amostra de Ferro-Silício, abaixo é apresentado a Figura 14,
com os extensômetros utilizados no experiemento.

Figura 14 – Extensômetros de 350 Ohms

Autoria própria
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 19

5.6 Ponte de Wheatstone

Foi utilizado um módulo de ligação de um quarto de ponte de Wheatstone da National


Instruments, modelo NI-9945, como mostrado na figura 15. Esse adaptador permite conectar
os extensômetros de 350 Ohms ao módulo conversor NI-9237 (Figura 16) para aferição das
medidas de dilatação. Na figura 16, o extensômetro é representado pelo elemento resistivo
R4, RL são as resistências parasitas dos fios que conectam o sensor ao módulo e o resto é
interno ao módulo para aferição. O módulo NI-9945 possui resistência interna de 350 Ohms,
com um desvio por temperatura de 0,0035 Ohms por grau Celsius, uma tolerância de 0,1
por cento e uma dissipação de potência máxima de 0,25 Watts (NATIONAL INSTRUMENTS,
2022).

Figura 15 – Módulo um quarto de ponte modelo NI-9945

Autoria própria

Figura 16 – Diagrama de ligação do NI-9237

National Instruments, 2019

O módulo conversor NI-9237 utilizado (Figura 17) possui quatro canais, com cada
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 20

canal contendo um ADC (Analog to Digital Converter) de 24 bits e um amplificador operacio-


nal de entrada, para dar ganho no sinal de leitura e aumentar a resolução do aparelho. Tal
circuito pode ser visualizado na figura 18. O maior benefício de ter um circuito dedicado
para cada canal é a capacidade de medir simultaneamente cada uma das pontes, sem
reduzir a taxa de amostragem. Segundo a National Instruments (2021), o módulo NI-9237
possuí as seguintes características de resolução, incerteza e desvios:

• Resolução: 24 bits

• Intervalo de medição: ±25mV =V

• Coeficiente de escalonamento: 2; 9802LSB ∗ nV =V

• Incerteza de ganho (percentual de leitura):

– Calibrado: 0,05%, entre 20 e 30ºC, e 0,2%, até -40 ou 70 ºC;

– Não calibrado: 0,2%, entre 20 e 30ºC, e 0,55%, até -40 ou 70 /ºC;

• Incerteza de desvio (percentual da faixa de medição):

– Calibrado: 0,05%, entre 20 e 30ºC, e 0,25%, até -40 ou 70 ºC;

– Não calibrado: 0,1%, entre 20 e 30ºC, e 0,35%, até -40 ou 70 ºC;

• Deriva de ganho: 10ppm=o C

• Deriva de desvio:

– Excitação de 2,5V: 0:6 o


C ∗ —V =V
– Excitação de 3,3V: 0:5 o
C ∗ —V =V
– Excitação de 5V: 0:3 o
C ∗ —V =V
– Excitação de 10V: 0:2 o
C ∗ —V =V
Capítulo 5. Equipamentos e Sensores Utilizados 21

Figura 17 – Módulo NI-9237 conectado ao conversor USB-9162

Autoria própria

Figura 18 – Circuito interno de cada canal de leitura do NI-9237

National Instruments, 2022

O módulo NI-9237 realiza as conversões de resistência e as transmite por USB ao


computador, por meio do transmissor National Instruments USB-9162, onde um programa
feito em LabView coleta os dados para processamento.
22

6 Resultados

Conforme o comentado na sessão 4, ao fornecer tensão ao circuito, obtivemos os


dados relativos à deformação da amostra (no sentido paralelo e transversal) da amostra
para 4 cenários diferentes, primeiramente utilizando um passo de 0,1 dos dados coletados
fazendo duas medidas com a troca do sentido da tensão e depois com o passo de 0,05 tam-
bém fazendo duas medidas para a inversão da tensão. O comportamento das deformações
está expresso na Figura 19, Figura 20, Figura 21 e Figura 22, representado respectivamente
a tensão positiva com passo 0,1, a tensão negativa com passo 0,1, a tensão positiva com
passo 0,05 e a tensão negativa com passo 0,05.

Figura 19 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido positivo da tensão com passo 0,1

Autoria própria
Capítulo 6. Resultados 23

Figura 20 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido negativo da tensão com passo 0,1

Autoria própria

Figura 21 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido positivo da tensão com passo 0,05

Autoria própria
Capítulo 6. Resultados 24

Figura 22 – Gráfico da deformação da amostra de FeSi no sentido negativo da tensão com passo 0,05

Autoria própria

Segundo os gráficos apresentados nas figuras acima, é possível perceber que os


dados coletados para o lambda transversal (–⊥ ) apresentam uma perturbação quando há
uma intensificação do campo ampliado, já para o lambda paralelo (–∥ ) não houve esta
perturbação.
Para a determinação dos valores de (–⊥ ) e (–∥ ), foi calculado a média dos dados
obtidos no intervalo de saturação da deformação. No caso do (–⊥ ), que há uma perturbação,
foi realizado outra média referente aos valores de saturação antes da pertubação resultante
da intensificação do campo. Assim, foi realizado a Tabela 2 para visualização dos resultados
de (–⊥ ) e (–∥ ).
Capítulo 6. Resultados 25

Tabela 1 – Valores obtidos da média de λ|| e λT

Sentido da tensão;
Tamanho do passo –∥ –⊥ –⊥ antes da pertubação

Positivo; 0,1 3; 5230:10−5 −1; 2969:10−5 −1; 3681:10−5

Negativo; 0,1 3; 2072:10−5 −1; 3312:10−5 −1; 3864:10−5

Positivo; 0,05 3; 2973:10−5 −1; 4108:10−5 −1; 5060:10−5

Negativo; 0,05 3; 2980:10−5 −1; 3580:10−5 −1; 4584:10−5

Autoria própria

Partindo desses valores médios encontrados, foi aplicado a Equação 3.6 para deter-
minar o valor de –total , como houve a pertubação referente ao –⊥ , utilizamos o valor de –⊥
antes da pertubação, assim representado na Tabela 2.
Capítulo 6. Resultados 26

Tabela 2 – Valores de λ obtidos

Sentido da tensão; Tamanho do passo λ

Positivo; 0,1 4; 9110:10−5

Negativo; 0,1 4; 5936:10−5

Positivo; 0,05 4; 8573:10−5

Negativo; 0,05 4; 7564:10−5

Autoria própria

Segundo a mesma Equação 3.6, podemos determinar o –s fazendo sua multiplicação


–s = 32 –, obtendo a Tabela 3.
Capítulo 6. Resultados 27

Tabela 3 – Valores de λs obtidos

Sentido da tensão; Tamanho do passo λs

Positivo; 0,1 3; 2740:10−5

Negativo; 0,1 3; 0624:10−5

Positivo; 0,05 3; 2382:10−5

Negativo; 0,05 3; 1709:10−5

Autoria própria
28

7 Discussão dos Resultados

A princípio é evidente que o experimento apresentou pertubações devido à colagem


do extensômetro na amostra de FeSi, assim provocando erros no cálculo do λ. Além desse
fator, há possíveis erros derivados da soldagem dos terminais do extensômetro dado a
“solda fria” e o posicionamento do extensômetro na amostra de FeSi, que pode não ter se
localizado totalmente perpendicular e paralelamente ao campo aplicado.
Portanto, os valores de –⊥ e –∥ obtidos com o experimento, não apresentaram uma
relação apresentada na Equação 3.7 que seria desejável.
29

8 Conclusão

Referente a esses erros, foi obtido um valor de médio de λs igual a 3; 1864:10−5 e o


valor encontra de λ igual a 4; 7796:10−5 . O valor de λs obtido é muito próximo aos valores
determinados de λ|| , assim esperado para um material isotrópico, mas como não se trata
de um material isotrópico, essa proximidade remete a uma execução bem sucedida do
experimento.
30

Referência

SEVERINO, Aguinaldo MMagnetostricção – Revisão e tendências. Departamento de Física


– UFSM (Santa Maria-RS), 2009.

BELTRAMI, MDESENVOLVIMENTO E CONSTRUÇÃO DE SENSOR MAGNETOELÁSTICO


DE pH E COM ELETRÔNICA PORTÁTIL. 2016. 125 f. 2016. Tese de Doutorado. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Processos e Tecnologias)–Centro de Ciências Exatas e
Tecnologias, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul.

FEYNMAN, Richard P.; LEIGHTON, Robert B.; SANDS, MatthewLições de Física–Vol. 2.


Porto Alegre: Bookman, 2008.

ARORA, AshimaOptical and electric field control of magnetism. 2018. Tese de Doutorado.
Universität Potsdam.

EKREEM, NB. et al. An overview of magnetostriction, its use and methods to measure these
properties. Journal of Materials Processing Technology, v. 191, n. 1-3, p. 96-101, 2007.

INSTRUMENTS, NationalSpecifications. Disponível em: https://www.ni.com/docs/en-US/bu


ndle/ni-9926-9944-9945-feature/page/specs.html. Acesso em: 25 jun. 2022.

INSTRUMENTS, NationalConnecting strain gauges to NI 9237 with NI 9944, 9945. 2019.


Disponível em: https://knowledge.ni.com/KnowledgeArticleDetails?id=kA00Z0000019OptSA
E&l=en-US. Acesso em: 25 jun. 2022.

INSTRUMENTS, NationalNI-9237 Specifications. Disponível em: https://www.ni.com/docs/e


n-US/bundle/ni-9237-specs/page/specs.html. Acesso em: 25 jun. 2022.

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