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Módulo III
Nível Básico
Copyright © 2017 Dr. Marcos Paulo Pontes Fonseca
É determinantemente proibido a cópia e a venda deste material sem a devida permissão do autor em
conformidade com as penas da Lei brasileira de direitos autorais.
1 Associação de Resistores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 Associação de Resistores em Série 7
1.2 Associação de Resistores em Paralelo 9
1.3 Associação Mista de Resistores 12
1.4 Curto-Circuito 13
1.5 Medidas Elétricas 14
1.5.1 Amperímetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.2 Voltímetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.6 Ponte de Wheatstone 18
1.7 Geradores 21
1.7.1 Equação Característica do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.7.2 Curva Característica do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.7.3 Rendimento do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.8 Leis de Kirchhoff 25
1.8.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.8.2 As Leis de Kirchhoff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.8.3 Análise de Circuito com Base nas Leis de Kirchhoff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.9 Questinário 29
1.10 Problemas 31
2 Campo Magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1 Imãs 37
2.2 O Campo Magnético de um Imã 39
2.3 Campo magnético uniforme 43
2.4 Força Magnética sobre uma carga elétrica 44
2.4.1 Direção e sentido da força magnética sobre uma carga elétrica . . . . . . . . . . 46
2.4.2 Quando a velocidade é perpendicular ao campo magnético . . . . . . . . . . . . 47
2.4.3 Quando a velocidade ~v forma um ângulo θ qualquer com o campo magnético ~B
48
4 Força Magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.1 Força magnética em um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica
73
4.1.1 Espira retangular imersa em campo magnético uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.1.2 Forças magnéticas entre dois condutores retilíneos e paralelos . . . . . . . . . . . . 78
4.2 Indução Eletromagnética 80
4.3 Lei de Lenz 83
4.4 Força eletromotriz induzida 86
4.5 Lei de Faraday-Neumann 87
4.6 Problemas 88
6 Relatividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
6.1 Postulados de Einstein 107
6.2 A dilatação do tempo 108
6.3 Contração do comprimento 109
6.4 Composição de velocidades 111
6.5 A massa relativistica 111
6.6 As quatro interações 113
6.6.1 Força nuclear forte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.6.2 Força eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.6.3 Força nuclear fraca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.6.4 Força gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
6.7 Problemas 114
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Livros 115
Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
1. Associação de Resistores
Os resistores são componentes eletrônicos que tem diversas aplicações práticas. Não existe um
circuito eletrônico em que não se tenha uma resistência elétrica, pois um fio condutor possui,
as trilhas de um circuito também, ou seja, mesmo que não haja um resistor em um circuito
mesmo assim teremos resistência elétrica. Bom por outro lado, alguém pode indagar: "mas e
os supercondutores?"É realmente esses materiais possuem resistividade zero, e portanto não tem
resistência elétrica. Por outro lado são materiais que possuem essa propriedade apenas a baixíssimas
temperaturas, e portanto, no ponto de vista prático, até o momento não tem aplicações nos circuitos
eletrônicos dos eletrodomésticos atuais.
As aplicações dos resistores são diversas, como por exemplo, em chuveiros elétricos, ferros
de solda e ferros de passar roupa. Todos esses exemplos baseia-se no Efeito Joule que é a dissipação
da energia elétrica transformando-se em energia térmica. Além desses, as principais aplicações são
em circuitos eletrônicos para baixar tensões, dividir a corrente, polarizar transistores, temporizar
circuitos de carga e descarga e etc. Fundamentalmente, nesse capítulo iremos estudar algumas
técnicas básicas de análise de circuitos, que envolvam resistores, geradores e receptores.
Para entendermos isso melhor vamos considerar o circuito da figura 1.1 a seguir. Nesse circuito
temos três resistores R1 , R2 e R3 ligados em série, onde os pontos A e B são os terminais desta
associação. Um gerador representado por uma pilha aplica uma diferença de potencial (ddp) nos
terminais igual a U. Essa ddp proporciona uma corrente elétrica i que será a mesma em todo o
circuito. Como já vimos anteriormente a simbologia dos resistores podemos representar essa ligação
de forma esquemática como pode ser visto na figura 1.2 a seguir. Aqui, U1 , U2 e U3 são as quedas de
RT I = R1 I + R2 I + R3 I, (1.2)
colocando I em evidência na equação 1.2 podemos cancelar a corrente em ambos os lados da equação
para obtermos a expressão da resistência equivalente ou total do circuito como:
RT I = (R1 + R2 + R3 )I,
RT = R1 + R2 + R3 . (1.3)
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 9
IT = I1 = I2 = I3 = ... = In ,
A tensão total UT fornecido pelo gerador é igual a soma das quedas de tensão em todas as
resistências
RT = R1 + R2 + R3 + ... + Rn ,
Exercício 1.1 Considere a associação de resistores da figura 1.3 abaixo. A tensão total aplicada
pela bateria é igual a 200V, e os resistores R1 , R2 e R3 tem valores iguais a 20Ω, 30Ω e 50Ω
respectivamente. Determine:
a) a intensidade da corrente elétrica em cada resistor; Resp.2,0A
b) a tensão em cada resistor.Resp.40V, 60V e 100V
a corrente elétrica terá um caminho para percorrer, e terá maior intensidade aonde houver menor
resistência na ramificação.
Para melhor visualização considere a figura 1.4, onde temos três resistores R1 , R2 e R3 ligados em
paralelo cujos pontos em comum são representados pelos nós, sendo o primeiro a ser considerado o
da esquerda e o segundo o da direita. Observe que a corrente elétrica total i se ramifica no primeiro nó
em três correntes I1 , I2 e I3 passando pelos respectivos resistores, e se juntam novamente no segundo
nó para formar a corrente elétrica total novamente. Aqui, mais uma vez estamos considerando
UT como sendo a ddp total fornecida pela bateria. Diferentemente do circuito em série a corrente
IT = I1 + I2 + I3 , (1.4)
UT = U1 = U2 = U3 . (1.5)
Para determinarmos a resistência total do circuito podemos usar a 1ª Lei de Ohm na equação 1.4 de
maneira que podemos escrever
UT U1 U2 U3
= + + , (1.6)
RT R1 R2 R3
UT UT UT UT
= + +
RT R1 R2 R3
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 11
UT 1 1 1
= UT + +
RT R1 R2 R3
1 1 1 1
= + + (1.7)
RT R1 R2 R3
Invertendo as frações em ambos os lados da equação 1.7 obtemos uma fórmula geral para determinação
da resistência total ou equivalente para a associação de resistores em paralelo como
1
RT = 1
(1.8)
R1 + R12 + R13
UT = U1 = U2 = U3 = ... = Un ,
A corrente elétrica total IT é igual a soma das correntes que fluem em todas as resistências
IT = I1 + I2 + I3 + ... + In ,
E por fim a resistência total ou equivalente é igual a soma dos inversos das resistências
1
RT = 1 1
,
R1 + R2 + R13 + ... + R1n
Existem também alguns casos especiais de resistores associados em paralelo. Por exemplo, se temos
apenas dois resistores em paralelo podemos obter a resistência equivalente como
1 1 R1 R2
RT = 1
= R1 +R2 → RT = . (1.9)
R1 + R12 R1 R2
R1 + R2
Outro caso seria se tivéssemos n resistores com o mesmo valor em paralelo. Dessa forma poderíamos
calcular a resistência equivalente de forma bem rápida como
1 1 R
RT = 1 1 1 1
= n → RT = . (1.10)
R + + + ... +
R R R R n
Nesse caso bastaria pegar o valor de uma resistência e dividir pelo número total de resistências.
12 Associação de Resistores
Exercício 1.2 Considere a associação de resistores da figura 1.5 a seguir. A tensão total aplicada
pela bateria é igual a 100V, e os resistores R1 , R2 e R3 tem valores iguais a 2Ω, 4Ω e 5Ω
respectivamente. Determine:
a) a resistência equivalente do circuito;Resp.1,05Ω
b) a intensidade da corrente elétrica total no circuito; Resp.95A
c) a intensidade da corrente elétrica em cada resistor.Resp.50A, 25A e 20A
que os resistores de 30Ω e 60Ω estão em paralelo na região representada pela linha pontilhada azul
clara. A resistência equivalente em paralelo tem um valor igual a 20Ω, que por sua vez estará em
série com todos os demais resistores, como pode ser visualizado pelo circuito em vermelho. Por
fim temos o circuito verde que nos mostra a resistência total ou equivalente do circuito todo da
associação mista. Com o valor da resistência total podemos obter a corrente elétrica total do circuito
se conhecermos a ddp entre os pontos A e B. Conhecendo a corrente total podemos determinar
através da 1ª Lei de Ohm as ddp’s em cada resistor, e com esses valores é possível calcular também
através da Lei de Ohm os valores das correntes elétricas nos resistores de 30Ω e 60Ω. Isso ficará
como exercício para você.
Exercício 1.3 Considere a associação de resistores da figura 1.6, onde é aplicado uma ddp de
600V entre os terminais A e B. Determine:
a) a intensidade da corrente elétrica total no circuito; Resp.2A
b) a diferença de potencial em cada resistor.Resp.R70Ω = 140V , R100Ω = 200V , R110Ω = 220V e
R30Ω = R60Ω = 40V
c) a intensidade da corrente elétrica em cada resistor.Resp..R70Ω = R100Ω = R110Ω = 2A,
R30Ω = 1, 33A e R60Ω = 0, 66A
1.4 Curto-Circuito
Considere, por exemplo, duas lâmpadas idênticas ligadas em série e submetidas a uma diferença
de potencial, 2V como pode ser visualizado na figura 1.7. Obviamente como elas são iguais a ddp
de 2V aplicada na associação se dividirá igualmente para as duas lâmpadas, pois as resistências
são iguais. Além disso, a corrente que atravessa as lâmpadas também são iguais uma vez que estão
ligadas em série.
Anteriormente nós mencionamos que a corrente elétrica sempre busca transitar pelo caminho de
menor resistência.
14 Associação de Resistores
correntes elétricas. O maior valor de corrente que o aparelho pode medir é chamado de corrente de
fundo de escala. Os galvanômetros podem funcionar como amperímetros (medidores de corrente
elétrica) ou como voltímetros (medidores de tensão), para isso basta mudar a chave seletora para
mudança de escala de medida. Quando o galvanômetro é ideal, assunto que falaremos um pouco
mais adiante ainda nessa seção, a simbologia dele no circuito fica apenas como na figura 1.11 A
representação do amperímetro e do voltímetro ideal é a mesma da figura 1.11, basta trocar a letra G
por A ou V respectivamente.
1.5.1 Amperímetro
Como já mencionamos o amperímetro é o aparelho usado para medir a corrente elétrica. Para
que seja efetuada a medida da corrente elétrica é necessário que ela passe pelo aparelho. Se a
corrente elétrica que passará pelo amperímetro for maior que seu fundo de escala isso pode danificar
o aparelho. Para resolver esse problema ligamos, em paralelo a resistência interna RG outro resistor
RS com um valor bem menor do que o valor de RG denominado de resistor de shunt. Como o resistor
de shunt é bem menor do que o valor da resistência do amperímetro a maior parte da corrente I passa
por RS de shunt, e apenas uma pequena fração da corrente passa pela resistência do amperímetro
(RG ). Assim, o aparelho não danifica. Relacionando a leitura da corrente elétrica no amperímetro IG
Exercício 1.4 Determine o valor da resistência shunt para medir uma corrente elétrica de
intensidade de 10mA com um miliamperímetro cuja resistência é 202, 5Ω e o fundo de escala é
de 1mA. Resp.22, 5Ω
Agora veremos como de fato devemos ligar um amperímetro em um circuito para que ele efetue a
medida da corrente elétrica em um determinado trecho, e veremos também qual é o amperímetro
ideal. Para que o amperímetro efetue uma medida de corrente elétrica é necessário que ela passe
pelo aparelho é portanto o amperímetro deve sempre ser ligado em série no trecho do circuito
onde se quer medir a corrente. Para ilustramos isso melhor considere então a figura 1.13, onde
uma resistência R é ligada a uma bateria proporcionado uma ddp U e nosso amperímetro tem uma
resistência interna RG . Obviamente a corrente elétrica medida i’ não é de fato a corrente real do
circuito sem o amperímetro, pois sua resistência RG influencia no resultado. Usando a Lei de Ohm
para essa análise obtemos o resultado
U
i0 = . (1.14)
R + RG
De acordo com a equação 1.14 podemos observar que esse valor medido é inferior ao valor real.
Portanto, para que seja medido o valor teórico real a resistência interna do amperímetro deve ser
nula.
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 17
Definição: Podemos definir um amperímetro ideal como sendo um aparelho que possuir uma
resistência interna desprezível.
1.5.2 Voltímetro
Para medirmos uma diferença de potencial através de um voltímetro ele também necessita de um
resistor para que seja adequado o fundo de escala do aparelho sem danificá-lo. Considerando que o
voltímetro tem uma resistência interna RG devemos associar em série a ele uma outra resistência
de valor muito maior chamada de resistência multiplicadora RM . Para ilustrarmos melhor o
voltímetro vamos considerar a ligação da figura 1.14. Analisando a figura 1.14 temos a relação direta
Para efetuarmos uma medida da diferença de potencial entre dois pontos em um circuito, o
voltímetro deve ter seus terminais ligados nesses dois pontos. Portanto, o voltímetro deve ser ligado
em paralelo no circuito. Dessa forma, vamos considerar a figura 1.15 a seguir. O circuito da figura
1.15 consiste em uma bateria que fornece uma ddp U ligada a um resistor R. Paralelamente ao
resistor temos um voltímetro, cuja resistência interna é RG ligado nos terminais A e B do resistor.
De acordo com essa ligação já sabemos de antemão que o valor a ser medido deve ser igual a U, pois
o esquema é caracterizado por uma ligação em paralelo, portanto as ddp’s devem ser iguais tanto
18 Associação de Resistores
Como sabemos, pela Lei de Ohm, o resultado correto da medida deve ser U = I · R, ou seja, a
resistência total do circuito deve ser apenas R. Assim, comparando com o resultado da equação 1.17
vemos que isso aconteça é necessário que RG seja infinito! Portanto, provamos que realmente a
resistência deve ser exageradamente grande para que se faça uma medida da diferença de potencial
corretamente.
Definição: Podemos definir um voltímetro ideal como sendo um aparelho que possuir uma
resistência interna infinita.
UAC = R1 · i → VA −VC = R1 · i
R1 · i = R4 · i0 . (1.19)
UCB = R2 · i → VC −VB = R2 · i
Mais uma vez VC = VD então as equações 1.20 podem ser igualadas de maneira que
R2 · i = R3 · i0 . (1.21)
R1 · i R4 · i0
= . (1.22)
R2 · i R3 · i0
Cancelando os termos semelhantes na equação 1.22 e fazendo o produto cruzado dos termos que
sobram no cancelamento, finalmente podemos escrever a seguinte conclusão em relação ao equilíbrio
da ponte de Wheatstone.
20 Associação de Resistores
R1 · R3 = R2 · R4 . (1.23)
Uma maneira alternativa de se criar a ponte de Wheatstone é o que chamamos de ponte de fio. A
ponte de fio consiste em substituir dois dos resistores da ponte de Wheatstone por um fio homogêneo
cuja seção transversal é a mesma em todo o seu comprimento. Sobre o fio desliza um cursor, até que
se encontre o ponto de equilíbrio da ponte, ou seja, VC = VD . Nas proximidades do fio é colocado
uma régua que fornece os comprimentos L1 e L2 referentes as extremidades do fio com o cursor.
Veja a figura 1.17.
Usando a equação de equilíbrio 1.23 da ponte de Wheatstone juntamente com a 2ª Lei de Ohm
podemos escrever
L2 L1
R1 · ρ = R2 · ρ . (1.24)
A A
Cancelando em ambos os membros da equação 1.24 a resistividade ρ e a área A, pois se trata do
mesmo fio podemos fazer a conclusão em relação a ponte de fio.
1.6.2 — Ponte de fio. Quando a ponte está em equilíbrio, ou seja, VC = VD o produto dos
resistores pelos comprimentos dos ramos opostos são iguais.
R1 · L2 = R2 · L1 . (1.25)
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 21
Exercício 1.6 No circuito representado na figura 1.18 determine o valor do resistor R1 , para que
a potência dissipada no resistor de 10Ω seja nula. Resp.4, 0Ω
Exercício 1.7 No circuito representado na figura 1.19 determine o valor da resistência equivalente
entre os pontos A e B. Resp.5, 3Ω
1.7 Geradores
Nos tópicos anteriores já mencionamos que os geradores fornecem a energia elétrica para um
determinado circuito, e agora vamos aprofundar um pouco no seu funcionamento. Nós podemos
definir um gerador como:
Definição: Podemos definir um gerador como sendo qualquer dispositivo na qual transforma um
determinado tipo de energia em energia elétrica.
Como exemplo temos os geradores mecânicos, que podem ser as usinas hidroelétricas ou também
motores movidos a combustível. Temos também os geradores químicos que correspondem as pilhas
e baterias comuns, os geradores luminosos que correspondem as células foto-voltaicas. Além disso,
temos os geradores térmicos, que produzem energia elétrica através da conversão de energia térmica
em elétrica.
Em termos gerais todos eles possuem características semelhantes, ou seja, quando não estão em
funcionamento existe uma força eletromotriz (fem) em seus terminais. Quando ligamos o gerador
em um circuito a corrente elétrica irá fluir através do gerador, e a diferença de potencial U fornecida
pelo gerador será menor que a força eletromotriz que ele tinha antes da ligação. Isso acontece porque
todo gerador possui internamente uma resistência elétrica. Portanto, não importa a fonte primária do
22 Associação de Resistores
gerador, seja ela mecânica, química, luminosa ou térmica, todos eles apresentam essas características
uns de forma mais acentuada do que outros. De agora em diante vamos denotar ε como sendo a
força eletromotriz (fem), U a ddp fornecida pelo gerador e r a sua resistência interna. Vamos
representá-lo nos circuitos pela seguinte simbologia representada na figura 1.20. Essa simbologia
se refere apenas a geradores de tensão contínua, com relação a geradores de tensão alternada a
simbologia é outra. No entanto iremos estudar apenas os geradores que proporcionam uma corrente
elétrica contínua.
Definição: A força eletromotriz (fem) é definida como sendo a razão entre a energia não elétrica
(mecânica, química, luminosa ou térmica) transformada em elétrica por unidade de tempo pela
corrente que o atravessa. Em outras palavras, é a razão entre a potência total fornecida pelo
gerador pela corrente que flui através dele.
Ptotal
ε= . (1.26)
I
Como já mencionamos anteriormente durante a transformação das energias em elétrica num gerador
ocorrem perdas de energia devido a resistência interna do gerador. Portanto, podemos definir a
potência útil do gerador por
Definição: a potência útil do gerador PU é definida como sendo o balanço energético entre a
potência total e a potência dissipada PD .
PU = Ptotal − PD . (1.27)
PU = Ptotal − PD → U · I = εI − r · I 2 . (1.28)
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 23
1.7.1 — Equação do Gerador. Dividindo ambos os termos da equação 1.28 pela corrente
elétrica I a equação do gerador pode ser escrita de forma algébrica como:
U = ε − r · I. (1.29)
OBSERVAÇÔES:
1ª) A ddp entre os polos A e B do gerador é sempre menor que a fem.
2ª) O gerador é chamado de ideal quando não possui resistência interna (r=0), embora na prática
ele não exista!
3ª) Por convenção adotamos a corrente elétrica interna do gerador como sendo do polo positivo
para o negativo.
U diminui com o aumento da corrente I. É por esse motivo que em algumas residências quando
ligamos o chuveiro notamos que e luminosidade da lâmpada do banheiro diminui, pois a dissipação
do gerador aumenta fornecendo menor ddp U tanto para lâmpada quanto para o chuveiro.
A potência máxima transferida ao circuito externo pelo gerador ocorre quando a ddp U entre os
seus terminais é igual a metade da sua fem. Outra conclusão que pode ser tirada disso é que para que
isto aconteça é necessário que a resistência interna do gerador deve ser igual a do circuito na qual
ele será ligado. Além disso, nessa condição de máxima transferência de potência o rendimento do
gerador é sempre de 50%.
Para resumirmos tudo que foi falado sobre geradores no ponto de vista prático para a análise
de circuitos podemos considerar a resistência interna do gerador como sendo mais um resistor
no circuito aonde ele estiver ligado e considerar a fem como a ddp fornecida em seus terminais.
Portanto, é bem simples no ponto de vista prático. Tente fazer o exercício a seguir e verás como é
simples.
Exercício 1.9 No circuito representado na figura 1.22 temos um gerador com uma fem igual a
30V e uma resistência interna cujo valor é 2Ω ligado a um conjunto de resistores R1 , R2 e R3 .
Determine:
a) a intensidade da corrente elétrica que percorre o gerador AB;Resp.3, 0A
b) a ddp entre os pontos C e D;Resp.6, 0V
c) a intensidade da corrente elétrica que percorre os resistores R2 e R3 ;.Resp.I2 = 2, 0A e I3 = 1, 0A
d) a ddp fornecida pelo gerador nessa ligação;Resp.24, 0V
e) o rendimento do gerador nessa ligação;Resp.80%
f) esboce a curva característica do gerador.
simbologia a única diferença é que a corrente do circuito sai do polo positivo do gerador e no
receptor ela chega no polo positivo. Dai para frente o circuito é analisado como um outro qualquer,
portanto é bastante simples!
Bom depois de tudo isso vamos falar exatamente sobre as Leis de Kirchhoff último assunto deste
capítulo. As Leis de Kirchhoff são usadas para determinar as correntes elétricas que percorrem um
circuito mais complexo com várias ramificações constituídas por diversos resistores, receptores e
geradores. Antes de falarmos das Leis de Kirchhoff temos que definir algumas coisas importantes em
um circuito elétrico. Para facilitar essas definições vamos considerar um circuito elétrico qualquer,
que pode ser visualizado na figura 1.24.
26 Associação de Resistores
Figura 1.24: Circuito elétrico com dois nós resistores, geradores e receptores.
Nesse circuito genérico da figura 1.24, temos E1 , E2 , E3 e E4 , que podem ser geradores ou
receptores dependendo do sentido da corrente elétrica que passa por eles. Aqui, estamos admitindo
que todos são ideais, mas poderia não ser. Temos também os resistores R1 , R2 , R3 e R4 , que alguns
deles poderiam ser as resistências internas dos geradores caso não fossem ideais. E por fim o mais
importante nesse momento para as nossas definições, que são os pontos destacados no circuito A, B,
C, D, E e F. Então, baseado nesses pontos temos as seguintes definições fundamentais.
DEFINIÇÔES:
Nó→ é qualquer ponto do circuito que é comum a três ou mais condutores ou dispositivos,
onde proporciona uma ramificação do circuito disponibilizando a passagem da corrente elétrica
por diversos caminhos. No circuito da figura 1.24 temos dois nós nos pontos B e E.
Ramo→ é qualquer trecho do circuito compreendido entre dois nós consecutivos. A identificação
dos ramos é importante, pois o número de ramos é igual a quantidade de correntes elétricas, ou
seja, em cada ramo passa somente um valor de corrente. No circuito da figura 1.24 do exemplo
temos três ramos entre os nós B e E são eles: o ramo BCDE, o BE e o BAFE.
Malha→ é qualquer conjunto de ramos formando um circuito fechado, ou seja, inicia e termina
no mesmo ponto. No circuito da figura 1.24 temos três malhas são elas: ABEFA, BCDEB e
ABCDEFA.
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 27
Como exemplo, para esta primeira lei, observe a figura 1.25 e veja que as correntes elétricas i1 e
i2 estão chegando no nó, enquanto que as correntes i3 e i4 estão saindo do nó. Portanto, para este
exemplo temos a seguinte expressão baseada na primeira lei de Kirchhoff i1 + i2 = i3 + i4 .
Considerando agora que para um mesmo ponto do circuito a ddp é sempre nula Kirchhoff enunciou
a seguinte lei:
1.8.2 — Segunda Lei de Kirchhoff. Se percorrermos uma malha do circuito num mesmo sentido
a soma das tensões encontradas em cada elemento do circuito é sempre igual a zero.
Para a segunda lei de Kirchhoff temos algumas regras básicas na convenção de sinais. Quando
percorremos uma malha, na análise do circuito, o sentido para percorrer é arbitrário, ou seja, pode
ser tanto no sentido horário quanto no anti-horário. Uma vez estabelecido esse sentido, que vamos
chamar de β , temos as seguintes convenções de sinais para as ddp’s dos geradores e receptores,
podem ser visualizadas na figura 1.26.
forma geral, quando β tem o mesmo sentido da corrente elétrica que passa no resistor o produto
R · I > 0 é positivo, e quando tem sentidos contrários o produto R · I < 0 é negativo. Como macete
para os geradores e receptores você pode adotar a mesma convenção levando em consideração a
corrente elétrica interna dos geradores e receptores. Em outras palavras, adote o sentido da corrente
convencional internamente como sendo do polo positivo para o negativo.
2ª Etapa→ Atribuir a cada ramo do circuito um sentido para a corrente elétrica. Que pode
a princípio ser adotado o sentido convencional da corrente elétrica criada pelos geradores.
4ª Etapa→ Adotamos um sentido arbitrário que pode ser o horário ou anti-horário, ou até
mesmo ambos, para aplicação da segunda lei de Kirchhoff. O número de equações (análise das
malhas) deve ser tal que juntamente com o passo da terceira etapa constitua um conjunto de
equações para a solução do sistema.
5ª Etapa→ Solução do sistema para a obtenção dos valores das correntes elétricas e análise
correta dos sentidos delas em cada ramo.
Para uma melhor aprendizagem e fixação do conteúdo sugiro que seja feito o exercício a seguir.
Exercício 1.10 No circuito representado na figura 1.28 determine os valores e sentidos das
correntes elétricas em cada ramo do circuito.
Capítulo 1 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 29
1.9 Questinário
Pergunta 1.1 Cite algumas aplicações dos resistores, que se baseiam no Efeito Joule.
Pergunta 1.4 O que é uma resistência total ou equivalente de uma associação de resistores?
Pergunta 1.7 Quando temos n resistores ligados em paralelo como podemos calcular a resistência
equivalente de forma mais rápida?
Pergunta 1.12 Qual característica de ter um amperímetro para que seja considerado como ideal?
Pergunta 1.13 Qual característica de ter um voltímetro para que seja considerado como ideal?
Pergunta 1.15 O que é uma ponte de Wheatstone?Para que serve esta configuração?
Pergunta 1.18 O que acontece com a ddp útil fornecida pelos geradores, quando a corrente
elétrica aumenta?
Pergunta 1.19 Qual é a relação entre a ddp útil e a fem de um gerador quando ele fornece a
potência máxima?
Pergunta 1.20 Qual é o rendimento de um gerador quando fornece sua potência máxima?
Pergunta 1.21 Qual é a relação entre a resistência interna de um gerador com a resistência
equivalente de um circuito para que sua potência seja máxima nesse circuito?
Pergunta 1.28 Quais as etapas que devem ser seguidas para a análise de um circuito baseada nas
leis de Kirchhoff?
1.10 Problemas
Problema 1.1 Considerando a circuito da figura 1.29 determine:
a) a resistência equivalente do circuito;
b) a corrente total e a corrente em cada resistor;
c) a queda de tensão em cada resistor;
d) a potência dissipada por cada resistor.
Problema 1.5 Determine a resistência equivalente medida nos terminais P e Q nos casos da figura
1.33.
Problema 1.7 No circuito da figura 1.35 os resistores R1=500Ω, R2=8,2KΩ, R3=10KΩ e E=20V.
Calcule a tensão, a corrente e a potência dissipada em cada resistor.
Problema 1.8 No circuito da figura 1.36 encontre a potência dissipada pelo resistor R5 sabendo
que I1 =120mA, E=24V e os resistores tem valores iguais a R1=R3=R4=R5=100Ω e R2=150Ω.
Problema 1.10 No circuito da figura 1.38 considere o gerador como sendo ideal. Calcule o valor
de R2, para que a lâmpada L opere nas especificações 3W e 6V.
Problema 1.11 No circuito da figura 1.39 determine o valor da resistência elétrica do resistor que
deve ser ligado nos pontos X e Y, para que a corrente que passa em R1 seja de 0,3A.
Problema 1.12 No circuito da figura 1.40 temos um gerador de fem igual a 36V como uma
resistência interna de 1Ω alimentando um resistor de 17Ω. Determine:
a) a potência elétrica útil do gerador;
b) a potência elétrica desperdiçada;
c) o rendimento do gerador.
Problema 1.13 No circuito da figura 1.41 determine o sentido e o valor de todas as corrente elétricas
em cada ramo do circuito.
Problema 1.15 No circuito apresentado, onde os geradores ou receptores elétricos são ideais,
verifica-se que, ao mantermos a chave K aberta, a intensidade de corrente assinalada pelo amperímetro
ideal A é i = 1 A. Ao fecharmos essa chave K, qual será a intensidade de corrente assinalada pelo
amperímetro?
Vamos iniciar, agora, o estudo do Eletromagnetismo. Veremos, por exemplo, que a corrente
elétrica, além de produzir efeitos em um fio condutor, também afeta o espaço ao redor dele. A
tecnologia disponível no mundo atual está em grande parte fundamentada no Eletromagnetismo. Por
exemplo, motores em geral, dos mais delicados, que fazem funcionar tocadores de CD, até aqueles de
grande porte, que movem indústrias e locomotivas, têm seu princípio de funcionamento relacionado
a fenômenos eletromagnéticos. Esse assunto é bem abrangente. Para termos uma ideia, abordaremos,
por exemplo, o princípio de funcionamento da campainha elétrica, dos galvanômetros analógicos,
dos microfones, das usinas geradoras de energia elétrica tais como: as hidrelétricas, as termelétricas
e nucleares, dos transformadores de tensão, dos cartões magnéticos, das antigas fitas magnéticas
de áudio e vídeo, dos espectrômetros de massa, que são equipamentos usados na determinação
de massas atômicas e na separação dos isótopos dos elementos químicos, e dos aceleradores de
partículas que são destinados ao bombardeamento de núcleos atômicos, o que causa o aparecimento
de novas partículas que ajudam a desvendar os mistérios da estrutura da matéria.
O estudo do Eletromagnetismo também nos possibilita entender o comportamento dos ímãs e
a ocorrência das auroras boreais polares. Na Medicina moderna, sua aplicação no diagnóstico por
imagem, como a ressonância magnética nuclear, é muito importante.
2.1 Imãs
Provavelmente você já manuseou um ímã e pôde observar que ele atrai alguns materiais, como,
por exemplo, o ferro.
As regiões de um ímã em que as ações magnéticas são mais intensas são chamadas de polos
magnéticos. Em geral, um ímã tem dois polos. Os polos dos ímãs em forma de barra, por exemplo,
localizam-se, mais comumente, em suas extremidades.
38 Campo Magnético
Se você manusear dois ímãs de polos magnéticos conhecidos, facilmente descobrirá que: os polos
magnéticos de mesmo nome se repelem e polos magnéticos de nomes diferentes se atraem.
Figura 2.1: Em a e b, os ímãs se repelem, pois polos de mesmo nome estão próximos: norte-norte e
sul-sul, respectivamente. Em c, os ímãs se atraem, já que polos de nomes diferentes estão próximos.
Esse fato leva-nos a concluir que, se o polo norte magnético da agulha da bússola aponta para
o polo norte geográfico, é porque no polo norte geográfico existe um polo sul magnético. Da
mesma forma, no polo sul geográfico existe um polo norte magnético.
Salientamos ainda que, na verdade, os polos geográficos e os polos magnéticos da Terra não
estão exatamente no mesmo local. Foi por isso que dissemos anteriormente que a agulha da bússola
indica aproximadamente a direção norte-sul geográfica.
Figura 2.2: O polo sul magnético da Terra encontra-se no Canadá, a cerca de 1300 km do polo norte
geográfico, e seu polo norte magnético está na costa do continente antártico. Dessa maneira, a Terra
se comporta aproximadamente como o ímã representado, que forma cerca de 11° com a direção
norte-sul geográfica. (Ilustração com elementos sem proporção entre si e em cores fantasia).
Em 1750, o geólogo e astrônomo inglês John Michell (1724-1793) usou uma balança de torção,
que ele mesmo inventou, para investigar as forças de campo entre polos magnéticos de ímãs e
Capítulo 2 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 39
elaborou a seguinte lei: Dois polos magnéticos se atraem ou se repelem na razão inversa do quadrado
da distância que os separa.
Figura 2.3: Dobrando a distância entre os polos, a intensidade das forças reduz-se a um quarto do
valor inicial.
A experiência mostra que é impossível separar os polos magnéticos de um ímã. Isso significa
que é impossível obter um pedaço de ímã que tenha só o polo norte magnético ou só o polo sul
magnético. De fato, quando dividimos um ímã ao meio, obtemos dois outros ímãs, cada um com
seus próprios polos norte e sul. Se dividirmos ao meio esses dois novos ímãs, obteremos quatro ímãs
também com seus próprios polos norte e sul e assim sucessivamente. Observe a figura 2.4.
Na figura 2.5, uma bússola se encontra sob a ação do campo magnético de um ímã. Suponha
desprezíveis outros eventuais campos magnéticos na região, inclusive o da Terra. O vetor indução
magnética B, criado pelo ímã, na posição em que a bússola está, com sua agulha em equilíbrio
estável, tem a seguinte orientação:
Então, se conhecermos o vetor indução magnética em determinado local, saberemos também como a
agulha da bússola vai se estabilizar naquele local:
Suponhamos, agora, um ímã e várias bússolas bem pequenas ao seu redor, todos sobre uma mesa,
como mostra a figura 2.7 a seguir. Podemos traçar linhas de um polo a outro do ímã, de modo que
elas tangenciem as agulhinhas das bússolas.
Figura 2.7: Direção e sentido das agulhas de bússolas colocadas na proximidade de um íma.
Essas linhas são denominadas linhas de indução do campo magnético do ímã; na região
externa ao ímã, elas são orientadas convencionalmente do polo norte para o polo sul, como mostra a
figura 2.8 a seguir. Desse modo, o vetor B, que tangencia essas linhas em cada um de seus pontos,
tem sentido concordando com o das linhas. Na região externa a um ímã, as linhas de indução
orientam-se do polo norte para o polo sul. Para a visualização das linhas de indução, também
podemos utilizar limalha de ferro. Se colocarmos um ímã debaixo de uma placa de papelão, plástico
ou madeira fina e, em seguida, pulverizarmos limalhas de ferro por toda a placa. Você verá, então, a
42 Campo Magnético
configuração de linhas de indução mostrada na figura 2.9, denominada padrão do campo magnético.
Nessa verificação experimental, cada fragmento da limalha de ferro imanta-se na presença do campo
magnético do ímã, comportando-se como uma minúscula agulha magnética. A limalha de ferro
também é útil para observarmos o padrão do campo magnético de ímãs com outros formatos. As
linhas de indução do campo magnético de um ímã não existem apenas na região externa a ele, mas
também em seu interior. Portanto, essas linhas são fechadas. Observe que, como na região externa
ao ímã a orientação dessas linhas foi convencionada de norte para sul, elas se orientam de sul para
norte na região interna. As linhas de indução de um campo magnético não podem se cruzar. Se isso
acontecesse, o vetor B teria duas orientações possíveis no cruzamento, o que é absurdo, ou seja,
teríamos um vetor com duas direções. Você deve se lembrar de que essa mesma proibição existe com
Capítulo 2 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 43
Figura 2.11: Em um campo magnético uniforme, as linhas de indução são representadas por linhas
retas paralelas, igualmente espaçadas e com a mesma orientação.
Se ocorrer o contrário, isto é, se o sentido do campo for para dentro do papel, ele será representado
por um conjunto de “cruzinhas” também uniformemente distribuídas, conforme a figura 2.13 a seguir.
Esses pontos (•) e essas “cruzinhas” (X) também podem ser usados para representar um campo
magnético não uniforme e quaisquer outras grandezas vetoriais, e até mesmo correntes elétricas
“saindo” ou “entrando” no papel.
Na ausência do ímã representado na figura 2.14, e de outras forças relevantes, os prótons emitidos
pelo canhão movem-se sensivelmente em linha reta, com velocidade ~v em relação ao laboratório,
atingindo o ponto P da tela. Na presença do ímã, entretanto, a trajetória modifica-se, e os prótons
0
desviam-se para cima, atingindo P . Concluímos, então, que o campo magnético atua nos prótons
provocando uma força magnética F~m .
Esse experimento revela que, embora os prótons se desviem verticalmente para cima, o módulo
de suas velocidades permanece o mesmo. Assim, a força magnética F~m que o campo magnético faz
surgir em cada próton do feixe deve ter direção perpendicular ao plano definido pelos vetores ~B e ~v e
sentido para cima.
Se substituirmos o canhão de prótons por um de elétrons e repetirmos o experimento descrito
anteriormente, vamos observar que os elétrons se desviam para baixo. Isso significa que a força
magnética F~m tem sentido para baixo.
Experimentos mostram que, em determinado campo magnético, a intensidade dessa força
é proporcional ao módulo da carga elétrica, e ao módulo da velocidade da partícula, quando a
velocidade é perpendicular ao campo magnético.
Se a velocidade ~v da partícula eletrizada formar com o vetor indução magnética ~B um ângulo θ
qualquer, podemos determinar as componentes de ~v na direção de ~B e na direção perpendicular a ~B.
A componente paralela da velocidade v// tem a mesma direção de ~B e, como já vimos, não
provoca o surgimento da força magnética. A componente |~v| sin θ é perpendicular a B e, portanto,
faz surgir uma força magnética fornecida pela seguinte equação:
46 Campo Magnético
É importante ressaltar que se o ângulo θ entre a velocidade ~v e o campo magnético ~B for igual a
(θ = 0 ou θ = 180), ambos os valores levam o seno ter o valor igual a zero, e portanto não temos o
aparecimento da força magnética F~m . Isso corresponde ao fato da velocidade ser paralela ao campo
magnético. Por outro lado quando o ângulo for igual a 90° terremos o valor máximo para a força
magnética atuando sobre a carga elétrica.
terá sentido oposto ao que teria se a carga fosse positiva. Nesse caso, a força também é perpendicular
à palma da mão, mas “entrando” nela. Isto é o mesmo que dizer que a regra se aplica para mão
esquerda.
Capítulo 2 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 47
Figura 2.16: Uma carga elétrica positiva penetrando numa região de campo magnético.
uniforme: F~m só pode modificar a direção de~v fazendo a partícula descrever uma trajetória curvilínea
plana. Sendo F~m uma força centrípeta, e o ângulo θ , entre ~B e ~v, igual a 90º, podemos escrever:
m|~v|2 m|~v|
|Fm | = |Fc | → |q||~v||~B| sin 90o = → |q||~B| = ,
R R
m|~v|
R= . (2.2)
|q||~B|
Como os valores de m, |~v|, |q| e |~B| são os mesmos em todos os pontos da trajetória da partícula,
o raio de curvatura R dessa trajetória também é igual em todos os pontos. Por isso, a curva plana
descrita pela partícula é uma circunferência. Portanto, podemos concluir que:
Figura 2.17: Uma carga elétrica positiva penetrando numa região de campo magnético.
48 Campo Magnético
m|~v|
R= .
|q||~B|
O período de rotação da carga na presença do campo magnético pode ser determinado como
m|~v| |q||~B|R
R= → |~v| = (2.3)
|q||~B| m
Como o período (T) é o tempo para uma volta completa, e a volta tem uma distância de 2πR,
podemos escrever a velocidade da partícula
∆θ 2πR
|~v| = → |~v| = (2.4)
∆t T
Igualando as equações 2.3 e 2.4 obtemos o período da carga girando no campo magnético
como
2πm
T= (2.5)
|q||~B|
Observe, na expressão obtida, que o período desse movimento não depende do valor da velocidade da
partícula nem do raio da circunferência. Isso acontece porque a alteração de ~v (veja a expressão 2.3)
acarreta uma alteração proporcional em R e, consequentemente, no perímetro 2πR da circunferência.
Assim, quanto maior for~v, maior será o comprimento da circunferência a ser percorrida pela partícula,
mas o período será o mesmo.
Esse fato tem grande importância nos aceleradores de partículas para bombardeamento de
núcleos atômicos.
Figura 2.18: Uma carga elétrica positiva penetrando numa região de campo magnético.
Capítulo 2 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 49
A componente v// não se altera, pois o campo magnético não influi em movimentos na sua
mesma direção. Portanto, nessa direção a partícula descreve um movimento retilíneo uniforme
(MRU), com velocidade de módulo igual a v// = |~v| cos θ .
Já a componente perpendicular v⊥ = |~v| cos θ gera um movimento circular uniforme (MCU)
contido em um plano perpendicular ao campo magnético ~B como pode ser visto na figura 2.19.
Figura 2.19: Uma carga elétrica positiva penetrando numa região de campo magnético.
Figura 2.20: Uma carga elétrica positiva penetrando numa região de campo magnético descrevendo
um movimento helicoidal.
emite luz avermelhada). Nas proximidades dos polos, isso dá origem a espetaculares colorações
no céu, denominadas auroras boreais, quando acontecem no Hemisfério Norte, e austrais, quando
acontecem no Hemisfério Sul.
Problema 2.1 A figura 2.23 representa algumas linhas de indução de um campo magnético:
a) Copie a figura e desenhe o vetor indução magnética nos pontos A e B.
b) Em qual desses pontos o campo magnético é mais intenso?Justifique.
Problema 2.2 A figura 2.24 mostra os pontos cardeais (N, S, L e O), um ímã em forma de barra reta
e um ponto P nas proximidades do Equador terrestre. Sabendo que a intensidade do vetor indução
magnética criado pelo ímã no ponto P é 3 vezes a do vetor indução criado pela Terra nesse ponto,
determine a posição de equilíbrio estável da agulha de uma bússola colocada na região circular
tracejada. Suponha coincidentes as direções norte-sul geográfica e magnética.
Problema 2.3 Na figura 2.25, um elétron e um próton são atirados perpendicularmente a uma placa
retangular, disposta verticalmente e dividida em duas regiões. Antes de atingir a placa, porém, as
duas partículas passam entre os polos de um ímã. Na ausência do campo magnético do ímã, as
partículas atingiram o centro O da placa. Na presença do ímã, determine a região (I ou II) atingida:
a) pelo elétron;
b) pelo próton.
Problema 2.4 Uma partícula com carga negativa é lançada do ponto P, passando pelas regiões 2
e 1, onde existem campos magnéticos B ~2 e B~1 , perpendiculares ao papel, uniformes e constantes.
Supondo que as únicas forças atuantes na partícula sejam devidas aos campos B ~1 e B
~2 , responda:
~ ~
a) Quais são os sentidos de B1 e B2 : “entrando” ou “saindo” do papel?
b) Qual campo é mais intenso, B~1 ou B ~2 ?Justifique.
c) Compare os tempos para a partícula percorrer os arcos MN e ST, ∆tMN e ∆tST . Qual é o maior?
Justifique.
Problema 2.5 A figura 2.27 mostra as trajetórias seguidas por três partículas (elétron, próton
e dêuteron) lançadas de um mesmo ponto O, perpendicularmente às linhas de indução de um
campo magnético uniforme e constante ~B, todas com a mesma velocidade inicial V0 . Quais são,
respectivamente, as trajetórias descritas pelo próton, pelo dêuteron (partícula constituída por um
nêutron e um próton) e pelo elétron? Justifique.
na direção do campo magnético da Terra próxima ao fio condutor. Ao fechar a chave a agulha da
bússola sofre um desvio apontando o norte da agulha para o campo magnético resultante. Portanto, é
possível concluir que a corrente elétrica gerada no fio cria um campo magnético nas proximidades
dele.
Conclusão: A origem do campo magnético é devida ao movimento de cargas elétricas, ou seja,
correntes elétricas, criam um campo magnético na região do espaço que as circunda.
Ampère mostrou também experimentalmente, pouco tempo depois dessa experiência de Oersted,
que um fio de cobre enrolado em forma de hélice cilíndrica, chamado solenoide (ou bobina), produzia
externamente os mesmos efeitos que um ímã em forma de barra reta quando nesse fio era estabelecida
uma corrente elétrica.
Neste momento, podemos questionar a origem do campo magnético de um ímã. Pois, para que
ele produza seu campo magnético, não é necessário que ele seja ligado a uma pilha ou a uma bateria,
ou seja, não precisamos fazer uma corrente elétrica passar por ele. Do ponto de vista clássico, a causa
do campo magnético de um ímã, entretanto, continua sendo as correntes elétricas: são pequeníssimas
correntes decorrentes do movimento dos elétrons dos átomos que constituem o ímã, como veremos
ainda nesse capítulo.
3.1 Campo magnético gerado por um fio retilíneo muito longo (infinito)
Na prática, quando nos referimos a “fio muito longo” ou “fio infinito”, estamos considerando as
regiões próximas do fio e bem afastadas de suas extremidades.
A figura 3.2 sugere um experimento em que será gerado um campo magnético supostamente
intenso o suficiente para podermos ignorar o campo magnético da Terra. Neste experimento um fio
retilíneo AB perfura perpendicularmente uma placa madeira. Esse fio está ligado a um gerador capaz
de produzir nele uma corrente elétrica de grande intensidade i. Veremos adiante que quanto maior
for a corrente elétrica maior será também o campo magnético gerado por ela.
Se pulverizarmos limalha de ferro sobre a placa, poderemos observar a configuração das linhas
de indução do campo magnético gerado pelo fio como mostrado na figura 3.3 Observamos que as
Figura 3.3: Padrão do campo magnético gerado pela corrente elétrica em um fio retilíneo. Cada
partícula de ferro comporta-se como uma minúscula agulha imantada.
linhas de indução desse campo são circunferências dispostas em um plano perpendicular ao fio, todas
com centro nesse fio. Para descobrir o sentido dessas linhas de indução, usamos uma bússola em vez
de limalha de ferro. Deslocamos a bússola sobre a placa, mantendo-a sempre à mesma distância
do fio. Para facilitar essa operação, poderíamos, inicialmente, traçar na placa uma circunferência e,
depois disso, fazer o fio perfurar a placa no centro da circunferência traçada. Veja, na ilustração 3.4
a seguir, os posicionamentos da agulha. Lembrando que a agulha se alinha com o vetor ~B, criado
pelo fio, com seu polo norte magnético apontando no sentido de B, descobrimos a orientação das
linhas de indução indicada na figura 3.5
58 A origem do campo magnético
Figura 3.5: O vetor ~B é, em cada ponto, tangente a uma linha de indução e tem o sentido indicado
por ela.
Uma regra prática para orientar as linhas de indução é a regra da mão direita envolvente. Para
aplicar essa regra, “segure” o fio com a mão direita, de modo que seu dedo polegar aponte no sentido
da corrente elétrica i, como mostra a figura 3.6. Os outros dedos girando ao redor do fio darão,
automaticamente, o sentido das linhas de indução.
Outras notações bastante úteis para determinação desta regra podem ser visualizadas nas figuras
3.7 e 3.8, gostaríamos de chamar a atenção para os captions das figuras para um melhor entendimento
dessas notações.
Capítulo 3 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 59
Figura 3.7: Representação de um fio perpendicular ao plano do papel, com a corrente “saindo” desse
plano.
Figura 3.8: Representação de fio estendido no plano do papel. À direita do fio, as linhas de indução
têm sentido entrando no papel e, à esquerda do fio, saindo do papel.
Figura 3.9: Representação de fio estendido no plano do papel, onde temos uma superfície fechada
amperiana sobre uma linha de indução a uma distância R do centro do fio condutor.
No caso de um fio longo já vimos que a linha de indução é um círculo de raio R em relação ao centro
do fio condutor, onde percorre a corrente elétrica, portanto a superfície amperiana também será um
círculo nesse caso.
~ cos θ = µI.
∑ |~B||∆l| (3.1)
Agora, vamos usar a lei de Ampère apresentada e determinar a intensidade do vetor ~B gerado por
um condutor retilíneo. Para isso, aplicaremos essa lei, ao longo de uma linha de indução da figura
3.9, já que pode ser usada qualquer curva fechada, embora seja interessante respeitar a simetria do
problema. Assim, como o ângulo (θ = 0) o cosseno será igual a um. Então, teremos:
~ cos 0o = µI ⇒ ∑ |~B||∆l|
∑ |~B||∆l| ~ = µI (3.2)
| {z }
=1
Como o campo magnético ~B tem sempre a mesma intensidade a uma distância R do centro do fio,
~ ao longo do círculo de raio R, é
o termo |~B| pode sair da soma, e somar todos os pedacinhos |∆l|
~ = 2πR . Então, teremos:
exatamente o perímetro da circunferência do fio, ou seja, ∑ |∆l|
~ = µI ⇒ |~B| ∑ |∆l|
∑ |~B||∆l| ~ = µI (3.3)
| {z }
=2πR
Figura 3.10: Representação de fio estendido no plano percorrido por uma corrente elétrica i, que
gera num ponto P um campo magnético de intensidade ∆L.
62 A origem do campo magnético
~ sin θ
µI|∆L|
|∆~B| = , (3.5)
4πr2
onde o θ é o menor ângulo formado pela reta tangente em ∆L com o segmento de reta r que liga
ao ponto P. A direção é perpendicular ao plano α definido pelas retas citadas, e o sentido é dado
pela regra da mão direita já vista.
Para obter o vetor indução magnética criado em P pelo fio inteiro, devemos determinar a resultante
~ de todos os trechos elementares que constituem o fio.
das contribuições ∆B
Vamos, então, usar a lei apresentada e determinar a intensidade do vetor ~B gerado por uma espira
circular, em seu centro. Na figura a seguir, temos uma espira circular de raio R e centro O, percorrida
por uma corrente elétrica de intensidade I. Cada trecho elementar de comprimento ∆L cria, em O,
Figura 3.11: Representação de fio estendido no plano percorrido por uma corrente elétrica i, que
gera num ponto P um campo magnético de intensidade ∆L.
~ de intensidade:
um vetor indução ∆B,
~ sin 90 µI∆L
µI|∆L|
|∆~B| = = , (3.6)
4πR2 4πR2
A intensidade do vetor indução magnética resultante ~B, em O, é dada pelo somatório das contribuições
de todos os trechos elementares. Então, como todos os ∆B ~ têm mesma direção e mesmo sentido,
temos:
a expressão para o campo magnético resultante no centro de uma espira circular de raio R sendo
percorrida por uma corrente elétrica I
~B = µI . (3.8)
2R
Quando fazemos um enrolamento condutor cilíndrico constituído de n espiras, em que a espessura
e é bem menor que o diâmetro 2R, obtemos a chamada bobina chata. Assim, a intensidade do
vetor indução magnética resultante no centro da bobina pode ser expressa por:
~B = nµI . (3.9)
2R
O sentido das linhas de indução é, também, dado pela regra da mão direita envolvente. Observe na
figura 3.12 que, no centro da espira, o vetor indução é perpendicular ao plano definido por ela.
não muito próximos do fio condutor ou das extremidades, as linhas de indução são representadas
aproximadamente por linhas retas, paralelas, igualmente espaçadas e orientadas. Isso significa
que, nessa região, o campo magnético é praticamente uniforme. Caso o solenoide seja longo
(comprimento algumas vezes maior que o diâmetro) e suas espiras estejam bem juntas, o campo na
região interna é acentuadamente mais uniforme.
Do mesmo modo que aconteceu com as espiras, em um solenoide também surgem polos
magnéticos quando uma corrente passa por ele. Nas regiões externas ao solenoide, as linhas de
indução orientam-se, como sempre, do polo norte para o polo sul. Observe ainda que, nessas regiões,
existe grande semelhança entre as linhas de indução do campo do solenoide e as do ímã em forma de
barra reta.
Figura 3.14: A regra da mão direita envolvente, aplicada a uma espira qualquer do solenoide, fornece
o sentido das linhas de indução e, consequentemente, também a polaridade magnética de suas
extremidades.
Para determinar a intensidade do vetor B na região interna em que o campo é sensivelmente uniforme,
vamos usar novamente a Lei de Ampère, apresentada no estudo do campo de fio retilíneo. Vamos
considerar um solenoide cilíndrico compacto em que as espiras encontram-se encostadas. Se o
comprimento do solenoide for pelo menos quatro vezes seu diâmetro, o campo magnético em seu
interior será sensivelmente uniforme, variando apenas em pontos bem próximos do fio condutor ou
das extremidades. Na figura 3.15 apresentamos o solenoide em um corte transversal.
Capítulo 3 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 65
Figura 3.15: A figura representa um solenoide cortado transversalmente cujas espiras estão juntas.
A linha pontilhada retangular MNPQ é a superfície amperiana. Essa linha envolve um trecho de
comprimento L em que n espiras são percorridas por corrente de intensidade constante i. Lembrando
que a lei de Ampère é
~ cos θ = µI,
∑ |~B||∆l| (3.10)
temos os trechos NP e MQ iguais a zero, pois o ângulo entre o ~B e ∆L é igual a 90° levando o termo
do cosseno ser igual a zero. Além disso, o trecho QP também é nulo pois próximo ao solenoide o
campo magnético é nulo, para um solenoide infinito, ou seja, o comprimento muito maior que seu
diâmetro. Então, sobra apenas o trecho MN, que podemos escrever
~ cos 0o = µnI ⇒ |~B|L = µnI.
∑ |~B||∆l| (3.11)
| {z }
=1
É importante ressaltar que na equação 3.12 acrescentamos o termo n do lado direito da equação, já
que o total da corrente elétrica envolvida pela superfície amperiana é n · I. Alem disso, essa expressão
também pode ser usada nos casos em que se considera n o número total de espiras e L o comprimento
total do solenoide. Observe que n/L é o número de espiras por unidade de comprimento do solenoide
ou densidade linear de espiras.
66 A origem do campo magnético
geométricas, em que há maior probabilidade de se encontrarem elétrons. Como cada orbital pode
conter no máximo dois elétrons, quando ele já tem os dois elétrons dizemos que está completo. É
importante saber que os dois elétrons de um orbital completo sempre possuem spins opostos. Por isso,
esses dois elétrons não contribuem para o campo magnético do átomo a que pertencem. Por outro
lado, os elétrons não emparelhados, isto é, aqueles que estão solitários em orbitais incompletos, dão
uma contribuição magnética não nula ao átomo, sendo essa a principal causa do campo magnético
de um átomo.
O campo magnético de um átomo é gerado pelo movimento orbital de seus elétrons e, principalmente,
pelo spin dos elétrons de orbitais incompletos.
Veja, no esquema a seguir, a distribuição eletrônica do átomo de ferro, em que as setas indicam
os sentidos dos spins e as letras s, p e d simbolizam os subníveis eletrônicos existentes nesse átomo.
Existem forças interatômicas que obrigam tais átomos a se disporem de modo que seus campos
magnético externo, as fronteiras dos domínios magnéticos não voltam exatamente às suas posições
68 A origem do campo magnético
originais. Desse modo, persiste no material uma imantação residual. Essa retenção de campo
magnético, que possibilita a fabricação de ímãs permanentes, é denominada histerese magnética.
Quando aumentamos a temperatura de um material ferromagnético, a agitação térmica provoca
o desagregamento dos domínios magnéticos, até que, em uma temperatura denominada ponto Curie,
em homenagem ao físico francês Pierre Curie, o material deixa de ser ferromagnético.
Esses elevados valores de µr conferem aos materiais ferromagnéticos uma grande utilidade prática,
no que diz respeito a sistemas magnéticos. Se o interior de um solenoide, por exemplo, for preenchido
por um bastão ferromagnético, o vetor indução magnética B em seu interior e em suas extremidades
se tornará muito mais intenso do que se existisse, em seu interior, um material não ferromagnético.
Se o solenoide fosse compacto, com comprimento L e n espiras, poderíamos escrever o solenoide
preenchido por ar(µ ' µ0 ) como:
n
B0 = µ0 i, (3.14)
L
e preenchido por ferro (µ >> µ0 )
n
B = µ i. (3.15)
L
Capítulo 3 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 69
ferromagnéticos muito mais intensamente do que se o solenoide estivesse preenchido por ar.
Bem nosso capítulo termina aqui. Gostaria que você fizesse os exercícios e problemas propostos
para um melhor entendimento e fixação do conteúdo. Desejo a você um bom estudo!
Exercício 3.1 Um fio retilíneo muito longo, situado num meio de permeabilidade absoluta µ =
4π × 10˘7 T m/A , é percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i = 5,0 A. Considerando o
fio no plano do papel, caracterize o vetor indução magnética no ponto P, situado nesse plano.
Exercício 3.2 Dois longos fios retilíneos, estendidos no plano do papel, se cruzam perpendicular-
mente sem que haja contato elétrico entre eles. Esses fios são percorridos pelas correntes de
intensidades i1 e i2 , cujos sentidos estão indicados na figura 3.22.
a) Em quais das regiões é possível ser nulo o campo magnético resultante dos dois fios?
b) Caracterize o campo magnético resultante ~B no ponto P, supondo i1 = 10A, i2 = 40A,
µ = 4π × 10˘7 T m/A, r1 = 10cm e r2 = 20cm.
Exercício 3.3 Uma espira circular de raio R = 20 cm é percorrida por uma corrente i = 40 A.
Sabe-se que o meio onde a espira se encontra tem permeabilidade absoluta µ = 4π × 10˘7 T m/A.
3.5 Problemas
Problema 3.1 Considere dois fios metálicos longos (1) e (2) percorridos por correntes elétricas i1 =
2A e i2 = 6A respectivamente localizados no vácuo ( µ0 = 4π × 10˘7 T m/A). Calcule a intensidade
do vetor de indução magnética no ponto M, e indique a direção e sentido dele.
Problema 3.2 Duas espiras circulares, concêntricas e coplanares, de raios 3πm e 5πm, são
percorridas por correntes de 3A e 4A. Calcule o módulo, direção e sentido do vetor resultante
de indução magnética no centro das espiras sabendo que elas estão localizadas no vácuo ( µ0 =
4π × 10˘7 T m/A).
Problema 3.3 Uma bobina circular constituída pela justaposição de 100 espiras de raio igual a
5πcm, é percorrida por uma corrente elétrica de 10A. Calcule o módulo, direção e sentido do vetor
resultante de indução magnética no centro da bobina sabendo que ela está localizada no vácuo (
µ0 = 4π × 10˘7 T m/A).
Problema 3.4 Dois fios A e B retos e longos estão paralelos e distantes em 2m. Uma espira circular
de raio igual a π4 m encontra-se com seu centro a uma distância de 2m do fio B conforme a figura
3.26. A espira e os fios são coplanares e são percorridos por correntes elétrica iguais a 1A indicadas
na figura. Determine o vetor de indução magnética no centro O da espira sabendo que o conjunto se
encontra no vácuo ( µ0 = 4π × 10˘7 T m/A).
Problema 3.5 Um professor de Física, para construir um eletroímã, montou um circuito com as
seguintes características: valor da resistência R=15Ω, solenoide com 8π × 10−2 m de comprimento,
5000 espiras e resistência r=85Ω, conforme ilustrado na figura 3.27. Determine o módulo do vetor
de indução magnética resultante no interior do solenoide quando a ddp é igual a 60V, e indique
a posição de alinhamento de uma agulha de uma bússola colocada no seu interior. O conjunto
encontra-se no ar.
Problema 3.6 Considere a ligação do problema 3.5 nas mesmas configurações sem a bússola. Se
colocarmos no interior dela um tarugo de Permalloy 78 no valor máximo de sua permeabilidade
magnética relativa, qual será o valor do campo magnético gerado pela bobina?
4. Força Magnética
4.1 Força magnética em um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica
Nos capítulos anteriores, vimos que uma carga elétrica (q) movendo-se com uma velocidade (|~v|)
em uma região de campo magnético uniforme ~B experimenta uma força magnética F~m dada por
onde θ é o menor ângulo entre v e B. Então, se um fio condutor é percorrido por uma corrente
elétrica e está presente em uma região de campo magnético, como ilustra a figura 4.1, uma força
magnética F~m atua em todas as cargas em movimento. Usando a regra da mão direita e lembrando
que a carga do elétron é negativa, determinamos a orientação dessa força. Lembre-se que o sinal da
carga inverte o sentido da força, e portanto o sentido é contrário ao da palma da mão.
74 Força Magnética
Figura 4.1: Força sobre as cargas elétricas em um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica.
Observe na figura 4.2 que se adotarmos o sentido convencional da corrente elétrica, ou seja, o
movimento dos prótons, a direção e o sentido da força permanece o mesmo. Além disso, como a
Figura 4.2: Força sobre as cargas elétricas em um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica.
soma de θ e θ 0 é igual a 180°, seus senos são iguais, então as forças magnéticas também são iguais.
Portanto, para fins práticos vamos considerar a seguinte regra para mão direita:
Regra da mão direita ⇒ o polegar aponta no sentido da corrente elétrica, e os demais dedos, no
sentido do campo magnético B. A força F~m tem direção perpendicular à palma da mão e sentido
saindo dela.
Agora, considere o pedaço de um fio condutor retilíneo, de comprimento L, imerso em um campo
magnético uniforme de módulo B e percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i, como
pode ser visto na figura 4.3 Nessa figura temos um pedaço elementar do fio condutor ∆L onde
Figura 4.3: Força sobre as cargas elétricas em um fio condutor rígido percorrido por uma corrente
elétrica.
passa uma certa quantidade de carga elétrica q durante um intervalo de tempo ∆t. Desta forma
Capítulo 4 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 75
podemos considerar a velocidade das cargas elétricas nesse pequeno trecho do fio condutor como
sendo |~v| = ∆L/∆t, e substituindo essa velocidade na equação 4.1 obtemos:
∆L ~
|F~m | = q |B| sin θ , (4.2)
∆t
Para termos a força magnética em função da corrente elétrica podemos ainda dizer que I = q/∆t, e
reescrever a equação 4.2 como
onde essa equação é chamada de Lei de Laplace. Note que as forças F~m têm a mesma direção
e sentido em todos os trechos elementares, e terá também o mesmo módulo uma vez que B e
I são constante ao longo dele. Então, a intensidade da força magnética F~m que atua no fio de
comprimento L pode ser calculada somando todos os ∆L0 s que será igual ao comprimento total L do
fio.
4.1.1 — Força magnética em um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica,
quando submetido há presença de um campo magnético externo.
onde θ é o menor ângulo entre o fio (L) e o campo magnético (B). A direção e o sentido da força
são fornecidas pela regra da mão direita já mencionada.
Nas figuras abaixo apresentamos alguns casos particulares para uma melhor compreensão.
Figura 4.4: Força sobre as cargas elétricas em um fio condutor rígido percorrido por uma corrente
elétrica.
76 Força Magnética
É possível notar que quando o fio está paralelo (θ = 0o ) ou anti-paralelo (θ = 180o ) ao campo
magnético B não há força magnética sobre o fio, e ela será máxima quando o (θ = 90o ).
Figura 4.5: Força sobre uma espira condutora percorrida por uma corrente elétrica na presença de
um campo magnético externo.
Fazendo passar uma corrente contínua pela espira, surgem forças opostas nos lados PS e QR,
que formam um binário de braço L. Nos lados SR e PQ não surgem forças, pois os valores do ângulo
θ formado entre o fio e o vetor B são iguais a 0º e 180º, respectivamente. O binário surgido provoca
a rotação da espira no sentido indicado, sendo esse o princípio de funcionamento do motor elétrico e
de vários outros aparelhos.
À medida que a espira gira a partir da posição representada na figura, o braço do binário
constituído pelas forças Fm e -Fm vai diminuindo, como você pode observar na figura abaixo, que
representa a espira vista pelo observador O, indicado na figura 4.5. Com a diminuição do braço,
Figura 4.6: Força sobre uma espira condutora percorrida por uma corrente elétrica na presença de
um campo magnético externo.
Capítulo 4 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 77
diminui também a eficiência dessas forças em produzir rotação. Quando o plano da espira se torna
perpendicular às linhas de indução, o binário citado tem braço nulo, pois as forças Fm e -Fm se
alinham. Portanto, essa é a posição em que a espira deveria ficar em equilíbrio. Entretanto, por estar
em movimento, a espira avança além dessa posição. Com isso, o citado binário passa a atuar contra a
rotação da espira, fazendo com que ela pare e volte, passando a executar, em seguida, um movimento
oscilatório.
Figura 4.7: Força sobre uma espira condutora percorrida por uma corrente elétrica na presença de
um campo magnético externo.
Para que a rotação da espira continue favorecida pelo binário, ao passar pela posição de equilíbrio
(forças magnéticas alinhadas), o sentido da corrente deve inverter-se. É o que acontece em um motor
elétrico de corrente contínua. Quando a espira passa pela posição de equilíbrio, isto é, quando o
plano da espira torna-se perpendicular a B, o sentido da corrente que passa por ela é invertido. Assim,
os sentidos das duas forças representadas nas figuras anteriores também se invertem e o binário
constituído por elas continua favorecendo a rotação. Quem faz o papel de inverter o sentido da
corrente elétrica é o comutador, que é um anel cortado ao meio, onde cada metade do anel está ligado
a uma extremidade da espira. A medida que a espira gira o anel vai trocando as polaridades de cada
metade em contato com as escovas ligadas a bateria. Esse é o princípio básico do funcionamento
Figura 4.8: Motor elétrico.1) campo magnético uniforme. 2)Espira de corrente 3)comutador
4)escovas 5) bateria.
78 Força Magnética
cria um campo magnético B1 no condutor 2 fazendo surgir nele a força Fm. Já o condutor 2, por
sua vez, cria outro campo magnético B2 , que vai atuar no condutor 1, causando-lhe a força -Fm.
Quando as correntes têm o mesmo sentido, as forças entre os condutores são de atração. O
módulo da força que atua no trecho de comprimento L pode ser calculada a partir de qualquer um
dos condutores, uma vez que a força é mútua, ou seja, é a mesma em qualquer um dos condutores.
Considerando, por exemplo, o condutor 2, temos:
|F~m | = |B
~1 |I2 L sin 90o = B1 I2 L
µi1
Mas B1 =
2πr
(4.5)
Capítulo 4 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 79
µI1 I2 L
|F~m | = . (4.6)
2πr
condutores são de repulsão e seu módulo é calculado, no trecho de comprimento L, pela mesma
expressão 4.6.
Exercício 4.1 Um condutor retilíneo, percorrido por uma corrente elétrica de intensidade I igual
a 2,0 A, está imerso em um campo magnético uniforme de intensidade B, igual a 2, 0 × 10−4 T.
Determine a intensidade da força magnética em um trecho desse condutor, de comprimento L
igual a 0,20 m, nos seguintes casos das figuras 4.11.
Exercício 4.3 Dois fios metálicos retilíneos, paralelos e muito longos distam 1,5 m entre si, no
vácuo. Calcule a intensidade da força que age no comprimento igual a2,0 m de um dos fios,
quando em cada um deles circula uma corrente elétrica I igual a 0,51 A (µ0 = 4π × 10−7 unidades
do SI). Determine ainda se essa força é de atração ou de repulsão.
Na figura, N é uma reta normal a superfície e forma um ângulo θ com o vetor de indução
magnética B, que veremos mais tarde induzirá a corrente elétrica no condutor.
4.2.1 — Fluxo do vetor de indução magnética ~B. O fluxo de indução está associado a
quantidade de linhas do campo magnético ~B que atravessa a superfície considerada.
Φ = BA cos θ , (4.7)
onde θ é o ângulo entre a normal (N) e o campo magnético (B), A é a área da superfície e Φ é o
fluxo de indução magnético. No SI, a unidade de fluxo de indução é o weber (Wb). Fazendo uma
análise dimensional das unidades podemos perceber que
1T = 1W b/m2 .
Então, a intensidade do vetor B pode ser medida em weber por metro quadrado, que equivale à
unidade tesla. Por isso, o vetor indução magnética B também é denominado densidade de fluxo
magnético, o que significa “fluxo magnético por unidade de área”.
Como o fluxo de indução está associado a quantidade de linhas de indução que atravessa a superfície
considerada, quanto mais linhas atravessa a área maior será o fluxo de indução. Para ilustrar isso
melhor considere as figuras 4.14. Na figura 1, temos θ = 90o e Φ = BA cos 90o = 0. Nesse caso,
então, o fluxo é nulo, uma vez que nenhuma linha atravessa a espira. Na figura 2, o fluxo vale
82 Força Magnética
Φ = BA cos θ e não é nulo. Observe, nesse caso, que existem linhas de indução atravessando a espira.
Na figura 3, a espira está posicionada perpendicularmente às linhas de indução. Por isso, θ = 0o .
Nesse caso, o fluxo é máximo, pois cos 0o = 1, e é o máximo valor possível para o cosseno, então
Φmax = BA.
Agora, que definimos o fluxo magnético Φ já podemos definir o que é a indução eletromagnética.
Imagine um contorno fechado, imerso em um campo magnético, e que esse contorno seja condutor,
como por exemplo um anel metálico ou espira. Sempre que houver variação do fluxo de indução
através da área desse condutor, surgirá nele uma corrente elétrica. A esse fenômeno damos o
nome de indução eletromagnética.
A corrente que surge é denominada corrente induzida, e o fluxo que a produziu, é chamado de
fluxo indutor. É preciso salientar que a corrente induzida só existe enquanto o fluxo indutor está
variando no tempo. Se não houver variação não surgirá a corrente elétrica na espira.
Basicamente só há três formas de produzir um fluxo magnético variável, que pode ser variando o
θ girando a espira numa região de campo magnético. Esse é o caso das usinas de energia em geral,
quanto mais rápido fazer girar a espira maior será o valor da corrente induzida na espira. Na figura
4.15 apresentamos essa forma de geração de corrente elétrica.
Outra maneira seria variando a área de uma espira em uma região de um campo magnético
constante. Para ilustrarmos essa forma considere uma espira retangular condutora, disposta sempre
perpendicularmente a um campo magnético uniforme e constante, e conectada a um galvanômetro,
como representado na figura 4.16 a seguir. Observe que a área A, através da qual ocorre o fluxo,
varia quando fazemos a espira penetrar mais ou penetrar menos no campo. Quando A aumenta, surge
corrente em determinado sentido. Quando A diminui, surge corrente em sentido contrário. Quando
a espira está em repouso ou totalmente mergulhada no campo, não surge corrente, porque não há
variação de fluxo através dela.
Mais uma vez, constata-se, também nesse caso, que, quanto mais rápida for a variação da área A,
maior será o módulo da corrente induzida.
Capítulo 4 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 83
não registra corrente na espira. Nesse caso, não está havendo variação de fluxo. Quando o ímã
aproxima-se da espira, o galvanômetro registra corrente em um sentido. Nesse caso, está havendo
variação de fluxo. Quando o ímã se afasta da espira, novamente surge uma corrente porém num
sentido contrário ao anterior. Mais uma vez ocorre variação de fluxo. Agora, se o ímã, após mover-se,
é levado novamente ao repouso, a corrente volta a valer zero. Nesse caso, não está mais havendo
variação de fluxo.
você vai concluir que os elétrons livres existentes na haste se submetem a forças magnéticas que os
deslocam para uma de suas extremidades.
Observe que as extremidades da haste ficam eletricamente polarizadas, ou seja, surge uma
diferença de potencial entre elas. Consequentemente, na parte do condutor fixo, à esquerda da haste,
elétrons livres passam a se deslocar no sentido indicado na figura 4.19.
Então, na espira de área A formada pelo condutor fixo e pela haste, passa a existir uma corrente
elétrica induzida, de intensidade i, no sentido indicado. Usando a regra da mão direita, concluímos
que essa corrente gera, no interior da espira, um outro campo magnético, “entrando no papel”,
que simbolizamos por ~Binduzido . Enquanto a haste é movimentada, o fluxo do vetor ~Bindutor através
da espira, “saindo do papel”, está aumentando, pois a área A da espira também aumenta. A
corrente induzida surge, então, num sentido tal que gera um fluxo induzido “para dentro do papel”,
contrariando assim a variação (crescimento) do fluxo indutor que lhe deu origem.
Suponha, agora, que a velocidade da haste tivesse sentido oposto ao que teve na situação que
acabamos de analisar. Nessa nova situação, a polarização da haste se inverte, dando origem a uma
corrente induzida no sentido indicado na figura 4.20.
Note que o fluxo indutor, “para fora do papel”, está diminuindo, pois a área A da espira está
sendo reduzida. A corrente induzida surge, então, em um sentido tal que gera um fluxo induzido
“para fora do papel”, contrariando assim a variação (diminuição) do fluxo indutor que lhe deu origem.
Esses resultados experimentais levaram o físico russo Heinrich Lenz à descoberta da lei que leva
o seu nome. A Lei de Lenz pode ser enunciada da seguinte maneira:
4.3.1 — Lei de Lenz. A corrente induzida surge em um sentido tal que produz um fluxo
induzido em oposição à variação do fluxo indutor que lhe deu origem.
Veja, agora, outros exemplos em que a Lei de Lenz é aplicada. Quando o polo norte de um ímã
é aproximado de uma espira, o f luxo indutor através dela aumenta. Para contrariar essa variação
(aumento) do f luxo indutor, surge, na espira, uma corrente induzida que gera um f luxo induzido
contrário ao indutor. Nessa situação, a espira fica polarizada magneticamente.
Surge, então, na face da espira voltada para o ímã, um polo norte (o ímã “vê” um polo norte
na espira). Isso nos faz concluir que o operador tem de exercer força contra a força magnética
repulsiva para conseguir aproximar o ímã da espira. O trabalho motor útil, realizado pela força que o
operador exerce, corresponde à energia entregue ao sistema e que se converte em energia elétrica,
como previsto pelo Princípio da Conservação da Energia.
Considere, agora, o polo norte do ímã afastando-se da espira. Nesse caso, o fluxo indutor através
da espira diminui. Para contrariar essa variação (diminuição) do fluxo indutor, surge uma corrente
induzida na espira que gera um fluxo induzido a favor do indutor. Esse fluxo induzido soma-se,
então, ao indutor, “tentando evitar” a variação. Em outras palavras, a corrente induzida “luta”
sempre para que o f luxo total através da espira não se altere. E, mais uma vez, a espira polariza-se
magneticamente. Na face da espira voltada para o ímã surge, agora, um polo sul para contrariar o
afastamento do ímã. Novamente, a força do operador precisa realizar um trabalho, que corresponde
86 Força Magnética
Essa força fará que os elétrons livres se desloquem para a extremidade inferior do condutor.
Assim, o fio ficará eletricamente polarizado. Essa polarização elétrica estabelece, entre as extremidades
do fio, uma diferença de potencial denominada força eletromotriz induzida, que simbolizaremos
por ε. Em consequência dessa diferença de potencial, temos, no interior do fio, o aparecimento de
um campo elétrico ~E. À medida que mais elétrons descem para a extremidade inferior do fio, mais
intenso torna-se o campo elétrico ~E. Esse campo provoca, nos elétrons livres, uma força elétrica
Fe para cima. Assim, à medida que ~E se torna mais intenso, a intensidade de Fe também aumenta.
Quando a intensidade de Fe torna-se igual à da força magnética Fm , o movimento ordenado dos
elétrons no interior do fio que constitui uma corrente elétrica nele induzida cessa. Temos, então:
Essa expressão fornece o módulo da força eletromotriz induzida no fio, que é a causa da corrente
induzida estudada em itens anteriores.
espira retangular delimitada pelo condutor em forma de U e pelo condutor retilíneo móvel sofre uma
variação ∆A, ocorrendo na espira uma variação de fluxo ∆Φ. Assim, teremos:
Φ = BA ⇒ ∆Φ = B∆A. (4.11)
Entretanto, ∆A = L∆S, em que ∆s é a distância percorrida pelo fio retilíneo durante o intervalo de
tempo ∆t. Assim, substituindo na equação 4.11, obtemos:
∆Φ = BL∆S. (4.12)
4.6 Problemas
Problema 4.1 Um ímã em forma de barra reta, inicialmente em repouso em relação a uma espira
circular, é abandonado acima dela e cai, atravessando-a. Para o observador O, qual é o sentido da
corrente induzida na espira:
a) enquanto o ímã está em repouso em relação a ela?
b) um pouco antes de o ímã começar a atravessá-la?
c) logo após a passagem completa do ímã através dela?
Problema 4.2 Uma espira condutora retangular, situada no plano do papel, está penetrando em um
campo magnético uniforme e constante, com velocidade v, como indica a figura. Em relação ao
leitor, qual é o sentido da corrente induzida na espira:
a) enquanto ela está penetrando no campo, isto é, antes de estar totalmente dentro dele?
b) enquanto ela está totalmente dentro do campo?
c) quando a espira está saindo do campo?
Problema 4.3 Uma espira quadrada de 20 cm de lado está totalmente imersa em um campo de
indução magnética uniforme e constante, de intensidade 4,0 T. Calcule o fluxo de indução através
dessa espira, nos seguintes casos:
a) o plano da espira é perpendicular às linhas de indução;
b) o plano da espira é paralelo às linhas de indução.
Capítulo 4 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 89
2,0
Problema 4.4 Um anel circular de raio √ π
m é introduzido em um campo magnético uniforme,
ficando totalmente imerso nele. Sendo B 5 1,5 Wb/m2, calcule o fluxo de indução através do anel,
nos seguintes casos:
a) quando o plano do anel é paralelo às linhas de indução;
b) quando o plano do anel é perpendicular às linhas de indução;
c) quando a normal ao plano do anel forma um ângulo θ (cos θ = 0,60) com as linhas de indução.
Problema 4.6 O sistema esquematizado na figura está disposto em um plano vertical. O resistor de
resistência R = 5Ω está ligado aos fios I e II, verticais, supostos ideais e muito longos. Uma haste
condutora ideal CD de comprimento L = 1 m, pesando P = 10N, é abandonada do repouso e passa a
mover-se sem atrito, sempre disposta perpendicularmente aos fios I e II, e sem perder contato com
eles. Determine a velocidade máxima atingida pela haste, sabendo que existe um campo magnético
uniforme e constante perpendicular ao plano do sistema, como mostra a figura, e de intensidade B =
1 T. Despreze a influência do ar.
Problema 4.8 Uma barra de cobre MN, disposta perpendicularmente às linhas de indução de um
campo magnético uniforme B, move-se com velocidade v perpendicular a B.
Sendo B = 0,50 T, v = 100 m/s e L = 1,0 m o comprimento da barra:
a) calcule o módulo da força eletromotriz induzida entre suas extremidades;
b) determine a polaridade elétrica das extremidades M e N.
Problema 4.9 Um avião encontra-se em movimento retilíneo e horizontal, a 250 m/s, em um local
onde o campo magnético terrestre possui uma componente vertical de 2, 0 × 10˘5 T de intensidade.
Sabendo que a distância entre as extremidades das asas desse avião é igual a 20 m, estime o módulo
da força eletromotriz induzida entre esses pontos. As asas desse avião são metálicas e estão em
contato elétrico com a fuselagem também metálica.
Problema 4.10 Uma espira circular perfeitamente condutora, de área igual a 1, 0 × 10˘2 m2 , imersa
em um campo magnético uniforme, perpendicular ao plano da espira.
No instante t1 = 1, 0s, o módulo do vetor indução magnética vale 0,20 T. Em seguida, o módulo
desse vetor aumenta e, no instante t2 = 3, 0s, passa a valer 1,4 T. Ligado à espira, existe um resistor
de resistência igual a 2, 0mΩ. Determine:
a) os fluxos, nos instantes t1 e t2 ;
b) a força eletromotriz média induzida;
c) o sentido da corrente elétrica no resistor, durante o crescimento do módulo de B;
d) a intensidade da corrente elétrica média.
No final do século XIX e início do século XX, várias questões científicas continuavam sem
respostas. Grandes foram os esforços de muitos físicos para tentar explicar o comportamento da
matéria nas escalas atômica e subatômica, utilizando a Física Clássica. Entretanto, algum fato
sempre ficava sem explicação, e surgiam inconsistências na teoria. Porém, em meados de 1900
iniciou-se o desenvolvimento da teoria Quântica. Como veremos, essa nova teoria foi capaz de
explicar satisfatoriamente muitos dos problemas que pareciam não ter solução, e mais do que isso,
ela foi desenvolvida originalmente para tentar explicar a matéria nas escalas atômica e subatômica,
entretanto ela se mostrou aplicável também em sistemas macroscópicos.
em fase. Além disso, são perpendiculares entre si e também à direção de propagação da onda como
pode ser visto na figura 5.1. A velocidade de propagação dessas ondas no vácuo, é denotada por c, e
foi calculada por Maxwell por meio da seguinte relação advinda de suas equações, antes de saber
que a luz é uma onda eletromagnética.
1
c= √ . (5.1)
µ0 ε0
Nessa expressão, µ0 = 4π × 10−7 T m/A e ε0 = 8, 85418 × 10−12 F/m são, respectivamente, a
permissividade elétrica e a permeabilidade magnética do vácuo, e obtemos c = 2, 99792 × 108 m/s.
Essa velocidade é válida tanto para o vácuo quanto para o ar, e coincidiu com a velocidade de
propagação da luz no ar, determinada experimentalmente. Maxwell, então, concluiu, corretamente,
que a luz visível também é uma onda eletromagnética. Uma característica notável das ondas
eletromagnéticas é o fato de elas não interagirem com campos elétricos nem com campos magnéticos
eventualmente presentes no meio por onde passam. Então, a luz, por exemplo, não sofre desvios
quando passa perto de um corpo eletrizado ou de um polo magnético.
P = eσ AT 4 , (5.2)
onde P é a potência total irradiada pela superfície externa de um corpo (energia total da radiação
emitida por unidade de tempo), que se encontra a uma temperatura absoluta T; (e) é a emissividade
ou poder de emissão do corpo, uma grandeza adimensional que depende da natureza da superfície
emissora e que pode assumir valores entre 0 e 1; σ = 5, 67 × 10−8W /m2 K 4 é uma constante
universal denominada constante de Stefan-Boltzmann, e por fim A é a área da superfície emissora.
O poder de absorção de um corpo é igual ao de emissão. Isso significa que um corpo bom absorvedor
de radiação térmica (mau refletor) também é um bom emissor e que um mau absorvedor (bom
refletor) é um mau emissor.
Todo corpo está emitindo e absorvendo energia na forma de radiação térmica. Quando, em cada
unidade de tempo, o corpo absorve mais energia do que emite, sua temperatura tende a aumentar.
Quando, porém, emite mais do que absorve, sua temperatura tende a diminuir.
No equilíbrio térmico (temperatura constante e igual à do ambiente), as quantidades de energia
absorvida e emitida na forma de radiação térmica, por unidade de tempo, são iguais.
Corpo negro
Um corpo que absorve toda a radiação térmica que incide nele é chamado de corpo negro.
Assim, ele é um absorvedor perfeito, ou seja, seu poder de absorção a é igual a 1. Embora se trate de
uma idealização, existem maneiras de obter, na prática, corpos que se comportam aproximadamente
como um corpo negro. Uma delas é revestir um corpo qualquer com uma camada irregular de
pigmentos pretos. Lembrando que (a = e), temos que a emissividade de um corpo negro também é
igual a 1. Assim, ele é um absorvedor e um emissor ideal. Na figura 5.2 mostramos o gráfico da
intensidade da radiação emitida por um corpo negro em função do comprimento de onda λ , obtida
numa determinada temperatura T. Nesse gráfico, é importante observar que:
Figura 5.2: Intensidade da radiação emitida por um corpo negro em função do comprimento de onda.
94 O início da Física Quântica
• a radiação térmica emitida é constituída de muitas radiações distribuídas em uma faixa contínua de
comprimentos de onda;
• existe uma radiação, de um determinado comprimento de onda (λmax ), que é emitida com
intensidade máxima (Imax ).
No gráfico a seguir apresentamos o aspecto dos gráficos da intensidade I das radiações emitidas
no por um corpo negro, em duas temperaturas distintas, T1 e T2, onde T2 é maior que T1, em
função do comprimento de onda λ . Esse gráfico mostra que para um mesmo corpo negro a partir
Figura 5.3: Intensidades das radiações emitidas por um corpo negro em função do comprimento de
onda para duas temperaturas distintas.
Figura 5.4: Intensidades das radiações emitidas por um corpo negro em função do comprimento de
onda, onde o gráfico A é o experimento e B é a previsão da teoria clássica de Maxwell.
Em 1900, o físico alemão Max Planck apresentou uma teoria para contornar o problema. Além
de audaciosa, ela conflitava drasticamente com a teoria clássica. Ele considerou que, na superfície
do corpo negro, existem osciladores harmônicos simples (cargas elétricas oscilantes) que só podem
ter determinados valores E de energia, dados pela expressão
E = nh f . (5.4)
Nessa expressão, o número inteiro ( n = 0, 1 ,2, 3, ...) é denominado número quântico, h é uma
constante que recebeu o nome de constante de Planck e f é a frequência do oscilador. Para cada valor
de n, o oscilador está em um determinado estado quântico. Isso significa que a energia do oscilador
é quantizada, ou seja, só pode ter determinados valores, no caso múltiplos inteiros de h f .
É importante destacar que essa teoria de fato contraria totalmente a Física Clássica, segundo a
qual um determinado oscilador harmônico simples pode ter qualquer quantidade de energia e, além
disso, essa energia não depende da frequência, mas apenas da amplitude de suas oscilações.
Em sua teoria, Planck também considerou que os osciladores existentes na superfície do corpo só
emitem ou absorvem energia quando passam de um estado quântico para outro, ou seja, , a emissão
e a absorção de energia também se dão em quantidades quantizadas.
A teoria quantizada para a radiação do corpo negro está em excelente concordância com os
resultados experimentais da radiação. Surgiu, entretanto, uma nova dúvida: se a energia só é emitida
em quantidades determinadas e, portanto, em determinadas frequências ou comprimentos de onda,
como o espectro da radiação térmica emitida por um corpo pode ser contínuo? Planck, ao ser
questionado sobre isso, argumentou que existem tantos osciladores, com tantas energias diferentes,
que torna muito grande a probabilidade de serem emitidas radiações de qualquer frequência. Portanto,
quantizados eram os osciladores, e não a radiação eletromagnética.
O fenômeno observado por Stoletov, e que Hertz também constatou em 1887, foi interpretado
assim:
Quando radiações eletromagnéticas incidem numa placa metálica, as cargas elétricas podem
absorve energia suficiente para escaparem dela. A esse fenômeno é chamado de efeito fotoelétrico.
Contribuíram para a descoberta do fenômeno sem a explicação física do efeito fotoelétrico o próprio
Stoletov e o físico alemão Philipp von Lenard (1862-1947). Entretanto, os resultados experimentais
obtidos por eles não puderam ser explicados pela teoria eletromagnética de Maxwell. Aqui, havia
dois problemas que a física clássica não conseguia explicar nesse fenômeno. O primeiro é que as
energias cinéticas dos elétrons extraídos da placa não dependem da intensidade da radiação incidente,
e o segundo é que essas energias cinéticas dependem da frequência da radiação incidente.
Em 1905, o físico alemão Albert Einstein explicou o efeito fotoelétrico. Para isso, ele estendeu a
teoria de Planck às radiações eletromagnéticas, considerando que a energia dessas radiações também
é quantizada. Assim, uma radiação eletromagnética passou a ser tratada como um feixe de partículas
denominadas fótons. Einstein supôs que a energia de um fóton (quantum) é dada por:
E = hf, (5.5)
em que h f é a energia do fóton absorvido pelo elétron; W é uma característica do metal chamada
de função trabalho. Essa grandeza significa a energia mínima necessária para extrair um elétron
Capítulo 5 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 97
situado na superfície do metal. Se um elétron absorver um fóton com apenas essa energia W, ele sairá
do metal, porém com energia cinética igual a zero. Ao fóton de energia igual a W está associada uma
frequência mínima fmin , tal que W = h fmn . O leitor deve saber que a equação 5.6 é uma equação de
primeiro grau na frequência cujo gráfico é
O coeficiente angular dessa reta é a constante de Planck h. Portanto, se o gráfico for construído para
vários metais, em um mesmo par de eixos, os trechos inclinados serão paralelos entre si.
Como a energia de um fóton é pequena demais em comparação com as unidades de energia que
estamos habituados a usar, frequentemente lidamos com a unidade elétron-volt (eV), também útil na
Física Atômica e na Física Nuclear. Em relação ao joule (J), a unidade de energia elétron-volt (eV)
pode ser expressa assim
Diversas são as aplicações do efeito fotoelétrico, dentre eles podemos destacar as células foto-elétricas
que podem ser fotoemissivas e as fotocondutivas, resistores LDR, e também as memórias eproms.
Exercício 5.1 A potência total irradiada pelo Sol (Pot) é aproximadamente igual a 3, 8 × 1026W ,
e seu raio (R) mede cerca de 7, 0 × 108 m. Adote ainda as seguintes aproximações:
σ = 5, 7 × 102 mW2K4
π = 3, 14
b = 2, 9 × 1023 mK (Constante da Lei de Wien)
c = 3, 0 × 108 m/s (velocidade da luz no vácuo)
a) Estime a temperatura na superfície do Sol, considerando-a um corpo negro (emissividade e
igual a 1). Resp. T = 5, 7 × 103 K
b) Estime a frequência fImáx da radiação solar emitida com a máxima intensidade.Resp. f =
5, 9 × 1014 Hz
Exercício 5.2 A mínima frequência que uma radiação precisa ter para extrair elétrons de uma
placa de tungstênio é igual a 1, 1 × 1015 Hz. Sendo h = 6, 63 × 10−34 Js a constante de Planck,
c = 3, 0 × 108 m/s a velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo e m = 9, 1 × 10−31 kg a
massa do elétron, calcule:
a) a função trabalho para o tungstênio, em joules e em elétron-volts;Resp. W = 7, 3 × 10−19 J =
4, 6eV
98 O início da Física Quântica
b) a energia cinética máxima e a velocidade máxima dos elétrons emitidos pelo tungstênio,
no vácuo, quando nele incide uma radiação de comprimento de onda igual a 0, 18µm.Resp.
Ec = 3, 7 × 10−19 J e Vmax = 9, 0 × 105 m/s
níveis de energia possíveis são dados pela seguinte expressão, decorrente da teoria de Bohr:
13, 6
En = − eV (5.8)
n2
em que n = 1, 2, 3, ... é o número quântico principal, que chamaremos simplesmente de número
quântico, e En é a energia correspondente a cada número quântico. O estado fundamental corresponde
a n = 1, e os estados excitados correspondem a n = 2, 3, ...
Observe que os valores de En são negativos. Isso significa que o elétron precisa receber energia
para chegar ao nível zero, situação em que ele está deixando de interagir com o núcleo, ou seja,
desvinculando-se do átomo. Bohr também postulou que todo átomo, ao passar de um estado
estacionário para outro, emite ou absorve um quantum de energia igual à diferença entre as energias
correspondentes aos dois estados, como exemplificam as seguintes figuras.
Figura 5.7: O elétron “saltará” do nível de energia E2 para o nível de energia E3 se absorver um
quantum de energia h f , tal que: h f = E3 − E2 .
Figura 5.8: O elétron retornará do nível de energia E3 para o nível de energia E2 emitindo um
quantum de radiação h f , tal que: h f = E3 − E2 .
Esse fato também não pode ser explicado pela teoria de Maxwell, pois, segundo ela, a frequência
da radiação emitida está relacionada com a frequência do movimento do elétron, o que não é verdade,
já que a frequência da radiação emitida está relacionada apenas com a diferença de energia entre os
estados inicial e final. No modelo de Bohr, os elétrons descrevem órbitas circulares em torno de um
100 O início da Física Quântica
núcleo positivo, submetidos à força de atração dada pela Lei de Coulomb, que desempenha o papel
de força resultante centrípeta. Os raios (r) dessas órbitas só podem ter determinados valores. No caso
do átomo de hidrogênio e de íons com apenas um elétron (como hélio ionizado e lítio duplamente
ionizado), os raios permitidos obedecem à seguinte relação:
rn = n2 r1 (5.9)
emissão de um átomo é uma característica dele, a análise desse espectro permite identificá-lo. A
análise espectral tem aplicação na metalurgia, pois permite controlar a composição dos materiais. A
composição química dos minerais também pode ser determinada por essa análise.
102 O início da Física Quântica
Vamos ver agora o espectro de absorção de um elemento químico no estado gasoso atômico.
Para isso, vamos considerar um experimento em que é usada uma fonte de luz de espectro de
emissão contínuo do vermelho ao violeta. Essa fonte pode ser o filamento de uma lâmpada de
incandescência. Como na montagem experimental proposta para se obter o espectro de emissão,
neste caso, a luz proveniente da fonte também passa por duas fendas, obtendo-se um estreito pincel
de luz. Antes de passar por um prisma óptico, esse pincel atravessa uma ampola de vidro dentro da
qual existe um elemento químico no estado gasoso atômico. Em seguida, o pincel passa pelo prisma,
onde é decomposto, e incide em um filme fotográfico. Nesse filme fica registrado um espectro
composto de cores que variam gradualmente do vermelho ao violeta, mas com algumas linhas
escuras que correspondem às frequências das radiações que desapareceram do espectro contínuo
original, por terem sido absorvidas e espalhadas pelos átomos do interior da ampola. As linhas
escuras observadas constituem o espectro de absorção (na região visível) do elemento e também
permitem identificá-lo. O físico alemão Joseph von Fraunhofer, usando um prisma óptico, observou
linhas escuras no espectro (contínuo) da luz produzida pelo Sol. Essas linhas receberam o nome
de linhas de Fraunhofer e correspondem às frequências das luzes absorvidas e dispersadas pela
cromosfera solar, que é gasosa e rarefeita. Por meio desse espectro de absorção foi possível descobrir
elementos químicos existentes no Sol.
A análise dos espectros de absorção também possibilitou identificar elementos químicos em
outras estrelas. Foi ela que levou o astrônomo americano Edwin Powell Hubble a propor, em 1929, a
Teoria do Universo em Expansão. Hubble observou que as linhas espectrais de elementos químicos
identificados na luz das galáxias eram recebidas na Terra com frequências diminuídas, com isso ele
concluiu que há um movimento relativo de afastamento entre as galáxias e a Terra.
5.7 Problemas
Problema 5.1 Faça uma estimativa da temperatura do filamento de uma lâmpada de incandescência,
supondo que:
• a potência total irradiada seja Pot = 60W ;
• a emissividade do filamento seja e = 0, 30;
• o filamento seja um fio cilíndrico de comprimento L = 20 cm e seção transversal de raio r = 50µm.
Constante de Stefan-Boltzmann: σ = 5, 7 · 10−8 (SI)
Problema 5.2 A radiação cósmica de fundo detectada atualmente no espaço é, segundo a teoria
do big-bang, a radiação de corpo negro emitida naquela grande explosão, “esfriada” ao longo do
tempo em virtude da expansão do Universo. Hoje, a temperatura associada a essa radiação pela
Lei de Wien é de 2, 7K. Na Lei de Wien considere a constante b igual a 2, 9 × 1023 mK e calcule o
comprimento de onda correspondente ao pico de intensidade da radiação cósmica de fundo. Verifique
Capítulo 5 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 103
que esse pico está na faixa das micro-ondas, conforme medidas obtidas pelo satélite Cobe (Cosmic
Background Explorer), em 1989, e outras obtidas desde 1965. Informação adicional: as micro-ondas
são radiações eletromagnéticas com comprimentos de onda entre 1 mm e 30 cm, aproximadamente.
Problema 5.3 Suponha que a pele de uma pessoa esteja na temperatura de 35oC. Calcule a
frequência da radiação mais intensa emitida pela pele. Use: constante da Lei de Wien igual a
2, 9 × 10˘3 mK e velocidade da luz igual a 3, 0 × 108 m/s.
Problema 5.4 Considerando a constante de Planck igual a 6, 6 × 10−34 Js, calcule, em joules, a
energia do fóton:
a) de luz violeta de frequência igual a 7, 7 × 1014 Hz.
b) de radiação g de frequência igual a 5, 0 × 1021 Hz (essa radiação é emitida por núcleos instáveis
de átomos radiativos, quando se desintegram)
Problema 5.5 A potência luminosa (Pot) irradiada por uma lâmpada que emite, no ar, luz de
comprimento de onda (λ ) igual a 5 500 Å é igual a 40 W. Determine o número de fótons emitidos
por essa lâmpada durante 1,0 minuto.
Dados: velocidade da luz no ar: 3, 0 × 108 m/s;
Constante de Planck: 6, 63 × 10−34 Js.
Problema 5.6 A mínima energia necessária para extrair um elétron de uma chapa de ferro é igual
a 4,5 eV. Quando fótons de radiação ultravioleta incidem nessa chapa, a energia cinética máxima
dos elétrons ejetados dela é igual a 1,5 eV. Determine a frequência dos fótons incidentes na chapa
(Constante de Planck 6, 63 × 10−34 Js).
Problema 5.7 O gráfico a seguir fornece dados extraídos de um experimento em que se investigou
o efeito fotoelétrico no metal sódio. Nesse gráfico, Ecmx é a energia cinética máxima dos fotelétrons
e f é a frequência da luz que incidiu no metal.
Com base nos valores indicados no gráfico:
a) calcule a constante de Planck, em unidades do SI;
b) calcule a função trabalho do sódio, em eV.
Problema 5.9 Uma ampola de vidro contém um elemento químico no estado gasoso atômico.
Quando esse gás é excitado ele emite luz, e um estreito feixe dessa luz atravessa um prisma
óptico, decompondo-se em estreitos feixes cujas cores estão indicadas na figura 5.14. A figura 5.15
representa as transições (I, II, III e IV) responsáveis pela emissão dos feixes da figura 5.14. A cada
cor representada na figura 5.14 associe a transição correspondente indicada na figura 5.15.
transição de n = 3 para n = 2, esse elétron emite um fóton de comprimento de onda igual a 570 nm.
Dado que E2 = 5E1 e E3 = 7E1, determine o comprimento de onda do fóton emitido pelo elétron na
transição:
a) de n = 3 para n = 1;
b) de n = 2 para n = 1.
6. Relatividade
Como se estuda em Mecânica Clássica, a velocidade, por exemplo, é uma grandeza relativa,
isto é, uma grandeza que depende do referencial em relação ao qual é determinada, assim como,
outras grandezas que dependem da velocidade, tais como: a energia cinética e a quantidade de
movimento também são relativas. Já as grandezas comprimento, tempo e massa, entretanto, sempre
foram tratadas como absolutas, isto é, independentes do referencial em que são medidas.
Entretanto, como veremos o comprimento, a massa e o tempo, que são grandezas consideradas
como absolutas na Mecânica Clássica, também são grandezas relativas quando estudamos situações
em que as velocidades são muito altas, isto é, não desprezíveis em comparação com a velocidade da
luz no vácuo. Como veremos mais adiante, um corpo trafegando em altas velocidades, pode viajar
no tempo!
Segundo Postulado→A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor que é aproximadamente
igual a 300000 km/s em relação a qualquer referencial inercial.
É importante ressaltar que nenhuma composição de velocidades poderá resultar em um valor superior
ao da luz no vácuo, que é, pelos conhecimentos atuais, a maior velocidade possível no Universo.
Observe que esses postulados se aplicam a referenciais inerciais, que podem ser satisfatoriamente
entendidos como sendo não dotados de qualquer tipo de aceleração em relação às estrelas. A Terra,
108 Relatividade
então, não é um referencial inercial porque seus movimentos possuem acelerações em relação às
estrelas (especialmente o movimento de rotação em torno de seu eixo). Entretanto, as intensidades
dessas acelerações são pequenas o suficiente para podermos tratar a Terra como referencial inercial
em fenômenos de curta duração em relação a 24 horas.
2d
∆t 0 = . (6.1)
c
O trajeto da luz, entre os dois eventos citados, em relação ao referencial R, estacionário no solo (mas
em movimento em relação ao local dos eventos) pode ser visto na figura 6.2.
Capítulo 6 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 109
No referencial R, nesse trajeto, a luz, também com velocidade c, percorreu durante um intervalo
de tempo ∆t a distância c · ∆t/2 na ida e o mesmo valor na volta. Além disso, ele viu o vagão com
uma velocidade v, se deslocar v · ∆t. Usando o teorema de Pitágoras no triângulo destacado na figura
6.2 podemos escrever o tempo dilatado.
∆t 0
∆t = q (6.2)
2
1 − vcc
q
2
Como a expressão 1 − vcc é menor do que 1, concluímos que ∆t é maior que ∆t 0 . Note que isso
tinha de acontecer, pois, como a velocidade da luz é a mesma para os dois referenciais, o intervalo
de tempo entre os dois eventos tem de ser maior para o referencial R, que vê a luz percorrer a
maior distância.
Observe que esse resultado mostra que é possível viajar no tempo, quando se move em altíssimas
velocidades. Na verdade o tempo visto pelo observador R, por ser maior do que o tempo medido no
referencial R’, proporciona ao observador R’ viajar no tempo em relação ao observador R.
Exercício 6.1 João e Pedro são irmãos gêmeos. Há 25 anos João partiu para uma missão espacial
a bordo de uma espaçonave, viajando a uma velocidade de 200.000 km/s. Quando retornou a
Terra encontrou Pedro com 85 anos de idade. Qual é a idade real de João ao retornar a Terra?
Resp. 69,7 anos.
L = v · ∆t. (6.3)
Para o referencial R’, o túnel tem comprimento igual a L’ e se move para a esquerda, com
velocidade de módulo v, indicada em azul na figura acima. Assim, R’ vê o túnel passar completamente
por ele, percorrendo uma distância L’ durante um intervalo de tempo ∆t 0 , medido em um relógio em
seu pulso. Então, podemos escrever a contração do comprimento.
Se o corpo em estudo estivesse dentro do vagão e fixado nele, o referencial R, em repouso em relação
ao corpo, estaria no vagão. O referencial R’, por sua vez, em movimento em relação ao corpo, estaria
no solo, ou seja, ao contrário ao da figura 6.3. Nessa situação, a contração do comprimento do corpo
ocorreria para R’ no referencial do solo.
Exercício 6.2 Num acelerador de partículas, elétrons com velocidade igual a 0,999975c percorrem
um trecho de um tubo de 3,2 km de comprimento. Para os elétrons qual é o comprimento desse
trecho do tubo?
Resp. 22,63 m.
Capítulo 6 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 111
u0 + v
u= 0 . (6.5)
1 + uc2v
Ao usar essa expressão, cada velocidade terá um valor algébrico: positivo, quando tem o mesmo
sentido do eixo de referência (ver figura anterior), e negativo, quando tem sentido oposto ao desse
eixo. Se tivéssemos a situação v = c e u0 = c o valor de (u) seria igual (u = c) também. Se v e
u’ fossem desprezíveis em relação a c, teríamos como resultado a Mecânica Clássica (u = u0 + v),
portanto a equação 6.5 é consistente.
E0 = m0 c2 . (6.7)
Todas as reações que liberam energia, inclusive as reações químicas exotérmicas, fazem-no devido a
uma perda de massa, que se transforma em energia. A energia solar, por exemplo, provém de uma
reação nuclear denominada fusão nuclear. Nessa reação, núcleos de hidrogênio se unem produzindo
um núcleo de hélio. A massa do núcleo de hélio, porém, é ligeiramente menor que a soma das
massas dos núcleos de hidrogênio, e essa perda de massa corresponde à energia liberada. Nesse
processo, o Sol perde cerca de 4 milhões de toneladas de massa a cada segundo! A fusão nuclear
também ocorre na explosão de uma bomba de hidrogênio. Do exposto, concluímos que massa é uma
forma de energia.
112 Relatividade
Figura 6.4: O gráfico 1 representa a previsão da mecânica clássica:a aceleração da pedra é constante
e sua velocidade cresce indefinidamente. O gráfico 2 representa a previsão relativística: a aceleração
da pedra diminui com o tempo, em virtude do aumento de sua inércia, e sua velocidade é limitada
pelo valor c.
Se um corpo estiver em movimento em relação a um referencial no qual ele possui uma massa
de repouso igual a m0 , sua energia total E será dada por
m0
E = mc2 = q · c2 , (6.8)
v2
1 − c2
em que m é a massa relativística do corpo. Essa energia total E é a soma da energia de repouso do
corpo, E0 , com sua energia cinética Ec :
E = E0 + Ec . (6.9)
Podemos também escrever a quantidade de movimento Q do corpo como:
~ = m~v = q m0 ·~v,
Q (6.10)
2
1 − vc2
É oportuno constatar que um corpo com massa de repouso m0 6= 0 não pode atingir a velocidade da
luz no vácuo (c). De fato, se fizermos v tender a c, nas expressões (6.8) e (6.10), E e Q tenderão a
infinito, o que é absurdo.
Se elevarmos ao quadrado as expressões 6.8 e 6.10, isolarmos v2 em uma das novas expressões
obtidas e substituirmos v2 na outra, obteremos, após algum trabalho algébrico, o seguinte resultado,
que relaciona E com Q:
E 2 = Q2 c2 + (m0 c2 )2 . (6.11)
Uma partícula com massa de repouso igual a zero move-se com velocidade igual a c. É o que
acontece com os fótons. Na realidade, dizer que os fótons têm “massa de repouso nula” equivale a
dizer que não existem fótons em repouso. É importante destacar que a quantidade de movimento dos
fótons não é nula e pode ser calculada a partir da expressão:
E = Qc. (6.12)
Capítulo 6 Dr.Marcos Paulo Pontes Fonseca 113
Exercício 6.3 Calcule quantos joules são necessários por quilograma de massa de repouso para
acelerar um foguete até ele atingir a velocidade de 0,98c.
Resp. 3, 6 × 1017 J.
6.7 Problemas
Problema 6.1 Considere uma barra em repouso em relação a um sistema de referência R’. Este se
movimenta em relação ao sistema de referência inercial R com velocidade u=0,8c. Seja L’=1,0 m o
comprimento da barra medido no referencial R’. Sabendo que a barra está alinhada na direção do
movimento, determine o comprimento da barra em relação ao referencial R.
Problema 6.2 Um foguete parte da Terra com uma velocidade igual a 0,8c levando um astronauta.
A viajem, em relação ao foguete dura três anos. Quanto tempo durou a viajem em relação a um
observador na Terra?
Problema 6.3 Um trem se desloca com velocidade u=0,3c em relação ao solo. Um objeto se
movimenta com velocidade v’=0,5c, em relação ao trem na mesma direção e sentido do movimento
do trem. Qual a velocidade do objeto em relação ao solo?
Problema 6.4 O princípio da correspondência estabelece que as novas teorias sobre a descrição
da natureza devem conter teorias clássicas já confirmadas. Utilizando essa ideia, verifique sua
confirmação para velocidades do nosso dia a dia, que é muito menor que a velocidade da luz
(v«c), no caso da dilatação do tempo, da contração do comprimento e na quantidade de movimento
relativística.
Livros
[1]MÁXIMO, A. e ALVARENGA, B. Curso de Física vol.2, Ed.6ª, Scipione São Paulo, 2007.
[2]JUNIOR, F.R., FERRARO, N.G. e SOARES, P.A.T. Fundamentos da Ótica vol.1, Ed.9ª,
Moderna, São Paulo, 2007.
[3]HALLIDAY, D., RESNICK, R. e MERRILL, J. Fundamentos da Física vol.4, Ed.3ª, LTC, Rio
de Janeiro, 1994.
[4]ALONSO, M., FINN, E.J., Physics, Ed.1ª, Addison Wesley, New York, 1996.
Índice