Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ordem Jurídica
Em contraposição às ordens atrás enunciadas, esta ocupa-se dos aspectos mais importantes da
convivência social.
É uma ordem normativa inter-subjectiva e assistida de coercibilidade material, que visa regular a
vida do homem em sociedade, conciliando os interesses em conflito, como já se evidenciou.
Os valores que visa atingir são a Justiça e a Segurança, utilizando como meio as normas
jurídicas. É sobre a Ordem Jurídica que todo o nosso estudo vai incidir, dada a sua grande
relevância na sociedade.
A ordem jurídica é assim o resultado dessa ordenação, constituindo uma parte, ainda que muito
significativa, da Ordem Social Global, e reflecte as crenças, os valores e as ideologias
dominantes na sociedade. Exprime-se através de normas cujo conjunto forma o ordenamento
jurídico que rege uma dada comunidade, num 'determinado momento histórico
Em regra, o comportamento dos cidadãos é conforme com o Direito; no seu dia-a-dia, eles
observam espontaneamente uma grande variedade de normas de conduta jurídicas. Porém,
quando há comportamentos que se desviam dos imperativos da ordem jurídica, ou, por outras
palavras, quando acontecem violações das suas normas derivadas de actos contrários ao Direito (
actos ilícitos), a Ordern Jurídica procura defender-se, recorrendo aos meios de protecção ou
tutela jurídica, tanto preventivos como repressivos.
→PREVISÃO: A norma jurídica fixa padrões de conduta adequado às situações que de futuro
advenham. Esta situação é figurada de forma geral e abstrata, isto é, segundo um modelo a que se
acomodarão realidades concretas futuras.
-> ESTATUIÇÃO: A previsão liga a norma, como consequente, a necessidade de uma conduta.
A isto chama-se estatuição. A necessidade dessa conduta, em cada pessoa a quem a norma se
dirige, chama-se dever on obrigação no sentido mais amplo desta palavra.
A estatuição é sempre geral e abstracta, senão não estaremos perante uma norma jurídica, mas
perante um mero preceito singular e concreto. Se as expressões norma, regra, disposição,
preceito e até lei e comando se usam com certa indiscriminação, o termo norma deve reservar-se
para estatuição geral e abstracta.
-SANÇÃO: este elemento, apontado por alguns autores como fazendo parte da estrutura regra
jurídica, não o é, em nosso entender, como já foi anteriormente referido, mas sim da Ordem
Jurídica globalmente considerada. A sanção traduz-se, assim, numa consequência desfavorável
que atinge quem a violou a regra.
A sanção representa a possibilidade de reagir à violação da norma, pela força, se preciso for,
impondo coactivamente a reparação da violação.
→Norma Imperativa : é aquela que impõe um dever. A conduta que estatui é obrigatória, desde
que se verifique a previsão.
As normas imperativas que impõem uma acção chamam-se preceptivas. As que impõem uma
omissão ou abstenção chamam-se proibitivas.
→Norma Permissiva: estatui uma permissão, faculdade ou possibilidade jurídica de agir de
determinado modo.
→ “As partes regulam os seus negócios jurídicos, em princípio, como querem, mas é raro
fazerem uma regulamentação completa e exaustiva. Traçam as grandes linhas do negócio mas
não prevêem todas as particularidades de regulamentação. São as chamadas a intervir as Normas
Supletivas.
Uma Norma supletiva é uma norma que tanto pode ser imperativa, como permissiva e que se
aplica aos negócios jurídicos, só e apenas se as partes não tiverem excluída a sua aplicação em
resultado do exercício do principio da autonomia da vontade privada.
Um exemplo de uma norma supletiva é o art° 878 do Código Civil que dispõe o seguinte:
«Na falta de convenção em contrário, as despesas do contrato e outras acessórias ficam a cargo
do comprador.
→Normas Remissivas: em certos casos a lei dispõe que se aplicam a certo problema as normas
previstas para outro: remete para essas normas.
Por exemplo, alguns diplomas legais que vêm instituir um novo regime jurídico para
determinada situação, carecendo de tutela jurídica, podem conter, normalmente como disposição
final uma norma deste tipo: «em tudo o que sendo omisso não se revelar contrário ao disposto
no presente diploma, aplicar-se-ão as disposições constantes do título I do Código...»
→Normas Interpretativas: tal como o nome indica estas normas destinam-se a fazer a
interpretação de um determinado preceito legal, fixando-lhe o sentido.
Uma definição tradicional de Norma Jurídica designa-a como um «comando geral, abstracto e
coercível, emanado de autoridade competente. >>
Daí as características que a doutrina tradicional lhe atribui normalmente que são as: seguintes :
Imperatividade;
Generalidade e abstracção;
Coercibilidade.
a) Imperatividade:
Na sua forma fundamental, a norma jurídica contém um comando, porque impõe ou ordena certo
comportamento.
Para certos autores é duvidosa a caracterização da norma jurídica como « imperativa», já certas
normas não ordenam nem proíbem uma conduta, antes atribuem um poder ou faculdade,
designadamente as regras permissivas. Deste modo, nem toda a regra jurídica se cifraria num
imperativo.
Porém, outra corrente de opinião entende que esse imperativo exista sempre mais ou menos
expresso ou encoberto na norma.
b) Generalidade e Abstracção:
A primeira destas características significa que a norma jurídica se refere a toda uma categoria
mais ou menos ampla de pessoas não a destinatários singularmente determinados.
Uma norma jurídica pode ter como destinatário apenas uma determinada pessoa e ser geral.
Assim acontece, por exemplo, com as regras constitucionais que definem as competências e os
deveres do Presidente da República e que se destinam a uma categoria de pessoas e não a uma
pessoa em concreto.
Quanto à segunda característica- a abstracção-, significa que a norma respeita número
indeterminado de casos ou a uma categoria mais ou menos ampla de situações e não a situações
concretas e individualizadas.
c) Coercibilidade:
Consiste na suscetibilidade de aplicação coactiva de sanções, se a norma for violada.
A coercibilidade não é característica essencial da norma jurídica, mas da Ordem Jurídica
globalmente considerada, embora seja elemento desta norma na sua forma perfeita e completa.
Tal característica pressupõe a imperatividade da observância da norma, mas vai além, porque há
outras normas imperativas, como as morais, que não são coactivas. A ordem jurídica estatal é,
hoje em dia, uma ordem coactiva, porque, globalmente tomada, é assistida pela coacção.
Esta regra é:
Genérica: porque visa uma pluralidade de pessoas- «quem»;
Abstrata: porque contempla um certo tipo de situações- « afirmar ou difundir um facto»;
Susceptível de imposição coactiva de sanções, porque o lesado pode recorrer aos tribunais para
obter a reparação do dano causado.
É função do Direito imprimir uma ordem à vida social, orientando as condutas humanas,
segundo a Justiça.
Deste modo, o Direito exprime um certo tipo de ordem, uma ordem de justiça, a que
chamaremos Ordem Jurídica.
Esta ordenação imposta pelo Direito realiza-se mediante o recurso a normas. O Direito (ou a
Ordem Jurídica), é um complexo de normas . discute-se, no entanto, se o Direito e a Ordem
Jurídica são uma mesma realidade. A tendência linguística tem sido de considerar a Ordem
Jurídica algo de mais amplo que o Direito. A Ordem Jurídica é uma noção englobante composta
pelos seguintes elementos :
As Fontes de Direito;
As Instituições;
Os Orgãos;
Sistema de Regras;
As Situações Jurídicas,
Ao Direito atribuir-se-á um sentido mais restrito, abrangendo os dois últimos elementos
enunciados, isto é, o complexo de regras gerais e abstractas que organizam a vida em sociedade e
as situações jurídicas que resultam da aplicação dessas regras.
Bibliografia:
Introdução ao Estudo do Direito-Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão;
Introdução ao Estudo do Direito- Inocencio Galvão Telles;
Introdução ao Estudo do Direito- J. Baptista Machado;
Introdução ao Estudo do Direito-Joao Castro Mendes;
Noções Elementares de Direito-Pedro Eiró;
Código Civil.
Bom trabalho!
Edson Guibunda.
23.03.2021.