Notas de Aula
I Campo Elétrico
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1 Roteiro Histórico 9
2 Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Cargas Elétricas e Lei de Coulomb 11
2.2 Conceito de Campo Elétrico 12
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elétrico 13
2.3.1 gerado por uma única carga puntiforme q em um ponto P situado a uma
distância r da carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.2 gerado por um sistema constituído por n cargas puntiformes . . . . . . . . . 14
2.3.3 gerado por uma distribuição contínua de carga (não puntiforme!!) . . 15
3 Parada Obrigatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Sistemas de coordenadas e seus elementos infinitesimais 17
3.1.1 Coordenadas Cartesianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1.2 Coordenadas Cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1.3 Coordenadas Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Densidades de Carga 20
3.2.1 Densidade Linear de Carga λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.2.2 Densidade Superficial de Carga σ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.3 Densidade Volumétrica de Carga ρ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.4 “Teorema” das integrais múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 Exercícios Sobre Sistemas de Coordenadas 24
4 A Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1 O conceito de fluxo 25
4.1.1 De Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.2 Do Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.2 Lei de Gauss 28
4.3 Materiais Isolantes e Condutores 30
4.3.1 Isolantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.3.2 Condutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
II Potencial Elétrico
5 POTENCIAL ELÉTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.1 Diferença de Potencial Elétrico 35
5.2 Cálculo do Potencial Elétrico 37
5.2.1 Carga Puntiforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.2.2 Sistema de Cargas Puntiformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.2.3 Distribuição Contínua de Carga (não puntiforme!!) . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3 Exemplos 41
5.3.1 Bastão de Comprimento l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.3.2 Esfera Dielétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.3.3 Esfera Condutora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3.4 Potencial em Simetria Cilíndrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.4 Desenhando o Potencial Elétrico: Superfícies Equipotenciais 45
5.5 Obtendo ~E a partir de V 47
5.6 Energia Potencial Eletrostática 48
5.6.1 Sistema de Cargas Puntiformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.6.2 Sistema Dipolo Elétrico – Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6 CAPACITORES E DIELÉTRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.1 Capacitores e capacitância 53
6.2 Cálculo da Capacitância 54
6.2.1 Capacitor de Placas Planas Paralelas (CPPP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.2.2 Capacitor Esférico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.2.3 Capacitores com Dielétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.2.4 A Lei de Gauss com Dielétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6.2.5 Energia Armazenada no Campo Elétrico de Um Capacitor . . . . . . . . . . 60
7 CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITO RC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7.1 Corrente e Densidade de Corrente 63
7.2 Resistencia e Resistividade 65
7.3 Lei de Ohm 67
7.4 Fontes de Força Eletromotriz 67
7.5 Um Circuito Simples – Lei das Malhas 68
7.6 Circuito RC em Série 69
I
Campo Elétrico
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1 Roteiro Histórico
2 Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Cargas Elétricas e Lei de Coulomb
2.2 Conceito de Campo Elétrico
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elé-
trico
3 Parada Obrigatória . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Sistemas de coordenadas e seus elementos
infinitesimais
3.2 Densidades de Carga
3.3 Exercícios Sobre Sistemas de Coordenadas
4 A Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1 O conceito de fluxo
4.2 Lei de Gauss
4.3 Materiais Isolantes e Condutores
1. Introdução
Conclusão:
essa história mostra a capacidade de raciocínio da mente humana, que saiu de obser-
vações de como um bastão de resina atritado atrai pequenos pedaços de palha seca
até equações matemáticas capazes de descrever todos os fenômenos eletromagnéti-
cos!!!!!!
2. Campo Elétrico
Figura 2.1
kq1 q2
F= (2.1)
r2
12 Capítulo 2. Campo Elétrico
onde:
→ q1 e q2 são os valores das cargas, medidas em Coulombs no sistema de unidades inter-
nacional SI;
→ r é a distância entre elas;
1
→ k = 4πε 0
;
→ ε0 é a permissividade elétrica do meio, em nosso caso o vácuo, que vale 8.8 × 10−12 Nm2 /C2 .
Essa grandeza traduz como o meio onde estamos fazendo a experiência influencia as forças
de interação. Aqui não trataremos dessa situação.
Figura 2.2
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elétrico 13
Podemos utilizar essa ideia para entender a interação entre cargas elétricas. Vamos
usar uma “carga de prova”, também tão pequenina que não perturba ninguém e que por
convenção será sempre positiva. Se colocarmos ela em um ponto qualquer do espaço que
estamos estudando e nada acontecer com ela, podemos dizer que nessa região do espaço
não tem nenhuma perturbação de origem elétrica. No entanto, se há uma carga q nos
arredores, então haverá uma força atuando sobre nossa carga de prova. Dizemos que há
uma perturbação ou “deformação” de origem elétrica gerada pela presença de q. Essa
deformação ou perturbação é chamada de campo elétrico.
Como quantificar essa grandeza abstrata como o campo elétrico? Não é difícil. Suponha
que em uma determinada região do espaço que estamos interessados em estudar, há um
campo elétrico gerado por uma carga elétrica qualquer. Podemos mapear a intensidade
do campo elétrico usando uma carga de prova: colocamos essa carga de prova em vários
pontos dessa região e medimos a força que ela “sente”. Se a força for grande, podemos
dizer que ali naquele ponto o campo é intenso. Se a força é pequena, o campo elétrico é
pouco intenso. Se não há força sobre q0 , então o campo também é nulo.
Figura 2.3
Desse modo a força sobre q0 nos fornece uma excelente medida de como é o campo
elétrico gerado por uma carga em uma determinada região do espaço. Podemos então
definir o vetor intensidade de campo elétrico ~E em termos da força sobre uma carga de
prova, e para que essa grandeza seja independente do valor de q0 , dividimos o valor da
força por q0 :
~
~E = F (2.2)
q0
No sistema SI, as dimensões de ~E são N/C.
F kqq0 kq
E= = = 2 (2.3)
q0 q0 r 2 r
14 Capítulo 2. Campo Elétrico
Figura 2.4
Se analisarmos como é esse campo, veremos que o vetor ~E aponta sempre radialmente
tendo a carga q como centro e que o módulo de ~E é constante para um mesmo r. Dizemos
que esse campo tem simetria radial esférica. Veremos mais adiante, quando do uso da
lei de Gauss, que a simetria do campo é muito importante.
Figura 2.5
~E = E
~1 + E
~2 + ... + E
~n (2.4)
ou
n
~E = ∑ E
~i (2.5)
i=1
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elétrico 15
Figura 2.6
Figura 2.7
n
E = ∑ ∆Ei (2.6)
i=1
onde
k∆qi
Ei ≈ (2.7)
ri2
O problema aqui é que o r não é bem definido se ∆q não for exatamente um ponto.
Então devemos fazer n tender ao infinito. Quando fazemos isso, a somatória passa de uma
16 Capítulo 2. Campo Elétrico
ou Z
E= dE (2.9)
onde
kdq
dE = (2.10)
r2
Figura 2.8
Agora vamos fazer uma análise dessa expressão: observe que a variável de integração
é dq e que dentro do integrando temos, no denominador, r2 . Integrar significa nesse caso
somar todas as contribuições dE de cada ponto do corpo carregado ou seja, o r vai ter que
passar sobre todos os pontos do corpo, o que significa que ele será expresso em função das
coordenadas que definem o corpo. Então precisamos saber como exprimir dq em função
das coordenadas. Vamos a seguir fazer uma recordação dos sistemas de coordenadas e seus
elementos infinitesimais de comprimento, área e volume, bem como definir as densidades
lineares, superficiais e volumétricas de carga. Com isso conseguiremos exprimir dq em
termos das coordenadas e, portanto, resolver a integral.
3. Parada Obrigatória
Figura 3.1
2 Dimensões
Um ponto fica completamente localizado se dermos as duas coordenadas x e y. Para obter
o elemento infinitesimal em coordenadas cartesianas a duas dimensões basta fazer um
pequeno deslocamento infinitesimal em cada uma das coordenadas x e y do ponto P, dx e
dy respectivamente. O elemento infinitesimal de área é então o produto de dx por dy (lado
vezes lado), ou seja:
dA = (dx).(dy) (3.1)
3 Dimensões
Um ponto fica completamente localizado se dermos as suas coordenadas x, y e z. Para
obter o elemento infinitesimal em coordenadas cartesianas a três dimensões basta fazer um
18 Capítulo 3. Parada Obrigatória
Figura 3.2
dV = (dx).(dy).(dz) (3.2)
Figura 3.3
enquanto que para obter o elemento de volume fazemos também um deslocamento infinite-
simal dρ em ρ. O elemento de volume será:
Figura 3.4
enquanto que para obter o elemento de volume fazemos também um deslocamento infinite-
simal dr em r. O elemento de volume será:
Figura 3.5
Figura 3.6
Se fizermos a razão entre a carga do bastão e seu comprimento, podemos definir uma
densidade linear de carga λ = q/l desse bastão. Se considerarmos uma porção desse
bastão de comprimento l 0 , que conterá certa quantidade de carga q0 , a razão entre q0 e l 0
também será q0 /l 0 = λ . Em especial, (e que nos interessa muito), se considerarmos uma
porção infinitesimal desse bastão, de comprimento infinitesimal dx, o mesmo conterá uma
quantidade infinitesimal de carga dq (que pode ser considerada puntiforme), de modo que
dq/dx = λ .
Conseguimos o que precisávamos!!!! Estávamos em busca de relacionar dq com coordena-
das. Agora temos, nesse caso, que:
dq = λ dx (3.7)
Vale observar que na discussão acima escolhemos um caso particular em que λ é uniforme
porque queríamos introduzir a ideia de densidade de carga. Claro que há casos em que a
carga não é distribuída uniformemente no bastão, de modo que λ pode depender da posição
3.2 Densidades de Carga 21
onde está localizado sobre o corpo carregado, aqui um bastão. Por exemplo, poderíamos
ter λ = λ (x) = Ax, onde A seria uma constante dada e x a distância da extremidade do
bastão a um ponto qualquer do mesmo.
dq = σ dS (3.8)
Figura 3.7
dq = ρdV (3.9)
Figura 3.8
OBSERVAÇÃO:
infelizmente ρ é usado como coordenada cilíndrica, como densidade volumétrica
de massa e de carga, como resistividade, etc. É preciso estar atento para não misturar
alhos com bugalhos!
R
Sabe que tipo de problemas você vai encontrar pela frente quando for calcular E =
dE? Saiba que só podemos resolver essa integral para corpos carregados que tenham
muita simetria. Serão:
• bastões e arcos: com dq = λ dx ou dq = λ ds (ds é o elemento infinitesimal de
arco);
• superfícies planas, cilíndricas e esféricas: com dq = σ dS;
• volumes cilíndricos e esféricos: com dq = ρdV
É interessante observar que quando dizemos que um corpo possui uma certa carga q,
essa informação não é completa pois não sabemos como a carga está distribuída nesse
corpo: pode ser uma distribuição uniforme, mas pode não ser. No entanto, se sabemos
como é a densidade de carga, então sabemos tudo: como ela está distribuída, por exemplo
(no caso em que λ = λ (x) = A x, sabemos que em x = 0 não há cargas e que em x = l, isto
é, na outra extremidade do bastão, a carga é máxima). Podemos inclusive calcular a carga
total do bastão, bastando para isso somar todos os dq’s ao longo do bastão inteiro, ou seja:
l
Ax2 Al 2
Z Z Z l
qt = dq = λ (x)dx = Ax dx = = (3.10)
0 2 2
0
Note que essa discussão vale também para densidades superficiais e volumétricas.
Ou seja, uma integral tripla (dupla) pode ser simplificada como um produto de três (duas)
integrais simples. Fácil, não??
24 Capítulo 3. Parada Obrigatória
Figura 3.9
Figura 4.1
Bom, podemos analisar e verificar que a quantidade de água que atravessa S – que
daqui em diante chamaremos de fluxo de água através de S – depende:
• da intensidade da correnteza (se a água está parada não há fluxo, se a correnteza é
forte há um fluxo grande);
• da área da superfície (se a área é grande, o fluxo é grande...);
• da orientação relativa entre a superfície e correnteza (a correnteza pode só tangenciar
a superfície, de modo que a quantidade de água que atravessa a superfície pode
ser pequena; ao contrário, se a superfície estiver colocada perpendicularmente à
correnteza, o fluxo será grande).
26 Capítulo 4. A Lei de Gauss
Figura 4.2
De que depende esse fluxo? De modo similar ao caso da água, o fluxo de ~E através de
S depende:
• da intensidade do campo elétrico (se ~E é zero não haverá fluxo...);
• da área da superfície;
• da orientação relativa entre ~E e a superfície.
Portanto, se chamarmos o fluxo de φ , então podemos escrever que:
φ ∝ ~E (4.1)
φ ∝S (4.2)
Falta expressar matematicamente a orientação relativa entre ~E e S. Isso significa que
precisamos de um meio para orientar uma superfície no espaço. E isso é muito simples:
basta associar (“colar”) um vetor perpendicularmente à superfície. Esse vetor tem que ter
módulo numericamente igual à área da superfície S.
Figura 4.3
Agora a superfície que tem seu vetor apontando para o norte é diferente da superfície
que tem seu vetor apontando para o leste: são dois vetores de mesmo módulo, mas direções
4.1 O conceito de fluxo 27
diferentes e portanto são orientações diferentes no espaço. A charada está morta: o produto
escalar entre ~E e ~S representa tudo o que queremos para o fluxo de ~E através de S:
φ = ~E · ~S (4.3)
Figura 4.4
φ ∼ ∑ ∆φ (4.6)
ou Z Z
φ= dφ = ~E · d~S (4.8)
28 Capítulo 4. A Lei de Gauss
Figura 4.5
Atenção:
esta integral é uma integral de superfície, pois os valores de ~E que aparecem no
integrando são os valores de ~E sobre os pontos da superfície que você escolheu. Esse
fato terá uma repercussão muito importante no uso da lei de Gauss!!
Na discussão acima usamos uma superfície aberta. Mas na verdade o que nos interessa
mais é analisar o fluxo de ~E através de uma superfície fechada.
Figura 4.6
Nesse caso pouca coisa muda conceitualmente em relação à superfície aberta, a não ser
que o elemento de superfície dS sempre será escolhido apontando para fora da superfície.
Para uma superfície fechada, o fluxo é dado por:
I I
φ= dφ = ~E · d~S (4.9)
Note que o círculo sobre o símbolo da integral serve para avisar que estamos tratando
de superfície fechada.
que jorra 10 litros d’água por minuto (isso é chamado de vazão, parente do fluxo). Se
você envolve essa fonte de água com uma superfície fechada, a quantidade de água que
atravessa essa superfície a cada minuto não pode depender da forma nem do tamanho da
superfície, tem que ser 10 litros por minuto. Como testar a veracidade dessa afirmação?
Basta pensar que se pela superfície fechada que envolve a fonte passarem 14 litros por
minuto, de onde vieram esses 4 litros adicionais? Não é possível, pois moléculas de água
não podem aparecer do nada!!! Assim, a quantidade de água que atravessa a superfície
fechada não pode depender da forma nem do tamanho da superfície fechada, só depende
da fonte por ela envolvida: quanto mais água a fonte produzir, maior o fluxo através de
qualquer superfície fechada que a envolve, independente de sua geometria.
Figura 4.7
Suponhamos que temos uma carga elétrica colocada em um ponto qualquer do espaço.
Se envolvermos essa carga com uma superfície fechada, o fluxo do campo elétrico através
dessa superfície não pode depender da forma da superfície, só depende da fonte de campo
elétrico, ou seja, da carga envolvida.
Figura 4.8
30 Capítulo 4. A Lei de Gauss
ε0 , que é só uma constante, aparece aqui porque usamos o sistema MKS (SI).
Atenção:
q é a carga total interna à superfície usada para calcular o fluxo – que também é
chamada de superfície gaussiana.
Essa equação é também chamada de equação de fonte escalar para um campo vetorial,
e é aplicável não só a campos elétricos, mas em outras situações. Em um caso geral,
podemos afirmar que, se I
~A · d~S = a (4.13)
Atenção:
~ não depende da
a grande utilidade da lei de Gauss está no fato que o fluxo ( ~E · dS)
H
forma da superfície fechada que você vai usar. Já que não depende, podemos escolher
qualquer forma, inclusive as mais fáceis como superfícies cilíndricas, esféricas,
paralelepipédicas, etc. A forma da superfície mais fácil vai depender da simetria do
campo elétrico. Se o campo tiver simetria radial esférica, como é o caso do campo
gerado por carga puntiforme ou por corpos carregados esféricos, condutores ou
isolantes, maciços ou ocos, a superfície escolhida deverá sempre ser uma superfície
esférica. Se o campo tem simetria radial cilíndrica como é o caso de campos gerados
por bastão infinito e corpos carregados cilíndricos, condutores ou isolantes, maciços
ou ocos, a superfície será sempre uma superfície cilíndrica.
4.3.1 Isolantes
Dizemos que um material é isolante quando a carga nele colocada não pode se mover, ela
fica fixa onde foi colocada. Isso significa que uma esfera maciça, por exemplo, pode ser
carregada em todo o seu volume, de modo que podemos definir sua densidade volumétrica
de carga. Dentro desses corpos pode haver a presença de um campo elétrico.
4.3.2 Condutores
De uma maneira simples e bem resumida podemos dizer que um material é condutor
quando as cargas nele colocadas podem se mover dentro do material 1 . Isso significa que
as cargas podem se rearranjar e não preservar as posições onde elas inicialmente foram
colocadas. Em particular, vamos considerar o caso de um corpo condutor carregado
isolado em equilíbrio eletrostático (CCIEE), isto é, um corpo no qual colocamos uma
certa quantidade de carga q, que esta isolado no espaço, e que esperamos as cargas se
rearranjarem até ficarem imóveis ou seja, atingir o equilíbrio eletrostático (esse rearranjo
demora ∼ 1 ns). Nesse caso, como as cargas são móveis, a tendência é elas irem para a
superfície devido a repulsão eletrostática. Quando as cargas atingem o equilíbrio, o campo
elétrico no interior do corpo condutor tem que ser zero. Caso fosse diferente de zero,
haveria forças atuando sobre cargas e então elas deveriam se mover, o que não pode ser,
pois estamos numa condição de equilíbrio.
Conclusão:
em corpos isolantes podemos ter campo em seu interior enquanto que em corpos con-
dutores não há campo elétrico dentro do mesmo, as cargas estão todas na superfície e
então não tem sentido definir densidade volumétrica de cargas!
1 Vamos detalhar um pouco mais. Na verdade a grande maioria dos materiais condutores, os metálicos
em especial, é composta por átomos ou íons cuja distribuição eletrônica favorece a liberação do elétron mais
externo isto é, cada átomo libera um elétron que fica livre para se mover dentro do material. O átomo isolado
de cobre, por exemplo, tem 29 elétrons, com o mais externo na camada 4s1 . Ao colocarmos esses átomos
lado a lado para constituir um pedaço de material sólido, o elétron 4s “se liberta” do átomo e fica “livre”.
O íon Cu+ fica fixo, não pode se mover. Assim, um pedaço de cobre tem cargas livres, mas a carga total
é zero. Quando carregamos um pedaço de cobre com uma certa de carga q, na verdade há no corpo essa
carga + os elétrons livres. Vale ressaltar que existem materiais que são semicondutores e outros que são
supercondutores. Nós vamos discutir esse assunto mais adiante, na parte que trata de propriedades elétricas
de materiais.
II
Potencial Elétrico
5 POTENCIAL ELÉTRICO . . . . . . . . . . . . 35
5.1 Diferença de Potencial Elétrico
5.2 Cálculo do Potencial Elétrico
5.3 Exemplos
5.4 Desenhando o Potencial Elétrico: Superfícies
Equipotenciais
5.5 Obtendo ~E a partir de V
5.6 Energia Potencial Eletrostática
6 CAPACITORES E DIELÉTRICOS . . . . 53
6.1 Capacitores e capacitância
6.2 Cálculo da Capacitância
Figura 5.1
36 Capítulo 5. POTENCIAL ELÉTRICO
Para refrescar a memória, vamos relembrar alguns detalhes sobre trabalho de uma
força. Numa situação bem simples, onde temos um certo corpo que é deslocado de um
ponto A para um ponto B através de um deslocamento retilíneo, descrito por um vetor ~l
submetido a uma força constante ~F, o trabalho é definido como:
W = ~F ·~l (5.2)
Figura 5.2
Para generalizar essa ideia, vamos considerar como calcular o trabalho realizado por
uma força não constante qualquer (em princípio), para deslocar o corpo de um ponto A
até um ponto B, através de uma trajetória não retilínea qualquer (em principio). Vamos
ter que adaptar a expressão acima, pois em um caso geral ~F muda de ponto para ponto da
trajetória. Que fazemos? Usamos mais uma vez o conceito de integração: dividimos nossa
trajetória em um número infinito de deslocamentos infinitesimais d~l...”dentro” de um d~l,
~F pode ser considerado constante, de modo que, para um deslocamento d~l executamos
um trabalho dW = ~F · d~l. Para saber o trabalho total para ir de A até B, basta somar todos
esses dW ’s ou seja, integrar:
Z B Z B
WAB = dW = ~F · d~l (5.3)
A A
Atenção:
essa integral não é uma integral qualquer!!!! Ela é uma integral de linha, podemos
dizer até que é parente da integral de superfície!! Os valores de ~F que vão dentro
do integrando são os valores que ~F tem sobre os pontos da trajetória escolhida
para ir de A até B! Se você muda de trajetória, os valores de ~F também mudarão!
FELIZMENTE, se as forças envolvidas forem forças conservativas, como é o caso
das forças de origem eletrostática -nosso caso aqui na Física 3- (gravitacional, de
mola, etc também são conservativas), então o trabalho executado só dependerá
dos pontos A e B. Diferentes caminhos, mesmo que com diferentes ~F’s dentro
do integrando, levam sempre ao mesmo valor de WAB ! Isso nos dá uma enorme
vantagem: se o trabalho é sempre o mesmo para pontos fixos A e B, e independe
da trajetória, então podemos escolher a trajetória mais conveniente, mais fácil de
resolver a integral!!!
5.2 Cálculo do Potencial Elétrico 37
Figura 5.3
Assim:
Z B~ ~
(−qo~E) · d~l
Z B Z B Z B
WBA dW F · dl ~E · d~l
VA −VB = = = = =− (5.5)
q0 A q0 A q0 A q0 A
Z B
VA −VB = − ~E · d~l (5.6)
A
Quando o ponto B está muito distante da distribuição de carga que gera o campo
elétrico, isto é, B está no infinito, então dizemos que a diferença de potencial de um ponto
qualquer P (ao invés de A agora, nesse caso, é assim que a maioria dos livros fazem)
próximo à carga em relação ao outro ponto B no infinito é simplesmente “potencial do
ponto P”. Veja que falar em potencial de um ponto não tem sentido, pois ele é definido
em função de trabalho, onde sempre tem que haver um ponto inicial e um ponto final. No
fundo é errado falar em potencial do ponto P, mas fica aqui combinado que nós sabemos
que “potencial do ponto P” significa diferença de potencial entre um ponto no infinito e o
ponto P.
Z P
V (P) = − ~E · d~l (5.7)
+∞
Figura 5.4
Z A Z A
VA −VB = − ~E · d~l = − |~E||d~l| cos(180o )
B B
Z A Z A Z A (5.8)
kq dl
=+ Edl = + dl = +kq
B B r2 B r2
Figura 5.5
Lembre-se que V é um escalar, de modo que a soma acima é mais simples que no
caso em que estamos descrevendo o campo elétrico através do vetor intensidade de campo
elétrico ~E, onde a soma é vetorial.
Figura 5.6
k∆qi
V = ∑ ∆Vi , onde ∆Vi ∼ (5.15)
ri
O problema aqui é que o r não é bem definido se ∆q não for exatamente um ponto.
40 Capítulo 5. POTENCIAL ELÉTRICO
Então devemos fazer n tender ao infinito. Quando fazemos isso, a somatória passa de uma
soma discreta para uma soma no contínuo ou seja, uma integral:
ou
kdq
Z
V= dV, onde dV = (5.17)
r
Vamos agora fazer alguns exemplos. Você verá que temos basicamente dois tipos de
problemas: R
• em um tipo usamos diretamente V = dV , onde dV = kdq/r, usada geralmente
quando o campo não tem muita simetria1 : casos como bastões, arcos, discos, etc.
• no outro tipo, quando o campo tem simetria radial esférica ou cilíndrica2 , onde
é possível usar a Lei de Gauss, a seqüência de cálculo é: determinamos ~E via lei
de Gauss (ε0 ~E · d~S = q) e a expressão obtida de ~E é “injetada” na expressão
R
V (P) = − ~E · d~l.
R
1 isto é, não tem simetria suficiente para usarmos a lei de Gauss para calcular ~E.
2 em simetria cilíndrica precisamos de cuidado, como veremos mais adiante.
5.3 Exemplos 41
5.3 Exemplos
5.3.1 Bastão de Comprimento l
Figura 5.7
l
kdq λ dx dx
Z Z Z Z
2
V= dv = =k = kλ 1
r r − 2l
(x2 + y2 ) 2
− 1
21
l 2 2
1 2
dx l +y +l
Z
2 2 2 2
1 = ln x + x + y = ln
1
− 2l (x2 + y2 ) 2 1 2 2
(l + y ) − l
2
−2
Logo,
12
l 2 + y2 +l
V = kλ ln 1
(5.18)
(l 2 + y2 ) 2 −l
a. V (r > R)
Figura 5.8
42 Capítulo 5. POTENCIAL ELÉTRICO
Z P Z P
V (P) = − ~E · d~l = + Edl (5.19)
∞ ∞
Usando a Lei de Gauss aplicada à superfície de raio r0 , obtemos:
Assim,
ρR3
V (P) = , para r > R (5.20)
3ε0 r
b. V (r < R)
Figura 5.9
Z P0 Z S Z P0
0 ~E · d~l = −
V (P ) = − E~ f · d~l − ~d · d~l
E (5.21)
∞ ∞ S
Aqui, como ~E é uma função de r diferente para pontos dentro da distribuição de
~d e E~ f . Na verdade,E~ f já foi calculado
carga e fora dela, estamos distinguindo por E
no item anterior. Isso significa que a primeira integral já está calculada, bastando
mudar o limite de integração:
3Z R dr0 ρR2
Z S
ρR
− E~ f · d~l = − = (5.22)
∞ 3ε0 ∞ r02 3ε0
5.3 Exemplos 43
Logo,
ρ(R2 + r2 ) ρR2
0
V (P ) = +
6ε0 3ε0
Assim:
ρ
V (P0 ) = (3R2 − r2 ), para r < R (5.24)
6ε0
Figura 5.10
4
A carga total da esfera dielétrica é Q = πρR3 , e estaria toda na superfície.
3
a. para pontos fora: o problema é o mesmo. A única diferença é que temos que
exprimir V em função de Q:
Z P Z P Z r 0
~E · d~l = dr kQ
V (P) = − Edl = −kQ = (5.25)
∞ ∞ ∞ r02 r
b. para pontos dentro:
Z S Z P0
V (P0 ) = − E~ f · d~l − ~d · d~l
E
∞ S
44 Capítulo 5. POTENCIAL ELÉTRICO
~d = 0!! Logo,
Mas dentro de um C.C.I.E.E. E
Z S Z r 0
0 dr kQ
V (P ) = − E~ f · d~l = −kQ = (5.26)
∞ ∞ r02 r
Figura 5.11
Z P Z P
V (P) = − ~E · d~l = Edl (5.27)
∞ ∞
dl = −dr0 (5.28)
I
ε0 ~E · d~S = q (5.29)
ρ(R22 − R21 )
V (P) = [ln(∞) − ln(r)]??
2ε0
ln(∞) = ∞!!!
BUM!!! V (P) EXPLODE!!! Não podemos ir ao infinito com campos de simetria radial
cilíndrica!! Só nos resta ficar nos arredores da distribuição cilíndrica de cargas. Podemos,
por exemplo, calcular a diferença de potencial entre o centro e um ponto na superfície.
0
Z A Z S Z A
>
Z S
VA −VB = − ~E · d~l = − ~E · d~l − ~E· d~l = − ~E · d~l
B B S
B
5.4 Desenhando o Potencial Elétrico: Superfícies Equipotenciais 45
Figura 5.12
Z S
VA −VB = Edl
B
Mas
ρ(r02 − R20 )
I
~E · d~S = q =⇒ ε0 E2Z 0 02 2
ε0 πr @@ = ρ(Z
H πr @ @ −Z
H πR1@@) =⇒ E =
H
2ε0 r0
Logo,
Z R1 0 0 R1 R1
ρR21 0 ρ r02
Z R1
ρr dr 0
VA −VB = − + 0
dr = − + ln(r )
R2 2ε0 R2 2ε0 r 2ε0 2
R2 R2
Assim:
ρ (R22 − R21 )
R1
VA −VB = + ln (5.31)
2ε0 2 R2
de trabalho em todos os pontos da trajetória. Isso significa que a força que fazemos para
deslocar uma carga de prova q0 , por exemplo, ao longo dessa trajetória terá que ser sempre
perpendicular à SE, pois se houver componente paralela pode haver execução de trabalho,
o que implicaria haver diferença de potencial. Como a força que aplicamos é sempre igual
e oposta à força elétrica, isso significa que ela também tem que ser perpendicular à SE.
Logo, o vetor intensidade ~E tem que ser perpendicular a qualquer SE.
Figura 5.13
Figura 5.14
É interessante pensar o que acontece com uma carga elétrica colocada numa região do
espaço onde há um campo elétrico. Uma carga positiva abandonada nessa região mover-
se-á da região de potencial mais alto para regiões de potencial mais baixo, como se fosse
uma bolinha abandonada numa “ribanceira”, o análogo gravitacional. Por outro lado, uma
carga negativa mover-se-á da região de potencial mais baixo para mais alto, ela “sobe a
ribanceira” de potencial elétrico. Se na natureza existisse massa negativa, a analogia estaria
completa!! Você soltaria uma bolinha de massa negativa e ao invés de ela cair no chão, ela
subiria ao espaço!!!!
5.5 Obtendo ~E a partir de V 47
dW ~F · d~l
dV = = (5.32)
q0 q0
mas
~F = −q0 ~E, (5.33)
Figura 5.15
logo
q0 ~E · d~l
dV = − = −~E · d~l = −|~E||d~l| cos(π − θ ) = Edl cos(θ ) = [E cos(θ )]dl (5.34)
q0
da integral de linha.4 Por exemplo, em um caso geral em que V = V (x, y, z), podemos
determinar as componentes Ex , Ey e Ez de ~E fazendo as derivadas parciais
∂V
Ex = −
∂x
∂V
Ey = − (5.37)
∂y
∂V
Ez = −
∂z
E o vetor ~E:
~E = Ex î + Ey jˆ + Ez k̂ = − ∂V î − ∂V jˆ − ∂V k̂
∂x ∂y ∂z
(5.38)
~E = − ∂ î + ∂ jˆ + ∂ k̂ V
∂x ∂x ∂x
~E = −∇V (5.39)
O operador gradiente sempre opera sobre uma função escalar, gerando um vetor.
W = ∆U (5.40)
uma outra carga q2 . Para trazer q2 nos arredores de q1 , em certo ponto P a uma distância
r de q1 , temos que executar um trabalho, que pode ser positivo se as cargas forem de
mesmo sinal (temos que puxar q2 em direção a q1 ) ou negativo se forem de sinais opostos
(temos que segurar a q2 para ela não se precipitar sobre a q1 ). Agora temos um sistema
constituído por duas cargas puntiformes separadas por certa distância r. Esse sistema tem
uma energia potencial eletrostática armazenada. Tanto é que se "soltarmos" uma das cargas
ela se moverá sob ação da força elétrica. Podemos calcular qual é essa energia potencial
calculando o trabalho que executamos para trazer q2 do infinito ao ponto P. Se dividirmos
esse trabalho por q2 , teremos o potencial elétrico gerado por q1 no ponto P. Então:
Figura 5.16
W∞P W
V1 (P) = = (5.41)
q2 q2
Mas
kq1
V1 (P) = (5.42)
r
Logo:
kq1 q2
W = V1 (P)q2 = = ∆U (5.43)
r
kq1 q2
∆U = U(r) −U(∞) = U(r) − 0 =⇒ U = (5.44)
r
Para um sistema de n cargas puntiformes, podemos generalizar essa expressão:
1 kqi q j
U= , para i 6= j (5.45)
2 ∑ ri j
Figura 5.17
50 Capítulo 5. POTENCIAL ELÉTRICO
É muito comum encontrarmos esse tipo de sistema de duas cargas iguais separadas por
uma distância fixa em materiais isolantes como polímeros. A esse sistema dá-se o nome
de dipolo elétrico.
Figura 5.18
Figura 5.19
Só para refrescar a memória, o torque de uma força é definido, por exemplo sobre uma
barra fixa por um eixo, como sendo o produto vetorial do vetor~r, que vai desde o centro
de rotação até o ponto de aplicação da força pelo vetor força, ~F.
τ 6= 0 =⇒ r 6= 0, F 6= 0 e θ 6= 0 ou θ 6= π (5.47)
Para o caso do sistema dipolo-campo, podemos observar que há dois torques atuando sobre
o dipolo, um sobre a carga positiva ~τ+ e outro na carga negativa ~τ− , e que ambos têm a
mesma direção (perpendicular ao plano da folha) e mesmo sentido (entrando na página).
Então podemos calcular o torque resultante:
Figura 5.20
τ = τ+ + τ− (5.50)
onde
F+ = F− = qE (5.53)
Logo,
Figura 5.21
52 Capítulo 5. POTENCIAL ELÉTRICO
~τ = ~p × ~E (5.55)
Assim, um dipolo ~p colocado em uma região do espaço onde há um campo elétrico
uniforme ~E ficará sujeito à ação de um torque ~τ que fará o dipolo rodar, de modo a se
alinhar com o campo elétrico.
Figura 5.22
Figura 5.23
Z Z Z
W= τdθ = pE sin θ dθ = pE sin θ dθ = pE[− cos θ ] = −pE cos θ (5.56)
π
W = ∆U = U(θ ) −U = U(θ ) − 05 = U = −pE (5.57)
2
5 Aquifizemos U(π/2) = 0 por pura conveniência, pois energia potencial negativa mostra que o dipolo
está ligado (preso) ao campo: U = −pE.
6. CAPACITORES E DIELÉTRICOS
Figura 6.1
OBSERVAÇÃO:
Como já vimos anteriormente, só podemos usar lei de Gauss em casos que o campo
elétrico tem simetria, que pode ser plana, radial esférica ou radial cilíndrica. Con-
clusão??? Só poderemos calcular a capacitância de capacitores planos (chamado de
capacitor de placas planas paralelas), capacitores esféricos ou capacitores cilíndri-
cos.
Figura 6.2
Para calcular V , podemos escolher qualquer trajetória, inclusive uma bem fácil para
calcular a integral de linha, a que liga os pontos A e B, como na figura acima. Para tal
6.2 Cálculo da Capacitância 55
precisamos do ~E sobre os pontos dessa trajetória. Vamos usar a lei de Gauss, aplicada a
uma superfície fechada em forma de uma caixa (que tem 6 faces), com as faces superior e
inferior iguais a A, como na figura abaixo. Como o campo é uniforme entre as placas e
perpendicular a elas, só haverá fluxo de ~E na face inferior. Nas faces laterais da caixa, ~E
as tangencia, de modo que o fluxo através delas é zero pois o produto escalar de ~E com d~S
é zero. Na face superior, como nós a colocamos dentro da placa, que é condutora, então o
campo é zero, o que implica fluxo zero através dela. Assim, só teremos fluxo de ~E na face
inferior:
Figura 6.3
Z Z Z Z Z Z
ε0 ~E · d~S + ~E · d~S + ~E · d~S + ~E · d~S + ~E · d~S + ~E · d~S = q (6.2)
S1 S2 S3 S4 S5 S6
Z
ε0 ~E · d~S = q (6.3)
S1
ε0 EA = q (6.4)
q
E= (6.5)
ε0 A
Agora que sabemos E, podemos calcular V :
qd
Z Z Z
V =− ~E · d~l = − Edl cos(π) = E dl = Ed = (6.6)
ε0 A
Logo,
q qε0 A ε0 A
C= = = (6.7)
V qd d
ε0 A
C= (6.8)
d
56 Capítulo 6. CAPACITORES E DIELÉTRICOS
Figura 6.4
Z B Z B Z B
q ~E · d~l = −
C= ,eV =− Edl cos(π) = Edl (6.9)
V A A A
Para obter E, usaremos ε0 ~E · d~S = q, como na figura acima, que aplicada à superfície
R
kq
I Z Z
ε0 ~E · d~S = q ⇒ ε0 EdS = q ⇒ ε0 E dS = q ⇒ ε0 E4πr2 = q ⇒ E = (6.10)
r2
kq (R2 − R1 )
V= = kq (6.12)
1 1 R1 R2
−
R1 R2
6.2 Cálculo da Capacitância 57
Portanto,
q q R R
C= = = 4πε0 1 2 (6.13)
V (R2 − R1 ) R2 − R1
kq
R1 R2
R1 R2
C = 4πε0 (6.14)
R2 − R1
OBSERVAÇÃO:
Note que a capacitância de um capacitor qualquer só depende de sua geometria.
q = Kq0 (6.16)
Podemos ainda colocar a mesma carga em cada um dos capacitores e então medir a
diferença de potencial entre suas placas, e veremos que V do capacitor com dielétrico é K
vezes menor que V0 , do capacitor vazio, isto é:
V0
V= (6.17)
K
Por quê? Para entender o que acontece, precisaremos entrar em um pouco mais de
detalhes sobre o comportamento elétrico dos materiais.
De um modo geral, podemos encontrar na natureza dois tipos de materiais: materiais
polares e não polares. Os materiais polares são constituídos por moléculas, átomos ou
sólidos que possuem um momento de dipolo elétrico permanente, ~pi , como a molécula
de água, por exemplo. Já os materiais não polares são constituídos por materiais que não
possuem momento de dipolo permanente.
58 Capítulo 6. CAPACITORES E DIELÉTRICOS
Em um material polar que nunca foi submetido a um campo elétrico, os dipolos ~pi
estão orientados ao acaso, de modo que a soma de todos eles será zero. Para isso contribui
a agitação térmica.
Podemos definir o vetor polarização ~P como sendo a soma de todos os ~pi por unidade
de volume v:
1
P = ∑ ~pi (6.18)
v
Assim, a polarização de um material polar que nunca foi submetido a um campo
elétrico é nula, ~P = 0. Esse certamente é o caso de um material não polar.
Vimos anteriormente que um momento de dipolo elétrico ~p colocado em um campo
elétrico uniforme ~E fica sujeito à ação de um torque τ = ~p × ~E, que tende a alinhar o
dipolo com o campo. Quando um material polar é submetido a um campo elétrico E ~0
(gerado pelas cargas das placas do capacitor por exemplo), o torque tende a orientar os
dipolos do material, de modo que agora a ∑ ~pi não é mais zero, ou seja, ~P 6= 0. Estando
os dipolos alinhados com o campo, podemos observar que na face esquerda da figura
abaixo há um excesso de cargas negativas e que na face direita há um excesso de cargas
positivas, chamadas cargas de polarização. Essa separação de cargas de polarização gera
um campo elétrico E ~ 0 que tem o sentido oposto a E~0 , levando então a uma redução do
campo elétrico total dentro do material:
~E = E ~ 0 ......ou...... ~E = E
~0 + E ~0
~0 − E (6.19)
Figura 6.5
6.2 Cálculo da Capacitância 59
CONCLUSÃO:
todos os materiais, quer sejam polares, quer sejam não-polares, sempre se polarizarão
quando submetidos a um campo elétrico!!
V = Ed (6.20)
Logo, se
C
=K (6.21)
C0
então
q0 q0 V0
= K ...ou... V = (6.22)
V V0 K
Mas
V = Ed e E0 = V0 d (6.23)
Então
E0
E= (6.24)
K
Isso significa que o campo elétrico dentro do material dielétrico fica reduzido por um
fator igual a constante dielétrica do material!!! Isso explica completamente o aumento da
capacitância.
ε0 EA = (q − qp) (6.31)
O problema aqui é que é difícil determinar q p pois é uma carga que está presa ao dipolo,
que está preso ao material. Precisamos nos “livrar desse problema”.
E0 q q
Acontece que E = , e E0 = , e portanto, E = . Substituindo na equação
K ε0 A Kε0 A
6.31 temos:
ε0 qA
= (q − q p ) (6.32)
Kε0 A
q
= (q − q p ) (6.33)
K
Agora, na lei de Gauss, ao invés de escrever a carga total interna à superfície parale-
lepipédica como (q − q p ), usamos q/K, que é muito mais fácil, pois a carga da placa do
capacitor pode ser facilmente determinada. Então a lei de Gauss fica:
~E · d~S = q
I
ε0 (6.34)
K
Ou I
ε0 K ~E · d~S = q (6.35)
q0 (t)dq0
dW = V (t)dq0 = (6.36)
C
q q
Lembre-se que C = =⇒ V = (6.37)
V C
6.2 Cálculo da Capacitância 61
Para carregar o capacitor desde o início, que tinha carga zero nas placas até uma carga
final q, o “alguém” tem que realizar um trabalho W , dado por
q0 (t)dq0 1 q2
Z Z Z
W= dW = = q0 (t)dq0 = (6.38)
C C 2C
Mas pelo Teorema Trabalho Energia (TTE), a todo trabalho corresponde a variação de
alguma forma de energia. Aqui o trabalho foi executado para separar cargas elétricas, de
modo que podemos associá-lo a uma energia potencial
q2
U= (6.40)
2C
Dizemos também que U é a energia armazenada no campo elétrico do capacitor, pois
sem campo entre as placas não há energia armazenada. Outra maneira de escrever essa
expressão pode ser obtida lembrando que q = CV , o que dá
1
U = CV 2 (6.41)
2
Vamos aproveitar esse resultado para aprofundar e generalizar um pouco mais os
conceitos sobre energia armazenada em um campo elétrico. No caso do CPPP, podemos
definir a densidade de energia u como sendo a energia total armazenada no campo elétrico
confinado entre as placas do capacitor, U, dividida pelo volume v onde se encontra o
campo:
U
u= (6.42)
v
Como o campo é uniforme, isto é, tem o mesmo valor em todos os pontos situados
entre as placas do capacitor, podemos dizer também que a densidade de energia será igual a
dU/dv, a densidade de energia em um ponto ou a energia armazenada dU em um elemento
infinitesimal de volume dv:
U dU
u= = (6.43)
v dv
Para o caso específico do CPPP, podemos escrever:
U CV 2
u= = (6.44)
v 2v
Como para um CPPP a capacitância é C = ε0 A/d , v = Ad e V 2 /d 2 = E 2 , a densidade
de energia fica:
1
u = ε0 E 2 (6.45)
2
Como u também pode ser escrita como u= dU/dv, então
dU 1
= ε0 E 2 (6.46)
dv 2
62 Capítulo 6. CAPACITORES E DIELÉTRICOS
ou ainda
1
dU = ε0 E 2 dv (6.47)
2
que dá a energia dU contida em um elemento infinitesimal de volume dv onde o campo
elétrico tem um valor E. A energia total será a soma sobre todos os pontos onde há E, ou
seja
1
Z
U = ε0 E 2 dv (6.48)
2
O mais interessante aqui é que, embora essa expressão tenha sido obtida para um caso
muito particular de um CPPP, ela é verdadeira para campos elétricos não uniformes, onde
o ~E varia de ponto para ponto do espaço, como no caso de campos elétricos com simetria
radial esférica ou cilíndrica. Como exemplo, podemos calcular a energia armazenada no
campo elétrico do capacitor esférico do item 1.2.2. O campo está confinado na região
esférica entre R1 e R2 e é dado por E = kq/r2 . Em um elemento infinitesimal de volume
dv, situado a uma distância r qualquer do centro de simetria, a quantidade de energia dU
armazenada será
2 2 2
1 2 1 kq ε0 k q
dU = ε0 E dv = ε0 2 dv = r2 sin(θ )dθ dφ (6.49)
2 2 r 2r4
q 1 Coulomb
i= = 1 Ampere (7.1)
t 1 Volt
Se a carga que atravessa a secção transversal é dependente do tempo, então a corrente
elétrica é definida como
dq
i= (7.2)
dt
Pode acontecer ainda que a quantidade de carga que atravessa a secção transversal não
seja uniforme, de modo que só especificar a corrente não esclarece como ela é distribuída
na área da secção transversal do fio. Então é melhor definirmos o vetor densidade de
corrente ~j para cada ponto. Assim, a corrente infinitesimal di em um elemento de área d~S
será
di = ~j · d~S (7.3)
ou então, a corrente através da área total da secção transversal será dada por
i = ~j · d~S (7.4)
N = nAL (7.6)
7.2 Resistencia e Resistividade 65
Se cada portador tem uma carga igual ao valor da carga do elétron e = 1, 6 × 10−19C, então
a carga total contida no pedaço de fio será
q = Ne = nALe (7.7)
O tempo para que todas as cargas contidas no fio atravessem o fio todo, supondo que
elas se desloquem a uma velocidade média constante igual a vd será
L
t= (7.8)
vd
Substituindo a expressão de q e de t teremos:
q nALe
i= = = nAevd (7.9)
t L
vd
j
vd = (7.10)
ne
OBSERVAÇÃO:
Só para termos uma ideia do valor de vd , para um fio com 1mm2 de área de secção
transversal, percorrido por uma corrente de 1A, feito de uma material com n ∼
1023/cm3 , vd ∼ 0, 1mm/s.
Assim, se em um dos fios, a corrente é menor, dizemos que ele oferece maior
resistência a passagem de corrente elétrica, ou seja, sua resistência é maior. Aqui na
Física 3 vamos tratar do comportamento elétrico somente de materiais condutores como os
metais. Os modelos físicos para descrever o comportamento de outros tipos de materiais
como os semicondutores ou supercondutores são muito mais complicados.
66 Capítulo 7. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITO RC
CONCLUSÃO:
a resistência de um determinado pedaço de um certo material depende de suas
características geométricas e do tipo de material. Chamaremos esse pedaço de
material com certa resistência R de resistor, cujo símbolo é
Podemos definir uma grandeza que não dependa das características geométricas, mas
que dependa somente do material. Essa grandeza, chamada de resistividade elétrica, é
uma característica do material, cada um tem a sua. A resistividade é dada pela razão entre
o campo elétrico dentro do material e a densidade de corrente:
E
ρ= [Ωcm] (7.12)
j
Figura 7.1
V EL ρL
R= = = (7.15)
i jA A
Para muitos metais ρ depende da temperatura, segundo a expressão
ρ = ρ0 [1 + αT (T − T 0)] (7.16)
Figura 7.2
NOTA:
observe que V = Ri não é Lei de Ohm!!! Essa expressão vem da definição de
resistência. A lei de Ohm trata só do comportamento de materiais.
P = Vi (7.19)
Essa expressão diz que, qualquer que seja o que há dentro da caixa preta, se conhecemos
a diferença de potencial entre suas extremidades e a corrente que por ele passa, saberemos
qual a potência consumida pela caixa. Por exemplo, se dentro da caixa preta há um resistor
R, sabemos que a diferença de potencial VR percorrido por uma corrente i é, de acordo com
a definição de resistência, VR = Ri Logo, a potência consumida pelo resistor R será:
Figura 7.3
O principio de conservação de energia nos diz que a energia dUε fornecida pela fonte
tem que ser igual a energia dissipada dUr em r mais a energia dUR dissipada em R, ou seja:
dUε dUr dUR
Pε = Pr + PR = = + = dUε + dUr + dUR (7.22)
dt dt dt
ou
εdq = Vr dq +VR dq = ridq + Ridq (7.23)
ε = ri + Ri (7.24)
ou ainda
ε − ri − Ri = 0 (7.25)
Essa expressão mostra que a soma das diferenças de potencial em um circuito fechado
(uma malha) deve ser nula.
∑ ∆V 0s = 0 (7.26)
7.6 Circuito RC em Série 69
q(t)
ε − Ri(t) − =0 (7.27)
C
Derivando em relação ao tempo teremos
di(t) 1
Z Z
=− dt (7.30)
i(t) RC
OBSERVAÇÃO:
Há muitas situações na Física, em Ciências dos Materiais ou mesmo em Ciências
Humanas que essa idéia é muito útil. Em muitas situações o tempo de resposta a
“uma provocação” é chamado de tempo de relaxação.
Para calcular como a carga no capacitor varia com o tempo, lembremos que i(t) =
7.6 Circuito RC em Série 71
dq(t)/dt ou,
dq(t) ε −t/RC ε
= e =⇒ dq(t) = e−t/RC dt (7.35)
dt R R
Integrando o lado esquerdo desde 0 até um q(t) qualquer e o lado direito de 0 a t qualquer
teremos:
Z Z
ε ε
dq(t) = e−t/RC dt =⇒ q(t) = RC 1 − e−t/RC = Cε 1 − e−t/RC (7.36)
R R
q(t) = Cε 1 − e−t/RC (7.37)
Ver gráfico acima.
Na discussão acima nós analisamos como a corrente que percorre o circuito e como
a carga no capacitor variam durante o processo de carga do capacitor. Se esperarmos
um tempo t muito maior que RC, o “estado final” do processo de carga do capacitor
será um circuito com corrente zero e um capacitor completamente carregado com uma
carga Cε. Agora podemos analisar o processo de descarga do capacitor, colocando o
resistor e o capacitor em curto-circuito, como na figura abaixo, eliminando do circuito
a ffem. Nessas condições o capacitor começa a se descarregar, surgindo uma corrente
elétrica dependente do tempo. O estado final do processo de descarga é um capacitor
completamente descarregado (com carga zero) e nenhuma corrente percorrendo o circuito
(corrente zero). Para determinar as expressões da corrente e da carga em função do tempo,
vamos aplicar a Lei das Malhas:
q(t) q(t)
Vc −VR = 0 =⇒ − Ri(t) = 0 =⇒ = Ri(t) =⇒ q(t) = RCi(t) (7.38)
C C
Derivando em relação ao tempo teremos:
dq(t) di(t)
= RC (7.39)
dt dt
Mas
dq(t)
= −i(t) (7.40)
dt
(o sinal negativo aparece porque a carga no capacitor está diminuindo com o tempo). Logo,
di(t) dt
=− (7.41)
i(t) RC
Integrando o lado esquerdo desde uma corrente inicial i0 até um i(t) qualquer e o lado
direito desde t = 0 até um t qualquer, teremos:
di(t) 1
Z Z
=− dt (7.42)
i(t) RC
i(t) t
ln =− (7.43)
i0 RC
Passando uma exponencial neperiana em ambos os lados da equação acima teremos:
q(t = 0) Cε
= Ri(t = 0) =⇒ = Ri0 (7.45)
C C
ε
i0 = (7.46)
R
ε
i(t) = − e−t/RC (7.47)
R
Para obter a expressão da carga no capacitor, podemos usar a expressão acima, lem-
brando que i(t) = dq(t)/dt. Substituindo e separando as variáveis carga à esquerda e
tempo à direita, podemos integrar a carga desde uma carga inicial q0 , (que sabemos ser
igual a Cε) até um q(t) qualquer, e no tempo, integrar desde t = 0 até um t qualquer:
Z Z
ε
dq(t) = − e−t/RC dt (7.48)
R
ε
q(t) − q0 = RC(e−t/RC − 1) (7.49)
R
Outra coisa que vale a pena ressaltar é o fato que até um simples pedaço de fio de um
circuito real possui uma resistência e uma capacitância. Em circuitos onde a corrente é
constante isso não é muito importante, mas quando tratamos com circuitos com correntes
dependentes do tempo, como por exemplo em circuitos de telecomunicação, em que as
frequências são da ordem de GHz (109 /seg), as capacitâncias dos cabos, conectores, etc
começam a ficar importantes e não podem ser desprezadas.