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Processo Administrativo:

conceito, lei e resumo completo


Tiago Fachini (2020-2022)

O processo administrativo consiste na sequência de atividades realizadas


pela Administração Pública com o objetivo final de dar efeito a algo previsto
em lei. O processo administrativo é regulado pela Lei nº 9.784/99, chamada
de Lei de Processo Administrativo (LPA).

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O processo administrativo são as atividades da Administração Pública que tem


como objetivo alcançar fins específicos previstos em lei.

Sem o processo administrativo, as ações do Estado não seriam regulares,


uniformes e baseados em princípios legais que as dão sustentação.

Dessa forma, pode-se afirmar que o processo administrativo é um dos principais


fundamentos para que o Estado aja conforme a lei e que aplique os seus esforços
para consolidar as mesmas.

Neste artigo veremos o que é o processo administrativo, para que ele serve, quais
são as leis que o regem e outras particularidades. Boa leitura!

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O que é processo
administrativo?
De forma geral, o processo administrativo é a forma de atuação do Estado. Ele
consiste na sequência de atividades realizadas pela Administração Pública com o
objetivo final de dar efeito a algo previsto em lei.

O processo administrativo é regulado pela Lei nº 9.784/99, chamada de Lei de


Processo Administrativo (LPA).

O processo administrativo é a forma como o Poder Público opera e toma as


decisões necessárias para continuar funcionando.

Já que os atos do Estado não são aleatórios e arbitrários, o processo


administrativo é a forma de organizar esses atos para que eles cheguem na
decisão final de forma padronizada, coerente e homogênea, fazendo,
teoricamente, que trâmites de situações similares sempre sejam iguais.
Para que serve o processo
administrativo?
O processo administrativo, no Estado Democrático de Direito, serve para tornar as
decisões administrativas do Poder Público previsíveis, organizadas e estruturadas
de forma com que as competências dos órgãos, entidades e autoridades sejam
claras e eficientes.

Sem o processo administrativo e a sua respectiva lei, as decisões administrativas


do Estado, que tem por objetivo final a validação das leis e a sua aplicação direta,
seria descoordenada, arbitrária e autocrática, fazendo com que os administrados –
a sociedade – não tivesse consciência de como o poder do Estado opera.

Assim, tendo uma lei específica que dita como devem funcionar os procedimentos
administrativos do Estado, de quem é a competência de cada coisa e como cada
instituição pública deve funcionar com a finalidade de executar os fins necessários
para a organização pública da nação, a organização da mesma e sua
previsibilidade são preservadas.

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Legislação sobre o
processo administrativo
A Lei nº 9.784/99 tem o propósito de fazer com que os procedimentos internos da
Administração Pública sejam padronizados, além de mostrar para a sociedade civil
como que funciona a tomada de decisão dos órgãos que formam a Administração
Pública.
As funções da Lei de Processo Administrativo, então, são as de criar uma carta de
identidade e princípios da Administração Pública, estipular um núcleo de
ordenamento jurídico dentro da administração do Estado e definir um estatuto da
cidadania administrativa.

A Lei de Processo Administrativo é segmentada em 18 capítulos que elucidam


como são realizados os procedimentos e processos administrativos, estipulando
competências, prazos e etapas, com o objetivo de proteger os direitos da
sociedade e a padronizar o cumprimento dos fins dos procedimentos.

O artigo 1º da Lei nº 9.784/99 define o propósito da mesma e a amplitude de


cobertura sobre as ações tomadas pelo Poder Público e pela Administração
Pública da seguinte forma:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas


sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal direta e indireta, visando,
em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins
da Administração.
§1º Os preceitos desta Lei também se aplicam
aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário
da União, quando no desempenho de função
administrativa.

§2º Para os fins desta Lei, consideram-se:


I – órgão – a unidade de atuação integrante da
estrutura da Administração direta e da estrutura
da Administração indireta;
II – entidade – a unidade de atuação dotada de
personalidade jurídica;
III – autoridade – o servidor ou agente público
dotado de poder de decisão”.
Nota-se que o processo administrativo e a sua lei se aplicam não só ao Poder
Executivo, mas também ao Legislativo e ao Judiciário, nas situações em que
ambos despenham funções administrativas.

O Legislativo e o Judiciário desempenham tais funções quando, por exemplo, um


juiz passa por uma corregedoria interna ou quando um vereador ou deputado
infringe uma das regras de suas respectivas Casas. Assim, os Poderes em
questão agem de forma administrativa e usufruem da LPA.

Dessa forma, a Lei de Processo Administrativo tem como objetivo o cumprimento


das garantias fundamentais, a regularização dos princípios administrativos e limita
as condutas da Administração Pública ao que o texto apresenta.

Embora a Lei nº 9.784/99 estabeleça o funcionamento da Administração Pública


Federal, o Superior Tribunal de Justiça aplica as mesmas regras para a
Administração dos estados e municípios em situações onde os próprios não
possuem lei específica que regule os seus processos administrativos.

Processo administrativo x
procedimento
administrativo
Dentro das doutrinas, há uma separação conceitual entre as palavras “processo” e
“procedimento” quando se trata, propriamente, do processo administrativo.

Uma vez que o conceito de processo administrativo é muito amplo, por não lidar
necessariamente com um processo específico, mas sim com um conjunto de
regras, procedimentos, etapas, delegações que regem as decisões tomadas pela
administração pública, alguns doutrinadores fazem uma diferenciação entre as
palavras.
O processo administrativo, dessa forma, para além da lei, possui significados
distintos, que fazem sentido dentro do contexto em que o termo se encontra dentro
do órgão específico da Administração Pública que o mesmo se encontra.

Alguns doutrinadores entendem processo administrativo como o caminho trilhado


pelos órgãos, entidades e autoridades na resolução dos trâmites da Administração
Pública que tem como objetivo executar as finalidades das leis objetivas.

O processo administrativo, nessa perspectiva, seria aquilo que rege o trabalho


administrativo do Estado, os caminhos trilhados por lei para que os agentes
públicos possam agir conforme o que foi estipulado para resolver conflitos e
tarefas administrativas.

Já o procedimento administrativo é visto por alguns autores como o método


utilizado para realizar os processos administrativos. Seriam as formalidades e a
legalidade das ações que embasam as decisões administrativas dentro do
processo administrativo.

Entretanto, a divisão entre “processo” e “procedimento” administrativo não é


unânime e nem uma regra. É apenas uma divisão que alguns autores fazem entre
os termos para falar mais especificamente da área de Administração Pública.

De qualquer forma, é importante trazer essa pontuação para que não exista dúvida
a respeito do tema.

Princípios do processo
administrativo
O processo administrativo, como tudo dentro da esfera do Direito, se baseia em
princípios que norteiam a sua existência e que dão legitimidade aos caminhos e
procedimentos trilhados dentro da Administração Pública.
Vamos listar alguns dos princípios do processo administrativo abaixo, detalhando
cada um deles:

Devido processo legal


O princípio do devido processo legal afirma que ninguém deve ser privado de
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Numa situação onde o processo administrativo lida com uma lide, uma disputa
judicial entre um administrado e a Administração Pública, por exemplo, o princípio
do devido processo legal tem como objetivo limitar o poder do Estado e assegurar
que a disputa não seja arbitrária, preservando o direito de ambas as partes.

Contraditório e ampla defesa


Dentro de uma disputa judicial, o princípio do contraditório e da ampla defesa
garante às partes o direito de questionar tudo o que for alegado pela outra parte,
utilizando de todos os métodos legais cabíveis para manifestar defesa contra as
acusações.

Esse é mais um princípio que tem como objetivo preservar os direitos dos
administrados (a sociedade) e dos administradores, garantindo a ambos a
possibilidade de discordar de acusações e se defender, pelos métodos legais, das
mesmas.

Legalidade
A Administração Pública e, num todo, todo o aparato que legitima o poder do
Estado, precisa operar única e exclusivamente na legalidade.

Isso significa que todos os órgãos, entidades e autoridades públicas têm suas
funções, tarefas e atribuições limitadas à lei. As atividades administrativas estão
inclusas nisso.

O Poder Público, no geral, só pode atuar dentro do que estipula as leis, tendo suas
competências, cursos de ações e caminhos definidos pelas mesmas.

Motivação
O princípio da motivação, na Administração Pública, tem como objetivo obrigar a
todos órgãos, entidades e autoridades que formam a Administração Pública a
tornar explícitos os fundamentos legais que os fazem tomar decisões.

Toda a Administração Pública é obrigada a explicar, para todas as partes


interessadas, quais são os fundamentos do Direito que baseiam as suas decisões,
atos e procedimentos.
Oficialidade
Esse princípio do Direito dá autonomia ao trabalho das partes da Administração
Pública.

É a oficialidade que permite que os membros administrativos do Estado ajam de


forma autônoma, sem a necessidade de que um administrado entre com um
requerimento para que os processos comecem para que se alcancem os efeitos
finais previstos em lei.

Gratuidade
Por último, o princípio da gratuidade, como o nome já diz, estipula que todas as
relações processuais da Administração Pública não podem ser cobradas dos
administrados.

Todas as relações administrativas do Estado com os administrados devem,


portanto ser gratuitas. As únicas cobranças processuais válidas são aquelas que
são previstas em lei específica.

Direitos e deveres dos administrados


Da mesma forma que a Lei de Processo Administrativo estipula como a
Administração Pública pode agir legalmente, quais são as suas competências,
limites, direitos e deveres, são estipulados, dentro da mesma, direitos e deveres
dos administrados, que são os indivíduos civis que compõem a sociedade.

Direitos do administrado
De acordo com o artigo 3º da Lei de Processo Administrativo, os direitos dos
administrados são:

Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos


perante a Administração, sem prejuízo de outros
que lhe sejam assegurados:
I – ser tratado com respeito pelas autoridades e
servidores, que deverão facilitar o exercício de
seus direitos e o cumprimento de suas
obrigações;
II – ter ciência da tramitação dos processos
administrativos em que tenha a condição de
interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
documentos neles contidos e conhecer as
decisões proferidas;
III – formular alegações e apresentar
documentos antes da decisão, os quais serão
objeto de consideração pelo órgão competente;
IV – fazer-se assistir, facultativamente, por
advogado, salvo quando obrigatória a
representação, por força de lei”.
O atropelamento desses direitos dos administrados por qualquer parte da
Administração Pública é um ato ilegal, que pode levar o agente ou órgão envolvido
a ser cobrado judicialmente pelos seus atos.

Deveres do administrado
A Lei de Processo Administrativo também delega deveres aos administrados ao
lidar com partes administrativas do Estado, com o objetivo de manter a legalidade
dos processos e da relação entre os administradores e os administrados. De
acordo com o artigo 4º da Lei, os deveres são:

Art. 4º São deveres do administrado perante a


Administração, sem prejuízo de outros previstos
em ato normativo:
I – expor os fatos conforme a verdade;
II – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III – não agir de modo temerário;
IV – prestar as informações que lhe forem
solicitadas e colaborar para o esclarecimento
dos fatos”.
Dessa forma, a relação entre os administrados e os administrados pode ser dada
conforme a legalidade dos atos e com o objetivo de tornar o processo
administrativo correto e eficiente.

Processo administrativo
disciplinar
O processo administrativo disciplinar é um conjunto de instrumentos legais da
Administração Pública utilizados para apurar irregularidades e punir agentes
públicos e outros indivíduos que possuam uma relação jurídica com a
administração do Estado.

A Lei de Processo Administrativo prevê que todos os seus agentes devem operar a
administração de acordo com a lei. Aqueles que infringem alguns de seus
princípios, portanto, estão sujeitos às penalidades judiciais cabíveis.

O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) tem previsão legal sob o artigo 143
da Lei nº 8.112/90, que determina o regime jurídico dos agentes públicos.

Em relação às punições, o processo administrativo disciplinar pode punir o agente


público de formas diferentes. Pode ser empregada desde uma advertência até a
cassação de aposentadoria e destituição do cargo.

Tipos de processo administrativo


disciplinar
O processo administrativo disciplinar é dividido em duas fases: a sindicância e o
processo administrativo disciplinar propriamente dito.

A sindicância é a etapa onde é apurada a autoria da infração ou irregularidade e a


existência da mesma, lembrando que só as irregularidades precisam ser sido feitas
dentro da Administração Pública.

A sindicância se subdivide em preparatória e acusatória. A preparatória não está


prevista em lei específica, mas tem como objetivo fazer as apurações necessárias
para a entrada do processo administrativo disciplinar.

Já a sindicância acusatória está prevista em lei, nos artigos 143 e 145 da Lei nº
8.112/90. Ela é responsável pela aplicação de punições mais brandas ao agente,
como uma advertência.

O processo administrativo disciplinar propriamente dito, no entanto, estabelece


punições médias e graves, como a suspensão ou a demissão do agente público.
Qual o prazo para prescrição do
processo administrativo disciplinar?
A partir do momento em que o fato irregular se tornar conhecido pelo órgão
competente a praticar o PAD, corre o prazo de prescrição da irregularidade.

As prescrições ocorrem em tempos diferentes, de acordo com o grau de punição


estipulado de acordo com a irregularidade.

Em uma advertência, a punição não poderá mais ser aplicada após 180 dias; em
caso de suspensão, dois anos; e, por último, em caso de infrações puníveis pelo
PAD com demissão, destituição do cargo ou cassação da aposentadoria, cinco
anos.

Vale destacar que a abertura de sindicância ou do processo administrativo


disciplinar interrompe a prescrição até que decisão final seja dada.

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Perguntas frequentes sobre


processo administrativo
O que é processo administrativo?
Para que serve o processo administrativo?
Quais são os princípios do processo administrativo?

Conclusão
O processo administrativo é um dos pilares que sustentam a legalidade dos atos
realizados pela Administração Pública.

Sem uma lei específica regulamentando o limite de atuação dos agentes públicos,
o poder do Estado seria arbitrário e disforme, onde cada órgão público agiria da
forma que achasse mais conveniente.
Esperamos que este artigo sobre processo administrativo tenha sanado suas
dúvidas a respeito do tema. Questionamentos, contribuições e demais comentários
podem ser feitos na seção abaixo. Toda contribuição é bem-vinda!

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