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Notas de Aula
Versão Preliminar
Atualizado em 27/03/2008
LISTA DE ABREVIATURAS
AC Corrente Alternada
DC Corrente Contı́nua
RA Razão Axial
RF Rádio-Freqüência
TE Transversal Elétrico
TM Transversal Magnético
1 Preliminares 2
1.1 Álgebra de Complexos e Fasores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Análise Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 A Teoria de Campos do Eletromagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2 Equações de Maxwell 8
2.1 Indução Eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 A Corrente de Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Equações de Maxwell na Forma Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Equações de Maxwell na Forma Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.5 Equações de Maxwell em Regime Permanente Senoidal . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.6 Potenciais para Campos Não-Estacionários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
i
1/74
5 Radiação 35
5.1 O Mecanismo da Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.2 Radiação de um Elemento de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
6 Linhas de Transmissão 40
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
6.2 Ondas numa Linha de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
6.3 Coeficiente de Reflexão e Impedância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6.4 Onda Estacionária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.5 Carta de Smith . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.6 Linhas de Transmissão Ressonantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
7 Caracterização de Antenas 61
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
7.2 Parâmetros de Desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.2.1 Diagrama de Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.2.2 Intensidade de Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
7.2.3 Diretividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
7.2.4 Ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
7.2.5 Ângulo de Meia Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
7.2.6 Banda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
7.2.7 Polarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
7.2.8 Impedância de Entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
7.2.9 Acoplamento entre Antenas Distantes: Área Efetiva e Equação de Friis . . . 72
Preliminares
onde
Am > 0 e Am ∈
onde
Am > 0 e Am ∈
Teorema 1.1. Seja um campo escalar u = u(x, y, z) e neste campo escalar o campo vetorial dos
gradientes
∂u ∂u ∂u
∇u = i+ j+ k
∂x ∂y ∂z
onde ∇ denota o operador vetorial Nabla definido como ∇ = ∂x ∂ ∂
i + ∂y ∂
j + ∂z k. A derivada direcional
∂s segundo a direção de um certo vetor S é igual à projeção do vetor ∇u sobre o vetor S, ou seja,
∂u
S).
Observação 1.1. 1. A derivada num dado ponto segundo a direção do vetor S admite um valor
máximo quando a direção do vetor S coincide com a do gradiente.
3. Dada a superfı́cie xy 2 z = 4, obter o vetor unitário normal à superfı́cie no ponto P (1, 2, 1).
Definição 1.3 (FLUX0). Seja G um domı́nio do espaço R3 e S uma superfı́cie nesse domı́nio. O
Fluxo do campo vetorial V, definido em G, através da superfı́cie S, no sentido determinado pelo
vetor unitário da normal à superfı́cie S, é a integral de superfı́cie
V dS (1.2.1)
S
Se V for o campo de velocidades de um fluı́do (escoamento dágua, por exemplo), então inter-
pretamos o fluxo como a quantidade de fluı́do que atravessa a superfı́cie S na unidade de tempo,
ou seja, o volume d’água atravessando a área por segundo. Para chegar a esta interpretação
fı́sica, basta considerar um escoamento d’água unidimensional segundo x. O fluxo é dado por
Vx dydz = dx dt dydz = d(volume)/dt.
Definição 1.5 (CIRCULAÇÃO). Seja uma curva fechada C. A integral de linha do campo vetorial
V ao longo de C
V. dl (1.2.4)
C
O rotacional de um campo vetorial num ponto é um vetor, ligado ao ponto, cujas componentes
são circulação elementar por unidade de área e a orientação é perpendicular à área, segundo a regra
da mão direita .
Teorema 1.3 (STOKES). Seja uma curva fechada C que limita uma superfı́cie bilateral S, então
vale
V. dl = rot V. dS (1.2.6)
C S
3. A circulação de V é nula.
3. O fluxo de V é nulo.
previsão de um novo fenômeno, a saber, que o distúrbio eletromagnético originado por um corpo
carregado não seria imediatamente observado por um outro corpo eletricamente carregado, mas
que ao invés disso viajaria como uma onda, com uma velocidade finita igual a da luz.
De fato, o conceito de ação à distância não consegue explicar de forma satisfatória uma simples
transmissão via rádio. Na antena transmissora, certas cargas são continuamente aceleradas/ de-
saceleradas através da imposição de uma corrente Corrente Alternada (AC), proporcional ao sinal
transmitido. De acordo com a teoria de campos, estas cargas produzem uma onda eletromagnética,
que viaja à velocidade da luz. Essa onda chega na antena receptora depois de passado um determi-
nado intervalo de tempo Δt, proporcional à distância entre as antenas, e induz uma oscilação das
cargas livres, isto é, uma corrente AC, a qual é detectada pelo circuito de recepção. Observe-se que
as forças nas cargas da receptora num instante t não podem ser determinadas a partir das posições
e velocidades atuais (instantâneas) das cargas da transmissora, mas sim a partir dos valores dessas
grandezas num tempo t−Δt (passado). Em suma, as forças atuantes numa partı́cula não dependem
da posição atual de outras cargas, mas sim do que aconteceu em tempos passados.
Problemas
1.1. Demonstre as seguintes identidades vetoriais:
1. ∇ × ∇φ = 0.
2. ∇.∇ × A = 0.
3. ∇ × ∇ × A = ∇(∇.A) − ∇2 A.
1.2. Seja o campo vetorial formado pelo vetor posição r no espaço. O seu módulo r forma uma
campo escalar. Determine ∇r e ∇( 1r ). Dicas: a) Utilize a expressão do gradiente do Nabla em
1
coordenadas esféricas: ∇φ = ∂φ 1 ∂φ 1 ∂φ
∂r ar + r ∂θ aθ + r sin θ ∂φ aφ ; b) x = − x12
Equações de Maxwell
dϕm
V =n (2.1.1)
dt
onde ϕm denota o fluxo magnético e n é o número de voltas do loop. Antes de prosseguir, convém
relembrar os conceitos de tensão e de Diferença de Potencial (DDP).
Definição 2.1 (Tensão). A tensão entre os pontos “A” e “B”, segundo um determinado percurso,
é igual ao negativo da integral de linha de “A” até “B” do campo elétrico no caminho especificado.
B
VBA = − E.dl (2.1.2)
A
Definição 2.2 (Diferença de Potencial). A DDP entre os pontos “A” e “B” é igual ao negativo
da integral de linha de “A” até “B” do campo elétrico conservativo.
B
DDPBA = − E.dl (2.1.3)
A
Observações 2.1. 1. A integral de linha da equação 2.1.3 não depende do percurso, dada a
natureza conservativa do campo.
Fe = qE
produzida pelo campo elétrico e que independe do movimento da carga. A outra componente é a
força magnética
Fe = qV × B
que depende da velocidade da carga e do campo magnético. A força total
F = q(E + V × B) (2.1.4)
é conhecida como força de Lorentz. Estando o circuito parado, não pode haver transmissão de força
pelo campo B. Como a fórmula 2.1.4 nos mostra que não existe nenhuma nova força devida a um
campo B variável, conclui-se que a força é transmitida às cargas pela ação do campo E. Mas, se
não há fonte de fluxo para o campo elétrico, como ele pode ter sido criado? A resposta definitiva
foi dada por Maxwell, vinte anos mais tarde: a variação de B é fonte (veremos de qual tipo) de
E. Faraday observou que também ocorre indução quando o magneto está parado e o circuito é
movimentado. Porém, neste caso a corrente é resultante da força magnética F = qv × B1 .
A corrente observada por Faraday é conseqüência do “empurrão” lı́quido que os elétrons livres
do circuito recebem numa dada direção ao longo do loop. Localmente, a força que age sobre um
elétron pode ter qualquer direção, mas o fato é que o “empurrão” lı́quido, ou trabalho realizado
ao longo do circuito, ocorre numa dada direção. O que importa é a integral da força elétrica por
unidade de carga ao longo do loop, denominada Força EletroMotriz (FEM). Portanto, a tensão da
eq. 2.1.1 é na verdade uma FEM.
Definição 2.3 (Força Eletromotriz). A FEM induzida num determinado percurso fechado corres-
ponde à integral de linha da força elétrica por unidade de carga sobre o percurso.
F
ξ= .dl (2.1.5)
q
C
Observações 2.2. 1. A força da eq. 2.1.5 é transmitida pelo campo elétrico, que por sua vez é
criado pela variação do campo magnético. Podemos reescrever 2.1.5 na forma:
ξ = E.dl (2.1.6)
C
Como a integral de linha 2.1.6, que é realizada sobre um percurso fechado, não é nula, conclui-
se que E não pode ser conservativo (se fosse, a sua circulação no loop seria igual a zero).
1
A indução magnética é o princı́pio fundamental dos motores e geradores elétricos. Como este é um curso orientado
à telecomunicações, não estamos interessados no estudo deste tipo de fenômeno.
2. A FEM não é uma força. É uma grandeza escalar e corresponde ao trabalho necessário para
se mover uma carga unitária ao longo do loop.
A pesquisa de Faraday mostrou que a variação temporal do campo B numa região do espaço
cria campo E. Essa é uma das leis básicas que governam o eletromagnetismo, e pode ser enunciada
em termos de uma equação integral:
Lei 2.1 (Faraday). A FEM induzida num percurso fechado é igual ao negativo da integral de
superfı́cie da variação temporal do vetor densidade de fluxo magnético,
∂B
ξ = E.dl = − .dS (2.1.7)
∂t
C S
De acordo com a expressão 2.1.8, A FEM induzida é igual ao negativo da taxa temporal de cres-
cimento do fluxo magnético enlaçado pelo circuito. Apelando para o teorema de Stokes, podemos
transformar a circulação da eq. 2.1.7 numa integral de superfı́cie,
∂B
ξ = E.dl = ∇ × E.dS = − . dS (2.1.9)
∂t
C S S
Como os integrandos de ambos os lados devem ser iguais para que a igualdade seja válida, então
∂B
∇×E=− (2.1.10)
∂t
A eq. 2.1.10 é a forma diferencial da Lei de Faraday2 . É uma das equações de Maxwell.
Observações 2.3. 1. A FEM existe sob qualquer caminho fechado, quer seja ele condutor ou
não. Portanto, há FEM até mesmo no espaço livre e ela é criada pelas ondas eletromagnéticas.
Porém, a FEM só é percebida quando há cargas elétricas que possam ser aceleradas, tal como
acontece numa antena receptora feita de material bom condutor.
2. O sinal negativo na eq. 2.1.7 indica que a direção da FEM induzida é tal que, se uma corrente
pode fluir na direção da FEM, essa corrente produzirá um fluxo de B que se oporá à variação
do fluxo magnético que criou a FEM. É a Regra de Lenz: a FEM tenta se opor à variação de
fluxo.
De acordo com a regra de Lenz, a indutância representa inércia para corrente (assim como
massa representa inércia para velocidade, F = m dvdt ), uma vez que a FEM induzida entre os
seus terminais induz uma variação na corrente que é contrária à variação de corrente imposta
pela fonte externa.
A indução da FEM de Faraday pode ser observada em algumas situações do nosso dia-a-dia:
Exercı́cio 2.1.1. Considere um fio infinito que é percorrido pela corrente I0 cos(wt) e uma espira
quadrada de lado a, que está a uma distância d daquele fio. Calcule a FEM
induzida na espira.
Dicas: a) x1 dx = ln x + C, onde C é uma constante; b) Lei de Ampère: B.dl = μ0 i(t). Resp.:
ξ = μ2π
0a
ln a+d
d I0 w sin(wt)
A última das equações 2.2.1 é inconsistente e Maxwell percebeu este fato. Ela foi obtida a
partir da Lei de Àmpere, válida para regime estacionário ou quase-estacionário. O problema ocorre
quando tentamos aplicar essa equação para o caso não-estacionário. Suponhamos corrente fluindo
num circuito RC, tal como no caso da descarga de um capacitor de placas paralelas. A corrente
começa na placa positivamente carregada, cuja carga diminui com o fluxo de corrente para a placa
negativamente carregada, anulando a carga lá presente. Então as placas são fonte ou sumidouro de
corrente. Se tomarmos o divergente da última equação teremos
mas, desde que o divergente de qualquer rotacional é sempre zero, obtivemos um resultado que
contraria a Equação da Continuidade
dρ
div J = − (2.2.2)
dt
que é conseqüência do princı́pio da conservação da carga elétrica. Dado um volume com carga, se
a carga diminui dentro desse volume, é porque houve uma “fuga” das cargas (fluxo de corrente)
através da superfı́cie fechada que delimita o volume. Portanto, para que as linhas do campo
J divirjam de um ponto, é necessário que haja diminuição da densidade volumétrica de cargas
elétricas naquele ponto; a taxa de diminuição de ρ é fonte de fluxo para a densidade de corrente.
Exercı́cio 2.2.1. Obtenha a eq. 2.2.2 a partir do fluxo de corrente através de uma superfı́cie
fechada que contém uma carga que varia no tempo.
Como o princı́pio da conservação da carga não pode ser violado, Maxwell concluiu que a última
das equações 2.2.1 estava incompleta, e que ao termo J deveria ser adicionado um outro termo
tal que a soma dos dois não teria divergente. Este termo pode ser obtido a partir da Equação da
Continuidade:
dρ d ∂D
div J = − = − (div D) = −div
dt dt ∂t
∂D ∂D
div J + div = div(J + )=0
∂t ∂t
e comparando com
div (rotH) = 0
concluı́mos que
∂D
rot H = J +
∂t
em que as equações com divergente seguem-se das equações com rotacional tomando-se o divergente,
usando a Equação da Continuidade e integrando com relação ao tempo. Portanto, temos um sistema
com somente duas equações independentes e cinco incógnitas (E, B, D, H e J ), o que nos dá um
grau de indeterminação igual a três (três graus de liberdade). Sendo assim, precisamos de mais
três equações para completar o sistema e deste modo poder determinar o campo num ponto do
espaço a partir das cargas e correntes. As equações de Maxwell devem ser complementadas pelas
Equações Constitutivas,
D = E (2.3.2)
B = μH (2.3.3)
J = σE (2.3.4)
A eq. 2.3.4 é a Lei Vetorial de Ohm, aplicável aos meios condutores4 . Observe-se que para
meios anisotrópicos (em que as respostas D, B e J não são colineares às excitações E), H) e E),
respectivamente) , μ e σ são matrizes da forma
⎡ ⎤
α11 α12 α13
⎣α21 α22 α23 ⎦
α31 α32 α33
3
James Clerk Maxwell nasceu em Edinburgh, Escócia, em 1831. Morreu ainda jovem, aos 47 anos. Foi um dos
maiores fı́sicos da história da humanidade. Ele deu enormes contribuições para a fı́sica e para a astronomia. A sua
contribuição para o eletromagnetismo é absolutamente fundamental. Suas quatro equações do eletromagnetismo, que
também são válidas em condições relativı́sticas, foram primeiramente publicadas no artigo A Treatise on Electricity
and Magnetism (London, U. K.: Oxford University Press, 1873, 1904). Até então comum não era comum pensar em
termos de campos abstratos. Para justificar a propagação de ondas eletromagnéticas no vácuo, Maxwell sentiu-se
obrigado a oferecer uma espécie de modelo mecânico de propagação. Deste modo, ele propôs que o vácuo deveria ser
preenchido por uma substância a que batizou de éter, que sustentaria, tal qual o ar sustenta a propagação de ondas
sonoras, a propagação da onda eletromagnética. Portanto, a vibração dessa “gelatina” espacial seria a razão para a
luz viajar através do espaço. É claro que houve muita relutância em relação à sua teoria, primeiramente por causa
do modelo, e, em segundo lugar, porque não havia justificativa experimental. Entretanto, inúmeros experimentos
confirmaram a validade de suas equações simples e elegantes. Sem Maxwell não haveria as comunicações sem fio.
Quarenta e dois anos depois, a (falsa) idéia de que a luz deveria se propagar no éter foi demolida por Albert Einstein
num dos seus famosos três artigos de 1905, em que ele propôs a Teoria Especial da Relatividade. Em tempo: tal
como Faraday, Maxwell nunca foi nomeado Cavaleiro da coroa britânica. Talvez ele fosse mesmo muito ruim de
marketing...
4
Como este é um curso de Antenas, não levaremos em conta correntes do tipo convecção, J = ρVρ (onde Vρ é a
velocidade da densidade de carga), como acontece, por exemplo, num diodo planar à vácuo.
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
Dx 11 12 13 Ex
⎣Dy ⎦ = ⎣ 21 22 23 ⎦ ⎣Ey ⎦
Dz 31 32 33 Ez
S (2.4.1)
⎪
⎪ E.dl = − ∂
S B.dS
⎪
⎩ H.dl = J.dS + ∂ D.dS
⎪ C ∂t
C S ∂t S
aplicáveis a regiões do espaço ou curvas de tamanho finito. A primeira das eqs. 2.4.1 é a Lei
de Gauss e nos diz que o fluxo elétrico sobre qualquer superfı́cie fechada num dado instante de
tempo t é igual à carga total atual no interior do volume delimitado pela superfı́cie fechada. A
segunda equação estabelece que a integral de superfı́cie do campo magnético sobre uma superficie
fechada é sempre igual a zero, expressando o fato de que cargas magnéticas ainda não foram
encontradas na natureza. A terceira equação é a Lei de indução de Faraday, a qual afirma que o
valor num instante t da integral de linha do campo elétrico sobre um percurso fechado (FEM) é
igual ao negativo da taxa temporal do fluxo magnético fluindo através da superfı́cie delimitada pelo
percurso. A quarta equação é a Lei generalizada de Ampère incluindo o termo devido à Corrente de
Deslocamento de Maxwell e ela diz que a integral de linha do campo magnético sobre um percurso
fechado (força magnetomotriz ) é igual à corrente total (condução e deslocamento) que atravessa a
superfı́cie delimitada pelo percurso.
Também valem,
⎧
⎪
⎨Ḋ = Ė
Ḃ = μḢ
⎪
⎩
J̇ = σ Ė
B=∇×A (2.6.1)
Observação 2.4. A eq. 2.6.1 não especifica o vetor potencial A de maneira única, pois há uma
infinidade de A = A + ∇ϕ para os quais vale
B = ∇ × A = ∇ × (A + ∇ϕ) = ∇ × A + ∇ × ∇ϕ = ∇ × A
Agora, vamos tentar obter uma expressão de E em função do potencial escalar Φ e do vetor
potencial A, associado a B.
∂B ∂(∇ × A)
∇×E=− =−
∂t ∂t
∂A
∇ × (E + )=0
∂t
então
∂A
E+ = −∇Φ
∂t
ou
∂A
E = −∇Φ − (2.6.2)
∂t
que se reduz à equação E = −∇φ quando A independe do tempo.
Para meios lineares, isotrópicos e homogêneos,
ρ
∇.E =
∂A ρ
∇.(−∇Φ − )=
∂t
5
Os potenciais estão relacionados aos campos através das expressões: E = −∇Φ e B = ∇ × A
∂(∇.A) ρ
−∇2 Φ − = (2.6.3)
∂t
Sabemos que ∇ × H = J + ∂D
∂t . Substituindo as eqs. 2.6.1 e 2.6.2 obtemos,
∂Φ ∂2A
∇ × ∇ × A = μJ + μ −∇ −
∂t ∂t2
∂Φ
∇.A = −μ
∂t
obtendo, então, as equações de d’Alembert,
2 ρ
∇2 Φ − μ ∂∂tΦ2 = −
2 (2.6.5)
∇2 A − μ ∂∂tA 2 = −μJ
Estas equações, que envolvem as primeira e segunda derivadas temporais, representam ondas eva-
nescentes (ondas que sofrem atenuação com a distância), como seria de se esperar num meio que
absorve energia, tal como um condutor metálico. Por outro lado, nas regiões onde não haja carga
ou correntes, os potenciais satisfazem a uma equação de onda, que é a equação homogênea obtida
quando os lados direitos das eqs. 2.6.5 são iguais a zero. Mostraremos no capı́tulo 3 que isto signi-
√
fica que Φ e A são dados por funções que representam ondas que viajam com a velocidade 1/ μ ,
e que o mesmo acontece com os campos E e H.
6
A especificação do divergente e do rotacional de um vetor, com condições apropriadas de fronteira, determina o
vetor univocamente.
∂ 2 u(z, t) 1 ∂ 2 u(z, t)
− =0 (3.1.1)
∂z 2 v 2 ∂t2
onde u(z, t) é uma função (campo escalar) independente de x e y e v uma constante, é uma forma
clássica da Equação de Onda Unidimensional. Ela é uma das equações principais da Fı́sica Ma-
temática e descreve fenômenos tais como a propagação de ondas eletromagnéticas, vibrações trans-
versais duma corda, propriedades de sistemas atômicos (Equação de Schödinger), etc. As soluções
da eq.3.1.1 demonstram que há propagação de uma função (“perturbação” ou “onda”) na direção
de z com velocidade v. A solução geral, conhecida como solução de d’Alembert, é da forma
onde f1 (z − vt) representa uma onda com o formato da função f1 (z) em t = 0, que se move na
direção positiva do eixo z com velocidade constante v; f1 (z − vt) tem o mesmo formato de f1 (z), só
que com a origem deslocada para z = vt. A função f2 (z + vt) representa uma onda com o formato
da função f2 (z) para t = 0 que se move na direção negativa do eixo z com velocidade constante v;
f2 (z + vt) tem o mesmo formato de f2 (z), só que com a origem deslocada para z = −vt. A solução
de d’Alembert também pode ser expressa como
Para entender porque v é a velocidade da onda, considere uma referência (a crista da onda, por
exemplo) e “fotografias” da onda em dois momentos distintos. Então,
∂2E
rot rot E = − μ
∂t2
Analogamente, tomando-se o rotacional da segunda equação do rotacional do campo magnético e
substituindo-se a primeira que contém o rot E, obtemos
∂2H
rot rot H = − μ
∂t2
1
Lembre-se que a Transformada de Fourier nos permite descrever qualquer sinal prático como uma superposição
de senóides e que esta técnica é amplamente utilizada em comunicações
Vamos assumir que a região de interesse está suficientemente distante da fonte, e, que, portanto,
o raio de curvatura da onda esférica seja tão grande, tal que possamos aproximá-la através de uma
onda plana, em que as variações se dão somente na direção z (ou seja, E = E(z, t) e H = H(z, t)).
Chegamos então ao seguinte conjunto de equações de onda:
⎧ ∂ 2 E (z,t) 2
⎪
⎪
x
− μ ∂ E∂tx (z,t) =0
⎪
⎪ ∂z 2 2
⎨ ∂ 2 Hy (z,t) − μ ∂ 2 Hx (z,t) = 0
∂z 2 ∂t2 (3.2.3)
2 E (z,t) 2 E (z,t)
⎪
⎪
∂ y ∂
− μ ∂ty 2 =0
⎪
⎪ ∂z 2
⎩ ∂ 2 Hx (z,t) 2
∂z 2
− μ ∂ H∂tx2(z,t) = 0
Sendo assim, Ex , Hy , Ey e Hx devem satisfazer a uma equação de onda como a eq. 3.1.1.
Vamos dar uma interpretação fı́sica às eqs. 3.2.1. Elas nos dizem que campo magnético variável
no tempo induz campo elétrico variável no tempo (Lei de Faraday), e que, por outro lado, campo
elétrico variável no tempo induz campo magnético (Lei de Ampère generalizada). Portanto, a
troca de energia entre os campos elétrico e magnético dá origem à propagação de uma onda eletro-
magnética.
arbitrárias, pois estão “amarradas” às soluções obtidas para Ex e Ey , respectivamente. Portanto,
se a solução para Ex é da forma
Sumarizando-se, temos
Ėx+ Ėy+
=− =η (3.3.11)
Ḣy+ Ḣx+
e
Ėx− Ėy−
=− = −η (3.3.12)
Ḣy− Ḣx−
onde η = μ é a impedância intrı́nseca do meio. No vácuo η = 120π ≈ 377Ω. A fig. 3.1 ilustra
as relações expressas nas equações 3.3.11 e 3.3.12. Se plotarmos num gráfico as relações entre E+
e H+ (onda que se propaga no sentido positivo de z) e E− e H− (onda que se propaga no sentido
negativo de z), podemos observar que os vetores E e H são ortogonais entre si, assim como também
são ortogonais à direção de propagação, e que a razão entre a magnitude de E e a magnitude de
H é igual a constante η. Podemos escrever esta expressão numa forma vetorial:
k × E = ηH,
(3.3.13)
k × H = − Eη
Uma onda com as propriedades enunciadas nesta seção é denominada onda plana uniforme
porque as amplitudes de E e H são constantes sobre os planos definidos por z = cte.
Exercı́cio 3.3.1. Uma onda plana uniforme que se propaga no sentido positivo de z é gerada
criando-se um campo elétrico constante Ex (z = 0, t = 0) = C e mantendo-o em seguida, isto é,
Ex (z = 0, t) = Cu(t). Um plano condutor perfeito é situado normalmente ao eixo z em z = 600m.
Esboçe os campos Ex e Hy em função de z em t = 1μs e t = 1μs
E x+
E x-
v H y-
v
H y+
H x-
v
v
E y+
H x+
E y-
Ė = a∠0 i + b∠ − 90 j
e, portanto,
E(t) = a cos wt i + b sin wt j
com Ex = X = a cos wt e Ey = Y = b sin wt, então a extremidade do vetor E(t) descreve uma
2 2
trajetória descrita pela elipse X
a2
+ Yb2 = 1. Diz-se, neste caso, que a polarização é elı́ptica, no
E H
H E
vertical horizonta
∂D ∂B
div(E × H) = H.rot E − E.rot H = −E. − H. − E.J
∂t ∂t
então, integrando essa equação num volume V , delimitado por uma superfı́cie fechada ψ, obtemos,
∂B ∂D
H. + E. + E.J dV = − dV div(E × H)
V ∂t ∂t V
2
Sistemas de TV paga via satélite, como a Sky e a DirecTV, utilizam as polarizações vertical e horizontal. Na
instalação, o técnico pode conferir se a antena está recebendo essas duas polarizações sintonizando os canais 27 e 28.
onde a integral do segundo membro é a taxa de energia oupotência que entra pela superfı́cie
d
μH 2 d
E 2
ψ (fluxo de potência), os termos dt V dV e dt V dV correspondem à taxa de
2 2
aumento da energia armazenada nos campos H e E, respectivamente, e o termo V σE 2 dV
está associado à potência dissipada por efeito joule. O vetor
S = E×H (3.5.3)
é conhecido como Vetor de Poynting, e denota a taxa de fluxo de densidade de energia, ou densidade
de fluxo de potência em W/m2 . O seu fluxo significa potência. É conveniente pensar em S como o
vetor que nos dá a direção e a magnitude da densidade de potência em qualquer ponto do espaço.
Há situações em que não haverá fluxo de potência através do campo eletromagnético. Será igual
a zero quando um dos vetores for nulo (considere, por exemplo, um sistema estático de cargas que
possui campo elétrico, mas que não possui campo magnético) ou quando eles forem paralelos.
∇2 Ė = −w2 μ Ė (3.6.1)
∇ Ḣ = −w μ Ḣ
2 2
(3.6.2)
ou,
∇2 Ė + k2 Ė = 0 (3.6.3)
∇ Ḣ + k Ḣ = 0
2 2
(3.6.4)
√
onde, k = w μ (número de onda) é uma constante do meio para uma particular freqüência angular
w. Como Ėz = Ḣz = 0, pois trata-se de uma onda plana, podemos desdobrar as eqs. 3.6.3 e 3.6.4
em equações escalares da forma
d2 Ėx,y
+ k2 Ėx,y = 0 (3.6.5)
dz 2
d2 Ḣy,x
+ k2 Ḣy,x = 0 (3.6.6)
dz 2
denominada Equações de Helmholtz.
De acordo com as eqs. 3.3.7, 3.3.8, 3.3.9 e 3.3.10, as soluções das eqs. 3.6.3 e 3.6.4, quando há
variações somente na direção z, são do tipo
⎧
⎪ −jkz + Ė +jkz
⎨Ėx = Ėx0+ e x0− e
Ėy = Ėy0+ e−jkz + Ėy0− e+jkz (3.6.7)
⎪
⎩
Ėz = 0
e ⎧
⎪
⎪
Ėx0+ −jkz Ėx
− η0− e+jkz
⎨Ḣy = η e
Ėy Ėy
⎪Ḣx = − η0+ e−jkz + η0− e+jkz (3.6.8)
⎪
⎩
Ḣz = 0
no domı́nio do tempo temos,
√ √
Ex (z, t) = 2Ex0+ cos (wt − kz + φ1 ) + 2Ex0− cos (wt + kz + φ2 )
√ √ (3.6.9)
Hy (z, t) = 2Hy0+ cos (wt − kz + φ3 ) + 2Hy0− cos (wt + kz + φ4 )
k −−−−→ 1m
2π −−−−→ λ
E02m
Sz = Ex Hy = cos (wt − kz + φ1 ) cos (wt − kz + φ2 ) (3.7.2)
η
• Certos materiais contém moléculas polares, isto é, moléculas que possuem momentos de dipólo
mesmo na ausência de um campo externo. As moléculas de uma substância quı́mica como
o HCl, que possui um ı́on positivo (H) e outro negativo (Cl), são dipólos. Na ausência de
um campo externo, as moléculas serão orientadas em direções aleatórias, de tal modo que,
mesmo que cada molécula tenha um momento, o momento médio por unidade volume será
nulo. Um campo impresso, entretanto, tende a orientar as moléculas, e pode-se mostrar que
há um momento de dipólo lı́quido resultante, que é proporcional ao campo.
A densidade volumétrica dp 3
dv de momento de dipólo é denominada polarização ou vetor P. Para
um dielétrico isotrópico, linear e homogêneo vale:
D = 0 E + P = E (3.8.1)
Pode-se mostrar que a densidade de corrente devida ao movimento dos elétrons não-livres é
igual a
J = jw E = jw( − j )E (3.8.2)
se, também levarmos em conta os elétrons livres ou lacunas, há uma corrente de condução J = σE
(eq. 2.3.4). Portanto, a densidade de corrente total é
σ
J = jw( − j − jσ/w)E = jw − j + E (3.8.3)
w
Ressaltamos que e são funções da freqüência. As perdas são devidas aos termos σ (perdas por
corrente) e (perdas por polarização). Para chegar a esta conclusão, basta substituir J̇ = σ Ė e
Ḋ = Ė (com = − j ) na segunda eq. 2.5.2, obtendo
∇2 Ė + k2 Ė = 0 (3.8.5)
∇ Ḣ + k Ḣ = 0
2 2
(3.8.6)
d2 Ėx
= −w2 μ Ėx (3.8.7)
dz 2
d2 Ḣy
= −w2 μ Ḣy (3.8.8)
dz 2
d2 Ėy
= −w2 μ Ėy (3.8.9)
dz 2
2
d Ḣx
= −w2 μ Ḣx (3.8.10)
dz 2
onde agora o número de onda é um complexo,
3
Considere um volume elementar cilı́ndrico dv, com altura dh e área da base dS, com a carga elementar +dqp na
dqp dh
base superior e a carga −dqp na base inferior. Então, P = dp
dv
= dSdh
√
k = w μ = w μ( − j ) (3.8.11)
!
jk = α + jβ = jw μ 1−j (3.8.12)
com4
"
# ⎡! 2
⎤
#
# μ ⎣
α = w$ 1+ − 1⎦ (3.8.13)
2
"
# ⎡! 2
⎤
#
# μ ⎣
β = w$ 1+ + 1⎦ (3.8.14)
2
σ >> w (3.8.21)
σ >> w (3.8.22)
a corrente de condução é muito maior do que a corrente de deslocamento. Levando-se em conta que
w tem dimensão de condutividade e também as aproximações 3.8.21 e 3.8.22, podemos substituir
por σ/w nas eqs. 3.8.13, 3.8.14 e 3.8.16, obtendo:
"
# % σ 2
&
# μ wμσ
α=w $ 1+ −1 ≈ (3.8.23)
2 w 2
"
# % σ 2
&
# μ wμσ
β=w $ 1+ +1 ≈ (3.8.24)
2 w 2
μ jwμ
η̇ = ≈ (3.8.25)
1 − j w
σ σ
Define-se
1
δ=√ (3.8.26)
πσf μ
como a profundidade de penetração e corresponde à distância (segundo z) em que os campos (em
particular J) sofrem a redução de uma fator 1e (as amplitudes dos campos praticamente se anulam
a uma profundidade de 5δ). A velocidade de fase é dada por
2πδ
v = w/β = wδ = c (3.8.27)
λ0
δ
onde c é a velocidade da luz no vácuo e λ0 é o comprimento de onda no vácuo. Como λ0 é pequeno,
essa velocidade de fase é muito menor do que c. Ressaltamos que
πf μ
η̇ = (1 + j) = (1 + j)Rs = |η̇| ∠π/4 (3.8.28)
σ
onde Rs é a resistividade superficial, implicando que E e H estão defasados de 450 num bom
condutor.
Problemas
3.1. Mostre que uma onda polarizada elipticamente pode ser decomposta na soma de duas ondas
polarizadas circularmente com rotações opostas.
O fenômeno da reflexão de ondas faz parte do nosso dia-a-dia. Podemos citar como exemplo a re-
flexão da luz num espelho, que é uma superfı́cie metálica. De fato, como veremos a seguir, qualquer
onda eletromagnética é totalmente refletida por um material que seja um condutor perfeito.
Neste capı́tulo, estudaremos a interferência causada pela introdução de um obstáculo à pro-
pagação de uma onda plana. O “obstáculo” poderá ser um condutor perfeito ou um dielétrico
perfeito. Consideraremos que a onda incide normalmente sobre o meio. Não será analisado o caso
da incidência oblı́qüa.
Definição 4.1 (CONDUTOR PERFEITO). É o material onde sempre vale a relação E(P, t) =
H(P, t) = 0, para qualquer ponto P = (x, y, z) do material, em qualquer instante de tempo.
Vejamos quais são as condições de contorno para as componentes tangenciais e normais dos
campos E, H, D e B na fronteira z = 0 entre o vácuo (meio 1) e um condutor perfeito (meio
2). De acordo com a Lei de Faraday, a integral de linha do campo elétrico, quando aplicada num
percurso fechado de perı́metro p = 2Δl + 2α, α > 0, onde Δl é a distância percorrida em qualquer
um dos lados da fronteira de separação entre os meios e α denota um deslocamento arbitrariamente
pequeno1 , é igual a
E.dl ≈ (Et1 − Et2 )Δl = 0 (4.1.1)
C
pois a integral de linha engloba uma área que tende para zero2 . Conseqüentemente,
Se dois elementos muito pequenos com área ΔS são considerados, um de cada lado da fronteira
entre os dois meios, com uma densidade superficial de carga ρs existindo nessa fronteira, a aplicação
da Lei de Gauss neste volume elementar nos dá
como Dn2 = 0,
Dn1 = ρs (4.1.5)
Como S B.dS = 0, chegamos na seguinte condição de contorno para a componente normal do
campo B:
Bn1 = Bn2 = 0 (4.1.6)
A onda incidente cria uma densidade superficial de corrente do tipo J(x, y, z) = Js δ(z) na superfı́cie
do condutor3 . Aplicando a Lei de Ampère generalizada temos,
H.dl = (Ht1 − Ht2 )Δl = J.dS = Js dy δ(z)dz = Js Δl (4.1.7)
C S y z
como Ht2 = 0,
Ht1 = Js (4.1.8)
indicando que a componente tangencial do campo magnético sofre descontinuidade na superfı́cie
do condutor perfeito, sendo o valor desse “salto” igual à área do impulso (= Js ).
refletida, mas, caso ela exista, podemos admitir que a solução completa da equação de ondas em
RPS seja
Ėx = Ė+ e−jβz + Ė− e+jβz (4.2.1)
Temos que determinar Ė− para definir a onda refletida. Sabemos que no interior de um condutor
perfeito não há campo elétrico e que, portanto, a condição de contorno para E tangencial nos dá:
z = 0, Et = 0 ⇒ Ėx = 0
Então,
(Ė+ ) + (Ė− ) = 0 ⇒ Ė− = −Ė+
portanto,
Ėx = Ė+ (e−jβz − e+jβz )
Ė+ −jβz (4.2.2)
Ḣy = η (e + e+jβz )
ou
Ėx = −2j Ė+ sin (βz)
2Ė+ (4.2.3)
Ḣy = η cos (βz)
Multiplicando por ejwt e tomando a parte real (supondo que Ė+ = E+ ∠0 = E+ ) obtemos,
√
Ex = 2 2E+ sin (βz) sin (wt) (4.2.4)
√ E+
Hy = 2 2 cos (βz) cos (wt) (4.2.5)
η
As expressões 4.2.4 e 4.2.5 nos dão a onda resultante da incidente com a refletida. É denominada
onda estacionária, pois os nós (valores onde os campos são nulos) não se movem com o passar do
tempo, ou seja, ficam estacionados em certas posições. Conseqüentemente, o valor médio do Vetor
de Poynting tem que ser nulo pois,
∗ 2Ė+
Sav = (Ė × Ḣ ) = [−2j Ė+ sin (βz) cos (βz)] = 0
η
nπ nλ
z=− =− , n = 0, 1, 2, . . .
β 2
com as relações entre os campos e as impedâncias dos meios dadas pelas expressões,
⎧
⎪
⎪
Ėx1
+
⎪
⎪ = η1
⎪
⎪
Ḣ y1
⎨ Ėx +
1−
= −η1 (4.3.3)
⎪
⎪ Ḣy1
⎪
⎪
−
⎪
⎪ Ėx2
⎩ Ḣ + = η2
y2
+
Ḣy1 = Ḣy2
Ėx1+ Ėx1− Ėx2+
− =
η1 η1 η2
η2 − η1
Ėx1− = Ėx = Γ(z=0) Ėx1+ (4.3.5)
η2 + η1 1+
onde Γ denota o coeficiente de reflexão e τ o coeficiente de transmissão.
Ėx1− η2 − η1
Γ(z=0) = = (4.3.6)
Ėx1+ η2 + η1
2η2
τ(z=0) = (4.3.7)
η2 + η1
Ėx1+ e−jβ1 z
Ḣy1 = (1 − Γ̇z ) (4.3.12)
η1
e
Ėx1 1 + Γ̇z
= η1 = Z(z) (4.3.13)
Ḣy1 1 − Γ̇z
onde Z(z) é a impedância da onda no meio 1, isto é, a relação entre E e H totais num ponto z < 0.
Substituindo-se 4.3.6 na equação 4.3.13, obtemos,
Definição 4.2 (TOE). Taxa de Onda Estacionária (TOE) como o quociente entre as amplitudes
máxima e mı́nima do campo elétrico numa configuração de onda estacionária.
|Ė|max
TOE = (4.3.15)
|Ė|min
Radiação
Considere um elétron submetido a um movimento oscilatório sobre o eixo z do tipo z(t) = a sin w0 t.
Esta partı́cula emite uma onda eletromagnética esférica e este fenômeno é conhecido como radiação
ou emissão eletromagnética. De fato, a radiação sempre existe quando a matéria é percorrida por
uma distribuição de corrente variável no tempo (AC). Neste capı́tulo, estudaremos, com detalhes,
a radiação de um pequeno elemento de corrente.
produzidas no gap do centro do dipólo eram detectadas como faı́scas no gap da espira receptora,
as quais só poderiam ter sido induzidas pelo campo radiado. Em 1901, Guglielmo Marconi con-
seguiu implementar o primeiro serviço transatlântico de telegrafia sem fio entre Poldhu (Cornwall,
Inglaterra) e St. John’s (Newfoundland, EUA).
Observe-se que o mecanismo de radiação como descrito acima está associado a um fenômeno
transitório. Portanto, os elétrons voltam ao estado de repouso em regime permanente. Não obs-
tante, a mesma interpretação é válida para excitações que variem cossenoidalmente no tempo. No
fundo, o que importa é que a matéria seja percorrida por uma distribuição de corrente variável
no tempo, pois, como mostraremos abaixo, cargas aceleradas estão associadas a uma corrente não-
estacionária no fio. Suponhamos que o fio possua um diâmetro desprezı́vel e que a corrente flua
segundo o eixo z. Então a sua corrente pode ser representada pela expressão
Iz = ql vz
onde ql (Coulombs/m) denota uma densidade linear de cargas. Tomando a derivada da expressão
da corrente no fio temos,
dIz dvz
= ql = ql az .
dt dt
onde v = √1
μ (para o espaço livre, v = c = 2, 9987 × 108 m/s) e
r= (x − x )2 + (y − y )2 + (z − z )2
h I0 y
Para ilustrar o sentido fı́sico do retardo, calculemos o campo eletromagnético produzido por um
fio de tamanho h << λ e diâmetro desprezı́vel localizado na origem de um sistema de coordenadas
e orientado segundo o eixo z (figura 5.1), que é percorrido por uma corrente senoidal do tipo
√
i(t) = 2I0 ejwt
Este caso é de grande interesse porque uma antena pode ser modelada como uma somatória de
elementos de corrente, obtendo-se o campo no ponto P da fig. 5.1 por integração. De acordo
com a equação da continuidade, cargas iguais, de sinais opostos e variáveis no tempo, existem
nas extremidades ±h/2, de maneira que o elemento de corrente é também conhecido como dipólo
elementar ou dipólo de Hertz.
Vamos calcular os campos no ponto P a partir do vetor potencial retardado A. Como estamos
considerando um distribuição linear de correntes, podemos trocar as contribuições J(x , y , z , t −
v )dV de 5.2.2 por i(z , t − v )dz k, obtendo
r r
μ h/2 i(z , t − vr )dz
A(P, t) = k (5.2.3)
4π −h/2 r
ou % √ &
μ h/2
2I0 ejw(t−r/v) dz
A(P, t) = k (5.2.4)
4π −h/2 r
Usando-se a notação de vetor complexo
√
A(P, t) = 2Ȧ(P )ejwt
temos que
μ h/2
I0 e−jwr/v dz
Ȧ(P ) = k (5.2.5)
4π −h/2 r
μh
Ȧ(P ) = Ȧz = I0 e−jβr (5.2.6)
4πr
1
Como Ḣ = μ rotȦ e lembrando da fórmula do rotacional em coordenadas esféricas,
% &
r̂ ∂ ∂ Ȧθ
rot Ȧ = (Ȧφ sinθ) −
r sin θ ∂θ ∂φ
% & % &
θ̂ 1 ∂ Ȧr ∂(r Ȧφ ) φ̂ ∂(r Ȧθ ) ∂ Ȧr
+ − + −
r sin θ ∂φ ∂r r ∂r ∂θ
μhI0 −jβr jβ 1
rot Ȧ = e + 2 sinθ φ̂ (5.2.8)
4π r r
então,
I0 h −jβr jβ 1
Ḣφ = e + 2 sinθ (5.2.9)
4π r r
e % & % &
r̂ ∂(r sin θ Ḣφ ) θ̂ ∂(r sin θ Ḣφ)
rot Ḣ = 2 + − (5.2.10)
r sin θ ∂θ r sin θ ∂r
Para a região dos pontos muito próximos do dipólo de Hertz (βr → 0), também conhecida como
região de campo próximo, o campo magnético
M
Ḣφ ≈ sinθ (5.2.13)
4πr 2
(onde M = I0 h é o momento elétrico do dipólo)
está em fase com a corrente e o seu valor é aquele calculado através da aplicação da Lei de Ampère
βM −jβr
Ḣφ ≈ j e sinθ (5.2.16)
4πr
wμM −jβr
Ėθ ≈ j e sinθ = η Ḣφ (5.2.17)
4πr
Ėr ≈ 0 (5.2.18)
Nesta região, as componentes Ėθ e Ḣφ estão em fase no tempo e em quadratura espacial, ou seja,
Ėθ e Ḣφ são as soluções de uma equação de onda num meio de impedância intrı́nseca η. O vetor
de Poynting é radial e o seu valor médio é dado por (verifique)
ηβ 2 M 2
Sav = sin2 θ r [W/m2 ] (5.2.19)
16π 2 r 2
A eq. 5.2.19 nos mostra que a onda irradiada pelo dipólo de Hertz é esférica. Entretanto, para
distâncias muito grandes da fonte, podemos aproximar a onda esférica por uma onda plana (modo
TEM de propagação).
Problemas
5.1. Determine a potência média irradiada pelo dipólo de Hertz. Dica: a) calcule a integral
do vetor de Poynting sobre uma superfı́cie que envolva o dipólo; b) em coordenadas esféricas, o
2
elemento de área da é dado por da = r 2 sin θ dθ dφ. Resp.: Pav = 2ηπM
3λ2
[W]
5.2. Definindo-se a resistência de irradiação Rr como sendo o valor de uma resistência que dissi-
2
passe a potência calculada no problema 5.1, determine Rr . Resp.: Rr = 80π 2 hλ [Ω]
3
Nesse regime, assumimos que a distribuição espacial dos campos é igual a do regime estacionário. Isto é razoável,
pois βr → 0.
Linhas de Transmissão
Neste capı́tulo estudaremos os dispositivos conhecidos como linhas de transmissão, que têm como
finalidade transportar energia eletromagnética. Na faixa de freqüência de operação das linhas, pode-
se considerar que o efeito de radiação é desprezı́vel. O equacionamento matemático será feito através
do modelamento da linha como um circuito distribuı́do. A grande vantagem desta abordagem é a
possibilidade de se estudar a excitação e a propagação da onda sem que seja necessário recorrer
às equações de Maxwell. A partir desse estudo, os conceitos de propagação de energia, reflexões
em descontinuidades, ondas estacionárias e viajantes, e propriedades de ressonância das ondas
estacionárias, etc., poderão ser facilmente estendidos para as classes mais gerais de guias de onda.
Entretanto, ressaltamos que a abordagem adotada possui sérias limitações e que no caso geral
deve ser substituı́da por uma solução detalhada do campo eletromagnético associado à estrutura
“guiante”.
6.1 Introdução
Vimos no capı́tulo 3 que as ondas eletromagnéticas podem se propagar no espaço livre. Um exem-
plo prático é a rádio-difusão. Por outro lado, podemos citar várias situações práticas em que a
propagação se dá num meio limitado:
1. Propagação de sinais de broadcast AM/FM ou TV1 da antena receptora até o rádio ou
monitor de TV, através de cabos coaxiais ou linhas bifilares. A figura 6.1 ilustra esses tipos
de linhas. Em outras aplicações na faixa de algumas dezenas de GHz tais como Radar (RAdio
Detection And Ranging) e Rádio-Enlace de Microondas, guias de onda do tipo “tubo vazado”
(hollow-pipe) de formato retangular são comumente utilizados, vide fig. 6.2.
2. Transmissão de uma conversação telefônica através de um par de fios que interconecta um
assinante com a respectiva central local.
3. Transmissão de dados através de redes locais Fast Ethernet 100BASE-TX (velocidade de 100
Mbps) que utilizam como meio de transmissão o par trançado blindado (Shielded Twisted Pair
1
Em freqüências situadas numa faixa que inclui as bandas MF (Medium Frequency - 300kHz ≤ f ≤ 3.000kHz),
HF (High Frequency - 3MHz ≤ f ≤ 30MHz), VHF (Very High Frequency - 30MHz ≤ f ≤ 300MHz) e UHF (Ultra
High Frequency - 300MHz ≤ f ≤ 3GHz)
2b
2a
condutor interno condutor
2a
condutor externo
d
dielétrico
b y
z
- STP) ou o par trançado não blindado (Unshielded Twisted Pair - UTP) de alta qualidade
categoria 5.
I(t)
Rg
z
V g(t)
I(t)
análises de circuitos elétricos e dos campos eletromagnéticos não é mais exata. Entretanto, para
“bons” condutores a componente axial do campo elétrico é muito menor do que a transversal.
Portanto, o valor do campo pode ser aproximado pelo valor do campo do modo TEM, implicando
que as soluções oferecidas pela teoria de circuitos são bons aproximantes daquelas obtidas pela
teoria de Maxwell. Outros modos de propagação de ordem mais alta com campos longitudinais,
além dos transversais, surgem nas altas freqüências, quando a distância entre os fios é comparável
ao comprimento de onda. Mas esta é uma situação indesejável. Na prática, podemos utilizar a
linha bifilar até o limite superior da faixa de VHF e o cabo coaxial até o limite superior da faixa de
UHF. A partir daı́ são usados guias de onda que admitem modos Transversal Elétrico (TE), que
são ondas que contém campos magnéticos na direção de propagação (mas não campos elétricos,
que são somente transversais), Transversal Magnético (TM), que são ondas que contém campos
elétricos na direção de propagação (mas não campos magnéticos, que são somente transversais) ou
Hı́bridos, em que as condições de fronteira exigem todas as componentes dos campos.
Para se entender porque o efeito de radiação de uma linha é desprezı́vel, considere-se, por
exemplo, a linha bifilar da fig 6.1, também conhecida como linha balanceada a dois fios. Conforme
explicado no cap. 5, cada um dos fios individualmente radia uma onda eletromagnética. Porém,
o efeito conjunto de radiação pode ser desprezado quando d << λ, pois as correntes nos dois
condutores sempre estão em sentidos opostos.
Por último, é preciso explicitar quais são as diferenças entre uma linha e um guia de onda. Uma
linha consiste em dois ou mais condutores paralelos e é utilizada em freqüências “baixas”, onde
só há o modo TEM de propagação. Os guias de onda são utilizados em freqüências “altas”, os
modos de propagação podem ser TE, TM ou Hı́bridos e a análise de circuitos não pode ser usada.
No estudo dos guias de onda estamos interessados na distribuição dos campos eletromagnéticos
e na dependência da propagação com a freqüência. Para uma linha de transmissão, o objetivo
é determinar as tensões e correntes ao longo da linha e isto só é possı́vel porque a configuração
espacial do campo eletromagnético é a mesma do caso estacionário.
V
Cdz Gdz I + dI V + dV V Cdz Gdz I + dI V + dV
L/2dz R/2dz
I - - - -
I + dI
dz dz
Figura 6.4: Circuitos equivalentes de uma seção diferencial de uma linha de transmissão com perdas
que flui entre os condutores, pois a continuidade da corrente não pode ser violada (lembre-se da
eq. 2.2.2). Portanto, há uma capacitância por unidade de comprimento entre os dois condutores,
ou seja, em paralelo. A corrente elétrica produz um campo magnético em torno dos condutores e
conseqüentemente a linha também possui uma indutância por unidade de comprimento em série.
Como os efeitos elétricos se propagam com uma velocidade finita v (velocidade da luz), deve ficar
claro para o leitor que a tensão V (z, t) e a corrente I(z, t) num ponto arbitrário z será zero até que
um tempo t = zv tenha transcorrido desde que o gerador foi acionado. Demonstraremos a seguir
que isto é exatamente o que ocorre: o gerador impõe ondas de tensão e corrente na linha que se
propagam com a velocidade da luz.
A figura 6.4 ilustra um comprimento diferencial dz de uma linha com perdas, em que L é a
indutância distribuı́da, C a capacitância distribuı́da, R a resistência distribuı́da em série dos con-
dutores e G a condutância distribuı́da shunt do dielétrico que há entre os condutores. A tabela 6.1
contém os valores dos parâmetros distribuı́dos das linhas da fig. 6.1. A vantagem dessa abordagem
consiste em podermos resolver a linha de transmissão, que a princı́pio deveria ser solucionada pela
teoria eletromagnética de Maxwell, através da teoria de Circuitos Elétricos, que é mais simples.
Portanto um problema de natureza vetorial (solução do campo eletromagnético) é transformado
num problema escalar (determinar tensões e correntes na linha).
Tabela 6.1: Parâmetros das linhas coaxial e bifilar. Para todas as linhas TEM valem as relações:
1/2 1/2
C = (μZ)0 , L = (μ )1/2 Z0 , G = w C , Rm = wμ 2σ
Aplicando a Lei das Malhas no circuito elementar da direita da fig. 6.4 obtemos,
∂I(z, t)
dV (z, t) + RdzI(z, t) + Ldz = 0 (÷dz)
∂t
∂V ∂I
+ RI + L = 0.
∂z ∂t
Agora, estamos interessados na solução em regime permanente, portanto vamos assumir que a
linha foi excitada por um gerador de tensão senoidal e que o mesmo tenha sido ligado num instante
de tempo tal que todos os efeitos transitórios já tenham decaı́do para zero, ou seja, que o RPS
esteja estabelecido. Nessa situação podemos escrever:
dV̇ (z) ˙ ˙
= −[RI(z) + jwLI(z)] (6.2.1)
dz
Aplicando a Lei dos Nós obtemos,
∂V (z, t)
dI(z, t) = −Cdz − GdzV (z, t) (÷dz)
∂t
∂I ∂V
=− C + GV .
∂t ∂t
Em RPS, chegamos à expressão
˙
dI(z)
= −[GV̇ (z) + jwC V̇ (z)] (6.2.2)
dz
As equações 6.2.1 e 6.2.1 são conhecidas como as Equações do Telegrafista.
Derivando-se 6.2.1 com relação a z e substituindo-se 6.2.2, obtemos
d2 V̇ (z)
= (R + jwL)(G + jwC)V̇ (z) (6.2.3)
dz 2
Adotando-se procedimento similar para 6.2.2,
˙
d2 I(z) ˙
= (R + jwL)(G + jwC)I(z) (6.2.4)
dz 2
As equações 6.2.3 e 6.2.4 são, respectivamente, as eqs. de Helmholtz da tensão e da corrente.
Considerando-se (R + jwL)(G + jwC) = γ 2 , ou alternativamente que
γ = (R + jwL)(G + jwC) (6.2.5)
em geral complexa, sugere que a tensão e a corrente para uma única onda viajante poderão estar
em fase caso a linha seja ideal (R = G = 0). Observe-se que a Eq. de Helmlotz é uma eq.
diferencial parcial homogênea. Como os coeficientes da solução geral 6.2.6 não estão univocamente
determinados, pois
V̇+ (0), V̇− (0) ∈ C
tem-se que a solução geral gera um espaço de soluções de dimensão 2. A matemática garante que
existe uma única solução quando duas condições de fronteira são fornecidas3 .
A constante de propagação é um complexo. Então,
γ = α + jβ
e % 2 &
√ 1 R G
β ≈ w LC 1 + + − (6.2.11)
8w2 L C
com V̇+ (0) = V+ (0)∠0. Colocando a velocidade angular do argumento do cosseno em evidência,
√ −αz z
V (t, z) = 2V+ (0)e cos w t −
vf
com vf = w/β. Vimos no capı́tulo 3 que um determinado ponto duma onda (a crista,por ) descrita
por uma função do tipo f (t − vzf ) possui uma velocidade vf na direção positiva de z. Como o
argumento do cosseno é denominado fase, então a velocidade para a qual a fase é constante é a
velocidade de fase vf da onda. A quantidade β é a constante de defasagem da linha porque βz
mede a fase instantânea no ponto z relativa a z = 0. Além disso, a tensão (corrente) é a mesma
em dois pontos que estejam separados por distâncias
βz = n 2π n = 1, 2, . . .
para n = 1,
2π
λ= (6.2.14)
β
1
é denominado comprimento de onda λ. No caso de linha sem perdas, β = w(LC) 2 é uma função
linear da freqüência e a velocidade de propagação de fase
1
vf = √ .
LC
independe da freqüência. Portanto, mesmo que o sinal transmitido seja de banda larga, a forma
de onda na saı́da da linha será igual a da entrada, uma vez que o espectro de fase do sinal não é
alterado pela linha, não ocorrendo o fenômeno da dispersão ou distorção do sinal. Por outro lado,
a fórmula 6.2.9 nos mostra que a constante de defasagem é uma função não-linear da freqüência
no caso geral. Portanto, com exceção do caso da linha ideal, a velocidade de fase varia com a
freqüência, ocorrendo a dispersão do sinal.
Voltando à fórmula 6.2.5 do coeficiente de propagação, colocando-se L e C em evidência:
1
R G 2
γ= L + jw C + jw
L C
se
R G R √
= ⇒γ= + jw LC = α + jβ
L C L
e constatamos que a constante de defasagem β é função linear da freqüência, como no caso de linha
ideal. Sendo assim, não há dispersão de amplitude ou de atraso.
Observação 6.1 (Efeitos Distribuı́dos e Retardo de Propagação). A teoria das linhas é uma genera-
lização da teoria clássica de Circuito Elétricos pois leva em conta: a) que o campo eletromagnégtico
está distribuı́do no espaço e b) que existe um retardo de propagação entre dois pontos distintos de
um circuito. Portanto, a representação por elementos concentrados só é válida quando a dimensão
λ
do circuito é muito menor do que λ (na prática, quando maior dimensão do circuito << 10 ).
ZL
V̇− (0)
Γ̇L = Γ̇(z = 0) = (6.3.1)
V̇+ (0)
É útil obter a expressão de Γ̇L em função da carga ZL no caso de linha ideal. Substituindo z = 0
nas expressões 6.2.6,
V̇ (0) = V̇+ (0)e−jβ0 + V̇− (0)ejβ0
2. Se a linha terminar em “curto”, isto é, se ZL = 0 ⇒ Γ̇L = −1, a onda incidente sofre
reflexão total, com inversão de fase.
Podemos definir o coeficiente de reflexão generalizado num ponto qualquer de uma linha ideal:
Essa equação nos mostra que a onda refletida caminhou uma distância 2z além da incidente.
Também podemos observar que o módulo de Γ̇(z) não muda ao longo da linha. A figura 6.6 ilustra
Im
L = |L| je
Im j z
(z) =L e = |L| j(e z)
z
Re
| L|
Im
(z) Im
(z)
Re
-1 0 | L|
(z) (z)
os vetores Γ̇L e Γ̇(z) no plano complexo. Note-se que se somamos −2βz à fase do vetor Γ̇L , o
que corresponde a um giro no sentido horário, obtemos o vetor Γ̇(z). Esse giro do coeficiente de
reflexão generalizado no sentido horário está associado a um deslocamento no sentido negativo de
z, o que significa que caminhou-se da carga para o gerador (ou na direção do gerador). Por outro
lado, tomando-se como referência um gerador posicionado em z = −l, o deslocamento na direção
da carga implica o giro de Γ̇(z) no sentido anti-horário.
Vamos obter a expressão dos fasores da tensão e da corrente em função de Γ̇(z):
V̇ (z) 1 + Γ̇(z)
Z(z) = = Z0 (6.3.9)
˙
I(z) 1 − Γ̇(z)
e
Z(z) − Z0
Γ̇(z) = (6.3.10)
Z(z) + Z0
Então,
V (z)max 1 + |Γ̇L |
|Z(z)max | = = Z0 (6.3.11)
I(z)min 1 − |Γ̇L |
e
V (z)min 1 − |Γ̇L |
|Z(z)min | = = Z0 (6.3.12)
I(z)max 1 + |Γ̇L |
Observações 6.3. 1. Se a linha for casada não haverá máximos ou mı́nimos de amplitudes de
tensão, corrente ou impedância, pois Γ̇L = 0. As amplitudes são constantes ao longo da linha.
2. Quando Γ̇L = 0 (linha descasada), os módulos das tensões, correntes e impedâncias se repetem
a cada λ2 (meio comprimento de onda).
λ
3. Pontos de máximo e mı́nimo de amplitude estão separados pela distância d = 4 (um quarto
de comprimento de onda)
ZL − jZ0 tan βz
Z(z) = Z0 (6.3.13)
Z0 − jZL tan βz
denominada impedância refletida para um ponto da linha. Para z = −l, podemos escrever 6.3.13
na forma
ZL cos βl + jZ0 sin βl
Z(−l) = Z0 (6.3.14)
Z0 cos βl + jZL sin βl
1 1 1
Definindo-se as admitâncias Y0 = Z0 , YL = ZL e Y (l) = Z(l) , podemos achar uma expressão similar
1
para Y (l) = Z(l)
YL cos βl + jY0 sin βl
Y (−l) = Y0 (6.3.15)
Y0 cos βl + jYL sin βl
Quando
2n + 1
β(z − z1 ) = π, n = 0, 1, 2, . . .
2
Z02 2n + 1
∴ Z(z) = , |z − z1 | = λ n = 0, 1, 2, . . . (6.3.17)
Z(z1 ) 4
Observação 6.4. Um curto-circuito no final de uma linha é refletido num circuito aberto a cada
λ
4.
2n+1
Particularizando 6.3.17 para Z(z1 ) = ZL e linha com comprimento l = 4 λ, n = 0, 1, 2, . . .:
Z02
Zin = (6.3.18)
ZL
β(z − z1 ) << π
então
tan β(z − z1 ) ≈ β(z − z1 )
e
Z(z1 ) − jZ0 β(z − z1 )
Z(z) = Z0
Z0 − jZ(z1 )β(z − z1 )
Seja a linha terminada numa carga ZL em z = 0 e a entrada em z = −l. Então a impedância de
entrada,
ZL + jZ0 βl
Zin = Z(−l) = Z0
Z0 + jZL βl
Se ZL = 0 (curto), então
L √
Z(−l) = jZ0 βl = j w LCl
C
ou
Z(−l) = jwLl
portanto, a impedância de entrada de uma linha curta de comprimento l terminada em curto é igual
à impedância da indutância Ll. Da mesma forma, uma linha curta de comprimento l terminada
em aberto, apresenta uma impedância de entrada capacitiva
1
Z(−l) =
jwCl
Observação 6.6. Seja uma linha de comprimento l1 e admitância caracterı́stica Y0 terminada
por uma admitância de carga YL . Se y1 (z = −l1 ) = Y1 /Y0 = 1 + jb1 , pode-se fazer o casamento
de admitâncias colocando-se em paralelo uma linha terminada em curto (ou em aberto), de com-
primento l2 tal que y2 (z = −l2 ) = −jb1 . Esse transformador de impedância é conhecido como
transformador-paralelo ou toco (stub). O toco anula a parte reativa da admitância de entrada.
Exemplo 6.3.1. Calcule a tensão na carga ZL = 150 Ω da figura 6.3.1, posicionada a uma distância
d = 5λ = 10m de uma fonte de tensão senoidal de 100 cos(2π100 × 106 t). Considere que a linha é
ideal com Z0 de 50 Ω e velocidade de fase 2 × 108 m/s.
Solução
+
100V V(z=0) = ? ZL = 150
-
f = 100MHz
Z = -5 Z=0
2π × 108
β= = π rad/m
2 × 108
ZL − Z0 1 1 j2π(−10) 1 1 + 1/2
Γ̇(z = 0) = = , Γ̇(z = −10) = e = , Z(z = −10) = 50 = 150
ZL + Z0 2 2 2 1 − 1/2
3
V̇ (z = −10) = 100 = V̇+ (0)e−jπ(−10) [1 + 1/2] = V̇+ (0) ∴ V̇+ (0) = 200/3 V
2
Portanto,
200 −jπ0
V̇ (z = 0) = e [1 + 1/2] = 100 Volts
3
Exercı́cio 6.3.3. Esboçe o gráfico da amplitude tensão em função de z para a linha do exem-
plo 6.3.1.
√ |V̇+ |
I(z, t) = 2 2 cos βz cos wt
Z0
A defasagem de π/2 no tempo indica potência média nula, como num capacitor ou indutor. Não é
difı́cil concluir que para linha terminada em aberto temos
˙ V̇+
I(z) = −2j sin βz (6.4.4)
Z0
e no domı́nio do tempo,
√
V (z, t) = 2 2|V̇+ | cos βz cos wt
√ |V̇+ |
I(z, t) = 2 2 sin βz sin wt
Z0
Observações 6.7. 1. Se a linha é terminada em curto, aberto ou numa carga puramente reativa
|Γ̇L | = 1 e tem-se uma configuração de onda estacionária.
3. Se ZL = RL + jXL , então a carga absorve apenas uma parte da potência da onda incidente,
devolvendo uma outra parte através da onda refletida. Esta é uma situação em que se tem
uma onda estacionária superposta a uma onda viajante na direção da carga.
Definição 6.1 (TOE). A Taxa de Onda Estacionária (TOE) ou Coeficiente de Onda Estacionária
(COE) é o quociente entre as amplitudes máxima e mı́nima da tensão da linha.
|V̇ |max
TOE = (6.4.5)
|V̇ |min
Na literatura de lı́ngua inglesa, a TOE é conhecida pelo nome Voltage Standing Wave Ratio
(VSWR). A partir da definição 6.4.5 temos que,
1 + |Γ̇L |
TOE = (6.4.6)
1 − |Γ̇L |
ou
|Z(z)max | Z0
TOE = = (6.4.7)
Z0 |Z(z)min |
de onde pode-se obter as relações:
T OE − 1
|Γ̇L | = (6.4.9)
T OE + 1
1 ≤ T OE < ∞
sendo unitário para linha casada e infinita quando toda a potência incidente for refletida.
Exemplo 6.4.1. Numa linha com Z0 = 75 Ω, a carga é ZL = 225 Ω. Obtenha as ondas de tensão
estacionária e viajante.
Solução
ZL − Z0 1
Γ̇L = =
ZL + Z0 2
−jβz jβz −jβz 1 jβz
V̇ (z) = V̇+ e + V̇− e = V̇+ e + e
2
1 1 1
V̇ (z) = V̇+ e−jβz + ejβz + e−jβz − e−jβz
2 2 2
V̇+ −jβz
∴ V̇ (z) = e + V̇+ cos βz
+ 2 ,- . + ,- .
estacionária
viajante
Exercı́cio 6.4.1. Esboçe os gráficos a) das fases das ondas incidente e refletida para t = 0, b) da
2 e c) da amplitude da tensão |V̇ (z)| do
tensãoV (t, z) para wt1 = 0, wt2 = π2 , wt3 = π e wt4 = 3π
exemplo 6.4.1.
1 − (u2 + v 2 )
r=
(1 − u)2 + v 2
e
2v
x=
(1 − u)2 + v 2
ou 2
r 1
u− + v2 = (6.5.1)
1+r (1 + r)2
5
Lembre-se que naquela época não havia as calculadoras HP48/49...
0.12 0.13
0.11 0.14
0.38 0.37 0.15
0.1 0.39 0.36
90
0.4 100 80 0.35 0.1
9
0.0 6
45
50
1 110 40 70 0.3
1.0
0.4 4
0.9
1.2
0.1
55
8
0.8
0.0 35
7
1.4
2 0.3
0 60
0.7
0.4 12 3
0.6 60
)
/Yo
1.6
0.1
0.0
7 (+jB 30 8
CE 0.3
3 AN
0.4
1.8
EPT 0.2 2
0 50
65
C
13 US
ES
2.0
0.5
IV
06
0.
IT 25
19
0.
AC
44
0.
P
31
0.
CA
70
R
,O 0.4
o)
0
40
4
14
5
0.
0.2
0.0
/Z
5
20
0.3
jX
0.4
(+
3.0
T
75
EN
0.6
N
PO
4
0.2
0.0
OM
0.3
150
6
0.2
1
30
0.4
9
EC
0.8
>
15
R—
4.0
80
NC
TO
TA
1.0
0.22
AC
ERA
0.47
0.28
5.0
RE
1.0
GEN
0.2
160
IVE
20
85
10
UCT
ARD
8
0.
0.23
IND
S TOW
0.48
0.27
ANG
90
0.6
ANG
LE OF
NGTH
10
LE OF
170
0.1
0.4
TRANSM
0.0 —> WAVELE
0.24
0.49
0.26
REFLECTION COEFFICIENT IN DEG
20
0.2
ISSION COEFFICIENT IN
50
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
3.0
4.0
5.0
10
20
50
0.25
0.25
180
0.0
±
50
RESISTANCE COMPONENT (R/Zo), OR CONDUCTANCE COMPONENT (G/Yo)
D <—
0.2
20
RD LOA
0.24
0.49
0.26
0.4
−170
0.1
DEGR
TOWA
10
REES
0.6
EES
-90
0.23
S
)
0.48
0.27
H
/Yo
T
ENG
8
(-jB
0. -10
0
E
L
−20
-85
−16
0.2
NC
E
AV
1.0
5.0
TA
0.22
W
0.47
0.28
1.0
EP
<—
SC
SU
-80
4.0
0.8 -15
E
IV
4
0.2
50
−3
CT
0.3
0.0
−1
6
0.2
1
0
0.4
DU
9
IN
0.6
-75
3.0
R
O
),
5
Zo
-20
0.2
0.0
X/
5
4
0.3
0.
0.4
40
(-j
−4
−1
T 0.4
EN
-70
N
PO
06
0.
19
0.
OM -25
44
0.
EC
0.5
31
0.
2.0
NC 30 −5
TA −1 0
-65
AC 7 0.2 0.1
1.8
E
IVE
R 0.0 8
0.6
0.3
A CIT 0.4
3 -30 2
1.6
CAP
-60
20 −6 0.1
8 0
0.7
−1 0.0 7
1.4
2 -35 0.3
0.8
0.4 3
1.2
-55
0.9
0.1
1.0
0 9 −70
−11 0.0 0 6
-4
0
-5
0.3
-4
1
0.1 0.4 −100 −80 0.15 4
−90
0.11 0.14 0.35
0.4 0.12 0.13
0.39 0.36
0.38 0.37
O (C dB O ]
F
. C K SS [ SS C [dB
P)
A W. L. W. TT
EF O ]
P T.
∞ 100 40
SM EA O O
TR S. RF S. A
R BS B] , P r I
. L L. OE
RF L. C
O CO FF
∞ 40 30 ∞
RF
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.05 0.01 0 0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 2.5 3 4 5 10 ∞
F,
EF
O
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 1 0.99 0.95 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0
.C
SM
CENTER
N
A
TR
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
ORIGIN
2
1 1
(u − 1) + v −
2
= (6.5.2)
x x2
1
Segundo 6.5.1, os lugares geométricos onde r é constante correspondem a cı́rculos de raio 1+r
r
centrados no eixo u em 1+r , 0 . De acordo com 6.5.2, as curvas com x constante também são
1 1
cı́rculos, só que centrados em 1, x e com raio |x| . Observe-se que os cı́rculos de r = cte e r = cte’
são mutuamente ortogonais.
Como a solução de problemas de linhas de transmissão envolve a rotação de Γ̇(z), a carta
possui duas escalas de distância em frações de λ ao redor do cı́rculo de raio unitário, uma na
direção do gerador e outra na direção da carga. Conforme ilustrado pela figuras 6.6 e 6.8, uma
rotação completa no plano complexo equivale a um deslocamento de λ2 na linha. Algumas cartas
possuem escalas de TOE e |Γ̇(z)|.
3. Determinação da TOE e do(s) ponto(s) onde |V̇ (z)| é máximo, dada a impedância e vice-versa.
Exemplo 6.5.1. Uma linha ideal com Z0 = 50 Ω é terminada pela impedância ZL = 50 + j50 Ω.
Determine Zin supondo: l = λ8 e l = λ4 . Determine COE (VSWR) e |Γ̇|.
Solução
ZL
1. Normalize a impedância da carga: ζL = Z0 = 1 + j. Plote este ponto na carta.
2. O vetor que vai do centro da carta ao ponto marcado no item anterior é o coef. de reflexão na carga
Γ̇L . Agora, gire Γ̇(z) de λ/8 na direção do gerador (observe a escala).
5. Verifique nas escalas “SWR” (primeira de cima para baixo na fig. 6.8) e “RFL. COEFF, E or I”
(terceira de cima p/ baixo na fig. 6.8) que COE = 2, 6 e |Γ̇| = 0, 45.
Exercı́cio 6.5.2. Determine a impedância de entrada vista pelo gerador da figura abaixo através
da carta de Smith. Calcule Vmin , Vmax e esboçe V̇ (z).
8
v = 2,25x10
m/s
+
10 Vef Z02 = 75 Z02 = 100 ZL = 100
-
f = 150 MHz
90 m 1,875 m
nada no campo elétrico (Um (t)) e esses máximos estão defasados de 900 no tempo. As energias
max
então
LV+2 λ CV+2 λ
Um = = = Ue (6.6.6)
4Z02 4
e a linha está na ressonância, por definição. Além disso,
max
Um (t) = 2Um = 2Ue
4QZ0
Rin = (6.6.12)
nπ
A interpretação da expressão 6.6.12 é a seguinte: a resistência de entrada “mede” a potência que o
gerador deve fornecer para que uma dada tensão seja mantida; Q aumenta (Rin aumenta), quando
as perdas diminuem.
Em telecomunicações, geralmente um sinal de RF ocupa uma banda 2Δf “estreita” em torno
de uma freqüência central f0 , isto é,
2Δf << f0 (6.6.13)
Na ressonância, a impedância de entrada é puramente resistiva. Para f = f0 , temos uma reatância
em paralelo com a resistência. É mais conveniente trabalhar com a admitância de entrada
1 1 1
Yin = = Gin + jBin = +
Zin +,-. +,-. Rin jXin
condutância susceptância
Quando a banda do sinal é estreita, o padrão de onda estacionária não varia significativamente e
a fórmula 6.6.12 é uma boa aproximação para o valor da resistência de entrada. Vamos calcular
as duas susceptâncias de entrada (em paralelo) que estão associadas aos dois trechos da linha da
figura 6.9. Para cada seção a admitância da carga é infinita. Utilizando a fórmula 6.3.15
onde ld = (n − 1) λ4 e le = λ4 . Fazendo
w (1 + δ)
β= = w0 = β0 + β0 δ
vf vf
para δ << 1
π (n − 1)π nπ
Bin = Y0 δ+ δ = δY0 (6.6.15)
2 2 2
Portanto, com as expressões 6.6.12 e 6.6.15, conseguimos o valor da admitância no ponto onde está
conectado o gerador:
nπ 1
Yin = Y0 + jδ (6.6.16)
2 2Q
Sabemos que o módulo da admitância é mı́nimo na freqüência de ressonância. Nas freqüências
f3dB = f0 ± f0 δ3dB
Problemas
6.1. Uma linha sem perdas e com Z0 = 125 Ω é terminada pela carga ZL = 50 + j162, 5 Ω.
Determinar: a) Γ̇L e b) COE ao longo da linha.
6.2. Uma linha sem perdas e com Z0 = 50 Ω é terminada por uma impedância desconhecida. A
distância que separa dois mı́nimos consecutivos de tensão é de 8 cm e o COE é 2. O primeiro
mı́nimo de tensão está a uma distância de 1, 5 cm da carga. Determinar a impedância da carga.
Caracterização de Antenas
7.1 Introdução
Os guias de onda e as linhas de transmissão são dispositivos projetados para a guiagem de ondas
eletromagnéticas. Idealmente, o efeito de radiação é nulo; na prática, é desprezı́vel nas faixas
de freqüência de operação. Por outro lado, as antenas servem para irradiar e captar, de forma
controlada, ondas eletromagnéticas. Elas são estruturas de transição entre os guias de onda/linhas
e o espaço livre, conforme ilustrado pela figura 7.1. A antena apresenta para o conjunto linha de
transmissão/gerador uma impedância de entrada Zin = (Rp + Rr ) + jXin , onde Rp é a resistência
que representa as perdas no condutor e no dielétrico da estrutura da antena e Rr é a resistência
de radiação, usada para representar o efeito de radiação. As perdas devidas à linha, antena e
ondas estacionárias são indesejáveis. As perdas devidas à linha e à antena podem ser minimizadas
através da seleção de materiais adequados. As antenas são comumente elaboradas de materiais bons
condutores tais como latão, cobre, alumı́nio, etc. Para aplicações onde o peso é um fator limitante
como na indústria aeronáutica, utilizam-se ligas metálicas leves, fibras de carbono embebidas em
epoxi, plásticos metalizados, etc. A perda devida à onda estacionária é minimizada com o casamento
Zg Rp
Rr
Vg Z0
Xin
1. Lineares
2. de Abertura
3. Microstrip
4. em Rede
5. Refletoras
6. Lente
Definição 7.1 (Diagrama de Radiação). Uma representação gráfica do valor do campo distante
Eθ numa superfı́cie de raio constante em função das coordenadas esféricas θ e φ.
Observação 7.1. O diagrama de radiação pode ser plotado numa escala linear ou logarı́tmica
(dB).
Definição 7.2 (Radiador Isotrópico). A antena ideal que radia de maneira uniforme em todas as
direções.
Definição 7.3 (Antena Direcional). A antena que radia ou capta ondas eletromagnéticas mais
eficientemente em algumas direções do que em outras.
Observação 7.2. A definição 7.3 é usualmente aplicada à antena cuja máxima diretividade seja
significantemente maior do que a do dipólo de meia onda (também conhecido como dipólo de λ/2).
Definição 7.4 (Antena Omnidirecional). A antena que possui um diagrama de radiação não-
diretivo no plano de azimute (elevação) e um diagrama de radiação diretivo no plano de elevação
(azimute ).
Um lóbulo de radiação é
Definição 7.5 (Lóbulo de Radiação). Qualquer região do diagrama de radiação delimitada por
nulos (ou valores desprezı́veis em relação ao máximo) de radiação.
Os lóbulos podem ser classificados como principal, lateral, secundário e oposto (back ).
O espaço em torno de uma antena pode ser dividido em três regiões: a) campo próximo ou
campos reativos, b) Fresnel ou campos radiantes próximos e c) Fraunhofer ou campo distante.
Apesar de não ocorrer uma mudança brusca nas configurações dos campos quando se cruza a
fronteira entre duas regiões, pode-se notar que as regiões possuem propriedades que as distinguem
umas das outras. As regiões de campo próximo e de Fraunhofer foram apresentadas no capı́tulo 5.
A região de Fresnel é uma região intermediária, em que a densidade de potência radiada (parte real
do valor médio do vetor de Poynting, vide fórmula 3.7.10) é maior do que a densidade de potência
reativa (parte imaginária do valor médio do vetor de Poynting) e a forma do diagrama de radiação
é função da distância r. As seguintes fórmulas são comumente adotadas na literatura como critério
de separação entre as regiões:
campo próximo: 0 < r < 0, 62 D3 /λ
Fresnel: 0, 62 D3 /λ ≤ r < 2D2 /λ (7.2.1)
campo distante: 2
2D /λ ≤ r < ∞
Definição 7.6 (Ângulo Sólido). A região do espaço delimitada pela curva L e as retas que passam
pelo ponto F e que estão apoiadas em L
Definição 7.7. O ângulo sólido, com vértice no centro de uma esfera de raio r, subentendido por
uma superfı́cie esférica de área igual à de um quadrado de lado r.
Portanto, dada uma curva fechada L, o ângulo sólido associado a essa curva é dado por
A
Ω= [strd] (7.2.2)
R2
onde A é a superfı́cie esférica numa esfera de raio R que é subentendida pela curva L. Se L for um
cı́rculo e F pertencer à ortogonal que passa pelo centro da área delimitada por L, o ângulo sólido
é um “cone” e vale a fórmula
Ω = 2π(1 − cos α) (7.2.3)
onde α é o ângulo (plano) delimitado pela ortogonal que passa por F e pela fronteira do cone.
Observações 7.3. 1. Como a área da superfı́cie de uma esfera de raio R é igual a 4πR2 , há 4π
strd numa bola fechada.
ou seja, é a potência radiada por uma antena numa dada direção por unidade de ângulo sólido.
Quando
Ω → 0 ⇒ α → 0 ⇒ S ≈ constante
numa calota esférica de raio R e área A, com A → 0 . Então,
W ≈ | S(r,t) |A (7.2.8)
onde deve-se lembrar que | S(r,t) | ∼ 1
R2 e A ∼ R2 . Como
A
Ω=
R2
conclui-se que
U (θ, φ) = | S(r,t) |R2 (7.2.9)
Note-se que U independe de R. A potência total radiada é obtida pela integração da intensidade
de radiação. Portanto, 2π π
Prad = U dΩ = U sin θ dθ dφ (7.2.10)
0 0
Ω
Para uma fonte isotrópica, U é independente de θ e φ. Portanto, a sua intensidade de radiação U0
é dada por
Prad
U0 = (7.2.11)
4π
7.2.3 Diretividade
A diretividade de uma antena numa dada direção é
Definição 7.9. A razão da intensidade de radiação numa dada direção pela intensidade de radiação
produzida por uma fonte isotrópica equivalente, isto é, uma fonte radiante de mesma potência.
U (θ, φ) 4πU (θ, φ)
D(r) = = (7.2.12)
U0 Prad
A diretividade é um adimensional e expressa como uma antena distribui espacialmente a potência
por ela efetivamente radiada. É comum a literatura da área de antenas se referir à diretividade e
não especificar uma direção. Neste caso, está implı́cito que se trata da diretividade máxima D0 :
Umax 4πUmax
D0 = = (7.2.13)
U0 Prad
7.2.4 Ganho
Vimos que a diretividade é um parâmetro que descreve somente as propriedades direcionais de uma
antena. Portanto, pode ser controlada pelo diagrama de radiação. Por outro lado, o ganho é um
parâmetro que leva em conta a eficiência de uma antena, além de suas propriedades direcionais. O
ganho de uma antena numa dada direção é
Definição 7.10 (Ganho). A razão entre a intensidade de radiação numa dada direção e a inten-
sidade de radiação que poderia ser obtida caso a potência aceita pela antena nos seus terminais de
entrada fosse radiada isotropicamente:
4πU (θ, φ)
G= (7.2.14)
Pin
O ganho relativo é
Definição 7.11 (Ganho Relativo). A razão entre o ganho numa dada direção e o ganho máximo
de uma antena de referência:
G(θ, φ)
Grel = (7.2.15)
Gant-ref
onde Gant-ref denota o ganho (máximo) da antena de referência. A potência de entrada deve ser a
mesma para ambas as antenas. A antena de referência pode ser um dipólo, uma corneta, etc.
Como
Prad = ηPin (7.2.16)
onde η é a eficiência de radiação da antena, dada por
η = ηc ηd , (7.2.17)
em que ηc e ηd representam as perdas por efeito Joule (RI 2 ) devidas às correntes de condução
(perdas no condutor) e de polarização (perdas no dielétrico), respectivamente. Sendo assim, temos
que
G(θ, φ) = ηD(θ, φ) (7.2.18)
7.2.6 Banda
A banda de uma antena é
Definição 7.16. A faixa de freqüências em torno de uma freqüência central de operação na qual
o desempenho da antena está de acordo com um determinado padrão.
O desempenho da antena é medido pelos parâmetros que estão especificados neste capı́tulo (im-
pedância de entrada, diagrama de radiação, HPBW, polarização, ganho, etc.), além de outros
definidos pela literatura. Portanto, espera-se que os valores dos parâmetros de desempenho na
banda de operação não sejam significativamente diferentes dos valores na freqüência central. Para
as antenas de banda larga, a banda é comumente expressa como a razão entre a maior e a menor
freqüência de operação. Por exemplo, uma banda de 20:1 indica que a freqüência superior é vinte
vezes maior do que a inferior. Para as antenas de banda estreita, a banda é expressa em termos de
uma percentagem da freqüência central.
7.2.7 Polarização
Conforme visto no capı́tulo 5, o campo elétrico distante radiado por um pequeno filamento de
corrente orientado segundo o eixo z apresenta apenas a componente Eθ , independentemente da
direção de observação. Vamos interpretar a fórmula 5.2.17:
wμM −jβr
Ėθ ≈ j e sinθ = η Ḣφ .
4πr
Ela afirma que a componente de corrente que estiver alinhada com a direção de observação (θ, φ)
não contribui para o campo distante naquela direção (basta ver que para θ = 0 ⇒ sin θ = 0 ⇒ Eθ =
Hφ = 0). A equação 5.2.17 também nos diz que os campo distantes somente possuem componentes
perpendiculares à direção de propagação da onda.
Vimos no capı́tulo 3 que a polarização do campo elétrico de uma onda plana pode ser elı́ptica,
circular ou linear, sendo estas duas últimas casos particulares da primeira. Como na região de
Fraunhofer de uma antena a onda radiada pode ser aproximada localmente por uma onda plana
(pois o raio de curvatura da frente onda é muito grande), e levando-se em conta que o campo elétrico
é ortogonal à direção de propagação, conclui-se que o campo distante sempre será elipticamente
polarizado.
Apesar de já termos enunciado anteriormente o conceito de polarização de uma onda plana, é
bom que o façamos novamente, num estilo formal, como o que tem sido adotado neste capı́tulo:
Definição 7.17 (Polarização de uma onda plana). A polarização de uma onda plana é a curva
traçada no plano perpendicular à direção de propagação da onda em função do tempo pela ex-
tremidade do vetor campo elétrico instantâneo ligado a um determinado ponto do espaço, numa
determinada freqüência, e o sentido de rotação do vetor, se à direita (horário) ou à esquerda
(anti-horário), utilizando-se como referência a regra da mão direita aplicada ao vetor de Poynting.
De acordo com a definição 7.17, a caracterização completa da polarização de uma onda exige a
especificação dos seguintes parâmetros:
A
RA = , 1 ≤ RA < ∞ (7.2.20)
B
ou ainda em dB
A
RAdB = 20 log (7.2.21)
B
onde A é o eixo maior e B corresponde ao eixo menor da elipse de polarização.
2. Sentido de giro.
3. Orientação espacial do eixo maior da elipse, especificada pelo ângulo de tilt τ , usualmente
medido, com relação ao versor aθ , no sentido horário.
Observações 7.5. 1. Para que duas ondas apresentem a mesma polarização elı́ptica é necessário
que todos os parâmetros acima mencionados sejam iguais.
Definição 7.18 (Polarização de uma antena). A polarização da onda radiada pela antena na região
de campo distante.
Observação 7.6. Na prática, a polarização de uma antena varia com a direção de observação,
de maneira que diferentes regiões do diagrama de radiação podem possuir polarizações diversas.
Quando a direção não é especificada, está implı́cito que se trata da polarização na direção de ganho
máximo.
Duas ondas polarizadas linearmente são ortogonais quando os seus campos são ortogonais e isto
pode ser constatado experimentalmente através das respostas que elas produzem sobre um dipólo.
Um dipólo horizontal apresenta tensão nula em seus terminais quando iluminado por uma onda com
campo elétrico vertical. Por outro lado, quando o campo incidente for horizontal, a tensão induzida
nos terminais da antena será máxima e, conseqüentemente, teremos a máxima potência disponı́vel
nos terminais da antena. Observe-se que a polarização do dipólo horizontal, na mesma direção de
observação, é horizontal. Portanto, para que se tenha uma tensão não-nula nos terminais do dipólo,
basta que a onda incidente (suposta plana) seja linearmente polarizada em qualquer direção que
não seja ortogonal ao eixo do dipólo ou que seja elipticamente polarizada. Na verdade, podemos
enunciar a seguinte propriedade: a potência disponı́vel nos terminais do dipólo é máxima quando
a polarização da onda incidente, suposta plana, é a mesma que o dipólo produziria na direção
considerada quando operando como transmissor. De fato, a propriedade acima enunciada é geral
(vale para polarizações elı́pticas): dada uma antena receptora feita de material linear e isotrópico,
para cada direção de incidência sempre há uma polarização tal que nenhuma potência é extraı́da
da onda. Tal polarização é ortogonal à da antena na mesma direção de observação.
Um exemplo simples1 e que ilustra a questão do “casamento” de polarizações é o da antena
constituı́da por dois dipólos idênticos e ortogonais entre si. Imaginemos que o dipólo vertical esteja
orientado segundo o eixo z e que o dipólo horizontal esteja orientado segundo o eixo x. Ambos
elementos são alimentados pela mesma fonte de tensão através de um divisor de potência, ao qual
estão conectados os dipólos através de trechos de linhas de transmissão cujos comprimentos diferem
entre si de λ/4. Os comprimentos das linhas até os dipólos horizontal e vertical são iguais a L e
L + λ/4, respectivamente, de maneira que a corrente no dipólo vertical esteja atrasada de 900 com
relação ao dipólo horizontal, pois supõe-se que as impedâncias estejam casadas. Também supõe-se
que a razão ξ entre as amplitudes das correntes nos dipólos seja tal que
|Ivertical |
ξ= >1
|Ihorizontal |
1
Este exemplo foi extraı́do das notas de aula “Antenas: Conceitos Fundamentais e Aplicações (EPUSP/2003)”,
do prof. Panicali
Portanto, RA = ξ. Como resultado, tem-se, na direção do eixo y, a radiação de uma onda com
polarização elı́ptica à esquerda. Observe-se que em outras direções a mesma antena produz outras
polarizações2 .
Agora, vamos considerar a mesma antena quando no modo de recepção. Para tal, o gerador deve
ser substituı́do por uma carga casada. Suponhamos que a antena seja iluminada por uma onda com
polarização elı́ptica esquerda de razão axial ψ e que o eixo maior da sua elipse de polarização seja
paralelo ao dipólo vertical. Como a onda incidente tem polarização elı́ptica esquerda e propaga-se
no sentido reverso do caso de transmissão, isto é, no sentido negativo do eixo y, a componente
vertical do campo incidente está adiantada de 900 com relação à horizontal. Como a linha que
conecta o dipólo vertical ao divisor de potência é λ/4 maior do que a outra linha, temos que as
tensões se somam no divisor.
Observação 7.7. Nesta situação, a máxima potência transferida para a carga casada ocorre quando
ψ = ξ.
Caso a onda incidente tenha polarização elı́ptica direita, as tensões induzidas no divisor possuem
polaridades de sinais opostos, pois a tensão induzida pelo dipólo vertical está atrasada de 1800 (a
tensão excitada nos terminais do elemento vertical está 900 atrasada que somados aos 900 de atraso
devido à propagação na linha dão os 1800 ) com relação àquela induzida pelo dipólo horizontal.
Quando ψ = ξ e o eixo maior da elipse está paralelo ao dipólo horizontal, tem-se que a tensão total
induzida na carga é nula. Portanto, duas polarizações elı́pticas são ortogonais quando apresentam
a mesma razão axial, sentidos contrários de giro e ortogonalidade entre os seus eixos maiores (ou
menores).
Propriedade 7.1 (Casamento de polarização). Uma antena qualquer quando operando em re-
cepção apresentará máxima potência em seus terminais quando a onda nela incidente tiver a mesma
polarização que a onda que a antena radiaria na mesma direção de chegada da onda incidente e
potência disponı́vel nula caso a polarização da onda incidente seja ortogonal àquela da antena.
Podemos definir o parâmetro Polarization Loss factor (PLF) quando ambas as polarizações são
lineares. O PLF é dado pela fórmula
PLF = cos2 ψp (7.2.22)
onde ψp é o ângulo entre as polarizações.
Observação 7.8. O PLF pode ser o fator crı́tico do projeto de um sistema de comunicações sem
fio, conforme alerta Balanis3 . Portanto, o(a) engenheiro(a) de comunicacões deve estar atento a
este fato.
A impedância nos terminais de entrada a-b da antena da figura 7.2 é a impedância de entrada
Zin da antena. Ela é uma função complicada da freqüência e não há fórmula para determinação do
seu valor exato. Esta constatação levou vários pesquisadores a desenvolver modelos aproximados
que permitem prever, para os casos de maior relevância prática, alguns dos resultados obtidos expe-
rimentalmente. Nesse contexto, representa-se uma antena numa determinada freqüência como uma
resistência em série com uma reatância. Se a banda de freqüências está centrada nas proximidades
da freqüência de ressonância da antena, uma melhor aproximação é obtida através da representação
da antena como um circuito RLC série. Antes de prosseguir é interessante relembrarmos o conceito
de ressonância, conforme apresentado no curso de Circuitos Elétricos. Dado um circuito LC ideal
na freqüência de ressonância, o somatório das energias armazenadas nos campos elétrico (Ee (t))
e magnético (Em (t)) sempre é o mesmo, não dependendo do instante de tempo considerado, im-
plicando que as energias médias armazenadas nos campos elétrico e magnético são iguais. Assim,
quando Ee (t) atinge o valor máximo, Em (t) é igual a zero, sendo a recı́proca verdadeira. Portanto,
5
Dipólo de meia onda.
6
São os campos produzidos pelas correntes da matéria. Por absoluta falta de tempo, não estudaremos mais à
fundo o conceito de espalhamento eletromagnético.
Gerador
Antena
um circuito RLC ressonante apresenta uma impedância puramente resistiva e a sua freqüência
angular de ressonância é dada pela fórmula
1
ω0 = √ (7.2.23)
LC
De acordo com o teorema da máxima transferência de potência, deve haver casamento entre as
impedâncias Zg do gerador e Zin da antena (Zg = Zin ∗ ) para que a potência entregue pelo primeiro
à esta última seja máxima (lembre-se que neste caso 50% da potência é dissipada na impedância
interna do gerador e os 50% restantes são entregues para a antena). Portanto, é natural que
o projetista de um sistema de comunicações rádio “enxergue” uma antena como um dos vários
circuitos a serem casados com o resto da rede, de tal forma que a transferência de potência seja
eficiente. Portanto, a impedância de entrada é um parâmetro de fundamental importância. A razão
entre a tensão e a corrente nos terminais a-b da Fig. 7.2 define a impedância de entrada de uma
antena como
Rin = Rr + Rp (7.2.25)
onde
Rr = resistência de radiação da antena (Ω)
Rp = resistência devido às perdas ôhmicas da antena (Ω).
a
Rp
Vg
Ig
Rr
Rg
Xg
Xin
b
Devido a sua importância prática e relevância para o entendimento da teoria de antenas, faremos
a seguir algumas observações sobre o dipólo de meia onda (cujo comprimento é igual a λ/2). Um
dipólo de meia onda pode ser modelado como um circuito RLC ressonante porque, pelo menos numa
primeira aproximação, um dipólo pode ser representado como uma linha de transmissão ressonante
de λ/4 terminada em circuito aberto, como na figura 7.4.
O dipólo de λ/2 é uma das antenas mais utilizadas na prática, sendo relativamente fácil de
ser construı́do, apresentando caracterı́sticas elétricas próximas dos valores teóricos. Possui uma
resistência de radiação de 73Ω, o que facilita o seu casamento com linhas de transmissão com
impedância caracterı́stica de 75Ω. O vetor densidade de corrente J( r ) é dado por7
2. Quantificação da fração da energia da onda incidente que pode ser aproveitada pela antena.
7
Assume-se que o diâmetro do dipólo é desprezı́vel
z
H
(z = - ) in (z = 0)
Linha de transmissão
equivalente
dipólo
Com relação à segunda parte, é conveniente “enxergar” uma antena receptora como uma área
efetiva coletora de energia, que dependerá do ganho e da polarização da receptora na direção da
transmissora.
8.1