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Índice

1. Introdução...................................................................................................................................3

4. Natureza Jurídica do Procedimento Administrativo.....................................................................6


5. A MARCHA DO PROCEDIMENTO COMUM DE 1º GRAU PARA A TOMADA DE UMA
DECISÃO ADMINISTRAVA......................................................................................................7

5.1. O Procedimento Decisório de 1º Grau.................................................................................7

O Procedimento Administrativo, de acordo com professor Diogo Freitas do Amaral, faz a divisão do
procedimento de 1º grau em seis fases:........................................................................................7

5.1.1. Fase Inicial.........................................................................................................................8

5.1.2. Fase de Instrução................................................................................................................8

5.1.3. Fase da Audiência dos Interessados.....................................................................................9

Audiência escrita;.........................................................................................................................9

Audiência oral;.............................................................................................................................9

5.1.4. Fase da Preparação da Decisão............................................................................................9

5.1.5. Fase de Decisão..................................................................................................................9

5.1.6. Fase Complementar..........................................................................................................10

5.2. Mecanismos Procedimentais:............................................................................................10

5.3. Acordos Procedimentais...................................................................................................10

5.3.1. Auxílio Administrativo...................................................................................................11

i) Impossibilidade legal de o órgão competente desenvolver a atividade administrativa;...........11

● A quem podemos pedir auxílio?.................................................................................................11


● Existe um dever de prestar auxílio?............................................................................................11

● Como se resolve 1 pedido quando há dúvida se devia ter sido respondido?.......................12

5.3.2. Conferências Procedimentais............................................................................................12

5.3.3. Pareceres.........................................................................................................................12

1. Introdução

A actividade da Administração Pública é, em larga medida, um actividade processual, ou seja, começa


num determinado ponto e depois caminha por fases, desenrolando-se de acordo com um certo modelo,
avança pela prática de actos que se encadeiam uns nos outros e pela observância de certos trâmites, de
certos ritos, de certas formalidades que se sucedem numa determinada sequência.
Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto chama a atenção na medida em que veio, de uma forma objetiva, tornar
claro o âmbito de aplicação respeitante aos princípios gerais, ao procedimento e à atividade administrativa.

O âmbito de aplicação do procedimento administrativo está formalmente contido no artigo 3º, conquanto
encontramos também no artigo 1º na definição de procedimento administrativo alguns contributos
nesse sentido.

No entender do Professor Jorge Pereira da Silva neste artigo “ joga-se muito mais do que a simples
delimitação do âmbito subjetivo ou objetivo de aplicação de um diploma legal, pois de certa forma joga-se aqui
os próprios limites entre o Direito Privado e o Direito Público ”. Neste contexto é traçada uma linha de
vinculação ponderada ou vinculação plena da Administração aos direitos fundamentais, recorrendo mais
intensamente ao direito privado ou menos, mas sem nunca se afastar da sua natureza.

O n.º 1 do artigo 2.º compreende a totalidade da atividade administrativa de gestão pública, quer
quando desempenhada por órgãos da Administração, tem por objecto regular a formação da vontade da
Administração Pública e estabelecer as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares.
Assim, só a parte dedicada aos órgãos é unicamente aplicável à Administração Pública, todas as outras
disposições são adequados a quaisquer entidades, independentemente da sua natureza, no exercício de
poderes públicos.

O n.º 1 aproxima-se igualmente como o próprio artigo 1.º e com a sentido de procedimento
administrativo na medida em que o âmbito de aplicação da lei de procedimento Administrativo
identicamente se delimita materialmente pela atividade que desemboca, quer na organização interna de
entidades administrativas, na obtenção de dados e informações e na formação e manifestação da vontade de
órgãos da Administração Pública.

O nº 2 esclarece que a lei tem por objecto regular a formação da vontade da Administração Pública
e estabelecer as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares.

2. O Procedimento Administrativo

2.1. Conceito
O “Procedimento Administrativo” é a sequência juridicamente ordenada de actos e
formalidades tendentes à preparação da prática de um acto da Administração ou à sua execução.

Procedimento Administrativo é sequência juridicamente ordenada de atos e formalidades tendentes


à preparação e exteriorização da prática de um ato da Administração ou à sua execução.

Ou seja, são as fases por que caminha a actividade administrativa e que se desenrolam de acordo com
determinadas formalidades, prazos e que seguem uma determinada sequência.

Primeiro, O procedimento é uma sequência. Quer isto dizer que os vários elementos que o
integram não se encontram organizados de qualquer maneira.

Segundo, o procedimento constitui uma sequência juridicamente ordenada. É a lei que


determina quais os actos a praticar e quais as formalidades a observar; é também a lei que
estabelece a ordem dos trâmites a cumprir, o momento em que cada um deve ser efectuado,
quais os actos antecedentes e os actos consequentes.

Terceiro, o Procedimento Administrativo traduz-se numa sequência de actos e formalidades.


Na verdade, não há nele apenas actos jurídicos ou tão-só formalidades: no Procedimento
Administrativo tanto encontramos actos jurídicos como meras formalidades.

Quarto, o Procedimento Administrativo tem por objecto um acto da Administração. A


expressão “acto da Administração” engloba genericamente todas essas categorias. O que dá
carácter administrativo ao procedimento é, precisamente, o envolvimento da Administração
Pública e o facto de o objecto dele ser um acto da Administração.

Quinto, o Procedimento Administrativo tem por finalidade preparar a prática de um acto ou


respectiva execução. Daqui decorre a distinção, entre procedimentos decisórios e executivos.
A distinção funcional vem no art. 1º lei Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto:
1. Entende-se por Procedimento Administrativo a sucessão ordenada de actos e formalidades
tendentes à formação e manifestação da vontade da Administração Pública ou à sua
execução.
2. Entende-se por processo administrativo o conjunto de documentos em que se traduzem os
actos e formalidades que integram o Procedimento Administrativo

2.2. Geralmente, os procedimentos administrativos são divididos em duas categorias:


1. Procedimentos de iniciativa pública (Administração toma a iniciativa de desencadear);
2. Procedimentos de iniciativa privada (desencadenados por iniciativa dos particulares).

2.3. Contudo, tendo em atenção o critério do objecto, os procedimentos podem ser distinguidos
entre decisórios e executivos.
1. Decisórios (procedimentos que têm por objecto preparar a prática de um acto da Administração);
2. Executivos (procedimentos que têm por objecto executar um ato da Administração, isto é,
transformar o direito em facto);
Importa referir que os os procedimentos decisórios podem ser de 1º ou 2º grau, conforme visam preparar
a prática de um acto primário ou secundário.
2.4. Temos também, o procedimento:
3. Comum ( o que é regulado pelo próprio CPA);
4. Especial ( são regulados por leis especiais - ex: procedimento de licença de construção, regulado
pelo Código de Contratos Públicos)- conforme a disposição do 2º5 CPA

3. Objectivos da Regulamentação Jurídica do Procedimento Administrativo

O Procedimento Administrativo é uma sequência juridicamente ordenada. O Direito interessa-


se por ele e regula-o através de normas jurídicas, obrigatórias para a Administração. Porquê?

São vários os objectivos da regulamentação jurídica do Procedimento Administrativo:


a) Em primeiro lugar, a lei visa disciplinar da melhor forma o desenvolvimento da
actividade administrativa, procurando nomeadamente assegurar a racionalização dos
meios a utilizar pelos serviços;
b) Em segundo lugar, é objectivo da lei que através do procedimento se consiga esclarecer
a vontade da Administração, de modo a que sejam sempre tomadas decisões justas, úteis
e oportunas;
c) Em terceiro lugar, entende a lei dever salvaguardar os direitos subjectivos e os interesses
legítimos dos particulares, impondo à Administração todas as cautelas para que eles
sejam respeitados ou, quando hajam de ser sacrificados, para que o não sejam por forma
excessiva;
d) Em quarto lugar, a lei quer evitar a burocratização e aproximar os serviços públicos das
populações;
e) E, por último, pretende a lei assegurar a participação dos cidadãos na preparação das
decisões que lhes digam respeito.

É o que resulta com toda a clareza do art. 267º/1/4 CRP. A regulamentação jurídica do
Procedimento Administrativo visa, por um lado, garantir a melhor ponderação possível da
decisão a tomar à luz do interesse público e, por outro, assegurar o respeito pelos direitos dos
particulares. Nesta medida, as normas que regulam o Procedimento Administrativo são, pois,
típicas normas de Direito Administrativo, por isso que procuram conciliar as exigências do
interesse colectivo com as exigências dos interesses individuais.

4. Natureza Jurídica do Procedimento Administrativo


Na opinião de Freitas do Amaral, confrontam-se, a respeito da natureza jurídica do procedimento
administrativo enquanto processo ou não, duas teses opostas:
 Tese processualista: visto que «a cada uma das funções do Estado corresponde um tipo de
processo através do qual ela se desenvolve» (Alberto Xavier), o procedimento administrativo é
um autêntico processo, embora diferente do processo judicial;
 Tese anti processualista: o procedimento não é um processo; procedimento
administrativo e processo (judicial) não são duas espécies de um mesmo género, mas sim dois
géneros diferentes, irredutíveis um ao outro (Rogerio Soares).

O professor Freitas do Amaral concorda que o procedimento administrativo e o processo judicial são
muito diferentes entre si. Contudo, considera que é possível reconduzir ambos ao conceito jurídico de
processo, que será a «sucessão ordenada de atos e formalidades tendentes à formação ou à execução de uma
vontade funcional». Deste modo, o procedimento administrativo será um processo, através do qual o
poder administrativo é concretizado numa série de atos e factos sucessivos
Por sua vez, Fernanda Paula Oliveira e José Figueiredo Dias adotam a distinção entre duas
concepções para a natureza do procedimento administrativo: a concepção substantiva e a conceção
adjetiva. Para estes autores, a primeira concepção encontra-se hoje em dia ultrapassada e é em geral a
segunda que é seguida atualmente.

1. Concepções substantivas → as que o concebem com um ato: mais precisamente, estaríamos perante
um ato-procedimento. Tratar-se-ia de um ato que tinha como característica específica a colaboração
entre diversos órgãos para a produção de um mesmo resultado.

2. Conceção adjetiva → os atos instrumentais que se relacionam no procedimento são vistos como
etapas de um percurso ou caminho ordenado racionalmente, tendo em vista a prática de um ato
último e desejado. Cada um dos atos ou momentos do procedimento tem um fim imediato
próprio e estes só mediatamente concorrem para atingir a finalidade do ato principal, o
resultado jurídico unitário que será o objetivo de todo o procedimento.

4.1. Espécies de Procedimentos Administrativos


Principais classificações:
a) Procedimentos de iniciativa pública: susceptíveis de início oficioso; e procedimento de
iniciativa particular: dependentes de requerimento deste;
b) Procedimento decisórios: visam a tomada de uma decisão administrativa; e procedimentos
executivos: tem por finalidade assegurar a projecção dos efeitos de uma decisão
administrativa;
c) Procedimento de 1º grau: incidem pela primeira vez sobre uma situação da vida; e
procedimentos de 2º grau: incidem sobre uma decisão administrativa anteriormente
tomada;
d) Procedimento comum: é aquele que não é regulado por legislação especial mas pelo
próprio CPA; e procedimentos especiais: são regulados em leis especiais.
4.2. Princípios Fundamentais do Procedimento Administrativo
A lei do Procedimento Administrativo inclui dois tipos de princípios: em
primeiro lugar, os princípios gerais do Código, constantes dos arts. 4º a 17º:
 O Princípio da Legalidade (art. 4º);
 Princípio da prossecução do interesse público (art.5)
 O Princípio da igualidade e Proporcionalidade (art. 6º);
 O Princípio da Justiça e da imparcialidade (art. 7º)
 O Princípio da Boa Fé (art. 8º);
 O Princípio da Colaboração da Administração com os Administrado (art. 9º), este
dever de colaboração existe nos dois sentidos: deve a Administração colaborar com
os particulares – ouvindo-os, apoiando-os, estimulando-os – e devem os
particulares colaborar com a Administração, sem prejuízo dos seus direitos e
interesses legítimos.
 O Princípio da Participação dos Administrados (art. 10º), que serve de
enquadramento à mais importante inovação introduzida pelo Código do
Procedimento Administrativo, a audiência dos interessados no procedimento,
regulada nos arts. 100º e segs.
 O Princípio da Decisão (art. 11º), que assegura aos cidadãos o direito a obterem
uma decisão administrativa quando o requeiram ao órgão competente (dever de
pronuncia).
 O Princípio da Desburocratização, Eficiencia e da Eficiência (art. 12º);
 Princípio da responsabilização da Administração Pública (art.13)
 Princípio da fundamentação dos actos administrativos (art.14)
 Princípio da transparência (art.15)
 O Princípio da Gratuitidade (art. 16º);
 O Princípio do Acesso à Justiça (art. 17º).

Em segundo lugar, o princípio geral do procedimento, plasmado no art. 63º a 60º:


 O Princípio do Inquisitório, inscrito no art. 63º, que como corolário do princípio a
prossecução do interesse público, assinala o papel preponderante dos órgãos
administrativos da decisão administrativa;
Associado ao principio geral do procedimento Administrativo encontramos o dever da
Celeridade, que acompanhado da fixação de um prazo legal para conclusão do procedimento,
pretende prenunciar o fim desejado daquelas gavetas onde a velha máxima dizia que os órgãos

5. A MARCHA DO PROCEDIMENTO COMUM DE 1º GRAU PARA A TOMADA DE


UMA DECISÃO ADMINISTRAVA

5.1. O Procedimento Decisório de 1º Grau

O Procedimento Administrativo, de acordo com professor Diogo Freitas do Amaral, faz a divisão do
procedimento de 1º grau em seis fases:

1. Fase inicial;
2. Fase da instrução;
3. Fase da audiência dos interessados;
4. Fase de preparação da decisão;
5. Fase de decisão;
6. Fase complementar.

5.1.1. Fase Inicial


A fase inicial é aquela que desencadeia o procedimento administrativo, podendo surgir:
 De iniciativa pública (através de um acto interno, se através da
Administração Pública);
Se for a Administração a iniciar deverá comunicá-lo às pessoas cujos direitos/ interesses legalmente
protegidos possam ser lesados.
 De iniciativa privada (através de requerimento de um particular interessado -
art. 80º).
Do requerimento quer escrito, quer eletrónico devem constar as menções indicadas pelo
art.81º.

O mecanismo fundamental para dar eficácia, é obrigar a Administração a responder ao particular ,


previstas no artigo 13º CPA, comportando 2 modalidades:
- Dever de decisão ( uma vez colocado um procedimento à Administração, esta deve responder à
mesma na sua totalidade - 12º);
- Dever de resposta ( não obstante de haver competência sobre o procedimento, o órgão
não tiver o dever ,sobre os termos do art. 12, de dar resposta);

Desta fase pode também resultar a tomada de Medidas Provisórias ( medidas que se mostrem necessárias
se houver justo receio de sem tais medidas, se constituir uma situação de facto consumado ou se
produzirem efeitos de difícil reparação para os interesses públicos/ privados em presença. Qualquer
alteração deve ser fundamentada e caducam segundo os termos do art. 121º.

5.1.2. Fase de Instrução


A fase de instrução destina-se a averiguar os factos que interessem à decisão final e que se rege pelo
princípio do inquisitório, isto é, fase em que a administração pública, sem a dependência da vontade dos
interessados, requer factos e esclarecimentos que mais facilmente levem à tomada da melhor decisão.
A direção do procedimento cabe ao órgão competente para a decisão final, pelo que o lei prevê três
hipóteses distintas (artigo 57º CPA):
 O órgão competente só dirige a instrução quando uma disposição legal assim o ditar;
 Fora os casos acima mencionados, a lei obriga o órgão competente a delegar um subalterno;
 O diretor do procedimento pode incumbir um subalterno a delegar apenas determinadas diligências
instrutórias específicas.

5.1.3. Fase da Audiência dos Interessados


É na fase de audiência dos interessados (arts. 65) que se inserem os princípios da colaboração da
Administração com os particulares e da participação, tendo a Audiência dos Interessados dignidade
constitucional. É nesta fase que se concretiza o direito de participação dos cidadãos na formação das
decisões que lhes dizem respeito.

A lei admite duas formas dos interessados serem ouvidos no procedimento, antes de ser tomada a decisão
final:
 Audiência escrita;
 Audiência oral;

Uma vez que a lei não determina qualquer critério de opção do instrutor pela audiência escrita ou
oral, compete ao director do procedimento, que goza de um poder discricionário, decidir se a audiência
prévia dos interessados deve ser escrita ou oral .
Importa referir, que a falta de audiência prévia do interessados, nos casos em que seja obrigatória por lei,
constitui uma ilegalidade e tem como consequência a anulabilidade.

Casos em que a audiência pode ser dispensada:


Existem situações em que a audiência pode ser dispensada , se tal as razões deverão ocorrer no caso concreto
fundamentam a dispensa da audiência ser expressa e autonomamente indicada na decisão final. E
também pelas situações.

5.1.4. Fase da Preparação da Decisão


Na fase de preparação da decisão a Administração pondera o quadro traçado na fase inicial, a prova
recolhida na fase de instrução e os argumentos apresentados pelos particulares na fase da audiência dos
interessados. Posteriormente, o procedimento é levado ao órgão decisório que pode ser:
 Singular (emite um despacho);
 Colegial (emite uma deliberação).

5.1.5. Fase de Decisão


É a fase que põe fim a todo o procedimento administrativo, tal como qualquer facto da lei que o
acompanhem. Salvo disposição em contrário, o procedimento pode terminar pela prática de um acto
administrativo ou pela celebração de um contrato. Caso termine pela prática de um acto administrativo,
todas as questões pertinentes, suscitadas durante o procedimento e que não não tenham sido decididas em
momento anterior, devem ser resolvidas pelo órgão competente.
Pode também dar-se a extinção do ato pelas seguintes causas:
 Desistência/ renúncia dos interessados,
 Deserção dos interessados;
 Impossibilidade/ inutilidade superveniente;
 Falta de pagamento de taxas;
 Deferimento tácito
5.1.6. Fase Complementar
É aquela onde são praticados determinados actos e formalidades, posteriores à decisão final do
procedimento.
 exemplo: registos, arquivos, notificação da decisão, publicação no Diário da República, entre
outras.

5.2. Mecanismos Procedimentais:


Podemos ver os mecanismos procedimentais como “ meios criados pela Administração Pública a
concretizar o procedimento (ainda que de forma supletiva). Existem 4 tipos de mecanismos
procedimentais vistos como mais importantes ( acordos procedimentais, auxílio administrativo,
conferência procedimental, pareceres). Vamos proceder à sua análise.

5.3. Acordos Procedimentais


Os acordos endoprocedimentais, sendo uma consequência do Princípio da Adequação Procedimental.
O acordo procedimental é um ato jurídico através do qual, no decurso de um procedimento o órgão
competente para a prática de um ato jurídico final do procedimento, colabora com uma particular
interessado o conteúdo ato jurídico- administrativo, sendo concluídos no interesse de ambas as partes.
A finalidade destes acordos é a de “ acordar termos do procedimento e definir, parcial ou totalmente, o
conteúdo do ato administrativo a pôr fim ao procedimento em questão”, de acordo com a professora
Joana de Sousa Loureiro. Podemos assim rever duas modalidades de acordos endoprocedimentais ( em
ambas existe exercício de discricionariedade por parte da Administração) :
 De conteúdo estritamente procedimental – Nesta modalidade permite-se que o órgão
competente para a decisão final e os interessados definam os termos do procedimento (
exemplo: definir a interpretação de um conceito indeterminado).
 De conteúdo substantivo – Possibilita que o órgão competente para a decisão final e os
interessados acordem o conteúdo da decisão final.

Estes acordos têm também várias vantagens ( tanto para a Administração como para os particulares):
 Flexibilização do Sistema ( ao disponibilizar a participação dos particulares
interessados, enquanto detentores de uma vontade constitutiva, que criará um vínculo
obrigacional);
 Melhor aplicação da Solução ao caso concreto ( a decisão feita por cooperação da
Administração e Particular, estará sempre melhor consagrando um solução mais conciliadora e
harmoniosa);
 Diminuição da Litigiosidade ( os seus requisitos conferem uma maior força vinculativa e
uma aumento da confiança jurídica);

Em relação à sua natureza jurídica existe uma pretensa divergência doutrinária :


 Para o Professor Vasco Pereira da Silva estes acordos consubstanciam uma fase consensual
integrada nos próprios atos administrativos, não perdendo os mesmos o protagonismo, ainda que a
decisão que dele advém poder ser mediada;
 Já para o professor Sérvulo Correia, os acordos são como verdadeiros contratos
administrativos, que são celebrados entre Administração e administrados no âmbito do
procedimento
O professor designa os acordos endoprocedimentais ainda de contratos obrigacionais, uma vez que a
Administração está obrigada a emitir um certo ato( pelo princípio pacta sunt servanda)

Sendo os acordos endoprocedimentais verdadeiros contratos administrativos, aplica-se o princípio da


autonomia pública contratual, sendo que esta liberdade de celebração depende da verificação de 3 requisitos:
 A Administração deve prosseguir as suas atribuições;
 Dever de exercer a função administrativa;
 A não existência de qualquer impedimento tanto legal como material;

Uma última ressalva em relação aos acordos procedimentais,seria o facto de estes comportarem determinados
limites. Como diz o professor Paulo Otero, estes acordos permitem ao destinatário do ato unilateral,
participar no progresso da decisão final, mas este colabora com um configuração limitativa da margem de
liberdade ou discricionariedade decisória.

5.3.1. Auxílio Administrativo


Baseado no regime alemão do Amtshlife , este mecanismo comporta uma atividade de auxílio do
exercício da competência administrativa, que determina que todas as autoridades da Federação e dos Estados
Federados se devem auxiliar mutuamente por dever de ofício.

Devemos também observar alguns dos motivos que podem levar estas entidades a pedir auxílios. Em relação
ao primeiro motivo presente, podemos desdobrar o mesmo em 2 situações principais:
i) Impossibilidade legal de o órgão competente desenvolver a atividade administrativa;
ii) Deter capacidades fácticas para desenvolver a atividade instrutória;

● A quem podemos pedir auxílio?


Segundo o professor Rui Lanceiro os pedidos de auxílio devem ser feitos aos Tribunais Superiores (
STA e Tribunais Administrativos). Poderíamos pedir a outros órgãos da Administração? Podemo-nos
socorrer dos diversos elementos da interpretação para rever isso mesmo:
i) Interpretação literal: poderia estar limitado à Administração Pública em sentido orgânico;

ii) interpretação histórica: originariamente no seu anteprojeto, esta norma encontrar-se-ia na


Parte II do CPA, passando atualmente para a Parte III, aplicando-se os critérios substantivos. A ideia
que passa é de que o legislador entendia que anteriormente esta norma deveria estar restrita a
determinados critérios do ( nomeadamente os critérios orgânicos), mas atualmente já se aplicaria o na sua
totalidade;

iii) interpretação teleológica: a finalidade do auxílio comportaria uma cooperação entre os


diversos órgãos da Administração, por isso porque não atingir também a Administração em sentido
funcional e o “ setor privado” da Administração? O professor Rui Lanceiro adopta uma posição
favorável a uma extensão teleológica, devendo-se também procurar qual é a entidade
administrativa em causa.
● Existe um dever de prestar auxílio?
O auxílio administrativo tem como fim promover um ambiente de cooperação interinstitucional,
garantido a mais eficiente atuação administrativa, poderíamos rever através de determinadas
modalidades da interpretação o dever da Administração prestar auxílio:
i) interpretação literal: pela disposição do “deve” presente parecem não restar dúvidas em relação à
intenção do legislador, com atenção aos pressupostos dispostos nas suas alíneas.
ii)interpretação sistemática: atendendo também ao consagrado, parece que tudo aponta para o
dever de auxiliar;

Em relação às alíneas, poderia haver uma determinada discricionariedade, pelo que a mesma “
margem de discricionariedade , se verificaria em relação à alínea a, no entanto tal não se viria em
relação à alínea b pois existiria uma condição qua non o que se traduziria em pouca margem de
discricionariedade e a alínea c seria um critério objetivamente aferível.

● Como se resolve 1 pedido quando há dúvida se devia ter sido respondido?


A entidade que solicitou esse pedido de auxílio no caso de ver o seu pedido recusado pode recorrer ao
mecanismo decisivo no eficaz para resolver estas questões, atendendo aos critérios dispostos do artigo o
que iria pressupor uma determinada hierarquia e uma norma de competência.

O professor Rui Lanceiro, diz que mesmo existindo um dever jurídico isso não significa o órgão não
possa recusar o pedido quando for justificado, como por exemplo se não estiverem preenchidos os
requisitos. A possibilidade de recusar um destes pedidos provém da competência genérica dos órgãos
administrativos.
A recusa remete para a competência decisória presente no art. 51º que define o âmbito dos conflitos de
atribuições e de competências. Convém também ver que no caso de recusa prevista no artigo 66º.3, a
tutela administrativa, prevista nesta alínea vê 2 hipóteses de resolução para casos diferentes:
● mesma hierarquia → o órgão superior de hierarquia irá resolver;
Por exemplo, o Ministro da Saúde, sobrepõe-se ao Diretor Geral da Saúde.
● não estamos na mesma hierarquia → quem deter superintendência irá resolver;

O auxílio administrativo diferencia-se das conferências procedimentais pois diz respeito à participação na
instrução de 1 órgão na administração cuja intervenção se mostre necessária à completude da atividade
instrutória;

5.3.2. Conferências Procedimentais


Apresentam-se como uma fase autónoma do procedimento, que visa introduzir mais celeridade na
decisão administrativa. Podem ser vistas como um “ subprocedimento” dentro do procedimento
administrativo:
 Poupança de tempo;
 Melhoria de decisão:

5.3.3. Pareceres
Segundo, o professor Freitas do Amaral, os pareceres são “atos opinativos elaborados por peritos
especializados em certos ramos do saber, ou por órgãos colegiais de natureza consultiva”.

6. Bibliografia:
 Amaral, Diogo Freitas do Curso de Direito Administrativo, Vol. I, Almedina Direito
Administrativo II, III, IV.
 Coupers, João Direito Administrativo, Editorial Noticiais

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